É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.
5º DOMINGO DA QUARESMA - ANO C !
Aquele de vós que estiver sem pecado....
A Liturgia da Palavra deste 5º Domingo da Quaresma – C, coloca-nos numa situação de profunda confiança, como pecadores diante de um Deus de Misericórdia que, através da Sua Igreja nos pode continuar a dizer Vai em paz e não peques mais.
Como todos nós sabemos por experiência própria, a vida está marcada por sucessivos fracassos, frutos da nossa condição humana de pecadores, contra os quais temos que travar uma constante luta de todos os dias, na expectativa de alcançarmos o perdão, pela palavra sacramental da Igreja que nos pode dizer, sempre que nos arrependermos : Vai e não peques mais.
A 1ª Leitura, do profeta Isaías, lembra-nos que, apesar do nosso pessimismo, devemos ter confiança porque Deus, que nunca abandonou o seu Povo, Israel, também não nos abandonará a nós.
- «Não torneis a recordar os factos de outrora, nem volteis a pensar nas coisas passadas(...).Vou abrir um caminho no deserto, lançar rios através da terra árida".(1ª Leitura).
Deus está presente na História e continua, actualmente, a realizar a Sua obra de salvação na Igreja e no mundo.
Atento aos «sinais dos tempos» o cristão mantém o coração aberto à acção de Deus, em fidelidade ao Senhor e à Igreja, unindo na fé, o passado e o presente, na expectativa da obra nova que Deus levará a cabo : a nossa libertação final.
As maravilhas da obra do Senhor são proclamadas no Salmo Responsorial :
- "O Senhor fez maravilhas em favor do Seu Povo" !
Na 2ª Leitura, S. Paulo diz aos Filipenses, e hoje também a todos os homens, que adquirir o «conhecimento» de Cristo Jesus, deve ser o ideal da vida cristã.
Conhecer a Cristo, para S. Paulo, é entrar em relação pessoal com Ele, é estabelecer uma união vital com Aquele que passou da morte à vida e nos torna capazes de, por nosso lado, passarmos da morte do pecado à vida da graça, pela Sua mesma força de Ressuscitado, que Ele nos comunica.
- "Assim poderei conhecer Cristo, a força da Sua Ressurreição e a participação nos Seus sofrimentos". (2ª Leitura).
Neste «conhecimento» reside a salvação(Gal.2,16).
Por isso, é o único valor espiritual verdadeiro, perante o qual tudo se deve sacrificar como sem importância.
Aceitando voluntariamente a morte, em filial e amorosa obediência ao Pai e aos seus planos de salvação, Jesus «deu-nos a vida imortal».
O Evangelho é de S. João e apresenta-nos a mulher adúltera a quem Jesus, depois de ver que ninguém lhe atirava uma pedra, também disse : «Vai, e doravante, não tornes a pecar».
O pecado é uma dolorosa realidade no mundo.
É uma desordem que altera profundamente os planos de Deus e nos fere no mais íntimo do nosso ser, com repercussões na vida dos nossos irmãos.
Jesus denuncia o pecado, onde quer que ele se encontre; com a Sua vida e a Sua morte em expiação dos pecados, deixa bem a claro a maldade do pecado e denuncia-o claramente.
- «Aquele de vós que estiver sem pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra». (Evangelho).
Jesus leva assim todos aqueles homens «a começar pelos mais velhos», a confessar publicamente que também tinham pecados.
Perante o pecador, a atitude de Jesus é uma atitude de salvação a partir do arrependimento do pecador.
- "Doravante não tornes a pecar".
Somos o povo que Deus formou para si, porque Deus irrigou com a sua água o deserto da nossa vida.
A água do Baptismo é novidade de vida.
E Cristo repete-nos :
- "Vai, e doravante não peques mais".
Viver o próprio Baptismo, pelo qual fomos unidos a Cristo, é, para S. Paulo, sacrificar tudo para ganhar a Cristo.
Participar do seu sofrimento, tornarmo-nos conforme à sua morte, para alcançar a ressurreição dos mortos, exeprimentando a força da sua ressurreição.
A opção pelo caminho do próprio fracasso torna-se opção pela ressurreição.
Jesus não nos convida a aderir a uma nova religião, mas convida-nos a deixar a nossa própria instalação humana, dum culto e duma moral, para integrarmos um movimento.
Quem faz parte do seu movimento, deixa de ser um separado, porque Jesus quebra as fronteiras interditas daqueles que dividem apenas o mundo em bons e maus, justos e pecadores, sãos e doentes...
Mudando de perspectiva no modo de julgar os outros, Jesus convida-nos também a pôr de lado os preconceitos e a entrar num mundo deles, afirmando :
- "Não vim chamar os justos, mas os pecadores".
À sua mesa todos podem ter lugar, desde que estejam dispostos a acolher a sua Palavra e a entrar na sua aventura de amor solidário e universal, no sentido do que Ele afirmou :
- "Quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos".
Assim, substitui a moral da reparação e da compensação pela oferta da Aliança com Deus, vivida no reconhecimento mútuo, na intimidade dos sentimentos, na partilha da misericórdia e no serviço da missão.
Quando à mesma mesa se sentam a santidade de Deus e a pobreza da humanidade, deixam de ter sentido quaisquer espécies de discriminação ou preconceitos.
Jesus, o homem novo, o Libertador e o Messias, veio para libertar o homem do pecado e fazer um Povo Novo : a Sua Igreja, pela qual, na presente economia, se dá cumprimento ao plano da História da Salvação.
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Diz o C atecismo da Igreja Católica :
1446. – Cristo instituiu o Sacramento da Penitência para todos os membros pecadores da sua Igreja, antes de mais para aqueles que, depois do Baptismo, caíram em pecado grave e assim perderam a graça baptismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o Sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de se converterem e reencontrarem a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como a «segunda tábua(de salvação), depois do naufrágio que é a perda da graça.(Tertuliano).
1449. – A fórmula da absolvição, em uso na Igreja Latina, exprime os elementos essenciais deste sacramento : o Pai das misericórdias é a fonte de todo o perdão. Ele realiza a reconciliação dos pecadores pela Páscoa de Seu Filho e o dom do Seu Espírito, através da oração e do ministério da Igreja.
Uma mulher apanhada em adultério. Quem de vós estiver sem pecado...
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]