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    domingo, 30 de dezembro de 2012

    [ZP121230] O mundo visto de Roma


    ZENIT

    O mundo visto de Roma

    Serviço semanal - 30 de Dezembro de 2012

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    Comunicar a fé hoje

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    • O Verbo se fez carne
      A encarnação é um mistério grande, um fato que a razão humana não pode abarcar

    Análise

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    Santa Sé


    "Que cada criança seja acolhida como dom de Deus
    Durante o ângelus na festa da Sagrada Família de Nazaré, Bento XVI exorta os pais a não serem nem "amigos", nem patrões dos seus filhos, mas seus "guardiões"

    CIDADE DO VATICANO, 30 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Às 12hs de hoje, festa da sagrada família de nazaré, o santo padre Bento XVI apareceu na janela do seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano para rezar o ângelus com os fiéis e os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Durante as saudações nas várias línguas, o Papa depois enviou, em vídeo-conferência, uma mensagem especial para milhares de pessoas reunidas na Praça de Colón em Madri para a sexta edição da "Missa das Famílias" organizada pela arquidiocese espanhola.

    Publicamos a seguir as palavras do Pontífice.

    ***

    Queridos irmãos e irmãs!

    Hoje é a festa da Sagrada Família de Nazaré. Na liturgia a passagem do Evangelho de Lucas nos apresenta a Virgem Maria e São José que, fiéis à tradição, sobem à Jerusalém para a Páscoa com Jesus adolescente.

    A primeira vez que Jesus entrou no templo do Senhor foi quarenta dias após seu nascimento, quando seus pais ofereceram por ele, "um par de rolas ou dois pombinhos" (Lc 2, 24), que era o sacrifício os pobres. "Lucas, que tem todo o Evangelho cheio de uma teologia dos pobres e da pobreza, dá a entender... que a família de Jesus estava entre os pobres de Israel; nos dá a entender que justo entre eles podia amadurecer o cumprimento da promessa" ( A infância de Jesus, 96).

    Jesus, hoje, está de novo no Templo, mas desta vez tem um papel diferente, que o envolve em primeira pessoa. Ele cumpre, com Maria e José, a peregrinação a Jerusalém de acordo com o que a lei prescreve (cf. Ex 23,17; 34,23 ss), embora ele ainda não tivesse cumprido treze anos de idade: um sinal da profunda religiosidade da Sagrada Família.

    Mas quando seus pais voltam para Nazaré, acontece algo inesperado: Ele, sem dizer nada, permanece na Cidade. Por três dias Maria e José o buscam e o reencontram no Templo, conversando com os mestres da Lei (cf. Lc 2, 46-47); e quando pedem-lhe explicações, Jesus diz que não devem se maravilhar, porque aquele é o seu lugar, aquela é a sua casa, junto do Pai, que é Deus (cf. A infância de Jesus, 143). "Ele - escreve Orígenes - professa ser no templo de seu Pai, aquele Pai que revelou a nós e do qual disse ser Filho" (Homilias sobre o Evangelho de Lucas, 18, 5).

    A preocupação de Maria e José por Jesus é a mesma de cada pai que educa um filho, o introduz na vida e na compreensão da realidade. Hoje, portanto, é importante uma especial oração ao Senhor por todas as famílias do mundo.

    Imitando a Sagrada Família de Nazaré, os pais se preocupem seriamente pelo crescimento e pela educação dos próprios filhos, para que amadureçam como homens responsáveis e honestos cidadãos, sem se esquecer nunca que a fé é um dom precioso que deve ser alimentado nos próprios filhos também com o exemplo pessoal.

    Ao mesmo tempo rezamos para que toda criança seja acolhida como dom de Deus, seja sustentada pelo amor do pai e da mãe, para poder crescer como o Senhor Jesus "em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens" (Lc 2, 52). O amor, a fidelidade e a dedicação de Maria e José sejam exemplo para todos os esposos cristãos, que não são os amigos ou os patrões da vida dos seus filhos, mas os guardiões deste dom incomparável de Deus.

    O silêncio de José, homem justo (cf. Mt 1, 19), e o exemplo de Maria, que guardava todas as coisas no seu coração (cf. Lc 2, 51), nos façam entrar no mistério cheio de fé e de humanidade da Sagrada Família.

    Desejo a todas as famílias cristãs que vivam na presença de Deus com o mesmo amor e com a mesma alegria que a família de Jesus, Maria e José.

    [Após a oração do Angelus, o Santo Padre saudou os peregrinos em vários idiomas. Em espanhol, dirigindo-se – em vídeo conferência – às milhares de pessoas reunidas em Madri para a Festa das Famílias, disse:]

    Saúdo cordialmente os peregrinos de língua espanhola presentes neste ângelus. E também aos numerosos participantes na Eucaristia que é celebrada em Madri nesta Festa da Sagrada Família. Que Jesus, Maria e José sejam um exemplo da fé que faz brilhar o amor e que reforça a vida da família. Pela sua intercessão, pedimos que a família permaneça um dom precioso para cada um dos seus membros e uma sólida esperança para toda a humanidade.

    E que a alegria de compartilhar a vida em Deus, que aprendemos desde criança da boca dos nossos pais, nos motive a fazer do mundo uma verdadeira casa, um lugar de harmonia, de solidariedade e respeito recíproco. Com este propósito, nos dirigimos a Maria, nossa Mãe celestial, para que acompanhe as famílias na vocação de ser uma forma amável de Igreja doméstica e célula originária da sociedade. Que Deus abençoe a todos vocês. Bom domingo.

    (Trad.TS)

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    Causa nostrae Letitiae - Causa da nossa alegria!
    Carta do cardeal Mauro Piacenza na Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus

    CIDADE DO VATICANO, 30 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Publicamos de forma exclusiva a carta do Cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero, a todas as "Mães dos Sacerdotes e dos Seminaristas e a todas que exercem o dom da maternidade espiritual por eles". A carta é publicada por ocasião da Solenidade da Mãe de Deus, no próximo dia 1 de janeiro de 2013.

    ***

    "Causa nostrae Letitiae – Causa da nossa alegria"! 

    O Povo cristão sempre venerou, com profunda gratidão, a Bem-Aventurada Virgem Maria, contemplando nela a causa de toda nossa verdadeira alegria.

    Na verdade, aceitando a Palavra Eterna no seu ventre imaculado, Maria Santíssima deu à luz o Sumo e Eterno Sacerdote, Jesus Cristo, único Salvador do mundo. Nele, Deus mesmo veio ao encontro do homem, tirou-o do pecado e lhe deu a vida eterna, ou seja a sua mesma vida.

    De forma semelhante toda a Igreja olha, com admiração e profunda gratidão, todas as mães dos sacerdotes e daqueles que, tendo recebido essa vocação altíssima, iniciaram o caminho de formação, e é com profunda alegria que me dirijo a eles.

    Os filhos, que acolheram e educaram, de fato, foram escolhidos por Cristo desde toda a eternidade, para se tornar seus "amigos prediletos" e, assim, vivo e indispensável instrumento da Sua Presença no mundo. Por meio do Sacramento da Ordem a vida dos sacerdotes é definitivamente tomada por Jesus e imersa Nele, de tal forma que, é Jesus mesmo que passa e obra entre os homens.

    Este mistério é tão grande, que o sacerdote é chamado também de "alter Christus" – "um outro Cristo". A sua pobre humanidade, de fato, elevada, pela potência do Espírito Santo, a uma nova e mais alta união com a Pessoa de Jesus, é agora lugar de encontro com o Filho de Deus, encarnado, morto e ressuscitado por nós. Quando cada sacerdote ensina a fé da Igreja, de fato, é Cristo que, nele, fala ao Povo; quando prudentemente, guia os fieis confiados ele, é Cristo que apascenta as próprias ovelhas; quando celebra os Sacramentos, de modo eminente a Santíssima Eucaristia, é Cristo mesmo, que, por meio dos seus ministros, obra a Salvação do homem e se faz realmente presente no mundo.

    A vocação sacerdotal, normalmente, tem na família, no amor dos pais e na primeira educação à fé, aquele terreno fértil no qual a disponibilidade à vontade de Deus pode enraizar-se e tirar o indispensável alimento. Ao mesmo tempo, cada vocação representa, também pela mesma família na qual surge, uma novidade irredutível, que foge dos parâmetros humanos e chama a todos, sempre, para a conversão.

    Nesta novidade, que Cristo obra na vida daqueles que escolheu e chamou, todos os familiares – e as pessoas mais próximas – estão envolvidas, mas é certamente única e especial a participação que é dada de viver à mãe do sacerdote. Únicas e especiais são, de fato, os consolos espirituais, que deriva disso de ter levado no ventre aquele que se tornou ministro de Cristo. Toda mãe, de fato, só pode alegrar-se ao ver a vida do próprio filho, não somente repleta, mas cheia de uma especialíssima predileção divina que abraça e transforma pela eternidade.

    Se, aparentemente, em virtude da vocação e da ordenação, se produz uma "distância" inesperada, com relação à vida do filho, misteriosamente mais radical de toda outra separação natural, na realidade a experiência de dois mil anos da Igreja ensina que a mãe "recebe" o filho sacerdote de um modo totalmente novo e inesperado, tanto que foi chamada a reconhecer no fruto do próprio ventre, por vontade de Deus, um "pai" chamado a gerar e acompanhar para a vida eterna uma multidão de irmãos. Cada mãe de um sacerdote é misteriosamente "filha do seu filho". Poderá exercer com ele uma nova "maternidade", na discreta, mas eficaz e inestimávelmente preciosa, aproximação da oração e da oferta da própria existência pelo ministério do filho.

    Esta nova "paternidade", à qual o Seminarista se prepara, que é dada ao Sacerdote e da qual todo o Povo Santo de Deus se beneficia, tem necessidade de ser acompanhada pela oração assídua e pelo sacrifício pessoal, para que a liberdade de aderir-se à vontade divina seja continuamente renovada e fortificada, de tal forma que os Sacerdotes não se cansem jamais, na cotidiana batalha da fé e unam, sempre mais totalmente, a própria vida ao Sacrifício de Cristo Senhor.

    Tal obra de autêntico apoio, sempre necessária na vida da Igreja, é muito urgente hoje, sobretudo no nosso ocidente secularizado, que espera e pede um novo e radical anúncio de Cristo, e as mães dos sacerdotes e dos seminaristas representam um verdadeiro "exército" que, da terra, eleva ao Céu orações e ofertas e, ainda mais numeroso, do Céu intercede para que toda graça seja derramada na vida dos sagrados pastores.

    Por esta razão, desejo com todo o coração encorajar e agradecer especialmente todas as mães dos sacerdotes e dos seminaristas e – juntamente com elas – a todas as mulheres, consagradas e leigas, que acolheram, também por convite que elas receberam no Ano Sacerdotal, o dom da Maternidade espiritual dos chamados ao ministério sacerdotal, oferecendo a própria vida, oração e os próprios sofrimentos e lutas, como puras e verdadeiras alegrias, pela fidelidade e santificação dos ministros de Deus, tornando-se assim partícipes, de modo especial, da maternidade da Santa Igreja, que tem o seu modelo e a sua realização na divina maternidade de Maria Santíssima.

    Um agradecimento especial, finalmente, seja elevado aos céus, àquelas mães, que, já chamadas desta vida, contemplam agora plenamente o esplendor do Sacerdócio de Cristo, do qual os seus filhos se tornaram partícipes, e intercedem por eles, de modo único e, misteriosamente, muito mais eficaz.

    Juntamente com os melhores votos de um novo ano de graça, de coração concedo a todos e a cada um a mais carinhosa bênção, implorando por vocês, da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e dos sacerdotes, o dom de uma sempre mais radical identificação com Ele, discípula perfeita e Filha do seu Filho.

    (Trad.TS)


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    "Que a santa curiosidade dos pastores de Belém também nos toque"
    Homilia da noite de natal: Bento XVI reza pela paz no Oriente Médio

    Por Luca Marcolivio

    ROMA, 26 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - O esplendor de Deus pode nos assustar, mas a realidade de um Deus que se torna bebê e "se confia às nossas mãos" para que "ousemos amá-lo" continua a nos comover. Com estas palavras, o papa Bento XVI abriu a homilia da missa da véspera de natal na basílica vaticana.

    Assim como Maria e José procuraram abrigo para dar à luz o filho e não encontraram, também pode ser que o nosso coração se veja muitas vezes despreparado para receber a Deus. "Temos tempo e espaço para ele? Não será que rejeitamos nós também o próprio Deus?", perguntou o Santo Padre.

    A resposta é paradoxal: "Quanto mais rápido nos movemos, quanto mais eficazes são as ferramentas que nos ajudam a economizar tempo, menos tempo temos à nossa disposição" para dedicar a Deus. E mesmo quando Ele "parece bater à porta do nosso pensamento", tendemos a afastá-lo.

    Estamos "cheios de nós mesmos", disse o papa, a ponto de não deixar espaço para Nosso Senhor. "Queremos nós mesmos, queremos as coisas que podemos tocar, a felicidade experimentável, o sucesso dos nossos projetos pessoais e das nossas intenções".

    Da mesma forma, não há espaço em nossas vidas "para o outro, para as crianças, para os pobres, para os estranhos". A nossa oração deve nos deixar "alertas para captar a sua presença", para que "em nossos corações surja um espaço para ele" e "possamos reconhecê-lo naqueles por trás de quem ele se apresenta para nós: nas crianças, nos que sofrem, nos abandonados, nos marginalizados e nos pobres deste mundo".

    Bento XVI destacou ainda outro aspecto importante das leituras de natal: o hino de louvor cantado pelos anjos, que entoam "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados".

    A alegria dos anjos no céu indica que Deus é "luz pura", é "o bem por excelência", e, por esta alegria, "todos queremos ser tocados". "Deus é bom. Ele é o poder supremo, acima de todos os poderes. Este fato deve nos levar a desfrutar desta noite, juntamente com os anjos e com os pastores".

    Se não se der glória a Deus, se Ele for "esquecido e até mesmo negado," será negada também a paz. Permanecem hoje, no entanto, correntes de pensamento que consideram as religiões, especialmente as monoteístas, como portadoras de "intolerância" e de "violência".

    É verdade que, ao longo da história, vimos "deturpações do sagrado" e "mau uso da religião", o que ocorre "quando um homem acredita que deve assumir ele mesmo a causa de Deus, tornando Deus sua propriedade privada".

    A rejeição de Deus, porém, levou a resultados ainda piores, não só contra a paz, mas contra a própria dignidade do homem. "Somente se a luz de Deus brilhar no homem e sobre o homem, somente se cada homem foi querido, conhecido e amado por Deus, só então, por mais miserável que seja a sua situação, a sua dignidade será inviolável", disse o papa.

    É graças à encarnação de Deus no Menino de Belém que, ao longo dos séculos, houve sempre "novas forças de reconciliação e de bondade. Na escuridão do pecado e da violência, esta fé trouxe um raio luminoso de paz e de bondade que continua a brilhar".

    A oração do papa pediu também o presente da paz: "Que, em vez de armas para a guerra, haja auxílios para quem sofre. Iluminai as pessoas que acreditam que têm de exercer a violência em vosso nome, para que aprendam a entender o absurdo da violência e a reconhecerem a vossa face verdadeira".

    Quando os anjos se retiraram de Belém, os pastores exortaram uns aos outros a irem até lá. "Vamos a Belém", dizem eles. Na versão latina, o verbo é trans-eamus: um "ultrapassar", explicou o papa, "com que saímos dos nossos hábitos de pensamento e de vida e ultrapassamos o mundo puramente material para chegar ao essencial, rumo àquele Deus, que, por sua vez, veio até aqui, rumo a nós".

    Belém faz parte da nossa oração não somente como o lugar de nascimento de Nosso Senhor, mas também para que naquela terra "os israelenses e os palestinos possam viver na paz do único Deus e na liberdade". A mesma oração se volta ainda a países como o Líbano, a Síria e o Iraque, para que os cristãos naquelas nações "conservem o lar" e, com os muçulmanos, convivam "na paz de Deus".

    Os pastores "se apressaram", disse o Santo Padre. Uma solicitude motivada pela "santa curiosidade e pela santa alegria", que hoje, talvez, "ocorre muito raramente", porque Deus não faz mais parte das "realidades urgentes".

    Apesar de tudo, ele é "a realidade mais importante" e devemos orar "para que a santa curiosidade e a santa alegria dos pastores toquem também a nós", concluiu Bento XVI.

    (Trad.ZENIT)

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    A verdade germinou! Deus nasceu!
    Durante a mensagem de Natal "Urbi et Orbi", Bento XVI reza pela paz em todo o mundo, especialmente na Terra Santa e na Síria

    CIDADE DO VATICANO, 26 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Publicamos a seguir a Mensagem de natal Urbi et Orbi do Papa Bento XVI, pronunciada no pórtico central da Basílica Vaticana ontem, ao meio dia.

    ***

    "Veritas de terra orta est!" - "Da terra germinará a verdade!" (Sl 85,12).

    Queridos irmãos e irmãs de Roma e de todo o mundo, um Feliz Natal para todos vocês e para as suas famílias!

    Expresso os meus votos de Natal, neste Ano da fé, com estas palavras, tiradas de um Salmo: "Da terra germina a verdade". No texto do Salmo, na verdade, o encontramos no futuro: "Da terra germinará a verdade": é um anúncio, uma promessa, acompanhada de outras expressões, que no conjunto soam assim: "Amor e Verdade se encontram, / Justiça e Paz se abraçam; / da terra germinará a Verdade, / e a Justiça se inclinará do céu. / O próprio Senhor dará a felicidade, / e nossa terra dará seu fruto. / A Justiça caminhará à sua frente, / e com seus passos traçará um caminho" (Sl 85,11-14).

    Hoje esta palavra profética foi cumprida! Em Jesus, nascido em Belém da Virgem Maria, verdadeiramente o amor e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram; mas a verdade brotou da terra e a justiça surgiu do céu. Santo Agostinho explica com clara concisão: "O que é a verdade? O Filho de Deus. O que é a terra? A carne. Pergunte-se de onde Cristo nasceu, e veja por que a verdade surgiu da terra [...] a verdade nasceu da Virgem Maria" (Em in Ps. 84, 13). E em um discurso sobre o Natal, afirma: "Com esta festa que acontece todos os anos celebramos portanto o dia em que se cumpriu a profecia: "A verdade surgiu da terra e a justiça surgiu do céu". A Verdade que é no sentido do Pai surgiu da terra para que estivesse também no seio de uma mãe. A Verdade que rege o mundo inteiro surgiu da terra para que fosse sustentada pelas mãos de uma mulher [...] A Verdade que o céu não é grande o suficiente para conter surgiu da terra para ser deitada numa manjedoura. Com que vantagem um Deus tão sublime se fez tão humilde? Com certeza que com nenhuma vantagem para si, mas com grande vantagem para nós, se acreditamos" (Sermões, 185, 1).

    "Se nós acreditamos". Eis o poder da fé! Deus fez tudo, fez o impossível: ele se fez carne. A sua onipotência de amor realizou o que vai além da humana compreensão: o infinito se fez criança, entrou na humanidade. No entanto, esse mesmo Deus não pode entrar no meu coração se eu não abrir a porta. Porta fidei! A porta da fé! Podemos ficar assustados, diante dessa nossa onipotência ao contrário. Este poder do homem de fechar-se para Deus pode assustar-nos. Mas eis a realidade que supera este pensamento tenebroso, a esperança que vence o medo: a verdade germinou! Deus nasceu! "A terra produziu o seu fruto" (Sl 67,7). Sim, existe uma terra boa, uma terra saudável, livre de todo egoísmo e de todo encerramento. Há no mundo uma terra que Deus preparou para vir e habitar entre nós. Uma morada para a sua presença no mundo. Esta terra existe, e também hoje, em 2012, desta terra germinou a verdade! Por isso há esperança no mundo, uma esperança fidedigna,  até mesmo nas situações e momentos mais difíceis. A verdade germinou trazendo amor, justiça e paz.

    Sim, que a paz germine na população da Síria, profundamente ferida e dividida por um conflito que nem mesmo poupa os inocentes e mata vítimas inocentes. Mais uma vez apelo para que cesse o derramamento de sangue, se facilite as ajudas para os refugiados e prófugos e, por meio do diálogo, se consiga uma solução política ao conflito.

    A paz germine na Terra onde nasceu o Redentor, e Ele presenteie para israelenses e palestinos a coragem de pôr fim a muitos anos de lutas e de divisões, e de empreender com decisão o caminho da negociação.

    Nos Países do Norte da África, que atravessam uma profunda transição em busca de um novo futuro - particularmente no Egito, terra amada e abençoada pela infância de Jesus - os cidadãos construam juntos uma sociedade baseada na justiça, no respeito da liberdade e da dignidade de cada pessoa.

    A paz germine no vasto Continente Asiático.

    Que o menino Jesus olhe com bons olhos para os muitos povos que habitam aquelas terras e, especialmente, aqueles que acreditam nele. O Rei da Paz dirija o seu olha aos novos Dirigentes da República Popular Chinesa pela grandíssima responsabilidade que lhes espera. Desejo que eles valorizem a contribuição das religiões, no respeito de cada um, de tal forma que possam contribuir na construção de uma sociedade solidária, para o benefício daquele nobre Povo e do mundo inteiro.

    Que o Natal de Cristo favoreça a volta da paz no Mali e da concórdia na Nigéria, onde hediondos ataques terroristas continuam a matar vítimas, especialmente Cristãos. Que o Redentor leve ajuda e conforto aos prófugos do Leste da República Democrática do Congo e dê paz à Quênia, onde os ataques terroristas atingiram a população civil e os lugares de culto.

    Que o menino Jesus abençoe os muitos fiéis que O celebram na América Latina. Aumente as suas virtudes humanas e cristãs, apoie todos aqueles que são forçados a emigrar das suas famílias e da sua terra, ajude os governantes no compromisso pelo desenvolvimento e na luta contra o crime.

    Queridos irmãos e irmãs! Amor e verdade, justiça e paz se encontram, encarnaram-se no homem nascido em Belém de Maria. Aquele homem é o Filho de Deus, é Deus que apareceu na história. O seu nascimento é um rebento de vida nova para toda a humanidade. Que toda a terra se torne uma boa terra, que acolhe e produz o amor, a verdade, a justiça e a paz. Feliz Natal para todos!

    [Depois o Santo Padre dirigiu as saudações de Natal em 65 idiomas. Em português, disse:]

    Feliz Natal para todos! O nascimento do Menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares e Nações!

    (Tradução Thácio Siqueira)

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    Santo Estevão, um modelo para a nova evangelização
    Durante o ângelus, Bento XVI recordou o primeiro mártir cristão

    CIDADE DO VATICANO, 26 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Às 12 horas de hoje, o Papa Bento XVI apareceu na janela do seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano para rezar o ângelus com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Publicamos aqui as palavras do Papa no início da oração mariana.

    ***

    Queridos irmãos e irmãs,

    a cada ano, no dia depois do Natal do Senhor, a liturgia nos faz celebrar a festa de Santo Estevão, diácono e primeiro mártir. O livro dos Atos dos Apóstolos apresenta-o como um homem cheio de fé e do Espírito Santo (cf. At 6,8-10; 7,55); nele se cumpriu plenamente a promessa de Jesus relatada pelo texto do Evangelho de hoje, isto é, que os crentes, chamados a dar testemunho em circunstâncias difíceis e perigosas não serão abandonados e indefesos: o Espírito de Deus vai falar neles (cf. Mt 10, 20). O diácono Estevão, de fato, trabalhou, falou e morreu animado pelo Espírito Santo, testemunhando o amor de Cristo até o sacrifício extremo. O primeiro mártir é descrito, no seu sofrimento, como perfeita imitação de Cristo, cuja paixão se repete até nos detalhes. A vida de Santo Estêvão é inteiramente moldada por Deus, conformada com Cristo; no momento final da morte, de joelhos, ele retoma a oração de Jesus na cruz, confiando no Senhor (cf. At 7, 59) e perdoando os seus inimigos: "Senhor, não lhes leve em conta este pecado" (v. 60). Cheio do Espírito Santo, enquanto os seus olhos estão quase fechando, ele fixa o olhar em "Jesus que estava à direita de Deus" (v. 55), Senhor de tudo e que atrai todos a Si.

    No dia de Santo Estêvão, também nós somos chamados a fixar o olhar no Filho de Deus, que no clima alegre do Natal contemplamos o mistério da sua encarnação. Com o Batismo e a Confirmação, com o dom precioso da fé nutrida pelos sacramentos da Igreja, especialmente pela Eucaristia, Jesus Cristo ligou-nos a Si e quis continuar em nós, com a ação do Espírito Santo, a sua obra de salvação, que resgata, valoriza, eleva e conduz à realização. Deixar-se atrair por Cristo, como fez Santo Estêvão, significa abrir a própria vida à luz que a atrai, a orienta e a faz seguir pelo caminho do bem, o caminho da humanidade segundo o plano de amor de Deus.

    Finalmente, santo Estêvão é um modelo para todos aqueles que querem colocar-se ao serviço da nova evangelização. Ele mostra que a novidade do anúncio não consiste principalmente no uso de métodos ou técnicas originais, que certamente têm a sua importância, mas no estar cheios do Espírito Santo e deixar-se guiar por Ele. A novidade do anúncio está na profundidade da imersão no mistério de Cristo, da assimilação da sua palavra e da sua presença na Eucaristia, de tal forma que Jesus vivo, possa falar e agir no seu enviado. Em essência, o evangelizador torna-se capaz de levar Cristo aos outros de forma eficaz quando vive de Cristo, quando a novidade do Evangelho se manifesta na sua própria vida. Peçamos a Virgem Maria, para que a Igreja, neste Ano da fé, veja aumentar o número dos homens e mulheres que, como Santo Estêvão, saibam dar um testemunho convicto e corajoso do Senhor Jesus.

    [Depois da oração do ângelus, o Santo Padre saudou os fiéis em várias línguas. Em português disse:]

    Com afeto, saúdo também os peregrinos de língua portuguesa, desejando que esta vinda a Roma encha de paz e alegria natalícia os vossos corações, com uma viva adesão a Cristo como fez Santo Estêvão: Confiai no seu poder, deixai agir a sua graça! De coração vos agradeço e abençoo. "A verdade, de fato, surgiu! Deus nasceu!"

    (Tradução Thácio Siqueira)

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    "Não há mais lugar para Ele"
    Homilia do Santo Padre na Missa da Noite para o Natal de 2012

    CIDADE DO VATICANO, 26 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Publicamos a seguir o texto integral da homilia do Papa Bento XVI na Santa Missa da Noite da Solenidade do Natal de 2012, celebrada terça-feira, 24 de dezembro às 22hs na Basílica Vaticana.

    ***

    Amados irmãos e irmãs!

    A beleza deste Evangelho não cessa de tocar o nosso coração: uma beleza que é esplendor da verdade. Não cessa de nos comover o facto de Deus Se ter feito menino, para que nós pudéssemos amá-Lo, para que ousássemos amá-Lo, e, como menino, Se coloca confiadamente nas nossas mãos. Como se dissesse: Sei que o meu esplendor te assusta, que à vista da minha grandeza procuras impor-te a ti mesmo. Por isso venho a ti como menino, para que Me possas acolher e amar.

    Sempre de novo me toca também a palavra do evangelista, dita quase de fugida, segundo a qual não havia lugar para eles na hospedaria. Inevitavelmente se põe a questão de saber como reagiria eu, se Maria e José batessem à minha porta. Haveria lugar para eles? E recordamos então que esta notícia, aparentemente casual, da falta de lugar na hospedaria que obriga a Sagrada Família a ir para o estábulo, foi aprofundada e referida na sua essência pelo evangelista João nestes termos: «Veio para o que era Seu, e os Seus não O acolheram» (Jo 1, 11). Deste modo, a grande questão moral sobre o modo como nos comportamos com os prófugos, os refugiados, os imigrantes ganha um sentido ainda mais fundamental: Temos verdadeiramente lugar para Deus, quando Ele tenta entrar em nós? Temos tempo e espaço para Ele? Porventura não é ao próprio Deus que rejeitamos? Isto começa pelo facto de não termos tempo para Deus. Quanto mais rapidamente nos podemos mover, quanto mais eficazes se tornam os meios que nos fazem poupar tempo, tanto menos tempo temos disponível. E Deus? O que diz respeito a Ele nunca parece uma questão urgente. O nosso tempo já está completamente preenchido. Mas vejamos o caso ainda mais em profundidade. Deus tem verdadeiramente um lugar no nosso pensamento? A metodologia do nosso pensamento está configurada de modo que, no fundo, Ele não deva existir. Mesmo quando parece bater à porta do nosso pensamento, temos de arranjar qualquer raciocínio para O afastar; o pensamento, para ser considerado «sério», deve ser configurado de modo que a «hipótese Deus» se torne supérflua. E também nos nossos sentimentos e vontade não há espaço para Ele. Queremo-nos a nós mesmos, queremos as coisas que se conseguem tocar, a felicidade que se pode experimentar, o sucesso dos nossos projectos pessoais e das nossas intenções. Estamos completamente «cheios» de nós mesmos, de tal modo que não resta qualquer espaço para Deus. E por isso não há espaço sequer para os outros, para as crianças, para os pobres, para os estrangeiros. A partir duma frase simples como esta sobre o lugar inexistente na hospedaria, podemos dar-nos conta da grande necessidade que há desta exortação de São Paulo: «Transformai-vos pela renovação da vossa mente» (Rm 12, 2). Paulo fala da renovação, da abertura do nosso intelecto (nous); fala, em geral, do modo como vemos o mundo e a nós mesmos. A conversão, de que temos necessidade, deve chegar verdadeiramente até às profundezas da nossa relação com a realidade. Peçamos ao Senhor para que nos tornemos vigilantes quanto à sua presença, para que ouçamos como Ele bate, de modo suave mas insistente, à porta do nosso ser e da nossa vontade. Peçamos para que se crie, no nosso íntimo, um espaço para Ele e possamos, deste modo, reconhecê-Lo também naqueles sob cujas vestes vem ter connosco: nas crianças, nos doentes e abandonados, nos marginalizados e pobres deste mundo.

    Na narração do Natal, há ainda outro ponto que gostava de reflectir juntamente convosco: o hino de louvor que os anjos entoam depois de anunciar o Salvador recém-nascido: «Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens do seu agrado». Deus é glorioso. Deus é pura luz, esplendor da verdade e do amor. Ele é bom. É o verdadeiro bem, o bem por excelência. Os anjos que O rodeiam transmitem, primeiro, a pura e simples alegria pela percepção da glória de Deus. O seu canto é uma irradiação da alegria que os inunda. Nas suas palavras, sentimos, por assim dizer, algo dos sons melodiosos do céu. No canto, não está subjacente qualquer pergunta sobre a finalidade; há simplesmente o facto de transbordarem da felicidade que deriva da percepção do puro esplendor da verdade e do amor de Deus. Queremos deixar-nos tocar por esta alegria: existe a verdade; existe a pura bondade; existe a luz pura. Deus é bom; Ele é o poder supremo que está acima de todos os poderes. Nesta noite, deveremos simplesmente alegrar-nos por este facto, juntamente com os anjos e os pastores.

    E, com a glória de Deus nas alturas, está relacionada a paz na terra entre os homens. Onde não se dá glória a Deus, onde Ele é esquecido ou até mesmo negado, também não há paz. Hoje, porém, há correntes generalizadas de pensamento que afirmam o contrário: as religiões, mormente o monoteísmo, seriam a causa da violência e das guerras no mundo; primeiro seria preciso libertar a humanidade das religiões, para se criar então a paz; o monoteísmo, a fé no único Deus, seria prepotência, causa de intolerância, porque pretenderia, fundamentado na sua própria natureza, impor-se a todos com a pretensão da verdade única. É verdade que, na história, o monoteísmo serviu de pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode adoecer e chegar a contrapor-se à sua natureza mais profunda, quando o homem pensa que deve ele mesmo deitar mão à causa de Deus, fazendo assim de Deus uma sua propriedade privada. Contra estas deturpações do sagrado, devemos estar vigilantes. Se é incontestável algum mau uso da religião na história, não é verdade que o «não» a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, apaga-se também a dignidade divina do homem. Então, este deixa de ser a imagem de Deus, que devemos honrar em todos e cada um, no fraco, no estrangeiro, no pobre. Então deixamos de ser, todos, irmãos e irmãs, filhos do único Pai que, a partir do Pai, se encontram interligados uns aos outros. Os tipos de violência arrogante que aparecem então com o homem a desprezar e a esmagar o homem, vimo-los, em toda a sua crueldade, no século passado. Só quando a luz de Deus brilha sobre o homem e no homem, só quando cada homem é querido, conhecido e amado por Deus, só então, por mais miserável que seja a sua situação, a sua dignidade é inviolável. Na Noite Santa, o próprio Deus Se fez homem, como anunciara o profeta Isaías: o menino nascido aqui é «Emmanuel – Deus-connosco» (cf. Is 7, 14). E verdadeiramente, no decurso de todos estes séculos, não houve apenas casos de mau uso da religião; mas, da fé no Deus que Se fez homem, nunca cessou de brotar forças de reconciliação e magnanimidade. Na escuridão do pecado e da violência, esta fé fez entrar um raio luminoso de paz e bondade que continua a brilhar.

    Assim, Cristo é a nossa paz e anunciou a paz àqueles que estavam longe e àqueles que estavam perto (cf. Ef 2, 14.17). Quanto não deveremos nós suplicar-Lhe nesta hora! Sim, Senhor, anunciai a paz também hoje a nós, tanto aos que estão longe como aos que estão perto. Fazei que também hoje das espadas se forjem foices (cf. Is 2, 4), que, em vez dos armamentos para a guerra, apareçam ajudas para os enfermos. Iluminai a quantos acreditam que devem praticar violência em vosso nome, para que aprendam a compreender o absurdo da violência e a reconhecer o vosso verdadeiro rosto. Ajudai a tornarmo-nos homens «do vosso agrado»: homens segundo a vossa imagem e, por conseguinte, homens de paz.

    Logo que os anjos se afastaram, os pastores disseram uns para os outros: Coragem! Vamos até lá, a Belém, e vejamos esta palavra que nos foi mandada (cf. Lc 2, 15). Os pastores puseram-se apressadamente a caminho para Belém – diz-nos o evangelista (cf. 2, 16). Uma curiosidade santa os impelia, desejosos de verem numa manjedoura este menino, de quem o anjo tinha dito que era o Salvador, o Messias, o Senhor. A grande alegria, de que o anjo falara, apoderara-se dos seus corações e dava-lhes asas.

    Vamos até lá, a Belém: diz-nos hoje a liturgia da Igreja. Trans-eamus – lê-se na Bíblia latina – «atravessar», ir até lá, ousar o passo que vai mais além, que faz a «travessia», saindo dos nossos hábitos de pensamento e de vida e ultrapassando o mundo meramente material para chegarmos ao essencial, ao além, rumo àquele Deus que, por sua vez, viera ao lado de cá, para nós. Queremos pedir ao Senhor que nos dê a capacidade de ultrapassar os nossos limites, o nosso mundo; que nos ajude a encontrá-Lo, sobretudo no momento em que Ele mesmo, na Santa Eucaristia, Se coloca nas nossas mãos e no nosso coração.

    Vamos até lá, a Belém! Ao dizermos estas palavras uns aos outros, como fizeram os pastores, não devemos pensar apenas na grande travessia até junto do Deus vivo, mas também na cidade concreta de Belém, em todos os lugares onde o Senhor viveu, trabalhou e sofreu. Rezemos nesta hora pelas pessoas que actualmente vivem e sofrem lá. Rezemos para que lá haja paz. Rezemos para que Israelitas e Palestinianos possam conduzir a sua vida na paz do único Deus e na liberdade. Peçamos também pelos países vizinhos – o Líbano, a Síria, o Iraque, etc. – para que lá se consolide a paz. Que os cristãos possam conservar a sua casa naqueles países onde teve origem a nossa fé; que cristãos e muçulmanos construam, juntos, os seus países na paz de Deus.

    Os pastores apressaram-se… Uma curiosidade santa e uma santa alegria os impelia. No nosso caso, talvez aconteça muito raramente que nos apressemos pelas coisas de Deus. Hoje, Deus não faz parte das realidades urgentes. As coisas de Deus – assim o pensamos e dizemos – podem esperar. E todavia Ele é a realidade mais importante, o Único que, em última análise, é verdadeiramente importante. Por que motivo não deveríamos também nós ser tomados pela curiosidade de ver mais de perto e conhecer o que Deus nos disse? Supliquemos-Lhe para que a curiosidade santa e a santa alegria dos pastores nos toquem nesta hora também a nós e assim vamos com alegria até lá, a Belém, para o Senhor que hoje vem de novo para nós. Amen.

    © Copyright 2012 - Libreria Editrice Vaticana

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    Igreja e Religião


    A natividade do Senhor é um convite à reconciliação
    Carta de natal do patriarca Gregório III Laham

    DAMASCO, 27 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Apresentamos aqui a tradução da carta escrita pelo patriarca dos greco-melquitas de Damasco, Gregório III Laham, para o Natal de 2012.

    ***

    O canto dos anjos na noite de Natal encanta o nosso coração e a alma, e nós o cantamos em todas as nossas tribulações, "Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens de boa vontade", e também em meio ao nosso sofrimento nestes dias trágicos que vivem o nosso Oriente Médio e especialmente a Síria. Esta canção é um convite constante para glorificar a Deus, nosso Criador, para trabalhar pela paz na terra, pela boa vontade entre os homens, e para que reine em cada um de nós a alegria e a paz de nosso Senhor.

    "De fato, Ele é a nossa paz - diz São Paulo – Aquele que fez dos dois um só povo, derrubando o muro de separação que estava no meio, ou seja, a inimizade (...) para criar em si mesmo, dos dois, um só homem novo, fazendo a paz" (Ef 2, 14-15). São Paulo resume dessa forma o Natal e a missão de Jesus, que é a reconciliação entre Deus e os homens. Cristo destroi o muro de inimizade entre as nações e anuncia a paz, confiando-nos o ministério da reconciliação.

    É a isso e a nada mais que nos tem convidado o Santo Padre Bento XVI a cada momento da sua visita ao Líbano no mês de Setembro passado: "Não à vingança! Sim ao Perdão! Porque só o perdão dado e recebido coloca os fundamentos duráveis da reconciliação e da paz para todos".

    E nós temos tanta necessidade dessa reconciliação, desta paz no nosso mundo árabe, e em primeiro lugar na Síria, onde é o único caminho para a salvação.

    Queridos amigos,

    Desejamos a todos a todas vós, festas bonitas e santas do Natal de Nosso Senhor e abençoamos a vós, nossos amigos seja aonde apoiem os nossos projetos e especialmente a nossa presença junto aos refugiados e às pessoas afetadas na Síria.

    Sejai construtores da paz e uni-vos à nossa oração constante pela reconciliação, pelo amor e pela paz entre os homens de boa vontade.

    Cristo nasceu! Glorificai-o!

    Feliz Natal! Bom e Santo Ano de 2013

    + Gregorios IIII

    Patriarca de Antioquia e de todo o Oriente de Alexandria e de Jerusalém

    (Trad.TS)

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    Jornada Mundial da Juventude Rio 2013


    Feliz ano da juventude
    Queridos jovens: o próximo ano é de vocês!

    Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.

    RIO DE JANEIRO, 30 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Um grande ano nos espera, um ano no qual a nossa cidade vai ser invadida por uma onda de jovens vindos de todas as partes do Brasil e do mundo e vai receber a visita do Papa Bento XVI. Iremos iniciar o primeiro dia do primeiro mês do Ano da Juventude.

    Um grande ano, de muito trabalho e de muitos encontros se delineia para a nossa amada cidade, para os nossos jovens, para as nossas famílias. O próximo ano será o ano da Jornada Mundial da Juventude, evento que sempre deixa um rastro positivo de renovação, um ano marcado não só pela curiosidade de ver uma multidão de jovens animar a Cidade Maravilhosa, mas de observar que novidade que ela trará para a vida de cada um de nós. Entre tantos legados que esperamos dos grandes eventos, este terá um incomparável: deixará a presença de um Deus Amor no coração dos jovens arautos da manhã e anunciadores de um mundo novo.

    No próximo dia 5, no Arpoador, no Rio de Janeiro, iremos comemorar a espera dos últimos 200 dias para a JMJ. A espera é uma palavra difícil, sobretudo para os jovens, mas é uma palavra prenhe de vida. A espera é a nota do tempo de Advento, que nós acabamos de viver. Um tempo que se concluiu com a figura de Maria, nossa mãe e mãe de Deus, que viveu como nenhuma outra pessoa a espera do nascimento do Salvador. É a figura de Maria, Mãe de Deus, que encerra a oitava do Natal e abre o novo ano.

    Esperamos todos para que entre o 23º ao 28º dia do sétimo mês do ano da juventude, a nossa cidade seja transformada no "Santuário Mundial da Juventude"! Preparamos e esperamos com carinho esse belo momento.

    A espera de Nossa Senhora era uma espera bendita, como aquela que as mães geralmente vivem, dominadas pela presença do filho que carregam em si, mas igualmente pelo desejo de vê-Lo, conhecer suas feições, acariciar seu corpo diminuto, de contemplar a novidade da criança que deve nascer. Presença e espera convivem entre si e se completam. Presença e espera continuam a preencher os dias de uma mãe que vê seu filho crescer, de novidade em novidade.

    O primeiro dia do Ano é dedicado à Mãe de Deus! É muito importante que seja assim. É como que uma invocação para que aquela que soube esperar nos ensine a esperar também. A esperar e a reconhecer que existe uma Presença que acompanha a nossa vida. A novidade do Ano Novo não pode se exaurir no primeiro dia. Um ano realmente novo é aquele que traz novidade a cada dia. É o que anunciamos: a espera já é a grande festa da juventude.

    Esta espera esquenta o coração, nos faz vibrar e é a coisa mais bonita da festa de Réveillon, que enche aquele cenário excepcional que é a Praia de Copacabana. Iremos, como todos os anos, celebrar e esperar do alto do Corcovado, aos pés do Redentor. Porém, neste ano, o povo que espera o Ano que deve chegar, espera, na verdade, algo mais.

    A multidão é cheia da espera por uma novidade que não se sabe qual seja, mas que deve vir. A espera tem a dimensão do coração do homem. Nosso coração espera, traz uma espera que nem o barulho ensurdecedor do tempo consegue eliminar. Todo o mundo parece conspirar para que o homem não espere, viva sem viver, se habitue ao feio e ao pequeno, mas, diante das águas do mar de Copacabana e do anúncio da novidade, a espera reacende. Dali, a espera se estende por toda a cidade, todas as casas e salões e clubes que receberão os jovens peregrinos. E no atual vazio de uma região em Guaratiba contemplaremos os milhões de jovens que anunciarão ao mundo a aurora de um tempo novo ao contemplar os montes que se erguem no entorno e que, levados pela nova Avenida com seus ônibus de transporte rápido, percorrerão ruas e vielas, túneis e viadutos para levarem ao mundo a esperança e a paz em Cristo.

    Para o próximo ano é importante que os jovens da cidade do Rio de Janeiro sejam portadores da Paz. O Papa Bento XVI, em sua XLVI Mensagem para o Dia Mundial da Paz, recorda que todos somos chamados a ser felizes por sermos os construtores da Paz: "Bem-aventurados os obreiros da Paz". Em sua mensagem anterior, para o ano que finda, o Papa dirigiu explicitamente sua mensagem à juventude: "nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar pela aurora de que fala o salmista. Esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens, e é por isso que o meu pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e devem oferecer à sociedade. Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial da Paz duma perspectiva educativa: «Educar os jovens para a justiça e a paz », convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo. Importante que estes fermentos e o idealismo que encerram encontrem a devida atenção em todas as componentes da sociedade. A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum, a possuírem perspectivas abertas sobre o mundo e olhos capazes de ver « coisas novas » (Is 42, 9; 48, 6). Por isso nossa atenção, unindo os temas dos dois anos, para que os jovens, educados para a justiça e a paz sejam felizes por construir a paz.

    Queridos jovens: o próximo ano é de vocês! Assim como a JMJ nos envia a fazer discípulos entre os povos, a Campanha da Fraternidade coloca todos disponíveis: "Eis-me aqui, envia-me". A Arquidiocese do Rio de Janeiro abre os seus corações para receber a todos como o Nosso Cristo Redentor – de braços abertos. Animem-se para viver com intensidade a JMJ Rio 2013 e vamos testemunhar Deus Menino, nascido de Maria Santíssima, para nos salvar!

    A Praia de Copacabana, no sétimo mês do Ano da Juventude, vai ser tomada por uma multidão diferente: jovens de todas as raças e línguas que encontram Alguém que os encheu de espera e de esperança. Dali, partirão em peregrinação para o oeste da cidade, para dizer, em Guaratiba, que eles querem preencher todos os vazios do mundo com a esperança de uma nova vida buscada no íntimo de todos. Assim, juntos iremos passar pela "porta da Fé" a caminho de novos horizontes. A fé é um modo diferente de ver e viver a vida, um modo que é dominado por uma Presença que enche o homem de espera.

    A todos os homens de boa vontade, construtores da paz, de perto e de longe, desejamos um feliz e santo ano da juventude.

    Dom Orani João Tempesta, O. Cist., é arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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    Começa a gravação do CD da JMJ Rio2013
    Uma novidade musical está chegando para aquecer o coração dos jovens na caminhada rumo à JMJ: o CD com as canções das missas da Jornada Mundial da Juventude Rio2013

    RIO DE JANEIRO, 27 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Conforme informado pela assessoria de imprensa da Jornada Mundial da Juventude, alguns dos grandes nomes da música católica brasileira estiveram em estúdio, no dia 17 de dezembro, na gravadora "MZA Music", para dar início à gravação do CD, que será produzido por Marco Mazzola.

    No CD, estão confirmadas as participações do padre Fábio de Melo, padre Reginaldo Manzotti, padre Omar Raposo, padre Juarez de Castro, padre Gleuson Gomes e da irmã Kelly Patrícia. As músicas serão cantadas em três dos Atos Centrais da JMJ: Missa de Abertura, acolhida do Papa e Missa de Envio. Além do hino da JMJ Rio2013, estão, entre as canções conhecidas, "Kyrie Eleison", "Cordeiro de Deus", "Tantum Ergo", "A Barca (Pescador de Homens)" e "Jovens Abençoados", esta última que fez parte do CD "São Sebastião Acolhe a Juventude", lançado na Trezena de São Sebastião deste ano. 

    Na lista de inéditas, estão uma homenagem à Nossa Senhora, uma homenagem ao Papa e uma música composta pelo padre Fábio de Melo.

    Segundo o responsável pelo Setor de Atos Centrais, padre Renato Martins, com o CD da JMJ Rio2013, o setor quer que o povo brasileiro aprenda as músicas e possa manifestar, durante as celebrações, a alegria e a participação ao cantá-las. "Conseguimos a participação de grandes cantores, que fazem a história da música católica brasileira. Buscamos nomes com os quais a juventude vai se identificar. Esperamos que todos abracem esse projeto e incentivem o povo nas suas paróquias a também cantar, para que, nas missas da Jornada todos possam mostrar ao Papa a face alegre de ser católico", frisou.

    Todos os padres que participaram do primeiro dia de gravação mostraram-se animados com as letras e melodias das músicas e lisonjeados em fazerem parte do CD do maior evento da Igreja Católica. De acordo com o padre Fábio de Melo, o CD será uma união de trabalhos diferentes de diversos cantores, que estão dentro de uma mesma linguagem: a música litúrgica, categoria de música que, segundo ele, será resgatada do esquecimento, com o CD.

    "A música litúrgica é totalmente diferente porque ela é uma música para um contexto celebrativo e tem que fazer com que as pessoas que estão participando estejam conectadas com o que está acontecendo no altar. Esse CD resgata isso e será muito proveitoso porque vai dar a oportunidade de as paróquias terem uma música litúrgica correta e de as pessoas terem alegria em cantá-las", explicou.

    Para o padre Reginaldo, a música em si toca as pessoas pela sua própria natureza de ser uma linguagem universal e a proposta é congregar pela música, utilizando-a como ferramenta para unir pessoas de culturas diferentes e passar a mensagem do rosto jovem de Cristo. "A música é um excelente canal de evangelização. O que eu percebo na escolha destas músicas é que a melodia e os arranjos estão adequados para os dias de hoje. Então, é um resgate do próprio tesouro e história musical que a Igreja tem", disse.

    A irmã Kelly espera que o CD possa fazer com que as pessoas mergulhem no mistério da fé, a Eucaristia. "Vamos afervorar o coração da juventude no Brasil e no mundo como alguém que abana uma fogueirinha para que ela cresça e possa iluminar o mundo com a luz da fé e do amor a Nosso Senhor", enfatizou.

    Padre Omar destacou que a participação dos cantores será uma contribuição simples porque, mais do que gravar o CD, todos devem incentivar as paróquias e toda a juventude brasileira e mundial a cantar bonito na missa com o Papa Bento XVI. "Agora, a gente está pertinho da Jornada e a música pode nos favorecer a trazer essa bela mensagem. Ela ajuda a reequilibrar essas realidades que a gente quer celebrar no próximo ano aqui na Cidade Maravilhosa", evidenciou.

    De acordo com padre Gleuson, a música ultrapassa todas as barreiras que possa existir com relação à questão doutrinal dos diversos credos, o que torna o Evangelho mais aberto. "Por trás está um ideal precioso de possibilitar que a Jornada seja um encontro de fé que possa traduzir a força de uma juventude que busca valores fortes do Evangelho, onde se possibilite um encontro dos jovens com Cristo. Esse momento vai mostrar, para a Igreja, essa capacidade da diversidade de dons, que nos torna cada vez mais potencializados na graça de evangelizar", afirmou.

    As gravações acontecerão até janeiro do próximo ano e a previsão é que o CD seja lançado em março.


    Flash mob agitará a juventude

    Para alguns momentos da Missa de Envio, o Setor de Atos Centrais está preparando surpresas. Uma grande ação será o flash mob, uma aglomeração de pessoas ao mesmo tempo e em um mesmo local, com uma coreografia combinada antecipadamente por mídias sociais. Ele será realizado no final da missa em homenagem ao Papa.

    O famoso coreógrafo Fly será o responsável pela criação e pelos ensaios da coreografia, e o primeiro ensaio está marcado para o dia 27 de janeiro, no evento "Folia com Cristo". Após o ensaio, uma gravação com o ensaio será postada nas mídias sociais da JMJ, para que todos possam aprender a coreografia e realiza-la no dia da Missa de Envio.

    Padre Renato Martins contou que além da coreografia, a missa também terá um coral especial. "Nós queremos trazer a maior representatividade de cantores do Brasil para participar das missas. Nosso coral será de renome e vamos convidar, no máximo, 100 cantores católicos mais conhecidos do país", disse.


    Músicas do CD

    Esperança do Amanhecer (Hino Oficial da JMJ Rio2013); Kyrie Eleison; Glória a Deus; Aleluia (Aclamação ao Evangelho); Ofertório JMJ; Sanctus; Cordeiro de Deus; Tesouro Singelo (Comunhão I); Tantum Ergo (Comunhão II);Fino ai Confini Della Terra / Até os confins da Terra (Canto Final); Mãe Aparecida (Homenagem à Nossa Senhora); Jovens Abençoados; e A Barca (Pescador de Hombres).

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    Comunicar a fé hoje


    Internet na vida sacerdotal
    Um curso orienta seminaristas sobre a atitude que se deve ter no uso da rede

    Por José Antonio Valera Vidal

    ROMA, 28 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - A imagem projetada é a de um jovem casal que está se olhando. Ambos estão tristes, enquanto ela reclama que lhe falta atenção. Em seguida, ele coloca a mão sobre a dela e vira-a de um lado para o outro, de modo mecânico, para depois fazer "dois cliques" como único carinho... O público ri. Com este pequeno vídeo de motivação – também de constatação - , foi inaugurado hoje o seminário "internet na vida do presbítero", organizado pelo Instituto de Terapia Cognitivo Interpessoal de Roma e o Pontifício Colégio Internacional "Mater Ecclesiae".

    Serão dois dias para estudar os benefícios e também os riscos do uso da internet na formação dos seminaristas, bem como na forma como se deve lidar com os "novos" pecados dos usuários, que fizeram da "rede" um espaço desordenado para a sua vida afetiva, laboral e moral.

    De acordo com a Dra. Michela Pensavalli, psicóloga e psicoterapeuta, bem como professora universitária e coordenadora do Instituto promotor do evento, é muito importante que a pessoa - neste caso o seminarista -, analise e se responda se é ou não "dependente" da Internet . Ou seja, se consegue dominar as emoções e impulsos que os sites e as redes sociais geram, seja quando se está conectado, como também quando se deve passar longos períodos off line.

    Para a especialista, o domínio e o equilíbrio é vital, porque em uma sociedade "Tecnolíquida", segundo a definição recente do psiquiatra italiano, Tonino Cantelmi, os diversos dispositivos podem manter as pessoas em uma conectividade permanente, onde é difícil distinguir os limites ou o tempo passado, em detrimento de outros fins ou obrigações.

    A teoria do "tudo e rápido"

    Outro risco que o navegante moderno encontra, é a tendência a encurtar as coisas e evitar os encontros. Ou seja, se por uma mensagem de texto podemos explicar alguma coisa rapidamente, por que estender-se ou aprofundar? Ou pior ainda, se temos tantas plataformas de comunicação instantânea, para que encontrar-nos?

    Também o usuário, na sua necessidade de estar conectado, pode perder a atenção do que as pessoas lhe falam, por exemplo, numa aula ou conferência, por estar pendente do modo rapidíssimo de como continuam a interagir os seus contatos e listas de interesses "lá fora".

    O fato de não poder se desconectar (switch off), já é um sinal de que deve ser observado... Porque nem hoje e nem no passado, foi possível estar num lugar e ao mesmo tempo em outro –fora – , não porque a internet não te deixe fazer isso, mas porque as normas básicas de convivência ou da vida comunitária te exigem. Mas para alguns – isso sim é de ontem e de hoje - , sua necessidade pessoal está por acima da dos demais, o que é um mau sinal...

    O que mais oferece a Internet? Segundo a doutora Pensavalli, te oferece emoções – até mesmo fortes – relações – não sem perigos – , e te facilita as coisas para sair do "tédio". Para outros, o tempo passa mais rápido conectando-se à rede, por tanto ajuda a evadir-se; enquanto que para um grupo de usuários é a porta entre o privado e o público, cuja chave se abre ou fecha de acordo com a conveniência ou a vontade.

    Sobre isso, foi clara em advertir que, como emissor e dono das suas conexões de internet, o usuário se predispõe a evitar o que ele não gosta, e a eleger só aquilo que não lhe chateia; assim como selecionar o que não lhe coloque tenso e nem lhe faça refletir muito. Ou seja, a ambivalência toma conta da pessoa, e assim quando se vivem as relações humanas, e diante de uma situação real de convivência, em que se exige mais da mesma pessoa, chega-se a acreditar que é hora de "desligar a conexão" e basta...

    Amizades perigosas

    Tudo na internet parece tão fácil e acessível, que o usuário começa a clicar onde não deveria se aproximar nem um pouquinho, ou a "aceitar" convites de amigos que não tem nem a menor ideia de quem sejam.

    Na internet todo mundo é igual, pelo menos, naqueles locais de acesso público e gratuito. Mas nem todos somos o mesmo, foi outra ideia da doutora Michela Pensavalli, pois as redes fazem surgir na pessoa o seu lado mais narcisista, exibicionista e sem dúvida, o voyeurista.

    Somos assim nas relações cotidianas, por assim dizer, física? Na verdade não, de modo que o uso compulsivo da rede (líquido, sem padrões ou limites), às vezes nos obriga a mudar de atitude para interagir, de tal forma que aparecem também tendências patológicas ...

    Só para citar os graus mais baixos de cada tendência – porque os mais altos são para correr deles - , pode-se identificar o narcisismo só no fato de colocar a "melhor foto" no perfil de uma rede social, tanto faz se é antiga ou que não esteja de acordo com a realidade atual (foto sem camisa clerical, sem a família, no exterior).

    No caso de exibicionismo, aí estão as conquistas ou os comentários expressos sem medida, só pelo fato de que podemos também incluí-los nas nossas contas, independentemente de se os outros querem tanto bombardeio "made em mim mesmo".

    E uma terceira tendência comentada pela especialista – não menos grave, dependendo da pessoa – é o voyeurismo, ou essa antiga obsessão por olhar sem que nos vejam; ainda que hoje em dia, graças à Internet, pode-se fazer de modo consentido, falsificado ou pago sem controles. Ela  alertou para o alto consumo do chamado "cybersexo", que de acordo com dados dos EUA, no mundo, consome-se 3.000 dólares de pornografia por segundo.

    É necessário considerar, portanto, o risco que significa que uma pessoa possa ser o oposto a si mesma na rede, distanciando-se dos seus princípios, obrigações e faltando com a confiança dos superiores. Pois muitas vezes estes toleram o uso da internet com a esperança de que ajude para aprofundar no estudo, para combater a distância recebendo mensagens dos familiares e amigos de bem, ou para dar os "primeiros passos" de uma futura e urgente pastoral na rede.

    Uma conclusão clara foi que o mundo atual do ciberespaço, é um mundo onde se pode viver, mas cuidando a qualidade do uso que se faz e não deixando-se dominar pelos impulsos que este gera. E, assim com ontem, não confundir nunca o instrumento com a mensagem...

    (Trad.TS)

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    Comunidade Verbo Eterno
    Entrevista com Valéria Lopes

    Por Thácio Siqueira

    BRASíLIA, 27 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Publicamos a seguir uma entrevista concedida a ZENIT por Valéria Lopes, da comunidade Católica Verbo Eterno, de Minas Gerais, Brasil. 

    ZENIT: COMO E ONDE NASCEU A COMUNIDADE VERBO ETERNO?

    VALÉRIA: A Comunidade Católica Verbo Eterno nasceu no ano 2000, após uma peregrinação do Sr. Manuel Lopes de Freitas Filho, a alguns Santuários Marianos da Europa. Não havia intenção no coração dele de se fundar uma comunidade, porém, sabia que Deus queria falar-lhe algo muito profundo: "Vá a terras distantes que lá te falarei!" Nessa viagem, Deus foi revelando dia a dia aquilo que seria um projeto do coração d'Ele. Manuel escrevia tudo e rezava. Na volta da viagem, encontrou-se com o Cardeal Dom Serafim, na época Arcebispo de Belo Horizonte que, após ler os escritos, sentiu ser a regra de vida de uma nova comunidade, a qual Deus fazia surgir. Então, no ano 2000, nasceu em Belo Horizonte a Comunidade Católica Verbo Eterno. Após um ano de silêncio e oração, obedecendo à fala de Deus, a Verbo Eterno iniciou sua missão pública, tendo como carisma sermos cooperadores de Deus na plena realização do seu plano de salvação através da Formação, da Intercessão e do Serviço. Há membros de vida e de aliança, sendo todos consagrados aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria. São pais da comunidade, conforme disposto por Deus, Santo Agostinho e Santa Rita e como padrinhos Santo Antônio, Santa Teresinha e São Francisco. Nosso lema é: "Amar a Deus e ao próximo, sofrer por Deus e pelo próximo e viver a lei suprema da caridade".

    ZENIT: PODE CONTAR UM POUCO DA HISTÓRIA DO FUNDADOR DA COMUNIDADE?

    VALÉRIA: O fundador da Comunidade Católica Verbo Eterno é o filho mais novo do casal Sr. Manuel Lopes de Freitas e Srª. Ana Emília Saraiva de Freitas. Foi coordenador da Renovação Carismática Católica de Belo Horizonte por dois mandatos consecutivos. Formou e ensinou, pela docilidade própria que tem o seu coração à ação do Espírito, a muitas outras comunidades. Ensinou em todos os aspectos da disciplina humana e espiritual, sendo homem muito respeitado diante da Igreja, da família, de políticos e empresários, pelo seu testemunho de fé. Levou a tantos soluções muitas vezes não encontradas, sendo indicado nesse sentido por sacerdotes e pessoas bem conceituadas na sociedade. A mãe veio a falecer quando ele ainda era muito criança, sendo então criado pelo pai com a ajuda de suas irmãs, na cidade de Viçosa-MG. Desde menino mostrou ser forte em suas atitudes como na maturidade da vida, no lidar com as pessoas e na fé.

    Ao final de três importantes momentos de sua vida, deixou tudo para seguir o chamado de Deus:

    1. O falecimento do pai, pessoa profundamente marcante em sua vida, por quem tinha um amor exemplar, de amigo íntimo;

    2. A venda da empresa que tinha em sociedade com uma de suas irmãs, um restaurante industrial, que administraram com muita amizade e seriedade;

     3. A conclusão de dois mandatos consecutivos como coordenador arquidiocesano da Renovação Carismática Católica de Belo Horizonte, tendo feito um trabalho respeitado por toda a arquidiocese e até fora do Estado de Minas Gerais.

    É um homem consagrado no celibato, Superior Geral e Fundador da Comunidade Católica Verbo Eterno.

    ZENIT: HOJE QUAL O PRINCIPAL APOSTOLADO DA COMUNIDADE VERBO ETERNO?

     VALÉRIA: Baseado no seu carisma, o apostolado da comunidade atua especificamente em:

    Serviço: A comunidade atualmente tem uma casa de recuperação para dependentes químicos de álcool e drogas, em Januária/MG e trabalha para a construção de uma casa de acolhida para idosos em Belo Horizonte. Trabalha também com crianças abandonadas e acolhidas em instituições. Outros projetos ainda estão sendo iniciados ou o reinício está em andamento.

    Intercessão: Pela Igreja, pela humanidade, pelas almas e pela Renovação Carismática Católica, exerce também o atendimento de oração às pessoas, levando-as a um reencontro com Deus. A comunidade divulga ardentemente a espiritualidade dos Sagrados Corações de Jesus a de Maria através de um terço próprio, estando ainda em contínua oração, principalmente pelos pedidos confiados a ela diariamente.

    Formação: Trabalha a formação integral da pessoa humana (corpo, mente e espírito). Ministra  também formação específica para as novas comunidades, os cristãos engajados, para as lideranças e  membros da Renovação Carismática Católica. Atua com inúmeras missões levando a palavra de Deus às pessoas, incluindo casas de missão em algumas cidades do nosso estado. Promove várias palestras e eventos, seminários e retiros.

    Ao todo são 13 projetos, tanto na área social como espiritual, na Comunidade.

    ZENIT: SE OS LEITORES DE ZENIT QUISEREM CONHECER UM POUCO MAIS SOBRE A COMUNIDADE, PODEM BUSCAR MAIS INFORMAÇÕES EM NOSSO ENDEREÇO:

    VALÉRIA:

    Comunidade Católica Verbo Eterno 

    Casa Santíssima Trindade - Casa Sede

    Avenida Presidente Costa e Silva, 363, Bairro das Indústrias

    CEP 30 610-000   Belo Horizonte/MG 

    Tel:(31) 3386 - 7899

    Ou no escritório:

    Rua São Paulo, 1071, sala 1521, 15° andar, bloco A

    Centro

    CEP 30 170-907    Belo Horizonte/MG

     Tel: (31) 3273 – 0704

    Site: www.verboeterno.com.br

    Email: verboeterno@verboeterno.com.br

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    Padre lança campanha Desarmar para Brincar neste Natal em prol da vida
    Padre Di Lascio propõe uma atitude diferente na hora de presentear neste Natal

    Por Fabiano Fachini

    SãO PAULO, 24 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - O sorriso, a alegria, a vivacidade, o barulho saudável das crianças são sinais de vida. Onde há criança há festa. "As crianças sempre foram o termômetro da saúde mental de uma família e de uma nação. Elas são o fermento que faz levedar a esperança de um mundo melhor", destaca padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, da Arquidiocese de Campinas SP, idealizador da campanha "Desarmar para Brincar neste Natal".

    Com a Campanha, padre Di Lascio propõe uma atitude diferente na hora de presentear neste Natal: trocar um brinquedo "violento" ou que simule armas por um brinquedo educativo.

    O objetivo é obter resultados em prol da paz, propiciando experiências geradoras de vida e de cidadania, convidando aos pequenos e também aos grandes à participação em uma sociedade pacífica e solidária, que garanta à vida humana melhores condições.

    Nada melhor para assegurar esse resultado do que educando as crianças. "É maravilhoso percorrer as páginas dos livros sagrados e perceber como Jesus Cristo as amava, colocando-as no centro da sua mensagem e defendendo-as de toda e qualquer situação de discriminação e maus tratos. Para Ele as crianças são as herdeiras do Reino dos Céus e as pérolas preciosas de Deus, verdadeiras pupilas de seus olhos", conta padre Di Lascio.

    Para garantir que a campanha tenha adeptos de toda a sociedade, focando a criança como meio de evangelização e luta contra a violência, a Campanha sugere adotar algumas atitudes simples, mas que fazem a diferença:

    1.Substitua o brinquedo com características violentas por um brinquedo educativo como presente de Natal;

    2.Convoque amigos, parentes, vizinhos, colegas de trabalho, estudantes, membros de comunidades, companheiros do clube e do condomínio, por exemplo, e organize a arrecadação dos brinquedos;

    3.Escolha uma entidade, comunidade, creche, educandário, colégio, ou então selecione famílias carentes, bairros populares, e leve para lá os brinquedos educativos;

    4.Aproveite também as reuniões, festas, comemorações, encontros de confraternização de fim de ano, e promova em meio a esses eventos a Campanha Desarmar para Brincar;

    "Atitudes simples como estas fazem a diferença para toda a sociedade", garante Di Lascio.

    O Desarmamento é uma atitude, uma bandeira de todos. As pequenas iniciativas em prol da vida e do bem comum é que formam as consciências compromissadas com a cultura da Paz, acredita o padre.

    Di Lascio convida que todo cristão tenha sempre, em seu carro, brinquedos educativos, e, ao encontrar em seu caminho uma criança em posse de brinquedos "violentos" ou em forma de arma, proponha a ela a troca. Conseguindo seu intento, elogie-a, e lhe dê os parabéns. O padre afirma que a experiência é transformadora.

    Em tempo de redes sociais e evangelização pela internet, os internautas são convidados a partilhar a campanha no Twitter, Facebook ou por e-mail. "Vamos criar uma mobilização nacional, como um grande clamor em defesa dos inocentes: Chega de violência! Salvemos a inocência!", convida padre Di Lascio, que ainda acrescenta: "para se transformar uma nação é preciso transformar a sociedade; para transformar a sociedade se faz urgente transformar sua celula mater: a família. Para ser transformada a família é necessário e fundamental se transformar a pessoa, e o ser humano há de se transformar no dia a dia, paulatinamente, através de pequenos gestos de Cidadania e Paz".

    O padre Di Lascio ao lançar a Campanha acredita que as crianças têm o sagrado direito de crescer e desenvolver-se em meio a um ambiente propício; de estudar com vistas a preparar-se para a vida; e de brincar sem medo de ser feliz!

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    Familia e Vida


    Como vemos os nossos filhos?
    Reflexões para a Festa da Sagrada Família

    Por Pe. Anderson Alves

    BRASíLIA, 30 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Percebe-se atualmente uma crise educativa cada vez mais intensa. De modo geral, constata-se que o nível médio de educação diminui drasticamente e que o processo formativo dos jovens enfrenta grandes dificuldades. As crianças e os adolescentes aprendem cada vez menos; a autoridade dos professores tende a desaparecer e os jovens, em meio a uma aparente energia, sentem-se sós e desorientados. E isso numa época de incrível desenvolvimento da Pedagogia. Nunca houve tantas pessoas que estudam essa ciência e nunca tivemos tantas teorias pedagógicas como agora. No Brasil a crise educativa é cada vez mais preocupante, embora tenha eminentes pedagogos. Um recente estudo comparou a educação em 40 países e mostrou que o Brasil (6ª Economia do mundo) ficou em 39º lugar na educação, atrás de países como Singapura (5º), Romênia (32º), Turquia (34º) e Argentina (35º)[1]. Certamente uma das causas da atual crise educativa no Brasil não é a falta de recursos, mas algo mais profundo: não sabemos mais como ver e tratar os nossos filhos.

    Até a metade do século passado, tinhamos uma ideia bem clara sobre o que eram os nossos filhos: acima de tudo, eram considerados um dom de Deus, um presente que nos tinha sido dado para ser tratado com atenção, carinho e muita resposabilidade. Os filhos eram visto como um dom divino e a paternidade era considerada uma participação especial no poder criador de Deus. De modo que os filhos eram tratados com respeito e a vida era acolhida com alegria e generosidade.

    Isso se deve ao fato de que nosso modo de viver até então era marcado pelos ensinamentos da cultura judaico-cristã. Seguia-se o exemplo de figuras como a de Ana (Cfr. 1 Sam. 1), uma mulher estéril que todos os anos ia a um Templo de Israel prestar culto a Deus, e que, certa vez teve a ousadia de pedir-lhe um filho. Depois que Deus escutara suas ferventes orações, ela retornou ao Templo para agradecer o dom recebido e para consagrar a vida daquele novo ser a Deus. Ana era plenamente consciente de que a vida humana procede e retorna a Deus, para quem nada é impossível.

    A partir da "revolução" de 1968 uma nova cultura surgiu, na qual a visão bíblica foi abandonada. S. Freud, na sua época, sonhava o dia em que fosse separada a geração dos filhos da estrutura familiar, algo que a partir de 68 vem se tornando frequente. Desde então, procura-se incutir nos jovens a idéia de que os filhos são um obstáculo, algo que tolhe a liberdade, a autonomia e que impede a realização pessoal. Os filhos passam a ser considerados como uma ameaça e a gravidez como uma espécie de doença, que deve ser evitada a todo custo. E às pessoas que não são tão jovens, transmete-se a ideia de que os filhos são um "direito". Desse modo, os filhos passam a ser considerados ou como uma "ameaça" ou como um "direito", não mais como um dom. Daí surgem problemas sérios. Na Inglaterra, por exemplo, esse ano um dos pedidos mais feitos ao "Papai Noel" pelas crianças foi um pai; outro pedido comum foi, simplesmente, ter um irmão. O risco atual é que os adultos passem a considerar os próprios filhos como uma espécie de "mercadoria", um sonho de consumo, que deve ser realizado num momento perfeitamente determinado. Os filhos são cada vez mais frutos de cálculos e não tanto do amor. E isso deixa feridas graves nas crianças.

    Deixar de considerar os filhos como um dom divino e tê-los simplesmente como o resultado de uma técnica é um passo importante para a desconfiguração das famílias e para arruinar a educação. De fato, ocorre com frequência que os pais, paradoxalmente, procuram "superproteger" os filhos, buscando livrá-los de qualquer perigo e, ao mesmo tempo, não querem encontrar o tempo para dedicar-se à difícil tarefa educativa dos mesmos. As crianças são enviadas cada vez mais cedo às escolas e os professores devem se empenhar em transmitir valores que as crianças deveriam ter recebido em casa.

    E há ainda outro grave perigo: os adultos procuram ter filhos mais para serem aprovados por eles, do que para transmitir um amor total, gratuito e comprometido. Sejamos sinceros: muitas vezes, em nossas famílias ocorre algo perverso: os pais se comportam como crianças, lamentando-se da infância que tiveram, e os filhos se sentem obrigados a comportarem-se como adultos[2]. Com essa mudança de papéis ninguém assume o a própria responsabilidade familiar, e isso se reflete no rendimento dos jovens nas nossas escolas e Universidades.

    Nesse ponto, podemos talvez voltar nosso olhar ao livro que formou a civilização ocidental. O Evangelho conta-nos somente uma cena da adolescência de Jesus e do seu "processo educativo". Quando ele tinha 12 anos, foi levado ao templo por Maria e José para participar na festa da Páscoa (Cfr. Lc 2). O jovem judeu quando cumpria essa idade iniciava a ser considerado adulto na fé. Quando aquela familia deve retornar a casa, Maria e José se destraem e Jesus, como verdadeiro adulto, permanece no templo discutindo com os doutores da Lei. Quando ele é reencontrado, Maria o repreende, mesmo sabendo que quem estava diante dela não só era um "adulto" na fé, mas o mesmo Filho de Deus: "Meu filho, que nos fizeste? Teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição". E Jesus, depois de manifestar a plena consciência da sua identidade divina ("não sabíeis que devo ocupar-me das coisas do meu Pai?"), volta à casa com Maria e José e "era-lhes submisso em tudo". Que impressionante! Maria e José não fugiram de sua responsabilidade educativa em relação àquele adolescente que sabiam ser o Filho de Deus; e Jesus, sendo verdadeiro Deus, volta à casa com sua família, obedecendo-lhes em tudo até os 30 anos. Vemos assim que na família de Nazaré ninguém fugia da própria responsabilidade, uma vez que eram unidos por um verdadeiro amor, o qual se demonstra na autoridade, na humildade e no serviço e não no autoritarismo ou na indiferença.

    Parece, portanto, que para se recuperar o sentido da verdadeira educação, para se enfrentar à grave crise educativa atual, devemos ajudar as famílias a considerarem a vida como um dom de Deus, a tratarem os seus filhos com verdadeira diligência, não delegando toda a responsabilidade educativa a outras pessoas ou intituições. A tarefa é árdua, mas pode ser realizada, especialmente à luz da fé que por séculos iluminou a nossa sociedade. Devemos voltar a seguir ao modelo da Sagrada Família mais do que aos parâmetros contraditórios de uma "revolução" que só trouxe ao mundo a exaltação do egoísmo, da irresponsabilidade e o consequente aumento do sofrimento dos mais débeis.

    Pe. Anderson Alves é da diocese de Petrópolis – Brasil - e doutorando em Filosofia na Pontifícia Università della Santa Croce, em Roma.

    [1] Notícia no seguinte link: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/11/ranking-de-qualidade-da-educacao-coloca-brasil-em-penultimo-lugar.html

    [2] Sobre isso cfr.: G. Cucci, La scomparsa degli adulti, «La Civiltà Cattolica», II 220-232, caderno 3885 (5 de maio de 2012).

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    Espanha: se o governo não eliminar o suposto risco psicológico no aborto, nada mudará
    Associação Direito de Viver exige reforma nos prazos permitidos pela lei de aborto

    MADRI, 27 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - A plataforma cidadã Direito de Viver avaliou os dados oficiais de 2011 sobre o aborto na Espanha, recentemente divulgados. "Desde 2009, durante a tramitação da lei aprovada em 2010, alertamos que essa legislação seria mais mortífera ainda que a de 1985. E foi. Em 2011, foram mortas 5.328 vidas a mais do que em 2010, de maneira cruel e violenta, dentro do ventre materno", afirmou em 22 de dezembro Gádor Joya, porta-voz da plataforma Direito de Viver. Os números totais de abortos em 2011 no país equivalem à população inteira de algumas cidades espanholas, como Jaén, Orense, Lugo, Gerona ou Cáceres.

    "Se o governo do Partido Popular não desistir de retomar o pressuposto psicológico da nova lei, como eles prometeram, nada vai mudar".

    O relatório, do próprio executivo, demonstra que 89,58% dos casos registrados são resultantes de pedidos feitos nas primeiras 14 semanas de vida. A porcentagem é muito semelhante à dos abortos adscritos à chamada "premissa descriminalizadora por risco psicológico da mãe", de anos anteriores.

    "Desde o começo da tramitação da lei, nós denunciamos que eles pretendiam apenas consolidar a fraude legal que já acontecia na prática com a desculpa do risco psicológico", prossegue Joya.

    Longe de contribuir para a diminuição dos abortos, nem as campanhas de prevenção, nem a instrução dos adolescentes em matéria sexual conforme previsto em lei, nem a venda indiscriminada e descontrolada da pílula do dia seguinte serviram para frear o aumento do fracasso social do aborto. Pelo contrário, cada vez mais mulheres sofrem as consequências de ter abortado, e, com elas, toda a sociedade padece junto.

    Responsabilidade do governo atual

    Com base nos dados de 2011, é previsível que, em 2012, sem nenhuma mudança legal, o aborto tenha crescido, no melhor dos casos, na mesma proporção. A doutora Gádor Joya destaca, a respeito, que "o governo atual é responsável por não ter mudado nada e, portanto, é responsável por ser o governo em que muito provavelmente superamos a cifra de 120.000 abortos em um só ano".

    Todos os anos, as estatísticas sobre o aborto são publicadas com atraso injustificado. "Se nós conhecemos estatísticas e dados bem mais complexos, como os macroeconômicos, não tem nenhum sentido não saber os números do aborto com a mesma frequência trimestral", denuncia Joya.

    Os sucessivos governos "sempre tentam publicar esses dados com o menor impacto midiático possível, porque são os dados da vergonha e do escândalo", prossegue a porta-voz da plataforma Direito de Viver. Neste ano, a publicação foi feita no início das férias de natal e na véspera do sorteio de loteria mais popular do país.

    "O governo teve a desvergonha de publicar os dados no mesmo dia em que termina o outono, que era a data limite anunciada pelo próprio ministro da Justiça para apresentar um projeto de reforma da lei do aborto. Gallardón mentiu reiteradamente sobre isto. Já comprovamos, neste campo, o quanto vale a palavra dele", acrescenta a doutora.

    Com os dados conhecidos, sabe-se que a Espanha gastou, entre os anos de 1985 e 2011, cerca de 850 milhões de euros para abortar 1.692.991 seres humanos, a um custo médio de 500 euros por aborto.

    "São números inadmissíveis para qualquer democracia moderna e de progresso, mas muito mais violentos num contexto de crise como este que estamos vivendo", enfatiza a associação.

    Joya considera que "os maiores beneficiados foram mais uma vez os empresários sem escrúpulos, que engordam o caixa à custa da vida, da morte, da angústia e do sofrimento das crianças que eles abortam e das mães e pais delas".

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    Mundo


    Levantada a expulsão de dom Michele Russo
    Termina a controvérsia com o bispo italiano expulso do país por denunciar desvio de receitas petrolíferas

    ROMA, 27 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Dom Michele Russo pode voltar ao Chade e retomar o ministério apostólico na diocese de Doba. Um comunicado oficial confirma a notícia que já estava circulando no Vaticano havia alguns dias.

    O caso foi resolvido graças principalmente à ação eficiente e ininterrupta da diplomacia da Santa Sé.
    Dom Russo tinha sido intimado a deixar o país africano em 14 de outubro, depois de servir como missionário no Chade durante quase trinta anos.

    O motivo da expulsão teriam sido as críticas à gestão das receitas petrolíferas, feitas pelo bispo na rádio diocesana La Voix du Paysan (A Voz do Agricultor), primeira estação livre do país, confiada por dom Russo em 2010 aos Frades Franciscanos da Imaculada Conceição, sob a direção do pe. Clemente M. Bonou. A mesma estação, uma das poucas que se preocupa com o desenvolvimento integral da população, foi suspensa pelo Conselho Superior de Comunicações.

    As alegações do bispo, contestadas pelo governo do Chade, teriam sido pronunciadas durante uma homilia traduzida para o idioma gambay e transmitida pela rádio.

    "Foi um mal-entendido criado pela tradução da minha homilia. O radialista ressaltou com expressões idiomáticas da cultura local uma situação bem conhecida de injustiça. Não foi a primeira vez que eu usei os mesmos termos, que desta vez foram 'dramatizados' por uma tradução equivocada, para denunciar a situação, impulsionado pelo evangelho e pela doutrina da Igreja, sensível às necessidades do rebanho de almas que me foram confiadas. Isso revela, de qualquer modo, uma indiferença real e preocupante das pessoas comuns", disse dom Russo, que se manteve em contato, na Itália, com o pe. Alfonso Bruno, porta-voz dos Franciscanos da Imaculada, consequentemente envolvidos no caso.

    Os religiosos de Doba contribuíram para manter a calma entre os fieis, apesar de um sentimento generalizado de indignação e revolta. Esta atitude contrasta com a declaração do Conselho Superior de Comunicações do Chade, que acusava o sermão transmitido pela rádio de "minar a ordem pública de propósito".

    O Chade se tornou um país produtor de petróleo em 2003, graças à exploração de jazidas descobertas em Doba e do oleoduto que atravessa Camarões para abastecer navios petroleiros no Golfo da Guiné. O Banco Mundial, que financiou em grande parte o projeto, impôs a condição de que as receitas do petróleo fossem usadas​​ exclusivamente para a redução da pobreza no país.

    No entanto, o presidente muçulmano Deby Idriss, no poder desde 1990 e reeleito entre fortes contestações em 2006 e em 2011, preferiu investir em armas, especialmente depois de uma rebelião liderada por seu próprio grupo étnico, que o acusou de peculato e nepotismo. A rebelião, reprimida com a ajuda de tropas francesas, gerou ondas de refugiados para os países vizinhos. O drama não impediu que a Exxon, a Elf, o Banco Mundial e a China se calassem perante a ditadura para conseguirem dobrar a extração de petróleo, depois da ameaça de fechamento de poços e da retirada das concessões do governo.

    Ex-colônia francesa, independente desde 1960, o Chade tem população de maioria muçulmana (53,10%, principalmente no norte do país), seguida por cristãos (35%) e animistas (10%), ambos concentrados mais no centro-sul, e ateus (2,90%). As maiores igrejas cristãs são a católica, as assembleias cristãs do Chade, a batista e a evangélica do Chade.

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    Outro natal de sangue na Nigéria
    Pelo menos seis cristãos foram mortos no Estado de Yobe

    Por Paul De Maeyer

    ROMA, 26 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Na Nigéria, na noite entre 24 e 25 de dezembro, pelo menos seis cristãos foram mortos por um grupo de homens armados, no povoado de Peri, perto de Potiskum, a capital econômica do norte do estado de Yobe.

    "Um grupo de homens armados invadiram a aldeia à meia-noite; foram direto para a igreja (...), abriram fogo e mataram o sacerdote e cinco fiéis. Em seguida, atearam fogo à igreja", disse um morador, Usman Mansir, à agência AFP (Agence France-Presse, 25 de dezembro).

    Segundo a fonte, cuja narração foi confirmada por um Comissário de Polícia de Yobe, o ataque estava dirigido contra uma igreja evangélica pertencente à Evangelical Church of West Africa (ECWA).

    A polícia até agora recuperou seis corpos. Mas de acordo com o chefe da Christian Association of Nigeria (CAN, a organização que reune as diversas denominações cristãs na Nigéria, incluindo a Igreja Católica), no Estado de Yobe, Idi Garba, muitas pessoas que estavam participando do culto, ainda não foram encontradas.

    Embora até agora nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo assassinato, as suspeitas se concentram no movimento anti-ocidental Boko Haram, que tem ligações com a rede terrorista Al Qaeda e lançou vários ataques contra alvos cristãos nos últimos anos.

    De acordo com os cálculos da AFP, a violência relacionada com as seitas e a sua repressão pelas forças de segurança nigerianas já fizeram mais de três mil vítimas desde 2009 no país mais populoso Africano (mais de 170 milhões de habitantes) e principal produtor de petróleo no continente.

    O Estado de Yobe tem fronteira no Leste com o Estado de Borno, cuja capital Maidaguri (ou Yerwa) é o berço e fortaleza da seita fundamentalista islâmica, Boko Haram, cujo nome, afinal, significa "a educação ocidental é ilícita" .

    No final de 2010, uma onda de violência anti-cristã que começou com o ataque a duas igrejas cristãs próximas de Maidaguri, causou pelo menos 86 mortes no centro-norte da Nigéria.

    Conforme relatado pela Agência Fides (22 de dezembro), citando o jornal The Nigerian Tribune, neste ano, por causa do período de Natal, a polícia nigeriana e a CAN emitiu um alerta, pedindo às pessoas que prestassem muita atenção a pacotes de Natal suspeitos. Poderiam - de acordo com a polícia dos Estados de Kaduna e Gombe - de fato conter explosivos ou comida envenenada.

    Ontem, por ocasião da tradicional mensagem Urbi et Orbi, o Papa Bento XVI chamou a atenção para a situação em algumas partes da África, entre as quais a Nigéria. "Que o Natal de Cristo - disse o Santo Papa – favoreça a volta da paz no Malie da concórdia na Nigéria, onde hediondos ataques terroristas continuam a ceifar vítimas, especialmente entre os cristãos".

    (Trad.TS)

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    Mil pobres e desabrigados celebram o natal em Czestochowa
    Tradição na cidade polonesa: Cáritas organiza ceia natalina para os desfavorecidos

    Por Don Mariusz Frukacz

    ROMA, 24 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Mais de mil pessoas pobres e sem-teto participaram neste sábado, 22 de dezembro, da grande ceia de natal organizada pela Caritas de Czestochowa no antigo mercado da cidade.

    Os convidados foram recebidos pelo arcebispo Waclaw Depo, que declarou: "Belém significa 'a casa do pão'. Todo mundo deseja uma casa. Precisamos que este desejo nos leve também a enxergar os outros necessitados".

    Esta não é a primeira vez que Czestochowa protagoniza uma iniciativa em prol dos desabrigados. Em 1992, a cidade estava sendo flagelada pelo desemprego. Muitas pessoas, por vicissitudes várias, ficaram sem trabalho e sem lar. Após o fim do comunismo, revelava-se mais e mais a miséria de quem não era capaz de lidar com uma nova realidade social e econômica.

    Um ano antes, em agosto de 1991, o nosso seminário maior se mudou de Cracóvia para Czestochowa, onde o novo edifício foi abençoado pelo papa João Paulo II. Uma das primeiras iniciativas do seminário foi organizar uma festa de natal, na estação de trem, para os desabrigados da cidade.

    Eu fazia parte do grupo de clérigos que organizaram a vigília para aqueles irmãos e irmãs mais carentes.

    Lembro-me, em particular, da caixa de papelão na capela do seminário, em que todos depositávamos dinheiro para a organização da ceia de natal na estação. Toda a preparação começou com uma espécie de peregrinação pelas lojas e restaurantes, a fim de conseguirmos alimentos. A contribuição foi enorme. Na estação, preparamos mesas, árvores de natal e um altar para a missa da meia-noite.

    Naquela primeira véspera de natal, participaram mais de cem pessoas sem abrigo, além de um grupo de pobres da Romênia, que, na época, estavam presentes na Polônia em grande número. Ao longo dos anos seguintes, a ceia de natal na estação, organizada pelo clero para os desabrigados, se consolidou como tradição.

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    Aberto um dos maiores presépios monumentais da Espanha
    Moradores de Gádor compartilham festa coordenada pela paróquia e pela prefeitura

    Por Redação

    GáDOR, 24 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Com a inauguração do presépio monumental e da iluminação especial, os gadorenses deram as boas-vindas nesta semana a mais um natal.

    Muita gente se reuniu na praça central da Constituição, onde a prefeitura de Gádor, no sul da Espanha, instalou neste ano o maior presépio monumental da província de Almería.

    Trinta figuras de tamanho natural receberam o reforço das imagens secundárias do Paso de la Sentencia, conjunto de imagens das procissões da semana santa, típicas da região da Andaluzia, onde se encontra a cidade. As imagens foram cedidas pela Confraria da Esperança Macarena de Almería, o que permitiu montar novas cenas que dão ainda mais realce e esplendor ao gigantesco presépio.

    A atuação musical do Coro das Três Colinas de Gádor deu início ao ato solene da bênção do presépio, em que foi ressaltada a importância da abertura simbólica do natal. O prefeito Eugenio Gonzálvez García elogiou os trabalhadores que montaram o monumento e agradeceu à Confraria da Esperança Macarena de Almería pela cessão das figuras complementares. O irmão maior da confraria, Francisco Javier Jiménez, manifestou a satisfação do grupo em colaborar com a comunidade de Gádor para engrandecer o presépio, que permanecerá exposto até 6 de janeiro.

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    Natal, expressão do ágape que silencia as armas e reconcilia os irmãos inimigos
    Mensagem do reitor da Missão Copta-Católica de Paris

    Por Dom Michel Chafik

    PARíS, 24 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Reproduzimos a seguir a mensagem de dom Michel Chafik, reitor da Missão Copta-Católica de Paris, França.

    *****

    Queridos amigos:

    O ano de 2012 se encerra do mesmo jeito que tinha começado: em meio a dúvidas e incertezas. Na França, continuamos nos interrogando infinitamente sobre a identidade sexual, a natureza do matrimônio e os laços familiares. Não sabemos para onde direcionar as contas públicas e nos inquietamos para diferenciar agressor e agredido nos conflitos internacionais. Essas dúvidas, multiformes, atingem tanto o âmbito particular quanto o político-social, provocando profunda intranquilidade, além de uma nostalgia daquela época, nem tão distante, em que a luz do evangelho parecia iluminar a cidade.

    Meu país natal está mais dilacerado ainda. Em 2010, o Egito acreditou num sonho, o de um Estado em que todos os cidadãos fossem iguais em direitos. O sonho hoje se dissipou e o país se dividiu em dois, tendo à cabeça um presidente que, ligado à Irmandade Muçulmana, se apropriou de plenos poderes. Sim, os dias seguintes à revolução nos desenganaram, mais ainda quando os bens de primeira necessidade, o pão, a água potável e a eletricidade começaram a faltar. O Egito tem fome, o Egito tem sede e se afunda numa miséria sem nome.

    A primavera egípcia pode ver-se sucedida pelo inverno islâmico, nos moldes iranianos, com o mesmo tipo de homens estereotipados, com seus discursos rancorosos, seu desprezo pela vida e sua rejeição à alteridade. E também com o mesmo apoio cândido que vem do Ocidente, cego pela sua necessidade grave de divisas e de petróleo leve. O ouro negro torna impotentes as potências de ontem.

    O povo foi enganado, mas não desiste. A praça Tahrir, e outras praças, em nome da liberdade e em nome da justiça social, continuam a luta. No meio desta tormenta, os cristãos são particularmente vulneráveis. Alguns se resignam, com a morte na alma, e deixam o país. Jamais houve tantos emigrantes coptas de todas as partes do Egito, tantos desorientados. Outros escolhem permanecer, abraçados à cruz, nos lugares em que Nosso Senhor os fez nascer. Encerrados na espera interminável de uma páscoa sempre adiada, eles são a memória longa da nossa terra, testemunhas irredutíveis da nossa esperança. Como sinal desta fecunda continuidade, nossos irmãos ortodoxos escolheram um novo papa, as nossas igrejas estão cheias e os nossos fiéis ignoram a mornidão.

    Num contexto como este, qual é o meu desejo para o ano que está por vir? O mesmo que o santo padre manifestou às Igrejas orientais na sua viagem ao Líbano: o desejo da paz. O mais precioso dos dons de Deus é simplesmente o contrário da guerra. É a expressão do ágape que silencia as armas e reconcilia os irmãos inimigos. A regra de ouro do cristianismo nos obriga a nos apresentar perante os muçulmanos como nascidos de Abraão. Por isso, Bento XVI exclamou, no centro do fogo: "Amai os muçulmanos e orai por eles". É assim que será construída a civilização do amor, que, ao contrário das nossas efêmeras primaveras árabes, jamais passará. Feliz natal e bom ano na paz do Senhor!

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    Presidente israelense felicita cristãos pelo natal
    Shimon Peres participa nas celebrações da Igreja em Haifa

    Por Redação

    HAIFA, 24 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - O presidente de Israel, Shimon Peres, de origem sefardita, visitou o arcebispo Chacour em sua residência oficial em Haifa. Peres cantou músicas tradicionais de natal junto com o coral de crianças da escola árabe-cristã em L'bilin.

    O presidente expressou suas felicitações aos cristãos de Israel e de todo o mundo, afirmando: "É um privilégio para mim, como presidente do Estado de Israel, enviar em nome de todo o país os melhores votos de natal para todo o mundo cristão e expressar a esperança de que o Oriente Médio entre em uma era de paz e de prosperidade. O Estado de Israel está comprometido com a proteção de todos os santos lugares e com a liberdade de culto para todos. Na Terra Santa, a coexistência entre judeus, cristãos e muçulmanos prosseguirá. De Haifa, modelo de paz e coexistência, desejo enviar uma clara mensagem ao mundo, uma mensagem de paz e de unidade entre todos os credos, entre todas as nações".

    Peres ressaltou as positivas relações entre Israel e o Vaticano e o reflexo no compromisso de Israel pela liberdade de culto. "Tenho um enorme respeito pelo papa. Aprecio a sua preocupação e ação para preservar as boas relações no mundo cristão. As relações entre Jerusalém e o Vaticano são excelentes e cordiais, as melhores que já houve".

    O presidente abençoou os membros da comunidade cristã em Israel e disse: "Estamos orgulhosos da comunidade cristã em Israel e pelo fato de se sentirem plenamente em casa, completamente livres para rezar do seu modo e para seguir as suas próprias tradições. Desejo a eles e a todos os cristãos um feliz natal".

    Peres foi recebido por um coral infantil vestido em trajes tradicionais de natal, por líderes da comunidade cristã do norte de Israel e pelo arcebispo Chacour, que declarou: "Agradeço ao presidente do Estado de Israel por ter vindo conversar com a comunidade cristã e compartilhar as suas bênçãos conosco antes do natal e do ano novo. A comunidade cristã em Israel é pequena, mas tem orgulho por ser composta de cidadãos israelenses. A comunidade continuará trabalhando para construir o estado em parceria com os judeus e com os muçulmanos".

    O prefeito de Haifa, Yona Yahav, disse: "Em Haifa nós não temos coexistência, mas existência. Em Haifa celebramos o Festival dos Festivais em completa igualdade entre todas as religiões e este é o meu desejo para todos os cristãos do Oriente Médio neste Natal".

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    Entrevistas


    Nova evangelização: a fé deve ser testemunhada com a caridade
    Entrevista com o cardeal Maradiaga, presidente da Caritas Internationalis

    Por Sergio Mora

    ROMA, 28 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Durante o Natal, a ajuda aos mais vulneráveis ​​brilha de modo especial. Mas há quem ajude o ano todo e não apenas em situações de emergência ou em datas especiais. É o caso da Caritas.

    ZENIT conversou com o presidente da Caritas Internationalis, cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, que explicou que, na nova evangelização, a diakonia da fé passa pelo serviço da caridade. Maradiaga ressalta o quanto é importante motivar os fiéis nas paróquias para que eles organizem atividades de pastoral social. Graças ao princípio da subsidiariedade, uma grande quantidade de iniciativas pode ser colocada em prática.

    Qual é o trabalho da Caritas, em especial no natal e durante as emergências?
    Cardeal Maradiaga: A Caritas é identificada muitas vezes só com casos de emergência, mas as emergências são apenas uma parte do trabalho. A parte mais importante é motivar os fiéis a organizar atividades de pastoral social nas suas paróquias.

    O que é necessário para atingir esse objetivo?
    Cardeal Maradiaga: A Caritas tem uma rede bastante extensa, que funciona quando as paróquias são organizadas. Onde existem as Caritas paroquiais, existe a Caritas diocesana e a Caritas nacional. Como federação, existem atualmente 165 países que fazem parte da rede Caritas. Só na Espanha, por exemplo, existem 62.000 voluntários, seis mil paróquias organizadas e, graças a isso, é possível distribuir um milhão de refeições por dia.

    Então, o princípio da subsidiariedade é essencial no trabalho...
    Cardeal Maradiaga: É por isso que funciona, mesmo sem muitos recursos. Por exemplo, também na Espanha, no total dessas seis mil paróquias que eu mencionei, existem quatro mil pessoas que são assalariadas. O resto é voluntariado.

    E na América Latina, o trabalho voluntário funciona?
    Cardeal Maradiaga: Na América Latina, o voluntariado não era muito difundido, mas foi trilhando o seu caminho com pequenos passos e, hoje em dia, em alguns países, já presta uma bela ajuda.

    É uma forma de dar testemunho?
    Cardeal Maradiaga: Sem dúvida! Especialmente agora, que falamos de nova evangelização, porque temos a certeza de que o serviço da fé passa pelo serviço da caridade. E o Santo Padre deixou claro no discurso de 3 de dezembro, na sessão plenária do Conselho Pontifício Justiça e Paz: "De uma nova evangelização do social pode derivar um novo humanismo e um renovado compromisso com a cultura e com o planejamento. Ela ajuda a destronar os ídolos modernos, a substituir o individualismo, o consumismo materialista e a tecnocracia por uma cultura da fraternidade e da generosidade, do amor solidário".

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    Espiritualidade


    O Verbo se fez carne
    A encarnação é um mistério grande, um fato que a razão humana não pode abarcar

    Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.

    RIO DE JANEIRO, 24 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Celebramos o Natal! Mesmo para os que não creem é um momento de repensar a vida e a fraternidade. É o grande Mistério da Encarnação! A notícia do Deus que se faz homem, da salvação presente na doce figura do Menino Deus, convida o homem à contemplação.

    A encarnação é um mistério grande, um fato que a razão humana não pode abarcar. Um mistério tremendo que ilumina, porém, toda a vida do homem. O Natal chega, como acontece a cada ano, trazendo um clima diferente.

    Para quem crê e para quem ainda não cruzou a "porta da Fé", este é um tempo de mudar o ritmo da vida, parar, e se reencontrar com aqueles que Deus nos deu. O clima que se estabelece neste tempo faz com que o Natal seja a época de rever a família, de se alegrar com os amigos, de cuidar de quem não tem família, de ajudar os mais necessitados.

    Crendo ou não crendo, todo mundo entende que é uma festa, em que sente-se a necessidade de partilhar um presente com alguém. Porém, sabemos que o grande e maior presente é justamente o Verbo de Deus que se fez carne. Deus tanto amou o mundo que enviou o Seu Filho.

    Ninguém pode ficar fora da noite de Natal. É uma noite diferente, uma festa especial. O "espírito" do Natal nos investe a todos. Mas, de onde vem toda esta ternura?

    Parece-me que este clima nasce do mistério que nós celebramos: a gruta de Belém, os pastores, a estrela, o Menino que nasce. Neste cenário se esconde e se revela o dom imenso do Menino Luz. Um dom que é reconhecido e anunciado pelos presentes dos magos, um dom que comove e faz cantar pastores e anjos, um dom que, tantos homens o entenderam, é o dom maior que se poderia ter. Da ternura anunciada por esses sinais vêm as consequências sociais do Mistério celebrado.

    Naquela manjedoura de Belém uma longa espera tem fim, a espera de todo um povo, mais ainda: a espera de todo homem que amou a verdade, a beleza, a justiça. Naquela noite esta espera tem fim. No presépio está presente a Salvação. O simbolismo da manjedoura como o espaço onde é colocado o verdadeiro alimento da humanidade, Jesus Cristo, aparece com muita clareza.

    Agora, no lugar da longa espera, uma Presença. Uma Presença, um presente, que inunda de silêncio a noite e que muda, sem que o mundo o saiba, a história. Uma Presença: O Emanuel!

    No início do III milênio, o Papa João Paulo II nos lembrava que o "nascimento de Jesus em Belém não é um fato que se possa relegar para o passado. Diante d'Ele, com efeito, está a história humana inteira: o nosso tempo atual e o futuro do mundo são iluminados pela Sua presença. Ele é « o Vivente » (Ap 1, 18), « Aquele que é, que era e que há de vir » (Ap 1, 4)" (IM 1).

    Um fato que tem um alcance universal, um fato na história que julga toda a história. Na plenitude dos tempos, a Plenitude ali, repousando na manjedoura de Belém de Judá.

    O que foi anunciado a Maria, a Salvação que ela carregou no seu ventre, se torna uma presença destinada a alcançar cada homem. A salvação presente numa criança, na carne de um homem. Este é o anúncio alegre que muda toda a história. "Torna-se evidente que Jesus é verdadeiro homem e verdadeiro Deus, como exprime a fé da Igreja" (Bento XVI, em seu livro sobre a Infância de Jesus, p. 106)

    É o anúncio de uma Presença que é germe de um mundo novo, realidade nova num mundo ainda marcado pela injustiça e pela violência. O mundo parece o mesmo de antes, mas não é. No mundoem que Elenasce, ontem e hoje, tinha e têm guerras, genocídios, injustiças, violências, divisões. Mas a Sua presença ilumina, dentro de todas as contradições, cada homem que O encontra.

    A Sua presença gera uma humanidade nova, um amor mais potente e doce, que se chama Caridade. A Sua presença muda a vida de muitos homens e continua, na carne deles, sendo um germe de um mundo novo.

    Ele é o centro da história, para quem converge toda a história e de onde inicia toda a nova humanidade nascida do novo Adão. Depois da encarnação, o Divino continua presente na vida daqueles que O encontraram e seguiram.

    A nossa cidade está prestes a viver o acolhimento alegre de milhares de jovens unidos por um único ideal: o seguimento d'Aquele que nasceuem Belém. Elesserão um sinal eloquente para todos nós de uma humanidade, de uma carne que carrega o Divino e que convida à alegria de viver na Sua presença.

    Desejo a todos um Santo Natal, pleno da luz e da paz quem vem do Cristo Senhor.

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    Análise


    Natal e anjos entre fé e arte
    Uma reflexão sobre as figuras angélicas na sensibilidade artística

    Por Bruno Brundisi

    ROMA, 27 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - As festividades natalinas sempre garantem as costumeiras multidões festivas entre ruas caóticas e repletas de luzes; fazem reviver as tradições da nossa infância e os encontros de família; dão a todos nós a consciência existencial do ano que termina e do novo ano que está prestes a nascer. E representam, além disso, um período em que a normalidade parece parar, abrindo espaço para a reflexão sobre o sentido cristão do evento mais impactante da história humana.

    Neste contexto, vale a pena fazer uma breve reflexão sobre o lugar das figuras angelicais na espiritualidade do natal: elas funcionam como intermediários entre o homem e Deus, num papel que, durante muito tempo, foi negligenciado e banalizado, mas que recentemente começou a ser reavaliado.

    Os evangelhos de Mateus e Lucas nos mostram que a figura do anjo tem um papel fundamental nos eventos que antecedem e acompanham o nascimento de Jesus. Em Mateus, um anjo aparece a José, em sonho, e anuncia que Maria dará à luz um filho gerado pelo Espírito Santo. Em Lucas, o anjo Gabriel entra na casa de Maria e lhe diz: "Conceberás um filho e darás a ele o nome de Jesus". Mais tarde, nos evangelhos, o cenário real e concreto do natal é preenchido por anjos que convidam os pastores a irem à gruta de Belém. É a hora suprema da aventura humana e da sua salvação. É a hora em que Deus se encarna no homem e entra na sua história.

    Estes seres espirituais, os anjos, como ensina a teologia, são as criaturas são mais próximas de Deus, seus mensageiros (a palavra anjo significa mensageiro), aqueles que, mais do que ninguém, conhecem a verdade da existência.

    Os anjos continuam presentes na narrativa do evangelho: um anjo informa José da ira de Herodes contra todos os nascituros e lhe ordena fugir para o Egito, a fim de salvar Jesus. Depois, um anjo manda a família retornar do Egito e ir para Nazaré, na Galileia, tornando realidade as escrituras que dizem, sobre Jesus, que ele "será chamado nazareno". Anos depois, um anjo anunciará para as mulheres a ascensão de Jesus ao céu, e dois anjos explicarão aos seus discípulos o significado da ressurreição.

    Esta narrativa profunda e emocionante do evangelho não poderia deixar de ter uma expressão na sensibilidade artística.

    Bem cedo, já a partir do quarto século depois de Cristo, a arte figurativa começou a retratar o natal com imagens de anjos que não têm apenas um sentido decorativo, mas fortemente simbólico. A tendência é reforçada consideravelmente após o ano de 1300, com os mestres da pintura, em especial Giotto e Botticelli.

    No afresco Natividade, de Giotto (1303), realizado na Capela Scrovegni, em Pádua, os anjos celebram o evento posicionados acima do teto da manjedoura, enquanto, embaixo, Maria contempla a criança intensamente. Todas as figuras são projetadas sobre um único primeiro plano, ignorando-se qualquer hierarquia no tamanho dos indivíduos e na sua colocação em perspectiva.

    Mas é com a Natividade Mística de Botticelli (1502), conservada na National Gallery de Londres, que vemos o verdadeiro triunfo das presenças angelicais dominando toda a cena. No teto, três anjos de forte expressividade simbólica, um vestido de branco (a fé), um de vermelho (a caridade) e um de verde (a esperança), seguram um livro aberto. Abaixo, outros três anjos abraçam três homens. As imagens de Maria, de José, do Menino, do burro, do boi e dos pastores se encontram com as figuras celestiais dos coros de anjos. Nesta assimetria de figuras humanas e espirituais, em suspensão mística entre o céu e a terra, percebemos a dimensão transcendente e o mistério do nascimento do Filho de Deus. A obra é cheia de concretude comunicativa, de verdadeira espiritualidade, de símbolos éticos e mensagens reconfortantes para cada um de nós.

    Bento XVI nos lembrou, recentemente, que "Deus está sempre perto e ativo na história humana. Ele nos acompanha com a presença singular dos seus anjos. Desde o início até a morte, a vida humana é cercada pela sua presença constante".

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    Mensagem aos leitores


    Feliz Natal de esperança
    Mensagem de natal de ZENIT

    ROMA, 24 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Houve uma época em que o universo era escuro e frio. E o Criador acendeu as estrelas. A terra era desabitada e hostil, e o Senhor trouxe a vida. A humanidade era escrava de ídolos e se desesperava, e Deus enviou o Seu Filho.

    O nascimento de Jesus mudou o destino da humanidade. Por esta razão, celebramos o Natal que é um momento para lembrar ao mundo que nasceu o Salvador, que se fez homem e se sacrificou para fazer-nos viver na esperança, para dar-nos a vida eterna que continua com as novas gerações.

    E ZENIT procura dar a conhecer ao mundo a boa nova que se renova a cada dia.

    Confiante de que a esperança vos sustente e acompanhe também diante das provações mais duras, desejo-vos, às vossas famílias, aos vossos amigos um Santo Natal e um novo ano cheio de graças.

    Na alegria e na paz.

    Antonio Gaspari

    Coordenador Editorial de ZENIT

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    Immaculata mea

    In sobole Evam ad Mariam Virginem Matrem elegit Deus Filium suum. Gratia plena, optimi est a primo instanti suae conceptionis, redemptionis, ab omni originalis culpae labe praeservata ab omni peccato personali toto vita manebat.


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    'A Lógica da Criação'


    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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