Lisboa, 24 abr 2012 (Ecclesia) – O arcebispo de Juba, capital do
Sudão do Sul, lançou um pedido de ajuda à comunidade internacional para
travar o conflito que opõe o país ao seu vizinho do norte e evitar uma
tragédia humana.
“A situação humanitária piora, começou também a estação das chuvas
que torna muito problemáticas as operações de socorro às populações em
fuga dos combates”, assinala D. Paulino Lukudu Loro, em declarações à
Fides, agência do Vaticano para o mundo missionário.
Este responsável pediu aos representantes das instituições
internacionais que ajudem a “demarcar com precisão as fronteiras” entre
Sudão e Sudão do Sul, uma questão que tem originado confrontos
militares, por causa do controlo de poços de petróleo.
O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir disse hoje, em Pequim, que Cartum "declarou guerra" contra seu país.
"A minha visita acontece num momento crítico para a República do
Sudão do Sul, pois o nosso vizinho de Cartum declarou guerra ao nosso
país", afirmou Kiir ao presidente chinês Hu Jintao durante uma visita
oficial à China.
Esta segunda-feira, o líder das Nações Unidas, Ban Ki-moon condenou o
Sudão por bombardear uma cidade que fica na fronteira com o Sudão do
Sul.
A confederação internacional da Cáritas, ‘Caritas Internationalis’,
emitiu hoje um comunicado no qual diz temer que esteja iminente “uma
guerra em grande escala”, com “terríveis consequências” para os dois
países.
“A paz apenas pode ser atingida através do regresso à mesa das
negociações e com a plena implementação do Acordo de Paz”, afirma Michel
Roy, secretário-geral da organização católica.
Nas últimas semanas o conflito está centrado em Heglig, área rica de
petróleo disputada entre Sudão e Sudão do Sul, que esta sexta-feira foi
retomada pelos soldados de Cartum, depois de violentos combates com os
militares sul-sudaneses que a tinham ocupado no dia 10.
Em comunicado, o exército sudanês afirma ter matado 1200 militares do
Sudão do Sul, número que até o momento não foi possível verificar.
O Ministério sudanês dos Negócios Estrangeiros acusa o Sudão do Sul
de minar a estabilidade no Sudão, continuando a apoiar os rebeldes no
seu território, apesar dos apelos internacionais em sentido contrário.
"O Governo do Sudão do Sul não respondeu aos repetidos apelos da
comunidade internacional e mantém as suas atividades hostis para minar a
estabilidade e segurança do Sudão", refere um comunicado divulgado na
noite de segunda-feira pela agência oficial SUNA.
O petróleo representa a maior fonte de rendimento do Sudão (65 por
cento) e do Sudão do Sul (98 por cento), um dos países mais pobres do
continente.
Esta última nação tornou-se oficialmente independente a 9 de julho de
2011, após cinco décadas de conflito com o regime de Cartum e uma
guerra civil que deixou dois milhões de mortos, mas continuam por
resolver questões como a demarcação de fronteiras, a partilha das
receitas do petróleo e a situação dos cidadãos sul-sudaneses que residem
no Norte.
O arcebispo Lukudu Loro afirmou que “o povo do Sudão do Sul não quer a
guerra” e que este “é um conflito económico pelo controlo do petróleo”.
OC
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