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Inversões de um intelectual orgânico Posted: 03 Sep 2012 08:33 AM PDT Se alguém experimentar falar hoje, em alto e bom tom, que a adoção de crianças por casais homossexuais não visa, prioritariamente, mais à deturpação do conceito essencial de família do que a propiciar lares para crianças enjeitadas, é bem provável que irá ouvir umas boas imprecações – isto é, se não for linchado no meio da rua. Se esse mesmo alguém abrir qualquer caderno econômico de qualquer jornal de grande circulação, é certo que encontrará pouquíssimas análises que apontem os malefícios da draconiana intervenção estatal no campo econômico, mas, em contrapartida, toneladas de propagandas (oficiais e oficiosas) às medidas econômicas do governo que "blindam" o País contra as crises capitalistas. E, por último, não encontrará uma única propaganda de cigarros, mas decerto topará com um ou outro artigo de alguma figurinha importante e badalada falando sobre a "caretice" de se proibir o uso de maconha e que tais. Por que digo tudo isso? Para ilustrar como o trabalho de conquista de hegemonia cultural da esquerda foi bem-sucedido. E não é necessário ter um profundo conhecimento de história, filosofia, política ou vida prática para notar que isso é algo claríssimo: basta ter uns rudimentos de raciocínio e perspicácia. Esse trabalho tem sido tão bem-sucedido que, de fato, quase todas as teses propaladas pela Esquerda nos últimos 150 anos são, hoje, axiomas praticamente irretorquíveis. Há exemplos muito atuais e abundantes disso: o bárbaro ataque cometido contra S.A.I.R. Dom Bertrand de Orleans e Bragança, a multitude de criaturas raivosamente espumantes exigindo a cabeça do professor Carlos Ramalhete, a invasão de uma paróquia carioca durante a tal Marcha das Vadias, as dantescas propostas de alteração do Código Penal feita por um grupo de "juristas", a recente decisão do Conselho Federal de Medicina em prol de uma "morte digna" para pacientes em estado terminal, et cœtera. No entanto, há quem defenda que, ao contrário, a Esquerda não mais detém a hegemonia cultural. Vladimir Poderíamos acreditar que a perda de tal hegemonia seria resultado direto da queda do Muro de Berlim. Sem desmerecer o fenômeno, não é certo, no entanto, que ele tenha papel tão determinante. Pois vale lembrar como a esquerda cultural brasileira estava longe de ser a emulação do centralismo do Partido Comunista, com sua orientação soviética. Na verdade, as causas devem ser procuradas em outro lugar. A descrição do estado de coisas oferecida pelo Sr. Safatle decerto se refere a um lugar que nada tem a ver com o Brasil. A defesa de que "a esquerda cultural brasileira estava longe de ser a emulação do centralismo do Partido Comunista" ignora completamente o grande apoio logístico, propagandístico e financeiro fornecido pelos serviços secretos de diversos países comunistas, inclusive a própria KGB, para a nossa "esquerda cultural". Além disso, ignora completamente a relação íntima com intelectuais estrangeiros cujos trabalho eram completamente delineados pelo Politburo soviético. Além disso, o fato apontado de que "as universidades brasileiras não conseguiam mais formar professores dispostos a desempenhar o papel de intelectuais públicos" abarca um equívoco bastante perigoso: o de ignorar a atuação desses pretensos "intelectuais públicos". Ao invés de se tornarem intelectuais públicos, esses indivíduos se encontram em lugares em que sua atuação é muito mais eficiente (e, por isso mesmo, perniciosa): nas escolas de nível fundamental e médio, públicas e privadas. O altíssimo grau de ideologização e instrumentalização doutrinária do ensino brasileiro é aterrador, e é justamente o que tem garantido a hegemonia cultural da Esquerda no último meio século, pelo menos. São os estudantes transformados por essa "linha de montagem" marxista que, ao chegarem aos bancos das universidades, passarão de vítimas a predadores ideológicos. Dessa forma, beira a desonestidade dizer que a universidade – e, lato sensu, o ensino no geral – é um "âmbito mais restrito" de atuação. Um dos grandes artífices dessa façanha foi Louis Althusser, que faz parte do cânon vermelho que o Sr. Safatle e outros tantos rezam fervorosamente. O artigo, em suma, é um grande desfile de mentiras deslavadas. Não sei em que medida o Sr. Safatle dá credibilidade a elas: em caso positivo, isso faria dele um ingênuo professor universitário que não possui habilidade para analisar fatos históricos e sociais; em caso negativo, todos os argumentos utilizados não passam de ideias meticulosamente arquitetadas com o objetivo de ludibriar leitores incautos. Em ambos os casos, trata-se de uma falsificação dos fatos. E, como sempre gostamos de lembrar, contra factum non argumentum est. |
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