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    domingo, 21 de abril de 2013

    [ZP130421] O mundo visto de Roma


    Campanha de doações : Necessita-se de AÇÃO URGENTE antes de 15 de maio!


    Pedimos à generosidade de todos os leitores que ainda não puderam responder com sua contribuição.

    ZENIT verdadeiramente é uma agência conduzida por seus leitores. Não tem nenhuma outra fonte substancial de recursos para cobrir os gastos anuais: o único meio com que contamos é a generosidade dos leitores que possam nos apoiar.
    Se não conseguirmos nos aproximar da meta de 70.000 dólares, ou seja, 140.000 Reais aproximadamente (53.000 Euros) para a edição em português, não poderemos garantir a continuidade do serviço.

    Por favor, se você tem condições, não deixe de participar desta campanha de doações!
    Se está pensando ou em algum momento pensou em sustentar ZENIT, este é o momento: envie sua doação agora mesmo!

    É possível enviar sua doação com cartão de crédito, cheque ou transferência bancária.

    Todas as informações para enviar uma doação se encontram em: http://zenit.org/portuguese/doacao.html

    Agradecemos de coração pela ajuda que cada um possa nos dar!
    ZENIT
    O mundo visto de Roma
    Serviço semanal - 21 de Abril de 2013


    Doc. Papa Francisco
    "A Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas nos diz que Ele está vivo no meio de nós"
    Catequese do Papa Francisco na Audiência Geral de hoje
    "Anunciar, testemunhar, adorar"
    Homilia do Papa Francisco pronunciada na Celebração Eucarística do III Domingo de Páscoa
    Papa Francisco
    A juventude, há que pô-la em jogo para grandes ideais
    As palavras do Papa durante a oração do Regina Caeli
    "Toda ideologia é uma falsificação do Evangelho"
    Durante a missa em Santa Marta, papa Francisco reza por uma Igreja livre dos moralismos e pronta para acolher a Cristo com coração humilde
    Humildade, o caminho rumo a Deus
    Primeiro livro com a assinatura do papa Francisco, baseado em comentário de Doroteu de Gaza (século VI d.C.)
    A alegria da fé de quem encontra Jesus
    Missa matutina em Santa Marta: papa Francisco agradece à equipe de Segurança Pública do Vaticano pelos serviços prestados
    Francisco responde a uma carta das Mães da Plaza de Mayo
    Santo Padre partilha a dor de tantas mães e famílias que tragicamente perderam entes queridos nesse momento da história da Argentina
    "A Igreja não é uma babá"
    Homilia do Papa Francisco na Domus Sanctae Marthae nesta quarta-feira
    Solidariedade do papa aos iranianos e paquistaneses vítimas do terremoto
    As palavras de Francisco na audiência geral desta quarta-feira
    Francisco: Que toda a pastoral tenha uma perspectiva missionária
    Em carta aos bispos, o papa pede remar mar adentro
    Onde há calúnia, está Satanás
    Homilia do Papa Francisco na Domus Sanctae Marthae na segunda-feira, 15 de abril
    Falando claro: o Espírito Santo nos incomoda
    Homilia do Papa Francisco na Domus Sanctae Marthae na terça-feira, 16 de abril
    Condolências do papa Francisco pelas vítimas do atentado em Boston
    Papa reza para que os cidadãos possam estar unidos em não deixarem-se oprimir pelo mal
    O cristão não maquia a vida, mas a aceita do jeito que Deus quer
    Missa na Casa Santa Marta: o papa nos exorta a enfrentar as dificuldades da vida sem medo, na certeza de que Cristo está do nosso lado "mesmo nos momentos mais escuros"
    Santa Sé
    Padre Lombardi recebe prêmio de "Comunicador do ano"
    A atribuição é do Grupo Allianz ao porta-voz do Vaticano
    Papa Francisco recebeu novo embaixador de Portugal
    António Almeida Ribeiro desempenhou as funções de embaixador na Argentina, Uruguai, Bolívia, Jordânia e Sudão
    Religiosas norte-americanas: papa Francisco confirma avaliação doutrinal
    Congregação para a Doutrina da Fé indica reforma da organização das religiosas nos EUA
    Papa designa uma equipe de Cardeais para se juntar a ele no governo da Igreja
    Os oito cardeais estudarão com o Papa um projeto de revisão da Constituição Apostólica "Pastor Bonus" sobre a Cúria Romana
    Pregação Sagrada
    Pregação ou palestra demonstrativa
    Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
    Igreja e Religião
    Aproximar-se da Escritura com confiança e respeito
    Um diálogo com o estudioso bíblico Juan Miguel Díaz Rodelas
    Ajudar a crescer: não há educação sem um encontro verdadeiro
    Catequese para toda a família
    Assembleia Geral dos Bispos
    Reflexões de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
    Visita Pastoral do Bispo de Leiria-Fátima ao Santuário de Fátima
    Na Capelinha das Aparições, D. António Marto interrogou acerca do modo como se faz um cristão
    A Reforma Protestante: uma revolução dos leigos
    O papel do leigo de animar e aperfeiçoar a ordem das realidades temporais com o espírito do evangelho
    Um concerto diferente, que convida a estar com Deus
    Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, fez questão de se associar à iniciativa
    Focolares em luto
    Falece Oreste Basso, um dos mais estreitos colaboradores de Chiara Lubich
    Cultura e Sociedade
    Síria: 400 mil cristãos sofrem com o caos absoluto no país, denuncia Igreja
    Patriarca Gregorios III, líder da Igreja greco-católica Melquita, traça um retrato assustador da Síria
    O que nos espera: o iminente desafio demográfico 
    Países com população muito envelhecida não têm futuro
    Liturgia e Vida Cristã
    Quando o Evangelho é cantado?
    Responde Pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual
    Jornada Mundial da Juventude Rio 2013
    "Meet in Brasil" convida jovens do mundo inteiro para a JMJ Rio 2013
    Vídeo foi gravado na praia de Copacabana, palco de três Atos Centrais
    Daqui a 100 dias...
    O olhar do mundo jovem se volta pela segunda vez para a América Latina
    Comunicar a fé hoje
    Escritório vocacional online
    Quando uma webcam tornou-se uma aliada da promoção vocacional
    Homens e Mulheres de Fé
    Bento XVI: simplicidade de uma personalidade e vida unificadas
    Papa emérito completa 86 anos de idade
    Familia e Vida
    Espanha: luzes e sombras na futura lei do aborto anunciada pelo Ministério da Justiça
    Associação Profissionais pela Ética se manifesta sobre os lados positivos e negativos
    O casamento e a homoafetividade
    Reflexões de Paulo Vasconcelos Jacobina, procurador regional da república e mestre em direito econômico
    O aborto e a ameaça à soberania nacional (última parte)
    Análise do professor Ivanaldo Santos, autor do livro "Aborto: discursos filosóficos"
    O aborto e a ameaça à soberania nacional (Parte VIII)
    Análise do professor Ivanaldo Santos, autor do livro "Aborto: discursos filosóficos"
    Mundo
    Ataques terroristas a candidatos e partidos políticos: apelo dos cristãos pela democracia
    Abertas inscrições para o Congresso Mundial Signis 2013
    O tema será a Cultura da Paz
    Venezuela: bispo Moronta pede que políticos não incitem o povo à violência
    Resolvam todos os assuntos em sintonia com seus simpatizantes, mas mantendo a ordem jurídica
    D. Manuel Felício: Escuta bem, com toda a atenção, Igreja em Portugal"
    Portugal: Bispo de Guarda destaca projeto de renovação pastoral da Igreja em Portugal
    Entrevistas
    "O Santo Sudário nos diz até que ponto Deus amou a humanidade"
    Entrevista com o cardeal Angelo Comastri, na conferência sobre a Síndone na Pontifícia Universidade Lateranense
    O exorcismo
    Entrevista com o diácono Rogério Almeida Alves
    A pesquisa com células-tronco deve ser divulgada ao grande público
    Entrevista com John Gurdon, Prêmio Nobel de Medicina
    Espiritualidade
    Os "bastidores" da humildade de Bento XVI
    Tudo o que tinha era apenas uma mala, alguns livros e o necessário
    Rezemos pelas vocações
    Quinquagésimo Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado neste IV Domingo de Páscoa, 21 de abril de 2013
    As vocações para a vida consagrada estão nas nossas famílias
    Análise
    Homofobia: termo propagandístico manipulado
    Chama-se Engenharia Verbal a manipulação de certas palavras para exprimir condutas de vida novas e causadoras de polêmica na sociedade.
    Venezuela: ''Esta esperança não é uma fantasia'
    Análise do ex-reitor da Universidade Católica Andrés Bello
    Um mês depois: continuidade do Papa Francisco com o magistério de Bento XVI
    É preciso tomar uma certa distância desses entusiasmos iniciais
    Testemunho
    Professor de grego e literatura do Papa Francisco em entrevista a ZENIT
    Entrevista com Pe. Juan Carlos Scannone, SJ, assessor do Departamento de "Justiça e Solidariedade" do CELAM



    Doc. Papa Francisco
    "A Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas nos diz que Ele está vivo no meio de nós"
    Catequese do Papa Francisco na Audiência Geral de hoje


    CIDADE DO VATICANO, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Na audiência geral desta quarta-feira, o Papa continuou com o tema das catequeses dedicadas ao Credo, no Ano da Fé. Com milhares de fieis reunidos na Praça de São Pedro, depois de cumprimentar e abençoar os assistentes, no jeep branco, Francisco comentou a verdade de fé de que Cristo "subiu ao céu e está sentado à direita do Pai". Oferecemos as palavras do santo padre:

    ***

    Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

    No Credo, nós encontramos a afirmação de que Jesus "subiu ao céu, sentou à direita do Pai". A vida terrena de Jesus culmina com o evento da Ascensão, que é quando Ele passa deste mundo ao Pai, e é levantado à sua direita. Qual é o significado deste evento? Quais são as consequências para a nossa vida? O que significa contemplar Jesus sentado à direita do Pai? Deixemo-nos guiar pelo evangelista Lucas.

    Começamos a partir do momento em que Jesus decide embarcar na sua última peregrinação a Jerusalém. São Lucas nota: "Quando se completaram os dias de sua assunção, ele tomou resolutamente o caminho de Jerusalém" (Lc 9, 51). Enquanto "sobe" para a Cidade Santa, onde cumprir-se-á o seu "êxito" desta vida, Jesus já vê a meta, o Céu, mas sabe bem que o caminho que o leva à glória do Pai passa por meio da Cruz, por meio da obediência ao plano divino de amor pela humanidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma que "a elevação na Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu" (n. 662). Também nós temos que ter claro, na nossa vida cristã, que entrar na glória de Deus exige a fidelidade cotidiana à sua vontade, também quando requer sacrifício, requer às vezes mudar os nossos programas. A Ascensão de Jesus concretamente acontece no Monte das Oliveiras, perto do lugar onde tinha se retirado em oração antes da paixão para permanecer em profunda união com o Pai: mais uma vez vemos que a oração nos dá a graça de viver fieis ao projeto de Deus.

    No final do seu Evangelho, São Lucas narra o evento da Ascensão de forma muito sintética. Jesus levou os discípulos "até Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu. Eles ficaram prostrados diante dele, e depois voltaram a Jerusalém com grande alegria, e estavam continuamente no Templo, louvando a Deus". (24,50-53); assim fala São Lucas. Gostaria de destacar dois elementos da narrativa.

    Em primeiro lugar, durante a Ascensão Jesus realiza o gesto sacerdotal da benção e certamente os discípulos expressam a sua fé com a prostração, ajoelham-se enclinando a cabeça. Este é um primeiro ponto importante: Jesus é o único e eterno Sacerdote que com a sua paixão atravessou a morte e o túmulo e ressuscitou e subiu ao Céu; está junto do Pai, onde intercede para sempre em nosso favor (cf. Hb 9,24). Como São João afirma em sua Primeira Epístola Ele é o nosso advogado: que bom ouvir isso! Quando alguém é intimado por um juiz ou é processado, a primeira coisa que faz é buscar um advogado para que o defenda. Nós temos um, que nos defende sempre, nos defende das ciladas do demônio, nos defende de nós mesmos, de nossos pecados! Queridos irmãos e irmãs, temos este advogado: não tenhamos medo de ir até Ele para pedir perdão, para pedir a benção, para pedir misericórdia! Ele nos perdoa sempre, é o nosso advogado: nos defende sempre! Não se esqueçam disso! A Ascensão de Jesus ao Céu nos faz conhecer então esta realidade tão consoladora para o nosso caminho: em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a nossa humanidade foi levada para junto de Deus; Ele nos abriu a passagem; Ele é como o Primeiro de cordada ao escalar uma montanha, que chegou ao topo e nos atrai para si, conduzindo-nos a Deus. Se confiamos a Ele a nossa vida, se nos deixamos guiar por Ele tenhamos certeza de estar em boas mãos, nas mãos do nosso salvador, do nosso advogado.

    Um segundo elemento: São Lucas menciona que os apóstolos, depois de verem Jesus subir ao céu, voltaram a Jerusalém "com grande alegria". Isto parece um pouco estranho. No geral quando somos separados dos nossos familiares, dos nossos amigos, por causa de uma partida definitiva e sobretudo por causa da morte, há em nós uma tristeza natural, porque não veremos mais o seus rostos, não escutaremos mais as suas vozes, não poderemos mais desfrutar do afeto deles, da presença deles. Em vez disso, o evangelista ressalta a profunda alegria dos Apóstolos. Mas por quê? Porque, com os olhos da fé, eles entendem que, apesar de tirado dos seus olhos, não os abandona e, na glória do Pai, sustenta-os, guia-os e intercede por eles.

    São Lucas narra o fato da Ascensão também no começo dos Atos dos Apóstolos, para enfatizar que este evento é como o anel que envolve e conecta a vida terrena de Jesus com a da Igreja. Aqui São Lucas também menciona a nuvem que tirou Jesus da vista dos discípulos, os quais permanecem contemplando o Cristo que ascende para junto de Deus (cf. At 1, 9-10). Intervêm então dois homens vestidos de branco que os convida a não permanecerem imóveis olhando para o céu, mas que alimentem as suas vidas e o seu testemunho com a certeza de que Jesus voltará do mesmo modo como o viram subir ao céu (Atos 1, 10-11). É um convite a partir da contemplação do Senhorio de Cristo, para receber dele a força de levar e testemunhar o Evangelho na vida de todos os dias: contemplare e agire, ora et labora ensina São Bento, ambos são necessários para as nossas vidas de cristãos.

    Queridos irmãos e irmãs, a Ascensão não indica a ausência de Jesus, mas nos diz que Ele está vivo no meio de nós; não está mais num lugar específico do mundo como estava antes da Ascensão; agora está no Senhorio de Deus, presente em todos os lugares e tempos, perto de cada um de nós. Na nossa vida nunca estamos a sós: temos este advogado que nos espera, que nos protege. Nunca estamos sozinho: o Senhor crucificado e ressuscitado nos guia; conosco estão muitos irmãos e irmãs que no silêncio e no escondimento, na sua vida de família e de trabalho, nos seus problemas e dificuldades, nas suas alegrias e esperanças, vivem cotidianamente a fé e levam, junto conosco, ao mundo o senhorio do amor de Deus, em Cristo Jesus ressuscitado, ascendido ao Céu, nosso advogado. Obrigado.

    [Traduzido do original por Thácio Siqueira]

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    "Anunciar, testemunhar, adorar"
    Homilia do Papa Francisco pronunciada na Celebração Eucarística do III Domingo de Páscoa


    ROMA, 15 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos a Homilia do Papa Francisco pronunciada na Celebração Eucaristica do III Domingo de Páscoa, 14 de abril, na Basílica de São Paulo Fora de Muros.

    Amados irmãos e irmãs!

    É uma alegria para mim celebrar a Eucaristia convosco nesta Basílica. Saúdo o Arcipreste, Cardeal James Harvey, e agradeço-lhe as palavras que me dirigiu; juntamente com ele, saúdo e agradeço às várias Instituições, que fazem parte desta Basílica, e a todos vós. Encontramo-nos sobre o túmulo de São Paulo, um Apóstolo humilde e grande do Senhor, que O anunciou com a palavra, testemunhou com o martírio e adorou com todo o coração. É precisamente sobre estes três verbos que queria reflectir à luz da Palavra de Deus que escutámos: anunciar, testemunhar, adorar.

    1. Na primeira Leitura, impressiona a força de Pedro e dos outros Apóstolos. À ordem de não falar nem ensinar no nome de Jesus, de não anunciar mais a sua Mensagem, respondem com clareza: «Importa mais obedecer a Deus do que aos homens». E nem o facto de serem flagelados, ultrajados, encarcerados os deteve. Pedro e os Apóstolos anunciam, com coragem e desassombro, aquilo que receberam: o Evangelho de Jesus. E nós? Somos nós capazes de levar a Palavra de Deus aos nossos ambientes de vida? Sabemos falar de Cristo, do que Ele significa para nós, em família, com as pessoas que fazem parte da nossa vida diária? A fé nasce da escuta, e fortalece-se no anúncio.

    2. Mas, façamos mais um passo: o anúncio de Pedro e dos Apóstolos não é feito apenas com palavras, mas a fidelidade a Cristo toca a sua vida, que se modifica, recebe uma nova direcção, e é precisamente com a sua vida que dão testemunho da fé e anunciam Cristo. No Evangelho, Jesus pede por três vezes a Pedro que apascente o seu rebanho, e o faça com todo o seu amor, profetizando-lhe: «Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levará para onde não queres» (Jo 21, 18). Trata-se de uma palavra dirigida primariamente a nós, Pastores: não se pode apascentar o rebanho de Deus, se não se aceita ser conduzido pela vontade de Deus mesmo para onde não queremos, se não estamos prontos a testemunhar Cristo com o dom de nós mesmos, sem reservas nem cálculos, por vezes à custa da nossa própria vida. Mas isto vale para todos: tem-se de anunciar e testemunhar o Evangelho. Cada um deveria interrogar-se: Como testemunho Cristo com a minha fé? Tenho a coragem de Pedro e dos outros Apóstolos para pensar, decidir e viver como cristão, obedecendo a Deus? É certo que o testemunho da fé se reveste de muitas formas, como sucede num grande afresco que apresenta uma grande variedade de cores e tonalidades; todas, porém, são importantes, mesmo aquelas que não sobressaem. No grande desígnio de Deus, cada detalhe é importante, incluindo o teu, o meu pequeno e humilde testemunho, mesmo o testemunho oculto de quem vive a sua fé, com simplicidade, nas suas relações diárias de família, de trabalho, de amizade. Existem os santos de todos os dias, os santos «escondidos», uma espécie de «classe média da santidade» – como dizia um escritor francês –, aquela «classe média da santidade» da qual todos podemos fazer parte. Mas há também, em diversas partes do mundo, quem sofra – como Pedro e os Apóstolos – por causa do Evangelho; há quem dê a própria vida para permanecer fiel a Cristo, com um testemunho que lhe custa o preço do sangue. Recordemo-lo bem todos nós: não se pode anunciar o Evangelho de Jesus sem o testemunho concreto da vida. Quem nos ouve e vê, deve poder ler nas nossas acções aquilo que ouve da nossa boca, e dar glória a Deus! Isto traz-me à mente um conselho que São Francisco de Assis dava aos seus irmãos: Pregai o Evangelho; caso seja necessário, mesmo com as palavras. Pregar com a vida: o testemunho. A incoerência dos fiéis e dos Pastores entre aquilo que dizem e o que fazem, entre a palavra e a maneira de viver mina a credibilidade da Igreja.

    3. Mas tudo isto só é possível, se reconhecermos Jesus Cristo; pois foi Ele que nos chamou, nos convidou a seguir o seu caminho, nos escolheu. Só é possível anunciar e dar testemunho, se estivermos unidos a Ele, precisamente como, no texto do Evangelho de hoje, estão ao redor de Jesus ressuscitado Pedro, João e os outros discípulos; vivem uma intimidade diária com Ele, pelo que sabem bem quem é, conhecem-No. O Evangelista sublinha que «nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-Lhe: "Quem és tu?", porque bem sabiam que era o Senhor» (Jo 21, 12). Está aqui um dado importante para nós: temos de viver num relacionamento intenso com Jesus, numa intimidade tal, feita de diálogo e de vida, que O reconheçamos como «o Senhor». Adorá-Lo! A passagem que ouvimos do Apocalipse, fala-nos da adoração: as miríades de anjos, todas as criaturas, os seres vivos, os anciãos prostram-se em adoração diante do trono de Deus e do Cordeiro imolado, que é Cristo e para quem é dirigido o louvor, a honra e a glória (cf. Ap 5, 11-14). Gostaria que todos se interrogassem: Tu, eu, adoramos o Senhor? Vamos ter com Deus só para pedir, para agradecer, ou vamos até Ele também para O adorar? Mas então que significa adorar a Deus? Significa aprender a estar com Ele, demorar-se em diálogo com Ele, sentindo a sua presença como a mais verdadeira, a melhor, a mais importante de todas. Cada um de nós possui na própria vida, de forma mais ou menos consciente, uma ordem bem definida das coisas que são consideradas mais ou menos importantes. Adorar o Senhor quer dizer dar-Lhe o lugar que Ele deve ter; adorar o Senhor significa afirmar, crer – e não apenas por palavras – que Ele é o único que guia verdadeiramente a nossa vida; adorar o Senhor quer dizer que vivemos na sua presença convencidos de que é o único Deus, o Deus da nossa vida, o Deus da nossa história.

    Daqui deriva uma consequência para a nossa vida: despojar-nos dos numerosos ídolos, pequenos ou grandes, que temos e nos quais nos refugiamos, nos quais buscamos e muitas vezes depomos a nossa segurança. São ídolos que frequentemente conservamos bem escondidos; podem ser a ambição, o carreirismo, o gosto do sucesso, o sobressair, a tendência a prevalecer sobre os outros, a pretensão de ser os únicos senhores da nossa vida, qualquer pecado ao qual estamos presos, e muitos outros. Há uma pergunta que eu queria que ressoasse, esta tarde, no coração de cada um de nós e que lhe respondêssemos com sinceridade: Já pensei qual possa ser o ídolo escondido na minha vida que me impede de adorar o Senhor? Adorar é despojarmo-nos dos nossos ídolos, mesmo os mais escondidos, e escolher o Senhor como centro, como via mestra da nossa vida.

    Amados irmãos e irmãs, todos os dias o Senhor nos chama a segui-Lo corajosa e fielmente; fez-nos o grande dom de nos escolher como seus discípulos; convida-nos a anunciá-Lo jubilosamente como o Ressuscitado, mas pede-nos para o fazermos, no dia a dia, com a palavra e o testemunho da nossa vida. O Senhor é o único, o único Deus da nossa vida e convida-nos a despojar-nos dos numerosos ídolos e a adorar só a Ele. Anunciar, testemunhar, adorar. Que a bem-aventurada Virgem Maria e o apóstolo Paulo nos ajudem neste caminho e intercedam por nós. Assim seja.

    © Copyright 2013 - Libreria Editrice Vaticana

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    Papa Francisco
    A juventude, há que pô-la em jogo para grandes ideais
    As palavras do Papa durante a oração do Regina Caeli


    CIDADE DO VATICANO, 21 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Publicamos a seguir as palavras que o Papa disse hoje na tradicional oração do Regina Caeli aos fieis e peregrinos reunidos na praça de São Pedro.

    ***

    [Antes do Regina Caeli:]

    Queridos irmãos e irmãs,

    Bom dia!

    O IV Domingo do Tempo de Páscoa é caracterizado pelo Evangelho do Bom Pastor que se lê todos os anos. A passagem de hoje traz estas palavras de Jesus: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um" (10, 27-30). Nestes quatro versos há toda a mensagem de Jesus, o núcleo do seu Evangelho: Ele nos chama a participar na sua relação com o Pai, e essa é a vida eterna.

    Jesus quer estabelecer com os seus amigos um relacionamento que seja reflexo do que Ele mesmo tem com o Pai: uma relação de mútua pertença na confiança plena, na íntima comunhão. Para expressar essa comprensão profunda, este relacionamento de amizade, Jesus usa a imagem do pastor com as suas ovelhas: ele as chama e elas reconhecem a sua voz, respondem ao seu chamado e o seguem. É linda esta parábola! O mistério da voz é impressionante: pensemos que desde o ventre de nossa mãe, aprendemos a reconhecer a sua voz dela e a do papai; no tom de voz, percebemos o amor ou o desdém, o afeto ou a frieza. A voz de Jesus é única! Se aprendemos a distinguí-la, Ele nos guia no caminho da vida, caminho que vai além do abismo da morte.

    Mas Jesus, porém, num determinado momento disse, referindo-se às suas ovelhas: "Meu Pai, que mas deu ..." (Jo 10, 29). Isto é muito importante, é um profundo mistério, não fácil de entender: se eu me sinto atraído por Jesus, se a sua voz aquece o meu coração, é graças a Deus Pai, que colocou em mim o desejo de amor, de verdade, de vida, de beleza... e Jesus é tudo isso em plenitude! Isso nos ajuda a compreender o mistério da vocação, especialmente das chamadas para uma especial consagração. Às vezes, Jesus nos chama, nos convida a segui-lo, mas talvez aconteça que não nos damos conta de que é Ele, exatamente como aconteceu com o jovem Samuel. Há muitos jovens hoje, aqui na Praça. Vocês são muitos, né? Se vê... olha só! Vocês são tantos jovens hoje aqui na Praça. Gostaria de perguntar-lhes: alguma vez vocês escutaram a voz do Senhor que, por meio de um desejo, de uma inquietação, tenha lhes convidado a seguí-Lo mais de perto? Ouviram? Não ouço? Então... tiveram a vontade de ser apóstolos de Jesus? A juventude, há que pô-la em jogo para grandes ideais. Vocês pensam nisso? Concordam? Pergunte a Jesus o que ele quer de você e seja corajoso! Seja corajosa! Pergunte-lhe! Detrás e antes de toda vocação ao sacerdócio ou à vida consagrada, há sempre a oração forte e intensa de alguém: de uma vó, de um avô, de uma mãe, de um pai, de uma comunidade... Eis porque Jesus disse: "Pedi ao Senhor da messe – ou seja, Deus Pai – para que envie operários para a sua messe!" (Mt 9, 38). As vocações nascem na oração e da oração; e somente na oração podem perseverar e dar frutos. Gostaria de destacar isso hoje, que é a "Jornada Mundial de oração pelas vocações". Rezemos especialmente pelos novos Sacerdotes da Diocese de Roma que tive a alegria de ordenar na manhã de hoje. E invoquemos a intercessão de Maria. Hoje havia 10 jovens que disseram "sim" a Jesus e foram ordenados sacerdotes nesta manhã... Isso é lindo! Invoquemos a intercessão de Maria, que é a Mulher do "sim". Maria disse "sim", toda a vida! Ela aprendeu a reconhecer a voz de Jesus desde que o carregava no ventre. Que Maria, nossa Mãe, nos ajude a conhecer sempre melhor a voz de Jesus e a seguí-la, para andar no caminho da vida! Obrigado.

    Muito obrigado pela saudação, mas cumprimentem também a "Jesus", forte... Vamos todos rezar à Virgem Maria.

    [Depois da oração do Regina Caeli:]

    Acompanho com atenção os eventos que estão acontecendo na Venezuela. Acompanho-os com profunda preocupação, com intensa oração e com a esperança de que se busquem e se encontrem caminhos justos e pacíficos para superar o momento de grave dificuldade que o País está atravessando. Convido o caro povo venezuelano, especialmente os responsáveis institucionais e políticos, a rejeitarem com firmeza qualquer tipo de violência e a estabelecer um diálogo baseado na verdade, no reconhecimento mútuo, na busca do bem comum e no amor pela Nação. Peço aos fieis que rezem e que trabalhem pela reconciliação e a paz. Unamo-nos numa oração cheia de esperança pela Venezuela, colocando-a nas mãos de Nossa Senhora de Coromoto.

    ***

    Um pensamento também a todos os afetados pelo terremoto da área sudoeste da China Continental. Rezemos pelas vítimas e por todos aqueles que estão sofrendo por causa do violento terremoto.

    ***

    Hoje à tarde, em Sondrio, será proclamado Beato Pe. Nicolò Rusca, sacerdote valtellina que viveu entre os séculos XVI e XVII. Por muito tempo foi pároco exemplar em Sondrio e foi morto nas lutas políticas e religiosas que afligiam a Europa naquela época. Louvemos ao Senhor pelo seu testemunho!

    Saúdo com afeto todos os peregrinos, que vieram de diferentes países: as famílias, os muitos grupos paroquiais, as associações, os crismandos, as escolas. Saúdo especialmente os muitos jovens da diocese de Veneza, acompanhados pelo Patriarca; mas lembrem-se, rapazes e moças: é preciso arriscar a vida por grandes ideais! Saúdo os catequistas da diocese de Gubbio guiados pelo seu Bispo; a comunidade do Seminário de Lecce com os ministrandos da diocese; os representantes do Lions Club da Itália. Nesta "Jornada mundial de oração pelas vocações", nascida há cinquenta anos por uma feliz intuição do Papa Paulo VI, convido todos à uma oração especial para que o Senhor envie muitos operários para sua messe. Que santo Aníbal Maria Di Francia, apóstolo da oração pelas vocações, nos lembre este importante compromisso. Desejo a todos um bom domingo!

    Bom domingo e um bom almoço!

    [Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]

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    "Toda ideologia é uma falsificação do Evangelho"
    Durante a missa em Santa Marta, papa Francisco reza por uma Igreja livre dos moralismos e pronta para acolher a Cristo com coração humilde

    Por Luca Marcolivio


    CIDADE DO VATICANO, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - A humildade é uma condição necessária se queremos acolher a palavra de Deus e converter-nos. Disse Papa Francisco durante a missa matutina na capela da casa Santa Marta, celebrada desta vez na presença de alguns funcionários da Imprensa Vaticana e do L'Osservatore Romano.

    Articulando a sua homilia sobre as leituras do dia (Atos 9, 1-20; Jo 6, 52-59), o Santo Padre recordou a história da conversão de São Paulo, que, depois de ter perseguido Jesus, o acolhe, porque, apesar da sua mente estar perplexa, o seu coração está aberto a Cristo. Uma atitude semelhante é a de Ananias, enquanto os doutores da lei respondem a Jesus com total fechamento e hostilidade.

    A voz de Jesus, disse Francisco, "passa pela nossa mente e vai ao coração, porque Jesus procura a nossa conversão". Paulo e Ananias, acolhendo a Cristo na sua vida, "respondem como os grandes da história da salvação, com Jeremias, Isaías".

    A confusão e a incerteza são típicos de todos os profetas, incluindo Moisés, que se pergunta: "Mas, Senhor, eu não sei falar, como irei dizer isso aos egípcios?" enquanto a Virgem Maria encontra-se a conceber o Filho de Deus, o Salvador da humanidade, sem ser casada, ou "conhecer homem".

    O salto de qualidade típico de todos os profetas e santos é a "resposta de humildade", ou a aceitação da Palavra de Deus "com o coração". Todo o contrário da lei, que "respondem só com a cabeça" e assim se fazem impermeáveis para qualquer conversão.

    Atualizando o conceito, Papa Francisco identificou nos "grandes teólogos" do nosso tempo, outra categoria de pessoas que "respondem somente com a cabeça", e não compreendem que a Palavra de Jesus "vai para o coração porque é Palavra de amor, é palavra bonita e traz o amor, nos faz amar"

    Quando eles descobrem que quem não comer a carne de Jesus e não beber Seu sangue, não vai ganhar a vida eterna, entram em crise: não conseguem ir além do conceito material e convencional do ato de comer carne.

    Entra portanto um "problema de intelecto" e quando a ideologia entra "na inteligência do Evangelho, não se entende nada", observou o Pontífice.

    Nem mesmo o "moralismo" é uma estrada viável: mesmo quem insiste em ver em Jesus uma mera "estrada do dever", de fato, cai na armadilha da pretensão de compreender tudo somente "com a cabeça". Quem tem uma atitude assim carrega tudo "sobre os ombros dos fieis".

    Toda ideologia, acrescentou o Papa Francisco, "é uma falsificação do Evangelho" e aqueles que a sustentam são "intelectuais sem talento, eticistas sem bondade"; não entendem nem sequer de beleza. Ao longo da estrada do amor, da beleza e do Evangelho avançam pelo contrário os Santos que, com a humildade da sua conversão, "levam adiante a Igreja".

    A oração final do Santo Padre foi portanto por uma Igreja de coração aberto, livre de "qualquer interpretação ideológica" e fundamenta somente no Evangelho "que nos fala do amor e nos leva ao amor" e "nos faz belos", dando-nos "a beleza da santidade".

    [Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]

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    Humildade, o caminho rumo a Deus
    Primeiro livro com a assinatura do papa Francisco, baseado em comentário de Doroteu de Gaza (século VI d.C.)

    Por Daniele Trenca


    ROMA, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O primeiro livro com a assinatura do papa Francisco é um hino à humildade. Uma virtude que os fiéis apreciaram desde o momento da sua eleição ao pontificado. Aquele gesto de pedir ao povo reunido na Praça de São Pedro para rezar por ele abriu passagem imediatamente no coração dos católicos. Um ato cheio de humildade, pois Bergoglio sempre esteve consciente de que só conseguirá conduzir a barca de Pedro com apoio no Senhor, pedindo a ele o discernimento de cada dia com a ajuda espiritual dos fieis do mundo inteiro.

    O livro Humildade, o caminho rumo a Deus (2013) resgata um discurso do então cardeal Bergoglio aos fiéis de Buenos Aires, em 2005. É um pequeno volume baseado em um comentário de Doroteu de Gaza, um dos Padres da Igreja do século VI depois de Cristo.

    A humildade é apresentada não como uma virtude dos fracos, mas como a única via de comunhão com os outros e, portanto, de mais proximidade com Deus. Ela é resultado de um processo de anos, porque não é um sentimento inato, mas exige trabalho constante de auto-exame e postura de serviço, nunca de superioridade.

    Exatamente o que o papa Francesco está mostrando neste primeiro período como pontífice: a importância de ser um servo dos outros, e não de ser servido. Como Cristo tornou-se humilde, cada um de nós é chamado a imitá-lo para chegar a Deus e encontrar a paz que só Ele pode dar. É uma qualidade que desafia toda pessoa em toda época histórica: dos religiosos aos pais de família, sem exceção. Jesus Cristo, com a sua mensagem revolucionária, veio à Terra para perturbar a dinâmica do mundo: todo aquele que quiser ser o primeiro, deve começar pelo último lugar. Discursos que hoje em dia podem ter o significado de um verdadeiro insulto. Um texto que, apesar de curto, é muito intenso, sobre uma das mais elevadas virtudes que derivam de Cristo.

    O comentário final de Enzo Bianchi, prior de Bose, embeleza ainda mais o pequeno livro, que atualiza o discurso de Doroteu de Gaza com o ensinamento do papa Bergoglio. Um livro que recupera a esperança e que pode iluminar situações difíceis à luz do Espírito. Para ler e reler.

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    A alegria da fé de quem encontra Jesus
    Missa matutina em Santa Marta: papa Francisco agradece à equipe de Segurança Pública do Vaticano pelos serviços prestados


    CIDADE DO VATICANO, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Uma pessoa real, não um "deus-spray": esta foi a singular metáfora usada pelo papa Francisco para descrever a natureza humana e divina de Jesus Cristo na homilia da missa de ontem, na Casa Santa Marta. Participaram da celebração os funcionários da Segurança Pública da Cidade do Vaticano.

    Deus é uma pessoa concreta, explicou o pontífice. Ele é Pai, e por isso a fé nasce do encontro concreto com Ele, na experiência da filiação.

    No evangelho (Jo 6, 44-51), Jesus diz à multidão: "Quem crê tem palavras de vida eterna". O ato de crer, porém, não é suficiente, e aquilo em que muitos creem pode não ser o Deus cristão. É fácil topar com pessoas que dizem acreditar em Deus, tendo dele uma ideia extremamente aproximativa, sem, porém, saber descrever a sua identidade. "Um 'deus difuso', um 'deus-spray', que está um pouco por toda parte, mas não se sabe o que é", disse o santo padre em referência à confusão doutrinal que aflige tantos crentes, cristãos inclusive.

    "Nós acreditamos no Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. Nós acreditamos em Pessoas, e, quando falamos com Deus, falamos com Pessoas: ou eu falo com o Pai, ou com o Filho, ou com o Espírito Santo. Esta é a fé".

    Quando Jesus afirma que ninguém pode chegar até ele "a não ser que o Pai o atraia", fica claro que "ir até Jesus, encontrar Jesus, conhecer Jesus, é um presente", acrescentou o papa.

    Foi o que aconteceu com o funcionário da rainha da Etiópia, protagonista da primeira leitura (At 8, 26-40): por mais apegado ao dinheiro que ele pudesse parecer, ao ouvir Felipe falar de Jesus ele intuiu a "boa nova", sentindo "alegria" e desejo de se batizar imediatamente.

    "Quem tem a fé, tem a vida eterna", prosseguiu Francisco. "Mas a fé é um dom, é o Pai quem a dá. Nós temos que prosseguir neste caminho", durante o qual poderá nos acontecer o que aconteceu ao funcionário etíope, que se converteu, e, "cheio de alegria", seguiu a sua estrada tendo entendido o Antigo Testamento à luz da ressurreição, graças a Felipe.

    A "alegria da fé", portanto, é aquela de quem encontra Jesus, a alegria que dá paz, não como a dá o mundo, mas como a dá Ele. "Peçamos ao Senhor que nos faça crescer nesta fé, nesta fé que nos torna fortes, alegres, essa fé que começa sempre no encontro com Jesus e que continua sempre na vida com os pequenos encontros diários com Jesus", concluiu o santo padre.

    No final da missa, o papa Francisco cumprimentou e agradeceu à equipe da Segurança Pública do Vaticano pelos serviços desenvolvidos "em prol do bem comum, da paz comum", que aspira à "retidão da mente", ao "vigor do querer", à "honestidade" e à "serenidade".

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    Francisco responde a uma carta das Mães da Plaza de Mayo
    Santo Padre partilha a dor de tantas mães e famílias que tragicamente perderam entes queridos nesse momento da história da Argentina

    Por Sergio Mora


    ROMA, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O Papa Francisco respondeu em 10 de abril a uma carta enviada no passado dia 21 de Março pela Associação das Mães da Plaza de Mayo, com missiva assinada por D. Antoine Camilleri, secretário do Vaticano para as relações com os Estados.

    A mesma destaca que "O Santo Padre partilha a dor de muitas mães e famílias que sofreram e sofrem a perda trágica de entes queridos nesse momento da história da Argentina".

    E recorda o compromisso assumido por Francisco em relação a outra ferida existente: a "erradicação da pobreza no mundo, para que cesse o sofrimento de tantas pessoas que passam necessidades". Por isso, pede orações pelos responsáveis ​​pelo bem comum, para que Deus os ilumine.

    A carta começa: "Cara Sra. Bonafini, tenho o prazer de acusar o recebimento da carta de 21 de Março, que a senhora teve a boa vontade de dirigir à Sua Santidade Francisco, por ocasião da sua eleição à Sé de São Pedro ".

    "Neste contexto, atendo de bom grado a tarefa de trazer-lhe a gratidão do Santo Padre por sua gentil carta, e pelos nobres sentimentos que a motivaram", lê-se no segundo parágrafo da carta assinada pelo número dois do Vaticano para as Relações com os Estados.

    A missiva do monsenhor Camilleri continua recordando o compromisso assumido por Francisco contra a pobreza e a fome no mundo: "O papa responde a essa delicada atenção, pedindo a Deus forças para lutar, desde o ministério que apenas assumiu, para erradicar a pobreza no mundo".

    "Sua santidade – prossegue o comunicado - valoriza e aprecia muito as pessoas próximas aos menos favorecidos, que se esforçam para ajudá-los, entendê-los e que vão ao encontro das suas legítimas aspirações".

    "Em suas orações pede a Deus que ilumine os responsáveis pelo bem comum a fim de que combatam o flagelo da pobreza, através de medidas eficazes, equânimes e solidárias".

    Com afeto-conclui a carta-lhes dá uma bênção especial, sinal de esperança e alento, e pede às Mães da Praça de Maio para que rezem por ele.

    "Com as minhas cordiais saudações em Cristo, Monsenhor Antoine Camilleri, secretário do Vaticano para as relações com os Estados".

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    "A Igreja não é uma babá"
    Homilia do Papa Francisco na Domus Sanctae Marthae nesta quarta-feira


    CIDADE DO VATICANO, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - A Igreja não tem que ser como uma "babá que cuida da criança para fazê-la dormir". Se fosse assim seria uma "Igreja adormecida". Quem conheceu a Jesus tem a força e a coragem de anunciá-lo. Do mesma forma, quem recebeu o batismo tem a força de caminhar, de seguir adiante, de evangelizar. E "quando fazemos isso a Igreja se torna uma mãe que gera filhos" capazes de levar Cristo ao mundo. Esta é em síntese a reflexão que o Papa Francisco propôs esta manhã, quarta-feira, 17 de abril, durante a celebração da missa na capela da Domus Sanctae Marthae, à qual participaram vários empregados do Instituto para as Obras de Religião. Entre os concelebrantes Monsenhor Vincenzo Pisanello, bispo de Oria, e Giacinto Boulos Marcuzzo, vigário do Patriarca de Jerusalém dos Latinos para Israel.

    Durante a homilia, o Pontífice - comentando a primeira leitura dos Atos dos Apóstolos (8, 1-8) -, disse que "após o martírio de Estêvão, estourou uma violenta perseguição contra a Igreja de Jerusalém. Lemos no livro dos Atos que a Igreja estava toda tranquila, toda em paz, a caridade entre eles, cuidavam das viúvas. Mas depois chega a perseguição. Isso é um pouco o estilo da vida da Igreja: entre a paz da caridade e a perseguição". E acontece assim porque esta, explicou, tem sido a vida de Jesus. Depois da perseguição, continuou o Pontífice, todos fugiram menos os apóstolos. Os cristãos pelo contrário "Fugiram. Sozinhos. Sem sacerdotes. Sem bispos: sozinhos. Os bispos, os apóstolos, estavam em Jerusalém para fazer um pouco de resistência a estas perseguições". Porém aqueles que fugiram "foram de um lugar para o outro, anunciando a Palavra". É sobre eles que o Papa quis chamar a atenção dos participantes. Eles "deixaram casa, levaram consigo talvez poucas coisas; não tinham segurança, mas foram de um lugar para o outro proclamando a Palavra. Levavam consigo a riqueza que tinham: a fé. Aquela riqueza que o Senhor os tinha dado. Eram simples fieis, apenas batizados há pouco mais de um ano, talvez. Mas tinham aquela coragem de ir e anunciar. E tinham acreditado! E também faziam milagres! "Expulsavam espíritos impuros de muitos endemoniados, emitindo fortes gritos, e muitos paralíticos e coxos eram curados".

    Ao final: "Houve grande alegria naquela cidade!" Também Filipe tinha ido. Estes Cristãos – cristão há pouco – tiveram a força, a coragem de anunciar Jesus. O anunciavam com as palavras, mas também com as suas vidas. Suscitavam curiosidade: "Mas... quem são estes?". E eles diziam-lhes: "Nós conhecemos Jesus, encontramos Jesus, e o trazemos". Somente tinham a força do batismo. E o batismo lhes dava esta coragem apostólica, a força do Espírito".

    A reflexão do Papa, em seguida, mudou-se para o homem de hoje: "Eu penso em nós, batizados, se ainda temos esta força. E penso: "Mas nós, acreditamos nisso? Que o batismo seja suficiente para evangelizar? Ou esperamos que o sacerdote diga, que o bispo diga... e nós?". Muitas vezes, notou o Pontífice, a graça do batismo é deixada um pouco de lado e nós nos fechamos nos nossos pensamentos, nas nossas coisas. "Às vezes pensamos: "Não, nós somos cristãos: recebemos o batismo, fizemos a crisma, a primeira comunhão... e assim a carteira de identidade está bem. E agora dormimos tranquilos: somos cristãos". Mas, onde está esta força do Espírito que nos leva adiante?" perguntou o Papa. "Somos fieis ao Espírito para anunciar Jesus com a nossa vida, com o nosso testemunho e com as nossas palavras? Quando fazemos isso, a Igreja se torna uma Igreja Mãe que gera filhos". Filhos da Igreja que testemunham Jesus e a força do Espírito. "Mas – foi a admoestação do Papa – quando não o fazemos, a Igreja se torna não mãe, mas Igreja babá, que cuida da criança para fazê-la dormir. É uma Igreja adormecida. Pensemos no nosso batismo, na responsabilidade do nosso batismo".

    E para reforçar o conceito expresso Papa Francisco lembrou de um episódio acontecido no Japão nas primeiras décadas do Século XVI, quando os missionários católicos foram expulsos do país e as comunidades permaneceram por mais dois séculos sem sacerdotes. Sem. Quando os missionários voltaram depois encontraram uma comunidade viva na qual todos estavam batizados, catequizados, casados na Igreja! E até mesmo os mortos tinham recebido uma sepultura cristã. "Mas – continuou o Papa – não há sacerdote! Quem tinha feito isso? Os batizados!". Eis a grande responsabilidade dos batizados: "Anunciar Cristo, levar adiante a Igreja, esta maternidade fecunda da Igreja. Ser cristão não é fazer uma carreira de estudo para se tornar um advogado ou um médico cristão; não. Ser cristão é um dom que nos faz ir pra frente com a força do Espírito no anúncio de Jesus Cristo". Por fim, o Papa dirigiu o seu pensamento à Nossa Senhora que sempre acompanhou os cristãos com a oração quando eram perseguidos ou dispersos. "Orava muito. Mas também os animava: "Ide, fazei...!"

    "Pedimos ao Senhor - concluiu - a graça de fazer batizados corajosos e seguros que o Espírito que temos em nós, recebido pelo batismo, nos empurre sempre a anunciar Jesus Cristo com a nossa vida, com o nosso testemunho e também com as nossas palavras".

    [Traduzido o italiano por Thácio Siqueira]

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    Solidariedade do papa aos iranianos e paquistaneses vítimas do terremoto
    As palavras de Francisco na audiência geral desta quarta-feira

    Por Redacao


    CIDADE DO VATICANO, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Ao encerrar a audiência geral de hoje, o papa Francisco rezou pelas vítimas do terremoto que assolou a região fronteiriça entre o Irã e o Paquistão. O santo padre afirmou: "Recebi com tristeza a notícia do violento terremoto que atingiu as populações do Irã e do Paquistão, semeando morte, dor e destruição. Elevo uma oração a Deus pelas vítimas e por todos aqueles que estão sofrendo, ao mesmo tempo em que desejo manifestar a minha proximidade ao povo iraniano e ao povo paquistanês".

    Um forte tremor de terra impactou com força o sudeste do Irã, perto da fronteira com o Paquistão, deixando ao menos 45 mortos. O Serviço Geológico dos Estados Unidos informou que o terremoto, de 7,8 graus na escala Richter, teve o epicentro oitenta quilômetros ao norte da cidade de Saravan, de 600.000 habitantes, próxima da fronteira com o Paquistão e com o Afeganistão. O centro sismológico iraniano, por sua vez, divulgou que o sismo atingiu 7,5 graus na escala Richter.

    "É o maior terremoto no Irã em 40 anos. Esperamos centenas de mortos", afirmou uma fonte do governo de Teerã citada pela agência Reuters.

    Mahmoud Mozaffar, da Meia-Lua Vermelha iraniana, declarou que todas as comunicações na área estão cortadas e que as equipes de resgate estão se dirigindo aos locais atingidos.

    Mir Morad Zehi, vereador de Saravan, disse à Reuters que o número de mortos "vai ser bem alto", já que na região há cerca de 1.700 aldeias e vilarejos cujas casas foram construídas de barro e tijolos.

    O terremoto, que aconteceu às 15h44 no horário local, a uma profundidade de 117 quilômetros, foi sentido em vastas áreas do Oriente Médio e até mesmo em Nova Délhi, capital da Índia. Também houve registros de evacuações de edifícios no Catar e em Dubai.

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    Francisco: Que toda a pastoral tenha uma perspectiva missionária
    Em carta aos bispos, o papa pede remar mar adentro

    Por Redacao


    BUENOS AIRES, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Em missiva aos bispos participantes da 105ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Argentina, o papa Francisco lhes pediu que toda a pastoral tenha "uma perspectiva missionária".

    À assembleia plenária, que acontece em uma casa de retiros na cidade de Pilar, a poucos quilômetros de Buenos Aires, o papa denuncia que "a doença típica da Igreja fechada é ser autorreferencial", o que é "uma espécie de narcisismo que nos leva à mundanidade espiritual" e a um "clericalismo de mercado", além de impedir "a doce e reconfortante alegria de evangelizar".

    Francisco também enfatiza para os bispos argentinos que "Maria nos ensinará o caminho da humildade e daquele trabalho silencioso e valente, que o zelo apostólico faz prosperar". E pediu orações para "saber escutar o que Deus quer e não o que eu quero".

    ***

    Texto da carta

    Queridos irmãos,

    Recebam estas linhas de saudações e também de desculpas por não poder participar, devido a "compromissos assumidos recentemente" (ficou bem?). Estou espiritualmente junto com vocês e peço ao Senhor que os acompanhe muito nestes dias.

    Manifesto a vocês um desejo: eu gostaria que os trabalhos da assembleia tivessem como marco referencial o Documento de Aparecida e o "Rema mar adentro". Lá estão as orientações de que nós precisamos neste momento da história. Acima de tudo, peço que vocês tenham uma especial preocupação com o crescimento da missão continental em seus dois aspectos: a missão programática e a missão paradigmática. Que toda a pastoral tenha uma perspectiva missionária.

    Uma Igreja que não sai de si mesma adoece, cedo ou tarde, em meio à atmosfera pesada do seu próprio fechamento. É verdade, também, que uma Igreja que sai às ruas pode sofrer o que qualquer pessoa na rua pode sofrer: um acidente. Diante desta alternativa, quero lhes dizer francamente que prefiro mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja doente. A doença típica da Igreja fechada é ser autorreferencial; olhar para si mesma, ficar encurvada sobre si mesma, como aquela mulher do Evangelho. É uma espécie de narcisismo que nos leva à mundanidade espiritual e ao clericalismo sofisticado, e, depois, nos impede de experimentar "a doce e reconfortante alegria de evangelizar".

    Desejo a todos vocês esta alegria, que tantas vezes vem unida à Cruz, mas que nos salva do ressentimento e da tristeza. Esta alegria nos ajuda a ser cada dia mais fecundos, desgastando-nos e puindo-nos no serviço ao santo povo fiel de Deus; esta alegria crescerá mais e mais à medida que levarmos a sério a conversão pastoral que a Igreja nos pede.

    Obrigado por tudo o que vocês fazem e por tudo o que vão fazer. Que o Senhor nos livre de maquiar o nosso episcopado com as belas aparências da mundanidade, do dinheiro e do "clericalismo de mercado". Nossa Senhora nos ensinará o caminho da humildade e daquele trabalho silencioso e valente que o zelo apostólico faz prosperar.

    Peço, por favor, que vocês rezem por mim, para que eu não me sinta acima de ninguém e saiba escutar o que Deus quer e não o que eu quero. Rezo por vocês.

    Um abraço de irmão e uma especial saudação ao povo fiel de Deus que está sob os seus cuidados. Desejo a todos vocês um santo e feliz tempo pascal.

    Que Jesus os abençoe e Nossa Senhora cuide de vocês.

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    Onde há calúnia, está Satanás
    Homilia do Papa Francisco na Domus Sanctae Marthae na segunda-feira, 15 de abril

    Por Thácio Lincon Soares de Siqueira


    BRASíLIA, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - "Onde há calúnia está Satanás, justamente ele", disse, Papa Francisco na missa matinal da segunda-feira, 15 de abril, na capela da Domus Sanctae Marthae.

    A realidade do pecado atinge a todos nós, e todos somos pecadores, mas –destacou o Papa – a calúnia é algo muito pior, porque "quer destruir a obra de Deus; a calúnia nasce de uma coisa muito má: nasce do ódio. E quem faz o ódio é Satanás". A calúnia, então, não é só um pecado, ela "usa a mentira para ir avante".

    Refletindo sobre o martírio de Estevão, na primeira leitura da liturgia do dia, Papa Francisco notou que ele não respondeu a mentira com a mentira, porque "não quis escolher esse caminho para salvar-se. Ele olha para o Senhor e obedece a sua lei". E hoje, disse o Papa, a Igreja tem muitos mártires que são "caluniados, perseguidos, mortos por ódio a Jesus, por ódio a fé: uns são mortos porque ensinam o catecismo, outros porque trazem uma cruz...".

    Portanto, que nesse tempo de grande perseguição e de "tantas tempestades espirituais", trazendo à memória uma imagem de Maria em um ícone russo que cobre com o seu manto o povo de Deus, disse o Papa: "Ela é a mãe que cuida da Igreja. E neste tempo de mártires, ela é a protagonista da proteção, é a mamãe (...) Digamos com fé: "Sob a vossa proteção, Mãe, está a Igreja. Cuida da Igreja".

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    Falando claro: o Espírito Santo nos incomoda
    Homilia do Papa Francisco na Domus Sanctae Marthae na terça-feira, 16 de abril

    Por Thácio Lincon Soares de Siqueira


    BRASíLIA, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Ontem, (16), durante a missa matinal na Domus Sanctae Marthae, oferecida pelo Papa emérito Bento XVI, em ocasião do seu aniversário, o Papa Francisco fala da necessidade de sermos dóceis ao Espírito Santo, que é uma força que nos incomoda, mas que transforma.

    Momentos antes da sua morte, narra a liturgia do dia, Estevão dá um forte testemunho de docilidade ao Espírito, momentos antes do martírio. O Papa Francisco faz notar as suas palavras aos presentes, nesse momento de morte: "Teimosos! Vocês sempre colocam obstáculos ao Espírito Santo". Dizendo assim, Estevão os acusou de matarem os profetas e só depois venerá-los como santos. O Papa chamou a atenção para o que também aconteceu com os discípulos de Emaús, que foram chamados por Jesus de "Tardos e lentos de coração para acreditar em tudo o que os profetas disseram". E, disse o Papa, essa mesma resistência ao Espírito Santo é o que acontece conosco.

    "Falando claro - disse o Papa - o Espírito Santo nos incomoda. Porque mexe conosco, nos faz caminhar, empurra a Igreja para ir pra frente. E nós somos como Pedro na Transfiguração: 'Ah, como é bom estarmos aqui, todos juntos!... mas que não nos incomode. Queremos domesticar o Espírito Santo. E isso não está bem. Porque Ele é Deus e Ele é aquele vento que vai e vem e não sabemos de onde. É a força de Deus, é aquele que nos dá a consolação e a força para seguir adiante. Mas: seguir adiante! E isso incomoda. A comodidade é melhor!".

    Até pareceria que hoje temos mais alegria pela presença do Espírito Santo, mas não é assim. Basta olhar para o Concílio Vaticano II "obra do Espírito Santo". João XXIII foi fiel ao Espírito Santo, mas hoje, 50 anos depois "fizemos tudo o que nos disse o Espírito Santo no Concílio?", responde o Papa: "Não. Festejamos o aniversário, fazemos um monumento, mas que não nos incomode. Não queremos mudar. E pior: há pessoas que querem ir para trás. Isso é que se chama ser teimoso, isso se chama querer domesticar o Espírito Santo, isso se chama torna-se tardos e lentos de coração".

    Por fim, o Papa sublinhou que na nossa própria vida pessoal temos também essa experiência com o Espírito Santo. Resistimos às suas inspirações. Portanto, exortou no final da homilia: "Não resistir ao Espírito Santo: essa é a graça que eu gostaria que todos nós pedíssemos ao Senhor: a docilidade ao Espírito Santo, àquele Espírito que vem de nós e nos faz seguir adiante no caminho da santidade, aquela santidade tão bonita da Igreja. A graça da docilidade ao Espírito Santo. Amém".

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    Condolências do papa Francisco pelas vítimas do atentado em Boston
    Papa reza para que os cidadãos possam estar unidos em não deixarem-se oprimir pelo mal


    CIDADE DO VATICANO, 16 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O Papa se diz "profundamente entristecido" pela perda de vidas humanas e pelos feridos graves e define o atentado como "uma tragédia insensata". Papa Francisco enviou um telegrama de pesar às vítimas do atentado perpetrado ontem na cidade estadunidense de Boston, durante a realização de uma Maratona. Assim o pontífice define a tragédia no telegrama endereçado ao Cardeal-arcebispo de Boston, Sean O' Malley.

    Em particular as condolências do Santo Padre invoca a paz do Senhor para as vítimas, a Sua consolação por quantos sofrem e a Sua força para todos envolvidos nos trabalhos de socorro.

    "Neste momento de dor", conclui o telegrama, o papa Francisco reza para que os cidadãos de Boston possam estar "unidos em não deixarem-se oprimir pelo mal", combatendo o mal com o bem e trabalhando juntos para a construção de "uma sociedade mais justa e livre".

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    O cristão não maquia a vida, mas a aceita do jeito que Deus quer
    Missa na Casa Santa Marta: o papa nos exorta a enfrentar as dificuldades da vida sem medo, na certeza de que Cristo está do nosso lado "mesmo nos momentos mais escuros"

    Por Salvatore Cernuzio


    ROMA, 15 de Abril de 2013 (Zenit.org) - "Não maquiar a vida", mas aceitá-la do jeito que Deus permite que ela seja. É assim que o cristão encara os problemas da sua existência: não com escapatórias, mas confiando-se plenamente a Nosso Senhor, que sempre dá uma solução e nunca deixa faltar a sua ajuda.

    A lista de conselhos do papa Francisco, compartilhada todos os dias nas homilias na Casa Santa Marta, tem agora mais um: não "maquiar" a própria vida.

    Partindo da liturgia do dia (13 de abril), tomada por sua vez dos Atos dos Apóstolos, o Santo Padre afirmou que o cristão aceita tudo o que lhe acontece na vida, especialmente as dificuldades, certo de que o Senhor da vida não é ele mesmo, mas Deus. Uma mensagem incisiva e uma lição de vida profunda para todos os fiéis, especialmente para os participantes na celebração, entre os quais membros da Gendarmaria Vaticana, do Corpo de Bombeiros do Vaticano e das religiosas Filhas da Caridade.

    Como em sermões anteriores, Francisco falou de algumas "cenas", tanto atuais quanto próprias da primeira comunidade cristã. A leitura do dia descrevia a discussão entre gregos e judeus sobre algumas necessidades práticas, como a assistência às viúvas, considerada por muitos como negligenciada.

    "A primeira coisa que eles fazem é criticar, falar uns contra os outros", disse o papa. "Mas isso não leva a nenhuma solução. Os apóstolos, com a assistência do Espírito Santo, responderam bem: chamaram o grupo de discípulos e conversaram".

    Este é o primeiro passo, declarou o papa: "Quando temos problemas, temos que olhar bem e falar sobre eles, nunca escondê-los". Os apóstolos, por exemplo, "avaliaram e decidiram", sabendo que o seu primeiro dever era "a oração e o ministério da Palavra".

    Neste sentido, a história dos primeiros cristãos se vincula ao evangelho de hoje, em que Jesus tranquilizou os discípulos assustados no lago tempestuoso. O papa reitera: "Quando temos problemas, temos que encará-los. E Nosso Senhor nos ajudará a resolvê-los".

    "Não precisamos ter medo dos problemas. O próprio Jesus disse aos discípulos: 'Sou eu, não temais. Sou eu'. Sempre! Com as dificuldades da vida, com os problemas, com as coisas novas que temos que fazer: nosso Senhor está conosco. É verdade que podemos errar, mas Ele está sempre perto de nós e nos diz: 'Vamos voltar para o caminho certo'".

    Uma das recomendações do papa Bergoglio, pronunciada com a simpatia e com a sinceridade de sempre, é esta: "Não é uma boa atitude maquiar a própria vida: não mesmo. A vida é do jeito que é, é a realidade. Ela é do jeito que Deus quer que ela seja ou permite que ela seja, mas é do jeito que é, e nós temos que aceitá-la do jeito que ela é. E o Espírito do Senhor nos dará a solução para os problemas".

    A palavra que Cristo nos renova hoje, é, portanto: "Não tenhas medo. Sou eu". Palavra que, observou o papa Francesco, deve nos acompanhar e consolar "nos momentos em que tudo é escuro" e "eu não sei o que fazer". Sabendo disto, "vamos aceitar as coisas como elas vêm, com o Espírito do Senhor e com a ajuda do Espírito Santo. E vamos em frente, firmes, na estrada certa".

    Francisco termina: "Peçamos ao Senhor a graça de não ter medo, de não maquiar a nossa vida, de tentar resolver os problemas como os apóstolos, e de tentar também o encontro com Jesus, que está sempre do nosso lado, mesmo nos momentos mais escuros da vida".

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    Santa Sé
    Padre Lombardi recebe prêmio de "Comunicador do ano"
    A atribuição é do Grupo Allianz ao porta-voz do Vaticano


    ROMA, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O diretor da Sala de imprensa do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, recebeu o título de "Comunicador do ano".

    A atribuição foi concedida nesta manha durante o encontro internacional dos diretores do Grupo Allianz, reunidos na capital europeia para aprofundar estudos e estratégias ligadas ao mundo da comunicação, junto a especialistas internacionalmente reconhecidos.

    As motivações do prêmio da Allianz definem o porta-voz vaticano "exemplo decisivo de racionalidade e pensamento prospectivo, sempre na linha de frente com coração sereno e argumentações asseguradoras".

    Segundo o grupo, Pe. Lombardi é "capaz de abordar a complexidade com ironia, jamais com superficialidade. Representa a chave para interpretar a Santa Sé, com grande cultura e experiência, sem por isso tornar-se ele mesmo protagonista".

    "Mestre em serenidade, é capaz de desfazer as tensões com simplicidade e escuta e, ao mesmo tempo, firmeza e competência".

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    Papa Francisco recebeu novo embaixador de Portugal
    António Almeida Ribeiro desempenhou as funções de embaixador na Argentina, Uruguai, Bolívia, Jordânia e Sudão


    ROMA, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O Papa Francisco recebeu nesta manha o novo embaixador de Portugal junto da Santa Sé, António Almeida Ribeiro, para a cerimônia de apresentação das cartas credenciais.

    De acordo com a Agência Ecclesia, António Almeida Ribeiro apresentou cartas credenciais e levou garrafa de vinho do Porto como presente.

    O embaixador português nasceu dia 22 de agosto de 1955, é casado, pai de dois filhos. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, antigo diretor-geral de Política Externa,ate agora Secretário-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros,desempenhou as funções de embaixador na Argentina, Uruguai,Bolívia, Jordânia e Sudão com residência no Cairo,foi número dois na representação de Portugal junto da União Europeia.

    António Almeida Ribeiro substitui Manuel Tomás Fernandes Pereira, que passou à disponibilidade no dia 2 de abril de 2012, quando completou 65 anos.

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    Religiosas norte-americanas: papa Francisco confirma avaliação doutrinal
    Congregação para a Doutrina da Fé indica reforma da organização das religiosas nos EUA


    ROMA, 16 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O cardeal Gerhard Ludwig Muller, presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, teve hoje um encontro no Vaticano com a presidência da Conferência das Superioras Religiosas dos Estados Unidos (LCWR, na sigla em inglês) e informou que recentemente analisou com o papa Francisco aAvaliação Doutrinal,cujas conclusões foram confirmadas pelo santo padre, bem como o programa para orientar a LCWR nos aspectos necessários.

    O documento Avaliação Doutrinal é um relatório publicado em 18 de abril de 2012 pela Congregação para a Doutrina da Fé a respeito daquela organização.

    A Conferência das Superioras Religiosas, conforme o site da LCWR, representa 87% das 57.000 religiosas católicas dos Estados Unidos, mas não informa o método usado para o cálculo destes números.

    A Santa Sé chamou a atenção da LCWR no ano passado devido à sua "situação doutrinal e pastoral". Um dos pontos destacados foi "o modo pastoral de encarar a homossexualidade", o que foi traduzido precipitadamente por parte da mídia como "a LCWR é favorável à homossexualidade" e, portanto, interpretado como uma espécie de cisma na Igreja estadunidense.

    Entre os fatos concretos, em 2010, muitas religiosas da LCWR assinaram uma declaração a favor da reforma da saúde promovida pelo presidente Barack Obama, apesar da oposição dos bispos norte-americanos devido aos conteúdos favoráveis ao aborto e à contracepção.

    Há também outro informe, o do bispo Leonard Blaire, de Toledo, que, em 2010, apontou "sérios problemas doutrinais" em muitas pessoas do grupo das consagradas.

    Devido aos diversos fatos registrados, o Vaticano confiou ao arcebispo de Seattle, dom Peter J. Sartain, a tarefa de supervisar a reforma da associação, "a revisão, orientação e aprovação, onde necessário, do trabalho da LCWR", seguindo o documento da Avaliação Doutrinal publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé.

    No comunicado de hoje, em tom amável, mas firme, o trabalho positivo das religiosas é destacado.

    "O arcebispo Gerhard Ludwig Müller, prefeito deste dicastério, manifestou gratidão pelo grande trabalho das religiosas dos Estados Unidos, conforme pode ser visto especialmente nas numerosas escolas, hospitais e instituições de ajuda aos pobres que foram fundados e regidos pelas religiosas ao longo dos anos".

    O prefeito "destacou ainda os ensinamentos do concílio Vaticano II sobre a importante missão dos religiosos para promover uma visão da comunhão eclesial fundamentada na fé em Jesus Cristo e na doutrina da Igreja, como fielmente ensinada, através dos tempos, pelo Magistério". Uma Conferência de Superioras Religiosas como a LCWR, prosseguiu ele, "deve colaborar com a conferência episcopal local e com cada bispo", já que "tais conferências são constituídas e estão sob a direção da Santa Sé".

    O comunicado indica que Müller "informou a presidência sobre a Avaliação Doutrinal discutida com o papa Francisco e reafirmou as suas conclusões e o programa de reforma da Conferência de Superioras Maiores".

    "É sincero o desejo da Santa Sé de que tal encontro contribua para promover o testemunho integral das religiosas, baseado na sólida fé e no amor cristão, com a finalidade de preservá-las e reforçá-las para o enriquecimento da Igreja, da sociedade e das gerações futuras".

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    Papa designa uma equipe de Cardeais para se juntar a ele no governo da Igreja
    Os oito cardeais estudarão com o Papa um projeto de revisão da Constituição Apostólica "Pastor Bonus" sobre a Cúria Romana


    CIDADE DO VATICANO, 15 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O Santo Padre Francisco seguindo uma sugestão que surgiu no decorrer das Congregações Gerais, antes do Conclave, criou um grupo de Cardeais para assessorar o governo da Igreja e estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica Pastor Bonus sobre a Cúria Romana. Relata um comunicado da Secretaria de Estado do Vaticano.

    A "equipe" do Papa Francesco é composta por:

    Cardeal Giuseppe Bertello, Presidente do Governatorato da Cidade do Vaticano;

    Cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa, arcebispo emérito de Santiago do Chile (Chile).

    Cardeal Oswald Gracias, arcebispo de Bombaim (Índia).

    Cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique e Freising (Alemanha).

    Cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, Arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo).

    Cardeal Sean Patrick O'Malley, O.F.M. Cap, arcebispo de Boston (EUA).

    Cardeal George Pell, Arcebispo de Sydney (Austrália).

    Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, SDB, arcebispo de Tegucigalpa (Honduras), atuando como coordenador.

    S.E. Mins. Marcello Semeraro, bispo de Albano, como secretário.

    A primeira reunião do grupo foi agendada para os dias 1 - 03 de outubro de 2013. Sua Santidade, no entanto, a partir de agora esta contato com os cardeais acima mencionados.

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    Pregação Sagrada
    Pregação ou palestra demonstrativa
    Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo

    Por Pe. Antonio Rivero, L.C.


    SãO PAULO, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Hoje nos corresponde explicar o discurso ou palestra demonstrativa. Já vimos o discurso explicativo, o discurso persuasivo e o discurso emotivo.

    Toda palestra ou discurso demonstrativo está dirigido especialmente à razão. Lembrem-se que a palestra ou discurso explicativo estava dirigido sobretudo à mente que queria explicação clara. A palestra persuasiva se dirigia à vontade que pedia motivos fortes. A palestra emotiva à sensibilidade para comovê-la. Esta agora, à razão.

    Em todo discurso demonstrativo queremos demonstrar uma verdade para que os ouvintes se convençam, desterrando seus prejuízos teóricos ou práticos. Aqui o pregador usa argumentos e silogismos para que a razão do ouvinte derrube os muros dos prejuízos. É importante este discurso porque existem prejuízos mentais e afetivos, por trás dos quais pode-se esconder uma atitude de vida contrária a Deus e à sua santa Lei. Por isso, muitos não querem mudar de vida. Já dizia Santo Agostinho que alguns negam a Deus porque lhes convém que não exista para continuar fazendo o que quiserem.

    I - Primeiro, coloquemos as características deste discurso demonstrativo:

    Com sempre tenho que dar um único tema, de forma razoável, desenvolvido em dois ou três aspectos lógicos, estruturados e contundentes.

    Tenho que demonstrar tudo com fortes e sólidos argumentos científicos, filosóficos e teológicos que desfaçam os preconceitos mentais ou afetivos do ouvinte.

    Tenho que pronunciá-lo com grande força argumentativa, agilidade, ironia. Normalmente são pessoas muito inteligentes que nesse momento estão me escutando.

    Tenho que dar exemplos que provem essa verdade que estou demonstrando.

    E, no final, é sempre aconselhável dar uma citação de um Santo Padre sobre o assunto, porque citar um Santo Padre é como subir em ombros de gigantes.

    II - Em segundo lugar demos agora o esquema de todo discurso demonstrativo:

    Uma introdução firme, forte, decidida, colocando o problema existencial, filosófico ou teológico. Ajuda dar algumas estatísticas ou colocar um caso concreto.

    Proposição clara, enunciando as provas que depois demonstrarei com vigor, contundência e convicção.

    Desenvolvimento do tema com silogismos científicos, filosóficos e teológicos, bem provados e com exemplos.

    Uma conclusão clara e contundente. O ouvinte tem que sair com a mente bem clara. Que aceite ou não essa verdade que o pregador expôs, é outro tema, porque o orador não pode obrigar ninguém.

    III - Em terceiro lugar, ofereço-lhes o esquema de um possível discurso demonstrativo. Quero demonstrar a existência de Deus. Primeiro, Deus existe, amigo, e a ciência nos dá a razão (trazer aqui argumentos científicos que provem isso). Segundo, Deus existe, e a filosofia apoia essa afirmação (explicar as provas da existência de Deus dos grandes filósofos). Terceiro, Deus existe, assim o prova também nosso coração feito para Deus, como nos dizia Santo Agostinho no começo do seu livro "Confissões". Por tanto, Deus sempre existirá, acredite ou não acredite, porque a existência de Deus não depende de você.

    O artigo anterior pode ser lido clicando aqui.

    Padre Antonio Rivero tem licenciatura e doutorado em Teologia Espiritual pelo Ateneu Pontifício Regina Apostolorum em Roma. Atualmente exerce seu ministério sacerdotal como professor de teologia e oratória, e diretor espiritual no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil.

    Caso você queira se comunicar diretamente com o Pe. Antonio Rivero escreva para arivero@legionaries.org e envie as suas dúvidas e comentários.

    [Traduzido do original espanhol por Thácio Siqueira]

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    Igreja e Religião
    Aproximar-se da Escritura com confiança e respeito
    Um diálogo com o estudioso bíblico Juan Miguel Díaz Rodelas

    Por Jose Antonio Varela Vidal


    ROMA, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Dias atrás houve uma grande reunião da Comissão Pontifícia Bíblica no Vaticano. O motivo foi refletir entre todos os seus membros sobre as bases que inspiram a Bíblia.

    Entre os participantes esteve o padre espanhol Juan Miguel Díaz Rodelas, professor de Sagrada Escritura e decano da Faculdade de Teologia de Valência, que também é membro da Pontifícia Comissão Bíblica desde 2008. ZENIT conversou com ele durante uma pausa do evento.

    ZENIT: Como foram os trabalhos durante a reunião?

    - Padre Díaz Rodelas: É uma continuação das anteriores. De alguma forma é o ponto de chegada de quatro anos. Trabalhou-se sobre um texto possível no qual estavam as possibilidades de mudança; depois houve a discussão para aceitá-los ou rejeitá-los.

    ZENIT: O tema foi "A inspiração na Bíblia" ... Por que isso a torna tão especial?

    - Padre Díaz Rodelas: A partir da nossa perspectiva de crentes - e aqui deve-se incluir todos os cristãos e o mundo judaico - , a Bíblia não é um livro de literatura que contém informação histórica; embora nem sequer exclusivamente religioso. De qualquer forma, Deus se comprometeu na sua composição inspirando os seus autores por meio do Espírito. Isto é algo essencial que temos que ter em conta no momento de ler e interpretar a Bíblia.

    ZENIT: Por que há essa tendência de "livre interpretação" de alguns estudiosos da Bíblia?

    - Padre Díaz Rodelas: Há um lado positivo nessa pluralidade de interpretações, que se fundamentam nos mesmos evangelhos – só mencionar estes livros; e é que às vezes de um mesmo fato, temos visões dificilmente concordes. Vê-se que são leituras muito diferentes de um mesmo fato. A dificuldade chega quando a conclusão à qual se chega é contrária ao sentir comum da Igreja. Nesse caso a interpretação não serve ao que deve ser o seu grande objetivo, que é ajudar a fé do povo cristão.

    ZENIT: Precisamente, há outros que querem ficar apenas com a parte "histórica" dos evangelhos. Como isso é possível?

    - Padre Díaz Rodelas: Metodologicamente, e a partir de um ponto de vista teórico, pode-se imaginar um trabalho que a partir dos Evangelhos estude a dimensão estritamente histórica. Mas precisamente por causa do que falava antes, e dado que os evangelhos são livros inspirados e estão impregnados pela fé da comunidade, é muito importante tê-lo em consideração. Bento XVI falava do Jesus real e esse é o que nos oferecem os evangelhos; o outro é uma parte de Jesus, mas não é "todo o Jesus" dos evangelhos e do fiel.

    ZENIT: Por que o fiel, o católico, não está tão familiarizado com a Bíblia, e até mantém uma distância?

    - Padre Díaz Rodelas: A história tem as suas conseqüências. Sabe-se que, devido à Reforma Protestante, com a livre interpretação das Escrituras, a Igreja Católica limitou o acesso do fiel comum à leitura da Bíblia nas línguas vernáculas. Esta decisão criou uma certa distância do católico comum com a Sagrada Escritura. Por isso está custando muito que o católico faça da Bíblia um ponto de referência essencial na sua vida religiosa; mas já se tem caminhado muito.

    ZENIT: Para aqueles que trabalham com leigos, ou em grupos de paróquias, qual seria a sua sugestão para que este encontro com a Bíblia seja retomado com maior confiança?

    - Padre Díaz Rodelas: Bem, começar a lê-la com um pouco de pedagogia. Não parece apropriado começar com os livros mais difíceis da Bíblia, mais técnicos em certo sentido; nem mesmo começar seguindo a ordem que aparece, como se fosse um romance ou um livro de história. É preciso fazer uma leitura pedagógica...

    ZENIT: Como é isso?

    - Padre Díaz Rodelas: sugiro começar com o gênesis, o Êxodo, os livros dos profetas, os evangelhos e depois ir para os livros mais "difíceis". Mas, isso é só uma pedagogia da leitura. Aqui o importante é confiar que a leitura está sendo levada pelo Espírito, se é que se faz desde a fé e num ambiente de fé, tanto pessoalmente como em grupo. Mas não precisa esquecer que os livros bíblicos foram escritos há milhares de anos, e é preciso fazer um esforço mínimo de leitura, servindo-se de algumas ajudas, como introduções simples, que existem.

    ZENIT: Voltando ao evento, como foi a participação, de onde procedem os membros da Comissão Bíblica?

    - Padre Díaz Rodelas: Os 21 membros são professores que procedem de todo o mundo, com certa predominância de europeus, ainda que há vários sul-americanos, norte-americanos, brasileiros... Também há um irmão da Nigéria, um coreano, um índio. É muito rica a composição.

    ZENIT: Quais são as experiências que se desenvolvem com mais força?

    - Padre Díaz Rodelas: Nas discussões foram contemplados determinados interesses, e nas Igrejas mais jovens da Ásia e da América Latina nota-se um forte interesse pela atualização da Palavra de Deus. Justamente o papa Bento XVI enfatizou que a Palavra de Deus é palavra atual para o fiel de hoje; sem esquecer isso, poder-se-ia dizer que os europeus estejamos mais preocupados pelo aspecto acadêmico, intelectual.

    ZENIT: Qual a causa, na sua opinião, de que Europa não se preocupe tanto pela atualização da Palavra de Deus para os momentos atuais?

    - Padre Díaz Rodelas: Acho que é mais questão de acentos. Porque, em última instância, o que a exegese europeia pretende é também entender melhor a Palavra de Deus, para que seja isso: "palavra de Deus" para o homem e a mulher de hoje. É verdade que essa preocupação está menos midiatizada no biblista latino-americano ou asiático, que, por outro lado, estão muito bem preparados tecnicamente. Repito, o objetivo de uns e outros é o mesmo. Eu falava de acento, de sublinhados, contribuições.

    ZENIT: Você já leu a Bíblia inteira? ...

    - Padre Díaz Rodelas: Sim, tive que ler várias vezes um livro após o outro, quando fizemos a tradução da Conferência Episcopal Espanhola ...

    ZENIT: Que livros você recomendaria para uma leitura especializada a nível pessoal?

    - Padre Díaz Rodelas: Por exemplo, o livro do Êxodo, o livro de Jeremias, o Evangelho de São Marcos; o primeiro facilita o reencontro com o grande acontecimento da libertação de Israel; o de Jeremias é, como no geral os livros proféticos, é chamada a uma fé e a um culto a Deus que se traduza na vida. E finalmente o encontro com Jesus que deve ser permanente, e que no evangelho de Marcos se revela de um modo muito particular.

    ZENIT: E para os mais simples... como vocês os incentivaria a aproximar-se?

    - Padre Díaz Rodelas: Eu lhes diria que não tenham medo da Bíblia, que é palavra de Deus para todos. Às vezes, nós especialistas, sacerdotes ou catequistas, complicamos um pouco, mesmo com a boa intenção de explicar melhor... Mas o fato é que Deus vem ao encontro da pessoa fiel quando pega a Bíblia nas suas mãos e a lê. E alimentar essa confiança é uma maneira de entrar na riqueza da Bíblia. Também recomendaria sempre pedir o Espírito Santo ao ler as Escrituras.

    [Tradução do original espanhol por Thácio Siqueira]

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    Ajudar a crescer: não há educação sem um encontro verdadeiro
    Catequese para toda a família

    Por Luis Javier Moxo Soto


    MADRI, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Os pais, mesmo aqueles que estudaram para, teoricamente, ensinar determinadas áreas do conhecimento em um centro educativo, não necessariamente têm a habilidade de ajudar os próprios filhos e alunos a amadurecer.

    Pode-se ter, ou não, a disposição adequada para ser pai ou docente. Mas ela não vem, nem pode vir, da natureza ou dos diplomas. Ter vocação é assunto muito mais sério, que não pode ser encarado superficialmente. Ser colaboradores de Deus para ajudar e formar a sua obra mais perfeita, que é o ser humano, não é nenhuma brincadeira.

    Por mais que pensemos que os filhos e alunos de hoje vão se formando sozinhos com a ajuda de amigos e do ambiente, com o passar dos anos, com as diversas realidades e problemas que eles têm de encarar e resolver, isto não é suficiente.

    Não basta que os educadores, pais e docentes coloquem diante dos jovens uma série de conteúdos para que eles consigam, através do esforço e da constância, do estudo e da aprendizagem, os frutos e as habilidades que os capacitam para enfrentar com sucesso as múltiplas situações da vida.

    A pessoa humana exige ser considerada na sua dimensão relacional, na sua necessidade de se perguntar sobre as finalidades, sobre o sentido supremo daquilo que ela vive, da transcendência. A pessoa humana não pode deixar em segundo plano, e muito menos excluir, os fatores que explicam a realidade e a dotam de sentido; a origem e a explicação desta ou daquela manifestação natural, artística ou espiritual. Precisamos conhecer, saborear e desfrutar da realidade.

    A possibilidade de ir amadurecendo, portanto, nasce do fato de sermos capazes de assombro, de questionamento e de reconhecimento da realidade como dotada de significado. Não achamos suficiente viver sem interpretar adequadamente o que somos, o que fazemos e o que vivemos. Podemos estar imersos em uma experiência, mas, no fundo, estamos perdidos e insatisfeitos porque não somos protagonistas de uma vivência intensa.

    Se queremos educar filhos e alunos, precisamos considerar se optamos por um monólogo, por um movimento unidirecional, ou por algo totalmente diferente, dinâmico e enriquecedor. Se tratamos os nossos educandos como sujeitos de prêmios e castigos, como se fossem animais, não podemos estranhar se depois eles se comportarem como tais, sem um desejo do bem como bem em si.

    É preciso correr um risco educativo, o da necessária confrontação com a verdade e com a experiência. A minha também, como pai e como educador. Não se trata apenas de uma aproximação entre alguém que exerce uma autoridade magisterial e outro alguém que deseja obter conhecimento; trata-se, antes, de um verdadeiro encontro humano.

    Quem se considera um bom pai, educador e filho? Numa sociedade carente de referências estáveis, que pretende que as crianças e adolescentes queimem etapas, que enxerga a religião como um elemento estranho e chato, que valoriza mais a conectividade do que o assombro e mais os interesses pessoais do que a gratidão, é só através de um encontro verdadeiramente humano que poderemos ajudar os nossos filhos e educandos a crescer e amadurecer, e, ao mesmo tempo, ajudar a nós mesmos.

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    Assembleia Geral dos Bispos
    Reflexões de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

    Por Dom Walmor Oliveira de Azevedo


    BELO HORIZONTE, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - A 51ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil reuniu mais de 400 participantes, entre bispos, padres, religiosos, leigos e assessores, no Santuário da Mãe Aparecida. Acontecimento anual de importância e significação, é oportunidade para a Igreja Católica no Brasil avaliar sua fidelidade ao mandato de seu Senhor, Cristo Ressuscitado: fazer de todos seus discípulos e discípulas. Também é momento para a Igreja Católica refletir a realidade, a partir de seu compromisso com a vida do povo, particularmente dos pobres.

    Esse olhar que se dirige à vida sofrida do povo pediu de nós, bispos, um posicionamento de solidariedade e defesa dos irmãos e irmãs castigados pela maior seca que atinge a região do semiárido brasileiro nos últimos 40 anos. São mais de 10 milhões de pessoas, em 1.236 municípios, segundo dados da Secretaria da Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional. A sociedade brasileira sabe que os bispos sempre estão atentos às consequências de ordem social, econômica, moral e ética provocadas pela seca. A Igreja Católica, recentemente, em cooperação também com vários movimentos sociais e sindicais, apresentou diretrizes para a convivência com o semiárido. Junto com a população atingida pela seca, a Igreja propõe e reivindica intervenções estruturais capazes de minimizar tal sofrimento.

    Refletimos e avançamos também na preparação de um documento para manifestar nosso posicionamento no que se refere aos conflitos agrários. Em sua condição de servidora, a Igreja Católica coloca-se ao lado dos sem-terra, pessoas submetidas ao trabalho escravo, quilombolas e indígenas. Em comunhão com todos estes segmentos, questionamos o Projeto de Emenda Constitucional 215, que transfere do Poder Executivo ao Congresso Nacional a demarcação, titulação e homologação de terras indígenas e quilombolas.

    Estes e outros assuntos que integraram a exigente pauta da 51ª Assembleia Geral consolidam ainda mais o compromisso da Igreja Católica com a vida do povo sofrido, em diálogo franco e direto com os construtores da sociedade. A partir desse princípio, nós, bispos de Minas Gerais, durante a Assembleia, manifestamos nossa preocupação relacionada à situação prisional de nosso Estado. Uma realidade grave e triste, quando se considera o número de apenados, o tratamento a eles oferecido em vista de sua recuperação, distanciamentos de suas famílias, com agravamentos sérios, além das dificuldades criadas para o serviço voluntário e de fé, prestado por nossos agentes da Pastoral Carcerária. Um trabalho humanitário que encontra obstáculos que precisam ser superados com a intervenção e atuação de quem pode fazê-lo. Também estamos atentos à tramitação do Projeto de Lei número 3.784\2013, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que regulamenta o uso de espaços públicos para cerimônias religiosas.

    Enquanto avaliamos nossos muitos trabalhos desenvolvidos em todo o Brasil, especialmente pelas comissões episcopais pastorais e organismos da CNBB, detalhamos o tema central da Assembleia neste ano:comunidadedecomunidades:umanovaparóquia. Todos os bispos estão empenhados para que cresça a rede de comunidades, sinal da nossa presença e serviço na vida do povo. Uma nova resposta que nasce do vigor espiritual radicado na simplicidade e na verdade do Evangelho.

    Importante também é o caminho percorrido rumo à consolidação de um Diretório para a Comunicação na Igreja do Brasil, buscando qualificar sempre o diálogo com a sociedade civil e, também, atender a exigência de uma adequada política de comunicação no interior da Igreja. O objetivo é avançar na preservação da cultura cristã brasileira, resguardando sua consistência.

    Os trabalhos realizados a partir da densa pauta da 51ª Assembleia Geral da CNBB foram marcados, sobretudo, por um clima de fraternidade evangélica, tempero determinante no caminho missionário. Rodeados pelo povo peregrino, sempre presente no Santuário da Mãe Aparecida, nós bispos da Igreja, em cooperação, vivemos uma Assembleia de riquezas neste caminho da fé.

    Dom Walmor Oliveira de Azevedo

    Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

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    Visita Pastoral do Bispo de Leiria-Fátima ao Santuário de Fátima
    Na Capelinha das Aparições, D. António Marto interrogou acerca do modo como se faz um cristão


    FáTIMA, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O bispo de Leiria-Fátima encontra-se em visita pastoral ao Santuário de Fátima até ao próximo domingo, dia 21 de abril.

    À sua chegada, na tarde da passada terça-feira, 16 de abril, foi recebido na Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo, pelo reitor e restantes capelães e pelos membros do Conselho de Diretores de Serviço.

    D. António Marto tem presidido a algumas celebrações e participado em várias reuniões. Visitará todos os serviços e sectores do Santuário de Fátima, a fim de conhecer o dia a dia da Instituição, os seus funcionários e voluntários, e de privar mais de perto com os capelães e as religiosas aqui residentes. Tem-se vivido um ambiente de alegria fraterna.

    Esta manhã, na Capelinha das Aparições, numa Eucaristia em que participaram os funcionários, D. António Marto interrogou acerca do modo "como se faz um cristão".

    Durante a homilia, explicou que um cristão não "se faz, não se forma, como um advogado, ou como outro profissional", isto porque, "para se ser cristão é necessário fazer-se um caminho de iniciação no Mistério".

    "Leva tempo, é preciso ir interiorizando. Não basta conhecer, por fora, o bilhete de identidade, a história. (…) É preciso conhecer por dentro, não se conhece Jesus se não se reconhece que ele é o Salvador", afirmou.

    Contrapondo o ambiente cristão de outros tempos com o tempo em que hoje vivemos, considerou o tempo atual mais exigente.

    "No ambiente cristão de antigamente a fé era transmitida com o próprio leite materno, na família, na escola; o ambiente social permitia isso, hoje só se pode ser cristão por convicção, por escolha pessoal, livre, consciente e responsável", afirmou, acrescentando "é-se cristão por opção".

    A noticia foi divulgada pelo Centro de Comunicação Social da Diocese.

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    A Reforma Protestante: uma revolução dos leigos
    O papel do leigo de animar e aperfeiçoar a ordem das realidades temporais com o espírito do evangelho

    Por Edson Sampel


    SãO PAULO, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Imagine como seria a cristandade atual se não houvesse ocorrido a assim chamada Reforma... Difícil de figurar tal hipótese, não é? Principalmente em tempos neoliberais, em que a religião é muita vez encarada como um capital simbólico ou um artigo de consumo. Impossível acreditar que o cristianismo ainda estivesse circunscrito à Igreja católica.

    Vamos tentar pôr os pingos nos is. O termo "reforma" é completamente inadequado, pois, no século XVI, frei Lutero desencadeou uma autêntica "revolução" no cristianismo. Não entraremos no mérito das teses luteranas. Entretanto, percebe-se claramente a inidoneidade histórico-gramatical do vocábulo "reforma" para designar as mudanças estruturais propostas por frei Lutero e seus sequazes. O que é uma "reforma"? Ora, quando dizemos que faremos uma "reforma" na nossa casa, qualquer interlocutor compreenderá que não haverá transformações radicais no imóvel; dar-se-á uma demão de tinta nas paredes, trocar-se-ão os azulejos etc. Ora, a "Reforma" protestante implicou uma "transformação radical" do cristianismo, o que caracteriza uma "revolução". Um único exemplo é suficiente para demonstrar o caráter revolucionário do protestantismo: dos sete sacramentos, a Reforma só admitiu um, o batismo.

    Deflagrou a Reforma (revolução) um presbítero (padre): frei Martinho Lutero. Tudo começou com a afixação das famosas 95 teses na porta da Catedral de Witembergo, na Alemanha, no dia 31 de outubro de 1517. Nada obstante, os príncipes tedescos, leigos, assumiram imediatamente a indigitada revolução religiosa. Os motivos pelos quais assim procederam, se para confiscar as terras e bens da Igreja, não nos interessam neste momento. Importa constatar que a Reforma ou revolução só prosperou, porque os leigos, mormente os governantes, compraram a ideia de frei Lutero. Processo parecido se deu nos outros países onde a Reforma vingou; os leigos se tornaram pastores e, destarte, passaram a pregar o "cristianismo reformado". Este fenômeno se estendeu até o presente. As denominações evangélicas hodiernas não dispõem propriamente de uma hierarquia eclesiástica, até porque a Reforma extinguiu o sacramento da ordem. Desta feita, não há diferença ontológica (sacramental) entre o evangélico simples fiel e o evangélico pastor. Todo são tecnicamente leigos.

    Nos nossos dias, a Igreja católica aguarda outra revolução por parte dos leigos! Espera que eles cumpram seu papel de animar e aperfeiçoar a ordem das realidades temporais com o espírito do evangelho, consoante reza o cânon 225, § 2. Esta é a missão batismal cometida aos leigos católicos. Os misteres intraeclesiais, como catequese e ministérios extraordinários, são deveras relevantes. Todavia, o que define a atuação eclesial do leigo é o estar no mundo, ou seja, a secularidade extraeclesial. Nas instâncias da família, da profissão, da economia, da política etc., o leigo católico é chamado a evangelizar, na condição de autêntico membro da Igreja.

    Para poder realizar tarefa tão nobre e cristã, o leigo não pode prescindir dos sacramentos, ministrados pelos componentes da hierarquia (padres e bispos). O sacramento da eucaristia é requisito sine qua non para o sucesso da empreitada dos leigos. O aludido sacramento constitui o centro da vida dos leigos e de todos os outros integrantes da Igreja.

    Se os leigos católicos se compenetrarem da missão eclesial e batismal que lhes toca, decerto a sociedade política será mais justa e fraterna. Consoante explicou algures dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre, quando se questiona sobre o que a Igreja realiza no campo de bem comum, deve-se devolver a pergunta aos leigos.

    *Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranese, do Vaticano.

    Professor da Escola Dominicana de Teologia (EDT).

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    Um concerto diferente, que convida a estar com Deus
    Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, fez questão de se associar à iniciativa


    BRAGA, 16 de Abril de 2013 (Zenit.org) - No próximo dia 20 de abril, pelas 21h30, a basílica S. Pedro do Toural, em Guimarães, promete lotar para acolher um concerto-oração pelo grupo Effatha , que vai apresentar o seu álbum "Chama de Graça".

    Esta iniciativa, apoiada pela capelania deste templo vimaranense, onde o grupo costuma atuar mensalmente, é a estreia universal deste trabalho discográfico, preparado nos meses de dezembro e janeiro últimos.

    Este grupo musical, agora batizado de "Effatha", é formado por leigos provenientes do arciprestado de Guimarães e Vizela, e já costumava atuar esporadicamente em celebrações e outras iniciativas.

    «A interpelação colocada por este Ano da Fé, em que somos convidados, em Igreja, a viver mais intensamente a nossa fé, levou à decisão de gravar este álbum», confessou João Abreu, o dinamizador do grupo.

    O objetivo é proporcionar «um concerto diferente, que convida a estar com Deus».

    «Sabemos que há orquestras espetaculares e coros de grande nivel. Nós somos diferentes. As nossas músicas têm um cheirinho litúrgico com alguma qualidade e, acima de tudo, com letras que trazem conteúdo».

    Confessando que o grupo «ainda não tem muitos planos para o futuro», João Abreu afirma a intenção de «realizar concertos-oração» no território da diocese, «em particular nos lugares mais recônditos onde é pouco frequente esta forma de viver a fé a partir da música».

    «Estamos à disposição dos párocos e dos movimentos para atuarmos onde acharem que somos úteis», acrescenta o vocalista.

    O Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, fez questão de se associar à iniciativa. Numa mensagem intitulada "O Amor divino em acordes de harmonia", o prelado bracarense recorda a cura do surdo-mudo protagonizada por Jesus e recorda a necessidade que a Igreja tem de «poderosos proclamadores».

    «O grupo Effatha tem esse sonho: aproximar-se da Palavra de Deus, fazer eco das suas ressonâncias e chamar outros a acolher a graça», acrescenta D. Jorge Ortiga.

    O Arcebispo manifesta ainda o desejo de que estas músicas «abram ouvidos para escutar a intimidade de um Amor Divino», e que «multipliquem as vozes dos que ousam colocar no meio dos mais variados contextos as maravilhas da fé».

    A composição e a letra é, quase exclusivamente, da autoria de João Abreu, sendo a orquestração da responsabilidade de José Ferreira. Uma das letras é da autoria do padre Dário Pedroso.

    O tema de abertura, que foi estreado na edição do Hi-God do ano passado, chama-se "Estou à porta" e já está disponível com uma versão on-line no portal "you-tube".

    A entrada para o concerto é gratuita e, durante o espetáculo, o álbum vai poder ser adquirido pelo preço de 10 euros.

    O evento foi divulgado pelo Departamento Arquidiocesano de Comunicação Social de Braga.

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    Focolares em luto
    Falece Oreste Basso, um dos mais estreitos colaboradores de Chiara Lubich


    ROMA, 16 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Oreste Basso, um dos colaboradores mais próximos de Chiara Lubich desde a década de 1950, morreu aos 91 anos na madrugada de sábado para domingo, 14 de abril.

    Em sua longa vida, ele ocupou cargos de grande responsabilidade no governo do movimento dos Focolares, tornando-se testemunha eloquente do carisma da unidade.

    Ordenado sacerdote em 1981, considerava o ministério como um serviço e como um chamado a um amor maior. Foi eleito co-presidente do movimento em 1996, exercendo um papel crucial no momento histórico da morte da fundadora (14 de março de 2008) e durante a sucessiva assembleia geral (julho de 2008), que elegeria a sucessora de Chiara Lubich.

    Oreste Bassoera nasceu em Florença em 1º de janeiro de 1922 e conheceu os Focolares em 1949 em Milão, onde trabalhava como engenheiro. Nos anos difíceis do pós-guerra, a vida e a espiritualidade do movimento, centrado no Evangelho, foram vistas por ele como uma força que, junto com outras, devolveria ao mundo o progresso, a paz e a esperança.

    Em 1951, com outros amigos, ele constituiu a primeira "lareira masculina" de Milão. No final dos anos 50, Chiara Lubich o chamou para o centro do movimento, nos Castelos Romanos, onde ele desempenhou suas funções em espírito de serviço, levando todos os que o conheciam a experimentar um grande senso de família.

    De todo o mundo, chegam mensagens de profunda gratidão pelo trabalho incansável de Oreste Basso a serviço da Igreja e pela sua vida evangélica tão límpida.

    O funeral foi realizado na tarde de ontem, no Centro Internacional do Movimento dos Focolares em Rocca di Papa, perto de Roma.

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    Cultura e Sociedade
    Síria: 400 mil cristãos sofrem com o caos absoluto no país, denuncia Igreja
    Patriarca Gregorios III, líder da Igreja greco-católica Melquita, traça um retrato assustador da Síria


    ROMA, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O Patriarca Gregorios III, líder da Igreja greco-católica Melquita, traça um retrato assustador da Síria, desde que o país está mergulhado numa violentíssima guerra civil.

    "O sofrimento a que o povo sírio está a ser sujeito está para lá de todos os limites", acusa Gregorios III, numa declaração enviada para a Fundação AIS.

    "O conflito já ceifou a vida a milhares e milhares de pessoas", tanto civis como militares, acrescenta, calculando que pelo menos 400 mil cristãos sírios – possivelmente mais de 25 % do total -estão deslocados dentro do país ou foram forçados a abandoná-lo.

    O líder da Igreja greco-católica Melquita calcula ainda que mais de mil cristãos terão sido mortos desde o início da guerra, há dois anos, e que, desde então, há notícias de que "aldeias inteiras perderam todos os cristãos que lá viviam".

    Na onda de violência que está a varrer a Síria foram destruídas ou danificadas mais de quatro dezenas de igrejas e outros centros cristãos, como escolas, lares, orfanatos.

    Na opinião do Patriarca Gregorios III, o caos e a insegurança estão a paralisar o país e são, a par da afluência de "fundamentalistas islâmicos", os principais problemas da Síria.

    A ameaça que pende sobre o cristianismo poderá vir a ter sérias implicações no futuro da religião na zona, pois durante décadas a Síria foi como que um porto de abrigo, um refúgio, para os crentes oriundos do Líbano e Iraque, entre outros países.

    "Não há nenhum lugar seguro na Síria. O país virou um campo de batalha e não há qualquer respeito pelos direitos humanos, liberdade, democracia ou cidadania".

    Na opinião de Gregorios III, os cristãos, sendo um grupo particularmente vulnerável, estão confrontados com a necessidade de "abandonarem a Síria ou arriscarem a morte".

    O futuro dos cristãos na Síria – acrescenta –está ameaçado não pelos muçulmanos mas pelo caos… e pela infiltração de grupos fanáticos fundamentalistas".

    Em todo o mundo existem milhões de pessoas que sofrem perseguição religiosa. Ajudar quem passa por estas situações e informar a opinião pública sobre as mesmas tem sido o mote da acção da Fundação AIS, uma organização dependente da Santa Sé cujo objectivo é apoiar projectos pastorais nos países onde a Igreja Católica está em dificuldade. A Organização tem secretariados nacionais em dezassete países da Europa, na América e na Austrália, apoiando mais de cinco mil projectos todos os anos em cerca de 140 nações de todos os continentes.

    A Fundação AIS agradece a colaboração dos MCS na divulgação desta informação!

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    O que nos espera: o iminente desafio demográfico 
    Países com população muito envelhecida não têm futuro

    Por John Flynn, LC


    ROMA, 15 de Abril de 2013 (Zenit.org) - "Um país sem crianças é um país sem futuro". De acordo com um post recente no blog Demography Matters, este comentário é do presidente português Aníbal Cavaco Silva, referindo-se à baixa taxa de natalidade no país.

    O post observa que o número de nascimentos em Portugal é menor que a taxa de reposição geracional desde os anos 80. Além disso, a economia estagnada do país está levando os jovens lusitanos a emigrar em busca de trabalho, o que mantém a taxa de desemprego juvenil em "apenas" 38,3%, um pouco melhor que a da vizinha Espanha, onde a mesma taxa supera 55%.

    A economia portuguesa ainda está em recessão, as dívidas pública e privada são enormes e, conforme o post, "com menos gente para trabalhar e pagar pelo bem-estar interno, o PIB menor e as dívidas maiores são números que simplesmente não se encaixam".

    Portugal não é o único a ter de lidar com o envelhecimento da população.

    "O Reino Unido está completamente despreparado para lidar com uma inesperada explosão da população idosa. O governo deverá responder aumentando a idade mínima de aposentadoria e reduzindo as pensões, conforme conclusão de relatório da Câmara dos Lordes", informa o jornal britânico The Guardian (14 de março).

    O artigo diz que de2010 a2030 é esperado um aumento de 50% na população maior de 60 anos. A Grã-Bretanha terá de fazer mudanças significativas se quiser enfrentar este desafio.

    Viver mais tempo é algo a ser comemorado, observa o relatório da Câmara dos Lordes, mas implica riscos e custos. O relatório enumera uma série de propostas detalhadas sobre como lidar com o número crescente de idosos e com as pressões econômicas que o fenômeno provocará.

    O problema tem dimensões europeias. Em 26 de março, a Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia, publicou dados demográficos de 2012. No início do ano passado, o número de cidadãos europeus maiores de 60 anos aumentou para 18% da população total, em comparação com 14% em 1992.

    Estes relatórios vêm à luz logo após a publicação de dados alarmantes sobre o número de abortos no mundo.

    Abortos na China

    Em 15 de março, o também britânico Financial Times informou que, desde a adoção do rígido controle demográfico na China, em 1971, houve 336 milhões de abortos e 196 milhões de esterilizações. As equipes médicas chinesas implantaram, ainda, 403 milhões de dispositivos intra-uterinos.

    No mesmo dia, o site do periódico The Christian Post publicou que, em 13 de março, em seu perfil no Twitter, o professor Richard Dawkins, conhecido pelo seu ateísmo, tinha afirmado que "os significados de 'humano' relevantes para a moralidade sobre o aborto se aplicam menos a um feto do que a um porco adulto".

    Nas últimas décadas, o número de abortos na China ultrapassou toda a população atual dos Estados Unidos. Em contraste, a taxa de fertilidade nos EUA, mesmo permanecendo maior que a dos países europeus, está em declínio preocupante.

    Estas preocupações foram ressaltadas no recente livro What to Expect When No One's Expecting: America's Coming Demographic Disaster (O que esperar quando ninguém está esperando: o iminente desastre demográfico dos Estados Unidos), de Jonathan V. Last.

    Last, que escreve para a revista americana The Weekly Standard, observa que, se a taxa de fertilidade média norte-americana ainda é razoável, isto se deve apenas à maior taxa de natalidade entre os hispânicos. De qualquer modo, a natalidade entre os hispânicos também está em rápido declínio.

    Entre 2000 e 2010, 30% do crescimento da população dos EUA se deveu à imigração procedente de países latino-americanos. O crescimento da população nesses países, porém, vem diminuindo significativamente, o que torna fácil deduzir que o número de migrantes latinos nos EUA também cairá.

    "Por que devemos nos preocupar?", pergunta o autor do estudo. Porque a taxa de fertilidade para a "sub-reposição" esteve sempre associada com a estagnação ou com a recessão econômica.

    Como mudar

    Esta pesquisa independente demonstra que, quando uma nação entra em declínio populacional, é muito difícil reverter a tendência. A Itália, a Alemanha, a Rússia e muitos outros países estão experimentando o declínio demográfico sem nenhum sinal de mudança de rota.

    Desde 1989, por exemplo, nada menos que duas mil escolas da ex-Alemanha Oriental fecharam as portas por falta de alunos.

    No parecer do autor, se as taxas de fertilidade atuais na Europa permanecerem inalteradas, a população do continente diminuirá de 783 milhões em 2010 para 482 milhões até o final do século.

    Com o envelhecimento da população, não só diminui a arrecadação de tributos, mas também cai o capital total para investimentos, já que os idosos preferem investimentos de baixo risco.

    O ensaio levanta muitas questões interessantes, que, combinadas com as últimas notícias, sugerem que o "sucesso" do planejamento familiar e da contracepção nas últimas décadas acarretará consequências realmente desagradáveis.

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    Liturgia e Vida Cristã
    Quando o Evangelho é cantado?
    Responde Pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual

    Por Pe. Edward McNamara, L.C.


    ROMA, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Um leitor dos EUA colocou a seguinte pergunta para o Pe. Edward McNamara:

    Eu entendo que o Evangelho deve ser cantado durante a missa de Natal e Páscoa. Uma vez que ambos são "períodos", significa que o diácono ou o sacerdote deve cantar o Evangelho todos os domingos do período ou só durante a oitava em questão? Nos últimos 4-5 anos, tenho cantado o Evangelho durante todo o período do Natal e da Páscoa. Precisamos enfatizar, através do canto, a proclamação da Boa Nova destes períodos? Não consigo encontrar uma posição clara na Instrução Geral do Missal Romano ou no Missal mesmo – C.D, Pendleton, Califórnia (EUA)

    Abaixo está a resposta dada pelo padre McNamara:

    Na realidade, não há nenhuma regra que obrigue cantar o Evangelho em um determinado período litúrgico, como nem sequer há uma norma que impeça de cantá-lo fora destes dois períodos.

    Em outras palavras, o Evangelho poderia teoricamente ser cantado ou lido em qualquer dia do ano. A decisão de fazer uma ou outra coisa depende da circunstância, como a solenidade do dia litúrgico ou do período, da capacidade do ministro de fazê-lo adequadamente e da eficácia pastoral do mesmo.

    Dito isso, é altamente recomendável o canto do Evangelho em todas as grandes solenidades e festas, para enfatizar a sua importância na celebração.

    As normas litúrgicas, além do mais, aconselham fortemente a cantar o salmo responsorial.

    Isso não significa que o canto das outras leituras deve ser excluído se os leitores são suficientemente preparados. A tradição gregoriana tem vários tons que são normalmente utilizados nas Missas solenes. Um tom é para a Primeira leitura (Antigo Testamento), outro para a Segunda leitura e um terceiro para o Evangelho. A importância desse último é destacada não somente pelo fato de que é cantado mas também da solenidade da introdução, da procissão com o livro dos Evangelhos, o uso do incenso e do fato de que a sua proclamação é reservada ao ministro ordenado.

    Nos últimos anos, vários autores têm proposto cantos relativamente simples, adaptados às particulares tradições musicais de cada idioma local.

    Sobre a importância do canto na Missa, a introdução ao Missal Romano diz:

    "39. Os fiéis que se reúnem na espera da vinda do seu Senhor, são exortados pelo apóstolo a cantar juntos salmos, hinos e cânticos espirituais (Cf.Col 3, 16). De fato, o canto é sinal da alegria do coração (Cf.At 2, 46). Por isso disse muito bem Santo Agostinho: "o cantar é próprio de quem ama", e já desde a antiguidade formou-se o ditado: "quem canta bem, reza duas vezes".

    "40. Na celebração da Missa seja dada grande importância ao canto, dando atenção à diversidade cultural das populações e às possibilidades de cada assembléia litúrgica. Ainda que não seja sempre necessário, por exemplo nas Missas feriais, cantar todos os textos que pela sua natureza são destinados ao canto, deve-se fazer de tal forma que não falte o canto dos ministros e do povo nas celebrações dominicais e nas festas de preceitos.

    Na seleção das partes destinadas a serem cantadas, deve-se dar preferência àquelas de maior importância, e sobretudo àquelas que devem ser cantadas pelo sacerdote, pelo diácono ou pelo leitor com a resposta do povo, ou do sacerdote e do povo junto".

    "41. Em paridade de condições, deve-se dar preferência ao canto gregoriano, em quanto que é o próprio da Liturgia romana. Os outros gêneros de música sacra, especialmente a polifonia, não são excluídos, com tal que respondam ao espírito da ação litúrgica e favoreçam a participação de todos os fieis.

    Porque são sempre mais frequentes as reuniões de fieis de várias nacionalidades, é oportuno que saibamos cantar juntos, em língua latina, e nas melodias mais fáceis, ao menos as partes do ordinário da Missa, especialmente o símbolo da fé e a oração do Senhor".

    [Traduzido do Italiano por Thácio Siqueira]

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    Jornada Mundial da Juventude Rio 2013
    "Meet in Brasil" convida jovens do mundo inteiro para a JMJ Rio 2013
    Vídeo foi gravado na praia de Copacabana, palco de três Atos Centrais


    RIO DE JANEIRO, 16 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Faltam menos de 100 dias para a JMJ Rio2013! E para celebrar este momento, que é um marco na preparação para a Jornada Mundial da Juventude, está no ar o clipe "Meet in Brasil", gravado na Praia de Copacabana, palco de três Atos Centrais.

    Baseado na ideia do vídeo "Meet in Madrid", produzido para a JMJ Madrid2011, o clipe tem o objetivo de chamar os jovens de todo o mundo para participar da JMJ. Ele contou com a participação de cerca de 50 voluntários de diferentes paróquias e movimentos da cidade, entre os que dançaram e os que participaram da produção.

    Segundo uma das produtoras, Juliana Frazão, toda a produção foi realizada para, com a proximidade da JMJ, reforçar o convite de todos os jovens se encontrarem no Brasil. "A gente quis aproveitar para falar no refrão 'Nos encontramos no Brasil!'. E Copacabana, onde vão ser alguns Atos Centrais, é cartão-postal do Rio de Janeiro, é a alma do Rio", explicou. Juliana também destacou que a dança foi produzida a partir de duas coreografias, aprendidas pelos jovens através das redes sociais.

    A música, que é homônima do vídeo e foi cedida para a JMJ Rio2013, foi composta pela cantora e compositora espanhola Eva García. Segundo Eva, a mensagem que ela quis transmitir com a música foi de esperança e alegria do jovem que vai encontrar Jesus, de fé e de união. "Qualquer um que participou de uma JMJ sabe que, nesses dias, pode-se aproximar do espírito de Jesus Cristo de uma maneira muito viva e pessoal. A primeira parte da canção fala sobre o profundo desejo de ter esse encontro com Jesus. No primeiro grito "WYD, the World Youth Day is here!" ("JMJ, a Jornada Mundial da Juventude é aqui!"), esse desejo se converte em uma realidade. Deus está realmente alegre de ver seus filhos juntos e por isso derrama suas graças. A última parte da canção fala sobre a alegria de estar unidos e de poder mostrar a Deus que somos parte do corpo de sua Igreja", explicou.

    Um dos voluntários que participaram da gravação foi Carlos Clei, mais conhecido como "Jacaré dos Patins", que dançou a músicasobre duas rodas. Clei ressaltou que quis estar no clipe para "fazer parte da família de Deus". "A minha intenção é fazer parte deste grupo maravilhoso da JMJ, para Jesus e para Deus, homenageando o nosso Papa. O 'Jacaré dos Patins' está aqui para passar esta energia maravilhosa para o Brasil maravilhosa e para todos internacionalmente", afirmou.

    A jovem Maria Carolina estava muito animada por poder participar deste momento, dançando pela primeira vez. "Ainda bem que a Jornada Mundial da Juventude veio aqui para o Rio. Comecei a dançar agora na Igreja e espero dançar várias vezes aqui na Jornada", disse ela, confiante.

    Confira aqui e assista o clipe "Meet in Brasil".

    A noticia foi divulgada no site oficial do evento

    http://www.rio2013.com/pt/noticias/detalhes/1713/jmj-lanca-video-meet-in-brasil-para-comemorar-os-100-dias-rumo-a-jmj

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    Daqui a 100 dias...
    O olhar do mundo jovem se volta pela segunda vez para a América Latina

    Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.


    RIO DE JANEIRO, 15 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Quando por volta do meio dia do domingo, dia 21 de agosto de 2010, em Madri, na Espanha, o então Papa Bento XVI, em espanhol, anunciou ao mundo que o Rio de Janeiro, no Brasil, seria a sede da próxima Jornada Mundial da Juventude em julho de 2013, um antigo sonho da juventude brasileira começava a se tornar realidade. Esse evento, criado pelo Beato Papa João Paulo II, tinha até então ocorrido na maioria das vezes no hemisfério norte do planeta. Apesar de muitos jovens latino-americanos terem participado de todas as edições da JMJ, sempre eram poucos, no entanto, com relação à grande massa de jovens europeus que acabaram tendo uma tradição "de jornadas" que marca a vida e a organização da pastoral juvenil de muitos países. O pedido feito e aprovado pelos Bispos em Assembleia de Itaici tornou-se público ao Santo Padre no encontro com a juventude no Pacaembu em 2007. Agora torna-se realidade.

    O olhar do mundo jovem se volta pela segunda vez para a América Latina. Depois de 26 anos que ocorreu a primeira e única jornada em nossa região, agora com um Papa Latino Americano, ela retorna para ser realizada em nosso país. Será a primeira em língua portuguesa.

    Como já tinha acontecido em 2005 com a jornada em Colônia, na Alemanha, que João Paulo II preparou e Bento XVI é quem foi presidir, ocorre pela segunda vez uma jornada de dois Papas: Bento XVI quem escolheu, preparou e o Papa Francisco é que presidirá. É uma oportunidade única para o nosso país e um grande serviço da cidade do Rio de Janeiro para os jovens do mundo.

    A Jornada atinge a todos os jovens. Embora sejamos nós que organizamos em colaboração com as autoridades federais, estaduais, municipais, de segurança, das forças armadas e tantos outros atores, a Jornada é dar ao jovem o protagonismo de um grande evento, preparado em sua maioria por jovens que constituem o Comitê Organizador Local (COL) para todos os jovens de boa vontade. Já temos encontro entre jovens das três religiões monoteístas – judeus, cristãos e muçulmanos – se preparando com reuniões. Os jovens cristãos de diversas denominações se apresentam como voluntários e suas casas são disponibilizadas para hospedagem. A riquíssima dimensão cultural com filmes, teatros, exposições, museus, palcos e outras oportunidades poderá ser um belo momento mesmo para o jovem que não professa nenhuma fé.

    É um evento mundial em que os jovens nos ensinarão que é possível ter esperança em um mundo novo e que é possível ser jovem nesse atual momento de mudança de época cultural da humanidade, tendo valores importantes para a vida da pessoa humana e da sociedade. Nossa certeza é o Cristo Ressuscitado a quem anunciamos e que nos conduz ao Pai. Os acontecimentos mundiais, nacionais e locais sobre a violência, guerra, incoerência, corrupção, intolerância, pobreza, dependência e tantas outras situações recordam que muitas vezes o nosso progresso científico, comunicacional, midiático, logístico e outros não foi acompanhado por um progresso na fraternidade e no entendimento das pessoas e no respeito uns pelos outros. Em muitas situações humanas parece que estamos mais atrasados do que aqueles povos que chamamos de "bárbaros" na história. Não apenas porque destruíam os monumentos e as civilizações, mas também pensando na truculência e na falta de respeito à dignidade humana. Tempos e consequências que sentimos que a "pedra angular" da sociedade está sendo esquecida. Assim nenhuma casa construída resiste aos vendavais da história.

    A JMJ é um tempo em que se sinalizam belos sinais de esperança e confiança no futuro com compromisso do povo jovem com uma presença alegre, mas responsável pelos valores que realmente fazem diferença na vida da pessoa humana. Temos certeza que estamos servindo a humanidade de hoje e de amanhã com esse serviço que prestamos.

    A nossa Arquidiocese se prepara com muito carinho. A unidade e os belos sinais concretos que recebo dos padres e do povo que se colocam disponíveis para ajudar e partilhar é muito consolador. A peregrinação dos símbolos da Jornada, que no dia 18 de setembro de 2011 iniciou o seu caminho no Campo de Marte em São Paulo, está chegando ao final: no dia 21 de abril chegará ao Estado do Rio de Janeiro e no dia 6 de julho à cidade do Rio de Janeiro. Esses símbolos trazem consigo toda uma esperança e alegria de um povo que confia em tempos melhores e se compromete com a vida. Já de per si só esses sinais motivaram para que o "setor juventude" em nosso país possa contar com a participação de todas as expressões de trabalho jovem.

    O trabalho tem sido árduo. Já tivemos que aumentar o local do COL. A Arquidiocese procura corresponder mesmo com dificuldades a tantas demandas. As notícias sobre a JMJ e principalmente sobre a vinda do Papa pipocam pelas mídias. Algumas vezes sem muita correspondência com a verdade. Mas agradecemos muito a esse importante serviço que fazem em prol da verdade e da comunicação. As várias dificuldades surgidas nesses dois anos, longe de nos desanimar nos deram renovado ânimo. Quanto mais provados e quanto mais dificuldades, mais temos confiança que o Senhor nos prepara para um serviço importante para o mundo, para a Igreja, para os jovens. Levamos com alegria essa missão que a Igreja nos confiou e procuramos fazer o melhor que podemos. Sempre me causou uma grande alegria ver e constatar a criatividade dos vários setores do COL e o empenho de cada grupo com o seu trabalho, mesmo com algumas limitações de espaço, de autorizações ou dificuldades financeiras. Nada disso os tirou do sonho de prepararem um momento importante para a vida do jovem do mundo aqui no Rio de Janeiro. Vocês jovens empenhados nessa bela aventura de fé nos renovam o ânimo e a coragem de continuar lutando pela evangelização.

    A nossa cidade, como tantas outras, tem suas limitações e dificuldades. Temos contado com muita sinceridade e disponibilidade para procurar vencer os problemas e montar um esquema para receber o melhor possível aqueles que para cá virão. Claro que os que não poderão vir, e esses são a maioria, poderão acompanhar por vários meios de comunicação antigos e novos. Teremos oportunidade de viver a "aldeia global" nesses dias com a participação das mídias sociais que nos trazem também as várias opiniões daqueles que estão longe.

    Agora, 100 dias nos restam para os preparativos. Entramos na reta final. Muito serviço temos pela frente. Não podemos perder um só momento para podermos estar prontos para acolher aqueles que começarão a chegar após as semanas missionárias pelo país. De coração desde já os abraçamos e desejamos as boas-vindas! Vocês são nossos irmãos e assim os recebemos: com carinho de família!

    Sabemos também que nos vários países e nas outras cidades do Brasil todos se preparam para a JMJ – alguns para se deslocarem para o
    Rio de Janeiro e viver o belo momento junto com o Papa Francisco, que temos certeza, assim como tem acontecido até hoje, encantará os jovens do mundo aqui no Rio de Janeiro. Os outros que não se deslocarão, mas que farão seus encontros assistindo tanto as celebrações do Papa como através das mídias alternativas os demais eventos da Jornada, também se preparam para viver esse momento único para o nosso país.

    Mas todos estaremos voltados para o futuro. Além dos legados materiais de uma jornada: questão ecológica, trabalho com os adictos, movimentação financeira para o país, treinamento das pessoas que se tornam líderes, saber acolher o outro como irmão e tantas outras situações, o grande legado é justamente levar Deus para o coração do jovem que, de certo modo já O encontrou, mas que O continua procurando e que é a razão de sua vida. Queremos também demonstrar a confiança que temos no jovem e constatar a responsabilidade alegre do jovem com o amanhã do mundo. O encontro com Cristo que nos conduz ao Pai dos jovens de mais de 160 países, junto com o Papa Francisco, transforma esse evento em um evento para o futuro. O "ide e fazei discípulos entre os povos" que marca o tema dessa Jornada levará, sem dúvida, os discípulos jovens de Cristo a viverem com muito entusiasmo e alegria a sua missionariedade, e sabendo construir um mundo com sua presença e atuação. Já estão hoje em diversos locais de responsabilidade e também no amanhã estarão dirigindo empresas e nações. Eles sempre se lembrarão de que a fraternidade entre os povos de diversas línguas e ideologias é possível, e que é possível também nos sentirmos irmãos e sermos acolhidos como tais mesmo com línguas e costumes diversos.

    Meus irmãos e irmãs: 100 dias nos separam desse grande e belo momento. Convido a todos para redobrarem suas orações e intercessão para que o Senhor nos conceda todas as luzes necessárias para essa vivência de fé e nos ajude a discernir os melhores caminhos para este belo e grande serviço à humanidade.

    Venham meus amigos, para serem enviados por Cristo como missionários do Reino! Nós nos encontraremos daqui a 100 dias aqui no Rio de Janeiro! Deus os acompanhe na viagem até aqui. Em nome de todos digo: bem-vindos! A paz esteja com todos!

    † Orani João Tempesta, O. Cist.

    Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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    Comunicar a fé hoje
    Escritório vocacional online
    Quando uma webcam tornou-se uma aliada da promoção vocacional

    Por Jorge Henrique Mújica


    ROMA, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Também é possível encontrar e promover a vocação consagrada, religiosa ou sacerdotal no ciberespaço? A julgar pela grande presença de portais com essa orientação na web parece que sim. Um das páginas, a primeira desse tipo na história da internet, é Vocacion.org, que continuando na vanguarda da pastoral vocacional hoje em dia utiliza até a webcam para sessões de assessoria e acompanhamento. No contexto da 50ª Jornada Mundial de Oração pelas Vocações entrevistamos o diretor de Vocacion.org, o padre Miguel Segura LC, também encarregado da promoção vocacional da sua família religiosa na Espanha.

    ZENIT: Será que a Internet realmente funciona para o acompanhamento ou para a pastoral vocacional?

    - Pe. Miguel Segura: Quando em Fevereiro de 2012 comecei a dirigir a página www.vocacion.org não podia imaginar as dimensões da inquietação vocacional existente nos jovens. Um ano depois, ainda estou surpreso dos percentuais que registramos na página e da realidade que se esconde por trás desses dados.

    Desde que preparamos a versão para Espanha, a página teve mais de 24.000 visitas, os vídeos mais de 45.000 visualizações e em um ano enviaram-nos mais de mil consultas diretas sobre a vocação sacerdotal ou consagrada.

    ZENIT: Em geral, qual tem sido a sua experiência como diretor de um portal vocacional online, o primeiro em língua espanhola?

    - Pe. Miguel Segura: Durante esse tempo pude constatar que no geral há um grande desconhecimento desta realidade e portanto, em muitos cristãos existe a tendência de supor, por exemplo, que a vocação num jovem é resultado de pressões, carências ou inclinações mais do que um verdadeiro chamado de Deus. Porém, a partir da página, com centenas de testemunhos (especialmente na seção de perguntas e respostas), se mostra que não é assim. Ainda não encontrei duas histórias vocacionais iguais, mas em todos os casos se experimenta a vocação como um chamado de Deus, algo superior mas que ao mesmo tempo te deixa completamente livre.

    ZENIT: Além de funcionar como um meio de oferecer recursos para a promoção vocacional e responder consultas nesse mesmo campo, quais outras atividades realiza um encarregado da promoção vocacional como você?

    - Pe. Miguel Segura: Na página organizamos apresentações de testemunhos vocacionais para colégios. Um bom resultado tivemos especialmente com as apresentações feitas não para os alunos mas para o professorado. Nossa convicção é que eles são formadores mais diretos dos seus alunos e, sendo o fenômeno da vocação uma realidade na Igreja, convém que eles a conheçam. A forma de fazer estas apresentações tem sido muito dinâmica e prática: simplesmente explicamos para os professores os dados da página vocacional e depois mostramos testemunhos concretos de consultas recebidas (obviamente com autorização daqueles que nos escreveram)

    ZENIT: E quais foram as reações?

    - Pe. Miguel Segura: costuma causar alguma surpresa positiva constatar a frequência da inquietação vocacional. Eu também fiquei surpreso ao constatar a universalidade deste fenômeno tanto em lugares como em idades e culturas. Pessoalmente acho que é uma riqueza mostrá-lo sem complexos, simplesmente como é e assim o mostramos na página; no final a realidade de que é Deus que chama termina impondo-se e isso te ajuda a abrir os olhos. A página www.vocacion.org fez-me entender um simples fato; que apesar do que se poderia supor Deus continua sendo muito atrativo quando você foca bem o olhar nele. E além de atrativo é muito ativo. E chama muitas vezes quem não espera.

    ZENIT: Quais são os setores mais frequentemente consultados pelos visitantes?

    - Pe. Miguel Segura: As atividades propostas na página têm muitas visitas. Além do curso de discernimento no verão os jovens internautas consultam os "fins de semana de discernimento". Começamos a propor-lhes porque o passo à universidade é um momento chave e às vezes vive-se com superficialidade como se fosse um andar de metrô sem ter claro se é ou não a linha correta, mas na realidade recebemos mais visitas de universitários do que de alunos do ensino médio. É surpreendente o número de jovens que na metade da faculdade não têm claro o que querem na vida e se questionam se o que estão fazendo vale a pena. Tudo está bem, mas poucas coisas lhes enche. O fato é que detrás da pergunta sobre o futuro esconde-se às vezes o chamado de Deus.

    ZENIT: Ouvimos dizer que também têm um escritório vocacional via webcam ...

    - Pe. Miguel Segura: As novas tecnologias também são um veículo importante para a reflexão sobre a vocação e o chamado de Deus. Obviamente internet e uma webcam fazem parte da vida dos jovens, também do jovem vocacional, e contam com isso quando querem solucionar as suas dúvidas. Por isso, dentro da página www.vocacion.org abrimos o "consultório vocacional online" nas primeiras quintas-feiras de cada mês às 22h, hora espanhola, temos reuniões virtuais por teleconferência. Fazemos isso através da tecnologia webinar ygotomeeting, que garante a estabilidade e a segurança das reuniões virtuais. Na primeira reunião virtual começamos com 16 inscritos, mas em cada reunião o número tem sido duplicado.

    São métodos novos que levam às experiências de sempre: a alegria de jovens e não tão jovens que sentem (de modo inexplicável às vezes), o chamado de Deus para deixar tudo e seguí-Lo.

    ZENIT: Não são poucos os que ainda têm medo de usar a internet para questões como essas, você não acha?

    - Pe. Miguel Segura: É um fato pouco conhecido, mas que está aí. São muitos aqueles que na Igreja têm que lidar com ela e colocam o melhor das suas forças na oração e ajuda ao discernimento. Pessoalmente me alegra encontrar promotores vocacionais e grupos eclesiais, paróquias, movimentos, que entraram em contato conosco para consultar como colaborar melhor com os jovens na realidade da vocação; demos uma mão na hora de dar sugestões e material de apoio; desenhamos para eles um pequeno programa que permite usar os conteúdos da página adaptando-os às suas necessidades e apresentar a realidade da vocação a vários auditórios.

    ZENIT: No domingo, 21 de abril celebramos a Jornada Mundial de Oração pelas Vocações. Você não é somente diretor de uma página web especializada na vocação, mas também exerce seu ministério "face a face". Que convite faria às pessoas que lêem esta entrevista?

    - Pe. Miguel Segura: Por volta do ano 30 dC, o César de Roma não ficou sabendo que uns galileus no Lago de Tiberíades ou na mesa dos impostos escutavam um chamado irresistível e pessoal para entregar a sua vida por Jesus Cristo. No entanto, esta foi uma realidade que com o passar do tempo mudou o mundo. Hoje ainda não é notícia que muitos continuem experimentando o mesmo que aqueles galileus, mas a Igreja neste fim de semana rezará por nomes concretos que agora mesmo sentem-se movidos para deixar tudo e seguir a Cristo. Eles precisam do nosso apoio para levar adiante ilusões que ninguém mais compartilha mas que Deus colocou inexplicavelmente no seu coração. Rezar por eles em algum momento destes dias é colaborar com uma iniciativa assombrosa que não parte deles, mas que vem de cima.

    [Tradução do espanhol por Thácio Siqueira]

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    Homens e Mulheres de Fé
    Bento XVI: simplicidade de uma personalidade e vida unificadas
    Papa emérito completa 86 anos de idade

    Por Maria Emilia Marega Pacheco


    ROMA, 16 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O papa emérito Bento XVI completa hoje 86 anos de idade. Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn, Alemanha, no dia 16 de abril de 1927, passou sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena cidade perto da Áustria.

    No artigo publicado em maio de 2006 do «L'Osservatore Romano» com o título «O primeiro ano de pontificado de Bento XVI» o autor Jesus Villagrasa L.C. lembra que na tarde de sua eleição, o então novo Papa, Bento XVI, apresentou-se como «um simples, humilde, trabalhador na vinha do Senhor».

    "Sua autobiografia, Minha vida, Recordações (1927-1977), confirma esta descrição: tem a simplicidade de uma personalidade e vida unificadas, a humildade do insubornável servidor da verdade que se entrega a Cristo, a sua Igreja e aos homens sem cálculos ou protagonismos indevidos. Sente-se, foi e é um cooperador de Deus e de seus irmãos, primeiro como professor universitário, depois como bispo e agora como Vigário de Cristo: um cooperador da verdade", continua o artigo.

    Fato que confirma a atitude humilde de Ratzinger ao renunciar o Pontificado em 11 de fevereiro deste ano.

    Ainda no artigo acima citado o autor lembra que Bento XVI impulsionou com vigor as Jornadas Mundiais da Juventude. "A JMJ de Colônia que teve por lema «Viemos adorá-lo», talvez tenha sido o maior dom de Deus ao Papa no primeiro ano de pontificado. Ele não a planejou. Foi algo que «a Providência divina quis». O Papa marcou esta jornada com uma palavra e um gesto. A palavra, sempre repetida, foi Cristo. O gesto foi o abraço"- afirma o autor.

    Hoje, 16 de abril de 2013, os voluntários e peregrinos da JMJ Rio 2013 expressaram suas felicitações e palavras de gratidão a Bento XVI num artigo publicado no site oficial do evento.

    Marcelo Sampaio recordou que o YouCat, Catecismo jovem da Igreja, foi um dos grandes legados deixados pelo Papa Emérito para a juventude. "Nesse dia, que o senhor comemora o dom da vida, peço a Deus que continue iluminando o senhor como pastor amado que tanto fez por suas ovelhas. Feliz aniversário! Somos sua juventude, Benedictus!", disse.

    "A sua oferta, disponibilidade, alegria me impulsionaram a seguir a Cristo sem temer. Que o Senhor o conserve em Seu amor e a Virgem Mãe o leve a dizer sempre o Fiat.", expressou Emília Azevedo.

    "Gostaria de exprimir a nossa gratidão por tudo o que Vossa Santidade faz, de assegurar a nossa oração e de formular os bons votos a fim de que a bondade de Deus o possa acompanhar em cada dia e ser a luz do seu caminho. Bento XVI parabéns pelo seu aniversario!", escreveu Leonardo Sales na fanpage da JMJ Rio2013.

    A data foi lembrada pelo Santo Padre Francisco no inicio da celebração da Missa na Capela da Domus Santa Marta quando convidou à oração todos os presentes com estas palavras: "Hoje é o aniversário de Bento XVI, ofereçamos a missa por ele, para que o Senhor esteja com ele, o conforte e lhe dê muita consolação".

    O irmão do Papa emérito Bento XVI, Monsenhor Georg Ratzinger, está há diversos dias em Castelgandolfo, para festejar de maneira familiar e fraterna a recorrência de hoje.

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    Familia e Vida
    Espanha: luzes e sombras na futura lei do aborto anunciada pelo Ministério da Justiça
    Associação Profissionais pela Ética se manifesta sobre os lados positivos e negativos


    MADRI, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - A associação espanhola Profissionais pela Ética denuncia "luzes e sombras" no pronunciamento do ministro da Justiça daquele país, Alberto Ruiz Gallardón, que promete, "pela enésima vez", reformar a atual regulamentação do aborto na Espanha. O anúncio do ministro, feito no último dia 15 de abril, coincidiu oportunamente com a visita do presidente do governo, Mariano Rajoy, ao papa Francisco.

    Jaime Urcelay, presidente da associação, explica que, "entre os aspectos positivos do anúncio, destacamos que seria quebrada a corrente de falsos direitos e consequências das leis de prazos, que foram se desenvolvendo com a atual lei do aborto livre. Isto se a reforma for mesmo levada adiante. A consequência é que a vida do nascituro ficará mais protegida, além de se tornarem mais efetivas as ajudas à mulher desde os primeiros atendimentos".

    Os médicos "não poderão ser pressionados, nem será possível exigir que eles realizem procedimentos de aborto como se fossem um exercício de algum direito ou como se fossem ato médico".

    A lamentável situação atual, denunciam os Profissionais pela Ética, "transforma o médico que presta os atendimentos primários em colaborador necessário para abortar".

    Outro aspecto positivo do anúncio de Gallardón, segundo a associação, é que "toda pessoa com deficiências terá direito à vida e não será eliminada por causa de características físicas ou psíquicas".

    O aborto não será ensinado nas faculdades de medicina, como a atual normativa obriga.

    Aspectos negativos

    Entre os aspectos negativos do anúncio do ministro espanhol da Justiça, os Profissionais pela Ética destacam:

    - Ainda não estará igualmente protegida a vida de todos os seres humanos na fase intrauterina, já que o "aborto zero" não está sendo promovido: continua havendo licença para acabar com os mais frágeis.

    - Embora sejam estabelecidos controles efetivos para valorizar o efeito da gravidez na saúde psíquica ou física da mãe, tudo leva a crer que esse pressuposto para o aborto poderá ser aplicado.

    - Há referências a uma "regulamentação da objeção de consciência dos médicos", que envolveria as criticáveis "listas negras de objetores". Essas listas não são necessárias e têm caráter de clara intimidação. "Não faz sentido destacar o nome de quem não realiza abortos, nem onde não se realizam abortos, a não ser que se queira começar uma caça às bruxas. A objeção de consciência é um direito fundamental que não pode ser usado como pretexto para perseguir ou para discriminar os médicos e outros profissionais da saúde".

    - Não há nenhuma menção ao plano de apoio à maternidade e de ajuda à gravidez imprevista, um aspecto que estava no programa do Partido Popular e que, se fosse levado à prática, permitiria uma ação coordenada e homogênea entre os serviços de saúde e os serviços sociais envolvidos.

    - Não há referência à supressão do capítulo educativo da atual lei, que obriga os centros escolares a introduzir uma moral sexual moldada ao gosto do governo de turno.

    "A reforma da lei do aborto não pode mais ser adiada. Não queremos mais anúncios nem propósitos, mas sim fatos reais. Hoje, a lei permite assassinar inocentes e não existe a objeção de consciência para todos os profissionais que participam dos vários momentos que levam até o aborto. Isso, na prática, torna o nosso sistema disfarçadamente totalitário, já que ele privilegia o direito do forte sobre o indefeso e já que a liberdade de consciência não pode ser exercida", conclui Jaime Urcelay.

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    O casamento e a homoafetividade
    Reflexões de Paulo Vasconcelos Jacobina, procurador regional da república e mestre em direito econômico

    Por Paulo Vasconcelos Jacobina


    BRASíLIA, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - As uniões interpessoais de cunho sexual são questão de foro absolutamente íntimo. Nunca deveriam interessar ao Estado democrático salvo quanto a dois aspectos, que ultrapassam o plano da mera intimidade sexual:

    1) a constituição de patrimônio (e neste ponto não há de fato diferença entre relacionamentos homossexuais e heterossexuais) e

    2) na potencial geração natural, cuidado e criação estável de uma prole. É aqui que existe uma diferença fática entre as parelhas heterossexuais estáveis e monogâmicas, supostamente as únicas capazes de prestar este serviço à sociedade, e as outras formas de relacionamento humano, heterossexual, polissexual ou homossexual, de entre uma, duas ou mais pessoas.

    O matrimônio, portanto, naquilo que respeita à regulação estatal, nunca representou intromissão ou valorização estatal de alguma forma de convivência sexual interpessoal, mas a regulamentação de patrimônio comum e prole. Trata-se de reconhecer e valorizar esta forma de viver consistente em gerar naturalmente e educar uma prole estavelmente, de modo a perpetuar os valores sociais e garantir a sobrevivência da sociedade - e do estado - por mais gerações. E que envolve ou não desejo sexual atual entre os cônjuges.

    Os efeitos patrimoniais das relações de base sexual diversas da noção tradicional de matrimônio podem sempre ser licitamente regulados, bem como as relações parentais que eventualmente surgirem daí. Até aqui, concordam todos, cristãos, agnósticos, ateus, tradicionalistas ou revolucionários.

    A tensão, portanto, estabelece-se apenas no fato de que há uma parcela da sociedade que, a partir de uma radicalização recente, não aceita que haja, como de fato há, uma especificidade na forma de convivência matrimonial entre pessoas heterossexuais, vendo nesta diferenciação um mero preconceito de ordem religiosa e irracional, imposta, em prejuízo da "laicidade do Estado", a quem pensa como eles. Esta minoria acredita que não haveria motivos de ordem racional para que o matrimônio não pudesse ser estendido para outras formas de relacionamento de cunho sexual e estáveis em algum grau.

    Alegam o fato de que as pessoas se relacionam sexualmente de mais formas do que aquela existente no interior do matrimônio entendido como sempre se entendeu até hoje, e que não podem ser discriminadas na sua pretensão de contrair matrimônio civil.

    Os ativistas da homoafetividade dizem que o único fundamento para o estabelecimento de um matrimônio é o simples exercício de uma vida sexual de qualquer espécie entre dois (ou mais) parceiros de forma prolongada, e não conseguem ver qualquer fundamento para que se defenda a posição contrária. E tornam-se antidemocráticos quando, diante da dificuldade, por exemplo, dos cristãos mais simples, em articular fé e razão, calam os seus opositores como meros fundamentalistas fideístas que querem impor a fé como fundamento de política pública. Mas estão apenas impondo sua própria opção de sexualidade como fundamento de debate público, contando inclusive com o silêncio de muitos e a cumplicidade de parte da imprensa.

    Indiscutível, na verdade, que há sérios motivos, de ordem estritamente racional e jurídica, para entender que equiparar as relações conjugais homoafetivas a casamentos é simplesmente injusto, e corresponde a uma tentativa mundialmente articulada de equiparar o que é diferente, em prejuízo da família como um todo e, portanto, da própria sociedade. Isto é o que afirma a insuspeita (de contaminação religiosa) Corte Constitucional Francesa, em decisão de 27/01/2011, em tradução mais ou menos livre: "que o princípio segundo o qual o matrimônio é a união de um homem e de uma mulher, fez com que o legislador, no exercício de sua competência, que lhe atribui o artigo 34 da Constituição, considerasse que a diferença de situação entre os casais do mesmo sexo e os casais compostos de um homem e uma mulher pode justificar uma diferença de tratamento quanto às regras do direito de família", entendendo, por consequência, que "não cabe ao Conselho Constitucional substituir, por sua apreciação, aquela de legislador para esta diferente situação". A Corte francesa considerou ainda que "as disposições contestadas não são contrárias a qualquer direito ou liberdade que a Constituição garante". A discussão, na França, está ocorrendo agora no Poder Legislativo, em meio a uma grande movimentação popular para um lado e para o outro.

    Esta equiparação matrimonial agora forçada, portanto, não tem nada que ver com discriminação injusta e irracional aos homossexuais, senão com a discussão política de uma noção de família que, em nome de uma simpatia muito justa para com o sofrimento das pessoas homossexuais, está sendo alterada para toda a população, não apenas para os homossexuais. Há muito mais em jogo do que o direito de minorias: há a concepção de família que vale para todos, e cuja alteração atingirá a todos.

    Injusto é equiparar, para silenciar, os debatedores que defendem a noção tradicional de família a meros "fundamentalistas religiosos" ou a detestáveis "homofóbicos" que espancam homossexuais. São coisas diferentes. Nem todo aquele que defende o matrimônio como especificamente heterossexual é um homofóbico (normalmente não o é), e essa equiparação não é boa para a democracia.

    A questão se agrava quando militantes da posição homoafetiva passam a elevar a categoria do "prazer sexual" ao plano dos "direitos humanos" - ao ponto de considerar que os que educam seus filhos com base na sua fé e convicções estão prejudicando essas crianças. Estes militantes passam a querer impor às famílias e a seus filhos em tenra idade suas próprias ideias sobre sexualidade e relações humanas.

    Defendem inclusive que o Estado volte-se autoritariamente contra as famílias que não aceitam o modelo homoafetivo de casamento e lhes imponha "kits" de "educação sexual" para formar os filhos alheios contra as convicções paternas e maternas, e "leis de homofobia" contra manifestações familiares ou religiosas que eles unilateralmente julgam inconvenientes ou preconceituosas.

    Com todo respeito, sua intromissão é que é indevida, incompatível com a democracia, violadora do princípio da subsidiariedade e pluralidade. É própria de um Estado autoritário. É neste ponto que a categoria dos "direitos humanos" deixa de ser uma categoria de avanço e passa a ser uma categoria de opressão contra os que têm fé e argumentos racionais, mas discordam dos militantes sexuais.

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    O aborto e a ameaça à soberania nacional (última parte)
    Análise do professor Ivanaldo Santos, autor do livro "Aborto: discursos filosóficos"

    Por Ivanaldo Santos


    BRASíLIA, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O que fazer?

    O quadro que foi apresentado anteriormente, de forma resumida, demonstra que a soberania dos países latino-americanos e de outras regiões do planeta está em perigo. Ela é sumariamente ignorada pelos grupos de pressão pró-aborto que, se utilizando de amplo capital em dinheiro e de grande estrutura internacional, desejam a qualquer custo implantar, incentivar e promover o aborto no continente latino. Essa promoção fere tanto os valores democráticos como a soberania das nações.

    No entanto, como salienta Gonzalo Miranda[1], não se deve desanimar diante dos obstáculos, por maiores que sejam as dificuldades deve-se sempre vê-las com otimismo. O motivo é que desde sua fundação, há mais de 2.000 anos, a Igreja sempre foi perseguida e, ao mesmo tempo, sempre esteve ao lado dos mais fracos e oprimidos. Apesar disso ela sempre conseguiu vencer as dificuldades, as perseguições e as barreiras sociais.

    Além disso, é preciso perceber que "atualmente quase não há uma única voz que se levanta para defender os valores religiosos e culturais dos povos do mundo. A ONU está calada, líderes democráticos e até mesmo da esquerda internacional nada dizem. A grande exceção é a Igreja Católica e o Papa. O pontífice tem feito reiterados pronunciamentos alertando para o perigo da morte da democracia e, por conseguinte, de ser imposta uma agenda, para as nações, que fere gravemente seus valores religiosos e culturais[2]". O aborto emerge como centro dessa agenda e, por conseguinte, a Igreja como sendo a grande oposição.

    Diante de tudo que foi exposto apresenta-se 9 estratégias para combater a política de imposição do aborto e, ao mesmo tempo, fortalecer a democracia e a soberania das nações.

    1) Melhorar a formação dos noviços, seminaristas e outras categorias de estudantes clericais católicos. Por incrível que pareça muitos seminaristas se formam e são ordenados padres e não conhecem a doutrina da Igreja sobre a vida e a dignidade da pessoa humana. O combate à cultura da morte e ao aborto passa obrigatoriamente por uma formação mais aprofundada para os candidatos a vida religiosa.

    2) Melhorar a pastoral desenvolvida por bispos, padres, religiosos e líderes leigos católicos. A Igreja tem uma grande inserção social, mas, às vezes, a formação visando a promoção da dignidade humana deixa a desejar. É preciso investir em uma pastoral pró-vida e pró-família que apresente claramente, sem rodeios, a doutrina da Igreja e o Evangelho.

    3)Investir na formação dos leigos. Essa tem que ser uma das metas da Igreja na América Latina. Se muitas vezes o discurso pró-aborto ganha algum espaço na sociedade, isso se dá, em parte, pela má formação que os leigos católicos possuem. A formação laical tem que ser uma meta concreta da Igreja na América Latina.

    4) Utilizar a estrutura da Igreja para promover o valor da vida e a dignidade da pessoa humana. É preciso ver que a Igreja tem uma das melhores estruturas do continente latino-americano. A Igreja possui hospitais, universidades, escolas, centros sociais, espaços culturais, museus, teatros e outros locais de convivência social. É preciso utilizar essa gigantesca estrutura em prol da valorização da vida, do combate ao aborto e outros males oriundos da cultura da morte.

    5) Maior presença na mídia. Se há um erro que a Igreja na América Latina tem insistido em cometer é ignorar a necessidade e a importância dos meios de comunicação. A Igreja precisa utilizar os meios de comunicação, de forma ética, para anunciar o Evangelho e, por conseguinte, desmascarar toda a corrupção que existe por trás do aborto. Sobre o valor do Evangelho, incluindo seu anuncio por meio da mídia, Salvino Leone enfatiza que o "Evangelho afirma com absoluta evidência não apenas o direito à vida, mas também a sua prioridade em relação aos outros direitos. Tudo isso foi formulado no conceito de sacralidade da vida. Tal conceito tornou-se uma verdadeira matriz de pensamento, dualisticamente oposta àquela de qualidade de vida. Os dois critérios fundamentais sobre os quais se baseia a ética da sacralidade da vida são: atribuição de igual valor a todas as vidas humanas (independentemente das suas caracterizações qualitativas) e a consideração da vida como o mais alto dos valores humanos"[3].

    6) É preciso haver padres especializados na defesa da vida e da família. As dioceses e demais circuncisões eclesiásticas católicas precisam formar e ter em seus quadros padres que se dediquem inteiramente ao trabalho em prol da defesa da vida e da família. Se isso acontecer, apenas esse simples gesto já será suficiente para melhorar muito a consciência pró-vida do povo latino-americano. É preciso ter consciência que por mais que a Igreja Católica seja atualmente demonizada, ridicularizada pela grande mídia, ela continua sendo a instituição de maior credibilidade em todo o continente. Os milhões e milhões de dólares gastos pelo lobby pró-aborto para denegrir a imagem da Igreja diante da opinião pública, não foram suficientes para desmoralizá-la. Por isso, a presença, em cada diocese, de um padre que defenda a vida, trará grandes frutos de consciência pró-vida e rejeição ao aborto e a cultura da morte.

    7) Investir na publicação de livros, panfletos, cartilhas e outras formas de literatura pró-vida e pró-família. Por incrível que pareça grande parte da literatura que circula na sociedade é pró-aborto. É preciso reverter esse quadro. É preciso que as editoras e demais casas de publicação católicas invistam na formação do grande público por meio de ampla literatura pró-vida e em prol da dignidade da pessoa humana.

    8) Maior presença na internet e nas redes sociais virtuais. Esses são espaços de novas sociabilidades e da nova evangelização. A Igreja precisa estar atenta a esses novos espaços. Ela deve saber utilizá-los com sabedoria para propagar a verdade do Evangelho e a doutrina do valor intransferível da vida humana.

    9) Formar e orientar os políticos e congressistas. Grande parte dos congressistas votam ou patrocinam propostas pró-aborto por puro desconhecimento da gravidade e dos males que existem por trás do aborto. É bom recordar que um dos eixos de atuação do lobby pró-aborto é investir muito dinheiro na sedução e controle da classe política. A Igreja deve lutar para reverter esse grave quadro. Isso só será possível se ela investir na formação e orientação dos novos e velhos membros da classe política. A política, por conseguinte, deve ser uma das preocupações da Igreja.

    É preciso que a Igreja ajude ao cidadão e a sociedade latino-americana a reconhecerem que o "direito à vida, a existir, é a primeira e mais imediata expressão da dignidade humana. E ao mesmo tempo o primeiro e mais fundamental de todos os direitos humanos, o direito básico e fundante. Sem ele, desaparecem também os outros porque é, logicamente, o pressuposto indispensável"[4]. Por causa disso a "centralidade da pessoa humana requer que a sociedade meça o progresso econômico, sobretudo pela capacidade de promover a pessoa humana. Isso requer que a ética não seja separada das tomadas de decisões econômicas, mas sim que seja reconhecida"[5]. A consequência desse reconhecimento é um processo mais aprofundado de valorização da vida, da dignidade da pessoa humana e a negação do aborto e da cultura da morte. Essa negação é a base da valorização da democracia e da soberania nacional.

    Por fim, afirma-se que a luta em prol da legalização do aborto no continente latino-americano ainda vai durar décadas e talvez atravesse todo o século XXI. Por isso a Igreja precisa redobrar suas forças e seu empenho pastoral na luta pela valorização de todas as formas de manifestação da vida humana, principalmente a vida mais frágil, mais carente, ou seja, o bebê ainda no ventre da mãe. Justamente uma forma de vida que é alvo de grande discriminação e exclusão por parte de governos, líderes políticos, empresários e fundações multimilionárias. Por isso é preciso ter consciência que a defesa da vida e da dignidade da pessoa humana é urgente e necessária. Não pode ficar para amanhã. A Igreja e todos os cidadãos latino-americanos não podem deixar de promover e proteger a vida humana e a soberania das nações e, por causa disso, combaterem o aborto.

    Para ler a oitava parte clique aqui.

    Ivanaldo Santos é filósofo e professor do departamento de filosofia e da Pós-Graduação em Letras (PPGL) da UERN. Livros publicados: Nietzsche: discurso introdutória (Editora Ideia, 2007), Aborto: discursos filosóficos (Editora, Ideia, 2008). ivanaldosantos@yahoo.com.br.

    [1] MIRANDA, Gonzalo. Em problema pastoral de la aplicación de la Humanae Vitae em América Latina. In: Ecclesia, Revista de Cultura Católica, v. VIII, n. 2, abril-junho 1994, p. 161.

    [2] SANTOS, Ivanaldo. O cristianismo e a morte da democracia. In: In Guardia, Ano I, abril 2012, n. 5, p. 19.

    [3] LEONE, Salvino. Mi hai fatto come un prodígio. Bologna: EDB, 2005,p. 153-154.

    [4] Sgreccia, Elio. La bioética como práxis. Buenos Aires: Editorial de la Universidad Católica Argentina, 2004, p. 34

    [5] SCHERER, Cardeal Dom Odilo. Agricultura & Sociedades Sustentáveis: Segurança Alimentar, Terra e Solidariedade, op. cit., p. 2.

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    O aborto e a ameaça à soberania nacional (Parte VIII)
    Análise do professor Ivanaldo Santos, autor do livro "Aborto: discursos filosóficos"

    Por Ivanaldo Santos


    SãO PAULO, 15 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Além de todo o preocupante quadro de ingerência e invasão da soberania nacional é possível citar brevemente outras táticas utilizadas pelas estruturas internacionais para tentar legalizar o aborto nos países da América Latina. Vale salientar que são táticas profundamente antiéticas e antidemocráticas, nas quais o centro de suas atividades é a presença e a distribuição de grande quantidade de dinheiro. Pelo que já foi demonstrado anteriormente é possível compreender que a coisa que mais os grupos pró-aborto possuem é dinheiro para gastar. Resumidamente apesenta-se 10 táticas.

    1) Ampla distribuição gratuita de livros, cartilhas, panfletos e outros modelos de literatura que defende e incentiva o aborto. Essa distribuição é feita de forma estratégica. Para não chamar a atenção da grande população, que é majoritariamente contra o aborto, ela é feita em universidades, faculdade de medicina, associações de advogados e juízes, clubes de profissionais liberais, seminários para formação de sacerdotes católicos e outros locais semelhantes.

    2) Promoção e financiamento de cursos, viagens a locais paradisíacos, com direito a acompanhante, hospedagem em hotéis luxuosos, excursões turísticas e compras em lojas caras e sofisticadas, presentes luxuosos (carros, joias e outros) e diversas outras formas de conforto e mordomia. Tudo isso é destinado a juízes, advogados, jornalistas, médicos, padres católicos e sacerdotes de outras religiões, políticos, altos funcionários públicos e outros profissionais que podem ajudar, de forma direta ou indireta, a promover o aborto.

    3) Promoção de cursos de aborto e outras técnicas de controle populacional para médicos e demais profissionais de saúde.

    4) Promoção de cursos para jornalistas e outros profissionais da mídia com a intensão de disseminar a cultura do aborto.

    5) Assessoria para juízes, promotores e demais autoridades do judiciário. O judiciário é um das grandes fontes de ataques dos grupos de pressão pró-aborto. Uma das metas desses grupos é legalizar o aborto na América Latina, de forma indireta, por meio do judiciário.

    6) Assessoria a bispos, padres, religiosos e lideranças leigas católicas. Essa assessoria visa promover uma espécie de lavagem cerebral nos religiosos católicos de forma que possam ficar contra a doutrina pró-vida da Igreja e, com isso, passarem a defender o aborto e outros valores da cultura da morte.

    7) Promoção de congressos, palestras e outras formas de formação da opinião dos profissionais liberais (advogados, psicólogos e outros) com o objetivo de formar uma visão geral favorável ao aborto.

    8) Ampla presença na mídia, por meio de programas de rádio e TV, de assessoria a canais de comunicação e outras formas de manifestação midiática.

    9) Demonização da Igreja Católica e de qualquer outra instituição religiosa que se oponha ao aborto. Essa demonização é feita sempre mostrando, em espaços como a grande mídia e a universidade, a corrupção, casos de pedofilia e outros problemas morais enfrentados por membros do clero católico. Como a Igreja, na maioria dos países latino-americanos, é a grande voz que defende a vida e, por conseguinte, luta contra o aborto, ela torna-se alvo constante das campanhas de difamação, feitas com muito dinheiro, pelos grupos pró-aborto.

    10) Assessoria a parlamentares (senadores e deputados) com o objetivo de incentivá-los a proporem e aprovarem, no Congresso, projetos de lei para a liberação e o incentivo ao aborto.

    Continua...

    Para ler a sétima parte clique aqui.

    Ivanaldo Santos é filósofo e professor do departamento de filosofia e da Pós-Graduação em Letras (PPGL) da UERN. Livros publicados: Nietzsche: discurso introdutória (Editora Ideia, 2007), Aborto: discursos filosóficos (Editora, Ideia, 2008). ivanaldosantos@yahoo.com.br.

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    Mundo
    Ataques terroristas a candidatos e partidos políticos: apelo dos cristãos pela democracia


    LAHORE, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - A violência política devasta o Paquistão. Enquanto se aproximam as eleições gerais de 11 de maio, sucedem-se ataques terroristas contra candidatos e partidos políticos. "Estamos muito preocupados por esta onda de violência. Os ataques criam tensão e instabilidade e minam o sistema democrático tão dificilmente construído no Paquistão, levando ao adiamento do voto. Também desconsideram a visão de dignidade do homem, de direitos humanos e convivência pacífica que estão nas bases do viver civil", explica à Agência Fides o dominicano fr. James Channan, diretor do "Centro pela Paz" de Lahore. "Creio que esta seja uma questão muito grave, que o governo deve assumir, e é tema também para as forças de segurança e de inteligência, porque os grupos terroristas são conhecidos", afirma o sacerdote. O apelo da comunidade cristã é "por eleições pacíficas, transparentes, nas quais os cidadãos possam se expressar livremente" e para que na vida política e social "sejam respeitados valores como igualdade, democracia, cidadania, liberdade religiosa, harmonia", conclui.

    A condenar com firmeza os atentados terroristas é também a sociedade civil: a "Human Rights Commission of Pakistan" (HRCP), a maior Ong do país, convidou o governo para proteger os líderes políticos de grupos que "querem sabotar o processo eleitoral". "O clima de medo e de intimidação que circunda a campanha eleitoral tem um impacto negativo sobre as eleições livres e justas", afirma a Ong em uma nota enviada à Fides. A HRCP denuncia, especialmente, a violência contra o "Awami National Party" (ANP), visto que seus representantes foram atacados em Swat, Shabqadar e muitos outros lugares. "É indispensável que as forças democráticas enfrentem com a devida consciência a ameaça que estes ataques comportam para a democracia e para o país, mostrando o desejo de combatê-los juntos".
    Os ataques mais graves nos últimos dias foram um atentado suicida em uma reunião do "Awami National Party" em Peshawar, que matou 16 pessoas; um atentado atingiu o comboio de Sanaullah Zehri, líder do "Pakistan Muslim League" (N) no Beluchistão, com três mortos; Fakhurl Islam, candidato do partido "Muttahida Quami Movement" foi morto em Hyderabad por dois franco-atiradores em motocicleta. (PA) (Agência Fides 18/4/2013)

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    Abertas inscrições para o Congresso Mundial Signis 2013
    O tema será a Cultura da Paz


    ROMA, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - A menos de cinco meses da abertura do Congresso Mundial da Signis , associação católica mundial para a comunicação, os organizadores anunciaram o início das inscrições, que terminam em 1º de setembro deste ano. De acordo com o Comitê Organizador, os interessados podem se inscrever também através do site oficial.

    Esta nova edição do congresso, com o tema "Meios para uma cultura da paz: criar imagens com a nova geração", terá como anfitriões os comunicadores sociais católicos do Líbano, cuja capital, Beirute, hospedará milhares de homens e mulheres do mundo que trabalham em prol de uma comunicação social diferente.

    O presidente da Signis, Augustine Loorthusamy, vive com expectativa a proximidade do evento, que "destaca o permanente compromisso da Signis com as crianças e jovens, com a defesa dos seus direitos em e através da mídia".

    O congresso explorará o tema mediante atividades diversas, como diálogos interativos, oficinas, palestras, uma forte presença jovem e a participação ativa de profissionais criativos da comunicação. Será ainda uma oportunidade para que a Signis realize as suas assembleias mundiais.

    A Signis oferece inscrições reduzidas para quem se antecipar até 1º de junho de 2013.

    Para mais informação e inscrições: www.signisworldcongress.net

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    Venezuela: bispo Moronta pede que políticos não incitem o povo à violência
    Resolvam todos os assuntos em sintonia com seus simpatizantes, mas mantendo a ordem jurídica


    ROMA, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - "Gostaria de fazer a minha palavra chegar até vocês neste tempo particularmente difícil que estamos vivendo na Venezuela", diz o bispo de San Cristóbal, dom Mario del Valle Moronta Rodríguez, em carta escrita para os sacerdotes e políticos do país. Moronta pede que os padres sejam prudentes e não se identifiquem com nenhuma linha política. Aos dirigentes políticos, ele pede "que não incitem à violência".

    "Pudemos constatar, pelos resultados eleitorais mais recentes, que a polarização está mais aguda: o país está dividido em dois grandes grupos. Pelas notícias que recebemos e vemos, pelas dificuldades já conhecidas e diante da declaração de não aceitação dos resultados eleitorais por parte de um dos candidatos e da não aceitação da recontagem dos votos por parte do outro, a tensão existente cresceu e houve algumas consequências nada desejáveis. Junte-se a isto o verbo aceso e até incendiário dos líderes das diversas opções políticas, que não favorece em nada", declara o bispo.

    Dom Moronta ressalta o papel dos pastores nesta situação: "Sem deixar de ter a nossa própria opinião, de acordo com a nossa consciência, conforme a Igreja nos pediu muitíssimas vezes, devemos ser prudentes e não nos identificar com nenhuma linha político-partidária. Não nos esqueçamos de que a imensa maioria dos que simpatizam com cada uma das opções políticas contrapostas neste momento são católicos e membros da Igreja".

    Igualmente, o bispo convida os sacerdotes a cuidar dos corações aflitos: "Cabe a nós reanimar, reforçar e reafirmar a nossa vocação de irmãos, pelo fato de sermos filhos de Deus. Durante todos estes dias, como sempre, temos que 'sanar corações aflitos', proteger o rebanho de quem quer dividi-lo ou desviá-lo por caminhos de violência, e convidá-los a demonstrar que são discípulos de Jesus na prática do amor fraterno".

    Aos dirigentes políticos, Moronta faz uma exortação especial: "Resolvam todos os assuntos sempre em sintonia com os seus simpatizantes, mas mantendo a ordem jurídica. Os dirigentes políticos, em todas as suas ações, têm o dever de educar 'politicamente' todos os cidadãos".

    O bispo ainda pede, "de coração, que não incitem o povo à violência com o seu verbo incendiário ou com comportamentos e atitudes sectárias. Os dirigentes do governo devem realizar nestes tempos a vontade de diálogo. Os poderes públicos devem respeitar as possibilidades de todos os cidadãos de ser ouvidos e atendidos nas suas reivindicações, além de saberem que o protesto, cívico e cidadão, é uma voz que devem escutar, já que são servidores da cidadania em geral. E todos os dirigentes, da oposição e do governo, devem procurar encontrar-se, mantendo em vista que são servidores do mesmo povo".

    Ao terminar, dom Moronta convida todos a "levar sempre em consideração que a Doutrina Social da Igreja é um instrumento muito privilegiado para a formação cidadã da nossa gente".

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    D. Manuel Felício: Escuta bem, com toda a atenção, Igreja em Portugal"
    Portugal: Bispo de Guarda destaca projeto de renovação pastoral da Igreja em Portugal


    FáTIMA, 15 de Abril de 2013 (Zenit.org) - D. Manuel Felício, bispo da Guarda, - conforme informado pelo serviço de imprensa do santuário de Fátima - que presidiu na manhã de ontem, em Fátima, à Eucaristia Dominical celebrada no Recinto da Oração, por ocasião da Peregrinação Nacional dos Amigos do Verbo Divino à Cova da Iria, lembrou a necessidade de os cristãos voltarem a olhar para o mais importante: o "encontro com Cristo vivo, onde está de facto o essencial da nossa vida".

    "A fé no Senhor foi e continua a ser a grande força que leva ao testemunho corajoso da Sua pessoa e da Sua mensagem", disse.

    Como mensagem final, D. Manuel Felício referiu-se à Nota Pastoral "Promover a Renovação da Pastoral da Igreja em Portugal", apresentada na passada quinta-feira, dia 11, em Fátima, no final da 181.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.

    D. Manuel Felício reiterou aos peregrinos exatamente as palavras finais da referida Nota, lendo:

    "Escuta bem, com toda a atenção, Igreja em Portugal:

    — reúne-te à volta de Jesus, aprende a rezar e, com Jesus e como Jesus, vai com alegria e ousadia sempre renovadas à procura e ao encontro dos teus filhos e filhas;

    — reveste-te sem ostentação nem riquezas, mas com humildade e verdade e com a ternura de Jesus Cristo;

    — acolhe e vive o Evangelho como uma graça recebida, transmite-o com amor e fidelidade, e não como um produto para publicitar ou para colocar no mercado;

    — põe todo o esmero a preparar e oferecer, com carinho, verdadeiros itinerários de iniciação e de formação cristã para crianças, adolescentes jovens e adultos;

    — redobra o teu empenho na preparação dos candidatos ao sacerdócio;

    — fica sempre atenta e vigilante e sê persistente em tudo o que diz respeito à formação permanente dos teus sacerdotes;

    — reconhece os consagrados pela riqueza dos seus carismas como membros ativos e indispensáveis no crescimento e na ação do Povo de Deus;

    — cuida também da formação dos fiéis leigos, com especial atenção aos mais comprometidos na vida da Igreja e da sociedade, e estimula-os a serem verdadeiros discípulos de Jesus e seus missionários apaixonados e felizes no coração do mundo;

    — vela sempre, com afeto maternal, por todos os teus filhos e filhas, e nunca deixes que se transformem em meros funcionários, perdendo o ardor e o primeiro amor"

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    Entrevistas
    "O Santo Sudário nos diz até que ponto Deus amou a humanidade"
    Entrevista com o cardeal Angelo Comastri, na conferência sobre a Síndone na Pontifícia Universidade Lateranense

    Por Salvatore Cernuzio


    ROMA, 18 de Abril de 2013 (Zenit.org) - O Cristo do Santo Sudário ainda está no centro das iniciativas dos ateneus pontifícios durante este Ano da Fé. Ontem, na Universidade Lateranense, foi realizada a conferência "Síndone e fé: um diálogo possível?". Organizada em parceria com a diocese de Turim, a iniciativa contou com a presença, entre outros, do cardeal Angelo Comastri, vigário geral de Sua Santidade para a Cidade do Vaticano. Durante o evento, ZENIT e ACIprensa entrevistaram o cardeal.

    Eminência, quais são as últimas pesquisas sobre o Sudário?

    Cardeal Comastri: As últimas pesquisas sobre o Sudário não acrescentaram muito ao que já sabíamos. Já foi cientificamente apurado, apesar do exame de carbono 14, que não é confiável, que aquele sudário é o sudário que envolveu o corpo de Jesus. Há muitos elementos que atestam. Por exemplo, temos o exame do pólen, que foi feito por um criminologista que não tinha filiação religiosa nenhuma e que nos relatou que o pólen corresponde às características de Jerusalém e das suas redondezas, de Constantinopla e do âmbito alpino, ou seja, ele refaz todo o caminho que historicamente o sudário percorreu. Os estudos recentes nos trazem a certeza das narrações antigas, nos dizem o seguinte: "Podem contemplar, estudar, meditar sobre o Santo Sudário com a certeza de que vocês estão contemplando, estudando e meditando sobre a Paixão de Cristo".

    A conferência na Universidade Lateranense destaca "a forte mensagem que o Sudário quer dar ao homem de hoje". Que mensagem é essa?

    Cardeal Comastri: A mensagem forte é que o Sudário registra uma paixão impressionante, um sofrimento que é difícil de descrever. E o sofrimento do Filho de Deus feito homem só pode ser explicado com um amor imenso e sem limites. A tal ponto que João Paulo II, no livro Cruzando o Limiar da Esperança, afirmou que "sem aquela paixão", que, acrescento eu, está documentada claramente no Sudário, "a verdade de que Deus é amor ficaria suspensa no ar". O Sudário nos diz até que ponto Deus amou a humanidade.

    Mudando de assunto, o senhor já teve a oportunidade de encontrar várias vezes o papa Francisco. Como ex-prelado do santuário mariano de Loreto, como o senhor descreve a devoção mariana do papa?

    Cardeal Comastri: O papa Francisco declarou explicitamente, indo até Santa Maria Maior um dia depois da eleição, que ele pretendia viver o pontificado entregando-o nas mãos de Maria. Por outro lado, ele não poderia fazer diferente: não pode haver um cristão que não seja mariano, como disse Paulo VI no Santuário de Nossa Senhora de Bonaria, em Cagliari. O papa é o primeiro cristão, e por isso ele tem que ser necessariamente mariano.

    O que o senhor acha das "inovações" que o novo papa está trazendo para a Igreja?

    Cardeal Comastri: O papa está simplesmente dando um "banho" de simplicidade, de humildade. Eu acho que isso é muito bonito, porque o tempo deposita um pouco de poeira e de mundanidade [na Igreja]. Voltar para a simplicidade do Evangelho é com certeza um ganho para toda a Igreja e, sem dúvida, é uma coisa que todos nós desejamos.

    Faz alguns dias, no aniversário de 86 anos de Bento XVI, o senhor disse que a oração do papa emérito sustenta os enormes esforços do papa Francisco. O senhor pode nos explicar esta frase?

    Cardeal Comastri: A oração, para quem crê, é sempre uma grande força. A bíblia enfatiza isto repetidamente. Quando ela fala sobre a jornada do povo de Israel rumo à Terra Prometida, existe um episódio sintomático, de grande profundidade, que diz que, quando o povo lutava durante a viagem, Moisés subia até a montanha e orava com os braços erguidos. E quando ele orava, o povo vencia. E quando ele abaixava as mãos, o povo perdia. Isto pode ser aplicado tranquilamente ao papel de Bento XVI neste momento. Com aquele gesto, ele quis dizer isto: "Eu não abandono a Igreja, mas continuou a servi-la nas condições que são possíveis para mim nesta idade e na minha saúde, e eu a sirvo orando". E a oração de Bento XVI é uma grande ajuda para o papa Francisco, para a Igreja e para todos nós.

    O senhor se encontrou com o papa emérito depois que ele se retirou em Castel Gandolfo?

    Cardeal Comastri: Não. Depois do retiro dele, houve uma grande reserva, no sentido de que ele próprio quer permanecer na máxima discrição possível para não criar nenhuma intromissão no pontificado do sucessor. Mas eu espero vê-lo assim que ele voltar para o Vaticano. Será uma grande alegria encontrá-lo e expressar o meu carinho e a minha gratidão, que, evidentemente, permanecem inalterados.

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    O exorcismo
    Entrevista com o diácono Rogério Almeida Alves

    Por Edson Sampel


    SãO PAULO, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Vamos entrevistar o diácono permanente Rogério Almeida Alves, da Arquidiocese de São Paulo. Alves é um estudioso do exorcismo e vai nos ajudar a entender um assunto que parece ser tabu na Igreja. O exorcismo não é um tema debatido nas comunidades e, quando excogitado, geralmente provoca opiniões conflitantes.

    ZENIT: Comecemos com uma pergunta que me soa absolutamente necessária. Por que seu interesse pelo exorcismo, diácono?

    Diácono Rogério: Desde a minha juventude busquei sacerdotes exorcistas para abençoar-me e a água e o sal que levava para casa, para proteção dada pela Igreja Católica. Padre Miguel de Cotia, Padre Jose da Igreja São Gonzalo, Padre Gregório do Orfanato São Judas Tadeu, eram verdadeiramente Padres Santos que tive o privilégio de conviver.

    ZENIT: Outra pergunta que reputo estritamente fundamental para iniciar esta entrevista: o diabo existe? Qual é a diferença entre "diabo" e "demônio"?

    Diácono Rogério: Sim ele existe, pois o próprio Senhor Jesus nos alertou muitas vezes que ele é o pai da mentira e vem para roubar, destruir e matar. O evangelho de São Marcos já no primeiro capítulo apresenta claramente a quotidianidade da relação entre o humano e o demônio.

    A maior tentação do demônio nos dias atuais, é fazer as pessoas acreditar que o demônio não existe e que isso era coisa do passado, o pior ocorre quando isso é ensinado por alguns teólogos dentro dos seminários, deformando, em vez de formar a consciência de sua ação aos futuros sacerdotes.

    Jesus instituiu sua Igreja Católica Apostólica Romana, e deu poder em nome Dele para expulsá-lo, esta mesma Igreja, através do Magistério Autêntico, tem ensinado seus filhos(as), através dos documentos e catecismo, da existência do demônio e suas obras maléficas.

    Jesus venceu o Mal na força do Espírito Santo, e delegou à Igreja e a seus filhos(as) esse poder e proteção. Os Padres exorcistas são escolhidos pelo Bispo segundo os critérios do Código Canônico, cabe só a eles exercer o ritual do exorcismo individual ou não.

    Os Católicos leigos, que vivem bem o seu batismo, também devem expulsar individualmente de suas vidas e suas casas todo mal, em nome de Jesus, vivendo uma vida sacramental, com amor filial à Virgem Santíssima e a São José, pois na graça de Deus, estaremos sempre protegidos. Quanto à segunda parte da pergunta, Satanás ou Diabo é o chefe dos demônios: Lúcifer. Os demônios são os anjos decaídos que o seguiram.

    ZENIT: Que tipo de mal o Diabo pode nos fazer? Deus não é mais forte que o Diabo?

    Diácono Rogério: Como narram os Evangelhos e demonstra a experiência de muitos exorcistas, muitos são os malefícios que o demônio quer lançar sobre a humanidade. Para aqueles que quiserem ler com detalhes essa ação, indico os livros do Padre Gabriele Amorth, grande exorcista de Roma, pelo menos são quatro livros que ele já publicou.

    O mal já está derrotado pela salvação dada por Jesus Cristo, o Filho de Deus Vivo, mas como ele não pode vingar-se de Deus, tenta contra os filhos(as) de Deus, como está em Apocalipse, Cap. 12. Seu plano maior é tentar levar as pessoas a não acreditar que ele existe, a não acreditar em Deus e na Salvação dada por Jesus. Ele tenta até o fim da vida, para fazer com que percamos a salvação.

    Hoje ele trabalha tentando levar o mundo a acreditar que a Era de Jesus já passou, que foi por um tempo, assim ele tenta levar as almas para a condenação. Deus é infinitamente maior que Satanás e seus anjos caídos, mas Deus sempre respeita nossa liberdade, somos nós que escolhemos a quem queremos servir, se a Deus e seu Reino ou não.

    A Santíssima Trindade já nos deu, por Jesus e sua Igreja, os meios para vencer o mal, a liberdade de escolha esta em nós. Por isso a Igreja hoje vê a necessidade de evangelizar novamente os batizados, que não estão suficientemente evangelizados, e os não batizados, para não caírem no prurido de escutar novidades e falsas doutrinas espalhadas pelos ministros do mal. Hoje percebemos o mal crescente nas violências, fraudes, abortos, a falta de caridade espalhada nas sociedades etc. Deus é infinitamente mais forte que o mal, e está sempre ao nosso lado para nos proteger, cabe a nós entregar nossa liberdade a Deus, para que Ele nos conduza, nos guie.

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    A pesquisa com células-tronco deve ser divulgada ao grande público
    Entrevista com John Gurdon, Prêmio Nobel de Medicina

    Por Ann Schneible


    ROMA, 15 de Abril de 2013 (Zenit.org) - As pesquisas com células-tronco adultas e os progressos nas terapias que as utilizam devem ser divulgados para se promover a justa compreensão desta complexa ciência, afirma John Gurdon, Prêmio Nobel de Medicina, um dos palestrantes da Segunda Conferência Internacional sobre Células-Tronco Adultas, realizada na Sala Paulo VI do Vaticano.

    A conferência tem o objetivo de divulgar os progressos no tocante à pesquisa e às terapias com células-tronco adultas mediante um fórum em que os líderes nesta área compartilham ideias e perspectivas.

    Os organizadores da conferência reuniram peritos de vários âmbitos, católicos e não-católicos, cientistas, médicos, especialistas em bioética, políticos e jornalistas. Como o objetivo principal da conferência é examinar o panorama total da pesquisa com células-tronco adultas, os participantes, entre eles o dr. Gurdon, representam os mais diversos pontos de vista religiosos, éticos e morais, inclusive os que discordam da doutrina da Igreja católica.

    Biólogo de Cambridge, Inglaterra, Gurdon recebeu em 2012 o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina por ter descoberto como as células adultas podem ser transformadas em células-tronco semelhantes às embrionárias. Esta descoberta é crucial para a pesquisa sobre as células-tronco adultas e para a exploração dos seus benefícios terapêuticos.

    O ganhador do Prêmio Nobel conversou com ZENIT sobre a importância de divulgar essas pesquisas para o público em geral.

    Quais foram suas impressões sobre este encontro?
    Gurdon: A lição mais interessante para mim foi sobre a utilidade clínica das nossas pesquisas. No meu trabalho, não há ligações com o âmbito clínico, embora eu esteja bem ciente do ponto que foi atingido por muitos cientistas no esforço de fazer o trabalho gerar benefícios para o paciente.

    Por que é tão significativo que uma conferência sobre este assunto tenha sido promovido pelo Vaticano?
    Gurdon: Pessoalmente, eu sou o que vocês chamariam de liberal. Eu não sou católico, sou cristão da Igreja anglicana. Discordo de alguns dos ensinamentos da Igreja católica. Mas precisamente por este motivo é que é de grande interesse para mim encontrar pessoas que me dizem por que elas observam certos princípios. Além disso, eu nunca tinha estado no Vaticano. É uma experiência nova e eu estou grato por essa oportunidade.

    O que você gostaria que o público em geral soubesse sobre esta conferência?
    Gurdon: Eu acho que as pessoas vão se interessar pelos debates éticos e religiosos que aconteceram. Mas estas questões vão além do meu papel, eu não estou envolvido nisto. O que eu espero é que, como eu, elas se interessem por saber em que ponto nós estamos hoje no nível terapêutico.

    Por que é importante divulgar uma disciplina científica tão complexa para as pessoas menos instruídas cientificamente?
    Gurdon: Para quem não é cientista, eu acho que é importante entender que tipo de trabalho é feito nesta área. O público pode apoiar esse tipo de trabalho, e é isto, com certeza, o que nós queremos. Eu espero que cada vez mais pessoas se interessem por questões científicas em vez de perder tempo acompanhando celebridades da televisão. E eu tenho que dizer que muitas das pessoas que eu vou conhecendo são realmente interessadas. Aumentar o nível de interesse público eu acho que é realmente uma coisa boa. Quanto mais as pessoas estiverem cientes do tipo de discussão que acontece, melhor, porque as ideias negativas que algumas pessoas têm se devem inteiramente, acredito eu, a mal-entendidos. Elas simplesmente não sabem o suficiente sobre o que nós fazemos nesta área. Se alguém explicar para as pessoas o que nós fazemos e o que vai ser feito no futuro, elas vão ficar entusiasmadas, eu espero. E, no fim, isso vai ter efeitos positivos também no tocante ao apoio governamental, que é necessário para este trabalho.

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    Espiritualidade
    Os "bastidores" da humildade de Bento XVI
    Tudo o que tinha era apenas uma mala, alguns livros e o necessário

    Por Mirticeli Dias de Medeiros


    SãO PAULO, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Quem diria que aquele velhinho, o qual, todos os dias, com sua maleta, fazia o trajeto de seu apartamento até o trabalho, a pé, tornar-se-ia o 265º Papa da Igreja Católica?

    Creio que, para muitos, especialmente para aqueles que moravam em Roma, foi uma surpresa vê-lo na sacada central da Basílica de São Pedro, em 19 de abril de 2005, após um dos Conclaves mais rápidos da história – tão rápido quanto o do nosso Papa Francisco.

    Ratzinger disse, em entrevista, nunca ter almejado cargos na Igreja e nem mesmo visado os "holofotes", mas afirmou também estar à disposição desta mesma Igreja diante de uma necessidade. No entanto, mal saberia ele que, tamanha disposição e desapego, o levaria à Sé de Pedro.

    Um Papa que, em sua infância e adolescência, viu os horrores da guerra, foi obrigado a deixar o seminário para alistar-se e, neste tempo tão doloroso, foi alvo de chacotas entre os soldados de Hitler, porque alimentava um imutável e concreto desejo: ser padre.

    O Pontífice que, quando ainda cardeal, ao ser convocado por João Paulo II para transferir-se para Roma, sentiu a dor de deixar sua terra natal, a ponto de querer expressar visivelmente uma vida de simplicidade e renúncia: "Tudo o que tinha era apenas uma mala, alguns livros e o necessário", ressaltou.

    Um homem que fez questão de cumprimentar cada um dos vizinhos do modesto apartamento que habitava antes de transferir-se para o Palácio Apostólico, a residência oficial do Santo Padre.

    Um Sumo Pontífice que, em uma de suas primeiras catequeses, ao ver uma criança com câncer, fez o sinal da cruz também no ursinho que ela portava, demonstrando, com isso, que um Papa também é capaz de dobrar-se para entrar no universo dos pequenos – tal gesto levou um jornalista judeu a mudar os seus conceitos. Um papa que escolheu ser simplesmente Bento, o santo que, no silêncio de um mosteiro, devolveu à Europa a identidade perdida. O pastor que, considerando-se no fim de sua peregrinação terrestre, afirmou, em 2012, que uma certeza o motivava a ir adiante: "Deus é, Deus está".

    O Sucessor de Pedro que usou um relógio cobiçado por colecionadores mas que, para ele, tinha um valor que não poderia ser calculado por eles: era o relógio de sua irmã, a qual, em seu leito de morte, ofereceu-lhe esta lembrança. Um Papa que, pouco antes de ser eleito, por causa de sua doação à Igreja, não tinha tempo de fazer algo que gostava: passear por Roma. "Eu gostaria de ter uma qualidade de vida mais leve. Eu raramente consigo chegar até a cidade", disse.

    Ele, apesar de ter feito tanto, não hesitou em sair de cena para que a Igreja pudesse seguir adiante, mesmo que isso lhe custasse a falta de reconhecimento de muitos católicos sem memória.

    Bento XVI foi alguém que viveu uma humildade por vezes não captada pelas potentes câmeras de televisão, mas demonstrou aquilo que, um dia, o apóstolo das nações fez questão de frisar: "Convém que Cristo cresça e eu diminua".

    Rezamos por ti, Bento XVI, nosso Bento XVI.

    (Fonte: Canção Nova)

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    Rezemos pelas vocações
    Quinquagésimo Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado neste IV Domingo de Páscoa, 21 de abril de 2013

    Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.


    RIO DE JANEIRO, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - No quinquagésimo Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado neste IV Domingo de Páscoa, 21 de abril de 2013, a mensagem papal nos convida a refletir sobre o tema«As vocações sinal da esperança fundada na fé», "que bem se integra no contexto do Ano da Fé e no cinquentenário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II". É um dia especial para nós, pois chegam ao Estado do Rio de Janeiro os símbolos da JMJ – a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora. É também para mim uma época que recordo tanto a minha ordenação episcopal como também o início do meu ministério na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

    Este domingo nos apresenta a figura do Bom Pastor, que São João nos deixou no capítulo décimo do seu evangelho. Repleto de significado pascal, a figura do Bom Pastor conhece as suas ovelhas e o Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas (Jo. 10, 11). Sabemos que estas palavras foram de novo confirmadas durante a paixão. Cristo ofereceu a Sua vida na Cruz. E fê-lo com o amor. Sobretudo, desejou corresponder ao amor do Pai, que amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n'Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3, 16). Cumprindo «este mandamento recebido do Pai" (Cf. Jo. 10, 18) e revelando o Seu amor. Afirma-o no mesmo discurso, quando diz: Por isto o Pai Me ama: porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la (Jo. 10, 17). Ninguém ma tira (a vida); sou eu que a dou por mim mesmo. Tenho poder para dá-la e para retomá-la (Jo. 10, 18). Estas profundas palavras referem-se evidentemente à Ressurreição, e exprimem toda a profundidade do mistério pascal.

    Nosso Senhor Jesus é Bom Pastor porque dá a Sua vida ao Pai deste modo: entregando-a em sacrifício, oferece-a pelas ovelhas. Jesus revelou esse aspecto do amor do Bom Pastor: oferecer a vida pelas ovelhas.

    A imagem do Pastor e do rebanho era familiar à experiência dos Seus ouvintes, como não deixa de ser familiar à mentalidade do homem contemporâneo. Mesmo com o avanço cibernético, esta imagem continua ainda a ser atual no mundo hodierno. Os pastores levam as ovelhas aos pastos e lá ficam com elas durante o verão. Acompanham-nas nos deslocamentos e guardam-nas para que não se tresmalhem. De modo especial defendem-nas dos animais selvagens, pois "o lobo arrebata e dispersa as ovelhas" (Jo. 10, 12).

    O Bom Pastor, segundo as palavras de Cristo, é precisamente aquele que, "vendo vir o lobo", não foge, mas está pronto a expor a própria vida, lutando com o ladrão a fim de que nenhuma das ovelhas se perca. Se não estivesse pronto a isto, não seria digno do nome de Bom Pastor. Seria mercenário, mas não Pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas (Jo. 10, 11).

    A Igreja é chamada a realizar este mistério, que sempre se está a atuar entre Cristo e o homem: o mistério do Bom Pastor, que oferece a Sua vida pelas ovelhas. A Igreja, que é o Povo de Deus, é, ao mesmo tempo, realidade histórica e social, em que este mistério continuamente, e de diversos modos, se renova e realiza. E homens diversos têm a sua parte ativa nesta solicitude pela salvação do mundo, pela santificação do próximo, que é e não deixa de ser a solicitude própria de Cristo crucificado e ressuscitado. Esta solicitude pastoral é, de modo especial, a vocação dos pastores: presbíteros e bispos.

    Por isso, neste domingo do Bom Pastor, após cinquenta anos da criação do Dia Mundial de Orações pelas Vocações, somos chamados a uma animação ainda maior da Pastoral Vocacional e dos Ministérios Ordenados. Para a eficiente e consoladora solução do problema das vocações, a Comunidade cristã é chamada a orar; orar muito, com confiança e perseverança, não deixando, por outro lado, de promover convenientes iniciativas pastorais, e de oferecer, especialmente por meio das almas consagradas, um testemunho luminoso de vida, vivida em fidelidade à divina vocação. Rezemos insistentemente para despertar a divina chamada no coração de muitos jovens e em outras almas nobres e generosas, para mover os hesitantes a uma decisão, e manter na perseverança aqueles que fizeram a sua escolha, dedicando-se ao serviço de Deus e dos próprios irmãos. Deus conceda a todos compreenderem plenamente que a presença, a qualidade, o número e a fidelidade das Vocações constituem sinal da presença viva e operante da Igreja no mundo e motivo de esperança para o seu futuro.

    Neste ano da Juventude e da Fé, em particular para a Igreja do Rio de Janeiro, dirijo, por fim, um apelo especial e cordial aos jovens. Caros amigos, olhai para a figura do Bom Pastor — ideal de luz, de vida e de amor e – ao mesmo tempo, considerai que a nossa época tem necessidade de recuperar estes ideais. Se Cristo olha para vós com vistas de predileção, se vos escolhe e vos chama a serdes Seus colaboradores, não hesiteis um momento em dizer — à imitação da Virgem Santíssima ao Anjo — o vosso generoso "Sim". Não vos arrependereis; a vossa alegria será verdadeira e completa, e a vossa vida aparecerá rica de frutos e de méritos, porque vos tornareis com Ele e por Ele mensageiros de paz, realizadores do bem e colaboradores de Deus na salvação do mundo.

    Impossível não recordar as Palavras do Papa Francisco na Quinta-feira Santa dirigida aos sacerdotes: "isto vo-lo peço: sede pastores com o «cheiro das ovelhas», que se sinta este –, serem pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens", recordando ainda: "Deus Pai renove em nós o Espírito de Santidade com que fomos ungidos, o renove no nosso coração de tal modo que a unção chegue a todos, mesmo nas «periferias» onde o nosso povo fiel mais a aguarda e aprecia. Que o nosso povo sinta que somos discípulos do Senhor, sinta que estamos revestidos com os seus nomes e não procuramos outra identidade; e que ele possa receber, através das nossas palavras e obras, este óleo da alegria que nos veio trazer Jesus, o Ungido"

    A conclusão da mensagem papal para esta jornada de orações nos situa no clima da JMJ que estamos a preparar: "Desejo que os jovens, no meio de tantas propostas superficiais e efêmeras, saibam cultivar a atração pelos valores, as metas altas, as opções radicais por um serviço aos outros, seguindo os passos de Jesus. Amados jovens, não tenhais medo de segui-Lo e de percorrer os caminhos exigentes e corajosos da caridade e do compromisso generoso. Sereis felizes por servir, sereis testemunhas daquela alegria que o mundo não pode dar, sereis chamas vivas de um amor infinito e eterno, aprendereis a «dar a razão da vossa esperança» (1 Ped 3,15).

    Que a exemplo de nosso Bom Pastor, Cristo Senhor, possamos continuar a ver tantos jovens que, devido à experiência cristã, se entregam ao serviço do reino como consagrados e, portanto, dando suas vidas para que as ovelhas possam estar e adentrar no aprisco do Senhor!

    † Orani João Tempesta, O. Cist.

    Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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    As vocações para a vida consagrada estão nas nossas famílias

    Por Dom Alberto Taveira Corrêa


    BELéM DO PARá, 17 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Oferecemos aos nossos leitores o artigo semanal escrito por Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo metropolitano de Belém, no estado do Pará. Nesse artigo Dom Alberto trata o tema da vocação, celebrado na liturgia no próximo domingo do Bom Pastor.

    "Temos a alegria de ver na Igreja o multiplicar-se de jovens, rapazes e moças, que enxergam um horizonte diferente em suas vidas.", escreve Dom Alberto, fazendo notar que as vocações para a vida consagrada estão nas nossas famílias.

    Dom Alberto dirige aos pais um apelo: que comecem a perguntar em casa o que Deus quer de seus filhos e não somente o que eles querem ser na vida. "Não reduzam os horizontes das novas gerações a interesses limitados como "o que você quer?, ou "como você terá maiores salários?", ou ainda apenas a posição social relevante" - diz Dom Alberto. Esses temas são importantes, "desde que as perguntas a respeito de plano e vontade de Deus comecem a ocupar os pensamentos e a orientar rumos das novas gerações. Não nos permitamos diminuir o que Deus pode oferecer-lhes!".

    Publicamos o texto a seguir:

    ***

    OVELHAS E PASTORES

    A Igreja celebra o dia de orações pelas vocações sacerdotais e religiosas no Domingo do Bom Pastor, com o tema "As vocações, sinal da esperança fundada na fé". O mundo inteiro se une em oração para implorar de Deus o dom de santas vocações e propor de novo à reflexão de todos a urgência da resposta ao chamado divino.

    A esperança é expectativa de algo de positivo para o futuro, mas que deve ao mesmo tempo sustentar o nosso presente, marcado frequentemente por dissabores e insucessos. Onde está fundada a nossa esperança? Na fidelidade de Deus à aliança, com a qual se comprometeu e que renovou sempre que o homem a rompeu pela infidelidade, pelo pecado, desde o tempo do dilúvio (cf. Gn 8,21-22) até ao êxodo e ao caminho no deserto (cf. Dt 9,7); fidelidade de Deus que foi até ao ponto de selar a nova e eterna aliança com o homem por meio do sangue de seu Filho, morto e ressuscitado para a nossa salvação. A fidelidade de Deus é seu amor que interpela a nossa existência, pedindo a cada qual uma resposta a propósito do que quer fazer da sua vida e quanto está disposto a apostar para a realizar plenamente. (Cf. Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial de Orações pelas Vocações).

    O cuidado amoroso de Nosso Senhor com seu rebanho se expressa no amor com que dá a vida por nós. Quem tem a chave que abre o livro da vida de cada pessoa (Cf. Ap 5,1-14) e reúne em torno de si uma multidão que ninguém pode contar (Cf. Ap 7,9) é o Cordeiro imolado, aquele que se entrega inteiramente. O Cordeiro é o Pastor!

    O relacionamento do Pastor-Cordeiro com seu rebanho não é de poder despótico, mas se expressa nos vários passos do Evangelho, nos quais ele se mostra servidor, atento aos fracos, doentes e pecadores, misericordioso, paciente, atento às demoras daqueles que Ele mesmo chama, pronto a lavar-lhes os pés e dar-lhes a vida em abundância.

    Temos a alegria de ver na Igreja o multiplicar-se de jovens, rapazes e moças, que enxergam um horizonte diferente em suas vidas. Suas perguntas já superam os interesses de posições sociais, riqueza ou reconhecimento social. Quando o novo Papa escolheu o nome de Francisco, refloresceu no mundo a admiração pelo pobrezinho de Assis! É que os santos atravessam os séculos com sua ousadia e coragem. Crianças, adolescentes e jovens de nossa época também foram feitos para grande ideais, e o mundo será levado adiante justamente pelos heróis do coração e do serviço desinteressado. Mesmo pessoas afastadas da Igreja exultam ao ouvirem nomes como Beato João Paulo II, Beata Madre Teresa de Calcutá, Santa Edith Stein, Beata Chiara Luce Badano, Dom Helder Câmara, Chiara Lubich e outras personalidades. São pessoas que calibraram suas vidas com a têmpera do Céu, dons de Deus oferecidos às gerações atuais.

    As vocações para tal forma de vida existem e estão em nossas famílias e comunidades. Um apelo chegue aos pais e mães de família, no clima da Festa do Bom Pastor: comecem a perguntar a seus filhos em casa sobre o que Deus quer deles! Não reduzam os horizontes das novas gerações a interesses limitados como "o que você quer?, ou "como você terá maiores salários?", ou ainda apenas a posição social relevante. Tudo isso pode ser e é importante, desde que as perguntas a respeito de plano e vontade de Deus comecem a ocupar os pensamentos e a orientar rumos das novas gerações. Não nos permitamos diminuir o que Deus pode oferecer-lhes!

    Para ter a coragem de orientar assim os que devem fazer escolhas na vida, três passos emergem como importantes. O primeiro é proporcionar um conhecimento adequado de Jesus Cristo. Anunciar Jesus, ensinar Jesus, conversar com Ele junto com os filhos, fazê-lo hóspede, mais ainda, morador de cada casa. Os pais começam a evangelizar e catequizar seus filhos quando estes estão no ventre materno e não podem interromper esta missão!

    Só no conhecimento de Jesus Cristo far-se-á luz a respeito da vida de cada pessoa. Olhar no espelho é muito pouco para descobrir o que se é! Só Jesus Cristo revela a cada ser o humano o seu próprio ser e seus dons. Há que começar com Ele, para depois chegar a cada pessoa, com sua história. Perde tempo, ilude-se e não suscita vocações autênticas, inclusive para o matrimônio e, é claro, para a especial consagração do sacerdócio, vida religiosa e missionária e outras formas de consagração, quem não deixa Jesus Cristo passar na frente. Será fatal, pois quem quiser ganhar sua vida vai perdê-la, mas quem perder a sua vida vai ganhá-la (Cf. Mt 16,25).

    Tendo escolhido Deus acima de tudo e encontrado sua própria história, vem à tona a terceira etapa, na qual se pergunta o que fazer e como viver, o que a Igreja chama de vocação específica. Descobri-la é uma graça que Deus quer oferecer a todos os seus filhos e filhas. Especialmente o mundo dos adultos tem sobre si imensa responsabilidade, pois lhe cabe oferecer esta visão inovadora da vida a adolescentes e jovens. Sim, vocação cristã, vocação humana e vocação específica! É a estrada maravilhosa para a descoberta do olhar pessoal de Deus!

    Se o desafio parece muito alto, a Igreja põe em nossos lábios e em nossos corações a súplica adequada: "Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor. Amém."

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    Análise
    Homofobia: termo propagandístico manipulado
    Chama-se Engenharia Verbal a manipulação de certas palavras para exprimir condutas de vida novas e causadoras de polêmica na sociedade.

    Por Vanderlei de Lima


    AMPARO, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Dom Estevão Bettencourt (1919-2008), monge beneditino poliglota, escrevia na revista Pergunte e Responderemos n. 546, dezembro de 2007, p. 558-560, uma constatação importantíssima para os nossos dias quando muito se usa – por "engenharia verbal" – o termo homofobia a fim de condenar quem, em nome de princípios religiosos ou éticos, rejeita práticas (e não pessoas) homossexuais.

    Com efeito, diz Bettencourt: "Chama-se 'Engenharia Verbal' a manipulação de certas palavras para exprimir condutas de vida novas e causadoras de polêmica na sociedade". A seguir, ele dá o exemplo da homofobia: "Phobos em grego quer dizer 'medo'. Em consequência, homofobia seria o medo frente aos homossexuais. Todavia, não é isto que se entende hoje por homofobia; a palavra significa a censura à prática homossexual, de modo que não se poderia condenar em público o homossexualismo, significado este que não está contido no sentido original de homofobia". Trata-se de manipulação interesseira da linguagem.

    A fim de bem ilustrar o que está dito acima, reproduzimos as páginas 45 e 46 do livro Homem e mulher Deus os criou, do Padre David Francisquini (São Paulo: Artpress, 2011).

    1) O que é homofobia? – Homofobia é um termo inventado pelo psicólogo americano George Weinberg para desacreditar os opositores do homossexualismo. No seu sentido etimológico, a palavra homofobia deveria significar aversão irracional a pessoas do mesmo sexo, por paralelismo com homoafetividade. No entanto, o movimento homossexual emprega a palavra para rotular de modo depreciativo as pessoas que se manifestam contrárias às práticas homossexuais, que desse modo passam a ser vistas como preconceituosas ou desequilibradas. Uma resolução do Parlamento Europeu a favor da legalização do "casamento" homossexual, emitida em 2006, define homofobia, sem nenhuma base na realidade, como "um sentimento irracional de medo e de aversão em relação à homossexualidade e às pessoas lésbicas, bissexuais e transgêneros e propõe que esse sentimento seja combatido desde a idade escolar.

    2) Por que o movimento homossexual insiste em utilizar a palavra homofobia? – Porque se trata de um recurso publicitário, e se tem mostrado eficiente. Arthur Evans, cofundador de Gay Activist Alliance (Aliança de Ativistas Homossexuais), explica como o movimento homossexual criou a palavra homofobia para caracterizar seus opositores: "O psicólogo George Weinberg não-homossexual, mas amigo de nossa comunidade, comparecia regularmente aos encontros do GAA. Observando fascinado a nossa energia e excitação e as respostas da mídia, ele apareceu com a palavra que nos empenhávamos em conseguir: homofobia, que significa o temor irracional de amar alguém do mesmo sexo". George Weinberg classificou então a oposição moral à homossexualidade como uma anomalia, uma fobia. Ele vai além "Eu nunca consideraria um paciente saudável se ele não tivesse superado seu preconceito contra a homossexualidade".

    Fica assim claro o caráter ideológico e propagandístico da palavra, que poderíamos qualificar de arma semântica. Aplicando aos opositores o rótulo de homófobos, os homossexuais procuram intimidá-los e desqualificá-los, descartando como "temores irracionais" os seus argumentos. Porém, pelo contrário, tais argumentos são baseados na reta razão (...).

    3) Existe algum fundamento para essa alegada homofobia? – Como expusemos acima, a palavra homofobia foi artificialmente criada e divulgada para facilitar a aceitação social e legal do modo de vida homossexual, e tem como objetivo colocar em posição desconfortável e odiosa todos os que a ela se opõem, ou mesmo criminalizá-los. Os que defendem a Lei natural e os Dez Mandamentos devem denunciar e desmontar essa tática desonesta, pois os que fazem esse uso demagógico do rótulo homófobo nunca conseguem apresentar provas científicas dessa suposta fobia, que só existe no arsenal de qualificativos com que a propaganda homossexual procura desmerecer os seus opositores. Corresponde à mesma tática empregada outrora pelos comunistas, que acusavam de fascistas quem se opusesse aos seus desígnios e ideologia.

    Até aqui o Pe. David Francisquini. Seu estudo merece muita atenção.

    Vanderlei de Lima cursou Filosofia e Iniciação Teológica pela Escola Mater Ecclesiae, no Rio de Janeiro. É formado em Filosofia pela PUC-Campinas, e pós-graduado em Psicopedagogia no processo ensino-aprendizagem pelo Centro Universitário Amparense-UNIFIA.

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    Venezuela: ''Esta esperança não é uma fantasia'
    Análise do ex-reitor da Universidade Católica Andrés Bello


    BRASíLIA, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos aos leitores um artigo de Luis Ugalde, ex-reitor da Universidade Católica Andres Bello, da Venezuela, e ex-superior provincial jesuíta no país caribenho. O artigo foi publicado no jornal El Nacional e aborda o resultado das recentes eleições venezuelanas.

    *****

    Ficou evidente que bem mais da metade dos venezuelanos não está de acordo com a proposta governamental estatista-partidarista. Em eleições sem coação, sem medo e sem uso abusivo do poder do Estado, e com um árbitro medianamente neutro, a vantagem da opção democrático-plural seria de vários milhões de votos. Esta é a realidade que o governo e todos nós temos que reconhecer como ponto de partida para aplicar os remédios indispensáveis para curar este país doente.

    Alguns pontos decisivos:

    1 - Pobreza e economia. O país está atolado em níveis alarmantes de déficit fiscal, endividamento, inflação, importações desmesuradas e exportações não petrolíferas raquíticas; escassez de produtos básicos, fuga de capitais e de talentos. Estatizações improdutivas e em quebra, e empresas privadas acossadas e sentenciadas à morte pelo socialismo do século XXI. Isso torna impossível superar a pobreza, porque, sem uma forte dinâmica empresarial e vultosos investimentos, não crescerá o emprego produtivo de qualidade crescente. O regime levou a economia a uma equação econômica insolúvel. O mais acertado para o governo e para o país seria a via do Brasil, o que, no campo econômico, significa abrir as portas com garantias jurídicas para o investimento privado produtivo (não para capitais meramente especulativos), estimulá-lo e exigi-lo. Mas isto não será aceito: para a ideologia deste governo, a empresa privada é o demônio e a propriedade dos meios produtivos é a origem e a causa de todo mal.

    2 - Abertura, transparência e eficiência dos programas sociais. A ineficiência governamental, a corrupção e o sectarismo partidarista castraram as iniciais boas intenções dos programas sociais e das missões. É preciso tornar claro aquilo que o sectarismo partidarista, a propaganda e a ideologia tentaram pobremente disfarçar.

    Nos programas mais necessários e significativos, de educação, saúde, segurança social, não é difícil aumentar a eficiência, a transparência e o universalismo (não o partidarismo), focando na conquista de direitos consagrados na constituição.

    3 - Democratização política. O país requer sinais democráticos claros e imediatos: a libertação de exilados e presos políticos; o abuso do Executivo central tem que ser imediatamente freado com a independência e com o contrapeso dos outros poderes públicos, com uma sociedade civil ativa e com a autonomia dos poderes regionais e locais, bem como com a colaboração eficaz do poder central.

    As Forças Armadas também têm de voltar, partindo de dentro de si mesmas, com o apoio da sociedade e do governo, para o seu lugar perdido, importantíssimo, que é reconhecido pela constituição e reclamado pela sociedade.

    4 - Reconciliação nacional com acordos sérios e sustentados em temas básicos, que só darão certo com grandes consensos e colaboração. Não é possível continuar mais seis anos assim, nem podemos nos resignar nem desejar o fracasso (quase inevitável) do governo que nasce. É necessário um grande ânimo espiritual de renovação, de reconciliação e de esforço esperançado, com fatos e políticas concretas. A violência é uma terrível doença que, como o câncer, vai invadindo tudo. Semearam ódio, desqualificação e agressividade nos corações. São muitas as políticas necessárias de educação, de trabalho juvenil e de dissuasão da violência, mas nenhuma como o reconhecimento, de coração, da nossa condição de irmãos, que torna a vida sagrada.

    Reconhecimento não apenas para não nos matarmos, mas para conseguirmos, juntos, levar a vida para onde há morte e miséria.

    5 - Presidente educador

    O novo presidente deveria acima de tudo ser um educador, um reeducador político em tempo integral, com a dignidade dos mais pobres em foco e com a constituição na mão.

    Esta esperança não é um delito nem uma fantasia: é uma realidade de vida ou morte para o governo que começa hoje.

    É obvio que ele e a sua ala estalinista estão obcecados ideologicamente e consideram tudo isto como uma rendição ao inimigo antirrevolucionário e à "direita imperialista". Mas não fazê-lo o levará a um suicídio político mais cedo que tarde. Por isso, todos os democratas, com Capriles e a maioria esperançada, devem continuar unidos e ativos pela vida do país.

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    Um mês depois: continuidade do Papa Francisco com o magistério de Bento XVI
    É preciso tomar uma certa distância desses entusiasmos iniciais

    Por Vitaliano Mattioli


    CRATO, 15 de Abril de 2013 (Zenit.org) - A eleição de qualquer Papa sempre faz que se destaque as diferenças com o antecessor. Normalmente se enfatizam os aspectos positivos, as novidades, até mesmo sobre as coisas mais simples. Diz-se que o novo Papa traz uma lufada de ar fresco à Igreja.

    É preciso tomar uma certa distância desses entusiasmos. Desde que eu era estudante fiquei impressionado pelo pontificado do Beato Pio IX (1846-1878). Nos dois primeiros anos (1846-1848) foi considerado o papa da Providência, que teria virado a maré italiana. Mas quando, em 1848, ele se recusou a permitir que o exército papal se unisse ao exército dos Savoia para lutar contra a Áustria... o Papa recusou alegando que o Chefe da cristandade não podia lutar contra uma nação católica como a Áustria pois era uma contradição.

    A partir desse dia as forças anticlericais começaram a atuar e por todo o seu longo pontificado, Pio IX sofreu uma perseguição contínua. Até mesmo depois de sua morte, quando seu corpo foi transferido do Vaticano para a basílica de S. Lorenzo (no Verano) para ser enterrado, no momento em que o cortejo fúnebre atravessou a ponte sobre o rio Tibre, um bando de anarquistas tentou jogar o caixão na água.

    Não gostaria que a mesma coisa acontecesse com o Papa Francisco. Ele é o guardião da Verdade e da Tradição. Ele está convencido disso e está disposto à total fidelidade.

    Demonstrou essa sua posição mais de uma vez nos discursos deste primeiro mês. Como também falar do seu antecessor com tanto respeito e estima.

    Um ponto parece-me de grande importância. Em seu discurso ao Corpo Diplomático pronunciou as seguintes palavras: "Mas há ainda outra pobreza: é a pobreza espiritual dos nossos dias, que afeta gravemente também os países considerados mais ricos. É aquilo que o meu predecessor, o amado e venerado Bento XVI, chama de a «ditadura do relativismo», que faz que cada um seja medida de si mesmo, colocando em perigo a convivência entre os homens... Não pode haver verdadeira paz, se cada um é a medida de si mesmo, se cada um pode reivindicar sempre e somente os próprios direitos".

    Bento XVI normalmente usava a expressão "ditadura do relativismo", entendendo com a palavra 'ditadura' a falta de liberdade de pensamento; com a palavra 'relativismo' a ausência de absolutos.

    O Papa Francisco demonstra compartilhar totalmente a doutrina de Bento XVI. Isso significa que os 'Princípios não negociáveis' (outra expressão muito querida pelo Papa Bento XVI) não podem rebaixar-se à concessões.

    Mas por que é tão importante não estar de acordo com a "ditadura do relativismo"?

    Se aceitarmos esta devemos aceitar que não há uma Verdade absoluta, objetiva, que é a base das outras. Falta para o homem a bússola, o ponto de referência objetivo "deixando cada um como medida de si mesmo, colocando em perigo a convivência entre os homens".

    Assim, cai-se no chamado "pensamento fraco", cuja paternidade pode ser encontrada no filósofo italiano Gianni Vattimo, mas as raízes culturais são encontradas em Martin Heidegger.

    Existem dos campos de aplicações: um político e outro moral.

    No âmbito da política, a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu no dia 24 de novembro de 2002 uma "Nota doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política" (Assinado por Ratzinger).

    Nesta se lê: "Constata-se hoje certo relativismo cultural…quando teoriza e defende um pluralismo ético (n. 2). A libertade política não é nem pode ser fundada sobre a ideia relativista, segundo a qual, todas as concepções do bem do homem têm a mesma verdade e o mesmo valor... A vida democratica tem necessidade de bases verdadeiras e sólidas, ou seja, de princípios éticos que, por sua natureza, não são negociáveis (n. 3)".

    Se o Político não aceita a existência de tais princípios não-negociáveis, perde de vista a Verdade e a moral objetiva caindo num subjetivismo arbitrário. O Estado laico se transforma em Estado laicista que de fato se apresenta como Estado ético. Estamos em pleno regime ditatorial e totalitário.

    A outra área é a moral.

    Olhemos um pouco para trás, para as duas conferências do Cairo (Egito 1994) e de Pequim (China 1995). Na do Cairo prevaleceu uma filosofia hedonista. Na de Pequim as verdadeiras intenções vieram à luz: da expressão 'necessidades sexuais' passou-se àquela dos 'direitos'. Em primeiro lugar destacaram-se os 'desejos sexuais', que não é saudável reprimí-los. Esta reflexão conduziu a uma outra: se existem "necessidades-desejos' que não está bem reprimir, para o indivíduo isso se transforma num 'direito' a ser exercitado. Por fim: se é um 'direito' o Estado deve colocar-me em condições de poder exercitar este 'meu' direito.

    Tudo isso entrou no campo da bioética e distorceu totalmente a estrutura. Da bioética passou-se ao bio-direito para depois envolver a bio-política.

    Ter renunciado àqueles 'princípios não negociáveis' trouxe-nos a este positivismo: não existe nada certo; o homem torna-se norma de si mesmo.

    Revogando a visão ética, tudo se torna lícito e ninguém deve contradizer esta licitude. Estamos em plena anarquia moral e relativismo ético. O pior é que esse 'relativismo' se transforma em ditadura: é obrigatório adequar-se a esses clichês; se alguém, indivíduo ou instituição, não se encaixa é acusado de obscurantismo e de inimigo da modernidade.

    Por esta razão, a Igreja, talvez a única instituição que se opõe à essa ditadura, é ultrajada e vilipendiada e o seu chefe supremo, o Papa, acusado de obscurantismo, caluniado e humilhado.

    Isso aconteceu especialmente aos últimos Papas; não gostaria que acontecesse também com o Papa Francisco.

    Bento XVI em um discurso em Milão, no dia 2 de junho de 2012, disse: "liberdade não significa arbítrio do indivíduo, mas implica ao contrário a responsabilidade de cada um".

    O mesmo, no discurso à Cúria Romana (21 de dezembro de 2012) falou sobre a "nova filosofia da sexualidade que é apresentada sob o vocábulo gender-gênero". E comentou: "Salta aos olhos a profunda falsidade desta teoria e a revolução antropológica que lhe está subjacente".

    Recebeu muitas críticas por causa desta reflexão.

    Felizmente, a Igreja não desiste diante dessa perseguição. Hoje, em uma confusão total da sociedade, valioso transatlântico mas sem bússola, alguém falou de um eclipse da civilização, a Igreja Católica continua a mostrar os pontos de referência para evitar o naufrágio completo.

    Por isso um agradecimento sincero a tudo o que o Papa Francisco poderá fazer para manter acesa a chama da Verdade e continuar a iluminar esta humanidade, de acordo com as palavras do profeta Isaías: "O povo que andava na escuridão viu uma grande luz, para os que habitavam nas sombras da morte uma luz resplandeceu" (Os., 9, 2).

    É a luz de Cristo, levada à humanidade de hoje pelo seu vigário na terra.

    [Tradução Thácio Siqueira]

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    Testemunho
    Professor de grego e literatura do Papa Francisco em entrevista a ZENIT
    Entrevista com Pe. Juan Carlos Scannone, SJ, assessor do Departamento de "Justiça e Solidariedade" do CELAM

    Por Thácio Lincon Soares de Siqueira


    BRASíLIA, 19 de Abril de 2013 (Zenit.org) - Professor do Papa, de grego e literatura, nos anos de 1957, Pe. Juan Carlos Scannone, SJ, em entrevista concedida a ZENIT, nos revelou um pouquinho desse grande homem do começo do século XXI, Jorge Mario Bergoglio, nosso querido Papa Francisco.

    "Além de ser um leitor assíduo de ZENIT em espanhol", disse-nos no começo da sua entrevista, Pe. Juan Carlos é professor emérito de filosofia na Faculdade de Filosofia de São Miguel, onde o Papa estudou, e atualmente dirige ali o Instituto de Pesquisas Filosóficas, bem como é assessor do Departamento de "Justiça e Solidariedade" do CELAM.

    ZENIT: Desde quando você conheceu Jorge Mario Bergoglio e qual relação teve com ele?

    Pe. Juan Carlos Scannone SI: conheço o Papa Francisco desde que era um seminarista da arquidiocese de Buenos Aires, acho que desde 1957, antes de entrar no noviciado jesuíta. Naquele então fui professor de grego e literatura, porque Jorge Mario já tinha completado o ensino médio, mas teve que fazer dois anos no Seminário Menor, para estudar latim, formando parte dos "latinistas", jovens que tinham terminado o ensino médio mas não tinham cursado humanidades clássicas. Mais tarde, quando voltei dos meus estudos na Europa, em 1967, encontrei-o novamente como estudante de teologia na Faculdade de Teologia, morando na mesma casa religiosa, o Colégio Máximo de San José. Quando era mestre de noviços, ainda que morava em outra casa, me dirigia espiritualmente com ele. Depois, convivi com ele no mesmo Colégio Máximo, grande parte dos seis anos como Provincial (1973-1979) e outros seis anos como Reitor tanto desse Colégio como das Faculdades de Filosofia e Teologia de San Miguel (1979-1985). Ele era professor de teologia pastoral na Faculdade de Teologia, e eu, professor de teologia filosófica, na de Filosofia. Tinhamos uma relação diária e muito cordial.

    ZENIT: Como Jorge Bergoglio dirigiu a Igreja em Buenos Aires? Quais as suas principais virtudes?

    P. Juan Carlos Scannone SI: Apesar de San Miguel ser outra diocese, por testemunhos de outros e pelo domínio público, posso dizer que o seu governo foi, por um lado, muito pastoral, com especial atenção para o que ele chama de "povo fiel" e a sua piedade popular, especialmente com os pobres. E, por outro lado, um governo espiritual, que impactava os jovens sacerdotes. Apoiou abertamente os "sacerdotes de favelas", ou seja, aqueles que trabalham nas favelas, nos bairros pobres, e as visitava com frequência. Promovia a "conversão pastoral", de que fala o Documento de Aparecida, de tal modo que buscava colocar a Igreja em estado de missão, promovendo entre os agentes de pastoral e pastores a ideia de não esperar os fieis nos tempos, mas de sair pelas ruas e praças, procurando a todos, sobretudo os mais excluídos. Promoveu fortemente o diálogo inter-religioso com o judaísmo e o islamismo, sendo a Argentina um dos não muitos lugares onde, graças à mediação da Igreja Católica, o Islamismo e o Judaísmo estão em diálogo fecundo. Seu estilo foi sempre espiritual, simples, austero, com traços inesperados de caridade pessoal, atendendo ao mesmo tempo a esfera pública e política, e as pessoas concretas.

    ZENIT: Como os jesuítas de Buenos Aires estão vendo esses primeiros dias do pontificado do Papa Argentina?

    P. Juan Carlos Scannone, SJ: Há uma grande alegria entre os jesuítas argentinos e muita esperança, acima de tudo, ao ver gestos simbólicos que o novo Papa está tendo, e suas primeiras decisões. Por outro lado, só o fato de que seja latino-americano é como uma espécie de revolução na Igreja e um verdadeiro sinal dos tempos e das transformações atuais.

    ZENIT: Você tem alguma recordação especial de Jorge Bergoglio como cardeal?

    P. Juan Carlos Scannone SI: Tenho muitas recordações, mas gostaria de apresentar o testemunho de um amigo meu, que foi especialista em Aparecida.

    Quando, antes da conferência, ele perguntou ao cardeal sobre qual seria o principal tema, este disse-lhe: "Cristo e os pobres." Acho que isso o pinta de corpo inteiro.

    ZENIT: De todas as lutas que o Papa teve de enfrentar como cardeal, na Argentina, em sua opinião, qual tem sido a principal?

    P. Juan Carlos Scannone, S.J.: Não é fácil responder a esta pergunta. Pelo menos pode-se dizer que, entre as grandes lutas que teve, tem duas que se relacionam com a missão atual da Companhia de acordo com as últimas Congregações Gerais, ou seja, "o serviço da fé e a promoção da justiça". Porque teve que lutar tanto contra a pobreza injusta e a iniquidade na sua diocese, no país e América Latina, praticando pastoralmente de forma pública a opção preferencial pelos pobres, como também lutar em favor da evangelização, sobretudo dos jovens, porque ele estava preocupado com a ruptura da transmissão da fé na família, entre as gerações, já que essa transmissão quase espontânea acontecia antes, mas agora está se perdendo.

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