(15)-RESPEITO DA PESSOA HUMANA !
27. – Vindo a conclusões práticas e mais urgentes, o Concílio recomenda a reverência para com o homem, de maneira que cada um deve considerar o próximo, sem excepção, como um "outro eu", tendo em conta, antes de mais, a sua vida e os meios necessários para a levar dignamente, não imitando aquele homem rico que não fez caso algum do pobre Lázaro.
Sobretudo em nossos dias, urge a obrigação de nos tornarmos o próximo de todo e qualquer homem, e de o servir efectivamente quando vem ao nosso encontro – quer seja o ancião, abandonado de todos, ou o operário estrangeiro injustamente desprezado, ou o exilado, ou o filho de uma união ilegítima que sofre injustamente por causa dum pecado que não cometeu, ou o indigente que interpela a nossa consciência, recordando a palavra do Senhor :
- "todas as vezes que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes".(Mt.25,40).
Além disso, são infames as seguintes coisas :
- Tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a espécie de homicídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário;
- Tudo o que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas para violentar as próprias consciências;
- Tudo quanto ofende a dignidade da pessoa humana, como as condições de vida infra-humanas, as prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão, a prostituição, o comércio de mulheres e jovens;
- E também as condições degradantes de trabalho, em que os operários são tratados como meros instrumentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis.
Todas estas coisas e outras semelhantes são infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, desonram mais aqueles que assim procedem, do que os que padecem injustamente; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador.
28. – O nosso respeito e amor devem estender-se também àqueles que pensam ou actuam diferentemente de nós em matéria social, política ou até religiosa.
Aliás, quanto mais intimamente compreendermos, com delicadeza e caridade, a sua maneira de ver, tanto mais facilmente poderemos com eles dialogar.
Evidentemente, este amor e benevolência de modo algum nos devem tornar indiferentes perante a verdade e o bem.
Pelo contrário, é o próprio amor que incita os discípulos de Cristo a anunciar a todos a verdade salvadora.
Mas deve distinguir-se entre o erro, sempre de rejeitar, e aquele que erra, o qual conserva sempre a dignidade própria de pessoas, mesmo quando está atingido por ideias religiosas falsas ou menos exactas.
Só Deus é juiz e penetra os corações; por esse motivo, proibe-nos Ele de julgar da culpabilidade interna de qualquer pessoa.
A doutrina de Cristo exige que também perdoemos as injúrias, e estende a todos os inimigos o preceito do amor, que é o mandamento da lei nova :
- "Ouvistes o que foi dito : amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Mas eu digo-vos : amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam".(Mt.5,43-44).
Nota. O Concílio esclarece bem qual é o pensamento e a doutrina da Igreja, sobre o respeito pela pessoa humana e sobre o respeito e amor para com os adversários.
E isto não é doutrina nova porque se baseia fundamentalmente no Evangelho, e, se alguma coisa há a intensificar é a evangelização numa Pastoral adaptada aos tempos modernos, usando para isso dos meios técnicos mais modernos, numa base de convicção religiosa e num testemunho de vida, para que a doutrina da Igreja, exposta no Concílio e através do Catecismo da Igreja Católica e de outros documentos da Santa Sé, não continuem a ser para muitos responsáveis, uma autêntica letra morta, por falta de estudo e de interesse.
Por isso o Concílio vai chamar a nossa atenção para a igualdade social entre todos os homens, superando toda a ética individualista.
Nascimento
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]