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    sexta-feira, 9 de março de 2012

    A Era dos Boçais! Três décadas de petismo geraram os “fascistas” cheios de “consciência social”, que trazem a ditadura na alma!

    Blogs e Colunistas

    09/03/2012

    às 6:15

    A Era dos Boçais! Três décadas de petismo geraram os "fascistas" cheios de "consciência social", que trazem a ditadura na alma!

    A minha página do Facebook foi invadida por "fascisbikers" e "talibikers" tomados de fúria assassina — não é por acaso que eles vivem atropelando pessoas nas calçadas Brasil afora! — e por supostos militantes do ateísmo. As brutalidades, os xingamentos, as boçalidades, as cretinices, o conjunto da obra, em suma, diz bem qual é a utopia desses caras e dá uma pista de como seria o mundo caso eles estivessem no poder. Ali se vê a capacidade de argumentação, o pensamento largo, o descortino, a delicadeza, a profundidade de argumentos e, acima de tudo, a tolerância! É constatando o que andam fazendo por ali que estou ainda mais convicto de que, de fato, sair pedalando por aí — melhor ainda se for em defesa de uma sociedade laica que destrói até obras de arte com referências cristãs — é lutar por um mundo melhor!

    Estão tão certos de sua crença, tão imersos em sua militância, tão dedicados à sua causa que falam abertamente em matar. "Gente como esse Reinaldo não merece viver!", dizem muitos. Por que não? Porque não defendo o mundo que eles defendem; porque não acredito em suas soluções fáceis e burras para problemas difíceis; porque, em suma, penso de modo diferente. Sempre lembrando que meu texto inicial criticando os bikers os censurava por paralisar a cidade em nome de sua causa. Os fanáticos acreditam firmemente que têm esse direito. Os bikers bocudos são apenas uns burraldos cuja fineza de pensamento é estimulada pelo selim. Já os que se pretendem ateus militantes — ao menos aquela escória que entrou no Facebook (já que os há decentes e sensatos) — padecem daquela ignorância propositiva que faz a certeza dos estúpidos. Que dias estes!

    A Internet é uma maravilha! Nestes cinco anos e pouco de blog, tenho entrado em contato — por meio dos comentários e quando, eventualmente, faço uma palestra ou outra por aí — com pessoas muito especiais, com gente que escreve bem, que tem uma cultura sólida, que se dedica à leitura e à pesquisa. Mas há também o lado tenebroso da coisa. Rematados idiotas, cujo pensamento não seria externado antes nem para os familiares, cujas opiniões seriam ignoradas até pelos amigos, ganham voz. É inequívoco que a rede ajuda a reunir a inteligência. Mas também torna a boçalidade visível como nunca antes na história deste mundo.

    E não há escapatória: quanto mais cretina e desinformada é a opinião, mais convicto e intolerante é o sujeito com o contra-argumento. Não está interessado em ouvir, mas apenas em sentenciar. Se alguém lhe dá uma referência bibliográfica que conteste a sua convicção, o bruto fica zangado e acha que estão tentando enganá-lo. Duas frases costumam preparar o terreno para a cusparada vertida como opinião: "Não venha me dizer que…" ou "Então quer dizer que…". Invariavelmente, a oração que ele usa como complemento é algo que ele próprio acusa o outro de dizer, mas que jamais foi dito.

    Há dias escrevi aqui um texto lembrando que as mulheres foram as primeiras a aderir ao cristianismo no mundo helênico porque a interdição do aborto as protegia da morte. E citei um livro com um sólido estudo a respeito: "The Rise of Christianity: a Sociologist Reconsiders History", do americano Rodney Stark. "Ah, então quer dizer que não morrem mulheres por abortos malfeitos no Brasil?" Heeeinnn??? Ontem, escrevi um post demonstrando a conta falaciosa dos tais "milhões de mortos" da Santa Inquisição. E lá veio: "Não venha me dizer agora que a Inquisição não matou ninguém!" Heeeinnn??? É uma coisa muito impressionante!

    Trinta anos de petização das escolas — públicas e privadas, em todos os níveis — criaram esses idiotas cheios de opinião, incapazes de refletir dois minutos sobre um argumento. No caso da retirada dos crucifixos, confundem-se abertamente herança e formação cultural com proselitismo religioso; entende-se o estado laico como sinônimo de um estado que deva promover o ateísmo. Os mais radicais não tem dúvida: Wadih Damous, presidente da OAB-RJ, está certo, e duas obras de arte devem, sim, ser violadas no Supremo para arrancar de lá aquele crucifixo. Não são capazes de dizer por que, então, não devemos revogar outras heranças do cristianismo, aa começar do feriado do Natal.

    Na espetacular entrevista concedida ao jornal português "Público", Josph Weiler, o advogado judeu que defendeu na Corte Européia o direito de as escolas italianas exibirem crucifixos, fez uma brilhante síntese do pensamento tolerante:
    "Não podemos permitir que a liberdade de [ter ou não] religião ponha em causa a liberdade religiosa. Temos que descobrir a via média. E essa é dizer "não" se alguém quiser forçar outro a beijar ou a genuflectir perante a cruz. Mas, se houver uma cruz na parede, direi aos meus filhos que vivemos num país cristão. Somos acolhidos, não somos discriminados. A Dinamarca tem uma cruz na bandeira, a Inglaterra e a Grécia igual. Vamos pedir que, por causa da liberdade religiosa, tirem a cruz das bandeiras? Absurdo!…"

    Minha religião?
    Alguns tontos sustentam que só me atenho a essa questão porque sou católico! Voltaram a me acusar de ser membro do Opus Dei! Se fosse, não haveria nada de ilegal nisso. Feio é paralisar avenidas, ameaçar pessoas, propor a destruição do patrimônio… Mas não sou" Olhem aqui: talvez eu tenha lá minhas contradições — nada do que é humano é estranho a mim… —, mas é difícil me pegar em certas coisas porque penso segundo princípios, o que me livra de ficar me perguntando a toda hora: "O que é mesmo que eu acho disso?" No dia
    23 de junho de 2009, escrevi um texto criticando a proibição do véu islâmico nas escolas francesas. Não só do véu. É proibido também exibir um crucifixo no pescoço. O modo francês — e não é por acaso que a Marselhesa é aquele banho de sangue em forma hino! — de garantir a liberdade religiosa é proibindo a expressão de qualquer religiosidade. Acho que isso não só invade direitos individuais como comete o crime cultural de igualar véu e crucifixo —  para a França, são coisas muito distintas, não?

    Mas estes são os tempos. Os valores universais estão em baixa. Em seu lugar, entram as vozes das tais minorias organizadas, dos grupos de pressão, que impõem a sua pauta, os seus valores, porque dispõem dos canais de expressão. E ai daquele que reivindicar aquela coisa besta, como o direito de ir e vir, ou que lembrar que a história não pode ser submetida a uma espécie de revisão permanente, como se só pudéssemos viver num presente eterno. É claro que boçais não são todos os ciclistas, mas os que pretendem fazer terrorismo sobre duas rodas. É evidente que há ateus e agnósticos que compreendem a democracia. Boçais são os que não compreendem

    Ainda estou lhes devendo o texto em que prometi voltar àquela questão do infanticídio. Foi espantosa a quantidade de pessoas que condescenderam com a idéia porque, disseram, há mesmo muita gente no planeta, e a Terra está correndo riscos. Acho que entendi a utopia deles: um planeta lindo, vagando nas esferas, sem a presença pestilenta do homem, com a natureza intacta. Não haveria nem mesmo um Stanley Kubrick para filmá-lo…

    Por Reinaldo Azevedo
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    1 Comentário

    1. Paulo

      -

      09/03/2012 às 6:51

      Reinaldo, você acentuou ateísmo na letra "e".

      MODERADOR AGRADECE: CORRIGIDO!


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    --
    1.Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
    2.Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
    3.Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
    4.Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
    5.Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
    6.Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
    7.Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
    8.Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
    9.Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
    10.Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
    11.Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
    12.Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

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    23/06/2009
    às 19:58
    LIBERDADE, BURCA E VÉU

    O presidente francês, Nicolas Sarkozy, fez ontem duros ataques ao uso da burca, como vocês já devem ter lido. Já fui um admirador mais entusiasmado de Sarkozy. Hoje em dia, eu o considero, assim, um tanto… pop! Um grupo de congressistas franceses estuda criar uma lei proibindo o uso do traje feminino, defendido por algumas correntes do islamismo. Muitos leitores querem saber o que eu acho — na verdade, querem saber se sou favorável à proibição do uso da burca.

    Não! Resolutamente, não! Considero a eventual proibição uma exacerbação da vontade do estado sobre a vontade do indivíduo.

    Que se note: um cidadão francês tem de viver, claro, segundo as leis francesas. Se correntes do Islã impõem, por exemplo, o chamado casamento arranjado e se a noiva ou o noivo não aceitam a imposição, têm de ter seus direitos protegidos pelo estado. Do mesmo modo, uma mulher não pode ser obrigada a andar de burca se não quer andar de burca. Mas proibir? Aí não dá.

    Nas áreas em que as exigências religiosas se chocam com os direitos garantidos pela Constituição francesa, é evidente que o estado tem de fazer valer a sua Carta. Em matéria de religião, a imposição deve ser proibida, não a escolha. Exemplifico, para quem ainda não ligou os pontos, com algo da minha religião: não se pode impor o crucifixo como sinal de adesão à crença, mas não se pode proibi-lo sem que isso caracterize uma inaceitável agressão à liberdade religiosa. E não estou igualando os símbolos, é claro.

    A França não pode permitir — e isso tem acontecido, como Sarkozy sabe muito bem — que escolas, estabelecimentos comerciais e até academias de ginástica passem a ser reguladas pelas “leis do Islã”. Isso tem de ser combatido, sim, e duramente. Mas não faz sentido proibir uma mulher de usar a burca se ela quer usar a burca — algumas querem, ainda que isso a muitos pareça impensável. Da mesma sorte, não considero correto que se proíba uma menina islâmica de usar o véu na escola. Por quê?

    Conheço bem o debate sobre o caráter leigo e universalista do ensino etc e tal. Mas me parece bastante “universalista” reconhecer as escolhas individuais e familiares, desde que, REITERO, de acordo com as leis do país e os direitos garantidos na Constituição.

    Há uma grande pressão na França para que até os livros de referência nas escolas sejam reescritos com a, digamos assim, versão islâmica da história etc e tal. Tanto quanto acho que a França não pode proibir a burca, acho que a burca, tomada aqui como símbolo, não pode impor coisa nenhuma à França e a suas escolas.

    ENTENDERAM? A BURCA E O VÉU DEVEM CONTINUAR PERMITIDOS EM NOME DOS NOSSOS VALORES, NÃO DOS VALORES DELES.

    Ademais, a proibição pode ser contraproducente e funcionar como elemento de mobilização.

    Os islâmicos não têm de mudar as leis francesas. Nem as leis francesas têm de mudar por causa dos islâmicos. Eles devem é obedecê-las, a exemplo de qualquer outro grupo religioso.
    Por Reinaldo Azevedo

    Tags: Sarkozy e a burca
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    81 Comentários

    Kast
    -

    25/06/2009 às 1:17

    Já pensei mais ou menos como o Reinaldo Azevedo sobre esse tema. Também me parecia errado proibir a liberdade religiosa, em princípio. Mas hoje me parece natural que algumas expressões da liberdade religiosa devam ser limitadas, se ferirem os princípios fundamentais do país. A burca (que é um caso extremo de véu), segundo Sarkozy e outros, atenta contra a dignidade da mulher e é apenas um símbolo de opressão.
    Para dar um caso extremo: algumas tradições defendem a mutilação do clitóris. Isso deve ser permitido, a partir de uma interpretação relativista cultural? O véu é uma questão política na França porque virou um símbolo dos limites impostos às culturas estrangeiras que lá se instalam.

    gabriel
    -

    24/06/2009 às 19:07

    o que ocorrera na frança é que os pais mais conservadores irao proibir as filhas de estudar. um tiro no pe foi dado pelo sarkozy

    Marcelo
    -

    24/06/2009 às 17:36

    Rei,
    seu apego ao princípio de que o Estado não pode governar a vontade individual acaba dando zebra: quem garante que a mulher muçulmana que mora na França quer usar xador, burca ou véu? Será que essa atuação genérica do Estrado francês não terá como consequência libertar as mulheres dessa imposição machista? E a pergunta da Sandra é excelente: e se a escola adotar um uniforme (sem burca)?
    O uso da burca não é unânime entre os diversos tipos de muçulmanos. É como o kipá judaico, alguns usam o tempo todo, outros só na sinagoga. Donde se conclui que a burca não é essencial à religião islâmica.
    Sds.,
    de Marcelo.

    Surfista Prateado
    -

    24/06/2009 às 13:03

    Entender eu entendi, só que a não-proibição permite aos opressores a obrigarem as mulheres a usarem a burca… O certo seria proibir que homens obrigassem as mulheres a usá-la, mas vamos concordar que isso é impossível (porque elas podem ser constrangidas a dizer que usam porque querem), e a conclusão é que usando os nossos valores, eles impõem os deles, e não há nada que se possa fazer, seja proibindo ou não, eles vencem.

    leo
    -

    24/06/2009 às 13:02

    O Estado não pode legislar sobre uma vestimenta religiosa.
    Isso é muito perigoso porque abre a porta para outros tipos de legislação, inclusive sobre consciência e adoração.
    Como vc já escreveu sobre a sua fé, se vc me permite, digo-lhe como seu fã que sou: Importa obedecer a Deus e não aos homens, se, porventura, uma questão religiosa se chocar com um dever de Estado.

    OTTO RODRIGUES
    -

    24/06/2009 às 12:12

    QUANDO A LIBERDADE É BUSCADA NO ESTADO E NAÕ NO INDIVÍDUO, É QUE PERCEBEMOS AS MAZELAS DO GALICISMO EM NOSSA HISTÓRIA RECENTE… SÓ FALTA QUERER QUE AS ISLAMITAS SE MOSTREM DESNUDAS COMO A ENCANTADORA ‘BRUNI’.

    Sergio
    -

    24/06/2009 às 12:01

    Prezado Reinaldo,
    Leio regularmente seu site. Concordo com muitas coisas e descordo ainda mais. Mas um merito que eu reconheco sao suas opnioes sempre diretas e inequivocas. Por essa razao fiquei em duvida em relacao a este post.
    Morei muitos anos na Franca (assim como nos EUA) e conheco de perto o problema. Por essa razao, gostaria de saber sua posicao. Voce realmente acha que a escola publica francesa deveria permitir a entrada de mulheres usando burca? Voce realmente acredita que uma mulcumana pode recusar ser atendida por um medico (homem) em consultas? Se o Estado deixa de ser “garantidor” de certos valores republicanos as pessoas deste contexto nao tem mais nenhuma opcao a nao se

    Sergio
    -

    24/06/2009 às 12:01

    Prezado Reinaldo,

    Leio regularmente seu site. Concordo com muitas coisas e descordo ainda mais. Mas um merito que eu reconheco sao suas opnioes sempre diretas e inequivocas. Por essa razao fiquei em duvida em relacao a este post.
    Morei muitos anos na Franca (assim como nos EUA) e conheco de perto o problema. Por essa razao, gostaria de saber sua posicao. Voce realmente acha que a escola publica francesa deveria permitir a entrada de mulheres usando burca? Voce realmente acredita que uma mulcumana pode recusar ser atendida por um medico (homem) em consultas? Se o Estado deixa de ser “garantidor” de certos valores republicanos as pessoas deste contexto nao tem mais nenhuma opcao a na

    consulte o Serra...
    -

    24/06/2009 às 11:52

    É melhor o presidente francês consultar o Governador Zé Serra, pois ele é especialista em proibição, adora proibir qualquer coisa.

    anônima
    -

    24/06/2009 às 11:14

    Sobre o comentário do JRLN:
    Eu fiquei meio perplexa quando vi a reportagem sobre o Rio de Janeiro. Moro em São Paulo e já vivi em cidades do interior de SP extremamente quentes. Jamais vi frentistas em postos, incluindo as “quenturas” do oeste paulista, que não estivessem devidamente trajados com macacões de algodão bem folgados (mesmo traje para homens e mulheres).
    Não compreendo como possa ser necessária uma lei para que as moças não trabalhem com shortinhos em local perigoso e insalubre.
    Era para ser questão de bom senso (e também de bom gosto).

    Le Cafard
    -

    24/06/2009 às 10:35

    Reinaldo, uma questão:

    Alguns lugares da África, a Somália, inclusive, cultivam a odienta permissividade da mutilação do clitóris da mulher, a fim de que a mesma não sinta prazer nas relações sexuais. Essa aberração deveria, então, ser permitida na França ou em qualquer outra nação civilizada do mundo em nome de valores individuais, ainda que deturpados? Se a mulher quer usar a burca, um símbolo claramente ligado à repressão feminina, um pai somali, morando na França onde quer seja, também não teria o direito, deturpado ao extremo, de fazer valer à sua filha a manutenção da “tradição” do seu povo, ainda que tal tradição fira toda a dignidade humana?

    Anouk
    -

    24/06/2009 às 10:25

    Reinaldao,

    Seria ótimo se tudo fosse simples assim, mas a realidade é outra. O véu deixou de ser uma questão religiosa, faz tempo.

    JRLN
    -

    24/06/2009 às 9:41

    Reinaldo,
    Você não acha que esse problema da burca em França tem a sua versão tupiniquim na proposta feita no Rio de Janeiro de proibir as frentistas de vestir bermudinhas e camisetas de umbigo exposto? Será que em defesa da causa feminista é possível ao Estado impor um modo de se vestir - ou, no caso da burca, de se despir? Se a questão é de recato - como no Rio - não se trataria, aí, de um recato hipócrita? Se de liberdade religiosa e respeito ao Estado laico - como na França - não seria o oposto: o laicismo impondo, onde ninguém sofre danos, sua religião civil atéia aos costumes religiosos cuja tolerância a própria Constituição da França ordena (article 1er.)? Abraço,
    JRLN

    Emily
    -

    24/06/2009 às 9:31

    De pleno acordo.

    Alfredo Franch
    -

    24/06/2009 às 9:25

    Reinaldo, as situações que caem na zona cinzenta e impõem escolhas dolorosas são as mais complicadas, et pour cause, mais interessantes.
    Um exemplo por todos: um estado proíbe um elemento essencial de uma religião. Proíbe, como os EUA proibiram, o consumo de bebidas alcóolicas. Ora, o vinho é elemento ritual tanto para judeus, quanto para cristãos. Os fiéis devem deixam de praticar sua religião e obedecer a lei do estado? Isso não seria o mesmo que se curvar a César, coisa que judeus e cristãos nunca fizeram?

    edson luchesi
    -

    24/06/2009 às 6:35

    Em Roma sejamos romanos.

    Felix Dhimmi
    -

    24/06/2009 às 6:34

    Caríssimo

    Existe um ponto importante no caso, uma muslima que tenha que usar a Burka não o faz por opção, o faz por imposição, ela, inserida num meio autoritário onde a liberdade individual não conta, não pode se opor à decisão do clã, e este clã aceita a sharia como código legal.

    Não se trata da defesa da opção de um indivíduo mas sim em aceitar a imposição de um grupo que não considera leis aos quais todos cidadãos estão submetidos como suas também, se trata em conceder um bônus ao obscurantismo, e mesmo à um inimigo das nossas conquistas sociais.

    Defender a liberdade para que alguém lute com o objetivo em nos tirar nossa própria liberdade é loucura, a questão se resume nisto.

    Hans Ruopp
    -

    24/06/2009 às 5:29

    Reinaldo,

    Resolvi fazer uma pequena pesquisa sobre a burka e a submissão das mulheres pelos musulmanos e encontrei em algumas “sourates” (capítulos do Corão) e seus respectivos parágrafos que transcrevo (em francês) a seguir:

    Sobre a submissão das mulheres

    4:34
    Les hommes ont autorité sur les femmes, en raison des faveurs qu’Allah accorde à ceux-là sur celles-ci, et aussi à cause des dépenses qu’ils font de leurs bien. Les femmes vertueuses sont obéissantes (à leurs maris), et protègent ce qui doit être protégé, pendant l’absence de leurs époux, avec la protection d’Allah. Et quant à celles dont vous craignez la désobéissance, exhortez-les, éloignez-vous d’elles dans leurs lits et frappez-les. Si elles arrivent à vous obéir, alors ne cherchez plus de voie contre elles, car Allah est certes, Haut et Grand !

    4:11
    Voici ce qu’Allah vous enjoint au sujet de vos enfants: au fils, une part équivalente à celle de deux filles.

    2:282
    (…) Faites-en témoigner par deux témoins d’entre vos hommes; et à défaut de deux hommes, un homme et deux femmes d’entre ceux que vous agréez comme témoins, en sorte que si l’une d’elles s’égare, l’autre puisse lui rappeler.

    Sobre a burka é importante dizer que esse nome não é arabe e que eles (os arabes chamam de
    jalabibihinna / jilbabs)

    33:59
    Ô prophète! Dis à tes épouses, à tes filles et aux femmes des croyants de ramener sur elles leur mante [jalabibihinna / jilbabs].

    Hans Ruopp
    -

    24/06/2009 às 4:52

    Reinaldo,

    Concordo em parte com o que voce diz. É verdade que deve-se poder escolher livremente como queremos nos vestir porém acho que, na Europa, nos dias de hoje, com uma ameaça constante de atentados terroristas (inclusive na França) o uso da burka deve sim ser proibido pois impede que autoridades e pessoas reconheçam quem as está portando. É fato que terroristas já escaparam usando esta vestimenta.

    Não é necessário essa proibição para fazer com que os musulmanos protestem. Eles já o fazem quotidianamente por todo e qualquer motivo. O objetivo deles é conquistar a Europa.

    O que mais se ouve dos mais exaltados é: “Vamos conquistar a Europa com o ventre de nossas mulheres”. E acredite que eles estão conseguindo.

    Alias esta é uma das razões pelas quais os partidos de direita têm ganhado mais e mais espaço.

    Um abraço

    Hans

    Daniel Correa
    -

    24/06/2009 às 4:39

    Outro dia estava no aeroporto em Londres e chegou um casal de maos dadas. Ele de boné Nike, camisa de time de futebol e òculos escuros. Ela de burca.

    marina
    -

    24/06/2009 às 4:28

    declaração de Sarkozy em Versailles no Figaro:

    Devant le congrès à Versailles, Nicolas Sarkozy a pris parti sur le sujet lundi, déclarant que la burqa ne sera «pas la bienvenue sur le territoire de la République». Le voile intégral n’était «pas un problème religieux», mais «de liberté et de dignité de la femme» a-t-il insisté.

    Regina
    -

    24/06/2009 às 4:09

    Na Suiça, em Génève, vi na rua a seguinte cena: duas mulheres cobertas da cabeça aos pés, vestidas de preto, acompanhadas de uma terceira, elegantérrima, o que me chamou a atenção. Chegando mais perto, vi que essa terceira mulher era de uma beleza incomum, mas tinha um dos olhos rodeado de hematomas, que ela não fazia o menor esforço em esconder. Era como se ela tivesse orgulho disso… Acho que é por aih: se as mulheres muçulmanas se sentem oprimidas pelo uso da burka, são elas mesmas que têm que lutar (e vencer!) essa batalha.

    catão
    -

    24/06/2009 às 4:07

    depois de ver toda a firula dos direitushumanos usada e aplicada por tudo quanto é gente que nada respeita, vou falar com sinceridade:
    quer usar burca, viva em país islâmico, uma vez que a experiência sugere viver em Roma como os romanos…
    acho que liberdade tem preço, assim como segurança.

    curiosamente os que querem impor seus hábitos querem que todos aceitem seus direitos mas negam o mesmo respeito àqueles que têm ou teriam hábitos diferentes se pudessem escolher.

    Desculpe a franqueza, assim como os latino americanos deturparam a moral e a estética americana, os islâmicos deturpam a cristã.

    Rodrigo
    -

    24/06/2009 às 4:07

    Rei,

    Sob o argumento de que a burca impede a identificação da pessoa por baixo dela – à diferença do hijab, que deixa o rosto à mostra –, vejo nos noticiários que também estão alegando razões de segurança para que a proibição seja levada a efeito; afinal, esse feminismo à la Sarkozy, tão desconectado dos interesses de mulheres de carne e osso quanto o feminismo tradicional, não vai mesmo muito longe. Como bem lembrou o sociólogo Jean Bauberot em entrevista ao Libération, “on ne libère pas les gens malgré eux”.

    Mas ainda é pouco. E nesse particular, os franceses deveriam se inspirar nos britânicos. Do outro lado da Mancha até carteiras de identidade estão sendo rechaçadas.

    Rodrigo
    -

    24/06/2009 às 3:21

    Sobre esse assunto, recomendo o artigo da Elisabeth Lévy “À visage découvert” : http://www.causeur.fr/a-visage-decouvert,2597
    Como diz a jornalista: “No Ocidente, a gente aceita o olhar dos outros”.

    marina
    -

    24/06/2009 às 3:17

    conforme Sarkozy ponderou com toda a razão:
    burka NÃO é um símbolo religioso e sim um símbolo da subserviência.
    disprovida da própria identidade.
    nula.

    Elisa
    -

    24/06/2009 às 3:14

    Li alguns comentarios e fiquei pasma com a ignorancia da maioria de seus leitores, a grande maioria pessoas preconceituosas que nao entendem nada da cultura de outros povos e muito menos sabem o que e respeitar para ser respeitado.
    A burca nao e obrigatoria pela religiao islamica, apenas nas mesquitas, a mulher da religiao islamica usam a burca se assim quiserem, na minha opiniao o crescimento da religiao mulcumana no mundo inteiro esta preocupando os europeus demais, moro nos estados unidos onde mulheres usam burcas e outras nao, ate mesmo em uma loja como a victorias secret conhecida mundialmente tem funcionarias muculmanas usando a burca e nao so a burca mas o vestimenta completa.

    annalygia
    -

    24/06/2009 às 2:55

    Claudio Manoel prestigiando teu blogue, é? Aí garoto!!!

    Ah, um linkizinho “básico”: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/06/23/investigada-ligacao-de-wilson-santarosa-gerente-de-comunicacao-institucional-da-petrobras-com-aloprados-756485063.asp

    jonathan viena
    -

    24/06/2009 às 2:10

    Discordo pelo seguinte fato: as mulheres nao tem opcao nestas comunidades na Franca. Os islamicos vivem em guetos e, as vezes, nem permitem a entrada da policia para verificar casos de violencia familiar. Nao podemos esquecer que na Europa as mulheres conquistaram a duras penas seus direitos civis e de que a Burca, apesar de pertencer a uma cultura diferente, fere os direitos conquistados pelo que representa em si face aos nossos atuais valores de liberdade da mulher. Uma mascara nao pode se uma opcao numa sociedade como a Franca.

    Darwin
    -

    24/06/2009 às 2:03

    Ótimo. Também sou contra a motivação do coletivo sobre a motivação do indivíduo, mas por outro lado, a França é um estado laico. Já que essas pessoas resolveram adotar a França como país, devem respeitar as leis, regras e convenções sociais, caso contrário, que caiam fora. Vão para outro país. Não é obrigação dos franceses aceitar indivíduos que não desejam serem incorporados pela cultura nacional.

    Rafael
    -

    24/06/2009 às 1:48

    Ninguém deve proibir a burca, até para não dar argumentos aos apredrejadores de adúlteras defensores da liberdade de expressão religiosa. Sarkozy está jogando para a platéia conversadora, mas ao mesmo tempo atira contra o próprio pé.

    Márcia ST
    -

    24/06/2009 às 1:47

    … e até porque a burca deve ser ótima para esconder uns quilinhos a mais… (rs)

    Darwin
    -

    24/06/2009 às 1:34

    Juro que eu também pensei que esse sarcoma de kapozi fosse ser coisa muito melhor. Até porque vindo de um país como a França, o mais vermelho do mundo ocidental, foi uma grande mudança.
    Mas que decepção. Aquela história de sua esposinha defendendo a não extradição do Battisti revoltou o meu estômago. Ela deve ser uma loura que pintou o cabelo.
    Aliás, um cara que é eleito pelo centro-direita ficar desfilando com proto-ditadores latino americanos de esquerda, como o apedeuta, é revoltante.

    mineirinha apaixonada por Sarcozy
    -

    24/06/2009 às 1:14

    Vamos deixar de hipocrisia. Burka, em países islâmicos, é natural. No ocidente cristão não é. Sabemos todos a origem da aversão à imposiçao do seu uso em países não muçulmanos: teme-se o uso que delas podem fazer terroristas de todos os naipes. Ora, ora, quem é que pode dizer que a Al Kaeda não faça delas uma escaramuça de guerra?

    Viva o Sarcozy, CARAMBA! O carta tem culhões!

    Blue Marlin
    -

    24/06/2009 às 1:01

    Interessante análise de um ex-diplomata indiano (Ambassador M K Bhadrakumar was a career diplomat in the Indian Foreign Service. His assignments included the Soviet Union, South Korea, Sri Lanka, Germany, Afghanistan, Pakistan, Uzbekistan, Kuwait and Turkey.) sobre a situação no Irã:
    http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/KF23Ak02.html

    Terá sido reeleger Ahmadinejad a melhor escolha para os USA e Israel?

    Bin Laden Osama!!!
    -

    24/06/2009 às 0:58

    Ele quer proibir o veu…

    Eu nunca proibi e nunca questionei a REVOLUÇÃO FRANCESA … [ AQUELA EM QUE CABEÇAS HUMANAS ROLARÃO ]

    Só usa veu quem quer!

    Claudio Manoel
    -

    24/06/2009 às 0:55

    Reinaldo,

    Tomei a liberdade de usar seu post (o que me fez levar umas pauladas) sobre a matéria de domingo, na Folha, about Simona.

    Ainda sobre esse tema, também postei no meu blog (que obviamente, não se compara ao seu em tráfego) uma “resposta” minha que deve sair na Folha (não sei se na íntegra, nem quando)
    Se puder (quem quiser)… pinte lá
    Abração
    Claudio Manoel

    http://tvglobo.casseta.globo.com/claudio-manoel/

    Rogger
    -

    24/06/2009 às 0:31

    Reinaldo, meu comentário não corresponde ao tema acima, apenas escolhi um post e resolvi comentar na esperança de você ler, já que não encontrei nenhum e-mail particular no blog.
    Fazia tempo que não entrava no seu blog, aproximadamente 1 mês, mas não achei nada relativo ao que me trouxe de volta até aqui. Navegando hoje pela internet me deparei com a pagina do jornalista Paulo Henrique Amorin, e pude constatar nela, para o meu espanto, o nível de baixaria que nela é escrita, ataques que não respeitam nem quem não esta mais entre nos, e sendo assim, não podem se defender. É bem digno ” deles “. E sobre o jornalista, só poderia estar narrando as aventuras de um idiota atrás de jacaré.

    annalygia
    -

    24/06/2009 às 0:30

    Reinaldo, será que o correspondente em Paris não vai explorar mais um pouquinho este tema? Certamente ele conseguiria explicar melhor o contexto e os objetivos da fala de Sarkô.

    Pelo que sei, a proibição se limitaria às escolas que, na França, são públicas e gratuitas. Só tenho a impressão de que, com isso, os pais — e sobretudo os irmãos — das meninas islâmicas terão uma desculpa para impedir que deixem de freqüentar as escolas. O que, aí sim, seria mesmo um tiro no pé.

    Miler
    -

    24/06/2009 às 0:16

    O estado francês tem o direito de decidir quem pode lá viver ou não. Há uma política dos líderes do Islã na europa para se ter cinco filhos em cada família maometana. Não pretendem conviver, mas sim sobrepujar pelo número. Uma nação como a francesa tem o direito de permanecer francesa. Essas medidas do governo são, na realidade, uma reação a um movimento de desnacionalização, um fator para desencorajar uma horda que quer destruir os “infiéis” (com as exceções de praxe). Depois da segunda guerra toda atitude do gênero, ainda que justa e tímida, é taxada de nazista. Concordo com vc no caso do burca quando no campo das idéias; no campo da prática, a situação muda de figura. abraço

    Rafael França
    -

    23/06/2009 às 23:29

    no 6o. parágrafo a palavra caráter ficou da cor de fundo, apenas se consegue lê-la se marca-la com o cursor

    abraços

    Gabriel
    -

    23/06/2009 às 23:17

    Boa Noite, Reinaldo.

    Concordo contigo. Ao assegurar o uso do véu, estamos afirmando a liberdade existente nas Democracias. Usando o famoso clichê, proibir o uso da burca é a “outra face da moeda” que obriga as mulheres a usá-la. Nada muda na essência ditatorial, que vai contra os desejos e anseios individuais, além de abrir um precedente para proibir o uso de escapulário, mala, quipá, cabelo cumprido; ou estamos supondo que há religiões melhores do que outras? Mas, atos bárbaros encobertos sobre o véu religioso não rebaixa a “qualidade” religiosa? E veja, nada daquele papo idiota de “choque cultural”, pois nada justifica, por exemplo, a mutilação de clitóris.

    oftagsandmen.wordpress.com

    hdrummond
    -

    23/06/2009 às 23:13

    Aiaiai, Reinaldo. Vamos concordar em discordar?
    Concordo no ponto sobre liberdades individuais e sou mais que a favor da menor intervenção do Estado na vida dos cidadãos, mas acho que a burca simboliza sim inferioridade feminina e não dá pra dizer que é escolha, se ela sofreu uma lavagem cerebral desde a infância.
    Assim como se eu acreditar no nudismo como a melhor forma pra se viver não poderei andar nua pela rua, exigindo respeito à minha liberdade, terei que buscar lugares apropriados para exercer minha nudez, penso que aqueles que não concebem a vida sem burca, que consideram que expor qualquer parte do corpo é crime (é, há apedrejamento por causa disso), que vão viver com sua turma.

    giselle
    -

    23/06/2009 às 23:06

    É um absurdo o Estado interferir na escolha pessoal da roupa a ser usada. Nesse caso acho que deveriam também proibir que as pessoas andassem semi-nuas!

    PAULO BOCCATO
    -

    23/06/2009 às 22:59

    (e sobre o cigarro e proibições,um paralelo)

    Desafio o Governador José “não paga precatórios” Serra a impor sua bizarra lei antifumo nos presídios paulistas aonde alias ela é solenemente ignorada pelos presos e mais ainda pelas organizações criminosas organizadas que mandam e desmandam dentro dos presídios paulistas…ou as penitenciarias do estado já são “zona liberada” da responsabilidade governamental e sua administração passou aos detentos e ninguem nos avisou, ou pior ainda, esta lei só vale para quem é honesto e que não está preso dentro de uma penitenciaria fazendo de maços de cigarro moeda de troca ?!
    Lei é lei…e aí, topas Excelência ?

    anônima
    -

    23/06/2009 às 22:57

    Eu não entendi se a intenção do governo francês é proibir a burca apenas para alunas nas escolas ou nas ruas de forma geral.
    Se a proibição for abrangente, concordo integralmente com o Reinaldo. Cada um se veste como quiser nas vias públicas.
    Se a proibição disser respeito apenas a regras quanto ao trajar para frequência escolar, penso que o Paulo Boccato tem certa razão, porque o governo francês teve um verdadeiro chilique com os cruxificos, um ministro implicou até com uma árvore de natal preparada para… o Natal! Como se a história da França pudesse ser apartada do cristianismo… Mesmo o solidéu foi proibido nas salas de aula. Ou se permite tudo, ou não se permite nada.

    Titus Petronius
    -

    23/06/2009 às 22:56

    A BURCA E O VÉU DEVEM CONTINUAR PERMITIDOS EM NOME DOS NOSSOS VALORES, NÃO DOS VALORES DELES.

    Perfeito, Reinaldão.

    Mas… Um amigo francês, músico, leitor do Le Monde, que se intitula progressista, acha que a França deve proibir sim o uso da burca. Segundo ele, é preciso botar um freio no islamismo, que vive a afrontar a cultura francesa. “Se querem usar a tal burca, que fiquem em casa, num país islâmico, e não venham impor sua cultura aqui”, diz. Concordo com você, Reinaldo, mas acho que esse meu amigo sabe melhor do que nós o que rola por lá. Da burca a querer cortar o clitóris das meninas é um pulo…

    Fernando
    -

    23/06/2009 às 22:48

    Reinaldo, essas suas palavras são a tradução daquilo que você chama, e eu acredito, de lógica. Quando tem que desmascarar as imbecialidades que atribuem a Israel você é justo, quando tem que ser dita a verdade sobre os direitos da pessoa islâmica ou qualquer outra, é dito. Sabemos que essa honestidade intelecutal nem sempre é reciproca, mas quem milita a favor da liberdade, da democracia, pode ser sempre honesto, aqueles que o fazem por uma ideologia, nem sempre.

    Jorge de Azevedo
    -

    23/06/2009 às 22:44

    “A BURCA E O VÉU DEVEM CONTINUAR PERMITIDOS EM NOME DOS NOSSOS VALORES, NÃO DOS VALORES DELES.”

    Vale lembrar que muitos “deles” tambem somos “Nos” e muitos dos “nossos” valores sao compartilhados por “eles” ja que “eles” e “nos” nos mesclamos na maioria das vezes. Sejam “eles” islamitas comuns que usam jeans e camiseta e “nos” catolicos comuns de jeans e camiseta ou “eles” islamitas modernos de piercing e tatuagem e “nos” protestantes conservadores com mulheres de cabelos longos e saias ateh os tornozelos.

    “Eles” nao sao todos “eles” e muitos de “nos”, as vezes, nos parecemos mais com “eles” do que alguns que compartilham a religiao “deles”.

    VAN DER BURG
    -

    23/06/2009 às 22:31

    Concordo em parte. No caso da Turquia por ocasião do fim da fundação da república por Mustafá Kemal ( Ataturk ), foi proibido o uso do véu pelas mulheres, mudou-se o alfabeto de arábico para latino, incentivou-se a instrução pública e buscou-se separar a religião da política. Deu tão certo que hoje a Turquia é o país mulçumano do oriente médio que melhor convive com a modernidade e com a democracia.

    Cris
    -

    23/06/2009 às 22:27

    Alguém pode proibir um judeu de usar solidéu? Ou um seguidor do Candomblé de usar as tais “guias” no pescoço? Evangélicas de andarem com saias abaixo dos joelhos?
    Se a mulher quiser usar a burca ou o véu, ninguém tem NADA com isso. Era o que faltava!

    Garganta
    -

    23/06/2009 às 22:16

    Caro Reinaldo,

    Ótimo texto!

    Quem não respeita as tradições são os extremistas. Leis radicais como essa que não permite o uso de vestimentas tradicionais, são prejudiciais. Prejudiciais porque atacam o direito alheio de ser feliz do jeito que lhe convém. Por quê? Para quê? Não há justificativa plausível. O Estado laico não está em risco por isso.Em minha opinião, trata-se apenas de um agrado para os extremistas de direita que querem os imigrantes de origem muçulmana fora da França. O ataque à tradição é próprio de regimes extremistas e autoritários como o chinês, soviético e tantos outros sanguinários ,quer de direita,quer de esquerda.

    Com os melhores cumprimentos,

    Garganta.

    PAULO BOCCATO
    -

    23/06/2009 às 22:12

    COMO LÁ TINHA OPOSIÇÃO DIGNA DESTE NOME E DE UMA DIREITA SEM VERGONHA DE SER, NAO PROSPEROU…HOJE, NAS SALAS DE AULAS ITALIANAS QUER ENTRAR DE VÉU PODE, DE BURKA NAO POIS A BURKA NA SALA DE AULA (NO ESTADO VALE DIZER) É UMA AFRONTA AOS DIREITOS DA MULHER !!

    PAULO BOCCATO
    -

    23/06/2009 às 22:09

    DISCORDO !
    O ESTADO FRANCES EM NOME DO LAICISMO ABRIU MAO DOS CRUCIFIXOS NAS SALAS DE AULA, TRIBUNAIS,ETC,TUDO PARA DEMONSTRAR A ‘ISENÇÃO’ E “EQUILIBRIO” DO ESTADO PERANTE A SOCIEDADE !!
    SE NAO PODE O SIMBOLO DOS CRISTAOS EM NOME DO LAICISMO, ENTAO NAO PODE A BURKA EM SALA DE AULA TBEM!
    QUE VAO P. UMA MADRASSA FEMININA ORA POIS !
    NA ITALIA ANOS ATRAS FOI LA MEMME CHOSE…OS ARABES IMIGRANTES QUE PROFESSAVAM O ISLÃ NA ITALIA EXIGIRAM SALAS DE AULA SEPARADAS POR SEXO (UMA AFRONTA A CONST. DA REP.) E QUE NAO SE ENSINASSE NA ESCOLA PUBLICA ITALIANA A HIST. DA…ITALIA !!!!!!!!!!!

    O GOVERNO DE ESQUERDA DO SR. MASSIMO D´ALEMA QUEIRA CEDER EM NOME DO “RESPEITO RELIG.” E DO ‘SOLIDARISMO’.

    annalygia
    -

    23/06/2009 às 22:00

    É a tal da “maldita” coerência… é interessante como funciona, desde o eidos aristotélico, fundando a premissa lógica. Há um comentário que reproduzo abaixo, sobre a Dilmente… é um comentário que parece esgueirar-se no limite da aceitabilidade, mas que impões uma decorrência lógica. Se o Major Curió considera que os “terroristas”, como Dilmente, eram jovens idealistas, ele mesmo se considera o quê?

    Me faz lembrar aquele oficial da Gestapo entrevistado pela Arendt que afirmou ter se inspirado em Kant, para seguir, ao pé da letra, sem nenhum drama moral, as ordens de seus superiores.

    anonimo
    -

    23/06/2009 às 22:00

    TIO REI,
    noticia fresquinha! A marinha Francesa acaba de confirmar que achou o som das caixas pretas do Airbus A330-200 que caiu no oceano atlantico. Tomara que consiga descobrir a causa do acidente, algo importantissimo para a AVIAÇÃO e consequentemente para nós todos.

    Wilson
    -

    23/06/2009 às 21:56

    A civilização permite burcas, crucifixos e outros simbolos mas quando usado sem sentído de santidade, e segreção, pois se
    não pode burca a forte influencia cristã acha usual crucifixos e
    medalhinhas, sabe Reinaldo sei lá não sei.

    annalygia (cont.)
    -

    23/06/2009 às 21:54

    Walter D. disse:
    junho 23, 2009 às 2:20 pm
    Sobre a terrorista Dilma, lhe cai como uma luva a afirmação do major do exército Sebastião Curió : “ Fui ser militar porque queria defender a pátria. Os guerrilheiros tinham o mesmo ideal que nós. Mas nossos caminhos eram diferentes. achava que seu caminho era o correto. Eles não eram bandidos. Eram jovens idealistas e em hipótese alguma vou me permitir denegrir a imagem daquela juventude. Jamais me refiro a eles como terroristas “. Vindo de um militar, essa afirmação é surpreendente. E mais surpreendente ainda que essa reportagem tenha sido feita pelo Estadão. De qualquer maneira é ótimo que a verdade venha a tona.”

    Marcos F
    -

    23/06/2009 às 21:44

    Eu sou ferrenho defensor da proibição da burca, em quaisquer terras. Na França eu vi (nos aeroportos): homens potentados, seguidos de seus capangas, e depois, suas 10 esposas, de burca, abaixadas, sem poder olhar para qualquer lado, seguindo como escravas.

    Não são escravas? Sim, são.
    O mesmo eu vi em Fiumicino (Roma), uma loira, abaixada, segurando como um verme, as pernas de seu marido. Tudo escondido (mas eu vi que era loira, tipo holandês). Ele a olhava com desdém, como a um verme.

    Eu não admito isso nas minhas praias, ou no meu supermercado. Nem na França. É horrível.

    A burca? detesto, tanto quanto mulheres de óculos espelhados ou negros.

    Fulcanelli
    -

    23/06/2009 às 21:38

    Où est la France?
    Les demeures philosophales, où sont-elles?

    P Faustini
    -

    23/06/2009 às 21:36

    Os muçulmanos querem vir para o ocidente e impor seus costumes , daqui a pouco vamos ter que aceitar mutilação clitoriana em nome da tolerância religiosa, tente colocar um crucifixo na parede de uma escola do afeganistão que vai sentir a tolerância do islã na sua garganta

    Alexandre
    -

    23/06/2009 às 21:35

    Reinaldo,

    só uma observação. E se embaixo da burca (burka ?) tiver uma AR 15 ou mesmo um cinturão de explosivos. Esta proibição não lhe parece uma espécie de fobia contra os terroristas ?

    ANTONIO RAYOL
    -

    23/06/2009 às 21:20

    A questão básica é que a burca ou burka, não é um símbolo religioso!!!
    O CORÃO em nenhuma de suas passagens diz que a mulher deve andar coberta dos pés à cabeça quando em público!
    A burca é uma “invenção” de islâmicos radicais e é um símbolo da opressão das mulheres no mundo islâmico.
    O CORÃO também não diz, em nenhum trecho, que as mulheres são inferiores aos homens ou que devam ser tratadas como objetos!

    O Volta
    -

    23/06/2009 às 21:18

    Reinaldo,

    Acho que um ponto muito importante passou batido.

    A burca, aquela do corpo inteiro, é um símbolo do Islã radical. Ao usar este símbolo, obrigada ou não, uma mulher demonstra sua submissão a esta visão de mundo que é, objetivamente, contrária aos valores democráticos e ocidentais. Procedendo assim exerce pressão sobre grupos moderados do Islã por onde quer que passe.

    Sugiro que você dê uma olhada como está ocorrendo o processo de islamização da Turquia. Verás que os grupos radicais estão utilizando as liberdades democráticas para fazer aquilo que você deplora: aumentar sua esfera de influência e retirar a liberdade alheia. Neste contexto a burca é uma arma.

    Matheus K.
    -

    23/06/2009 às 21:18

    Reinaldo,

    Até os últimos tres parágrafos achei sua opinião muito coerente, concordando com ela em quase tudo. Mas, sinceramente, os tres últimos parágrafos mostram um pano de fundo algo subliminar nas suas opiniões.
    Contraproducente? Elemento de mobilizaçao?

    E o último parágrafo soa como um jogo de “par ou ímpar”em que, dando par EU GANHO e dando ímpar VOCE PERDE.

    Nao entendi mesmo.

    Sou a favor das liberdades individuais, e caso uma lei destas passe, sou incentivador,sim, da mobilizaçao para o resgate das mesmas. Desta forma, NAO, nem sempre “Eles devem é obedecê-las”. “Eles” devem lutar pelo respeito às suas liberdades.

    Luiz Vicente
    -

    23/06/2009 às 21:07

    Estimado Reinaldo, é este assunto bem complexo, principalmente se considerar que um ato ou costume pode ser vir de maneira para atingir um impingir a uma sociedade hospedeira uma condição.

    Abri-se mão de uma coisa e daí a água arrebenta toda a represa. Tenho também muitas críticas contra esse tal Sarkozy, principalmente quando ele se postou ao lado do “nosso” opressor que usa a plebe rude para nuns impingir o atraso.

    Sim, o Sarkozy é favorável aos bolivarianos e não foi só uma vez que demonstrou isto.

    No entanto, acho que nesse caso da burca está atendendo a um reclamo nacional interno da França e, quem sabe, de toda a Europa dos nossos dias.

    marcos
    -

    23/06/2009 às 20:57

    MUito bem!

    MAM

    Jonas
    -

    23/06/2009 às 20:57

    Guilherme,

    Sobre os pontos em que você discordou de Reinaldo, gostaria de dizer o seguinte:

    “E também, acho que a questão de funcionar como elemento de mobilização é irrelevante. Parece que você vê algum mal na mobilização. Eles que se mobilizem e verbalizem as besteiras que provavelmente pensam.”

    Acredito que a mobilização seria no sentido de fazer com que grupos organizados, posem de vítimas, e usem isso como instrumento de revolta interna, alegando perseguição, se fortalecendo com isso. Muitas destas mobilizações não necessariamente terminam apenas em verbalização.

    Abraços!

    WEIMAR
    -

    23/06/2009 às 20:51

    Burrice não é. Antes fosse, pensaria eu se francês eu fosse. Por quê? Porque, partindo do Sarkozy — que burro não é –, só pode ter sido por um motivo ainda pior que a burrice. Questão de caráter. Uma afinidade com o petismo.

    Ele acertou no casamento, o atual, diria um “voyeur”. (Será que acertou mesmo? Dúvida exclusivamente de quem não é “voyeur”.) E só, completaria aquele.

    Ou há mais alguma coisa de que eu não me lembre neste momento? Ah, sim!, derrotou a esquerda francesa. Agora um cético: “E se tudo terminar como a derrota da esquerda americana para o Bush, quando este se elegeu e reelegeu?” Bem, Bush nos livrou de Al “Bore”, o que já é alguma coisa, não? Obama não pode ser pior do que o “boring” Al!

    De qualquer forma, talvez a França seja algo sem jeito. Na política, na política, entendam-me bem! Em várias outras coisas: “Vive la France!”

    Weimar

    Anonino
    -

    23/06/2009 às 20:45

    Resumindo: respeito e tolerância para com a crença alheia nunca fizeram mal a ninguém.

    Bobby
    -

    23/06/2009 às 20:42

    Especial agradecimento a você !

    Reinaldo -

    Você sabe o motivo. Fico-lhe imensamente grato.
    Me desculpe o lapso de setuagenário…
    E parabéns pelo post sobre o uso da burca!

    Um grande abraço -

    Bobby

    Rafael-Z.
    -

    23/06/2009 às 20:37

    Concordo com quase tudo, Reinaldo.
    Os histéricos que querem proibir a burca agora em nome do “Estado laico” e dos “direitos das mulheres” são os mesmos que ajudaram a enterrar os valores europeus debaixo do entulho politicamente correto. Agora vêem que os islâmicos, ao contrário dos pálidos europeus, têm valores fortes nos quais acreditam e dos quais não abrem mão - e ficam chocados. A Europa não consegue ensinar mais nada aos imigrantes muçulmanos, porque ela mesma bombardeou as raízes do seu sucesso.

    Só discordo de você com relação a escolas - acho que a burca aí atrapalha o contato do professor com o aluno. O véu pode ser permitido, porque imagino que não interfira no uniforme.

    Hugo
    -

    23/06/2009 às 20:33

    Tio Rei, não sei muito bem como é lá na França, mas a única explicação plausível que eu consigo enxergar é no caso de as escolas francesas adotarem o uso de uniforme, e o uso da burca seria tão errado como o uso de qualquer outra roupa que não fosse o uniforme. Abrir uma exceção com relação ao uso do uniforme escolar pode ser complicado dependendo de quão tradicional isso é na cultura francesa.

    Amina Soufi
    -

    23/06/2009 às 20:32

    Sua analise está impecável. Acho que hoje as pessoas estão ligando muito para essa coisa de símbolos, esquecendo do essencial, que é o caráter.
    Sou muçulmana e procuro apenas seguir o meu caminho sem agredir outras religiões e crenças. Aliás, acho que todas as religiões são boas quando praticadas sem extremismos.
    Parabéns Reinaldo.

    Robert
    -

    23/06/2009 às 20:32

    Penso diferente.

    Se uma escola pode proibir uso de piercing, de cabelos compridos, sem uniforme, etc, por que não pode proibir alunos com trajes fora do padrão?

    Essa tal liberdade tem um limite. Lembro que na faculdade as vezes tinhamos aulas aos sábados. Se o sujeito resguardava o sábado por algum motivo religioso, bom para ele, mas podia contar que seria reprovado por faltas ao se inscrever numa disciplina com aulas aos sábados.

    Não concordo em atender cada “individualidade” num ambiente coletivo como uma escola.

    Guilherme Braz
    -

    23/06/2009 às 20:25

    Reinaldo,

    Não entendi porque você diz que a proibição poderia ser “contraproducente”. Contraproducente em que sentido?

    E também, acho que a questão de funcionar como elemento de mobilização é irrelevante. Parece que você vê algum mal na mobilização. Eles que se mobilizem e verbalizem as besteiras que provavelmente pensam.

    Eu gosto MUITO do seu blog e, como de costume, concordo com seu ponto de vista sobre a questão. Mas acho que você deu uma escorregada aí nessa frase ein.

    Ah, sou fã do seu esforço de constante desinfecção do espaço. A qualidade do blog é incrível. Continue com o trabalho.

    Grande abraço,

    Guilherme Braz

    Angelo Losguardi
    -

    23/06/2009 às 20:22

    Concordo… mas não 100%. Mesmo nas escolas? Se a escola tem normas, tipo alunos usam uniforme X, não deve abrir uma exceção a uma imposição religiosa. O que quero dizer: sim, a tal menina pode usar o véu na escola se os demais alunos podem vir vestidos como entenderem. Do contrário, não. Não gostaram? Então é só voltar pra alguma caverna do Afeganistão.

    Mirian
    -

    23/06/2009 às 20:17

    E por falar em Islã, olha só que manchete interessante no Israel Today…

    “Palestinians flock to new luxury shopping malls”

    [Palestinos correm para novos shoppings luxuosos]

    http://www.israeltoday.co.il/default.aspx?tabid=178&nid=19056

    Jayme
    -

    23/06/2009 às 20:10

    Qdo morei na França não via mal nenhum em minhas colegas de trabalho usarem a burca. Muitos mulçumanos, ao contrário, sentiam-se incomodados. Agora morando no Brasil, as notícias que me chegam do Islamismo estão ligadas diretamente a atrocidades e homens bomba. Vendo de fora, eu sou a favor da proibição da burca. Morando lá, isto passava despercebido. Minha relação naquela época é a mesma que tenho com os evangélicos hoje, ou seja indiferente.

    Sandra
    -

    23/06/2009 às 20:03

    Não sei… E se a escola adotar um uniforme?

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    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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