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    terça-feira, 23 de abril de 2013

    São Jorge – a história de um santo muito amado



    Augusto d… · Correspondências · Enviar ·
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    Augusto de Piabetá: São Jorge – a história de um santo muito amado







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    São Jorge – a história de um santo muito amado
    Por Paulo Ricardo em 23/04/2013


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    Imagem do site http://dashinvaine.deviantart.com
    E aí meu povo!
    Estamos na data em que se celebra a festa litúrgica de um dos santos mais populares do Brasil. Por isso, vamos dedicar esse post para falarmos de São Jorge. Aêêêêê!!!!!
    A origem do nome
    São Jorge nasceu no século III, na Capadócia – atual Turquia – de origem romana. Seu nome original do santo é Georgius. Jorge vem de geos (terra) e orge (cultivar) que significa, literalmente, cultivando a terra. Outras origens de seu nome podem ser:
    a junção dos termos gerar (“sagrado”) e gyon (areia), o que nos dá “Areia Sagrada”;
    o termo gyon pode ainda assumir o significado de “luta”, o que mudaria o significado anterior para “Lutador Sagrado”;
    por fim, o nome Jorge viria da junção de outros três termos gero, gír e ys(Gerogírys) onde gero = “peregrino”, gír = “cortado” e ys = “conselheiro”, pois Jorge foi peregrino por seu desprezo ao mundo, foi cortado em seu martírio foi e conselheiro na prédica do Reino de Deus.
    A vida de São Jorge
    O Concílio de Nicéia considerou a legenda de São Jorge apócrifa, pois vários fatos relatados são discrepantes e impossíveis de serem confirmados como verídicos. Assim nos relata Jacoppo em sua Legenda Áurea e, de fato, não há muito como mudar essa situação, em virtude da carência de fontes.
    Mas o importante é saber que São Jorge realmente existiu e foi um grande exemplo de vida cristã, muito embora não seja mais possível resconstruir todos os seus passos sobre a terra, como podemos fazer com certa facilidade com outros grandes santos antigos, como São Cipriano e Santo Agostinho. Que falta fazia um Power Point no século III, não é, meus amigos?
    São Jorge era um tribuno romano. As fontes antigas dizem que ele teria sido martirizado na cidade persa de Diáspolis, chamada anteriormente de Lida, perto de outra cidade persa chamada Jope. Essa é a versão do calendário de São Beda (em breve, aqui nO Catequista, mais detalhes sobre a vida desse outro grande santo). Outras versões dizem que seu martírio ocorreu sob os imperadores Dioclesiano (sem a participação dele) e Maximiano. Outros dizem ainda que teria sido sob o Governador Daciano, nos tempos de Dioclesiano e Maximiano.
    A lenda do dragão
    Essa é a parte que o povo gosta. Foi certa vez, em Silena, cidade da província romana da Líbia, que um dragão chamado Kadafi …não, não, desculpem essa é uma outra história. Mas vamos continuar na Líbia. Às margens de um lago grande como um mar escondia-se uma enorme e pestilento dragão, que aterrorizava a população local.

    A donzela salva pelo santo, segundo a lenda. Detalhe de pintura de Jost Haller
    Para impedí-lo de procurar alimentos na cidade, os moradores ofereciam em holocausto à fera um tributo de duas ovelhas por dia. Mas em pouco tempo passou a faltar ovelhas e, para compensar o bicho, que deveria ser chamado de Imposto de Renda, passaram a oferecer uma ovelha e um humano – um rapaz ou uma moça. Só que, depois de algum tempo, também passou a faltar gente, e o sorteio designou a filha do rei para ser entregue ao monstro.
    Desesperado o rei implorou ao povo que não oferecesse ao dragão sua filha, só que o povo manteve-se irredutível. O rei apenas conseguiu um prazo de oito dias para prantear sua amada filha. Depois desse período, nada podendo fazer, contra a turba enlouquecida, o rei entregou sua filha ao seu destino e ela dirigiu-se ao lago onde habitava a fera.
    Um certo Jorge passava casualmente pelo local e viu a jovem princesa chorando às margens do lago. Ao longe, a galera, como não podia deixar de ser, esperava para ver o bicho vir cobrar seu tributo (devia ter gente vendendo pipoca e cachorro-quente). A jovem avisou ao Santo que ele deveria sair correndo o mais rápido possível dali. São Jorge insistiu para que ela explicasse o quê estava acontecendo, enquando isso, o monstro surgiu, vindo de dentro do lago. O Guerreiro montou em seu cavalo, fez o sinal da cruz e, recomendando-se a Deus, atingiu o monstro na cabeça com força, fazendo-o cair no chão.
    Em seguida, Jorge mandou que a princesa colocasse seu cinto no pescoço do dragão, sem medo. Depois disso, o bicho começo a segui-la como segue um cão manso, seu cinto servindo de coleira guia. Ambos então foram para a cidade, e o povo entrou em pânico ao ver o cavaleiro, a dama e o dragão. São Jorge tratou de acalmá-los, exortando as pessoas a aceitarem o Salvador através do batismo. A cidade toda o fez. Fato consumado, em seguida, São Jorge matou o dragão. Sem contar mulheres e crianças, 20 mil homens foram batizados.
    Em homenagem a Maria e ao beato Jorge, o Rei mandou construir na cidade uma enorme igreja, sob cujo altar surgiu uma fonte de água curativa para todos os enfermos. O rei ofereceu a São Jorge muito dinheiro, mas o santo não aceitou e mandou que o rei o distribuisse aos pobres. Ao rei, Jorge deixou ainda quatro conselhos: cuidas das igrejas, honrar os padres, ouvir com atenção o ofício divino e nunca esquecer os pobres. Em seguida, beijou o rei e foi embora.
    As perseguições romanas
    O governador Daciano, nos tempos de Dioclesiano, em apenas um mês, martirizou 17 mil cristãos (falem mesmo da inquisição, papagaios de pirata!). Esse massacre seria muito maior se não tivesse havido muitos abjurações, em que cristãos amendrontados sacrificaram aos ídolos pagãos, como era a vontade do Imperador.
    São Jorge ficou consternado com o que via. Distribuiu tudo que possuía, trocou suas vestes de tribuno pelas humildes vestes dos cristãos e chamou os deuses romanos de demônios, o que enfureceu o Governador puxa-saco. Jorge identificou-se a Daciano como vindo de nobre estirpe da Capadócia, que, com a ajuda de Deus, havia submetido a Palestina, mas que deixaria tudo para seguir ao Deus do Cristo.

    A tortura de São Jorge. Detalhe de pintura de Michael de Coxcien (séc. XVI)
    Daciano mostrou toda a sua “civilidade” romana ao ouvir a declaração de Jorge. Mandou-o suspender no potro (um instrumento de tortura romano que recebeu esse nome por ser parecido com um cavalo) e que seus membro fossem dilacerados com garfos de ferro. Para complementar, mandou ainda que Jorge fosse queimado com tochas e suas feridas salgadas. Na noite seguinte, o Senhor apareceu a São Jorge e o confortou de forma tal que os tormentos pelos quais passou pareciam não ter acontecido, pois mesmo alquebrado, Jorge permanecia fiel e sereno.
    Um mágico foi convocado por Daciano, que julgava que os cristãos, na verdade, eram embusteiros, como ele o era (mais ou menos um ancestral debilóide de Richard Dawkins, que é outro debilóide). O mágico prometeu ao governador que dobraria São Jorge ou perderia sua cabeça (literalmente). Envenenou vinho e deu para São Jorge beber. Fazendo o sinal da cruz sobre a bebida, o santo a tomou e nada lhe aconteceu. O mago se lançou aos pés de Jorge e pediu para tornar-se cristão. Foi decapitado em seguida.
    A “farra” de Daciano continuou. Jorge foi colocado na roda de espadas, que quebrou e nada lhe ocorreu. Foi mergulhado em um caldeirão de chumbo derretido e retirado de lá como quem sai de um banho quente.
    Daciano viu que, pela porrada, não dava. Então, tentou comprar Jorge e, com mansidão, procurou convertê-lo ao paganismo. Fingindo entrar no seu jogo, Jorge concordou. A cidade então compareceu ao templo para ver o impenitente abjurar. São Jorge então caiu de joelhos e pediu a Deus que castigasse os pagãos. O templo, seus deuses e seus altares foram destruídos por uma chuva de enxofre e os sacerdotes quedaram mortos.
    A rainha Alexandrina, esposa de Daciano, vendo o sofrimento de Jorge e as crueldades de seu marido, resolveu abraçar a cruz, o que lhe custou a vida. Seu marido mandou pendurá-la pelos cabelos e surrá-la duramente. Durante esse martírio, temeu Alexandrina o fato de não ter sido banhada nas águas batismais. Jorge acalmou-lhe o coração e disse-lhe que seu sangue mártir seria seu batismo. E assim foi.


    São Jorge sendo decapitado. Afresco na igreja de S. Jorge, em Al Khader, perto de Belém

    A Morte de São Jorge
    No dia seguinte à morte de Alexandrina, Jorge foi condenado pelo governador a ser arrastado por toda a cidade e, ao final, ser decapitado.
    Ele orou a Deus pedindo que todos aqueles que implorassem pedindo a assistência divina, por onde ele passasse teriam seus pedidos atendidos. A voz divina concedeu o seu pedido. Terminada a horrenda tortura, São Jorge teve a cabeça decapitada. Era o ano de Nosso Senhor de 247.
    Daciano não ficou sem castigo: nesse mesmo dia, o fogo do céu caiu sobre ele e sobre sua guarda pessoal, matando-os instantaneamente.
    São Jorge Guerreiro, rogai por nós!
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    10 comments to São Jorge – a história de um santo muito amado
    Leide
    abril 23, 2013 at 11:54 am · Reply
    Bom dia a todos, a Paz de Jesus e o Amor de Maria!
    Gostaria de perguntar se vocês sabem de onde vem todo o sincretismo envolvendo o nome de São Jorge. Quando eu era mais nova as vezes eu ficava em duvida se ele era realmente um santo catolico, por que as vezes viu sua imagem associada a coisas nada catolicas, diga se de passagem.
    Acompanho o blog todos os dias, e o Historiador Paulo Ricardo é uma grande inspiração pra mim, que sempre amei história, e agora aprendo cada vez mais sobre a história da nossa Amada Igreja verdadeira e única.
    Tudo com Jesus! Nada sem Maria!
    A Catequista
    abril 23, 2013 at 12:04 pm · Reply
    Oi, Leide!
    A Paz de Jesus e o Amor de Maria! Bem, esse sincretismo que vc cita ocorreu não só com São Jorge, mas tb com diversos santos católicos aqui no Brasil. Os seguidores das religiões de culto aos orixás, na época do Brasil-colônia, iniciaram esse fenômeno sincrético. Em parte, podemos dizer que eles tinham lá as suas razões para fazer isso, já que os seus senhores muitas vezes os proibiam de prestar culto aos orixás. Então, eles deram um “jeitinho”: quando prestavam culto a um santo católico, na verdade, estavam secretamente pensando em um Orixá “correspondente”. Dessa forma, quando rezavam a São Jorge, queriam mesmo era se dirigir a Ogum.
    E, com o passar do tempo, as coisas se confundiram ainda mais. Mesmo estando libertos, e já não sendo socialmente obrigados a serem cristãos “de fachada”, os umbandistas e candomblecistas já haviam absorvido o sincretismo em suas práticas, de modo que já não queriam se desvincular do catolicismo, nem tampouco abrir mão do paganismo.
    Max Rodrigues
    abril 23, 2013 at 12:56 pm · Reply
    Eu tive uma idéia sobre essa questão, também. Minha ex-namorada quando foi comprar a imagem de Santo Agostinho, disseram a ela que ele não tem orixá, eu julguei que isso se deve ao facto de Santo Agostinho não ser muito conhecido, já que seu grande trabalho se deve as obras intelectuais.
    Leide
    abril 23, 2013 at 12:18 pm · Reply
    Puxa!Deve ser dai que vem aquela expressão, acender uma vela pra Deus e outra pro encardido,rsrs.
    Muito boa a explicação, agora faz todo sentido,até Nossa Senhora passou a ser associada aos orixas.
    Muito obrigada!
    Rafael
    abril 23, 2013 at 1:20 pm · Reply
    Bela história do santo, achava que São Jorge não era santo católico, devido a essa lenda absurda do dragão e também o sincretismo. Mas continuo não acreditando nunca na lenda do dragão.
    A Catequista
    abril 23, 2013 at 1:26 pm · Reply
    Rafael,
    A lenda do dragão é só isso mesmo: uma lenda.
    Sidnei
    abril 23, 2013 at 2:01 pm · Reply
    O dragão podemos identificar como sendo o próprio diabo, já que as Sagradas Escrituras, sobre tudo, o livro do Apocalipse, diz que o diabo é identificado com o dragão que persegue a mulher no capítulo 12 deste livro. Assim como São Jorge enfrentou o dragão, ou seja, o diabo, nas pessoas dos perseguidores cristãos daquela época, assim nós também temos que lutar contra os dragões de nossos dias, que nos assolam com toda sorte de perseguições, tentações e embustes de todos os lados, não mais vestindo qualquer armadura de combatente, mas, nos disseres de São Paulo:
    “11. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio.
    12. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares.
    13. Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever.
    14. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça,
    15. e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz.
    16. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno.
    17. Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus.(Ef. 6,11-17)
    Paulo Ricardo
    abril 23, 2013 at 4:02 pm · Reply
    É, realmente a lenda parece ter sido construída sob esses princípios.
    nilta alves oliveira
    abril 23, 2013 at 2:08 pm · Reply
    Se a história do dragão é uma lenda ,porque a imagem de São Jorge aparece sobre um dragão?
    Paulo Ricardo
    abril 23, 2013 at 4:14 pm · Reply
    Porque é assim que se propagou a lenda do guerreiro. Remeta ao início do post. O concílio de Nicéia considerou a lenda apócrifa. A imagem tem muito a ver com o comentário do Sidnei. O que importa é a simbologia. Observe com atenção o comentário dele a respeito da simbologia. Às vezes uma imagem significa mais do que tão somente o que podemos ver.
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    Augusto de Piabetá — 23/04/2013 17:00:00:

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    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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