É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.
4º DOMINGO COMUM - ANO C !
Nenhum profeta é bem recebido na sua terra !
Ergueram-se e expulsaram Jesus da cidade.
A Liturgia da Palavra deste 4º Domingo Comum – C, mostra-nos que pertencemos a uma Comunidade de Profetas, porque a Igreja, à qual pertencemos desde o dia do nosso Baptismo, é um Povo de Profetas.
Como Corpo Místico de Cristo, a Igreja participa do carisma profético da sua Cabeça..
A Igreja tem autoridade para ler os acontecimentos na fé, em relação a tudo o que já se realizou definitivamente em Jesus Cristo, e ao que ainda se deve realizar para que o Corpo atinja a sua plena estatura..
A Igreja descobre nos acontecimentos o terreno privilegiado em que o Deus de Jesus Cristo não cessa de chamar o homem para o encontro com ele, em vista da construção comum do Reino sobre o fundamento da pedra angular.
A 1ª Leitura, do profeta Jeremias, pretende mostrar-nos que esta cena, em que intervém Deus, na Sua majestade e no Seu mistério, e um jovem (Jeremias), com a sua generosidade e a sua timidez, o seu poder de aceitação ou de recusa, é uma das mais impressionantes cenas de vocação do Antigo Testamento.
- «Quando Eu te formei no seio materno, já te conhecia, quando nasceste, já Eu te havia consagrado. E designei-te para seres profeta das nações pagãs».(1ª Leitura).
Jeremias é chamado por Deus para ser profeta das nações; Jesus apresenta-se como o profeta que cumpre a sua missão do modo como Deus o quis; a Igreja é uma Comunidade de Profetas.
Jeremias, revivendo a experiência do chamamento que transformou a sua vida, introduzindo-o numa nova existência, descreve-nos as características da sua vocação e a natureza da missão que é chamado a desempenhar.
O Salmo Responsorial proclama a finalidade da profecia :
- "A minha boca proclamará a Vossa salvação".
Na 2ª Leitura, S. Paulo, depois de ter desenvolvido a doutrina dos Carismas, num texto que encerra um hino à caridade, e uma das páginas mais sublimes do Cristianismo, aponta aos Coríntios, e hoje também a toda a Igreja, um caminho de serviço comunitário e profético, o do amor fraterno.
- "Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha a plenitude da fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou". (2ª Leitura).
Num mundo fechado no seu egoísmo, todo o cristão é chamado a ser Profeta da caridade, revelando aos homens, pelo testemunho da sua vida e pela sua actuação, a infinita caridade de Deus.
O Evangelho é de S. Lucas, e diz-nos que Jesus, que Se havia apresentado aos Seus conterrâneos como Messias, dá-lhes agora as características da Sua Messianidade : será um Messias humilde e misericordioso.
A redenção que Ele traz, será universal.
Depois de Jesus ler na sinagoga e dizer que se cumpria n'Ele a palavra da Escritura, anunciou ainda que ninguém é profeta na sua terra, mas os presentes não gostaram.
- "Ao ouvirem estas palavras, todos, na sinagoga, ficaram furiosos. Ergueram-se então e expulsaram Jesus da cidade. (...) Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o Seu caminho". (Evangelho).
No seu particularismo, no seu racismo religioso, Israel recusa-se a aceitar a Palavra do Enviado do Pai.
O profeta é o defensor dos oprimidos, dos fracos, dos marginalizados; está sempre ao seu lado; é a sua voz, a voz de quem não tem voz; é chamado a ser responsável por Deus diante dos homens e responsável pelos homens diante de Deus.
O profeta é o homem da esperança.
A denúncia do mal não o torna amargo; ele olha para a frente com confiança.
Nos momentos mais duros da história do povo eleito (deportações, exílio, sofrimentos) as palavras do profeta são palavras de consolação e confiança.
Denunciada a infidelidade do povo, o profeta anuncia a fidelidade de Deus, na qual se baseia firmemente a esperança.
O profeta é o homem da "Aliança".
Os hebreus viviam aparentemente uma história profana semelhante em tudo à história dos outros povos.
Mas o profeta lê a história deles como um diálogo dramático entre Deus e o homem, e assim a transforma numa história "sagrada".
O profeta sempre lê o presente com um olhar retrospectivo (aliança do Sinai), e com um olhar prospectivo (nova aliança).
Sempre insatisfeito com o presente, faz a história caminhar e impele-a para o seu pleno acabamento com Deus.
Mas ao chegar o momento, essa plenitude manifesta-se de modo totalmente inesperado; a aliança é Jesus de Nazaré, o Homem-Deus.
União mais perfeita do homem com Deus, não é possível !
Não só Ele fala em nome de Deus, mas é Deus que fala n'Ele.
É uma revelação perfeita !
N'Ele coincidem a profecia e o objecto da profecia.
Por isso, Jesus é profeta e mais do que profeta.
E Jesus, compartilhando o destino de todos os profetas que O anunciaram, inicia o caminho da humilhação, que seguirá numa fidelidade total à Vontade do Pai, até ao momento em que, para salvar a todos, num excesso de caridade, for entregue por todos, no cumprimento do plano da História da Salvação..
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Diz o Catecismo da Igreja católica :
1826. - «Sem caridade, diz ainda o Apóstolo, eu nada sou(...). E tudo o que é privilégio, serviço, mesmo virtude...,«sem caridade, não serve para nada»(1 Cor.13,1-4). A Caridade é superior a todas as virtudes. É a primeira das virtudes teologais : «Agora permanecem estas três : a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade»(1 Cor.13,13).
1827. – O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade. Esta é o «vínculo da perfeição»(Col.3,14) e a forma das virtudes : articula-as e ordena-as entre si, é o princípio e o fim da sua prática cristã. A caridade assegura e purifica o nosso poder humano de amar e eleva-o à perfeição sobrenatural do amor divino.
Só Elias foi enviado a Sarepta ! Só Elias foi enviado para curar Naaman !
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