(14)-INTERDEPENDÊNCIA DA PESSOA HUMANA !
25. – A natureza social do homem torna claro que o progresso da pessoa humana e o desenvolvimento da própria sociedade estão em mútua dependência.
Com efeito, a pessoa humana, um vez que, por sua natureza, necessita absolutamente da vida social, é e deve ser o princípio, o sujeito e o fim de todas as instituições sociais.
Não sendo, portanto, a vida social algo de adventício ao homem, este cresce segundo todas as suas qualidades e torna-se capaz de responder à própria vocação, graças ao contacto com os demais, ao mútuo serviço e ao diálogo com os seus irmãos.
Entre os laços sociais, necessários para o desenvolvimento do homem, alguns, como a família e a sociedade política, correspondem mais imediatamente à sua natureza íntima; outros são antes fruto da sua livre vontade.
No nosso tempo, devido às várias causas, as razões e interdependências mútuas multiplicam-se cada vez mais; o que dá origem a diversas associações, quer públicas quer privadas.
Este facto, denominado socialização, embora não seja isento de perigos, traz, todavia, consigo muitas vantagens, em ordem a confirmar e desenvolver as qualidades da pessoa humana, e a proteger os seus direitos.
Porém, se é verdade que as pessoas humanas recebem muito desta vida social, em ordem a realizar a própria vocação, mesmo a religiosa, também não se pode negar que os homens são muitas vezes afastados do bem ou impelidos ao mal pelas condições em que vivem e estão mergulhados desde a infância.
É certo que as perturbações tão frequentes da ordem social vêm, em grande parte, das tensões existentes no seio das formas económicas, políticas e sociais.
Mas, mais profundamente, nascem do egoísmo e do orgulho dos homens, os quais também pervertem o ambiente social.
Onde a ordem das coisas se encontra viciada pelas consequências do pecado, o homem, nascido com uma inclinação para o mal, encontra novos incitamentos para o pecado, que não pode superar sem grandes esforços e ajudado pela graça.
26. – A interdependência, cada vez mais estreita e progressivamente estendida a todo o mundo, faz com que o bem comum – ou seja, o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição – se torne hoje cada vez mais universal e que, por esse motivo, implique direitos e deveres que dizem respeito a todo o género humano.
Simultaneamente, aumenta a consciência da eminente dignidade da pessoa humana, por ser superior a todas as coisas e os seus direitos e deveres serem universais e invioláveis.
É necessário, portanto, tornar acessíveis ao homem todas as coisas de que necessita para levar uma vida verdadeiramente humana : alimento, vestuário, casa, direito de escolher livremente o estado de vida e de constituir família, direito à educação, ao trabalho, à boa fama, ao respeito, à conveniente informação, direito de agir segundo as normas da própria consciência, direito à protecção da sua via e à justa liberdade mesmo em matéria religiosa.
A ordem social e o seu progresso devem, pois, reverter sempre em bem das pessoas, já que a ordem das coisas deve estar subordinada à ordem das pessoas e não ao contrário; foi o próprio Senhor quem o insinuou ao dizer que o sábado fora feito para o homem, não o homem para o sábado.
Essa ordem, fundada na verdade, construída sobre a justiça e vivificada pelo amor, deve ser cada vez mais desenvolvida e, na liberdade, deve encontrar um equilíbrio cada vez mais humano.
Para o conseguir, será necessária a renovação da mentalidade e a introdução de amplas reformas sociais.
O Espírito de Deus, que dirige o curso dos tempos e renova a face da terra com admirável providência, está presente a esta evolução.
E o fermento evangélico despertou e desperta no coração humano uma irreprimível exigência de dignidade.
Nota. Todas estas verdades apontadas pelo Concílio, parecem letra morta, pelo menos para muitas pessoas com responsabilidades, o que significa que elas nunca leram nem tiveram oportunidade de se debruçar sobre elas, ao menos, em partes mais curtas, como nós estamos agora a fazer.
Talvez muitos de nós encontremos também coisas novas ou esquecidas, que nestes 40 anos passados têm estado arquivadas, também como letra morta para muitos de nós, responsáveis, na medida em que devemos dar testemunho delas pelo nosso estilo de vida e pela prática da vida critã e sacramental.
A interdependência da pessoa humana e da sociedade humana, é um facto real que contribui para a promoção do bem comum e exige a nossa dignidade e o respeito devido à pessoa humana.
Nascimento
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