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Na solenidade dos santos Pedro e Paulo, Bento XVI encorajou a comunidade cristã a continuar ao longo do caminho de salvação inaugurado com o martírio dos padroeiros da Cidade de Roma. Do seu testemunho, o Papa falou durante o Angelus do dia 29 de Junho, com os fiéis reunidos na praça de São Pedro.
Estimados irmãos e irmãs
Celebramos com alegria a solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, uma festa que acompanha a história bimilenária do povo cristão. Eles são chamados colunas da Igreja nascente. Testemunhas insignes da fé, dilataram o Reino de Deus com os seus diversos dons e, a exemplo do Mestre divino, selaram com o sangue a sua pregação evangélica. O seu martírio é sinal de unidade da Igreja, como diz santo Agostinho: "Um único dia é consagrado à festa dos dois Apóstolos. Mas também eles eram um só. Não obstante tenham sido martirizados em dias diferentes, eram um só. Pedro precedeu, Paulo seguiu" (Disc. 295, 8: PL 38, 1352). Do sacrifício de Pedro são um sinal eloquente a Basílica Vaticana e esta Praça, tão importantes para a cristandade. Também do martírio de Paulo permanecem vestígios significativos na nossa Cidade, especialmente a Basílica a ele dedicada na Via Ostiense. Roma traz inscritos na sua história os sinais da vida e da morte gloriosa do humilde Pescador da Galileia e do Apóstolo das nações, que justamente escolheu como Padroeiros. Fazendo memória do seu testemunho luminoso, nós recordamos os primórdios venerandos da Igreja que em Roma crê, reza e anuncia Cristo Redentor. Contudo, os Santos Pedro e Paulo brilham não só no céu de Roma, mas também no coração de todos os fiéis que, iluminados pelo seu ensinamento e pelo seu exemplo, em todas as partes do mundo caminham pela senda da fé, da esperança e da caridade. Neste caminho de salvação a comunidade cristã, sustentada pela presença do Espírito do Deus vivo, sente-se encorajada a continuar forte e serena ao longo do caminho da fidelidade a Cristo e do anúncio do seu Evangelho aos homens de todos os tempos. É neste fecundo itinerário espiritual e missionário que se insere também a entrega do Pálio aos Arcebispos Metropolitanos, que realizei hoje de manhã na Basílica. Um rito sempre eloquente, que põe em evidência a comunhão íntima dos Pastores com o Sucessor de Pedro e o vínculo profundo que nos vincula à tradição apostólica. Trata-se de um dúplice tesouro de santidade, no qual se fundem a unidade e a catolicidade da Igreja: um tesouro precioso que se deve redescobrir e viver com entusiasmo renovado e com compromisso constante. Caros peregrinos, que viestes de todas as parte do mundo! Neste dia de festa, oremos com as expressões da Liturgia oriental: "Louvados sejam Pedro e Paulo, estas duas luzes grandiosas da Igreja; eles brilham no firmamento da fé". Neste clima, desejo dirigir um pensamento especial à Delegação do Patriarcado de Constantinopla que, como todos os anos, veio para participar nestas nossas celebrações tradicionais. A Virgem Santa conduza todos os fiéis em Cristo rumo à meta da plena unidade!
No final, o Papa saudou em várias línguas os grupos presentes, proferindo estas expressões em português.
Uma saudação especial para os Arcebispos do Brasil e de Angola que acabaram de receber o Pálio e também para os familiares e amigos que os acompanham. À Virgem Maria confio vossas vidas, famílias e dioceses, para todos implorando o dom do amor e da unidade sobre a rocha de Pedro.
(©L'Osservatore Romano - 7 de julho de 2012)
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Com uma homilia tão bonita quão profunda - que vai muito além da eventualidade, mas naturalmente a ilumina - Bento XVI celebrou a festa dos apóstolos Pedro e Paulo. Circundado segundo o costume pelos arcebispos metropolitanos aos quais entregou o pálio (provenientes este ano de vinte e duas Nações dos cinco continentes) e na presença de uma delegação da Igreja irmã de Constantinopla, numa basílica na qual se elevaram os cânticos maravilhosos do coro anglicano da Westminster Abbey juntamente com os da Sistina.
Não podia haver uma imagem mais eloquente da dimensão católica e ecuménica (dois sinónimos, não só etimologicamente) da Igreja e da fraternidade cristã que ela expressa. Uma fraternidade - tema já apreciado pelo jovem Ratzinger - que o Papa apresentou desta vez falando dos dois padroeiros principais da cidade, os nova sidera celebrados na segunda metade do século IV por Dâmaso. Como explicou Bento XVI, os dois apóstolos substituem não só as figuras míticas de Rómulo e Remo mas invertem a imagem trágica de Caim e Abel inaugurando "um novo modo de ser irmãos" tornado possível por Cristo.
Esta é a nova fraternidade cristã que Pedro e Paulo realizaram, inseparáveis "porque humanamente bastante diferentes um do outro e não obstante no seu relacionamento não tenham faltado conflitos", quis realçar o Papa em perfeita sintonia com os dados históricos da tradição cristã. Um profundo realismo teológico que Bento XVI aplicou logo a seguir à figura de Pedro, por graça de Deus pedra e rocha, isto é, "fundamento visível sobre o qual está construído todo o edifício espiritual da Igreja". Mas este mesmo discípulo "que, por dom de Deus, pode tornar-se rocha sólida, manifesta-se também - insistiu o Pontífice - por aquilo que é, na sua debilidade humana": uma pedra angular à qual o Senhor pede para o seguir.
É esta a cena principal que antecipa e ilumina segundo Bento XVI o drama histórico do papado: fundamento da Igreja "graças à luz e à força que provêm do alto", luz e força que, sozinhas, podem transformar aquela "debilidade dos homens" presente ao longo dos séculos na própria Igreja. Mas estas debilidades e imperfeições que o Papa conhece e das quais se ocupa em primeira pessoa - não podem deixar de voltar à mente neste momento as palavras urgentes sobre a sujidade na Igreja pronunciadas pelo cardeal Ratzinger durante a Via-Sacra que presidiu em nome de João Paulo II pouco antes de ser eleito seu sucessor - o olhar de Bento XVI está fixo na promessa de Cristo de que o mal não terá a última palavra.
Promessa contida naquele non praevalebunt que Jesus dirige não ocasionalmente ao próprio Pedro e que o Papa já detecta na narração da vocação do profeta Jeremias. Com palavras de esperança que tranquilizam o primeiro dos apóstolos em relação ao futuro da Igreja. Palavras que se prolongam por "todos os tempos".
(©L'Osservatore Romano - 7 de julho de 2012)
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Angelus da solenidade dos santos Pedro e Paulo
Quando o martírio é sinal de unidade da Igreja
Na solenidade dos santos Pedro e Paulo, Bento XVI encorajou a comunidade cristã a continuar ao longo do caminho de salvação inaugurado com o martírio dos padroeiros da Cidade de Roma. Do seu testemunho, o Papa falou durante o Angelus do dia 29 de Junho, com os fiéis reunidos na praça de São Pedro.
Estimados irmãos e irmãs
Celebramos com alegria a solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, uma festa que acompanha a história bimilenária do povo cristão. Eles são chamados colunas da Igreja nascente. Testemunhas insignes da fé, dilataram o Reino de Deus com os seus diversos dons e, a exemplo do Mestre divino, selaram com o sangue a sua pregação evangélica. O seu martírio é sinal de unidade da Igreja, como diz santo Agostinho: "Um único dia é consagrado à festa dos dois Apóstolos. Mas também eles eram um só. Não obstante tenham sido martirizados em dias diferentes, eram um só. Pedro precedeu, Paulo seguiu" (Disc. 295, 8: PL 38, 1352). Do sacrifício de Pedro são um sinal eloquente a Basílica Vaticana e esta Praça, tão importantes para a cristandade. Também do martírio de Paulo permanecem vestígios significativos na nossa Cidade, especialmente a Basílica a ele dedicada na Via Ostiense. Roma traz inscritos na sua história os sinais da vida e da morte gloriosa do humilde Pescador da Galileia e do Apóstolo das nações, que justamente escolheu como Padroeiros. Fazendo memória do seu testemunho luminoso, nós recordamos os primórdios venerandos da Igreja que em Roma crê, reza e anuncia Cristo Redentor. Contudo, os Santos Pedro e Paulo brilham não só no céu de Roma, mas também no coração de todos os fiéis que, iluminados pelo seu ensinamento e pelo seu exemplo, em todas as partes do mundo caminham pela senda da fé, da esperança e da caridade. Neste caminho de salvação a comunidade cristã, sustentada pela presença do Espírito do Deus vivo, sente-se encorajada a continuar forte e serena ao longo do caminho da fidelidade a Cristo e do anúncio do seu Evangelho aos homens de todos os tempos. É neste fecundo itinerário espiritual e missionário que se insere também a entrega do Pálio aos Arcebispos Metropolitanos, que realizei hoje de manhã na Basílica. Um rito sempre eloquente, que põe em evidência a comunhão íntima dos Pastores com o Sucessor de Pedro e o vínculo profundo que nos vincula à tradição apostólica. Trata-se de um dúplice tesouro de santidade, no qual se fundem a unidade e a catolicidade da Igreja: um tesouro precioso que se deve redescobrir e viver com entusiasmo renovado e com compromisso constante. Caros peregrinos, que viestes de todas as parte do mundo! Neste dia de festa, oremos com as expressões da Liturgia oriental: "Louvados sejam Pedro e Paulo, estas duas luzes grandiosas da Igreja; eles brilham no firmamento da fé". Neste clima, desejo dirigir um pensamento especial à Delegação do Patriarcado de Constantinopla que, como todos os anos, veio para participar nestas nossas celebrações tradicionais. A Virgem Santa conduza todos os fiéis em Cristo rumo à meta da plena unidade!
No final, o Papa saudou em várias línguas os grupos presentes, proferindo estas expressões em português.
Uma saudação especial para os Arcebispos do Brasil e de Angola que acabaram de receber o Pálio e também para os familiares e amigos que os acompanham. À Virgem Maria confio vossas vidas, famílias e dioceses, para todos implorando o dom do amor e da unidade sobre a rocha de Pedro.
(©L'Osservatore Romano - 7 de julho de 2012)
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A fraternidade cristã
GIOVANNI MARIA VIAN
Com uma homilia tão bonita quão profunda - que vai muito além da eventualidade, mas naturalmente a ilumina - Bento XVI celebrou a festa dos apóstolos Pedro e Paulo. Circundado segundo o costume pelos arcebispos metropolitanos aos quais entregou o pálio (provenientes este ano de vinte e duas Nações dos cinco continentes) e na presença de uma delegação da Igreja irmã de Constantinopla, numa basílica na qual se elevaram os cânticos maravilhosos do coro anglicano da Westminster Abbey juntamente com os da Sistina.
Não podia haver uma imagem mais eloquente da dimensão católica e ecuménica (dois sinónimos, não só etimologicamente) da Igreja e da fraternidade cristã que ela expressa. Uma fraternidade - tema já apreciado pelo jovem Ratzinger - que o Papa apresentou desta vez falando dos dois padroeiros principais da cidade, os nova sidera celebrados na segunda metade do século IV por Dâmaso. Como explicou Bento XVI, os dois apóstolos substituem não só as figuras míticas de Rómulo e Remo mas invertem a imagem trágica de Caim e Abel inaugurando "um novo modo de ser irmãos" tornado possível por Cristo.
Esta é a nova fraternidade cristã que Pedro e Paulo realizaram, inseparáveis "porque humanamente bastante diferentes um do outro e não obstante no seu relacionamento não tenham faltado conflitos", quis realçar o Papa em perfeita sintonia com os dados históricos da tradição cristã. Um profundo realismo teológico que Bento XVI aplicou logo a seguir à figura de Pedro, por graça de Deus pedra e rocha, isto é, "fundamento visível sobre o qual está construído todo o edifício espiritual da Igreja". Mas este mesmo discípulo "que, por dom de Deus, pode tornar-se rocha sólida, manifesta-se também - insistiu o Pontífice - por aquilo que é, na sua debilidade humana": uma pedra angular à qual o Senhor pede para o seguir.
É esta a cena principal que antecipa e ilumina segundo Bento XVI o drama histórico do papado: fundamento da Igreja "graças à luz e à força que provêm do alto", luz e força que, sozinhas, podem transformar aquela "debilidade dos homens" presente ao longo dos séculos na própria Igreja. Mas estas debilidades e imperfeições que o Papa conhece e das quais se ocupa em primeira pessoa - não podem deixar de voltar à mente neste momento as palavras urgentes sobre a sujidade na Igreja pronunciadas pelo cardeal Ratzinger durante a Via-Sacra que presidiu em nome de João Paulo II pouco antes de ser eleito seu sucessor - o olhar de Bento XVI está fixo na promessa de Cristo de que o mal não terá a última palavra.
Promessa contida naquele non praevalebunt que Jesus dirige não ocasionalmente ao próprio Pedro e que o Papa já detecta na narração da vocação do profeta Jeremias. Com palavras de esperança que tranquilizam o primeiro dos apóstolos em relação ao futuro da Igreja. Palavras que se prolongam por "todos os tempos".
(©L'Osservatore Romano - 7 de julho de 2012)
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