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    segunda-feira, 26 de março de 2012

    LEIAM ABAIXO

    Blogs e Colunistas
    Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)

    26/03/2012

    às 7:57

    LEIAM ABAIXO

    Racismo - Site do PSTU prega a destruição do Estado de Israel em benefício da humanidade e diz que judeus colaboraram com o nazismo. Tem de ser posto na ilegalidade já!;
    Quase 48 anos depois, há gente querendo cassar de novo os direitos políticos de Serra;
    Aborto - Vídeo com provocação contra defensores da vida some do Youtube. Mas já está de volta!;
    Os direitos humanos de que Maria do Rosário gosta: Cuba prende 70 antes de chagada do papa;
    Dilma baixa 40 medidas protecionistas e os empresários querem bem mais;
    PT pressiona por abertura de inquérito contra Demóstenes;
    João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, FHC, Lula e, agora, Dilma;
    Safatle, "inteliquitual" que integra o grupo pró-Haddad, defende o aborto e chama feto de "parasita". Ele não vê a diferença entre uma criança por nascer e uma lombriga. Ou: "Inteliquitual" vermelho do nariz marrom!;
    UM "NÃO" AO ÓDIO, À VIOLÊNCIA E À CULTURA DA MORTE!;
    Corte de verba na Esplanada atinge aliados e poupa o PT;
    Encenação no Planalto;
    Papa a caminho de Cuba: "É evidente que a ideologia marxista não corresponde à realidade";
    Lula, o Marechal Tito de uma Iugoslávia chamada PT;
    Ódio na Internet - Os alvos de Melo, que já foi considerado "semi-imputável": cristãos, judeus, negros, mulheres, homossexuais e crianças!!!;
    Os delinquentes da Internet. Ou: Polícia Federal agiu foi tarde; criminosos deveriam estar na cadeia faz tempo!;
    A França insegura, o terror e a eleição;
    Eu topo dividir com os ricos o controle de nossas florestas, mas exijo dividir com eles o controle de suas empresas;
    INDIGÊNCIA INTELECTUAL, POLÍTICA E MORAL - Senado cobra fim da prisão de Guantánamo e do embargo a Cuba. Atenção! Foi o Senado  Brasileiro! Mas isso é pouco!

    Por Reinaldo Azevedo
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    26/03/2012

    às 7:47

    Racismo - Site do PSTU prega a destruição do Estado de Israel em benefício da humanidade e diz que judeus colaboraram com o nazismo. Tem de ser posto na ilegalidade já!

    pagina-do-pstu-israel

    Dois delinquentes foram presos por manter um site que prega, abertamente, a violência contra negros, gays, mulheres, meninas, judeus, cristãos, esquerdistas etc. Trata-se de uma festival de horrores e boçalidades. É evidente que a liberdade de expressão não é um direito absoluto, que se sobreponha a qualquer outro valor. Desde sempre, é preciso não cair na armadilha do paradoxo: a liberdade de expressão, um dos pilares do estado de democrático e de direito, deve suportar uma pregação contra a própria liberdade de expressão e o estado democrático e de direito? Eu entendo que não. O debate é longo. Se dois meliantes merecem estar na cadeia, e acho que merecem, por terem escrito o que escreveram, que punição cabe a um PARTIDO POLÍTICO que prega abertamente a extinção de um país? É o que faz o PSTU.

    No site no partido, um estupefaciente artigo assinado por um certo Fábio José C. de Queiroz, colaborador habitual da página, não deixa a menor dúvida: Israel tem de ser destruído. E ela deixa bem claro: não está entre aqueles que defendem a existência dos dois estados, não! O valente chama da "capitulação" o fato de a antiga OLP (Organização para a Libertação da Palestina) ter aceitado a existência do "estado judeu". Queiroz está com Ahmadinejad, com o Hamas e com o Hezbollah. Nota: ele integra a direção estadual do PSTU no Ceará.

    Já fiz um PDF da página. É uma vergonha que um texto como aquele esteja no ar. Se, a partir de agora, o Ministério Público nada fizer, se a Polícia Federal deixar por isso mesmo, se os demais partidos não reagirem, estarão sendo cúmplice de uma violação da Constituição, da Lei dos Partidos (9.096/95) e da lei que pune o racismo.

    Estabelece o Artigo 4º da Constituição:
    A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
    I - independência nacional;
    II - prevalência dos direitos humanos;
    III - autodeterminação dos povos;
    IV - não-intervenção;
    V - igualdade entre os Estados;
    VI - defesa da paz;
    VII - solução pacífica dos conflitos;
    VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo.

     

    No Artigo 5º, encontramos com todas as letras:
    XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

    Nos artigos 1º e 20 da Lei 7.716, a do racismo, lemos:
    "Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional."
    "Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
    Pena: reclusão de um a três anos e multa.

    Se isso tudo lhes parecer pouco, temos a Lei 9096, dos Partidos Políticos, cujos dois primeiros artigos são claros a mais não poder:
    Art. 1º O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal.
    Art. 2º É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos cujos programas respeitem a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.

    Pregar a destruição de um país viola, pois, como é óbvio, também essa lei. Eis o PSTU, composto de notáveis defensores da liberdade, que saem por aí acusando de "fascistas" quem simplesmente ousa divergir de seus postulados. Vocês sabem: quando esquerdistas querem varrer nações do mapa, eles têm bons motivos… E isso, claro!, não tem nada a ver com preconceito!!! O tal texto foi publicado em 5 de fevereiro de 2009. A data não muda seu conteúdo. ATENÇÃO! É MENTIRA QUE ESSA SEJA A POSIÇÃO DO MILITANTE, NÃO DO PARTIDO. O TEXTO O PROVA, DE MODO INEQUÍVOCO:

    "Fechou-se um ciclo, mas não o processo de enfrentamento dos palestinos contra o Estado sionista, racista e terrorista de Israel. O PSTU se orgulha de se posicionar frontalmente pela destruição de um Estado gendarme cuja vocação histórica tem sido a de servir aos interesses imperialistas (…)"

    Será que o PSTU estaria disposto a dar ao menos uma chance a Israel? Não! Leiam:
    "Assim como não havia meio termo no embate frente ao nazi-fascismo, não há possibilidade de posição contemporizadora no que toca esse problema que não é do Oriente Médio, mas diz respeito a toda humanidade."

    Você entenderam direito: o PSTU quer destruir Israel em benefício da humanidade!

    Seria o partido apenas crítico do governo de Israel, mas defensor da existência do país,  vá lá, em outros moldes?  Não! Trata-se de  "um estado que surgiu expelindo sangue e lama por todos os poros". O articulista deixa claro por que advoga a solução final. Israel corresponderia à "formação de uma máquina estatal artificial, militarista e confessadamente racista." Assim, "imaginar que é possível solucionar a grave questão palestina ignorando esse aspecto essencial é atirar às calendas gregas uma real solução para um drama que se arrasta deixando finíssimas partículas de sangue coaguladas pelo chão."

    E qual é a real solução? A "destruição de um Estado gendarme". O PSTU não quer que se tenha a menor dúvida sobre o seu pensamento: "Nunca é demasiado lembrar: os sionistas que estiveram na base do banho de sangue com que se adubou a terra roubada dos palestinos não são os herdeiros das vítimas dos fornos crematórios nazistas, mas, inversamente, não deixaram de colaborar com os carrascos hitleristas, como enfatizou Schoenman (vide A história oculta do sionismo)."

    O texto se refere ao americano de origem judaica Ralph Schoenman, militante de esquerda e crítico severo do estado de Israel. Esta é uma das flores do anti-semitismo: usar palavras de um judeu contra todos os judeus. Canalhice intelectual implícita: "Por que um judeu mentiria ao criticar Israel?" Pressuposto: um judeu só mentiria quando defende o país!. É asqueroso! Em tempo: Schoenman, no máximo, pede o fim da ajuda internacional a Israel, não a sua destruição.

    O partido não poupa Yasser Arafat ou Mohamed Abbas. Eles teriam capitulado!!! Leiam:
    "A esquerda majoritária está frente uma encruzilhada: ou supera as suas cartas programáticas ou ignora a realidade. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) surgiu sem reconhecer o Estado de Israel. No seu ato de criação, a OLP adotou uma Carta em que proclamava a luta armada contra o Estado judaico, não reconhecido por Arafat e seus correligionários. A capitulação dos anos 1990 marcou a crise da direção histórica dos palestinos, especialmente de Yasser Arafat. À época, [Edward] Said se manifestou profeticamente: "A dificuldade adicional é que todos os seus possíveis sucessores são figuras menores, que provavelmente tornarão as coisas piores". Sem dúvida, o papel nefasto e cúmplice cumprido por Mahmoud Abbas, líder do Fatah, herdeiro político de Arafat, ratifica o prognóstico do intelectual palestino."

    Caminhando para a conclusão, há a exortação inequívoca:
    "Assim, para a pergunta 'o que fazer com o Estado colonial sionista', só há uma resposta: a sua destruição. Os atalhos apenas nos levam a um ponto mais longínquo de uma sociedade definitivamente pós-sionista, portanto, laica, democrática e não-racista.

    Por alguma razão, intuo que esses bravos nem contam com a possibilidade de que Israel possa se defender, né?

    Entenderam? Prega-se ali um não-racismo sem judeus! É o que quer o PSTU. Parece que o tal Mohammed Merah, na França, queria a mesma coisa.

     O autor e a direção do partido ainda estão soltos. Por quê?

    Por Reinaldo Azevedo

    26/03/2012

    às 7:45

    48 anos depois, há gente querendo cassar de novo os direitos políticos de Serra

    O principal adversário do tucano José Serra na eleição para a Prefeitura de São Paulo não é o candidato do PT, do PMDB ou de outro partido qualquer. Seu principal oponente é a cobertura política de boa parte da imprensa paulistana. O viés de certo jornalismo que se quer isento já ultrapassa a fronteira do ridículo. Nas prévias realizadas ontem, Serra obteve 52,1% dos votos — José Aníbal ficou com 31,2%, e Ricardo Trípoli, com 16,7%. Bastaria 33%  mais um, certo? Ele superou, no entanto, a soma dos outros dois. Leiam jornais de São Paulo, e vocês ficarão com a impressão de que Serra foi derrotado. E tal perspectiva, claro!, é atribuída a seus próprios "assessores", que estariam esperando mais… A sorte de Serra é que existem os eleitores!

    Ora, se a perspectiva fosse uma vitória com, sei lá, 70% ou 80% dos votos, então prévias para quê? José Aníbal e Ricardo Trípoli só mantiveram suas respectivas postulações — Andrea Matarazzo e Bruno Covas desistiram como parte do entendimento político que juntou parcela do PSDB — porque, afinal, as prévias se mostraram um processo efetivo, que, de fato, mobilizou o partido. O evento deveria, em si, independentemente de méritos e deméritos dos postulantes, estar sendo aplaudido. Por virtuoso, necessariamente afastava a possibilidade de um esmagamento. Um observador que ignorasse como se andam a fazer salsichas no Brasil ficaria estupefato: "Esperem aí: esse cara obteve 52,1% dos votos, e estão dizendo que o resultado é ruim?" A sorte de Serra é que existem os eleitores.

    Quanto tempo vai demorar para que alguém lance suspeitas sobre a legitimidade de Dilma Rousseff? Afinal, havia 124 milhões de eleitores no Brasil em 2010, e ela obteve "apenas" 55.752.529 — 44,9% dos votos. Entenderam? Nada menos de 55,1% dos brasileiros habilitados a votar NÃO VOTARAM NELA. Mas esse é o tipo de conta que não se faz com petista porque logo se lança a suspeita de que o analista é um golpista. Com um tucano, tudo bem! A sorte de Serra é que existem os eleitores.

    Talvez seja chegada a hora de os senhores editores e diretores de redação refletirem um tantinho se não estão passando da conta. Até quando a candidatura de Serra ficará refém do samba de uma nota só da renúncia à Prefeitura em 2006 — como se os próprios eleitores não tivessem se posicionado a respeito, inclusive os da cidade de São Paulo, ao elegê-lo governador? Elegeram-no porque reprovaram a sua gestão? Dos outros pré-candidatos não se cobram propostas, descumprimentos de promessas, passado, nada… Toda a severidade do chamado "jornalismo crítico" está reservada ao tucano. A sorte de Serra é que existem os eleitores.

    O que mais esperam que diga? Por qual nova explicação anseiam? Em 2006, aconteceria uma de duas coisas: ou o PSDB lançava Serra candidato ao governo de São Paulo, ou Aloizio Mercadante, do PT, seria eleito. O que, afinal de contas, esses setores do jornalismo censuram nos tucanos? A "traição" de terem impedido a vitória de Mercadante? Teria sido legítima se tivesse acontecido — apesar do dossiê dos aloprados… —, mas não aconteceu. Qual foi o pecado do PSDB? Não ter escolhido a derrota? A sorte de Serra é que existem os eleitores.

    Caso vença a eleição, não há no horizonte circunstância que force Serra a disputar um outro cargo em 2014. Esse jogo está jogado. A insistência no tema, é indisfarçável, integra um trabalho que já não tem mais nada a ver com jornalismo: é militância política. Não por acaso, a questão é hoje o único tema de que se ocupam o petista Fernando Haddad e o neopeemedebista Gabriel Chalita. Ambos, aliás, podem fazer propostas escancaradamente anti-sociais — a exemplo do que disseram sobre a inspeção veicular —, e não se lê uma só linha de crítica, nada! É que é preciso voltar a 2006, ao papel, ao esforço de criminalizar politicamente o que crime não é; à tentativa de condenar Serra por algo que a população aceitou. A sorte de Serra é que existem os eleitores.

    E é justamente porque os eleitores existem que se faz esse trabalho incansável: quem sabe eles mudem de ideia, não é? Analistas ditos "isentos", que fingem estar preocupados apenas com a "ciência política", são ouvidos para falar sobre a política e pregam — sem citar nomes, claro! — o que chamam "renovação". Os renovadores, então, seriam Gabriel Chalita e Fernando Haddad. Como ninguém aposta no taco do primeiro, trata-se de campanha eleitoral para o segundo — conta-se com o outro apenas como esbirro do projeto. O homem da renovação é aquele que foi feito candidato porque o coronel Lula mandou.

    Cada um escreva o que bem entender. Faço o mesmo. Eu estou aqui apontando a existência de uma pauta direcionada, fanaticamente anti-Serra, que preserva os demais candidatos de qualquer abordagem crítica, que consegue transformar a vitória nas prévias eleitorais numa espécie de derrota. Afinal, disputando com dois outros, ele obteve "apenas" 52,1% dos votos. Sabem como é… 47,9% não votaram nele, assim como 55,1% dos brasileiros NÃO VOTARAM EM DILMA!

    Gilberto Dimenstein tinha todo o direito de tentar eleger Aloizio Mercadante, seu ex-cunhado, tio de seus filhos, em 2006. Aquela pequena ceninha que ele armou não precisava, no entanto, ter virado categoria de pensamento. Chegou a hora de a imprensa paulistana se ocupar dos problemas da cidade. Serra já teve os direitos políticos cassados em 1964. Nao será a democracia a cassá-los de novo!

    Por Reinaldo Azevedo

    26/03/2012

    às 7:35

    Aborto - Vídeo com provocação contra defensores da vida some do Youtube. Mas já está de volta!

    Contei aqui a história de Elisa Gargiulo, a moça que, na quarta-feira, decidiu se imiscuir numa manifestação pública contra o aborto promovida por um grupo de católicos para, em nome das mulheres, defender a legalização da prática. Acompanhada de outras seis pessoas, ela resolveu documentar o seu ato de grande coragem e postou o filme no Youtube. Elisa não se contentou. No Facebook, denunciou:
    "Vejam no video. Foi muito agressivo o jeito que os pro-morte me intimidaram e me empurraram com seus cartazes horrorosos. Depois disso, ficaram nos perseguindo e intimidando, aos berros (…). Fiquei muito triste. Não só com a truculência mas com a quantidade ridícula de pessoas que estavam lá com a gente. (…) Fico pensando na violência que sofri hoje (…)"

    Resolvi assistir ao filme. Não houve violência nenhuma! Ao contrário. Os católicos foram extremamente educados com ela. Embora ela estivesse lá para fazer um provocação e, quem sabe, gerar tumulto para poder acusar os adversários de truculentos, nada disso aconteceu. Ao contrário. Falou-se no direito democrático de divergir — coisa que, é provável, a moça não reconhece àqueles de quem discorda.

    Devo lhes dizer que essa é uma tática de militância: seja violento e acuse o outro de violência; seja intolerante e acuse o outro de intolerância; seja preconceituoso e acuse o outros de discriminação. No primeiro grande comício dos nazistas após Hitler se tornar chanceler, 19 dias depois da tragédia, Goebbels fez um discurso em que acusava a grande imprensa de… discriminar os nazistas!!!

    A ideologia embota de tal maneira o cérebro que blogs e sites de esquerda publicavam o filme e diziam: "Vejam a violência dos católicos!"; "Olhem como os católicos são truculentos!" E escreviam essas coisas contra as evidências da própria imagem. Pois bem. Chamei aqui a atenção para o fato e não deu outra! Resolveram tirar o vídeo do ar!

    Acontece que o filme foi recuperado pelos internautas. E agora eu também fiz uma cópia. Elisa foi tratada com civilidade. E devo dizer aos católicos que este há de ser o padrão. Os provocadores vão sempre existir. Não caiam no truque. Segue o filme outra vez. Já mudei o arquivo do post original. Volto em seguida.

    Somos aqueles que se opõem à cultura da morte e da violência. Por isso, deixo claro que não publicarei eventuais comentários com agressões à moça. Eu torço é para que ela abandone seu equívoco; para que não carregue na memória, vida afora, o peso de defesa tão nefasta.

    Por Reinaldo Azevedo

    26/03/2012

    às 7:33

    Os direitos humanos de que Maria do Rosário gosta: Cuba prende 70 antes de chagada do papa

    Por flávia Marreiro, na Folha:
    A menos de 24 horas da chegada do papa Bento 16 a Cuba, opositores do governo comunista da ilha afirmaram ontem que ao menos 70 de seus apoiadores, entre eles 25 mulheres do grupo Damas de Branco, foram detidos por agentes do Estado. A maior parte das prisões aconteceu em Santiago de Cuba, no leste, cidade onde desembarcará o papa hoje. Os números são da ilegal, mas tolerada Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional e das Damas de Branco, que protestaram ontem em Havana.

    As detenções parecem não ser suficientes para dissuadir os opositores de irem às missas celebradas por Bento 16 -hoje em Santiago e a segunda e última em Havana, na quarta-feira. Ontem, na capital, a porta-voz das Damas de Branco, Berta Soler, exortou suas companheiras a desafiarem o governo e participar das atividades ignorando advertências feitas por policiais e cercos formais e informais nas casas das ativistas. "Casa não é calabouço. Se quiserem nos impedir, que nos prendam", disse Soler.

    "Eles apareceram na minha casa às 6h da manhã e disseram que eu não viesse que ia ser candela [ia pegar fogo], que eu ia ficar presa até o papa ir embora", disse Elza Sarduy, 27, também "dama". "Não vamos lá fazer política", disse Soler, que voltou a pedir audiência de "ao menos um minuto" com o papa.

    Momentos antes, Soler liderara a marcha silenciosa das mais de 30 mulheres de branco presentes pelo canteiro central da 5ª Avenida de Miramar, coalhada de representações diplomáticas. O cortejo foi seguido por ao menos o dobro de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, uma não usual profusão de imprensa estrangeira credenciada oficialmente para registrar a visita de Bento 16. A manifestação é um dos mais emblemáticos e resistentes símbolos da diminuta e pulverizada oposição.
    (…)

    Por Reinaldo Azevedo

    26/03/2012

    às 7:31

    Dilma baixa 40 medidas protecionistas e os empresários querem bem mais

    Por Raquel Landim, no Estadão:
    A presidente Dilma Rousseff já adotou uma avalanche de iniciativas para proteger a indústria nacional da invasão dos importados. Levantamento feito pelo 'Estado' identificou 40 medidas aplicadas ou em análise. O protecionismo brasileiro provoca apreensão nos parceiros comerciais, mas os empresários reclamam que as medidas são pontuais e não resolvem o problema.

    O esforço engloba desde medidas abrangentes como intervenção no câmbio, maior fiscalização nos portos e preferência a produtos nacionais em licitações, até sobretaxas para produtos específicos, elevação de impostos só para importados e a renegociação do acordo automotivo com o México.

    Desde o início da crise em 2008, o ministério da Fazenda já alterou 13 vezes a alíquota e/ou o prazo do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para frear a entrada de dólares - seis só no governo Dilma. O Banco Central também intervém rotineiramente no mercado de câmbio para impedir a alta do real. A equipe do ministro Guido Mantega adotou medidas heterodoxas no comércio exterior como a alta de 30 pontos porcentuais do IPI dos carros importados ou a transformação do imposto de importação do vestuário em valor fixo (a medida já é lei, mas não foi regulamentada).

    A Receita Federal se tornou protagonista no esforço de defender a indústria. Na semana passada, deflagrou a operação Maré Vermelha, que torna mais rigorosa a importação de vários bens de consumo. "Com 200 servidores envolvidos, a mobilização da operação é histórica", disse Ernani Argolo Checcucci Filho, subsecretário de aduanas e relações internacionais. O órgão discute convênio com o Inmetro para verificar se os produtos importados respeitam normas de qualidade e segurança. Importadores temem que fiscalização vire barreira técnica.
    (…)

    Por Reinaldo Azevedo

    26/03/2012

    às 7:29

    PT pressiona por abertura de inquérito contra Demóstenes

    Por Fábio Fabrini, no Estadão:
    O PT e partidos aliados ameaçam representar contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, caso não encaminhe ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para investigar o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e outros parlamentares citados na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, por suposto envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. A investida para pressionar Gurgel foi acertada ontem e é o primeiro passo de uma articulação para a abertura de processo no Senado contra Demóstenes, que poderia resultar na cassação de seu mandato. A partir de uma denúncia formal ao STF, o PT e partidos aliados teriam fundamento para pedir ao Conselho de Ética da Casa que avalie a situação do senador.

    O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (PT), anunciou que enviará representação a Gurgel pedindo que denuncie os parlamentares. "Se não houver resposta, vamos representar contra o procurador. Ele precisa cumprir a parte dele", avisou ontem, acrescentando que só aguarda uma conversa com senadores do PSB e do PDT para preparar o documento. "De posse disso (as informações enviadas ao Supremo), a gente vai julgar se há quebra de decoro no caso de Demóstenes", adiantou. O petista diz que, na última segunda-feira, o Ministério Público Federal em Goiás já denunciou, com base na operação da PF, 80 suspeitos de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis no Estado. "Se isso já foi feito, não há mais nenhuma ação da Polícia Federal em relação à Monte Carlo. Não há mais motivo para não tocar isso adiante", cobrou.
    (…)

    Por Reinaldo Azevedo

    25/03/2012

    às 17:18

    João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, FHC, Lula e, agora, Dilma

    sequencia-capas

    Caras e caros,
    recebi alguns comentários curiosos sobre a entrevista exclusiva concedida pela presidente Dilma Rousseff à VEJA, capa da revista desta semana. Foi entrevistada por Eurípedes Alcântara, diretor de Redação, e pelos redatores-chefes Lauro Jardim, Policarpo Júnior e Thaís Oyama. O que há de espantoso quando o chefe — no caso, a chefe — do Executivo concede uma entrevista à maior revista do país, uma das maiores do mundo? De espantoso, nada! Os motivos estão dados pelos termos da equação. De notável, deve-se destacar o fato de que o texto será lido por milhões de pessoas.

    Se a entrevistado der respostas consistentes, melhor pra ele; se não, então pior. Nas democracias, as coisas funcionam assim: as perguntas pertencem a quem pergunta, e as respostas, a quem responde. Os leitores de VEJA, cada um segundo os seus valores e seus critérios de análise, farão o seu juízo.

    Quaisquer outras especulações sobre motivações subterrâneas são, perdoem-me a franqueza, bobagem! Como lembra a "Carta ao Leitor" desta semana, a revista entrevistou João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, FHC, Lula e, agora, Dilma. Trata-se de uma obrigação — não uma obrigação legal, mas jornalística. Alimentar, contra os fatos, contra a história, teorias as mais rocambolescas para explicar por que Dilma concedeu uma entrevista e é capa (a exemplo daqueles que o antecederam) é desses delírios que revelam ou ingenuidade ou má fé. Saber o que pensa o governante, como vê o mundo, como enxerga a realidade é, reitero, um imperativo de uma revista como VEJA.

    Assim, minhas caras, meus caros, deixem as teorias conspiratórias e as bobagens para aquela gente esquisita, que ainda não entendeu como funciona a democracia. A entrevista com Dilma Rousseff significa nada além disto: a chefe do Executivo diz o que pensa à maior revista do país. "É uma coisa boa que o presidente da República fale à imprensa — ponto", para citar uma Carta ao Leitor de 1979 e a desta semana.

    Reproduzo, abaixo, a abertura do texto e duas de suas respostas.
    *
    Aos olhos de muita gente, a presidente Dilma Rousseff deveria estar orna pilha de nervos na semana passada. Ela vinha de uma viagem à Alemanha, onde pareceu, inadequadamente, dar lições de governança à chanceler Angela Merkel. Na reunião que teria com os maiores empresários brasileiros, ela lhes daria "um puxão de orelha". E, para completar o quadro recente de tensão, a base aliada do seu governo no Congresso estava em franca rebelião, contrariando seguidas iniciativas do Palácio do Planalto nas votações. Como pano de fundo da semana caótica, havia o fato de Dilma ainda não ter convencido a opinião pública de ser a grande gestora que o eleitorado escolheu para governar o Brasil em 2010. Como escreve nesta edição J.R. Guzzo, colunista de VEJA, capturando uma sensação mais ampla, "a maior parte das atividades do governo brasileiro hoje em dia poderia ser descrita como ficção".

    Mas Dilma não estava nem um pouco tensa quando recebeu a equipe de VEJA (Eurípedes Alcântara, diretor de redação, e os redatores-chefes Lauro Jardim, Policarpo Júnior e Thaís Oyama) na tarde de quinta-feira passada para uma conversa de duas horas em uma sala contígua a seu gabinete de trabalho no Palácio do Planalto, em Brasília.

    Dilma vinha de encerrar a reunião com os empresários, em que, disciplinadamente, cada um dos 28 presentes teve cinco minutos para falar, e não pareceu ter dado - ou levado - metafóricos puxões de orelha. "Tivemos uma conversa séria. Coisa de país que sabe onde está no mundo e aonde quer chegar", disse ela.

    "Ficamos todos de acordo que os impostos têm de cair, os investimentos privados e estatais têm de aumentar e o que precisar ser feito para elevar a produtividade da economia brasileira e sua competitividade externa será feito." Para quem vinha tendo os ouvidos atacados pelo buzinaço estéril da "guerra cambial" contra o Brasil - expressão que, como se verá na entrevista a seguir, ela não acha própria -, a frase de Dilma, mesmo sem a sonoridade do português castiço, soa como música.

    É saudável quando o governante não põe em inimigos externos toda a culpa por coisas que não funcionam. Melhor ainda quando reconhece que seu próprio campo, além de não ter soluções para tudo, é também parte do problema. "Não dá para consertar a máquina administrativa federal de uma vez, sem correr o risco de um colapso. Nem na iniciativa privada isso é possível. No tempo que terei na Presidência vou fazer a minha parte, que é dotar o estado de processos transparentes em que as melhores práticas sejam identificadas, premiadas e adotadas mais amplamente. Esse será meu legado. Nosso compromisso é com a eficiência, a meritocracia e o profissionalismo."

    "Eu disse aos empresários que seremos aliados nas iniciativas para aumentar a taxa de investimento da economia - e não mais apenas o crédito para o consumo", contou ela. Suas propostas lembram o gato do chinês Deng Xiaoping. Não importa a cor. O que interessa é que ele cace ratos. Dilma Rousseff, porém, continua sendo a Dilma da lenda da mulher durona, de coração nacionalista. Confrontada com as críticas de que a Petrobras não pode ser um braço de política industrial do governo, ela reagiu: "A Petrobras tem de saber que o petróleo é do Brasil e não dela". Felizmente. Dilma admite que a extração do petróleo do pré-sal tem prioridade até sobre a sacrossanta exigência de 65% na taxa de nacionalização dos equipamentos - o que inviabiliza ou encarece muitas operações. Ela não verbaliza que a taxa pode ser reduzida, mas diz que, entre a manutenção do patamar de nacionalização e a garantia de produção dos campos do pré-sal, fica com a produção.

    Pôr a culpa das reais distorções do Brasil em pressões produzidas no exterior não é uma maneira de fugir dos problemas?
    Primeiro, não é verdade que estejamos agindo dessa maneira. É uma simplificação grosseira supor que o governo brasileiro considere as pressões externas a única causa de nossos problemas. Segundo, ignorar que existem fortes externalidades agindo sobre a economia brasileira é um erro que não podemos cometer, sob pena de arriscar a prosperidade nacional, a saúde de nossa base industrial e os empregos de milhões de brasileiros. Terceiro, os fatores exógenos são reais e não podem ser subestimados.

    A senhora se refere ao que chegou a ser chamado de "guerra cambial"?
    Não acho adequado ver o fenômeno do tsunami de liquidez que foi criado pelos países ricos em crise como uma agressão proposital às demais nações. Mas a saída que eles encontraram para enfrentar seus problemas é uma maneira clássica, conhecida, de exportar a crise. Quando o companheiro Mario Draghi (economista italiano, presidente do Banco Central Europeu) diz "vamos botar a maquininha que faz dinheiro para rodar", ele está inundando os mercados com dinheiro. E o que fazem os investidores? Ora. eles tomam empréstimos a juros baixíssimos, em alguns casos até negativos, nos países europeus e correm para o Brasil para aproveitar o que os especialistas chamam de arbitragem, que, grosso modo. é a diferença entre as taxas de juros praticadas lá e aqui. Eles ganham à nossa custa. Então, o Brasil não pode ficar paralisado diante disso. Temos de agir. Temos de agir nos defendendo - o que é algo bastante diferente de protecionismo.
    (…)

    Por Reinaldo Azevedo

    25/03/2012

    às 8:57

    Safatle, "inteliquitual" que integra o grupo pró-Haddad, defende o aborto e chama feto de "parasita". Ele não vê a diferença entre uma criança por nascer e uma lombriga. Ou: "Inteliquitual" vermelho do nariz marrom!

    Vocês se lembram de Vladimir Safatle? Ele voltou a atacar. Achou que era chegada a hora de chamar fetos humanos de "parasitas" para demonstrar que é um homem corajoso.

    Vladimir Safatle? Vamos relembrar.

    É aquele professor de filosofia da USP que força uma semelhança física com Lênin (sabem como é, ambos são "Vladimir"…) na certeza de que uma eventual parecença de ideias depõe a favor de sua moral. É bem verdade que o Vladimir russo daria um pé no traseiro do Vladimir uspiano. Afinal, se a memória não me falha — e não me falha nunca! —, aquele era um crítico declarado do terrorismo; considerava que tal prática colaborava com a causa dos "reacionários". Já o nosso filósofo (ou melhor: deles!) escreveu um texto asqueroso, seguindo a trilha de Slavoj Zizek (um bandido disfarçado de intelectual), emprestando ao terror a condição de força política que tem de ser levada em conta. Safatle não sabe a diferença entre um ato terrorista e um peido (e seria nenhuma, não fossem os mortos), daí que defina assim os terroristas: "sujeitos não-substanciais que tendem a se manifestar como pura potência disruptiva e negativa". O terrível é que "sujeitos não-substanciais" matam crianças substanciais, como se viu na França.

    Muito bem! Safatle também é aquele amigo de invasores de áreas públicas. Onde houver um "occupy", lá está ele emprestando as suas luzes. Curiosamente, só não apoiou o movimento "occupy a fazenda do papai". Quando as terras de sua família foram invadidas em Goiás, seu pai entrou com um pedido de reintegração de posse e chamou a polícia. Contei a história aqui. Safatle, o apoiador dos invasores radicais da reitoria da USP, "intelequitual" que dá piscadelas para o terror, não disse uma palavra em favor dos sem-terra que estavam literalmente em seu quintal. Abusando da nossa paciência e do latim, ele afirmou que não responderia a meu texto (dizer o quê???) porque eu teria recorrido a argumentos "ad hominen"! Seu latim não é menos capenga do que seu português. O certo é "ad hominem".

    Vamos seguir. Um leitor me envia um link de uma coluna sua sobre o aborto, publicada na semana passada na revista "Carta Capital". É aquela publicação que só existe em razão do anúncio de estatais e que pretende ensinar a esquerda a se comportar como esquerda. Uma mudança e tanto na carreira de Mino Carta! De puxa-saco de generais da ditadura (depois, de Orestes Quércia), passou a oráculo do regime petista — e com ambições de estar à esquerda do próprio Lula!!! Ninguém sabe protestar a favor do poder como ele! Mas voltemos a Safatle, outro trabalhador incansável da mina de tolices chefiada por Zangado. Em vermelho, segue a sua coluna. Comento em azul.

    Claramente a favor do aborto
    Como vocês verão, Safatle acha que seus colegas de esquerda são muito moles na defesa do aborto. Isso explica o "claramente" do título.

    Há algum tempo, a política brasileira tem sido periodicamente chantageada pela questão do aborto. Tal chantagem demonstra a força de certos grupos religiosos na determinação do ordenamento jurídico brasileiro, o que evidencia como a separação entre Igreja e Estado está longe de ser uma realidade efetiva entre nós. Uma das expressões mais claras dessa força encontra-se no fato de mesmo os defensores do aborto não terem coragem de dizer isso com todas as letras.
    Entendo que ele acusa muitos de seus parceiros de esconder o que realmente pensam, o que não deixa de ser verdade, né? Safatle cobra deles que sejam corajosos, como ele próprio, na sua luta contra o feto. É mesmo um bravo!!! Não consta que algum feto tenha reagido até hoje. O "inteliquitual" está insatisfeito com a influência dos cristãos na política, o que o leva a afirmar que não existe separação no Brasil entre Igreja e Estado — uma mentira escandalosa. Curioso! Nunca o vi criticar, por exemplo, a teocracia do Hamas na Faixa da Gaza ou a do Hezbollah no Sul do Líbano. Ou a do Irã. De Israel, por exemplo, ele não gosta. Entendo! Tudo compatível com quem escreve uma resenha dando piscadelas ao terrorismo. Sigamos com ele.

    Sempre somos obrigados a ouvir afirmações envergonhadas do tipo: "Eu, pessoalmente, sou contra, afinal, como alguém pode ser a favor do aborto? Mas esta é uma questão de saúde pública, devemos analisá-la de maneira desapaixonada…"
    Quem fez afirmação parecida foi Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Safatle integra o grupo de "inteliquituais" que apoiam o petista. Isso, Safatle! Convença Haddad a dizer o que realmente pensa a respeito!

    Talvez tenha chegado o momento de dizermos: somos sim absolutamente a favor do aborto. Há aqui uma razão fundamental: não há Estado que tenha o direito de legislar sobre o uso que uma mulher deve fazer de seu próprio corpo. É estranho ver algumas peculiaridades brasileiras. Por exemplo, o Brasil deve ser um dos poucos países onde os autoproclamados liberais e defensores da liberdade do indivíduo acham normal que o Estado se arrogue o direito de intervir em questões vinculadas à maneira como uma mulher dispõe de seu próprio corpo.
    Safatle é bobo de dar pena — e me compadeço ainda mais dos seus alunos. Indago, de saída, que "nós" é esse em nome do qual fala. É plural majestático ou já é a voz da legião, como os demônios? Afirmar que não há estado "que tenha o direito de legislar sobre o que uma mulher deve fazer do seu próprio corpo" é só uma generalização grosseira. Estados os mais democráticos "legislam" (se ele quer essa palavra) sobre o corpo. A venda de órgãos, por exemplo, é proibida no mundo inteiro, embora praticada nas sombras. Seria o caso de legalizá-la? O filósofo frauda um mínimo de honestidade intelectual ao dar de barato que o aborto é apenas uma questão de direito da mulher ao corpo. Ora, os que se opõem à legalização combatem justamente esse ponto de vista. Chega a ser engraçado que ele convoque os valores liberais, como se não os abominasse, em favor de sua tese.

    Há duas décadas, a artista norte-americana Barbara Kruger concebera um cartaz onde se via um rosto feminino e a frase: "Seu corpo é um campo de batalha". Não poderia haver frase mais justa a respeito da maneira com que o poder na contemporaneidade se mostra em sua verdadeira natureza quando aparece como modo de administração dos corpos e de regulação da vida. Esta é a função mais elementar do poder: fazer com que sua presença seja percebida sempre que o indivíduo olhar o próprio corpo.
    É uma mistura de Foucault, o tarado pelos aiatolás, com safatlismo. E qual seria a "verdadeira natureza" do "poder na contemporaneidade"? Ele não diz porque essa maçaroca de conceitos mal digeridos não quer dizer absolutamente nada.

    Nesse sentido, não deixa de ser irônico notar como alguns setores do cristianismo, como o catolicismo e algumas seitas pentecostais, parecem muito mais preocupados com o corpo de seus fiéis que com sua alma.
    Que sentido??? Não fosse a má fé, a ignorância de Safatle seria quase comovente. No cristianismo, corpo e alma são elementos distintos, mas que se expressam como uma unidade. Esse cara não sabe o que fala. A inviolabilidade do corpo, já demonstrei aqui em outros textos, é uma conquista do cristianismo, que serviu, nos primeiros tempos, como proteção às mulheres — daí que elas tenham sido as primeiras a aderir à religião. O aborto forçado era, então, a principal causa de morte feminina. Sigamos.

    Daí a maneira como transformaram, a despeito de outros segmentos do cristianismo, problemas como o aborto, a sexualidade e o casamento homossexual em verdadeiros objetos de cruzadas. Talvez seria interessante lembrar: mesmo entre os cristão tais ideias são controversas. Os anglicanos não veem o aborto como um pecado e mesmo entre os luteranos, embora se digam contrários, ninguém pensaria em excomungar uma fiel por ela ter decidido fazer um aborto.
    Gente que escreve "talvez seria" mereceria, naquele círculo de que Dante esqueceu, ser eternamente chicoteado pelo modo subjuntivo!!! Em tese, a profissão deste rapaz é pensar. Com esse domínio precário da língua? Só faltou Safatle notar que os anglicanos são favoráveis ao divórcio…
    Por que os católicos ou pentecostais deveriam se pautar pela, vá lá, maior liberalidade de anglicanos e luteranos e não o contrário é um desses mistérios que essa gramática perturbada guarda para si. Mas atenção que agora Safatle, o corajoso, está chegando perto de seu grande momento.

    É claro que se pode sempre contra-argumentar dizendo que problemas como o aborto não podem ser vistos exclusivamente como uma questão ligada à autonomia a que tenho direito quando uso meu corpo. Pois haveria outra vida a ser reconhecida enquanto tal. Esse ponto está entre os mais inacreditáveis obscurantismos.
    Huuummm… Então vamos aprender com as luzes.

    Uma vida em potencial não pode, em hipótese alguma, ser equiparada juridicamente a uma vida em ato.
    Gosto quando ele é assim, sentencioso, como se estivesse recebendo uma revelação divina. Em primeiro lugar, as religiões não cuidam da questão jurídica. O aborto continua interditado aos católicos, caso obedeçam a sua Igreja, mesmo nos países em que a prática é legalizada. Em segundo lugar, "vida em potencial" é uma boçalidade do safatlismo. Trata-se de vida — e de pessoa potencial! Ou como chamar aquilo? Ele vai fazer uma sugestão. Preparem-se.

    Um embrião do tamanho de um grão de feijão, sem autonomia alguma, parasita das funções vitais do corpo que o hospeda e sem a menor atividade cerebral não pode ser equiparado a um indivíduo dotado de autonomia das suas funções vitais e atividade cerebral.
    Pois é… E pensar que Safatle já foi um parasita!!! Foi? Ainda veremos. Quem é que "equipara" fetos e embriões a indivíduos já nascidos? Ninguém! Safatle é craque em desancar as teses que ele mesmo inventa! Agora ele vai cair de boca na defesa do totalitarismo. Sabem como é Vladimir…

    Não estamos diante do mesmo fenômeno. A maneira com que certos grupos políticos e religiosos se utilizam do conceito de "vida" para unificar os dois fenômenos (dizendo que estamos diante da mesma "vida humana") é apenas uma armadilha ideológica. A vida humana não é um conceito biológico, mas um conceito político no qual encontramos a sedimentação de valores e normas que nossa vida social compreende como fundamentais.
    Eis aí! Chegamos ao ponto! Se a vida humana é só "um conceito político" que expressa "valores e normas que nossa vida social compreende como fundamentais", entende-se que deslocamentos e mudanças de valores da sociedade podem redefinir, então, o que é e o que não é "vida humana". A Alemanha hitlerista, por exemplo, estabeleceu praticamente um consenso sobre a não-humanidade — ou subumanidade — dos judeus. A URSS stalinista estabeleceu um consenso sobre a não-humanidade dos "inimigos da revolução" (e também dos judeus, claro…). O Khmer Vermelho estabeleceu um consenso sobre a não-humanidade de todos os mamíferos bípedes que não tinham o corpo coberto de pelos. Cada um desses consensos se encarregou de eliminar milhões de não-pessoas porque, afinal, naquele momento, o "conceito político" permitia. Na China contemporânea (e jamais moderna), fetos do sexo feminino são abortados porque… fetos do sexo feminino! Basta isso. É o "conceito político" influente.

    Grande inimigo da tirania do divino, Safatle não aceita nada que não seja a tirania do homem contra o homem. O curioso desse pensamento estúpido, desinformado, feliz com a própria ignorância, é que ele remete, com efeito, aos primeiros dias do cristianismo. A palavra de Cristo só frutificou porque se estabeleceu contra os consensos daqueles tempos, contra os "conceitos políticos" vigentes, que matavam homens — e especialmente mulheres — como moscas.

    De fato, ali onde Safatle vê um "parasita", nós vemos não "vida em potencial" — expressão de uma soberba burrice —, mas vida. Vida que é, aí sim, "pessoa em potencial", que já traz consigo todos os elementos da maravilha e da dor de existir. Ali podem estar um novo Hitler ou um novo Shakespeare. O mais provável é que esteja um dos bilhões de anônimos do mundo. Eu estou entre aqueles que querem proteger o homem das tiranias. Eu estou entre aqueles que rejeitam que o poder de turno, em nome dos consensos forjados por maiorias violentas ou minorias influentes, diga quem tem e quem não tem o direito de existir.

    Não por acaso, a defesa da eugenia voltou a ser feita mesmo em meios acadêmicos ditos respeitáveis, como consequência da decadência ética da ciência. Falamos aqui sobre aqueles dois tarados morais que defenderam o infanticídio num jornal inglês de ética médica. Sua argumentação é absolutamente compatível com a de Safatle. Os recém-nascidos, dizem, ainda não têm relações sociais estabelecidas, estão desconectados da vida social, não estabeleceram vínculos morais com ninguém. Matá-los, caso as mães assim o queiram, seria nada mais do que um "aborto pós-nascimento".

    Safatle escreve mal, pensa mal e é de uma ignorância assombrosa. O trecho abaixo demonstra que é também descuidado. Não direi que o argumento é ginasiano porque não quero ofender a meninada. Leiam:

    Se dizemos que alguém desprovido de atividade cerebral está clinicamente morto, mesmo se ele conservar grande parte de suas funções vitais ainda em atividade graças a aparelhos médicos, é porque autonomia e autocontrole são valores fundamentais para nossa concepção de vida humana.
    Bem, noto que aí vai, de acordo com aquela dupla, a justificativa essencial para o infanticídio. Safatle está com eles. Um recém-nascido não tem nem autonomia nem autocontrole. Logo… A comparação que faz é um absoluto despropósito. O futuro de um corpo cujo cérebro esteja morto é a morte. No embrião ou no feto, o que se tem é vida. Mas por que devemos esperar que  um esquerdista autêntico saiba a diferença entre a vida e a morte?

    Assim, quando certos setores querem transformar o debate sobre o aborto em uma luta entre os defensores incondicionais da vida e os adeptos de alguma obscura cultura da morte, vemos a mais primária tentativa de transformar a vida em um conceito ideológico. Isso se admitirmos que será necessariamente ideológico um discurso que quer nos fazer acreditar que "as coisas falam por si mesmas", que nossa definição de vida é algo assentado nas leis cristalinas da natureza, que ela não é uma construção baseada em valores sociais reificados.
    O mais espantoso é que Safatle usa expressões que passam a impressão de que ele demonstrou alguma tese ou argumentou de forma eficaz. Sim, senhor! Trata-se do confronto entre os defensores incondicionais da vida e os adeptos da cultura da morte — obscurantista, mas não obscura. Embora existam conservadores favoráveis ao aborto, a luta política em favor de sua legalização, a sua transformação numa causa, é um propósito das esquerdas — as mesmas cujas utopias se assentam numa pilha de milhões de cadáveres. Por quê? Ora, porque, sabem, a vida é uma "construção baseada em "valores sociais reificados", pouco importa a droga que essa "pseudice" subacadêmica queira dizer.

    Levando isso em conta, temos de saudar o fato de alguns arautos do conservadorismo pretenderem colocar tal questão na pauta do debate político brasileiro e esperar que existam algumas pessoas dispostas a compreender a importância do que está em jogo. Desativar as molas do poder passa pela capacidade de colocá-lo a uma distância segura de nossos corpos.
    O que diabos terá querido dizer esse rapaz com essa frase final? Sei lá. Safatle tentou "desativar as molas do poder" violando, por exemplo, a lei e promovendo um comício em favor de Dilma dentro da USP. Há dias, ele foi jantar com Haddad, num encontro de "inteliquituais", para, claro!, desativar outras "molas do poder". Ele participa da articulação da extrema esquerda uspiana que tenta depor o reitor mais competente que a universidade teve em décadas… Só encontramos esse "arauto do progressismo" sendo cavalgado pelo poder. Sugiro que não desative as molas. Pode fazer mal para a sua coluna.

    Para encerrar: o pior de todos os parasitas, hoje em dia, é o "inteliquitual" de universidade pública, pago com o dinheiro do povo para pensar com independência, que se transforma em esbirro de partido político, em mero apparatchik. Já conhecemos o subjornalismo vermelho de alma marrom — a turma do JEG. A praga da universidade é o intelectual vermelho de nariz marrom.

    Levanta e anda, Vladimir Safatle! Coragem!

    Por Reinaldo Azevedo

    24/03/2012

    às 7:29

    LEIAM ABAIXO

    Por Reinaldo Azevedo
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    24/03/2012

    às 7:23

    UM "NÃO" AO ÓDIO, À VIOLÊNCIA E À CULTURA DA MORTE!

    Dois meliantes morais foram presos porque faziam um site asqueroso, em que incitavam a agressão a negros, mulheres, judeus, cristãos, homossexuais e a qualquer um que discordasse das barbaridades que escreviam. No rol de suas boçalidades, que inclui a defesa da pedofilia, também constavam alguns ataques à esquerda, o que bastou para que alguns idiotas — que são nada menos do que o oposto complementar desses dois delinquentes — os tachassem de "direitistas". Não! Direitista era Winston Churchill. Direitista era Charles De Gaulle. Direitista era Konrad Adenauer. Esses dois são apenas candidatos a bandidos. Eles pertencem à mesma escória moral que, num outro nicho de opinião, invade e depreda prédios públicos; prega abertamente a agressão a adversários ideológicos; defende, como movimento organizado, o assassinato de fetos; faz a apologia do consumo de drogas (embora elas sejam hoje um flagelo, que destrói milhares de famílias pobres); defendem o terrorismo — há gente escrevendo artigo em jornal afirmando a legitimidade do terror — e, como vimos, já chega ao paroxismo de defender o infanticídio.

    Os dois grupos certamente se querem muito diferentes; um acredita que o outro é seu inimigo ideológico; um pretende que o outro queira o avesso dos seus anseios. Mas essa é uma falsa contradição. Agora como antes, eles têm a mesma natureza. Os dois grupos são incompatíveis com um mundo que garante as liberdades públicas, os direitos individuais e a vida. Igualam-se no culto à morte, na defesa do ódio redentor, na certeza de que é preciso eliminar o outro para sobreviver. Eles estão juntos! Como estiveram juntos fascismo e comunismo. Um atribuía ao Estado a tarefa de eliminar os cidadãos, suas vontades, sua individualidade; o outro, ao partido.

    NÓS, MINHAS CARAS E MEUS CAROS, NÓS, SIM, SOMOS O POLO OPOSTO DESSES AMIGOS QUE SE DETESTAM. Eles querem eliminar seus adversários. Nós queremos debater com os nossos. Eles querem usar a morte como instrumento de regulação das demandas sociais. Nós só aceitamos usar a vida. ELES QUEREM DEBATER QUANDO É LÍCITO MATAR O HOMEM E CRIAR AS REGRAS DO BOM HOMICÍDIO. Nós acreditamos que o corpo humano é divino e dizemos: matar é ilícito. E àqueles que não creem, então sugerimos que considerem o corpo humano… humano! Mas de uma humanidade intransitiva, que não pede complementos para ter direito de existir.

    Se há ateus e agnósticos dispostos a abraçar esse humano intransitivo — homem, mulher, bicha, preto, branco, vermelho, com todos os seus defeitos… —, se há ateus e agnósticos dispostos a abraçar esse "homem", então nós, os cristãos, os chamaremos de nossos "irmãos". Porque o nosso compromisso é com a vida! Ainda voltarei a este assunto muitas vezes.

    Aqueles que nos atacam porque defendemos incondicionalmente a vida haverão certamente de nos explicar o que, afinal de contas, faz de um homem… um homem! Dizem eles: "É a sua história; o conceito de humano é uma construção historicamente determinada". Se é assim, que miseráveis e precários nós somos! Entende-se por que os dois grandes totalitarismos do século passado mataram, por baixo, 130 milhões de pessoas. Naquele momento, "a construção histórica" dizia que os homens não tinham o direito de viver como homem — na verdade, nem mesmo o direito de morrer como tal.

    Resistiremos em defesa da vida. Resistiremos à cultura da morte.

    Abaixo, vou lhes narrar um episódio e publicar um vídeo que está no Youtube. Façam cópia. Na quarta-feira, um grupo de católicos foi à praça manifestar-se contra a legalização do aborto no país, que vários grupos pretendem implementar por via infraconstitucional, desrespeitando a letra explícita da Carta que protege a vida. Pois bem. Uma jovem chamada Elisa Gargiulo, identificada como vocalista e guitarrista da banda feminista "Dominatrix", resolveu, digamos, "trolar" o ato com um cartaz em favor do aborto — e do erro de regência (uma gramática entre um solo e outro não lhe fará mal).

    Observem a tolerância dos oradores com quem estava ali para fazer uma provocação — afinal, ela poderia, em outro lugar daquela mesma praça, manifestar-se. Ninguém encosta a mão nela, nada! E é assim que deve ser. Comecei cedo nesse negócio de protesto, e a regra nº 1 é jamais ceder à tentação de reagir a agentes provocadores — ou estaremos fazendo o que eles querem. Obervem que há uma silenciosa guerra de cartazes. Nada mais do que isso! Um de nós que decidisse fazer um contramanifesto num ato deles correria o risco de ser espancado. Vejam o filme — feito, como se nota, pela turma dela, pra dar destaque à sua grande "coragem". Volto depois para lhes contar como essa moça relatou esta cena no Facebook.

    Voltei
    Muito bem! Lembram-se daquela estudante profissional da USP que provocava os policiais, ofrendia-os, e depois gritava: "Estou sendo agredida!"? Pois é… Assim agiu Elisa Gargiulo. No Facebook, ela narrou deste modo a cena que vocês acabaram de ver — e que ela própria ou algum admirador seu pôs no Youtube:
    "Vejam no video. Foi muito agressivo o jeito que os pro-morte me intimidaram e me empurraram com seus cartazes horrorosos. Depois disso, ficaram nos perseguindo e intimidando, aos berros (…). Fiquei muito triste. Não só com a truculência mas com a quantidade ridícula de pessoas que estavam lá com a gente. No total eram 7 pessoas se posicionando a favor da legalização do aborto e contra a morte das mulheres. 7 pessoas. (…) Fico pensando na violência que sofri hoje e quantas mulheres morreram pra que tivéssemos o direito de protestar e senti certa raiva de quem não bota a cara nas ruas, ficam apenas nas redes sociais. A luta é difícil, eu sei, mas nada vai vir via tuitadas. Estamos lutando pelas vidas das mulheres."

    Elisa chama de "pró-morte" os que se opõem ao aborto porque, segundo ela, está defendendo a vida das mulheres. Se a gente lhe perguntar quantos abortos são feitos por ano no Brasil, é bem capaz que diga: 1 milhão! É mentira! Caso perguntemos quantas mulheres morrem em decorrência do aborto, aposto que dirá: 200 mil! É uma mentira ainda mais escandalosa.

    Não! Não houve empurrões, como se vê. Se, depois daquilo, houve alguma manifestação violenta, por que ela optou por filmar apenas a reação pacífica? Ora… Ao contrário: os oradores apelaram à tolerância dos manifestantes. Sou capaz de apostar que essa moça está entre aqueles que acreditam que os que se opõem ao aborto não deveriam ter nem sequer o direito de se manifestar.

    Moderação
    Enfrentaremos as falanges do ódio, de todos os ódios, com a flama da convicção e a fleuma da temperança. Não permitirei uma só agressão verbal a essa moça porque o seu caminhar, registrado pela câmera, demonstra a sua disposição para ser uma espécie de "mártir". De quem? Dos defensores da vida? Não será, não, menina! Você só é vítima de sua própria intolerância. Se alguém invadisse o palco quando a banda Dominatrix estivesse se apresentando para dizer que seu som não presta, Elisa certamente consideraria isso uma agressão a seus direitos. Mas não vê nada de errado em invadir a manifestação daqueles a quem se opõe e de incitar outros a fazer o mesmo.

    Talvez Elisa aprenda um dia o valor da democracia e da tolerância. Talvez não. Mas nós seremos para ela professores exemplares. Que a paz uma dia chegue a seu coração, Elisa! E que seu bonito rosto perca esse ar triste. Há causas, menina, que pesam no espírito humano como uma condenação antecipada.

    Por Reinaldo Azevedo

    24/03/2012

    às 7:19

    Corte de verba na Esplanada atinge aliados e poupa o PT

    Por Gustavo Patu, na Folha:
    O endurecimento do controle de gastos na administração de Dilma Rousseff pesa mais sobre os ministérios entregues aos sócios minoritários da coalizão governista, o que ajuda a explicar a crise na base de sustentação parlamentar do Planalto. Uma análise do recente bloqueio de R$ 55 bilhões em despesas previstas no Orçamento deste ano mostra que as dez pastas entregues a PMDB, PSB, PR, PP, PDT, PC do B e PRB perderam quase um quarto das verbas de livre aplicação -exatos 23,9%. Dono da segunda maior bancada do Congresso, o PMDB do vice-presidente Michel Temer teve corte de nada menos que a metade das verbas disponíveis em seus quatro ministérios.

    Já nas 14 pastas ocupadas pelo PT ou por indicações diretas de Dilma, o impacto dos cortes ficou em apenas um décimo dos recursos destinados a compras e investimentos -o levantamento não considera gastos obrigatórios, como o pagamento de salários e aposentadorias. Os dados explicitam a assimetria da divisão de poder na Esplanada, mais aguda na atual administração. Os petistas assumem áreas mais prioritárias e, portanto, menos sujeitas a ajustes, caso de Saúde e Educação, além de postos de decisão, como Fazenda e Planejamento.

    Os aliados ficam com a periferia orçamentária destinada ao varejo político, cujos exemplos principais são as obras e projetos de interesse de deputados e senadores distribuídas entre Turismo, Integração Nacional, Esporte, Cidades e Agricultura. Essa lógica já vigorava, com contrastes mais amenos, sob o ex-presidente Lula. Mas o antecessor de Dilma pôde relaxar controles fiscais e expandir gastos, prioritários ou não, ao longo de todo o seu segundo mandato. A generosidade do período, em especial no ano eleitoral de 2010, contribuiu para alimentar a alta da inflação e deixou como herança a necessidade de reequilibrar as contas do Tesouro -ainda mais porque a crise internacional tornou menos provável a sucessão de recordes na arrecadação tributária.

    A FORÇA DO PT
    Com a escassez de dinheiro, tornou-se mais evidente a hierarquia de órgãos, programas e forças políticas. Os ministérios do Esporte (PC do B) e do Turismo (PMDB) sofreram cortes superiores a 70% de suas verbas livres, formadas principalmente por despesas incluídas no Orçamento pelos congressistas e conhecidas como emendas parlamentares.
    (…)

    Por Reinaldo Azevedo

    24/03/2012

    às 7:15

    Encenação no Planalto

    Leia editorial do Estadãoi:
    A presidente Dilma Rousseff chamou ao Palácio do Planalto 28 dos maiores empresários do País para pedir-lhes mais investimentos - como se algum deles precisasse de um apelo presidencial para investir na ampliação de seus negócios e para ganhar mais dinheiro e mais espaço em seus respectivos mercados. Quanto a esse ponto, pelo menos, dificilmente haverá diferença entre esses líderes da indústria, do comércio e do setor financeiro e a maioria dos dirigentes de empresas pequenas e médias. Os chamados espíritos animais estão bem vivos no empresariado brasileiro, apesar de todas as dificuldades para investir, produzir e vender, especialmente para o mercado externo. A presidente não deveria preocupar-se com isso. Mas os dirigentes de companhias de todos os tamanhos têm motivos para se preocupar com a pouca disposição do governo de adotar as políticas necessárias ao fortalecimento do setor produtivo e ao crescimento seguro da economia brasileira.

     Como era previsível, a reunião serviu para a presidente encenar alguma iniciativa, num momento de muita dificuldade com a base governamental e de vexaminosas derrotas no Congresso. Além disso, converteu-se, como era também previsível, em mais uma oportunidade para os empresários desfiarem o novelo de suas queixas e reivindicações, todas bem conhecidas e diariamente citadas pela imprensa.

    Os convidados falaram de câmbio, carga tributária, encargos trabalhistas, custo do dinheiro, problemas de infraestrutura e escassez de mão de obra qualificada. Trataram também, é claro, de uma aberração inventada por alguns governadores, a guerra dos portos, gravemente prejudicial à indústria brasileira: produtos importados com incentivos fiscais, por meio de um protecionismo às avessas, são vendidos com grande vantagem de preço em outros Estados, impondo uma concorrência absurdamente desleal ao produtor nacional.

    As falas da presidente e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, foram igualmente sem novidades, apesar da abundância de palavras. As autoridades prometeram, mais uma vez, um grande plano de redução de custos fiscais e financeiros. O corte de encargos trabalhistas, iniciado em 2011, será estendido a novos setores, haverá diminuição de impostos federais e crédito mais barato será oferecido aos empresários. Além disso, o governo investirá em obras de infraestrutura e tentará baixar o custo da energia. Todas essas promessas eram conhecidas.

    Não valeria a pena os empresários irem a Brasília para repetir suas queixas e para ouvir de novo as declarações de bons propósitos do governo, exceto, talvez, por um detalhe: pelo interesse de participar, ao lado de figuras muito importantes do setor privado, de um encontro com a chefe do governo. No caso da presidente Dilma Rousseff, muito menos propensa do que seu antecessor a reuniões desse tipo, a raridade do evento também pode ter sido um atrativo.

    Mas a presidente foi além das promessas e da cobrança de mais investimentos. Ela pediu uma atuação mais forte dos empresários a favor da Resolução 72/2011 do Senado, sujeita a forte resistência de várias bancadas estaduais. Se essa Resolução for aprovada, a redução das alíquotas interestaduais tornará muito mais difícil a guerra dos portos.

    Mas vários empresários importantes e sindicalistas já estiveram no Congresso, nos últimos dias, participando de sessões especiais sobre o assunto e já deram seu recado. A presidente deve saber disso. Muito mais que um esforço de argumentação e de esclarecimento, ela pediu, portanto, um trabalho para a conquista de votos. Recorreu aos empresários, em suma, na esperança de terem êxito onde ela fracassou. Nesse, como em vários outros casos importantes, o Executivo tem sido incapaz de unir a base governamental em torno de um projeto considerado de alto interesse para o País.

    A maior parte do encontro foi mera encenação de uma reunião produtiva entre a presidente e um grande grupo de pesos pesados da economia. O resto foi uma demonstração explícita dos problemas de um governo forçado a comprar e a recomprar, num comércio sem fim, a fidelidade de sua base no Congresso.

    Por Reinaldo Azevedo

    24/03/2012

    às 7:11

    Papa a caminho de Cuba: "É evidente que a ideologia marxista não corresponde à realidade"

    No Estadão:
    No avião que o levou de Roma para a visita de cinco dias ao México e a Cuba, o papa Bento XVI disse que o comunismo já não funciona na ilha e que a Igreja está disposta a ajudar o governo local a encontrar um novo modelo sem "trauma". Horas depois, ao desembarcar em Silao, no México, Bento XVI disse que "ninguém pode depreciar a dignidade humana - numa referência à violência dos cartéis de droga mexicanos.

    "Hoje, é evidente que a ideologia marxista, na forma em que foi concebida, já não corresponde à realidade", disse o líder católico, respondendo à pergunta de um jornalista. "Dessa forma, já não podemos construir uma sociedade. Novos modelos devem ser encontrados, com paciência e de forma construtiva."

    O pontífice, que deve chegar à ilha após três dias de visita ao México, fez um apelo pela liberdade de pensamento e de culto em Cuba, sob o regime comunista há mais de 50 anos. Ele também ofereceu ajuda da Igreja para uma transição pacífica. "Queremos contribuir em um diálogo espiritual para evitar traumas e ajudar a avançar até uma sociedade que seja fraternal e justa."

    Seus comentários provocaram uma resposta cautelosa do governo cubano. "Escutaremos com todo o respeito à Sua Santidade", disse o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, em uma entrevista coletiva em Havana. "Respeitamos todas as opiniões. Consideramos útil o intercâmbio de ideias. O governo cubano se esforça para fazer da visita de Sua Santidade um acontecimento memorável e um êxito pleno."

    Os comentários de Bento XVI sobre o comunismo foram mais diretos e críticos que os de seu predecessor, João Paulo II, feitos durante sua histórica visita a Cuba, em 1998. Essa viagem acelerou o processo de reconciliação entre a Igreja Católica e os líderes comunistas cubanos. Mas a instituição religiosa e o governo da ilha ainda estão em desacordo sobre temas como o uso dos meios de comunicação e a educação religiosa.

    Ao ser questionado se falaria sobre temas de direitos humanos em Cuba, o papa respondeu: "É óbvio que a Igreja sempre está do lado da liberdade".

    Os cubanos reagiram de forma bem diversa às declarações do papa. Elizardo Sánchez, porta-voz da ilegal, mas tolerada, Comissão Cubana de Direitos Humanos, disse que a declaração do papa confirma sua "boa vontade" a respeito da situação na ilha, mas não tem grandes esperanças com a visita.
    (…)

    Por Reinaldo Azevedo

    23/03/2012

    às 21:39

    Lula, o Marechal Tito de uma Iugoslávia chamada PT

    Pode parecer normal, coisa do jogo político, mas, lamento, não é. Ao contrário: estamos diante da expressão de uma crise. Hoje foi a vez de Fernando Haddad visitar Lula e ter uma foto da dupla divulgada pelo Instituto Lula. Nem a rainha da Inglaterra — para usar a metonímia (viu, Pedrinho?) da realeza — tem sua vida tão documentada. A razão é simples. Não temos mais monarquias absolutistas no mundo, exceção feita à Arábia Saudita e a alguns paisecos que se tornaram folclóricos. Lula é o monarca absolutista com maior visibilidade no Ocidente.

    Por enquanto, o ex-presidente não pode falar. Então ele envia recados por intermédio de suas visitas: Lula acha isso; Lula pensa aquilo; Lula quer aquele outro. Lula é, em suma, um elemento perversamente unificador da política. Escrevo "perversamente unificador" porque nada cresce à sua sombra, como se vê. Diga o que se quiser de Dilma — que é intolerante com a corrupção (pode ser), com o fisiologismo (pode ser), com os oportunistas (pode ser) —, só não se diga que ela é uma liderança política. Se vai ser ainda, veremos.

    A verdade é que a crise que está aí instalada — e, convenham, sem um motivo muito claro; não para que seja tão crispada ao menos — é fruto de um notável autoritarismo de Lula e, como dito, de seu absolutismo. Dilma, a exemplo do próprio Haddad em escala municipal, é uma invenção sua. Dá pra discutir se o PT tinha ou não tinha outros nomes viáveis; dá pra debater se a escolha obedecia a uma equação ditada pelo marketing; dá para indagar se havia ou não gente mais competente no próprio PT… Uma coisa, no entanto, é absolutamente indiscutível: Lula tinha experiência política para governar (goste-se ou não de sua gestão). Dilma era uma aposta, na origem, de impressionante irresponsabilidade política.

    Esclareço o que digo, já que, hoje em dia, o sentido das palavras parece viver uma certa falência. Não acho que Dilma esteja fazendo um governo temerário ou irresponsável, não! É medíocre, é fraco, não tem eixo nem rumo. Mas estamos muito longe do caos, é evidente. O que quero dizer com isso é que, dada a sua brutal inexperiência no jogo político e óbvia inabilidade, ela até que se sai bem. Ao contrário da fala do Gigante Adamastor (Os Lusíadas), com Dilma, o dano é menor do que o perigo — este era imenso; até que está saindo barato.

    Como tudo está em transe na base governista e como a oposição vive seu momento silencioso (o DEM acuado pelas denúncias contra o senador Demóstenes Torres; o PSDB nacional, parece, pela falta do que dizer ), Lula, que ainda não pode falar em público, se torna a única voz ainda firme da política; aquele de quem se espera algum norte, alguma articulação mágica, alguma resposta.

    Que coisa! Em meio a tanta barulheira, a política se tornou refém do silêncio de Lula. É um sinal de fraqueza da oposição, sim!, incapaz de articular uma reação mesmo a um governo descoordenado. Mas também é evidência de que o PT é, assim, uma espécie de Iugoslávia do Marechal Tito. A balcanização o espreita. É questão de tempo.

    Por Reinaldo Azevedo

    23/03/2012

    às 18:11

    Ódio na Internet – Os alvos de Melo, que já foi considerado "semi-imputável": cristãos, judeus, negros, mulheres, homossexuais e crianças!!!

    Na VEJA Online:
    A Polícia Federal (PF) pôs fim nesta quinta-feira a sete anos de atividade criminosa de Marcelo Valle Silveira Melo, de 26 anos. Preso por pregar a intolerância e fazer ameaças em um site, ele era uma figura conhecida na internet por espalhar as mais terríveis mensagens. Melo passou de provocador inconsequente a um perigoso disseminador do ódio. Ele se valia da internet para passar uma imagem de superioridade que, na vida real, lhe faltava. Na rede, o garoto sem amigos se transformava em "Psycl0n", ou "Ash Ketchum".

    A trajetória criminosa de Melo teve início em 2005, quando ele publicou uma sequência de ofensas contra negros em um fórum da Universidade de Brasília (UnB) no site de relacionamentos Orkut. Foi processado e condenado, em 2009, a um ano e dois meses de prisão. Recorreu da decisão e não passou um dia sequer na cadeia. Dois anos antes da condenação, em entrevista ao site Campus Online, da UnB, disse que foi mal compreendido: "Eu queria criticar o sistema de cotas, fazer uma ironia de como ele é injusto. Jamais ser racista, como estão dizendo por aí."

    Não era verdade: nos anos seguintes, Melo aprofundou seu arsenal de ofensas e ampliou o leque das vítimas. Os negros eram "macacos subdesenvolvidos". As mulheres, merecedoras de estupro. Para os homossexuais, ele pregava o extermínio. Esquerdistas, cristãos, judeus e crianças também eram alvo de ataques. Ele distribuía ameaças de morte e, aos poucos, passou a concentrar suas mensagens no site www.silviokoerich.org, motivador da prisão. Até então, ele mudava frequentemente o veículo usado para divulgar suas ideias, o que dificultava o rastreamento.

    Formado em Ciência da Computação pela Universidade Católica de Brasília, Melo também era um hacker habilidoso - e gostava de alardear sua capacidade de fraudar cartões de crédito. Isolado, o jovem seria provavelmente apenas um desajustado inofensivo. Mas, na web, encontrou colegas que compartilhavam sua insanidade - como Emerson Eduardo Rodrigues, o paranaense que também foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira.

    Origem
    Filho de uma funcionária do Serviço de Processamento de Dados (Serpro) da Presidência, Melo perdeu o pai ainda criança. Vivia em um apartamento confortável na Asa Norte, bairro central de Brasília. No colégio onde estudou, era alvo de piadas por causa do sobrepeso e por se encaixar no estereótipo de "nerd".  A vida sem sobressaltos financeiros lhe permitiu uma viagem ao Japão, país pelo qual era aficionado. Quando postou mensagens racistas em um fórum da UnB na internet, ele havia acabado de ser aprovado no curso de Letras - Japonês, que abandonou em seguida.

    O jovem chegou a se submeter a tratamento psiquiátrico. Na primeira condenação, Melo teve a pena abrandada porque o juiz o considerou semi-imputável (apenas parcialmente consciente das consequências de seus atos). Após a sentença, passou a debochar também da Justiça "Fui condenado a três anos de liberdade", postou. Intensificou as ameaças: por mais de uma vez, prometeu promover um massacre na Universidade de Brasília.

    Seu principal alvo eram alunos das Ciências Humanas. Ele teria escolhido até a arma para o crime: o fuzil israelense Uzi - o mesmo usado pelo estudante que matou 32 pessoas na universidade Virginia Tech, nos Estados Unidos, em 2007. Melo é alvo de quase dez queixas na Polícia Civil do Distrito Federal, uma delas por agredir a mãe. Também responde a um segundo processo por racismo, aberto em 2011.

    A defesa alegava insanidade mental, o que deve se repetir agora, com as novas acusações. Ao manter o site que levou à sua prisão, o pregador do ódio desdenhou também da Polícia Federal. Deve pagar o preço pelos próximos anos.

    Por Reinaldo Azevedo

    23/03/2012

    às 17:16

    Os delinquentes da Internet. Ou: Polícia Federal agiu foi tarde; criminosos deveriam estar na cadeia faz tempo!

    A Polícia Federal chegou foi tarde a Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello, que mantinham um site que reunia o incitamento a todo tipo de delinquência que se possa imaginar: violência contra judeus, negros, homossexuais e mulheres; apologia da pedofilia; defesa do estupro e vai por aí. Também pretendiam emprestar aos crimes que estimulavam certo viés ideológico, dizendo-se antiesquerdistas. Teriam até um plano para matar estudantes da UnB. É tal a salada de "causas" que o mais provável é que não passem de dois delinquentes intelectuais e morais sem vínculo com um grupo organizado. E daí? Outros ainda mais idiotas do que eles próprios, movidos por patologias e rancores os mais variados, poderiam tomar o que escreviam como um estímulo para seus crimes. A polícia investiga a hipótese de que tenham mantido contato com Wellington Menezes de Oliveira, o rapaz que matou 12 crianças numa escola em Realengo, no Rio.

    Por que digo que chegou tarde? Faz tempo que denúncias contra esses vagabundos pipocam nas redes sociais. Talvez eles se divertissem com o "sucesso" do seu empreendimento. A Internet, infelizmente, tem este lado perverso: qualquer imbecil pode pôr uma página no ar — quase sempre hospedada no exterior (a deles está na Malásia) —, afirmar as maiores barbaridades e depois se divertir ou com a reação de indignação das pessoas decentes ou com a adesão de outros delinquentes e depravados.

    O Estado ainda precisa se aparelhar para tratar desse tipo de crime. Alega-se falta de legislação específica. Será mesmo? A apologia do crime é… crime! Não há uma só prática defendida pela dupla em seu site que não seja criminosa. Logo… É evidente, no entanto, que a coisa escorrega para uma zona cinzenta, que pode evocar as garantias constitucionais à liberdade de expressão.

    Pois é… Sou, como costumo dizer, aborrecidamente legalista.  Quando o STF, com um voto que ganhou ares verdadeiramente condoreiros do ministro Celso de Mello (e gosto muito dele, deixo claro!), considerou constitucional as tais "marchas da maconha" — tudo em nome da "liberdade de expressão" —, indaguei aqui se aquilo, afinal, não era apologia da droga, incorrendo num crime previsto no Código Penal. Mas prevaleceu a seguinte síntese: é permitido defender a legalização da maconha, mas não consumir a droga durante a passeata. O norte conceitual, pois, é este: fazer a defesa teórica de uma prática considerada crime não pode ser considerado, em si, crime porque o ato está protegido pela liberdade de expressão.

    Vejam como é preciso tomar cuidado com certas considerações, não é? E agora? E no caso desses dois marginais? Estariam eles abrigados pela liberdade de expressão, uma vez que não está caracterizado, até agora ao menos, que praticaram os crimes que defendem e incitam por meio de palavras? PARECE-ME ABSOLUTAMENTE CLARO QUE NÃO!!! A liberdade de expressão não é um valor absoluto!  Critiquei aqui com azedume, certa feita, o Estadão porque publicou um artigo de Vladimir Safatle que lançava um olhar compreensivo para o terrorismo. Ataquei um jornal de ética médica inglês que publicou um artigo defendendo o infanticídio. Muitos objetaram: "Num jornal científico, num debate científico, tudo bem!" Pois é… Eu acho que não está tudo bem, não! Quais são os valores que não aceitamos negociar nem com a liberdade de expressão? Existem? Eu acho que sim!

    Não estou comparando, antes que os cretinos se assanhem, a apologia do uso da maconha com a defesa daqueles outros crimes, feita pelos dois presos. Estou lançando uma outra questão: o que distingue a liberdade de expressão da apologia do crime? Uma coisa é certa: os totalitários (de extrema direita ou de extrema esquerda), os idiotas, os pervertidos e os vigaristas perceberam que é muito fácil usar os fundamentos do estado democrático e de direito para solapar os fundamentos do estado democrático e de direito.

    O debate é longo, é complexo. Não são criminosas apenas as práticas que nós, pessoalmente, consideramos criminosas. É preciso ter um princípio organizador das decisões. O meu é relativamente simples. O que fazer com o sujeito que põe no ar uma página que defende abertamente uma prática caracterizada como criminosa, seja ela qual for? Acho que tem de ser processado pelo estado, e sua página, bloqueada.

    Alguém ainda poderia objetar: "Mas os crimes são diferentes, Reinaldo; têm gravidades distintas". Eu sei. Isso é regulado e arbitrado pela aplicação das penas. O que acho inaceitável é que se condescenda com o "crime menor" em nome da tolerância. Porque, adiante, sempre poderá haver alguém ainda mais "tolerante". A aplicação da lei não deve ser uma questão de gosto, não é?

    Por Reinaldo Azevedo

    23/03/2012

    às 16:08

    A França insegura, o terror e a eleição

    O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a oposição socialista estão — e era fatal que isso acontecesse — explorando eleitoralmente a tragédia de que foi protagonista o terrorista (é o que ele era!) Mohammed Merah. Faz diferença, sim, saber se ele era amador ou profissional porque isso pode indicar ou não uma rede instalada na França, mas, no mérito, tanto faz. Ele era um homem que matava inocentes em nome de sua causa. Terrorista! Pois bem! Sarkozy exacerba o discurso da segurança, com o devido cuidado para não falar, como dizem, "a linguagem do ódio racial". Os socialistas driblam a acusação de ser excessivamente tolerantes com "a diversidade", acusando de negligência os órgãos de segurança. Um equilíbrio delicado para ambos os lados.

    Uma coisa me parece inequívoca: sim, a segurança cochilou. Ou vejamos: Merah tinha um longo histórico de problemas com a polícia. Ok. Até aí, isso não faz de ninguém um potencial terrorista em boa parte do mundo. Em países com forte presença árabe, formando quase um gueto, há que se manter uma situação de alerta. Por quê? Os árabes seriam naturalmente inclinados ao terror? Isso é besteira das grossas! É cretinice preconceituosa. O ponto é outro: os grupos terroristas aliciam seus "soldados" e "mártires", tanto nos países árabes como nos ocidentais, justamente entre os marginais. Os que são conquistados deixam de ser bandidos comuns para ser representantes de uma "luta".

    O ódio ganha a dimensão de uma causa que se estende, como se sabe, além da vida. A grande recompensa, prometem os facínoras, virá depois. Não fazer um estrito monitoramento desses grupos corresponde a negligenciar a segurança do estado e dos cidadãos. Muito bem! O caso de Merah era especialmente eloquente. Os órgãos de segurança da França sabiam que ele tinha viajado ao Paquistão e ao Afeganistão, onde chegou a ser preso. Ainda que se ignorasse que ele tinha empreendido a viagem para fazer "treinamento" — e essa informação, tudo indica, estava nos arquivos —, caberia perguntar: o que alguém com o seu histórico e com o seu perfil buscaria naquela região? Dificilmente seria visita familiar, né? Paquistaneses e afegãos não são árabes. A região não é conhecida por seu apelo turístico. E o mundo inteiro sabe que ali está o ninhal do extremismo islâmico. Dali saem homens para as mais variadas correntes do terror.

    Esse rapaz, então, entra e sai do país, debaixo do nariz (sem alusão pessoal, hein, Sarkô!) das autoridades francesas, e agora vêm as forças de segurança dizer que não tinham como coibir suas ações etc e tal? Então as coisas vão muito mal na França nessa área. Os franceses têm bons motivos para temer por sua segurança. Eu duvido que socialistas, dada a sua histórica dificuldade para lidar com temas de segurança, tivessem feito algo melhor. Que o governo Sarkozy foi negligente, no entanto, isso me parece dado pelo próprios fatos.

    Desdobramento eleitoral
    É evidente que o caso terá desdobramentos eleitorais, e acho que Sarkozy tende a faturar mais com o episódio porque, em situações assim, os ditos "progressistas" — na França, eles se chamam "socialistas" — acabam reféns do próprio discurso. O que quero dizer com isso? Tratam do caso com tantos dedos e senões, para não ofender os árabes em particular e os muçulmanos em geral, que acabam eles próprios fazendo o que acusam seus adversários de fazer: emprestam ao caso a configuração de um conflito entre os imigrantes muçulmanos e descendentes e os brancos franceses" — que ainda são maioria no país. Conta-me um amigo que mora em Paris que os imigrantes ou familiares que estão plenamente integrados à sociedade francesa, e são muitos, acabam simpatizando mais com o discurso de Sarkozy; afinal, não querem ser confundidos com bandidos sectários.

    Por Reinaldo Azevedo

    23/03/2012

    às 14:28

    Comentários

    Caras e caros,
    Não conseguimos fazer mediação de comentários na parte da manhã. Há 511 na fila. Tenham mais um pouquinho de paciência.

    Por Reinaldo Azevedo

    23/03/2012

    às 13:01

    Eu topo dividir com os ricos o controle de nossas florestas, mas exijo dividir com eles o controle de suas empresas

    Não sobrou na Holanda uma só arvorezinha original. Nada! Nadica!Zero! Há florestas, sim, no país — só que plantadas. Elas ocupam 11% do território (pequeno, eu sei, tanto é que eles roubarem um pouquinho do mar, né? No Bananão, é diferente.Temos 61% de nosso território coberto de vegetação nativa. E, como vocês sabem, há alguns aloprados fartamente financiados que querem diminuir a área plantada para fazer mais floresta.

    Traumatizado certamente com a realidade do seu país, o Greenpeace, uma entidade holandesa com ramificações mundo afora, teve uma ideia para o Brasil. Leiam o que informa o Estadão. Volto depois:

    Greenpeace que proibir desmatamento com lei popular

    O Greenpeace lançou ontem em Manaus, a bordo do seu novo navio, Rainbow Warrior 3, a campanha para a criação de uma lei de desmatamento zero no Brasil. O objetivo é juntar 1,4 milhão de assinaturas para propor uma lei de iniciativa popular ao Congresso, a exemplo da Ficha Limpa. "Há um divórcio entre o que a opinião pública quer e o que os seus representantes estão fazendo", diz Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia da ONG.
    O projeto desenhado pelo Greenpeace traz cinco artigos. O primeiro institui o desmatamento zero, "com a proibição da supressão de florestas nativas em todo o território nacional". Mas há exceções. Imóveis rurais de agricultura familiar teriam cinco anos, a partir da data da aprovação da lei, para se adequar. Nesse período, os governos deveriam dar incentivo para essas famílias. A lei também não se aplicaria a questões de segurança nacional, defesa civil, pesquisa, planos de manejo florestal, atividades de interesse social, atividade pública específica e de baixo impacto a serem definidas pelo Executivo. A campanha para colher as assinaturas será feita no próprio navio.
    O diretor executivo da Rio+20, Brice Lalonde, clamou para que o mundo pense como se não tivesse fronteiras durante a conferência. "Temos de pensar no mundo como um só país."

    Voltei
    Ah, entendi! Nossa tarefa é conservar florestas. E a do mundo desenvolvido, suponho, é nos vender manufaturados e até commodities agrícolas… O descaramento dessa gente não tem limites. Quer impor ao nosso país uma lei que não existe em nenhum lugar do mundo.

    Lalonde recupera John Lennon e sonha: imaginemos um mundo sem fronteiras, como um só país. Imagino, sim! Dividiremos com os ricos o controle das nossas florestas, e eles dividem conosco o controle de suas empresas. Parece justo! A gente entra com umas toras preservadas — no sentido mais ecológico dos termos —, e eles nos darão participação em seus potentados econômicos. É justíssimo!

    Por Reinaldo Azevedo

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    1.    Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.    
    2.    Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:    
    3.    Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!    
    4.    Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!    
    5.    Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!    
    6.    Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!    
    7.    Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!    
    8.    Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!    
    9.    Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!    
    10.    Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!    
    11.    Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.    
    12.    Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.














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    Immaculata mea

    In sobole Evam ad Mariam Virginem Matrem elegit Deus Filium suum. Gratia plena, optimi est a primo instanti suae conceptionis, redemptionis, ab omni originalis culpae labe praeservata ab omni peccato personali toto vita manebat.


    Cubra-me

    'A Lógica da Criação'


    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

    Ave-Maria

    A Paixão de Cristo