AS CRUZADAS
São Bernardo exorta Manuel Comneno, Imperador de Constantinopla a apoiar a Cruzada
Posted: 12 May 2014 01:30 AM PDT
São Bernardo de Claraval
Ao grande e glorioso Manuel, Imperador de Constantinopla, o irmão Bernardo, abade de Claraval, saudação e orações.
1. Se eu me permito escrever a uma Majestade como a vossa, não me acuseis nem de temeridade nem de audácia. Agindo assim eu só cedo diante de uma inspiração da Caridade que não duvida de nada.
Pois, da minha parte, quem sou eu e que posição ocupa minha família em meu país para que eu ouse escrever a um tão grande imperador?
Eu sou pobre e obscuro, distâncias imensas e vastos mares me separam de vossa sublime pessoa. O que há, pois, que possa aproximar minha inferioridade de vossa grandeza, se eu não contasse para isso com a própria humildade de Jesus Cristo, de quem os reis e os povos da terra, os príncipes e os juízes se glorificam?
O renome trouxe até nós o eco de vossa magnificência e a glória de vosso nome que hoje enchem a terra inteira.
Eis por que eu me prosterno aos pés do Pai dos espíritos, d'Aquele de quem provém toda paternidade no Céu e na terra, implorando-lhe não vos fazer deixar o império da terra senão para vos dar o Reino dos Céus, cuja duração é eterna (Psalm. CXLIV).
2. Eu não tenho, portanto, nenhum título para apresentar aos pés do trono de vossa glória a pessoa encarregada de vos entregar esta carta; trata-se de um jovem da maior nobreza a quem eu vos imploro armar cavaleiro e conceder uma espada contra os inimigos da Cruz de Jesus Cristo e de todos aqueles que contra Ele se levantam com a cabeça orgulhosa e ameaçadora.
Este jovem podia aspirar às maiores honrarias, mas seguindo meu conselho, preferiu o brilho de vosso império e a gloriosa lembrança que ele conservará até o túmulo da mão que o terá feito cavaleiro.
Eu não teria ousado vos rogar e interessar-vos por este jovem se não estivesse concernido Jesus, por quem ele empreende uma expedição tão longa e trabalhosa.
Dignai-vos persuadir de que tudo quanto vós fizerdes por ele, eu o terei em conta como se a mim o tivésseis feito.
Manuel I Comneno, imperador de Constantinopla
3. Agora vos cabe, gloriosíssimo imperador, mostrar toda vossa bondade e multiplicar vossos atos; a terra inteira está abalada e agitada porque o Rei do Céu perdeu a pátria que tinha aqui embaixo, o país que seus pés pisaram.
Os inimigos do Senhor se apressam para cair sobre a Cidade Santa e destruir o Sepulcro glorioso, quer dizer, onde a flor virginal saída de Maria foi depositada, envolta em panos e bálsamos, e de onde logo ela saiu maior e mais plena de vida para brilhar sobre nossa pobre Terra.
Eis por que, por ordem do soberano Pontífice e de nossas próprias autoridades partiu o rei da França, e com ele uma multidão de senhores, cavaleiros e pessoas que se puseram em marcha rumo à Terra Santa, planejando atravessar terras de vosso império para ir em socorro da cidade do Deus vivo.
Cabe-vos recebê-los com honra e, desde já, tomar todas as medidas que de Vós se podem esperar em virtude da posição que ocupais, do poder que tendes em vossas mãos, da dignidade imperial de que justamente vos ufanais e dos tesouros que possuís.
Não podeis, aliás, agir de outro modo, pois o exige a dignidade do império, a honra de vossa pessoa e a salvação eterna de vossa alma.
Eu vos recomendo, entre todos e acima de todos, o jovem filho do ilustre conde Thibaut. Tratai-o bem, não somente como merece um príncipe de seu sangue, mas tende por ele uma atenção especial.
Ele é muito jovem, mas de ilustre família, de excelente índole e quer fazer suas primeiras armas pela causa da justiça, e não da injustiça.
Ele é também o filho de um pai cuja equidade e suavidade o colocam na primeira posição na estima e no afeto dos homens.
Em recompensa pelo que fizerdes por este jovem príncipe, eu vos ofereço uma parte dos méritos e de todas as boas obras que se praticam e se praticarão em nossa Casa, a fim de que Nosso Senhor Jesus Cristo, o filho de Maria, o esposo da Igreja, vos conceda a vitória na Terra e a coroa de glória nos Céus!
(Fonte: Obras completas de São Bernardo, abadia de Saint-Benoit, Cartas aos Templários)
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]