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Reinaldo Azevedo
Análises políticas em um dos blogs mais acessados do Brasil
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08/04/2012
às 7:09
Pois é… Vejam este homem. É José Eduardo Dutra.
Ele resolveu pedir desculpar no Twitter. Desculpas à moda petista, claro!, que é um jeito diferente de reconhecer uma falha. Não adianta! Estamos falando de gente de outra natureza, a revelar, uma vez mais, num evento até besta, por que a esquerda montou a mais eficiente máquina de matar da história humana. Nunca tantos pereceram em prazo tão curto. Mas “eles” tinham uma boa causa: estavam construindo “o novo homem”, o “homem livre”!!! O evento, em si, reitero, é meio boboca, mas nele está contido uma escolha moral e um conteúdo ético que tem história. Como disse o poeta, o todo sem a parte não é todo, a parte sem o todo não é parte… Num pouco de PT sempre está o PT todo!
A maioria de vocês deve ter acompanhado o caso, mas relembro rapidamente: Dutra, ex-presidente do PT, um dos chamados “Três Porquinhos” de Dilma, ao saber do resultado da pesquisa Ibope, que apontou alta popularidade da soberana, enviou um recado à oposição no Twitter: “Enfia o dedo e rasga”. Assim mesmo, com todas essas letras. Escrevi um primeiro post a respeito. Depois, imaginei, dado o vocabulário influente no meio em que vive o bruto, um diálogo seu com Graça Foster, presidente da empresa. Dutra resolveu responder, fazendo ironias e me acusando, vejam vocês, de ser “especialista em baixarias”. Isso quer dizer que o homem não considera “enfia o dedo e rasta” uma baixaria. Escrevi sobre isso também. Num novo tuíte, vocês verão, ele pede, então, desculpas. A questão é como o faz. Já chego lá. Antes, mais algumas considerações.
Fosse ele um petralha comum, desses indigentes políticos que se arrastam na esgotosfera e fazem de graça o trabalho sistemático de depredação das instituições, vá lá. Eles dizem coisa bem pior do que isso. Mas não! Dutra é um chefão de uma empresa de capital misto. Na condição de nomeado pelo governo, encarna certa ideia de representação. Está lá por conta das ações que são públicas — isto é, nossa: de governistas e oposicionistas; de petistas, mas também de não-petistas. Como diretor da empresa no seu conjunto, ele é uma espécie de cartão de visitas; ajuda a compor — ou a descompor — a imagem da empresa. A julgar pelo desempenho da Petrobras em Bolsa nos últimos tempos, há mais descomposição do que composição. Perde o conjunto dos brasileiros; perdem os acionistas privados. Sigamos.
Ontem, Dutra achou que poderia dar de ombros para os protestos. Chamou os que criticaram a sua mensagem de reação de “pseudoindignados” e mandou ver: “Não vou nem dormir”. Afirmou que eu havia determinado “ordem unida” na rede. Tenho, sim, milhares de leitores, mas não tenho esse poder. Até petistas decentes — na suposição de que os haja inocentes — devem repudiar seu modo de expressão, não é? Fui informado de que Dutra foi “aconselhado” por setores da Petrobras a se desculpar. Embora tenha emitido sua mensagem no seu perfil pessoal no Twitter, ele se apresenta ali como diretor da Petrobras. Caberia, diga-se, até uma ação do Ministério Público.
A natureza da desculpa
Muito bem! Dutra se desculpou. E o fez de um modo, como demonstrarei, que revela muito mais do que parece à primeira vista. Assim:
Que alma! Ora, quando cometemos uma falha e a reconhecemos sinceramente, pouco importam os relevos da subjetividade do ofendido; é irrelevante saber se ele se sentiu sinceramente agravado ou não. Isso não muda a natureza da nossa ofensa. Mas esse é fundamento que vale para pessoas cuja moral (modo pessoal de agir) e cuja ética (valores que adota na relação com a coletividade) têm um compromisso com a tolerância, com o direito do “outro” de existir, com a diversidade. Dutra é um quadro do petismo. Seus valores são de outra natureza.
Ao afirmar o que vai acima, observem que ele, antes de mais nada, se coloca como um juiz dos sentimentos alheios, justamente aqueles que foram atingidos por suas palavras. Com os sinceros, ele se desculpa; com os insinceros, os “hipócritas”, os “falsamente ofendidos”, não! A estes ele devota o seu “desprezo”. A estes, em suma, o diretor da Petrobras continua a dizer: “Enfiem o dedo e rasguem”.
Isso quer dizer que Dutra só está se desculpando com aqueles que pertencem à sua grei, que são os homens sinceros. Os que não fazem parte do seu grupo são, de saída, hipócritas e insinceros — logo, nada de desagravo! Na sua concepção, é gente que merece aquelas palavras. Então começo a voltar ao início do texto.
Entendam como um episódio besta como esse traz, em si — e não é exagero retórico, não! —, a justificativa (i)moral e (a)ética para os 70 milhões de assassinatos na China ou para os 40 milhões de homicídios praticados por Stálin na União Soviética (caso se considerem os que pereceram durante a grande fome…). Eram, afinal, os “outros”, os “hipócritas”, os “falsamente ofendidos”… Dutra, como vocês podem notar, vira o dono da ofensa e do juízo sobre a reação alheia.
Este senhor jamais vai compreender — porque, para tanto, lhe faltam apuro ético e moral, mas também informação — que, no caso de se fazer uma hierarquia na fila dos desagravados, aqueles que ele chama de “hipócritas” e “falsamente ofendidos” (ou seja: os não-petistas) deveriam estar na frente. Os que comungam de suas ideias não se ofenderam, por óbvio. Ao contrário: repetiriam, como tentaram fazer na área de comentários deste blog, a sua ofensa.
Assim, tem-se que Dutra pediu desculpas àqueles que não se ofenderam porque seres de sua mesma natureza.
Há um contínuo processo de degradação do estado e das instituições no Brasil, crescentemente submetida à lógica e às necessidades, agora como nunca, de um grupo privado. Durante a campanha eleitoral de 2006 e 2010, os petistas mentiram de forma descarada, sustentando que FHC tentou privatizar a parte das ações da Petrobras que é pública. Isso nunca aconteceu.
A Petrobras, a exemplo de outras empresas e também de instituições do estado, foi privatizada, sim. Mas pelo partido de Dutra. O partido privatizou as ações que pertencem ao conjunto dos brasileiros e expropriou as que estavam nas mãos de investidores privados. Agora é tudo do PT. E quem não gostar que “enfie o dedo e rasgue”.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: José Eduardo Dutra, Petrobras
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- Diretor da Petrobras é pressionado a pedir desculpas. Mas vejam como ele o faz! Ou: Num caso aparentemente banal, revela-se por que a esquerda montou a mais formidável máquina de extermínio da história humana
Pois é… Vejam este homem. É José Eduardo Dutra.
Ele resolveu pedir desculpar no Twitter. Desculpas à moda petista, claro!, que é um jeito diferente de reconhecer uma falha. Não adianta! Estamos falando de gente de outra natureza, a revelar, uma vez mais, num evento até besta, por que a esquerda montou a mais eficiente máquina de matar da história humana. Nunca tantos pereceram em prazo tão curto. Mas “eles” tinham uma boa causa: estavam construindo “o novo homem”, o “homem livre”!!! O evento, em si, reitero, é meio boboca, mas nele está contido uma escolha moral e um conteúdo ético que tem história. Como disse o poeta, o todo sem a parte não é todo, a parte sem o todo não é parte… Num pouco de PT sempre está o PT todo!
A maioria de vocês deve ter acompanhado o caso, mas relembro rapidamente: Dutra, ex-presidente do PT, um dos chamados “Três Porquinhos” de Dilma, ao saber do resultado da pesquisa Ibope, que apontou alta popularidade da soberana, enviou um recado à oposição no Twitter: “Enfia o dedo e rasga”. Assim mesmo, com todas essas letras. Escrevi um primeiro post a respeito. Depois, imaginei, dado o vocabulário influente no meio em que vive o bruto, um diálogo seu com Graça Foster, presidente da empresa. Dutra resolveu responder, fazendo ironias e me acusando, vejam vocês, de ser “especialista em baixarias”. Isso quer dizer que o homem não considera “enfia o dedo e rasta” uma baixaria. Escrevi sobre isso também. Num novo tuíte, vocês verão, ele pede, então, desculpas. A questão é como o faz. Já chego lá. Antes, mais algumas considerações.
Fosse ele um petralha comum, desses indigentes políticos que se arrastam na esgotosfera e fazem de graça o trabalho sistemático de depredação das instituições, vá lá. Eles dizem coisa bem pior do que isso. Mas não! Dutra é um chefão de uma empresa de capital misto. Na condição de nomeado pelo governo, encarna certa ideia de representação. Está lá por conta das ações que são públicas — isto é, nossa: de governistas e oposicionistas; de petistas, mas também de não-petistas. Como diretor da empresa no seu conjunto, ele é uma espécie de cartão de visitas; ajuda a compor — ou a descompor — a imagem da empresa. A julgar pelo desempenho da Petrobras em Bolsa nos últimos tempos, há mais descomposição do que composição. Perde o conjunto dos brasileiros; perdem os acionistas privados. Sigamos.
Ontem, Dutra achou que poderia dar de ombros para os protestos. Chamou os que criticaram a sua mensagem de reação de “pseudoindignados” e mandou ver: “Não vou nem dormir”. Afirmou que eu havia determinado “ordem unida” na rede. Tenho, sim, milhares de leitores, mas não tenho esse poder. Até petistas decentes — na suposição de que os haja inocentes — devem repudiar seu modo de expressão, não é? Fui informado de que Dutra foi “aconselhado” por setores da Petrobras a se desculpar. Embora tenha emitido sua mensagem no seu perfil pessoal no Twitter, ele se apresenta ali como diretor da Petrobras. Caberia, diga-se, até uma ação do Ministério Público.
A natureza da desculpa
Muito bem! Dutra se desculpou. E o fez de um modo, como demonstrarei, que revela muito mais do que parece à primeira vista. Assim:
Que alma! Ora, quando cometemos uma falha e a reconhecemos sinceramente, pouco importam os relevos da subjetividade do ofendido; é irrelevante saber se ele se sentiu sinceramente agravado ou não. Isso não muda a natureza da nossa ofensa. Mas esse é fundamento que vale para pessoas cuja moral (modo pessoal de agir) e cuja ética (valores que adota na relação com a coletividade) têm um compromisso com a tolerância, com o direito do “outro” de existir, com a diversidade. Dutra é um quadro do petismo. Seus valores são de outra natureza.
Ao afirmar o que vai acima, observem que ele, antes de mais nada, se coloca como um juiz dos sentimentos alheios, justamente aqueles que foram atingidos por suas palavras. Com os sinceros, ele se desculpa; com os insinceros, os “hipócritas”, os “falsamente ofendidos”, não! A estes ele devota o seu “desprezo”. A estes, em suma, o diretor da Petrobras continua a dizer: “Enfiem o dedo e rasguem”.
Isso quer dizer que Dutra só está se desculpando com aqueles que pertencem à sua grei, que são os homens sinceros. Os que não fazem parte do seu grupo são, de saída, hipócritas e insinceros — logo, nada de desagravo! Na sua concepção, é gente que merece aquelas palavras. Então começo a voltar ao início do texto.
Entendam como um episódio besta como esse traz, em si — e não é exagero retórico, não! —, a justificativa (i)moral e (a)ética para os 70 milhões de assassinatos na China ou para os 40 milhões de homicídios praticados por Stálin na União Soviética (caso se considerem os que pereceram durante a grande fome…). Eram, afinal, os “outros”, os “hipócritas”, os “falsamente ofendidos”… Dutra, como vocês podem notar, vira o dono da ofensa e do juízo sobre a reação alheia.
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