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    domingo, 24 de junho de 2012

    [ZP120624] O mundo visto de Roma

    ZENIT

    O mundo visto de Roma

    Portugues semanal - 24 de junho de 2012

    Santa Sé

    Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

    Homens e Mulheres de Fé

    Cultura

    Familia e Vida

    Especial

    Mundo

    Entrevistas

    Espiritualidade

    Análise

    Angelus

    Documentação


    Santa Sé


    A ação purificadora de Bento XVI incomoda
    Em uma entrevista com a revista Famiglia Cristiana, o cardeal Tarcisio Bertone explica o que acontece na Cúria e no IOR

    Por Sergio Mora

    ROMA, terça-feira, 19 de junho de 2012 (ZENIT.org) - "A grande ação esclarecedora e purificadora de Bento XVI, desde que ele era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em total harmonia com João Paulo II certamente incomodou e incomoda".

    Foi o que disse e publicou numa entrevista à Revista Famiglia Cristiana que estará nas bancas na quinta-feira, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone,

    "A sua ação para acabar com os casos de pedofilia no clero, - disse o cardeal - mostrou que a Igreja tem uma capacidade de auto-regeneração que outras instituições e pessoas não têm".

    "É evidente como a Igreja é uma rocha que resiste a todas as tempestades - destacou o cardeal -. É um ponto de referência claro para inúmeras pessoas e instituições ao redor do mundo. Por isso o interesse em desestabilizá-la".

    Sobre a maneira como alguns jornais realizaram uma obra de agressão ao Papa e aos seus colaboradores, o Secretário de Estado disse: "Muitos jornalistas brincam de imitar Dan Brown. Continua-se a inventar contos ou repropor lendas".

    A este respeito o cardeal Bertone pede para recuperar o senso da proporção, ponderando a consistência real dos fatos, evitando criar fantasias sobre o conteúdo dos documentos roubados do Papa, por Paolo Gabriele.

    E garantiu que não é o resultado “de um envolvimento de cardeais ou de lutas entre personalidades eclesiásticas pela conquista de um poder misterioso”.

    No que diz respeito às responsabilidades do mordomo do Papa que roubou os documentos, o Cardeal Bertone lembrou que as investigações estão em andamento. "O próprio Papa - revelou - nos pediu várias vezes, de modo sincero, uma explicação das razões do gesto de Paolo Gabriele, amado por ele como um filho”.

    Também eu “Estou no centro do conflito - explicou -. Vivo esses acontecimentos com dor mas também vendo constantemente do meu lado a Igreja real”. Segundo o Secretário de Estado está em ação uma “tentativa incansável e repetida de separar, de criar divisão entre o Santo Padre e os seus colaboradores, e entre os mesmos colaboradores”. Se está querendo “atacar aqueles que se dedicam com maior paixão e também maior fadiga pessoal ao bem da Igreja”.

    E desmentiu os  rumores que diziam que quando ele era arcebispo de Gênova teria recebido a visita de um monsenhor “para dissuadí-lo de aceitar a proposta de Bento XVI que me queria como Secretário de Estado".

    "Totalmente falso" - disse o prelado -, ainda se continuo a ler sobre isso”.

    O Secretário de Estado reiterou o quão sério seja "a publicação de uma variedade de cartas e de documentos enviados ao Santo Padre, por pessoas que têm direito à privacidade, constitui como já o dissemos muitas vezes, um ato imoral de gravidade sem precedentes".

    Violar a privacidade – explicou – “é um furo a um direito reconhecido expressamente pela Constituição italiana, que deve ser rigorosamente observado e cumprido."

    Sobre a demissão de Ettore Gotti Tedeschi diretor do IOR (Instituto das Obras Religiosas) o cardeal assegurou que "a publicação dos trabalhos do Conselho de supervisão mostra que o seu afastamento não se deve a dúvidas internas sobre a vontade de transparência, mas sim a uma deterioração das relações entre os conselheiros, por causa de decisões não partilhadas, que levou à decisão de uma mudança”.

    "Além disso - acrescentou - para além dos escândalos do passado (que são muito enfatizados e periodicamente repropostos para causar desconfiança sobre esta instituição do Vaticano), o IOR tinha se dado normas precisas bem antes da Lei da Anti-lavagem".

    "O atual Conselho de superintendência, - afirmou o cardeal Bertone - composto por altas personalidades do mundo econômico-financeiro, tem continuado e fortalecido esta linha de clareza e transparência e está trabalhando para restaurar a nível internacional a estima que merece esta instituição".

    No que diz respeito aos tempos e procedimentos relativos ao estado de custódia cautelar de Paolo Gabrieli, o cardeal explicou que sobre a liberação  “o magistrado ainda não respondeu favoravelmente ao pedido" e que os interrogatórios do Judiciário serão retomados em breve.

    Pe. Lombardi, diretor da sala de imprensa do Vaticano, disse que os três cardeais que compõem a comissão de inquérito - Jozef Tomko, Salvatore De Giorgi e Julián Herranz - ouviram 23 pessoas e sábado à tarde informaram sobre o estado das investigações e esclareceram o assunto com o Pontífice Bento XVI.

    [Traduzido do Italiano por Thácio Siqueira]

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    Conferência Nacional dos Bispos do Brasil


    Mensagem da CNBB sobre a Rio+20 e nota sobre a ética pública
    A presidência se pronuncia sobre dois temas durante Coletiva de Imprensa na sede da CNBB

    Thácio Siqueira

    BRASILIA, sexta-feira, 22 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Às 11h30 de hoje, na Sede da CNBB em Brasília, houve uma Coletiva de Imprensa dirigida pelo Cardeal Dom Raymundo Damasceno, tendo também na mesa Dom José Belisário da Silva e Dom Leonardo Ulrich Steiner, com o fim de pronunciar-se sobre dois temas: a Nota da CNBB sobre ética pública e a Mensagem da CNBB sobre a Conferência Rio+20, ambas publicadas no site da Conferência Episcopal.

    Nota da CNBB sobre a ética pública

    A Nota da CNBB sobre a ética pública denuncia “Fatos políticos e administrativos, que contrariam a ética pública e o bem comum” e que colocam “em xeque a credibilidade das instituições”.

    Diante de tal “criminalidade dos que desviam, em proveito pessoal, enormes somas de órgãos públicos” a CNBB já se questionava em 1993 no documento Ética, Pessoa e Sociedade, n. 143, citado na nota.

    Há nos brasileiros um senso de Justiça que “é incompatível com as afrontas ao bem comum” que até mesmo conseguem escapar das “penas previstas, contribuindo para a generalizada sensação de que a justiça não é a mesma para todos”.

    A nota diz que é necessário que os culpados sejam punidos e que os danos sejam ressarcidos, mas afirma que o que acontece é que tais crimes ficam na névoa vaga da lembrança e do esquecimento, causando “o crescente desencanto da sociedade com as instituições públicas”.

    A nota conclui reafirmando o aparato democrático no Brasil, mas lembrando que aqueles que o dirigem “nunca se esqueçam de que o poder que exercem provém da sociedade”.

    Mensagem da CNBB sobre a Rio+20

    Por outro lado, a mensagem da CNBB sobre a Conferência Rio+20 – Dom Leonardo mesmo destacou que é uma mensagem e não uma nota, dado que se espera ainda a publicação do documento final da Rio+20 – destaca a “crise de civilização” como sendo o resumo de toda as crises “por que passam as grandes potências da economia mundial”, que também tem como causa um “liberalismo econômico sem regras e incontrolado”.

    A natureza “nos precede” e não devemos tratá-la como “lixo espalhado ao acaso, mas como dom do Criador”. Ao mesmo tempo que o homem pode dominá-la e fazê-la render, é necessário que “a comunidade internacional” analise as “modalidades de utilização do ambiente que sejam danosas para o mesmo”.

    A mensagem denuncia também os abusos que se cometem contra a natureza e lembra que é “dever de todos, especialmente dos dirigentes das nações, garantir a estas e às futuras gerações a casa comum livre de toda destruição”. Portanto, citando a Paulo VI, continua o a mensagem, “não se trata de diminuir o número dos convidados para o banquete da vida, mas de aumentar a comida na mesa”.

    Os líderes mundiais não devem, portanto, “subjugar o desenvolvimento econômico ao domínio do mercado e do lucro”. A mesma Igreja do Brasil tem constantemente chamado a atenção para a “destruição da natureza provada por um desenvolvimento econômico predatório”, que causa impactos ambientais destrutivos e cria marginalização e exclusão social.

    Sobre a economia verde o documento pede para que se preste atenção à “privatização e a mercantilização dos bens naturais”, que seria algo “eticamente inaceitável”. Que os cristério éticos não sejam submetidos por poderes econômicos e tecnológicos.

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    Homens e Mulheres de Fé


    Empregada doméstica a caminho dos altares
    Dora del Hoyo fazia parte do Opus Dei

    ROMA, quarta-feira, 20 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Dom Javier Echevarria presidiu em Roma, nesta segunda-feira (18), o começo do processo canônico que estudará a vida e as virtudes de Dora del Hoyo. O ato foi celebrado na Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma.

    Salvadora (Dora) del Hoyo Alonso nasceu num povoado de Castela, na Espanha, em 1914. Depois dos estudos elementares, começou a trabalhar como empregada doméstica, tarefa que exerceu com profissionalismo e alegria até poucas semanas antes de falecer, em 10 de janeiro de 2004.

    Em 1939 ela se mudou para Madri. Trabalhou em casa de diversas famílias até que, em 1944, começou a exercer a profissão na Moncloa, residência universitária onde conheceu São Josemaría Escrivá. Em março de 1946, pediu admissão no Opus Dei. Em dezembro daquele ano foi para Roma, onde trabalhou com pessoas do mundo todo.

    Desde a sua morte até hoje, mais de trezentas pessoas, a maioria mulheres que exercem a mesma profissão, escreveram sobre o bem que o exemplo cristão de Dora significou nas suas vidas. Constam ainda por escrito numerosos favores atribuídos à sua intercessão.

    A abertura desta causa de canonização, de acordo com um comunicado do Opus Dei, se deve a um fenômeno de devoção espontânea que nasce da fé viva do povo de Deus. A Igreja investigará a autenticidade e o fundamento dessa expressão.

    Cumpridos os requisitos previstos pelas leis canônicas e verificada a solidez das provas da exemplaridade cristã de Dora, o prelado do Opus Dei, dom Javier Echevarría, decidiu começar a pesquisa processual sobre sua vida e virtudes, constituindo um tribunal.

    Durante a cerimônia, o prelado declarou: “Estou cada vez mais convicto do papel fundamental que esta mulher teve e terá na vida da Igreja e da sociedade. O Senhor chamou Dora del Hoyo a se ocupar de tarefas semelhantes àquelas que foram cumpridas por Nossa Senhora na casa de Nazaré”.

    “O exemplo cristão desta mulher, com a sua fidelidade à vida cristã, contribuirá para manter vivo o ideal do espírito de serviço e para difundir na nossa sociedade a importância da família, autêntica Igreja doméstica, que ela soube encarnar com o seu trabalho diário, generoso e alegre”.

    O significado principal de toda causa de canonização é fazer o bem às pessoas e contribuir para o bem da Igreja. Esta causa permitirá entender melhor a figura de quem viveu a vida cotidiana fazendo dela um contínuo ato de oferecimento a Deus e de serviço alegre nas tarefas do lar.

    Caminho aberto

    Dora decidiu dedicar a vida a um trabalho que considerava fundamental não só para a família, mas para cada pessoa e para a sociedade inteira. Ela acreditava que o ideal de “um mundo feliz” devia começar pela criação de um lar sereno, caracterizado por um ambiente de harmonia e de bom humor.

    Suas colegas testemunham o prestígio profissional de Dora. Ela não se contentava com o cumprimento dos deveres de lavar e cozinhar, mas empregava seus talentos a fundo: desde engomar camisas de jovens universitários à maneira dos anos 40, sem que ninguém pedisse, até preparar um prato especial sem recursos econômicos. Para ela, manter as frigideiras limpas ou servir a mesa eram oportunidades para praticar o amor. Dora queria encontrar a Deus na aparente pequenez, heroica, de oferecer a ele o trabalho bem feito, com carinho, um dia depois do outro, até o final da vida.

    Os vários escritos sobre a vida de Dora destacam também o seu bom gosto e elegância. "Um estilo para mulheres que hoje veem no trabalho do lar uma verdadeira profissão. Uma ajuda do céu para enfrentar os mil afazeres diários da gestão e da atenção da casa e das pessoas".

    Para informações, blog sobre Dora del Hoyo (em espanhol): http://doradelhoyo.wordpress.com/


    (Trad.ZENIT)

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    Cultura


    Um jovem considerado grande poeta místico do séc XX
    Poemas inéditos de Daniel Faria

    Por Maria Emília Marega

    ROMA, terça-feira, 19 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Poemas inéditos deixados pelo jovem Daniel Augusto da Cunha Faria, considerado por alguns o grande poeta místico português do século XX, foram reunidos no livro “Poesias”.

    Daniel Faria nasceu em Baltar, Paredes, em 1971. Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica Portuguesa, no Porto, obtendo a licenciatura em 1996. Obteve uma segunda licenciatura,em Estudos Portugueses, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

    A 9 de Junho de 1999, após uma queda, faleceu com apenas 28 anos, quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga. Deixando um notável legado poético.

    Considerado por alguns como um Poeta Maior da Língua Portuguesa e grande poeta místico português do século XX para outros, muito popular nos blogs portugueses, buscou inspiraçãoem S. João da Cruz e Santa Teresa do Menino Jesus bem comoem alguns Poetas Portugueses como Herberto Hélder; Sophia, Pessoa e Eugénio de Andrade entre muitos outros, mas é sobretudo da Bíblia que lhe vem a maior parte de suas referências.

    Em Maio de 2004, a Câmara Municipal de Penafiel ,Portugal, instituiu um prêmio de Poesia com o seu nome destinado a jovens poetas até aos 35 anos. 

    A sua Tese de Licenciatura em Teologia – A vida e conversão de Frei Agostinho; entre a aprendizagem e o ensino da Cruz – Editada pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica, está esgotada.

    A par da sua vida acadêmica desenvolveu todo um trabalho de serviço à comunidade, nomeadamente nas Paróquias do Marquês, no Porto e na do Marco de Canaveses.

    Divulgado pela Agência Ecclesia o livro “Poesia” contém 13 poemas inéditos de Daniel publicado pela editora Assírio & Alvim e edição de Vera Vouga, professora do poeta que acompanhou os seus primeiros passos literários. Este livro integra o "Plano Nacional de Leitura: Ensino Secundário — sugestões para leitura autônoma" de Portugal.

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    Familia e Vida


    Aprovar o aborto seria um retrocesso jurídico na nossa sociedade (Parte II)
    Entrevista com especialista em bioética, Pe. Helio Luciano

    Por Thácio Siqueira

    BRASILIA, sexta-feira, 22 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Ontem publicamos a primeira parte da entrevista que o Pe. Helio concedeu a ZENIT com o fim de ajudar os católicos do Brasil a refletirem sobre o tema do Aborto, que está em pauta para aprovação no nosso país.

    Clique aqui para acessar a primeira parte.

    O Pe. Helio Luciano é mestre em bioética pela Universidade de Navarra, mestre em Teologia Moral pela Pontificia Universidade Santa Cruz em Roma e membro da comissão de bioética da CNBB.

    Publicamos hoje a segunda e última parte da entrevista.

    ***

    ZENIT: O embrião é uma pessoa humana? O que é que comprova isso? E por que ele teria todos os direitos fundamentais de um ser humano, incluindo o direito à vida?

    PE. HELIO: A resposta que dou a esta pergunta, que frequentemente se repete, é sempre a mesma: não importa se o embrião é pessoa humana ou não. À primeira vista tal resposta pode parecer polêmica ou até agressiva – mas asseguro que esta não é a minha intenção. A questão é que “ser pessoa” ou “não ser pessoa” é um problema filosófico e jamais poderá ser provado em âmbito científico-positivo. Mas a discussão em relação ao aborto não é uma questão de filosofia, mas de biologia básica.

    O que temos, desde a fecundação, independente se é pessoa ou não, é um novo ser humano. Como já dizíamos – temos um novo indivíduo da espécie homo sapiens sapiens, com um DNA único e irrepetível em toda a história da humanidade. Sendo um ser vivo da espécie humana, tem todo o direito de ser respeitado como qualquer outro ser humano. Nas aproximadamente quarenta semanas em que este novo ser humano costuma permanecer dentro do ventre materno, não existe nenhum salto quantitativo ou qualitativo que possa dizer que tenha sofrido uma mudança substancial. Todas as capacidades humanas adquiridas por aquele novo ser, têm como base aquele momento inicial – ou seja, aquela única célula fecundada, que já era um ser humano.

    A maioria dos defensores do aborto, hoje, costuma admitir as evidências científicas que comprovam que a partir da fecundação temos um novo ser humano. O que objetam é que este ser humano ainda não seria uma “pessoa humana”. A partir desse pressuposto, as divergências entre os abortistas são grandes. Alguns dirão que este ser humano se tornará “pessoa humana” a partir da formação da placenta, outros dirão que a partir da formação do coração, outros defendem que a personalidade se forma com o sistema nervoso central e por fim, existem os que defendem que se torna “pessoa humana” somente após o nascimento. Estes últimos chegam a defender o que se chama partial-birth abortion, ou seja, “aborto do parcialmente nascido”. Em tal procedimento, assim que se dá o coroamento (coroamento é a aparição da cabeça do feto durante o trabalho de parto), faz-se a sucção do cérebro da criança – certamente aqui se trata de um claro infanticídio.

    Todas as tentativas de colocar esse início da “personalidade” em algum momento concreto do desenvolvimento embrionário ou fetal serão sempre arbitrárias. Se colocarmos o início da “personalidade” em alguma função ou órgão, porque não poderíamos dizer que está no começo do exercício da consciência? Alguns autores já afirmam isso e, consequentemente, defendem que o infanticídio – matar crianças que não tenham o exercício de atividade consciente – é moralmente e eticamente válido, pois não seriam “pessoas humanas”.

    Por essas discussões é que afirmo que não importa a partir de quando aquele ser humano se tornará pessoa. O importante é que se trata de um ser humano, e que merece todo o respeito e proteção que devemos a qualquer outro ser humano, independente das funções que possa exercer.

    ZENIT: Quais são as tragédias que o aborto traz para uma nação que o aprova na sua legislação?

    PE. HELIO: A tragédia mais profunda é a instituição de uma “cultura de morte”, que não respeita o sofrimento das mães – muitas são quase induzidas socialmente ou economicamente a realizar o aborto – e nem o direito básico dos próprios cidadãos mais indefesos, aqueles que ainda estão por nascer. É irônico que tais sociedades possuem legislações bastante rigorosas para a defesa de embriões animais, enquanto os seres humanos estão totalmente indefesos. Hoje é mais seguro nascer feto de baleia do que feto humano.

    Derivada desta “cultura de morte” nasce uma atitude de egoísmo generalizado – o importante não é mais o “bem comum” da sociedade, mas o individualismo, o bem de cada um. Deixamos de viver em sociedade como modo de nos aperfeiçoarmos como seres humanos sociais que somos, para converter-nos, como dizia Hobbes, em lobos para os outros lobos.

    O processo de degradação da sociedade – em todos os pontos de vista – também é uma consequência da chamada “cultura de morte”. Se o Direito, base da civilização ocidental, perde sua raiz profunda que o justifica – ou seja, a natureza humana e a defesa do mais débil – a civilização toda se ressente. A crise – social, econômica, moral – da sociedade atual não é mera coincidência. Será mera coincidência que os países com menor taxa de nascimento e maior índice de aborto – Grécia, Portugal, Espanha e Itália – são aqueles com maior crise econômica?

    Historicamente, toda a civilização que desrespeitou os valores básicos do ser humano, entrou em decadência e desapareceu. O exemplo mais claro foi a degradação do Império Romano – quando deixou de velar pelos valores básicos, tornando-se meramente “populista”, ampliou seu domínio físico, mas perdeu sua força moral. Não foi a invasão dos chamados “povos bárbaros” o que acabou com Roma – este foi só o golpe final que fez cair o que por dentro já estava moralmente destruído.

    ZENIT: O senhor já se encontrou com católicos que aprovam o aborto? Eles podem ser considerados pessoas que estão fora da doutrina e da moral católicas?

    PE. HELIO: A Igreja é uma realidade divina, mas que também possui leis e autoridades que devem ser respeitadas. Assim como eu não posso, simplesmente, declarar-me membro da Academia Brasileira de Letras – porque é necessário uma série de requisitos para pertencer a esta Academia – ninguém pode por si mesmo, sem cumprir certos requisitos, ser declarado um membro da Igreja. Deste modo, católicos de fato que defendam o aborto não existem e não podem existir. Se alguém defende o aborto, jamais poderá ser considerado um membro da Igreja, ou seja, não pode participar do Corpo de Cristo.

    Por outro lado é um fato que existem grupos de pessoas que se dizem católicas – mas não o são de fato – e que ao mesmo tempo defendem o aborto. Quem sabe o grupo mais expressivo seja aquele que se autodenomina “Católicas pelo direito de decidir”. Certamente os membros deste grupo não são de fato católicos, pois defendem algo absolutamente contrário à própria humanidade – o direito de matar um inocente. É verdade, como já dissemos antes, que a liberdade é um bem, mas não é um bem absoluto. Este bem – o da liberdade – está por debaixo do direito mais elementar de todos, o direito à vida, o bem maior defendido pelo Direito.

    Neste sentido, por que não criamos grupos como “Católicos pelo direito de assassinar”, ou “Católicos pelo direito de roubar”. Certamente é uma ironia, mas, às vezes, esta se faz necessária para entender o quão absurdo são os argumentos. Assassinar ou roubar também são atos de liberdade, mas nem por isso alguém pode defender esta liberdade como um valor – pois lesaria valores mais altos, o da vida e o direito à propriedade privada. Do mesmo modo quem defende uma liberdade para matar uma criança dentro do ventre materno, lesa o direito à vida desta criança e, deste modo, não tem o direito de reclamar tal liberdade.

    ZENIT: Por que o aborto traz uma das penas canônicas mais sérias do direito canônico, segundo o cânon 1398?

    PE. HELIO: Dizíamos, em outro ponto da entrevista, que o Direito tem um fundamento natural, ou seja, expressa o verdadeiro modo de ser da humanidade. O Direito da Igreja, chamado “Direito Canônico”, também tem a mesma raiz natural, além, também, de regular matérias que conhecemos por Revelação.

    Desde um ponto de vista natural, como víamos antes, trata-se de um crime hediondo: não apenas se está matando a um ser humano inocente e indefeso, mas se está matando o próprio filho na fase da vida que ele mais necessitava da proteção dos pais. Desde um ponto de vista sobrenatural, baseado na Revelação divina, é algo ainda mais grave – o assassinato de um filho de Deus que tinha sido confiado a estes pais.

    As penas no Direito – seja civil ou canônico – sempre devem ter um caráter de proteger um bem, ou seja, de evitar um crime, além do caráter medicinal. Falando em relação ao Direito civil, alguns acusam os católicos de serem desumanos quando pedem a punição da mulher que realiza o aborto. A punição existe para prevenir o crime, ou seja, em defesa da vida do indefeso. Despenalizando o aborto perdemos esta proteção importante para a vida do mais débil. Além disso, na maioria das vezes, a mulher que realiza o aborto é a menos culpada deste ato – normalmente ela está em meio a um conjunto de pressões sociais, sentimentais e econômicas. Os principais culpados – e consequentemente os que deveriam ser mais duramente punidos – são aqueles que induzem e realizam o ato ilegal e imoral do aborto.

    Em relação ao Direito Canônico, para que se entenda a gravidade da ofensa ao próximo – sendo este “próximo” o próprio filho – e, consequentemente, a gravidade da ofensa a Deus, é reservada a este pecado a pena da excomunhão latae sententiae. Certamente a palavra excomunhão soa forte aos ouvidos da opinião pública e de fato é a pena mais severa da Igreja – desligar um membro da comunhão com a Igreja. Com latae sententiae se indica que a excomunhão é automática, ou seja, quem comete ou induz alguém a cometer um aborto ou participa da execução do mesmo, automaticamente está excluído da comunhão com a Igreja e, consequentemente, com o Corpo de Cristo.

    Ainda sendo a pena mais grave da Igreja, a pena de excomunhão não condiz com o aquilo que o imaginário popular interpreta por excomunhão. Trata-se, como foi dito, de uma pena preventiva, educativa e medicinal. Em primeiro lugar, sendo uma pena tão grave, só recai nela quem cometeu com certeza um aborto – se alguém realiza uma tentativa de aborto sem “êxito”, comete um pecado grave, mas não é excomungado. Também só é excomungado quem sabia, ainda que imperfeitamente, da existência de uma pena especial. Além disso, as pessoas que cometeram, induziram ou participaram de um aborto – e consequentemente estão excomungadas – podem pedir e receber o perdão pelo pecado cometido e o levantamento da pena de excomunhão. Cada diocese possui alguns sacerdotes – em algumas dioceses todos os sacerdotes – habilitados para levantar esta pena, dando logicamente alguma penitência especial, para que se entenda a gravidade do pecado cometido. Normalmente a maior penitência para uma mãe que cometeu aborto é o sofrimento que carrega – por toda a vida – por sentir a culpa de ter matado seu próprio filho.

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    Aprovar o aborto seria um retrocesso para o Brasil (Parte I)
    Entrevista com especialista em bioética, Pe. Helio Luciano

    Por Thácio Siqueira

    BRASILIA, quinta-feira, 21 de junho de 2012 (ZENIT.org) - De forma muitas vezes velada o Aborto tem sido introduzido em diversos países com raízes cristãs. Introduzido como prática legal e até mesmo financiado pelos governos e por grandes fundações internacionais. 

    No dia 18 de abril desse ano o Pe. Helio nos concedeu uma entrevista sobre as causas da aprovação do aborto de anencéfalos pelo STF no Brasil. Para ler essa entrevista clique aqui.

    Dessa vez, para continuar ajudando os católicos do Brasil a refletirem sobre o tema, o Pe. Helio Luciano, mestre em bioética pela Universidade de Navarra, mestre em Teologia Moral pela Pontificia Universidade Santa Cruz em Roma e membro da comissão de bioética da CNBB, concedeu a ZENIT mais uma entrevista para esclarecer alguns pontos em relação ao aborto e ao perigo da aprovação do aborto numa nação.

    Hoje publicamos a primeira parte dessa entrevista. 

    ***

    ZENIT: Por que o aborto não deve ser legalizado no Brasil e em nenhum país? Os defensores da causa abortista alegam que a aprovação do aborto numa nação é sinal de progresso e desenvolvimento. Realmente é assim? A visão da Igreja católica não é uma visão redutiva da realidade?

    PE. HELIO: O Direito nasceu – historicamente – para defender o mais fraco. Por exemplo; se um indivíduo tivesse várias posses materiais poderia vir a pressionar – através da ameaça ou outros meios coercitivos – um pobre a vender a sua terra. O Direito, na raiz da civilização, surge para defender a esse pobre que não poderia defender-se por si mesmo. Além disso, o Direito possui uma raiz natural, ou seja, deve respeitar a natureza e a verdade das realidades que regula – no exemplo citado anteriormente, podemos ver que a base natural é o direito que todos possuem à propriedade privada e o direito básico de uma pessoa ter o mínimo para sua sobrevivência.

    Aprovar o aborto, ou despenalizá-lo, seria um retrocesso jurídico da nossa sociedade e, consequentemente, um retrocesso da nossa civilização – negaríamos a mesma raiz do Direito, ou seja, a sua base natural e a defesa do mais fraco.

    Cientificamente, hordiernamente, ninguém pode duvidar que um embrião humano seja um ser humano – com um DNA humano único e irrepetível. É uma clara evidência científica – se pegamos uma célula deste embrião podemos afirmar claramente que é um indivíduo da espécie Homo sapiens sapiens.

    O que se coloca em jogo, então, não é a possibilidade de eliminar algo que não seria uma vida humana, mas sim o conflito entre duas liberdades – a do embrião e àquela da mãe. É verdade que pode haver este conflito – e que, muitas vezes, existe de fato – mas, como víamos antes, a quem o Direito está chamado a defender? A vida de um ser inocente e indefeso ou a liberdade de uma mulher que não quer conceber este indivíduo (gerado por ela)? Quem é o mais débil, o mais fraco? Qual o bem maior – a vida de um ser, base de todos os demais direitos ou a liberdade de outro? Certamente o Direito – tal como foi concebido, com base em uma raiz natural – deveria defender aqui o direito básico à vida.

    Que as nações chamadas de “Primeiro Mundo” tenham cometido este retrocesso civilizatório e jurídico não converte o aborto em sinal de progresso. É mais, seria um claro sinal de retrocesso. Há países na Europa cujo número de crianças abortadas supera o número de crianças nascidas. Falando só desde o ponto de vista econômico, não é esta uma das causas da crise europeia? Falta população que gere consumo interno, gerando produção e gerando emprego.

    A “cultura de morte” jamais gerou progresso. Gera egoísmo, falta de doação, falta de caridade. Que sociedade é essa “civilizada” que considera os filhos não como um bem, mas como um mero problema a ser eliminado? Que sociedade civilizada é essa que mata aos seus próprios filhos, cidadãos e membros desta mesma sociedade?

    Para evitar este retrocesso em todos os sentidos – humanista, moral, ético, jurídico, social – é que o aborto não deveria ser aprovado no Brasil e em nenhum lugar do mundo.

    Por fim, a Igreja sempre foi e continua sendo mestra de humanidade. Certamente não está sendo redutiva neste ponto, mas está pedindo à humanidade que venha a ser humana de fato. Está pedindo que respeitemos o mais básico dos direitos – aquele da vida de um ser inocente. O reducionismo não é da Igreja, mas sim deste grupo de pessoas que se sentem iluminadas, que – com um alto grau de miopia – enxergam o retrocesso como progresso, enxergam o assassinato como liberdade.

    ZENIT- A resposta da Igreja Católica a favor da vida do nascituro é uma resposta somente baseada na Sagrada Escritura, como pensam alguns?

    PE. HELIO: Deus revelou muitas verdades aos homens, e muitas delas através da Sagrada Escritura. Dentre essas verdades reveladas, podemos dizer que existem dois tipos: as verdades totalmente sobrenaturais, que o homem jamais seria capaz de alcançar com suas próprias forças, como, por exemplo, a verdade de que Deus é Uno e Trino, ou a entrega de Cristo na Eucaristia. Esse tipo de verdade, logicamente, exige a fé. Por outro lado Deus também revelou algumas verdades de ordem natural, ou seja, verdades que o homem seria capaz de alcançar com suas próprias forças. Neste sentido, podemos dizer que somos ajudados a alcançar e entender essas verdades básicas. Porém, se alguém não tem fé ou não conhece a Sagrada Escritura, também é capaz de alcançar tais verdades.

    Uma dessas verdades naturais – que qualquer pessoa com o uso de razão é capaz de alcançar – é a proibição de matar a um inocente. Culturas não católicas e não cristãs são capazes de entender essa obrigação humana. Países como o Japão, por exemplo – sem influxo cristão – possui legislação que defende a vida do inocente.

    Portanto a questão da defesa da vida do embrião ou do feto não é um tema religioso. É uma questão de humanidade. Neste sentido, poderá de fato um dia haver leis contrárias à defesa da vida, mas jamais serão verdadeiras leis, porque serão contrárias ao próprio modo de ser do homem.

    ZENIT- Outro dos argumentos usados em favor do aborto é o crescimento demográfico, que, segundo alguns, é algo que ameaça a vida do planeta. É válido esse argumento?

    PE. HELIO: As teorias malthusianas parecem ter entrado de tal modo na cultura mundial, que se dá por suposto algo que, comprovadamente, é falso. Nestas teorias – que tiveram tanto êxito nos séculos XIX e XX – se dizia que o crescimento populacional se daria em progressão geométrica, enquanto os recursos humanos cresceriam em progressão aritmética. Deste modo, em poucas décadas, haveria uma completa escassez de recursos no planeta.

    A mesma teoria malthusiana agora volta a estar de moda. Desta vez ela vem disfarçada com uma nova roupa, a do “ecologismo”, e com traços apocalípticos – como se o homem fosse o único mal da terra e esta estivesse a ponto de ser destruída. Chegamos à geração “Avatar” – que exalta a ecologia ao mesmo tempo em que mata seus próprios filhos. É verdade que não podemos desrespeitar o mundo que nos foi dado, é verdade também que temos um dever de justiça de deixar o mundo para as gerações futuras, mas é fundamental entender que o mundo está em função do homem – para ser utilizado racionalmente e com respeito.

    A grande escassez de recursos anunciada por Malthus jamais se cumpriu. Os avanços na agricultura – desde a invenção do trator até as altas tecnologias utilizadas para as sementes – aumentaram a produção agrícola de modo vertiginoso e muito maior que qualquer previsão. As terras cultivadas hoje – segundo dados do Banco Mundial e da ONU – chegam somente a 24% do total de terras que ainda podem ser cultivadas no mundo. Além disso, as novas tecnologias constantemente permitem que terras consideradas inférteis sejam passíveis de cultivo – como, por exemplo, muitos hectares de terras antes consideradas desérticas em Israel. O fato de que ainda exista fome no mundo não se dá pelo excesso de população, mas sim pela ganância de poucos.

    Com base em tudo que foi visto, é lógico que considerar o crescimento demográfico como uma ameaça à vida do planeta é uma teoria ultrapassada e absolutamente sem nenhuma evidência científica. O controle de natalidade – muitas vezes desrespeitando a própria liberdade da mulher através de esterilizações forçadas – antes de ser uma solução para o respeito ao meio ambiente, é uma das causas da crise. O aborto, como forma de controlar o crescimento demográfico, traz uma “cultura de morte” incompatível com o próprio modo de ser da humanidade. Como podemos querer respeitar o planeta se não somos capazes nem mesmo de respeitar aos nossos filhos?

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    Uma inovadora proposta de um Seminário de Bioética
    Dos dias 13-15 de Julho em Brasília

    Pe. Rafael Fornasier*

    BRASILIA, segunda-feira, 18 de junho de 2012 (ZENIT.org) - O clássico filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin foi uma bela produção cinematográfica de 1936, que fazia uma crítica às condições de trabalho padecidas pelo homem de seu tempo, devido ao grande avanço da técnica. A reflexão ética sobre o trabalho humano e o justo salário vão começar a surgir somente após a implementação de novas formas de trabalho e de mecanismos, que relegavam muitas vezes o homem e suas condições dignas de vida a um segundo plano, em prol do máximo rendimento. De certo tal reflexão ainda é atual.

    Aqui cabe fazer uma analogia entre a reflexão da ética social, surgida a partir da transformação do trabalho pela técnica, e a reflexão bioética. Após muitas pesquisas com seres humanos – algumas destas marcaram a história, como as dos campos de concentração nazistas -, experimentos com novas biotecnologias, aplicação da técnica em favor da eliminação do ser humano no ventre materno, produção de armas nucleares, supressão de deficientes e idosos, entre outros, a reflexão se viu forçada a pensar a eticidade de tantas propostas de inovações científicas que hoje invadem o cotidiano de qualquer pessoa. De fato, a máxima deve ser repetida: nem tudo o que a técnica é capaz de realizar é moralmente lícito.

    A Comissão Episcopal Pastoral da Juventude da CNBB, juntamente com a Comissão E. P. para Vida e Família fazem uma inovadora proposta de um Seminário de Bioética (13-15 de julho, em Brasília) para tantos jovens que hoje são chamados a se tornarem novos críticos da realidade em que vivemos. E não só. Muitos, graças a seu percurso formativo e profissional, são chamados a se tornarem verdadeiros atores no cenário de um mundo em constante transformação pelas novas biotecnologias. É, de fato, um grande sinal de um novo e alegre comprometimento e protagonismo do jovem católico no seio da sociedade brasileira em favor da cultura da vida.

    Para fazer a inscrição clique neste link: http://www.jovensconectados.org.br/seminario-bioetica

    *Pe. Rafael Cerqueira Fornasier é sacerdote da Arquidiocese de Niterói, membro da Comunidade Emanuel, mestre em Antropologia Teológica e assessor da Comissão Episcopal Pastoral para Vida e Família da CNBB.

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    Especial


    Rio+20:"Responsabilidade comum pelo mundo de amanhã
    Declarações do presidente do episcopado europeu sobre a conferência ambiental

    Nieves San Martín

    ROMA, quinta-feira, 21 de junho de 2012 (ZENIT.org) - O presidente da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE), cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique, na Alemanha, divulgou a declaração “Nossa responsabilidade comum pelo mundo de amanhã”, a propósito da conferência da ONU sobre o desenvolvimento sustentável, Rio+20.

    Em sua declaração, o cardeal Marx relembra o encontro acontecido vinte anos antes, também no Rio de Janeiro. “Inumeráveis pessoas esperam medidas concretas desta conferência, para avançarmos rumo a um modelo de desenvolvimento mais equitativo e duradouro. Num mundo em que milhões de pessoas não têm acesso a uma alimentação suficiente, a água potável, a energia, aos serviços de saúde e de educação, e que além de tudo está ameaçado pela mudança climática provocada pelo aquecimento global, estas medidas concretas são mais urgentes e necessárias do que nunca”.

    O cardeal destaca que já na Rio 92 o conceito de “sustentabilidade” era central. Neste sentido, aponta que “o reconhecimento da dignidade do homem está na base de todo desenvolvimento sustentável”. A conferência de 1992, na opinião dele, “já tinha enunciado como princípio de base que o homem deveria estar no centro das reflexões sobre o desenvolvimento sustentável. Ele tem direito a uma vida sadia, em harmonia com a natureza”.

    O presidente da COMECE enfatiza que “a sustentabilidade, vista como princípio do desenvolvimento humano integral, tem como objetivo um equilíbrio entre as necessidades essenciais da geração atual e a vida das gerações futuras. A sustentabilidade se torna solidariedade, independentemente de espaço e de tempo. Os esforços para desenvolver 'uma economia verde no contexto do desenvolvimento duradouro (GESDPE)' e as políticas correspondentes, nas quais a conferência atual trabalha, devem ser julgados à luz da sua capacidade de responder às necessidades essenciais de todos os homens, especialmente dos pobres, dos marginalizados e das gerações futuras”.

    Além da sustentabilidade, o presidente da COMECE aborda em seu discurso a responsabilidade: “Somos todos responsáveis pela proteção e pelo cuidado da criação. Esta responsabilidade não tem fronteiras. De acordo com o princípio da subsidiariedade, é importante que cada um se comprometa no seu próprio nível, trabalhando para superar a supremacia dos interesses particulares”, afirma, citando Bento XVI na sua mensagem da paz de 2010.

    O cardeal Marx trata ainda do desenvolvimento: “A alimentação é o primeiro meio para combater a pobreza e nutrir uma população mundial crescente. É primordial desenvolver um setor agrícola sustentável e regimes de propriedade da terra justos e eficazes”.

    O arcebispo alemão também observa que “a emergência de uma 'era pós-petróleo' pesa sobre a utilização das terras agrícolas férteis. Estamos assistindo nos últimos anos a uma competição crescente entre 'colheitas alimentares' e 'colheitas de biocombustível', o que vem levando ao aumento nos preços da comida. Nosso estilo de vida, baseado em consumo perdulário de energia, combinado com a necessidade de reduzir as emissões de CO2 de carburantes fósseis, ameaça a segurança alimentar dos países emergentes. Por isso, 'a economia verde e sustentável' deveria se dedicar intensivamente ao desenvolvimento de produções energéticas próprias e inteligentes, que não causem impacto na produção de alimentos”.

    O presidente da COMECE aborda também a cooperação, que “será imperativa no futuro. As instituições deveriam, em todos os níveis de decisão, melhorar a sua cooperação para chegar a um sistema de governança mundial sólida e capaz de assegurar a coerência das políticas empreendidas”.

    Reinhard Marx sugere, como encerramento, “uma conversão dos corações e dos espíritos”: “O desenvolvimento não é unidimensional. Não se trata só de lutar com determinação contra a pobreza e contra a fome, pelo acesso à água potável e aos cuidados de saúde e educação para mais de dois bilhões de seres humanos. Depende também do compromisso crucial para desenvolvermos mundialmente um modo de vida sustentável, que contribua para 'a conversão fundamental dos corações e dos espíritos nos países ricos e desenvolvidos'”.

    “Em vez de nos deixarmos guiar pelo materialismo e pelos nossos interesses individuais, estamos chamados a nos mostrar generosos e solidários. Temos que trabalhar por uma nova cultura de respeito pela criação, de solidariedade e de justiça, com a meta de conseguir um desenvolvimento humano verdadeiro e autêntico”.

    O cardeal conclui o discurso com um apelo à Rio+20: “O mundo espera dos seus dirigentes, reunidos no Rio, que eles se mostrem à altura da sua responsabilidade e prestem contas dos seus compromissos. A Comissão dos Episcopados da União Europeia lhes deseja coragem para escolher as soluções justas”.

    (Trad.ZENIT)

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    Mundo


    A Fraternidade São Carlos se enriquece com 6 novos sacerdotes e 9 diáconos
    Amanhã à tarde o cardinal Kurt Koch celebrara as ordenações na Basílica de Santa Maria Maior.

    Roma, sexta-feira, 22 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Alguns vão para Taiwan, outros para Santiago do Chile, outros para Denver, outros para Madri e alguns ainda permanecerão em Roma. Entretanto todos partirão em missão e viverão em uma casa com outros sacerdotes, pois estas são as duas colunas da Fraternidade São Carlos da qual fazem parte: a missão e a vida em comum.

    Amanhã, sábado 23 de junho, às 15:30h na Basílica Santa Maria Maior em Roma, o cardinal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, ordenará seis sacerdotes da Fraternidade Sacerdotal dos Missionários de São Carlos Borromeo.

    Eis aqui os perfis dos seis sacerdotes que amanhã receberão a ordenação:

    Dom Emanuele Angiola, de 31 anos, proveniente da cidade de Cuneo que irá para Taiwan; Dom Diego García Terán de 37 anos, proveniente da cidade do México que irá para Denver; Dom Simone Gulmini, de 37 anos, proveniente da cidade de Ferrara que irá para Fuenlabrada em Madri; Dom Tommaso Pedroli, de 27 anos, proveniente da cidade de Varese que permanecerá em Roma; Dom Ruben Roncolato, de 32 anos, proveniente da cidade de Sant’Antonino Ticino em Varese que irá para Santiago do Chile e por fim, Dom Luca Speziale, de 29 anos, proveniente da cidade de Pavia que permanecerá em Roma.

    Algumas curiosidades: Emanuele Angiola antes de entrar no seminário estudou canto lírico e chegou a se apresentou como tenor na Scala di Milano; Diego Garcia graduou-se em Engenharia Química; Simone Gulmini graduou-se em Ciências Naturais e é apaixonado pela natureza e pelo esporte; Tommaso Pedroli é o responsável pela Escola de Canto da Casa de Formação da Fraternidade e ano passado desenvolveu por diversas vezes serviços litúrgicos nas missas papais no Vaticano; Ruben Roncolato é engenheiro, assim como Luca Speziale, que atualmente é o secretário de Dom Massimo Camisasca. Todos eles, com exceção de Pedroli, entraram no seminário após a graduação, assim como todos se formaram na Casa de Formação São Carlos localizada na Via Boccea em Roma. Muitos já estavam em missão desde um ano atrás ou mais nos lugares onde agora retornarão como sacerdotes. A idade média dos ordenados é de 32 anos.

    Nesta mesma celebração serão ordenados nove diáconos:

    Nicolò Ceccolini, Matteo Collini, Donato Contuzzi, Matteo Dall’Agata, Francesco Ferrari, Stefano Lavelli, Lorenzo Locatelli, Paolo Paganini e Daniele Scorrano. Entre as seguintes destinações: Colônia, Viena, Nápoles, Roma, Taipei e Santiago do Chile.

    “A história destes quinze rapazes nos convida a escutar a voz de Deus, a ler os sinais com o qual nos fala. Ele tem um plano especifico para cada homem e para cada mulher. Nenhuma vida é para Ele insignificante ou pequena para seu peso. Cada um tem um lugar insubstituível que não pode ser ocupado por nenhum outro. É como um imenso mosaico no qual somente a visão do conjunto dá sentido às pequenas peças”, diz Dom Massimo Camisasca, superior geral da Fraternidade São Carlos.

    A Fraternidade São Carlos, nasceu no ano de 1985 segundo a inspiração de Dom Luigi
    Giussani, fundador do Movimento Comunhão e Libertação. Está presente hoje, com 24 casas, em 15 países. Fazem parte da fraternidade 110 padres e 50 seminaristas.

    (Trad.ZENIT)

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    Dez horas de oração dos jovens contra a crise
    Chega a 6° edição da Assembléia Eucarística Nacional no Circo Massimo

    ROMA, sexta-feira, 22 de junho de 2012(ZENIT.org) – Uma noite toda diante do Santíssimo Sacramento, com centenas de jovens que rezam para que a crise termine, em suas vidas e no mundo.

    Este ano o encontro com a Assembléia Eucarística Nacional no ‘Circo Massimo’ em sua sexta edição acontecerá dia 23 de junho na Basílica de Santa Anastasia.  Às 21:00 está previsto a Santa Missa, celebrada por Dom Matteop Zuppi, novo bispo auxiliar de Roma para o setor Centro e animada pelo grupo Sentinelle dal Mattino. Às 22:15 será a abertura da Assembléia Eucarística.

    À meia-noite acontecerá a procissão eucarística que atravessará o ‘Circo Massimo’ e continuará pelas ruas adjacentes. À 01.00 recomeça a adoração eucarística, que prossegue até o amanhecer do domingo 24 de junho, e termina às 06:00, com a benção.

    A Assembléia Eucarística, intuição de algumas realidades jovens que começou em 2007, sob a coordenação de Fábio Anglani, celebrada onde vários mártires derramaram seu sangue pela fé, o ‘Circo Massimo’, responde ao desejo de levar à presença do Senhor todas as pessoas, mas especialmente os jovens.

    Três são os elementos principais que o caracterizam: a Eucaristia, acompanhada pelos transeuntes e jovens (segundo elemento), no coração da noite (terceiro elemento). A iniciativa recebeu desde o seu nascimento o apoio dos jovens da Associação Nacional Papa Boys, e de muitas comunidades e grupos de oração, contando com adeptos em toda a Itália.

    Cada realidade associativa se alterna na animação de uma hora de adoração, segundo o próprio carisma. O silêncio, os cantos, as orações e a atmosfera de fraternidade suscitam o desejo de parar e rezar, confirmando a Assembléia Eucarística como um momento que gera conversões e mudanças na vida de muitas pessoas, jovens e não apenas.

    O encontro de Roma não é único, a iniciativa vai se difundindo: são várias as Assembléias Eucarísticas celebradas neste ano em diversas dioceses italianas. Aconteceram também dois momentos a nível internacional, na Terra Santa: em Jerusalém no ano de 2009 e  no Getsmani,  em Belém no ano de 2010, junto a Basílica da Natividade.

    É possível obter todas as informações e arquivos no site: WWW.adorazione.org

    Email: info@adorazione.org 

    Telefone: +38. 1011429

    O evento pode ser acompanhado pelo facebook: “Adunanza Eucarística”

     (Trad.MEM)

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    Síria: palavras do Papa são ajuda para a paz
    Bispo caldeu de Aleppo retribui apoio de Bento XVI

    ROMA, sexta-feira, 22 de junho de 2012 (ZENIT.org) - O bispo caldeu de Aleppo, na Síria, comentou as recentes palavras do papa em defesa da paz no país: “As palavras do papa são uma ajuda para buscarmos caminhos de paz”.

    “A urgência para nós é uma reconciliação nacional. A situação é grave, é necessário ativar o diálogo. A Síria sempre foi um exemplo de convivência e agora tem que encontrar de novo o seu rosto pacífico de terra árabe, cristã e muçulmana”. Dom Antoine Audo, SJ, bispo católico caldeu de Aleppo, comentou durante uma entrevista com a agência Fides o apelo de Bento XVI pela paz na Síria, lançado na assembleia da ROACO (Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais), que inclui as agências humanitárias católicas que trabalham em prol das Igrejas orientais.

    O bispo jesuíta declarou: “O chamamento do papa é muito interessante e comovente. Como cristãos sírios, nós nos sentimos profundamente tocados. As palavras dele refletem um profundo desejo de paz. O papa usou a palavra 'perseverar': para nós, ela significa não ter medo das dificuldades e procurar com determinação os caminhos da paz. É um grande estímulo. Pedimos o fim da violência e rezamos pela paz. Confiamos na ajuda da Santa Sé para que a comunidade internacional promova a paz na Síria”.

    Sobre os cristãos do país, o bispo lembra que “a nossa presença como Igreja de língua árabe e cultura oriental, capaz de conviver com o islã, é muito importante para o Oriente Médio e para a Igreja universal”.  

    (Tradução:ZENIT)

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    Pensamento de Bento XVI é promovido na Polônia
    Cardeal Tarcisio Bertone inaugura Centro de Estudos Joseph Ratzinger

    Pe. Mariusz Frukacz

    ROMA, segunda-feira, 18 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Com a participação do Secretário de Estado vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, dos membros do episcopado polonês e de representantes da cultura e da ciência, foi inaugurado na cidade polonesa de Bydgoszcz, neste 11 de junho, o Centro de Estudos Joseph Ratzinger.

    A inauguração foi acompanhada por uma conferência internacional sobre a encíclica Caritas in veritate, ao mesmo tempo em que era celebrada a XXV Jornada Social em Bydgoszcz.

    O objetivo da fundação é dar continuidade ao pensamento teológico de Bento XVI, para difundir a doutrina social da Igreja e refletir sobre os modernos desafios pastorais e sociais.

    "A abertura deste centro para o estudo do pensamento de Ratzinger é um marco importante não só na história da universidade Kujawy e Pomorze e na história de Bydgoszcz, mas na história de toda a Polônia", disse Bertone.

    O Secretário de Estado comentou que "o centro iniciou suas atividades refletindo sobre a caridade, valor mais alto de todos e base de todas as virtudes. A caridade leva as pessoas a lutar com coragem e abnegação pela justiça e pela paz".

    Uma das funções do novo centro é contribuir para estimular a comunidade acadêmica a encarar novos desafios. O cardeal afirmou que "a universidade deve sempre ser capaz de fazer perguntas, como fez o papa Bento XVI: ‘será verdade o que dizem aqui? Se é verdade, como ela me afeta? E como se aplica?’ ".

    O secretário de Estado destacou que "a Igreja não tem medo de falar das grandes questões humanas, que se relacionam com a verdade e com o futuro. Entre essas perguntas, temos também as que se relacionam com a economia".

    O cardeal explicou que "a reflexão sobre a ética e a economia precisa colocar o homem no centro, para avaliar o progresso da sociedade".

    No final do seu discurso, Bertone destacou que a dignidade humana é reconhecida à luz da fé e da razão, dois faróis para a ciência social e no pensamento de Joseph Ratzinger.

    Para o bispo de Bydoszcz, dom Jan Tyrawa, o novo centro será um lugar de construção da cultura, que promoverá a compreensão e o estudo da teologia de Joseph Ratzinger, organizando conferências e dando destaque ao prêmio "Master de Ratzinger". O centro tem ainda o objetivo de coordenar e aumentar a cooperação entre universidades polonesas e estrangeiras.

    (Tradução:ZENIT)

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    Manifestação na Polônia e em Bruxelas para defender o direito de TV católica
    Tv trwan pede o direito de transmissão na plataforma digital

    ROMA, segunda-feira, 18 de junho de 2012(ZENIT.org) A história de como forças políticas e ideológicas dominantes na Polônia, reduzem a liberdade de informação procurando limitar a transmissão da única rede de TV católica do país é pouco conhecida.

    Infelizmente, a cristofobia parece estar na moda no mundo liberal-radical da mídia, porque, como dizia o professor de comunicação Henry Jenks, o novo anticatolicismo continua o único preconceito aceitável.

    Mas o que realmente acontece na Polônia? Recordemos os fatos:

    Em 19 de dezembro de 2011 o Conselho Nacional de Radio e Televisão Polonesa (em polonês KRRiT) não concedeu à única TV católica do país um espaço na plataforma digital que, a partir de 2013 garante aos poloneses o acesso gratuito a uma série de emissoras de TV.

    Janeiro de 2012, a Fundação Lux Veritais, propritária da TV Trwam, recorreu contra esta decisão no Tribunal administrativo de Varsavia.

    Em 30 de janeiro de 2012, o partido Direito e Justiça (PIS) de Jaroslaw Kaczynski, morto tragicamente em um acidente aéreo, apresentou uma ação no Tribunal do Estado e a alguns membros do Conselho Nacional de Rádio e Televisão (KRRiT).

    Enquanto isso, os deputados poloneses no Parlamento Europeu: Miroslaw Piotrowski, histórico, professor da Universidade Católica de Lublino e Zbigniew Ziobro, ex-ministro da justiça, junto a outros parlamentares do partido “Polônia Solidária” e “Direito e Justiça” apresentaram um pedido à Comissão Européia, questionando o que poderia ser feito para garantir a transparência no processo de concessão de freqüência na plataforma digital, e para o respeito ao princípio de igualdade dos intervenientes no mercado polonês dos meios de comunicação.

    Segundo o professor Protrowski, a decisão do KRRiT vai contra o respeito dos valores fundamentais da União Européia, dentre os quais o princípio da não discriminação por motivos religiosos.

    O deputado Ziobro; exigindo a mudança da injusta e danosa decisão do KRRiT, destacou que “não é aceitável que uma instituição estatal descrimine uma emissora católica, que tem um posicionamento consolidado, é estimada e respeitada, e cuja programação enriquece o telespectador com uma visão da vida inspirada nos ensinamentos morais e sociais da Igreja.

    A sociedade polonesa não aceitou a injusta decisão. Mais de dois milhões de pessoas assinaram uma petição contra a decisão do Conselho Nacional de Rádio e Televisão.

    Diante dos protestos populares os representantes do KRRiT responderam de modo insolente afirmando que cartas de protesto não contam.

    Em defesa da TV Trwam muitas empresas se uniram, incluindo a Associação dos Jornalistas Católicos Polacos. No comunicado por eles enviado lê-se: “a negação do espaço na plataforma digital à única televisão católica está em contradição com o princípio do estado democrático: a liberdade da palavra, o pluralismo de opinião e a liberdade de expressão; o mesmo acesso para todos os meios técnicos que permitem expressar as diversas opiniões”.

    A conferência episcopal polaca preparou um apelo destacando que a exclusão de uma emissora de caráter religioso infringe o principio do pluralismo e da igualdade perante a lei.

    O Bispo emérito de Lomza, Dom Stanislaw Stefanek, lembrou que as mais de dois milhões de assinaturas em defesa da Televisão Trwam demonstram que a “nossa sociedade está acordando e cresce no senso de responsabilidade”.

    A não abertura das autoridades polonesas a qualquer protesto dos cidadãos terminou por mudar a luta pelo pluralismo midiático da Polônia para Bruxelas: dia 5 de junho um grupo de políticos polacos organizou no Parlamento Europeu, o assim chamado “public hearing”, um debate publico, com o escopo de mostrar aos parlamentares e jornalistas europeus a história da discriminação da única televisão católica na Polônia.

    O principal organizador do debate, professor Miroslaw Piotrowski, disse que: “o tratado de Lisboa deu à Polônia a cidadania UE, agora os problemas poloneses são resolvidos não apenas na Polônia, mas também a nível europeu.

    Em entrevista ao jornal polaco “Niedziela” (O domingo),o Sr Tadesz Rydzyk, diretor da TV católica, lembrou que o ex-presidente Alesander Kwasniewski, comentando sobre o caso da televisão católica Kwasniewski, disse: "se eu estivesse ainda no poder, os padres redentoristas (emissores da Rádio Maria, e a TV Trwan depende da província polaca dos redentoristas) teriam recebido o justo espaço na plataforma digital. Mesmo eu pessoalmente não assistindo à TV Trwam, em uma sociedade pluralista também esta TV teria seu lugar”.

    Deveria ser objeto de reflexão que o ex-chefe da juventude comunista e ex-presidente comunista da Polônia, possa dar lição de democracia aos governantes polacos.

    (Tradução:MEM)

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    A participação da Igreja na Rio +20
    Chegou ao Rio de Janeiro o Núncio Apostólico: Dom Francis Chullikatt

    RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 15 de junho de 2012(ZENIT.org) – Chegou ao Rio de Janeiro o Núncio Apostólico, Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, Dom Francis Chullikatt, para participar da RIO +20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável -, que está sendo realizada de13 a22 de junho

    O objetivo da Conferência é a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes

    Em entrevista a Web TV Redentor, divulgada pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, o Núncio Apostólico disse ter uma missão importante: destacar a pessoa humana e os problemas ecológico-sociais dos países mais pobres.

    Junto com o Núncio Apostólico, chegaram na última terça-feira, 12 de junho, no Rio, três colaboradores: Padre Philip J.Bené, Padre Justin Wylie e o Advogado Lucas Swanepoel, que já estão participando da III Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reúnem representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência.

    Dom Francis Chullikatt falou sobre o papel da Igreja na Rio+20, destacando os três aspectos do desenvolvimento sustentável: a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

    A Igreja é muito importante no desenvolvimento destes três aspectos. Relacionado ao aspecto econômico, sabemos que a Igreja Católica sempre se preocupa com os países pobres, por exemplo. Quando falamos do social, sabemos que a Igreja é totalmente envolvida no crescimento da situação social do mundo. O terceiro aspecto, o ecológico, pode-se destacar, aqui no Brasil, a preocupação com a proteção da Amazônia. Nós cuidamos da natureza, porque nós católicos acreditamos na preservação.

    Viemos mostrar especialmente aqueles que não têm voz, especialmente o povo dos países pobres. Defendemos a humanidade e as pessoas que têm a vida violentada pelo mundo. Temos que ter essa preocupação para a vida humana ser preservada, acrescentou Dom Chullikatt.

    MEM

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    Entrevistas


    Um dos maiores projetos arquitetônicos da Igreja Brasileira
    Entrevista com Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte

    Por Thácio Siqueira

    BELO HORIZONTE, quarta-feira, 20 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Ontem ZENIT publicou a primeira parte da entrevista com o Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte sobre o grande projeto da Catedral de Cristo Rei da diocese.

    Publicamos na íntegra a segunda parte da entrevista:

    ***

    ZENIT: Por que o nome Cristo Rei?

    DOM WALMOR: O nome Catedral Cristo Rei é um respeito à história da Arquidiocese de Belo Horizonte, ao sonho que nasceu no ministério pastoral de seu primeiro arcebispo. Acima de tudo, a Catedral será sinal da centralidade de Cristo, o Filho de Deus que é Rei porque é servidor e redentor. A Catedral Cristo Rei será lugar de encontro com Ele, do compromisso com a vida plena para todos.

    ZENIT: O projeto arquitetônico da Catedral Cristo Rei é de Oscar Niemeyer. Por que escolhê-lo?

    DOM WALMOR: O trabalho de Oscar Niemeyer ganhou projeção nacional e internacional a partir de suas obras na capital mineira, do Complexo da Pampulha, referência especial à igreja de São Francisco de Assis. Belo Horizonte, por sua vez, tem em sua identidade os traços do arquiteto, presentes em tantas obras, como a Cidade Administrativa.  A escolha de Niemeyer é um respeito à arquitetura que identifica a capital. Deve-se também às características de seu trabalho, que se aproxima da obra de arte. A arte é um caminho para a transcendência e diálogo com Deus.

    ZENIT: Como será a estrutura da Catedral?

    DOM WALMOR: A Catedral será formada por duas peças laterais, com 100 metros de altura. Essas peças sustentam uma cúpula de 60 metros de diâmetro. A base é formada por três pavimentos que formarão uma grande praça, com um altar, equipado de concha acústica e estrutura para missa campal. Um espaço que também será ideal para manifestações culturais e artísticas. A Cruz de Cristo Rei, que já foi erguida no terreno, é feita de aço e nióbio, minérios de Minas Gerais. O campanário terá sete sinos que representam as notas musicais.

    A grande estrutura da Catedral Cristo Rei alavancará programas e projetos, no âmbito da arte, da cultura, da educação, do serviço social e da comunicação. É um projeto concebido para cultivar a experiência de fé no Deus Vivo, para oferecer serviços à vida, em interface e cooperação com outros segmentos da sociedade.

    ZENIT: Na Catedral haverá um livro de ouro digital, onde aparecerá o nome de todos os que contribuírem para essa obra. Como será esse livro?

    DOM WALMOR: O livro será uma ferramenta digital que estará disponível para consultas. Apresentará o nome de cada um que se dispuser a fazer sua oferta e, assim, contribuir para a edificação da Catedral. É uma homenagem, um singelo e eterno gesto de gratidão aos que ajudam a levar a Palavra de Deus ao coração de tantas pessoas. Com um simples toque, será possível visualizar o nome daqueles que fazem parte dessa caminhada rumo à Catedral Cristo Rei.

    ZENIT: Qual é a explicação da arquitetura da Catedral de Cristo Rei?

    DOM WALMOR: A contemplação da arte no olhar comum provoca reações e dá oportunidade de entendimentos novos. O projeto Catedral Cristo Rei evoca e indica, com traços de uma espécie de gótico moderno, indubitavelmente a transcendência. Suas linhas arquitetônicas convidam à contemplação. São linhas que desenham mãos postas em oração, sobrepostas ao globo. Também é tenda, a tenda do Verbo, Jesus Cristo, o Redentor, que "habitou entre nós" e com sua encarnação abriu o caminho novo da humanidade.

    As linhas também podem ser interpretadas como referência ao gesto de condescendência de Deus Filho, o Cristo, que se inclina sobre a condição humana, a ela se assemelhando em tudo, exceto no pecado, devolvendo-lhe a inteireza da dignidade humana na expressão vitoriosa do fim da condição decaída, porque Deus nos amou primeiro e por nós se entregou. É o mesmo caminho para compreender a localização da cruz de 20 metros à entrada, surgindo de dentro das águas da purificação batismal - referência ao trono do Rei que é Cristo, sem triunfos ou presas, mas como servidor que se entrega sem medida na oferta da própria vida para "que todos tenham vida e a tenham em abundância". 

    ZENIT: Para quando se prevê a conclusão das obras?

    DOM WALMOR: O término e o início da obra serão sempre determinados pelo solicitado engajamento de todos os segmentos da sociedade e de todos os cidadãos. A expectativa é que, até o fim do ano, a obra efetivamente comece, com a preparação do terreno, que fica na Av. Cristiano Machado, no chamado Vetor Norte de Belo Horizonte, região que está na periferia da capital e, ao mesmo tempo, é o epicentro da Região Metropolitana. Local estratégico para acolher e servir os mais pobres e, ao mesmo tempo, irradiar os ensinamentos do Evangelho de Jesus Cristo.   

    Será um espaço para grandes celebrações, local de encontro e congregação, a casa do povo de Deus, a igreja-mãe da Arquidiocese de Belo Horizonte. 

    ZENIT: Como ajudar na construção do projeto?

    DOM WALMOR: A Campanha Faço Parte congrega todos que contribuem para a edificação da Catedral. Aquele que deseja apresentar sua oferta, ou mesmo conhecer mais sobre a Catedral Cristo Rei, deve procurar a Campanha, pelo telefone (31) 3209-3559 ou pelo site da Catedral Cristo Rei (www.catedralcristoreibh.com.br).

    DOAÇÕES EM PROL DA CATEDRAL:

    MITRA ARQUIDIOCESANA DE BELO HORIZONTE
    - Banco Bradesco (237)
    Agência: 2485-6
    Conta Corrente: 33.777-3
    Nominal: Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte

    - Banco Itaú (341)
    Agência: 1403
    Conta Corrente: 97.888-3
    Nominal: Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte

    - Banco Santander (033)
    Agência: 3476
    Conta Corrente: 13003705-7
    Nominal: Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte

    Para acessar a primeira parte da entrevista clique aqui

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    Um dos maiores projetos de construção da Igreja Brasileira
    Entrevista com Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte

    Por Thácio Siqueira

    BELO HORIZONTE, quarta-feira, 20 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Um dos maiores projetos arquitetônicos da Igreja Brasileira, a Catedral de Cristo Rei em Belo Horizonte, já está em andamento.

    Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, concedeu a ZENIT uma entrevista exclusiva para explicar-nos o projeto.

    Publicamos na íntegra a primeira parte da entrevista:

    ***

    ZENIT: O que foi que motivou a retomada desse grande projeto que nasceu há 90 anos?

    DOM WALMOR: A tarefa de construir a Catedral Cristo Rei é resposta a uma expectativa cultivada  há quase cem anos. Idealizada pelo primeiro arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Antônio dos Santos Cabral, a Catedral começou a ser edificada no alto da Avenida Afonso Pena. Porém, as muitas  dificuldades da época levaram ao adiamento desse projeto. Em razão do sentido rico do que é uma catedral, do crescimento de Belo Horizonte e da região metropolitana, retomamos o projeto, que trará muitos benefícios para a sociedade. A Catedral Cristo Rei será um grande centro de espiritualidade, com força de congregação de pessoas, de irradiação de ideias e de princípios basilares para o sustento da vida cidadã.

    Além dessas riquezas, a Catedral garantirá uma contribuição, em programas  dedicados ao serviço social, ao cuidado com os pobres e, também, no âmbito da arte, da cultura, da educação. Sobretudo, será uma referência, não somente no contexto da Arquidiocese de Belo Horizonte, mas de toda Minas Gerais, na tarefa missionária de se trabalhar o projeto da Nova Evangelização. Como sublinha o Papa Bento XVI, na atualidade, a fé é um dom a redescobrir, cultivar e testemunhar. Tenho certeza que a Catedral será instrumento para essa missão urgente de qualificar, fortalecer  ampliar e oferecer a todos uma redescoberta da fé.

    ZENIT: Quais os principais desafios a serem vencidos até a conclusão da Catedral?

    DOM WALMOR: A significação que a Catedral Cristo Rei representa, seu benefício, tamanho e complexidade, aponta, naturalmente, para um bom caminho a percorrer e desafios a superar. A cada dia, damos um novo passo na captação de recursos, nos licenciamentos e estudos de metodologias para a construção. Mais importante: a cada dia, fazemos novo investimento na participação de todos.

    O trabalho em prol da Catedral Cristo Rei envolve muitas frentes, como as curadorias de Espiritualidade, Comunicação e Marketing, Captação e Gestão de Recursos, Acompanhamento e Execução dos Projetos Estruturais, Arquitetônicos e Complementares. Também envolve a permanente abordagem de contribuintes, com destaque para o trabalho da Campanha Faço Parte, que reúne todos aqueles que desejam apresentar sua oferta. A Campanha está crescendo em capilaridade, cada vez mais presente nas paróquias e comunidades.

    ZENIT: O que vai significar a Catedral Cristo Rei para Minas Gerais?

    DOM WALMOR: A fé e a religiosidade estão nas bases da cultura brasileira e, de forma muito especial, naquilo que entendemos por mineiridade. Gosto de citar o saudoso dom Luciano Mendes de Almeida, que considerava Minas um tesouro no coração católico do Brasil. É impossível pensar em Minas Gerais sem a tradição cristã católica.

    Nessa perspectiva, a Catedral Cristo Rei é um verdadeiro presente para o Estado, um monumento à fé de todos os mineiros. A Igreja Católica, em Minas Gerais, com suas dioceses, paróquias, comunidades e instituições educacionais, culturais, de saúde e tantas outras, prossegue perseverante, nos quatro cantos desse imenso Estado. Cada igreja, pequena ou grande, erguida na imensidão desse território, é a Igreja Católica que irradia fé e amor para fecundar a fraternidade, a justiça e a solidariedade. A construção da Catedral Cristo Rei é a possibilidade de um monumento à genuinidade dessa fé, professada e transformada em cultura.

    Contatos: (31) 3209-3559 ou acesse www.catedralcristoreibh.com.br

    DOAÇÕES EM PROL DA CATEDRAL:

    MITRA ARQUIDIOCESANA DE BELO HORIZONTE
    - Banco Bradesco (237)
    Agência: 2485-6
    Conta Corrente: 33.777-3
    Nominal: Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte

    - Banco Itaú (341)
    Agência: 1403
    Conta Corrente: 97.888-3
    Nominal: Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte

    - Banco Santander (033)
    Agência: 3476
    Conta Corrente: 13003705-7
    Nominal: Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte

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    Espiritualidade


    São João Batista
    Reflexões de Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro

    RIO DE JANEIRO, quinta-feira, 21 de junho de 2012 (ZENIT.org) - O mês de junho é um tempo de muitas comemorações e acontecimentos. Na Igreja os santos juninos, Coração de Jesus e de Maria, e na sociedade o grande evento da Conferência da ONU sobre a sustentabilidade do planeta.

    Já comemoramos Santo Antônio, tão querido de todo o povo brasileiro. Dia 24, a natividade de São João, o Batista, cai num domingo, e sua festa prevalece. Da mesma maneira, no domingo seguinte, iremos celebrar São Pedro e São Paulo, solenidade transferida do dia 29. As festas que envolvem este mês são chamadas festas juninas ou joaninas em homenagem principalmente a São João. Suas origens estão nos países católicos europeus do século IV. No Brasil, logo que começaram, adaptaram-se às culturas afro e indígenas.

    Os símbolos populares e paralitúrgicos das festas juninas estão ligados, também, a São João: a fogueira, os mastros, os fogos, a capelinha, a palha e o manjericão. Estas e outras histórias compõem o alegre cenário das festas juninas em louvor a São João, e fazem parte da cultura popular de nosso povo, devoto dos santos e cheios de alegria por festejá-los. Porém, ao lado dos festejos populares, devemos conhecer a vida e o exemplo de São João Batista.

    Ele, segundo nos relata o Evangelho de Lucas, era filho de Zacarias, um sacerdote do templo, e de Isabel, mulher estéril e de idade avançada. É o precursor de Jesus, e preparou-lhe os caminhos pregando a conversão e o arrependimento dos pecados. Batizou muitos com o batismo da penitência e, quando Jesus foi batizado, manifestou-se a Trindade e a Sua missão.

    João se vestia com pele de animais e se alimentava de gafanhotos, sempre pregando sobre o arrependimento sincero e a conversão do coração. Ele pregava para endireitar os caminhos do Senhor, aplainando suas veredas. Gostava de pregar sobre a Palavra de Deus e a vinda do Messias, até que, ao encontrar-se com Jesus, aponta-O como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", enfatizando que não lhe é digno sequer de desamarrar as sandálias de seus pés e ensinando que ele, João, batizava com água, mas aquele que viria depois dele, referindo-se ao Messias, Ele sim os batizaria no Espírito Santo e no fogo.

    O discurso de João e a sua pregação sobre a vinda do Messias eram muito atraentes, porque esta era a esperança de todo o povo: o Messias que viria para restaurar Israel. Sua morte está ligada a uma decisão injusta devido à sua denúncia diante da situação de infidelidade do Rei Herodes, como conhecemos.

    João Batista é a "voz que grita no deserto" pedindo que sejam preparados e aplainados os caminhos do Senhor. Essa vinda deveria ser preparada pela penitência. João se preparou para a missão de precursor do Cristo no deserto, mais uma vez por meio da oração e da penitência. Embora muitas vezes fosse considerado como o Messias, ele logo situa as pessoas negando esse fato, apontando que não era digno sequer de desamarrar suas sandálias. Apontava a seus discípulos o caminho a seguir: Eis o Cordeiro de Deus! Quem com Ele caminha só pode chegar ao verdadeiro caminho, que é Cristo. A quem ele amou, seguiu e anunciou com total afinco e disponibilidade. Mais uma vez é Deus mesmo realizando proezas na vida de seus santos. Que nossa vida seja imitação perfeita destes homens e mulheres do passado que, como João Batista, prepararam e caminharam nas veredas do Senhor.

    João Batista sempre foi categórico ao afirmar "Eu não sou o Messias" (Jo 1, 20). Ao contrário, João foi a primeira "testemunha" de Jesus, tendo recebido a indicação do Céu: "Aquele sobre Quem vires o Espírito descer e permanecer é que batiza no Espírito Santo" (Jo 1, 33). Isto acontece precisamente quando Jesus, tendo recebido o batismo, saiu da água: João viu descer sobre Ele o Espírito como uma pomba. Foi então que "conheceu" a plena realidade de Jesus de Nazaré, e começou a dá-lo a "conhecer a Israel" (Jo 1, 31), indicando-O como Filho de Deus e redentor do homem: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1, 29).

    A Solenidade da Natividade de São João Batista nos ensina precisamente isso: anunciar ao mundo Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

    Levemos a sério a chamada universal de conversão pregada por João Batista e sejamos discípulos-missionários de Jesus Cristo, o Redentor!

    † Orani João Tempesta, O. Cist.

     Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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    Análise


    Pessoa e economia verde
    Reflexões sobre a Rio+20

    *Dom Walmor Oliveira de Azevedo 

    BELO HORIZONTE, sexta-feira, 22 de junho de 2012 (ZENIT.org) - É uma convicção incontestável a importância de cuidar do verde e de se investir em ideias que gerem valor. Mais importante ainda é situar bem no centro dessas ideias a pessoa humana. Sem essa centralidade há sempre o risco de se obter avanços pouco significativos. Também será mais difícil atingir metas ousadas no contexto das urgências sociais e políticas desse tempo.

    Ora, os graves problemas ecológicos exigem uma mudança efetiva de mentalidade levando as pessoas a adotarem novos estilos de vida. Se não houver uma evolução nesse caminho, não se avançará a passos largos em nenhuma das direções apontadas por ideias inteligentes. Só a pessoa detém a propriedade de buscar o verdadeiro, o belo e o bom, com a capacidade de gerar comunhão com o outro, influenciando, consequente e determinantemente, sobre as opções de consumo, poupança e investimentos.

    Fica claro que se a economia verde se pautar simplesmente na lógica do lucro não será possível alcançar os resultados que a realidade contemporânea está urgindo. O comportamento de cada pessoa é determinante para desacelerar o processo de esgotamento dos recursos naturais, exigindo da sociedade contemporânea a revisão de conceitos sobre produção e consumo.

    É óbvia a importância da tecnologia e da inovação.  Tem o seu lugar próprio o lucro. Contudo, não pode ser a força que preside todos os processos sob pena de impedir aberturas e compreensões que permitam situar e respeitar a centralidade da pessoa. É indispensável alavancar a ciência da sustentabilidade com uma antropologia assentada em princípios e valores consistentes para evitar decepções nas expectativas e nos compromissos de governos, empresas e todos os segmentos que são decisivos nos rumos da sociedade.

    A rentabilidade, capítulo dessa questão, o respeito às leis e o arcabouço complexo dos engenhos técnicos e estratégicos devem ter como raiz e horizonte uma antropologia que considera a pessoa como referência central. É preciso evitar relativizações perigosas e altamente prejudiciais à vida, que deve ser respeitada em todas as suas etapas, da fecundação ao declínio com a morte natural.

    É necessária uma antropologia que impulsione o desabrochamento de uma autêntica espiritualidade. Nesse sentido, é importante compreender, admitir e viver a vida como dom, relacionando-se com a natureza, bem da criação para todos, segundo lógicas permeadas pelo sentido de gratuidade. A natureza deve ser tratada como poderoso recurso social que pode alavancar, equilibradamente, um desenvolvimento humano integral.

    É interpelador saber que a atividade econômica não resolverá todos os problemas sociais. A lógica mercantil não é suficientemente forte para isso. O agir mercantil não pode seguir, neste caso, um caminho distante que desconhece a força do agir político. A centralidade de cada pessoa evoca uma cidadania capaz de produzir energias morais indispensáveis para se garantir a busca da sustentabilidade na justiça.

    Este é o olhar para a hermenêutica do documento final da Conferência Rio+20 e dos clamores da Cúpula dos Povos. Um olhar emoldurado por uma adequada antropologia para o caminho proposto. Com a autoridade e configuração, por exemplo, da antropologia cristã, fica enfraquecido o volume significativo das presenças, nações e dirigentes, passíveis de desculpas. Todos devem assumir as metas necessárias e mais corajosas. Assim, com o passar do tempo, a Rio+20 poderá ser considerada o grande evento mundial.

    A economia verde, concebida à luz da centralidade de cada pessoa, deve ser agora uma grande força de princípios no enfrentamento da crise vivida pela civilização atual. Adverte bem o Santo Padre Bento XVI, na Encíclica Caritas in Veritate, quando diz que é urgente repensar nossa relação com a natureza, dada por Deus como ambiente de vida. Desejamos o exercício de um governo responsável para guardar a natureza, fazê-la frutificar e cultivá-la, com formas novas e tecnologias avançadas.

    *Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

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    Angelus


    "Como profeta que termina o Antigo Testamento e começa o novo"
    Angelus do Papa na Solenidade do Nascimento de São João Batista

    CIDADE DO VATICANO, domingo, 24 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a seguir as palavras pronunciadas durante a oração do Ângelus, pelo Papa Bento XVI aos fiéis e peregrinos reunidos na praça de São Pedro.

    ***

    Queridos irmãos e irmãs!

    Hoje, 24 de junho, celebramos a Solenidade do Nascimento de São João Batista. Com exceção da Virgem Maria, o Batista é o único santo que a liturgia celebra o nascimento, e fá-lo porque está intimamente ligado ao mistério da Encarnação do Filho de Deus. Desde o ventre materno, de fato, João é precursor de Jesus: a sua concepção milagrosa é anunciada a Maria pelo Anjo como sinal de que "nada é impossível para Deus" (Lc 1,37), seis meses antes do grande milagre que nos dá a salvação, a união de Deus com o homem por obra do Espírito Santo. Os quatro Evangelhos dão muita importância à figura de João o Batista, como profeta que conclui o Antigo Testamento e inaugura o Novo, indicando em Jesus de Nazaré o Messias, o Consagrado do Senhor. De fato, o mesmo Jesus falará de João neste termos: "Este é aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu mensageiro diante de ti, / na sua frente ele vai preparar o caminho. Em verdade eu vos digo que, entre os nascidos de mulher, não há ninguém maior que João o Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele" (Mt 11,10-11).

    O pai de João, Zacarias – marido de Isabel, parente de Maria –, era sacerdote do culto do Antigo Testamento. Ele não acreditou rapidamente no anúncio de uma paternidade já inesperada, e por isso ficou mudo até o dia da circuncisão da criança, que ele e a esposa deram o nome indicado por Deus, ou seja João, que significa "O Senhor agracia" . Animado pelo Espírito Santo, Zacarias falou assim da missão do filho: "E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo / porque irá diante do Senhor para preparar-lhe o caminho, / para dar ao seu povo o conhecimento da salvação / no perdão dos seus pecados" (Lc 1,76-77). Tudo isso aconteceu trinta anos depois, quando João começou a batizar no rio Jordão, chamando o povo para se preparar, com aquele gesto de penitência, para a iminente vinda do Messias, que Deus tinha revelado durante a sua estada no deserto da Judéia. Por isso ele foi chamado "Batista", ou seja, "Batizador" (cf. Mt 3, 1-6). Quando um dia, de Nazaré, o próprio Jesus veio para ser batizado, João recusou-se a princípio, mas depois consentiu, e viu o Espírito Santo repousar sobre Jesus e ouviu a voz do Pai Celestial que o proclamava seu Filho (cf. Mt 3, 13-17 ). Mas a missão do Batista ainda naõ estava completa: pouco tempo depois, lhe foi pedido preceder a Jesus também na morte violenta: João foi decapitado na prisão do rei Herodes, e assim deu testemunho em plenitude do Cordeiro de Deus, que antes do que qualquer outro tinha reconhecido e indicado publicamente.

    Queridos amigos, a Virgem Maria ajudou a idosa parente Isabel a levar adiante a gravidez de João. Que ela ajude a todos a seguirem Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, que o Batista anunciou com grande humildade e ardor profético.

    [Depois do Angelus]

    Queridos irmãos e irmãs,

    Hoje na Itália é a Jornada pela caridade do Papa. Agredeço todas as comunidades paroquiais, as famílias e os fiéis em particular pelo seu apoio constante e generoso, que beneficia muitos irmãos em dificuldade. A este propósito, lembro que depois de amanhã, se Deus quiser, farei uma breve visita nas áreas atingidas pelo recente terremoto no norte da Itália. Gostaria que fosse sinal da solidariedade de toda a Igreja, e por isso convido todos vocês a me acompanharem na oração.

    Tradução TS

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    Documentação


    Devemos não apenas pedir, mas também louvar e agradecer
    Catequese de Bento XVI na Audiência Geral de quarta-feira

    CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 20 de junho de 2012(ZENIT.org) – Seguem as palavras pronunciadas por Bento XVI na catequese de hoje, durante a Audiência Geral, aos fiéis e peregrinos reunidos na Sala Paulo VI.

    ***

    Queridos irmãos e irmãs,

    A nossa oração, muitas vezes, é pedido de ajuda numa necessidade. E é normal para o homem, porque temos necessidade de ajuda, temos necessidade dos outros, temos necessidade de Deus. Assim, é normal pedir alguma coisa a Deus, buscar a ajuda Dele; e devemos lembrar que a oração que o Senhor nos ensinou, o “Pai Nosso”, é uma oração de pedido, e com esta oração, o Senhor nos ensina as prioridades da nossa oração, limpa e purifica os nossos desejos e, assim, limpa e purifica o nosso coração. Então, por si mesmo, é normal que na oração peçamos alguma coisa, mas não deveria ser exclusivamente assim.

    Existe também motivos de agradecimento, se estamos um pouco atentos, vemos que de Deus recebemos tantas coisas boas: é tão bom para conosco que convém, é necessário, dizer obrigado. E deve ser também oração de louvor: se o nosso coração está aberto, vemos, apesar de todos os problemas, também as belezas de sua criação, a bondade que se revela na sua criação. Portanto, devemos não apenas pedir, mas também louvar e agradecer: somente assim a nossa oração será completa.

    Na sua carta, São Paulo não apenas fala da oração, mostra certamente orações de pedido, mas também oração de louvor e de graças por tudo que Deus realiza e continua realizando na história da humanidade.

    Hoje, gostaria de deter-me no primeiro capítulo da Carta aos Efésios, que começa exatamente com uma oração, que é um hino de benção, uma expressão de agradecimento, de alegria. São Paulo bendiz Deus, pai do Senhor Nosso Jesus Cristo, porque Nele nos deu a ‘conhecer  o mistério da sua vontade’ (Ef 1,9). Realmente existe motivo de agradecimento se Deus nos faz conhecer aquilo que é desconhecido: a sua vontade conosco, para nós; “o mistério de sua vontade”. “Mysterion”, “Mistério”: um termo que se repete muitas vezes na Sagrada Escritura e na Liturgia. Não gostaria agora de entrar na filologia, mas em linguagem comum indica o quanto não se pode conhecer, uma realidade que não podemos afirmar com nossa própria inteligência. O hino que abre a Carta aos Efésios nos conduz pela mão em direção a um significado mais profundo deste termo e da realidade que nos indica. Para os que crêem, “mistério” não é tanto o desconhecido, mas sim a vontade misericordiosa de Deus, o seu projeto de amor que em Jesus Cristo foi revelado plenamente e nos oferece a possibilidade de, “com todos os santos, compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, isto é, conhecer a caridade de Cristo” (Ef 3,18-19). O “mistério desconhecido” de Deus é revelado, é que Deus nos ama e nos ama desde o início, da eternidade.

    Reflitamos um pouco sobre esta solene e profunda oração. “Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 1,3). São Paulo usa o verbo “euloghein”, que geralmente traduz o termo hebraico “barak”: é o louvar, glorificar, agradecer Deus Pai como fonte dos bens da salvação, como Aquele que “nos abençoou com toda a benção espiritual nos céus em Cristo”.

    O apóstolo agradece e louva, mas reflete também sobre os motivos que impulsionam o homem a este louvor, a este agradecimento, apresentando os elementos fundamentais do plano divino e suas etapas. Antes de tudo, devemos bendizer Deus Pai, porque – assim escreve São Paulo – Ele “nos acolheu nele antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos” (v. 4).

    Aquilo que nos faz santos e imaculados é a caridade. Deus nos chamou à existência, à santidade. E esta escolha precede a criação do mundo.Desde sempre estamos no seu projeto, no seu pensamento. Com o profeta Jeremias podemos afirmar também nós que antes de formar-nos no seio de nossa mãe, Ele já nos conhecia. (cfrJr 1,5); e conhecendo-nos, nos amou. A vocação à santidade, isto é à comunhão com Deus, pertence ao desenho eterno deste Deus, um desenho que se estende na história e compreende todos os homens e mulheres do mundo, porque é um chamado universal. Deus não exclui ninguém, o seu projeto é somente de amor. São João Crisóstomo afirma: “Deus mesmo nos fez santos, mas não somos chamados a permanecer santos. Santo é aquele que vive na fé (Homilia sobre a Carta aos Efésios, 1,1,4).

    São Paulo continua: Deus nos predestinou, nos elegeu para sermos “adotados como filhos seus por Jesus Cristo”, a sermos incorporados em seu Filho Unigênito.O apóstolo destaca a gratuidade deste maravilhoso desenho de Deus sobre a humanidade. Deus nos escolhe não porque somos bons, mas porque Ele é bom.  E a antiguidade tinha uma palavra sobre a bondade: bonum est diffusivum sui; o bem se comunica, faz parte da essência do bem que se comunique, estenda-se. E assim, uma vez que Deus é bondade, é comunicação de bondade, deseja comunicar; Ele cria, porque quer comunicar a sua bondade a nós e nos fazer bons e santos.

    No cento da oração de benção, o Apóstolo ilustra o modo em que se realiza o plano de salvação do Pai em Cristo, em seu Filhoamado. Escreve: “pelo seu sangue, temos a Redenção, a remissão dos pecados segundo as riquezas de sua graça” (Ef 1,7).O sacrifício da cruz de Cristo é o evento único e irrepetível no qual o Pai mostrou de modo luminoso o seu amor por nós, não somente com palavras, mas de modo concreto.Deus é assim concreto e o seu amor é assim concreto que entra na história, se faz homem para sentir o que é, como é viver neste mundo criado, e aceita o caminho do sofrimento da paixão, sofrendo também a morte. É tão concreto o amor de Deus que participa não somente ao nosso ser, mas ao nosso sofrimento e morte. O Sacrifício da cruz faz com que nos tornemos “propriedade de Deus”, porque o sangue de Cristo nos resgatou da culpa, nos lavou do mal, nos subtraiu da escravidão do pecado e da morte. São Paulo convida a considerar o quanto é profundo o amor de Deus que transforma a história, que transformou sua própria vida, de perseguidor de cristãos a Apóstolo incansável do Evangelho. Repitamos ainda mais uma vez as palavras reconfortantes da Carta aos Romanos: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Ele que não poupou seu próprio filho, mas que por nós o entregou, como não nos dará também com ele todas as coisas?... Estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor(Rm8,31-32.38-39). Esta certeza – Deus é para nós, e nenhuma criatura pode nos separar Dele, porque o seu amor é mais forte – devemos inseri-la no nosso ser, na nossa consciência de cristãos.

    Por fim, a benção divina se fecha com a indicação ao Espírito Santo que foi efuso em nossos corações; o Paráclito que recebemos selo prometido: Ele – diz Paulo – “é o penhor da nossa herança, enquanto esperamos a completa redenção daqueles que Deus adquiriu para o louvor da sua glória” (Ef 1,14). A redenção ainda não foi concluída – o sabemos –, mas terá seu pleno cumprimento quando aqueles que Deus adquiriu forem totalmente salvos. Nós estamos ainda no caminho da redenção, cuja realidade essencial é dada com a morte e a ressurreição de Jesus. Estamos no caminho em direção a redenção definitiva, em direção a plena libertação dos filhos de Deus. E o Espírito Santo é a certeza que Deus portará o cumprirá de seu designo de salvação, quando reconduzirá a “Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra" (Ef 1,10). São João Crisóstomo comenta sobre este ponto: “Deus nos elegeu pela fé e imprimiu em nós o selo para a heriditaridade da glória futura” (Homilia sobre a Carta aos Efésios 2,11-14).Devemos aceitar que o caminho da redenção é também um caminho nosso, porque Deus quer criaturas livres, que digam livremente ‘sim’; mas é, sobretudo e primeiramente, um caminho Seu.Estamos em Suas mãos e agora é nossa liberdade andar sobre a estrada aberta por Ele. Andemos nesta estrada da redenção, juntos a Cristo e sintamos que a redenção se realiza.

    A visão que nos apresenta São Paulo nesta grande oração de benção nos conduziu a contemplação da ação das três Pessoas da Santíssima Trindade: o Pai, que nos escolheu antes da criação do mundo, pensou em nós e nos criou; o Filho, que nos redimiu com o seu sangue, e o Espírito Santo, penhor de nossa redenção e glória futura. Na oração constante, no relacionamento cotidiano com Deus, aprendemos também nós, como São Paulo, a ver cada vez mais claramente os sinais deste projeto e desta ação: na beleza do Criador que tudo emerge da sua criatura (cfr Ef 3,9), como canta São Francisco de Assis: “Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas (FF 263). O importante é estarmos atentos exatamente agora, também no período de férias, à beleza da criação e ver transparecer nesta beleza o rosto de Deus. Em suas vidas os santos mostram, de modo luminoso, o que pode fazer a potência de Deus na fraqueza do homem. E pode fazer conosco. Em toda a história da salvação, na qual Deus se aproximou de nós e espera com paciência o nosso tempo, compreende as nossas infidelidades, incentiva os nossos esforços e nos guia.

     Na oração, aprendemos a ver os sinais deste projeto misericordioso no caminho da Igreja. Assim, crescemos no amor de Deus, abrindo a porta, a fim de que, a Santíssima Trindade venha habitar em nós, iluminando, aquecendo e guiando nossa existência.“Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14,23), disse Jesus prometendo aos discípulos o dom do Espírito Santo, que ensinará todas as coisas. São Irineu disse uma vez que, na Encarnação, o Espírito Santo se acostumou a estar no homem.Na oração, devemos nós habituar-nos a estar com Deus. Isso é muito importante, que aprendamos a estar com Deus e, assim, vemos como é belo estar com Ele, que é a redenção.

    Queridos amigos, quando a oração alimenta a nossa vida espiritual nós nos tornamos capazes de conservar aquilo que São Paulo chama de “mistério da fé” numa consciência pura (cfr 1 Tm 3,9). A oração, como modo de “habituar-se” a estar junto com Deus, gera homens e mulheres inspirados não pelo egoísmo, pelo desejo de possuir, pela sede de poder, mas pela gratuidade, pelo desejo de amar, pela sede de servir, inspirados, isto é, por Deus, e somente assim é possível levar luz à escuridão do mundo.

    Gostaria de concluir esta Catequese com o epílogo da Carta aos Romanos. Com São Paulo, também nós rendemos glória a Deus porque disse-nos tudo sobre siem Jesus Cristoe dou-nos o Consolador, o Espírito de verdade. Escreve São Paulo no final da Carta aos Romanos: “Àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo meu Evangelho, na pregação de Jesus Cristo – conforme a revelação do mistério, guardado em segredo durante séculos, mas agora manifestado por ordem do eterno Deus e, por meio das Escrituras Proféticas, dado a conhecer a todas as nações, a fim de levá-las à obediência da fé –, a Deus, único, sábio, por Jesus Cristo, glória por toda a eternidade! Amém” (16,25-27). Obrigado.

    Após a catequese Bento XVI dirigiu a seguinte saudação ao fiéis e peregrinos de língua portuguesa:

    A minha saudação a todos os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente para os fiéis brasileiros da Arquidiocese de Campinas, a quem encorajo a intensificar a vida de oração para vos tornardes homens e mulheres movidos pelo desejo de amar, fazendo brilhar a luz de Deus na escuridão do mundo. E que Ele vos abençoe!

    (Tradução:MEM)

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    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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