CATEDRAIS MEDIEVAIS |
- Vias para uma restauração na arquitetura católica. “Feias como o pecado” X antecâmaras do Céu – 7
- Interior decapitado, sem ponto monárquico. “Feias como o pecado” X antecâmaras do Céu – 6
- A indispensável posição monárquica do presbitério. “Feias como o pecado” X antecâmaras do Céu – 5
Posted: 09 Jul 2013 08:30 PM PDT
Dr. Rose não fica na crítica. Ele propõe normas de ação positivas aplicadas em paróquias dos EUA. Lá, o desprezo pelas cafajestices arquitetônicas alimentou a tendência para que as igrejas voltem a ser como eram. Rose refere o caso da igreja de São Patrício em Forest City, Missouri. Ela foi modernizada por dentro com painéis de compensado. A Via Sacra, o velho altar, imagens e objetos sagrados desapareceram. Em 1999, o pároco, Pe. Joseph Hughes, iniciou a restauração. Objetos como a lâmpada do Santíssimo, o tabernáculo e os candelabros, piedosamente guardados pelos fiéis, foram reaproveitados. Onde o altar principal foi poupado, diz Rose, deve-se reinstalar o Santíssimo Sacramento no tabernáculo, removendo as modernidades acrescentadas, elaboradas em geral com materiais de segunda classe e já caducos. Restaurado o ponto monárquico, não é difícil devolver a hierarquia, a sacralidade e a beleza à igreja.
Assim ocorreu na catedral São Paulo, de Worcester, e em várias igrejas históricas na diocese de Victoria, Texas. Nas igrejas novas, como a arquitetura moderna montou estruturas tipo "use e jogue fora", Rose propõe aplicar esse princípio e jogar fora os acréscimos modernosos. A seguir, deve-se dar à igreja um senso hierárquico, definindo um presbitério, uma nave, elevando um altar-mor, corrigindo as assimetrias, expurgando os ares de auditório ou teatro. No tocante às igrejas tão ousadas que nem adianta reformar, Rose lembra que foram feitas para durar pouco e servir para outras funções. Então, que se construam no mesmo lugar outras igrejas, fiéis à estética antiga. Michael Rose menciona novos grupos de arquitetos formados em prestigiosas universidades, e que desenvolvem projetos inspirados nas obras-primas dos séculos de glória da Igreja e de acordo com as necessidades do século XXI. Mas isso não é tudo.
Formação da opinião católica, inclusive do clero
Como no caso do tratamento de alcoólatras, o primeiro passo é que eles admitam que andaram mal. Ou seja, admitam serem feias e antifuncionais, banais e incapazes de inspirar a religião, as igrejas novas pós-Vaticano II. O segundo passo consiste em identificar a causa do problema: as agendas teológicas que desejam mudar (desfigurar!) o rosto do catolicismo. O terceiro passo é "remover o câncer", ou seja, os LDCs devem deixar de interferir na hora de construir ou renovar as igrejas.
Quinto: bispos, sacerdotes e leigos devem engajar-se na preservação e enriquecimento das igrejas com os melhores materiais razoavelmente disponíveis. Por fim: educar seminaristas, clérigos e leigos sobre o significado da igreja e sua íntima relação com a fé católica. Dr. Rose conclui que os católicos do século XXI podem corrigir a calamitosa situação atual e impulsionar um renascimento da arquitetura sagrada, recuperar os tesouros do passado no seu esplendor original e erigir novas igrejas, belas, duráveis, verdadeiros vasos de significado para as gerações vindouras de fiéis. O autor restringe-se a seu campo de arquiteto e faz um balanço substancioso de quase um século de Revolução Cultural na arquitetura religiosa.
Sem essa conversão profunda, o sadio movimento — auspiciado pelo talentoso arquiteto Michael Rose — poderá impor um retrocesso parcial à Revolução Cultural religiosa, mas à la longue poderá ser tragado pela voragem progressista. Pois o foco causador da revolução estética é o processo de autodemolição, denunciado por Paulo VI, em curso na Igreja. Sem que este cesse, nada de durável poderá realizar-se. Tal autodemolição seria fatal, caso não existisse a promessa infalível de Nosso Senhor, de que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja. FIM GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS ORAÇÕES HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS | ||||||||||||
Posted: 02 Jul 2013 08:30 PM PDT
Michael Rose descreve o ambiente típico de uma igreja americana moderna. As cadeiras circundam o altar. Não há genuflexórios, e as poltronas convidam a cruzar as pernas, passar o braço por cima do espaldar do vizinho ou pôr os pés no respaldo da frente. As posturas informais calham bem com a atmosfera criada pela nova arquitetura. Não há espírito de oração nem reverência. Não há arte sacra. Há burburinho e bate-papo entre os fiéis. Uns procuram amigos e parentes com o olhar, e trocam "tchauzinhos". Não há ponto monárquico. Não raro o altar está baixo demais para ser visível. O sacerdote, quando senta, desaparece. Se alguém está lendo, só se fica sabendo por causa das caixas de som.
A igreja de Cristo Rei, em Las Vegas, é reconfigurada de tempos em tempos. Por vezes o altar está no centro, outras vezes junto a uma das paredes. As cadeiras, ora em torno do altar, ora dispostas em asas. Os paroquianos não sabem o que os espera a cada domingo. O atril ou ambão (pequena tribuna em forma de plano inclinado, onde se colocam livros ou pautas para serem lidos) está em alguma parte perto da mesa.
Coro, pianista, guitarrista, violinista, baterista ficam olhando para a assembléia. O chamado "ministério da música" é mais perceptível que o do altar. E como o agradável e o comum são objetivos da nova arquitetura, a música também tem que ser prazenteira e popular. Os cânticos dos fiéis são abafados pelo sistema de som. O altar não faz referência ao sacrifício, assemelha-se a uma mesa de jantar. Não há iconografia sacrifical, e poucas vezes um Crucifixo destacado. Na hora da comunhão, muitos leigos distribuem as hóstias; e se colocam em tantos lugares, que é difícil escolher de qual deles se aproximar. Quando a Missa termina, os fiéis saem conversando, rindo. Em instantes o "espaço de culto" fica abandonado, folhetos cobrem as cadeiras e o chão fica como após o término de partida de beisebol. Domina a sensação de vazio.
O tabernáculo do novo estilo pode assemelhar-se a uma gaiola de passarinhos ou até a um totem, como no convento agostiniano de Nossa Senhora das Graças, em Ontário, Canadá. Outros são cilíndricos ou cônicos, conhecidos como "torres do sacramento". O ambiente em torno nada tem de sacral, acolhedor, nobre ou elevado, e não convida à adoração.
Igrejas deliberadamente não-igrejas
O que há na cabeça dos desenhistas desses "espaços de culto"? Rose reproduz axiomas de um maître-à-penser da arquitetura eclesiástica moderna, Edward Sövik. Este arquiteto luterano de Minnesota desenhou mais de 400 projetos para igrejas católicas e protestantes.
Ele forjou o conceito de não-igreja, ou casa do povo: uma estrutura que poderia não ser uma igreja e onde o povo pode ter seu culto. Portanto, um recinto o mais descaracterizado possível, sem respeitabilidade nem beleza. Para Sövik, "se o local é reservado para a liturgia, logo vai ser interpretado como 'casa de Deus', vai ser visto como um lugar santo, enquanto outros locais serão vistos como profanos ou seculares" (U, 157). A santidade e a sacralidade da 'casa de Deus' é o mal a ser evitado!
"Móveis e instrumentos simbólicos, pregou ainda Sövik, devem ser portáteis, variados, para serem trocados, mudados de lugar ou abandonados, na medida que o desejarem os paroquianos do futuro" (U, 157). Tudo deve ser perecível, banal, incapaz de transmitir tradições, tidas como um mal a evitar. continua no próximo post GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS ORAÇÕES HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS | ||||||||||||
Posted: 25 Jun 2013 09:00 PM PDT
A igreja–arca de salvação está ordenada em função do presbitério, local do altar do sacrifício e do tabernáculo, que está dirigido para o Oriente. É o equivalente cristão ao Santo dos Santos dos hebreus, no deserto e no Templo de Salomão. O nível do presbitério é mais alto que o da nave. A ele se destinam os mais ricos materiais e a arte mais elaborada. Desta forma, lembra-se ao fiel que a Igreja é hierárquica, composta de membros diferentes, sendo Nosso Senhor a cabeça, representado pelo Papa, bispos e sacerdotes, e com os religiosos e leigos cumprindo suas funções na Igreja militante. O arquiteto Ralph Adams Cram explicou que "cada linha, cada massa, cada detalhe deve ser concebido e disposto para exaltar o altar, conduzir a ele" (U, 84). Outro elemento indispensável no presbitério é um Crucifixo, que o Abade Suger chamava de "estandarte da salvação".
As funções do coro e dos vitrais nas igrejas
Eles devem ir à igreja como fiéis, e não como artistas. As "vozes desencarnadas" do coro evocam o canto dos anjos, proveniente de cima para baixo e ressoando de modo belo nas abóbadas da igreja. Os vitrais ocupam um lugar especial na arquitetura eclesiástica. O Abade Suger, na Idade Média, chamou-os "janelas radiantes que iluminam as mentes dos homens de maneira que, por meio da luz, possam chegar à percepção da luz divina". Ele dizia serem "sermões que tocavam o coração, através dos olhos, ao invés de entrar pelo ouvido" (U, 77). Toda outra forma artística no recinto sagrado, como pintura e escultura, está concebida para ser vista sob uma luz filtrada. O artista deve pintar com a luz de Deus, explica o Dr. Rose. Quando o sol se põe, através dos vitrais a luz projeta figuras multicolores no interior da igreja, criando uma sensação do além, uma faísca da beleza do Céu.
O contraste do modernismo: igrejas "sem-rosto"
A seguir, o autor fornece exemplos da revolução da arquitetura eclesiástica moderna em seu país, os EUA, e que apresenta casos análogos no Brasil. A igreja moderna não pode ser localizada a olho nu nem pelo som dos sinos. Uma sinalização Church Parking (estacionamento da igreja) avisa que a estrutura ao lado é uma "casa de culto", e o mapa confirma que é uma moderna igreja católica. A fachada dessa igreja é sem-rosto. Não evangeliza, não ensina, não catequiza. Até se confunde com outros prédios da rua. A fachada é sem-rosto porque concebida para ser só uma "pele da ação litúrgica", no linguajar da nova arquitetura. É uma estética agnóstica, que não reflete nem a tradição católica nem a História. Arquitetos e consultores de projeto litúrgico — LDC, sigla do inglês Liturgical design consultant — de igrejas modernas evitam os símbolos católicos como o Crucifixo ou a cruz latina. No máximo, quando colocam a cruz, ela aparecerá como um signo a ser decifrado –– por exemplo, na estrutura metálica que sustenta a vidraça exterior.
Espaços interiores mudam, segundo o capricho da moda
A arquitetura moderna apresenta portas semelhantes às de um prédio público ou supermercado. Sandra Schweitzer, LDC na renovação da catedral dos SS. Pedro e Paulo, em Indianápolis, EUA, explicou: "Substituímos as portas pesadas, grossas, de metal, pelas portas de vidro que dizem 'vocês são sempre bem-vindos aqui'" (U, 101). Essas portas inculcam a idéia de que o prédio não é sagrado, observa Rose. Após essas portas, a igreja moderna inclui um espaço vasto e vazio. É um local de reunião após a Missa, bem iluminado e despojado.
Nos anos 80, o progressismo exaltou o batismo de imersão. A forma preferida foi a sauna, conhecida pelo nome comercial Jacuzzi. Na verdade, como escreveu a consultora de desenho litúrgico Christine Reinhard, a pia batismal "desde o Vaticano II, tem girado um pouco por toda a igreja. De início, os litúrgicos julgavam fundamental que ela ficasse bem visível. Agora, o consenso é que a visibilidade é o menos importante..." (U, 105).
A partir dos anos 90, tornou-se moda incluir obras de arte temporárias de "símbolos universalmente reconhecíveis", como o pagão e gnóstico yin-yang, quadros de "modelos contemporâneos", de "testemunhas do batismo", projeções ou encenações. Os personagens e os temas vão mudando sobre um fundo laicizante ou esquerdizante: Martin Luther King ou o teólogo contestatário Hans Kung, por exemplo. continua no próximo post GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS ORAÇÕES HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS |
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