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O convívio entre os santos
17 maio 2012 Autor: Bíblia Católica | Postado em: Doutrina CatólicaFonte: GaudiumPress
“É pelo amor entre Vós que o mundo conhecerá que sois meus discípulos”. Este axioma precioso e verdadeiro tem sido confirmado ao longo dos 2000 anos da história da Igreja de várias maneiras; por exemplo, através do comportamento dos santos, que são os modelos propostos pela sabedoria da Esposa Mística de Cristo para nossa própria vida.
Com o espírito colocado nesse ponto luminoso da doutrina pregada por Nosso Senhor Jesus Cristo, consideremos alguns fatos da vida dos santos. Já de início toda a nova doutrina e consequente modo de viver ensinado pelo Divino Mestre no que diz respeito ao relacionamento humano, transforma profundamente a mentalidade do mundo antigo. Que deus da antiguidade chamava seus adoradores de amigos? Ao contrário, os deuses pagãos sempre eram concebidos pelos seus seguidores como seres prepotentes, egoístas e que muitas vezes padeciam das mesmas e diversas paixões desregradas do ser humano, tendo com seus seguidores um trato rude, exigindo-lhes sacrifícios de sangue.
Quando Nosso Senhor Jesus Cristo apareceu sobre a terra foi tal a transformação que o mundo sofreu, que, até hoje, se torna difícil fazer uma idéia de como era o mundo antes dEle. Só Ele, o verdadeiro Deus, é que pôde dizer: “Não mais vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.” Dando o exemplo mais sublime que se poderia dar, o de um Deus que ama os seus adoradores a ponto de torná-los seus amigos e até irmãos, dar sua própria Mãe para que fosse também Mãe de cada um deles, e até dar sua vida pelos seus adoradores, era compreensível e aceitável que Ele recomendasse como norma de conduta: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”
Esse exemplo divino foi seguido com toda a integridade e brilho por Maria Santíssima. Os evangelistas foram muito comedidos em comentar sua vida, mas sabe-se que a visita a Santa Isabel foi um refulgir do amor de Deus que transbordou do coração de Maria. A intervenção preocupada dEla nas bodas de Caná, livrando os noivos de uma dificuldade, e muitos outros atos de amor ao próximo que terão sido praticados por Ela e dos quais só na eternidade teremos conhecimento, constituem as pegadas douradas deixadas por Ela sobre as de Seu Divino Filho.
Felizmente para nossa edificação, a vida de muitos outros santos que seguiram os passos do Jesus Cristo Nosso Senhor é conhecida em detalhes. Por exemplo, a vida de São Francisco de Assis.
Conta-se no “Fioretti”, livro com muitos fatinhos da vida do Poverello, que estando ele no início da obra para a qual Deus o havia chamado, chorava tanto durante a oração – por pura compaixão ao considerar os sofrimentos do Divino Redentor – e esta era tão prolongada que, em consequência, ficou quase cego. E um dia foi distrair-se com o irmão Bernardo, seu primeiro discípulo.
Chegado ao local onde este costumava orar, chamou-o por três vezes, sem obter resposta. Um pouco abatido, porque considerou que o Irmão não queria falar-lhe, retirou-se. Estando a caminho de volta, o Senhor lhe revelou que o Ir. Bernardo estava, naquele momento, em alta contemplação conversando com Deus, e que, por isso, não o havia ouvido. S. Francisco voltou então e chamando o Ir. Bernardo confessou humildemente que havia pensado mal dele, pedindo-lhe perdão.
Por seu lado, a admiração que este discípulo manifestava por seu fundador era tão grande que ele nem queria ouvir o pedido de perdão. Mas S. Francisco, radicalmente, ordena-lhe em nome da santa obediência, que, por aquele mal pensamento, o Irmão Bernardo pisasse por três vezes sobre seu pescoço e sua boca dizendo: “Aguenta aí, vilão, filho de Pedro Bernardone, de onde te vem tanta soberba, sendo a mais vil das criaturas?”
Obedecendo da maneira mais delicada possível o Ir. Bernardo executa a ordem. A seguir pede ele a S. Francisco que, por caridade, lhe prometesse algo: que sempre que estivessem juntos o repreendesse e corrigisse asperamente por seus defeitos. S. Francisco, que o tinha por homem muito virtuoso e santo, daí em diante passou a falar com ele o mínimo possível, porque não queria corrigir aquele a quem considerava maior e mais santo que si.
Um outro fato muito edificante deu-se entre S. Francisco e Santa Clara. É fato muito conhecido que ela foi atraída à vida religiosa por ele e renunciou a uma situação cômoda no meio das riquezas, para abraçar a vocação franciscana. Apesar de ter sempre palestras e reuniões com S. Francisco para que ficar bem formada no espírito da Ordem, ela manifestava o desejo de, um dia, partilhar uma refeição com seu pai espiritual. Ele, por sua vez, por temor de dar-se a si mesmo esse deleite, sempre o negava. Seus irmãos e discípulos intecederam a favor dela e instaram que atendesse o pedido da pobre dama, uma vez que ela tinha renunciado a tudo por amor a Deus e era tão santa. S. Francisco, muito cordato, concordou: “Parece-vos que devo concordar? Se vos parece que sim, também a mim parece.” Convidou-a então a almoçar com ele em Santa Maria dos Anjos, a igreja onde ela havia feito seus votos e onde tinha cortado seus cabelos, símbolo de sua entrega total a Deus. No dia combinado, lá foi ela felicíssima, acompanhada de uma irmã. A pobre refeição foi servida, sentando-se à mesa S. Francisco e Santa Clara, sua irmã e um outro frade. Todos os demais frades da comunidade se aproximaram da mesa para acompanhar a refeição. Tão logo os comensais começaram a falar das coisas de Deus com suavidade, alegria e elevação, eles mesmos e todos os que assistiam foram tomados pela abundância da graça divina e ficaram extasiados em Deus. As pessoas de longe perceberam que a casa e o bosque ao lado pareciam arder em chamas e muitos ali acorreram, temendo que fosse um incêndio. Nada, porém, encontraram que justificasse tanta luz, apenas um conjunto de santos que, com fisionomias alegres e embevecidas, se entretinham num êxtase comum e com isso glorificavam o Senhor.
A consideração desses singelos episódios não nos trazem alívio e consolação? São manifestações de personalidades inocentes, despretensiosas, tão distantes das preocupações do mundo, que já vivem a atmosfera do céu.
Rir-se-á, talvez, algum incrédulo materialista, dizendo: “Quimeras! O mundo não é isso! É preciso trabalhar, ganhar dinheiro, progredir!” E de dentro do quadro medieval, um dos castos personagens poderia lhe perguntar: “Mas, a que preço?” E, se por um segundo o materialista tivesse a consciência reta, resmungaria: “Ao preço de uma escravidão às paixões e vícios por toda a vida, e depois uma eternidade desgraçada, de escravidão ao demônio.”
Por Ângela Tomé.
“É pelo amor entre Vós que o mundo conhecerá que sois meus discípulos”. Este axioma precioso e verdadeiro tem sido confirmado ao longo dos 2000 anos da história da Igreja de várias maneiras; por exemplo, através do comportamento dos santos, que são os modelos propostos pela sabedoria da Esposa Mística de Cristo para nossa própria vida.
Com o espírito colocado nesse ponto luminoso da doutrina pregada por Nosso Senhor Jesus Cristo, consideremos alguns fatos da vida dos santos. Já de início toda a nova doutrina e consequente modo de viver ensinado pelo Divino Mestre no que diz respeito ao relacionamento humano, transforma profundamente a mentalidade do mundo antigo. Que deus da antiguidade chamava seus adoradores de amigos? Ao contrário, os deuses pagãos sempre eram concebidos pelos seus seguidores como seres prepotentes, egoístas e que muitas vezes padeciam das mesmas e diversas paixões desregradas do ser humano, tendo com seus seguidores um trato rude, exigindo-lhes sacrifícios de sangue.
“É pelo amor entre Vós que o mundo conhecerá que sois meus discípulos”. |
Esse exemplo divino foi seguido com toda a integridade e brilho por Maria Santíssima. Os evangelistas foram muito comedidos em comentar sua vida, mas sabe-se que a visita a Santa Isabel foi um refulgir do amor de Deus que transbordou do coração de Maria. A intervenção preocupada dEla nas bodas de Caná, livrando os noivos de uma dificuldade, e muitos outros atos de amor ao próximo que terão sido praticados por Ela e dos quais só na eternidade teremos conhecimento, constituem as pegadas douradas deixadas por Ela sobre as de Seu Divino Filho.
Felizmente para nossa edificação, a vida de muitos outros santos que seguiram os passos do Jesus Cristo Nosso Senhor é conhecida em detalhes. Por exemplo, a vida de São Francisco de Assis.
São Francisco de Assis |
Chegado ao local onde este costumava orar, chamou-o por três vezes, sem obter resposta. Um pouco abatido, porque considerou que o Irmão não queria falar-lhe, retirou-se. Estando a caminho de volta, o Senhor lhe revelou que o Ir. Bernardo estava, naquele momento, em alta contemplação conversando com Deus, e que, por isso, não o havia ouvido. S. Francisco voltou então e chamando o Ir. Bernardo confessou humildemente que havia pensado mal dele, pedindo-lhe perdão.
Por seu lado, a admiração que este discípulo manifestava por seu fundador era tão grande que ele nem queria ouvir o pedido de perdão. Mas S. Francisco, radicalmente, ordena-lhe em nome da santa obediência, que, por aquele mal pensamento, o Irmão Bernardo pisasse por três vezes sobre seu pescoço e sua boca dizendo: “Aguenta aí, vilão, filho de Pedro Bernardone, de onde te vem tanta soberba, sendo a mais vil das criaturas?”
Obedecendo da maneira mais delicada possível o Ir. Bernardo executa a ordem. A seguir pede ele a S. Francisco que, por caridade, lhe prometesse algo: que sempre que estivessem juntos o repreendesse e corrigisse asperamente por seus defeitos. S. Francisco, que o tinha por homem muito virtuoso e santo, daí em diante passou a falar com ele o mínimo possível, porque não queria corrigir aquele a quem considerava maior e mais santo que si.
Santa Clara de Assis |
A consideração desses singelos episódios não nos trazem alívio e consolação? São manifestações de personalidades inocentes, despretensiosas, tão distantes das preocupações do mundo, que já vivem a atmosfera do céu.
Rir-se-á, talvez, algum incrédulo materialista, dizendo: “Quimeras! O mundo não é isso! É preciso trabalhar, ganhar dinheiro, progredir!” E de dentro do quadro medieval, um dos castos personagens poderia lhe perguntar: “Mas, a que preço?” E, se por um segundo o materialista tivesse a consciência reta, resmungaria: “Ao preço de uma escravidão às paixões e vícios por toda a vida, e depois uma eternidade desgraçada, de escravidão ao demônio.”
Por Ângela Tomé.
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