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    quinta-feira, 8 de março de 2012

    liberdade de expressão

    Blogs e Colunistas

    liberdade de expressão

    21/12/2011

    às 6:36

    O surto autoritário de esquerda na América Latina, uma pergunta direta a Dilma Rousseff e o duplo analfabetismo petralha no blog do correspondente do El País

    Todos vimos a truculência contra o canal a cabo de TV do grupo Clarín, na Argentina. A camarilha, liderada por Cristina Kirchner, está disposta a quebrar a espinha da imprensa e conta, para isso, com setores do Judiciário, da polícia e, como sempre acontece nesses casos, do empresariado. Muitos oportunistas se aproveitam para obter benefícios que não seriam concedidos por um regime democrático pautado pela transparência. No Brasil, setores da esquerda e aquela corja de ex-jornalistas financiada pelo governo federal e por estatais aplaudiram a truculência da "Beiçola de Buenos Aires" — o outro ídolo da súcia é o "Beiçola de Caracas". O mais impressionante é que Cristina nem se encontrava em solo argentino. Estava em Montevidéu para participar de uma reunião do Mercosul, em companhia dos presidente do Uruguai, Paraguai, Venezuela e Brasil. Sim, Dilma Rousseff entre eles. O dia da operação contra o grupo Clarín foi escolhido a dedo. A presidente da Argentina quis transformar os demais líderes em cúmplices de sua investida.

    A propósito: a Venezuela ainda não é membro efetivo do Mercosul, e o grupo decidiu estudar meios de acelerar seu ingresso. Isso só é possível com a concordância unânime dos países, mas a decisão de cada um precisa ser referendada pelos respectivos Parlamentos. O Senado paraguaio, até agora, rejeita a Venezuela porque considera que o país transgride a cláusula democrática o que é uma verdade absoluta. Então, caras e caros, a síntese é a seguinte: enquanto Cristina buscava esmagar a liberdade de imprensa na Argentina, fazia-se escoltar por quatro outros presidentes da América do Sul, que, por sua vez, prometeram se esforçar para que uma ditadura seja admitida como membro, ignorando a própria carta de fundação do Mercosul. Chávez, apenas um convidado, hostilizou os senadores paraguaios e defendeu que o bloco inclua o Caribe leia-se: Cuba. Adiante.Volto à questão da liberdade de expressão.

    A imprensa enfrenta hoje formas abertas ou veladas de censura na Venezuela, na Argentina, no Equador, na Bolívia e… sim!, se vocês quiserem saber, também no Brasil, ainda que de um modo um pouco mais sutil. Depois de uma América Latina que passou por um amplo e virtuoso processo de democratização, com a obsolescência das ditaduras militares ditas "de direita" (já explico), vive-se a era do surto autoritário de esquerda. Se os militares esmagavam a liberdade de expressão em nome da segurança do estado, os esquerdistas o fazem em nome da igualdade e da suposta vontade popular. Uns e outros odeiam a liberdade.

    Estado a serviço de um grupo
    Todos os governos dos países citados, inclusive o do Brasil, hoje se utilizam da estrutura do Estado para criar constrangimentos à liberdade de expressão. Na Venezuela, Argentina, Equador e Bolívia, os poderosos da hora o fazem abertamente, apelando à maioria que detêm nos respectivos Parlamentos para votar leis antidemocráticas
    recorrendo, então, a mecanismos da democracia com o intuito de solapá-la. O governo petista tentou seguir a mesma linha no Brasil ao propor o Conselho Federal de Jornalismo e o "controle social da mídia" nas tais conferências inclusive a de Direitos Humanos. Houve uma forte reação da opinião pública e o recuo. Oficialmente, Dilma não quer saber do tal controle social. Mas o fato é que seu governo financia a pistolagem política e ideológica do subjornalismo praticado por ex-jornalistas, a exemplo do que fazia Lula. Se ela realmente não gostasse disso ou não concordasse com a prática, poria um ponto final na farra.

    O confronto ideológico é parte do jogo político. Um mesmo fato pode ser interpretado de diversas maneiras a depender dos valores de cada um. É natural que veículos de comunicação se dividam a respeito dos mais variados assuntos, escolhendo, então, o seu público. É assim em todo o mundo democrático. Muito bem. Vai aqui uma pergunta à Soberana Dilma Rousseff: é aceitável que a Caixa Econômica Federal financie páginas na Internet cujo objetivo explícito, declarado, indisfarçável, é difamar e caluniar lideranças da oposição, outros veículos de comunicação e mesmo ministros do Supremo Tribunal Federal? Faço a mesma pergunta em outros termos: a Caixa Econômica Federal, UMA EMPRESA PÚBLICA, também não pertence aos eleitores da oposição? Um partido ou grupo, ao assumir o poder, assume também o direito de pôr as estruturas do estado a seu serviço? Cristina Kirchner, Hugo Chávez, Rafael Corrêa e Evo Morales acham que sim! Lula e o PT acham que sim! Alguns supõem que Dilma acha que não. Se não, por que permite a farra?

    É evidente que isso caracteriza uma forma detestável de assédio e de patrulha. Se o PT quer promover a guerra contra seus adversários políticos, que o faça com seus próprios meios, os do partido, não com o dinheiro público. Não que essa gente tenha grande importância ou seja muito influente — infinitamente menos do que o barulho que faz. O que estou denunciando aqui é a intenção se setores aboletados no governo, que acham legítimo que o dinheiro da população — porque pertence à população — seja usado em benefício de um grupo. Se e quando o PT for apeado do poder, vai se admitir que o governo federal e as estatais financiem panfletos para perseguir petistas?

    Ódio à democracia
    O ódio que essa gente tem à democracia e à liberdade de expressão é um troço visceral. Não adianta! Os caras não conseguem entender o modelo. Noticiei ontem aqui que Juan Arias, correspondente do jornal El País no Brasil, havia vertido para o espanhol um post meu e publicado em sua página. Foi o que bastou! A petralhada toda invadiu a página de Arias para me atacar, atribuindo-me, como de hábito, coisas que nunca escrevi. Um delinqüente sugere lá que torci até pela morte de Lula — quando todos sabem que escrevi justamente o contrário. Atribui-me, imaginem vocês!, ter dito que o Apedeuta precisava "desencarnar". Todos sabem que ele próprio empregou esse verbo, não eu. Outros ainda reclamam que não publico em meu blog as suas opiniões
    e as mentiras que contam lá explicam por que não , e isso seria a prova do meu pouco apreço pela liberdade de expressão.

    Para eles, "liberdade de expressão" consiste em entrar em meu blog para me atacar, para emplacar suas correntes de difamação, para xingar seus desafetos, para agredir pessoas das quais discordam. Ora vejam! Eu, que repudio qualquer forma de censura estatal à imprensa, seria adversário da liberdade de expressão; eles, que vivem pedindo o "controle da mídia" seriam seus defensores! Ainda não entenderam que a liberdade está justamente no fato de que podem criar as suas próprias páginas. Por que precisam usar a minha para um tipo de pregação que sabem oposta aos valores essenciais do blog? A resposta é simples: PORQUE ELES CONSIDERAM INADMISSÍVEL que exista uma página de sucesso a mais lida de política; podem chorar na pia!!! que não comungue dos seus valores. Então "exigem" o direito de pichá-la.

    O ridículo dessa gente é de tal sorte que muitos tentam, numa língua que lembra o português e o espanhol sem ser nem uma nem outra, "explicar" a Arias quem eu realmente seria, como se ele não pudesse acessar a minha página e ler o que escrevo com seus próprios olhos, fazendo, então, seu próprio julgamento. Tratam um experiente jornalista como se fosse um forasteiro a quem precisassem explicar os hábitos da terra. Sentem-se imbuídos de uma missão: difamar! E há, claro!, aqueles que estão trabalhando. O PT tinha anunciado a criação de uma tropa de choque para monitorar a Internet.

    Falta de compromisso com a verdade
    Ora, eu não tenho dúvida de que penso coisas que eles detestam. Mas o que realmente penso parece não ser suficiente para que possam secretar o seu ódio e convocar outras pessoas a me odiar também. Então inventam coisas, mentem, atribuem-me o que nunca escrevi, pensamentos que nunca tive, defesas que nunca fiz. Ora, para quem se sente imbuído de uma missão ou é um difamador a soldo, a verdade e a mentira são categorias irrelevantes.

    Estamos, sim, queridos, no meio de uma guerra de valores. Os petistas chegaram ao poder porque a liberdade de expressão QUE NÃO É OBRA DELES, ASSIM COMO NÃO O É O REGIME DEMOCRÁTICO permitiu que fizesse a sua pregação, falasse de seus valores, atacasse os adversários etc. Uma vez no topo, a liberdade, em sentido amplo, deixou de lhes interessar. Não podendo partir para a violência institucional, acompanhada da violência armada, a exemplo de alguns de seus "companheiros" da América Latina, então optam pelo uso dos cofres públicos para financiar as correntes de difamação. Imaginem se o Ministério Público Federal já não teria entrado em ação caso o PT estivesse na oposição, sendo atacado por grupos e veículos financiados com dinheiro público. As lideranças do partido já teriam botado a boca no trombone. As oposições que temos ainda não atentaram para essa forma de "controle político da mídia"…

    Digam o que disserem, o fato é que MEUS TEXTOS, o que realmente escrevi, estão arquivados no blog. Os petralhas estão inconsoláveis. Levaram a sério durante tanto tempo as suas próprias fantasias que se sentem compelidos a entrar no blog de um experimentado correspondente, que conhece o Brasil, para lhe implorar, à moda Groucho Marx: "Juan, você vai acreditar no que você lê na página do Reinaldo ou naquilo que nós dizemos sobre ele?" O post de Arias está aqui. E o "amor" dos petistas pela liberdade de expressão está devidamente demonstrado.

    Por Reinaldo Azevedo

    20/12/2011

    às 16:43

    Uma democracia não se faz só com eleições. Ou: Governo e estatais financiam ataque à liberdade de imprensa também no Brasil

    No post anterior, vocês lêem que a polícia invadiu a sede da Cablevisión, empresa de TV a cabo do grupo Clarín, na Argentina, numa conspirata envolvendo setores do empresariado e da Justiça ligados a Cristina Kirchner.

    Cristina, a Louca, vem numa escalada de confronto com a imprensa do país. É uma das heroínas dos vigaristas que pedem o "controle social da mídia" no Brasil. Se vocês querem saber que modelo parte considerável do petismo e seus esbirros a soldo gostariam de ver implementado por aqui, olhem para o que está em curso no país vizinho. Essa gente não gosta de polícia contra baderneiro. Polícia, para eles, serve para reprimir as pessoas que não pensam de acordo com a cartilha oficial.

    O que faz de uma democracia uma democracia? Sim, é preciso haver eleições. Na Argentina, há. E, no entanto, já não se pode dizer hoje que o país seja plenamente democrático, uma vez que a liberdade de opinião está sob ataque organizado do governo, que mobiliza a estrutura do estado para intimidar adversários e calar a divergência. Numa democracia, o governo de turno não elege empresas de comunicação para atacar os "inimigos" dos poderosos de turno, especialmente quando utiliza, para isso, recursos do estado.

    É possível, em suma, num regime formalmente democrático, corroer os valores da democracia. Na Argentina, isso se dá de modo explícito, violento, armado. No Brasil, a coisa é mais sutil. Mas é perceptível, por aqui também, a ação da canalha a serviço do oficialismo. Quando pistoleiros disfarçados de jornalistas se organizam contra partidos e líderes da oposição, com o patrocínio do governo federal e de estatais, estamos diante, é evidente, de UMA VIOLÊNCIA PRATICADA PELO ESTADO.

    Trata-se de uma tentativa de fazer o "controle político da mídia": uma súcia a soldo é mobilizada com o propósito específico de caluniar, de difamar, de injuriar aqueles que consideram "incômodos". E todos viram alvos: políticos de oposição, jornalistas, veículos de comunicação considerados "inimigos" e empresários que não rezam segundo a cartilha. E, como se sabe, vale tudo, MUITO ESPECIALMENTE A MENTIRA.

    Vejam lá: na Argentina, um grupo de comunicação "amigo" participou da conspirata. No Brasil, o petismo também elegeu alguns bucaneiros para serem alimentados pelo leite de pata do governo federal e das estatais.

    Celac
    No dia 13 deste mês, escrevi aqui um post sobre uma estrovenga chamada "Celac" (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Não por acaso, a assinatura oficial da carta de adesão à comunidade se deu na Venezuela. Dilma estava lá, chancelando a farsa. A dita comunidade repudia, nos seus princípios, o golpe de estado, o que parece bom. Mas não foi explícita sobre a liberdade de expressão porque isso poderia ofender países como Cuba, Equador, Bolívia e Venezuela, que hoje tentam sufocar a imprensa livre. A Argentina agora entrou, sem subterfúgios, no time dos países onde a liberdade de expressão está sob a tutela da violência estatal.

    É o que a canalha de difamadores e pistoleiros quer também no Brasil. Parte do projeto, reitero, já está em curso.

    Por Reinaldo Azevedo

    09/12/2011

    às 7:00

    Podem vir quente que eu estou fervendo. Ou: Aos meus leitores, com açúcar, afeto e pimenta!

    Blogueiros a soldo do oficialismo, que pagam as contas com o nosso dinheiro, criaram o mito de que ofendo as pessoas. Já aconteceu, sim, aqui e ali, coisa rara, mas em questões pessoais — e nunca sem ter sido atacado antes. Mas deixei isso de lado. Quando se trata de um tema público, nunca! Nada de ofensas! Ao contrário: devo ser o jornalista que mais argumenta no país. Marcelo Coelho, colunista da Folha, acusou certa feita essa minha mania de fazer vermelhos-e-azuis de ser uma tática policialesca ou algo assim. Não lembro direito. Sei o que respondi. Eu recorro a isso em respeito àquele de quem divirjo e aos leitores. Feio é fazer como Márcio Sotelo Felippe, ex-procurador-geral do Estado de São Paulo, marido de uma juíza "para a democracia", que me acusa de jogo bruto, mas não cita uma só passagem do meu artigo que o evidencie, reproduz de forma distorcida o texto de referência que nos pôs em confronto e, para mostrar que é um homem suave, acusa-me de recorrer a práticas nazistas, sugerindo que eu seja censurado. Ele não é mesmo um exemplo de democracia?

    Eu não ofendo ninguém! Gostem ou não, faço análise política, mais acerto do que erro — tudo está disponível para consulta —, cito textos de referência (quem não gostar ou discordar que diga onde está a impropriedade) e tempero o texto opinativo com pitadas de crônica, apelando a algum humor. Nem todo mundo acha engraçado. Fazer o quê? E chamar Lula de "Apedeuta" não é ofensa? Não! Como não era quando a imprensa americana chamava George W. Bush de ignorante. Há vários livros sobre os "bushismos", as suas batatadas. Atenção! Foram publicados enquanto ele era presidente! As bobagens que Lula disse ao longo da carreira ainda não foram devidamente coligidas e confrontadas com os fatos. A mais engraçada e aquela em que ele explica que, caso a Terra fosse quadrada, a poluição não seria um problema… global!

    Comecei a chamar Lula de "O Apedeuta" para irritar mesmo, para provocar. Quantas foram as ironias feitas com FHC porque ele era um professor? Sacanear alguém com formação intelectual é coisa de progressistas, mas só um reacionário sacanearia alguém que faz a apologia da ignorância? Ora… "Ah, mas Lula não estudou porque não pôde…" Vêm dizer isso pra mim? Justo pra mim? Não cola! De resto, nunca o critiquei por sua baixa escolaridade, mas por sua ignorância saliente e propositiva. E o fiz sem nunca deixar de reconhecer a sua notável inteligência política — e muitos leitores sempre me criticaram por isso.

    Eu não ofendo ninguém. O que faço é confrontar as falas das personalidades políticas com o seu próprio discurso e, freqüentemente, com os fatos. Critiquei aqui duramente, por exemplo, uma intervenção da psicanalista petista Maria Kehl no programa Roda Viva. Ela contou uma inverdade escandalosa sobre a reivindicação dos invasores da USP e fez uma apreciação do trabalho da Polícia de São Paulo que considerei injusta porque contra os fatos. Mas eu não fiquei só nisso, não! Eu escrevi um outro post com dados oficiais do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, dados esses coligidos pelo governo federal. Provei com números que ela estava errada e que seu discurso era mero proselitismo partidário. Ela ficou ofendida? Que venha a público dizer que estou errado! Seus admiradores ficaram bravos? Excelente! Em vez de recorrer a surrados clichês da desqualificação do adversário — "reacionário, direitista…" —, tentem evidenciar que quem mente sou eu, não ela. Mas o façam com números, como fiz.

    É claro que tenho convicções políticas!
    É claro que não sou de esquerda!
    É claro que me identifico com a direta democrática — nunca escondi isso de ninguém! POr que o faria?

    Enquanto alguns que me acusam estavam no conforto do lar ou puxando o saco da ditadura, eu a estava combatendo, correndo riscos. E assim fiz porque quis e porque achei o certo. Não me deixo patrulhar por vagabundos — notem: uso a palavra "vagabundos", mas deixarei claro por quê! que ganharam dinheiro puxando o saco de Sarney, de Collor, de Itamar, de FHC, de Lula e agora de Dilma. Que palavra pode definir essas pessoas? "Vagabundos" me parece apropriada. Como são "vagabundos" aqueles que se penduram nas tetas do governo para atacar os "inimigos do regime".

    Convenham: independentemente do mérito e desde que dentro das regras do jogo democrático, será sempre mais corajoso criticar o poder do que lhe puxar o saco. Ou há algo de errado nesse raciocínio? Sim, elogiar um governo quando ele acerta também é de rigor. Também pode ser corajoso, especialmente quando se é um crítico. E eu já elogiei. "Ah, mas bem pouco…" Queriam o quê?

    Uma psicanalista me censura
    Recebi de uma psicanalista de expressão em seu meio uma mensagem me censurando pelas críticas que fiz a Maria Rta Kehl. Ela deixou claro que sua restrição nada tinha a ver com a "contestação objetiva" que fiz ao que a petista havia dito sobre a polícia. Segundo a missivista, com quem tenho alguma proximidade por razões que não vêm ao caso, isso foi até positivo. Ela não gostou foi de outra coisa. Eu transcrevi no post a fala de Maria Rita e demonstrei que ela tem um raciocínio tortuoso, confuso. Em sua intervenção, afirmou que iria fazer uma "pergunta dupla", que tentaria "juntar as pontas" de ambas, que eram, na verdade "duas coisas paralelas"… Mais adiante, completamente perdida no raciocínio, ao fazer a segunda insagação, considerou: "Por outro lado, parece que não tem a ver, mas acho que tem…"

    Bem, eu observei que Maria Rita seria a primeira pessoa na história a "juntar as pontas das paralelas", que isso era uma verdadeira revolução geométrica  e notei: "Além de militante petista — e era nessa condição que estava no Roda Viva -, Maria Rita é psicanalista. Consta que é lacaniana. Huuummm… A linguagem exerce, assim, papel importante no seu ofício. (…) É o que chamo linguagem da "lacanagem". Estamos no meio de um tumulto mental, mas o propósito, é evidente."

    "Ao fazê-lo, Reinaldo, você tenta desqualificá-la profissionalmente, o que é uma desnecessidade", escreveu a missivista. Bem, lamento discordar. Começo esclarecendo que "lacanagem" é uma ironia que faço com os lacanianos há muito tempo. É, não sou exatamente fã de Lacan, mas isso não cabe agora aqui. Ora, por que Maria Rita estava lá? Porque petista? Há outros mais qualificados intelectualmente para debater política com um ex-presidente. Suponho que estivesse por sua outra especialidade: a psicanálise. Sendo assim, qual é o grande pecado de cobrar algo a alguém que seja pertinente a sua área?

    O problema é outro
    Não! O problema é outro! As personalidades de esquerda e a militância de modo geral se acostumaram a jamais ser contestadas pela imprensa. Ao contrário. Publiquei ontem aqui um post sobre as barbaridades ditas por Marina Silva antes e depois da aprovação do novo Código Florestal. Ela falou, está falado. Separaram-se as esferas de opinião em dois blocos: o das pessoas que estão sempre certas e o das pessoas que estão sempre erradas. Algumas, como quer Rui Falcão, "estão acima de qualquer suspeita", e outras, como diria Louis, o policial corrupto do filme Casablanca, são "os suspeitos de sempre".

    Eu estou entre os poucos — não sou o único — que resolveu afrontar essa lógica. Os difamadores, em vez de ler o que escrevo, atacam-me pelo que nunca escrevi. Querem ver? Eu nunca escrevi que pessoas presas pelo regime militar e que morreram ou foram seviciadas não devam receber indenização — ou seus familiares. Nunca! Ao contrário: afirmei que, nessas condições, é justo e imperioso. Mas escrevi, sim, e acho, sim, que indenizar alguém que pegou em armas — porque quis — para derrubar o regime e instalar o socialismo no país, não se encaixando na condição acima, é indecoroso. Eu nunca defendi as ações dos porões — ao contrário: fui vítima de um agente da repressão. Mas escrevi, sim, que as esquerdas armadas nunca quiseram democracia e que é um impostura, uma mentira factual, afirmar o contrário. Fatos, fatos, fatos… Por que, até hoje, não surgiu um só documento daqueles esquerdas defendendo a democracia? Porque não existe! Mas existe, sim, o "Minimanual da Guerrilha urbana", de Marighella, transformado em "herói do povo brasileiro" pela Comissão de Anistia, defendendo o terrorismo. Fatos, fatos, fatos… O mundo dos fatos!

    Outras verdades
    As esquerdas não suportam ser contestadas porque acham que detêm o monopólio do bem! Há anos defendo que viciados em crack sejam compulsoriamente retirados das ruas e internados. Andrea Matarazzo, um dos pré-candidatos do PSDB à Prefeitura, sempre pensou o mesmo. Ele, um político, e eu, um jornalista, fomos demonizados por um desses padres de passeata que não saberia rezar um "Pai Nosso" — eventualmente fã do "vinde a mim as criancinhas" (não gostam do meu humor? Que pena!) — e tachados de "higienistas". A proposta foi agora incorporada pelo tal programa do governo federal de combate ao crack e defendida com entusiasmo pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, do PT. Pronto! O que antes era "higienismo de direita" passou a ser agora uma proposta ousada, corajosa, sei lá o quê? Cadê o padre vermelho? Cadê o amigo das criancinhas? Cadê as ONGs fazendo barulho? Eu me nego a ser patrulhado por esse tipo de vigarice intelectual.

    Além do ódio à contestação, há duas outras coisas que odeiam em mim. Uma delas é o fato de que não sou, de fato, um sujeito nem-nem, que pensa com escusas, pedindo licença. Não sou exatamente suave e não tentarei dizer o contrário. Mas o que realmente os deixa enfezados é o fato de quem não conseguem quebrar a lógica com a qual opero; não conseguem, em suma, é articular o contra-argumento. Então preferem sair gritando por aí: "Reinaldo me ofendeu! Reinaldo ofende as pessoas! Reinaldo só sabe xingar!"

    Uma ova! Se Reinaldo vivesse do xingamento, não haveria motivo para braveza e para rancor. Bastaria xingá-lo também. E pronto! Ao contrário: o Reinaldo que mais os ofende é justamente o Reinaldo que não ofende ninguém! Até tentam me arrastar para a baixaria, mas eu não vou. No esgoto, eles ganham! Na língua pátria, ganho eu.

    É pouco provável que os milhares de leitores deste blog venham aqui, todos os dias — inclusive os petralhas — em busca de duas ou três ofensas. Vêm em busca de argumentos. Há até quem o faça só para poder defender o contrário. Pode haver evidência maior de Reinaldo-dependência?

    E não! Eu não vou parar! Também não vou mudar! Nem vou "pegar mais leve". É o que eu tenho a fazer de mais digno para e com os meus, bem…, muitos milhares de leitores! Podem formar correntes à vontade! Mal sabem os difamadores que, ao proceder assim, fortalecem o blog porque outros tantos vão chegando. A corrente do bem é maior.

    Podem vir quente que eu estou fervendo!

    Por Reinaldo Azevedo

    30/11/2011

    às 7:01

    Esquerdopatia, a psicopatia da política. Ou: Primeiro eles tentam desumanizá-lo para, então, matá-lo. Foi assim que eliminaram mais de 100 milhões no século passado

    Por que os psicopatas são capazes dos piores horrores sem sentir remorso? Faltam-lhes mecanismos, e os motivos ainda não estão muito claros, que lhes permitam fazer um exercício simples, comezinho, a que nos dedicamos várias vezes ao longo do dia: colocamo-nos no lugar do outro. É o senso de proporção e de justiça que nos empurra para isso. Aliás, dessa prática nasce uma das boas recomendações da ética aplicada: ao praticar uma determinada ação, especule se ela poderia ser generalizada — vale dizer: se todos agissem como você age, o mundo seria melhor ou pior, um lugar mais agradável ou menos? O psicopata não reconhece a humanidade do outro; não se comove com o seu sofrimento. Ao contrário até: a dor alheia excita a sua imaginação. Estudos comprovam que o psicopata acredita que as vítimas são as verdadeiras culpadas pelo mal que ele lhes fez. Na sua imaginação delirante, elas queriam ser molestadas.

    Existe na política o correlato da psicopatia, manifestado, no caso, não como uma doença mental, do indivíduo, mas como uma moléstia coletiva, ideológica. Há tempos emprego a palavra "esquerdopata" (já usado por blogueiros portugueses, o que muito me honra; atravessamos o mar, depois de a palavra "petralha" ter ido parar no dicionário!) para definir certo tipo de comportamento. Alguém tocado pela esquerdopatia está sempre justificando os malfeitos daqueles da sua turma. Até aí, dirá alguém, assim fazem todos. Mas isso ainda não o define: além da justificativa, há a tentativa de nos convencer de que o crime atende aos anseios dos "oprimidos" e tem uma função libertadora. A exemplo do psicopata, seu padrão moral é elástico o bastante para justificar qualquer coisa, desde que concorra para atingir seus objetivos ou os do grupo.

    Mas a caracterização ainda está incompleta: também o esquerdopata precisa desumanizar o adversário, transformá-lo num portador de todos os horrores: pode, assim, eliminá-lo sem constrangimento, acusando-o de ser o verdadeiro responsável pelo mal que o atinge. Isso explica por que os esquerdistas, no século 20, mataram tanto e de forma tão contumaz! No seu delírio, aqueles muitos milhões morreram porque estavam criando entraves para o avanço da história. Se a libertação dos homens de seus algozes custa mais de 100 milhões de vidas, fazer o quê?

    Denunciei ontem aqui, como viram, uma página criada no Facebook com o fito único de me atacar. Pior do que isso: há ali o incentivo claro, inequívoco, à violência, à agressão física, ao linchamento — não apenas o moral. Esta é uma novidade do Brasil do lulo-petismo: a organização de falanges, de milícias, com o objetivo de calar aqueles de quem discordam. A origem desse movimento está em algumas penas de aluguel, que recebem dinheiro do governo ou de estatais para manter no ar blogs e sites que têm o fito exclusivo de difamar aqueles que são considerados "adversários do regime". Há casos até de notórios inimigos figadais que se tornaram aliados íntimos porque descobriram que uma mesma paixão os une: a pistolagem a mando. Estes, ao menos, sabem por que fazem o trabalho sujo: dinheiro! Papel triste, patético mesmo!, desempenham os idiotas que trabalham, sem saber, de graça para os pançudos. Nota à margem: fui, aos 16, tratado como "inimigo do regime", durante a ditadura. Aos 50, sou tratado como inimigo do "regime petista". Fui menos esperto do que alguns: eram amigos antes; continuam amigos agora.

    Não, senhores! Não havia gente dessa espécie no governo FHC. Esse trabalho de ataque sistemático, organizado, a alguns nomes da imprensa nasce do esforço frustrado do PT — a turma de José Dirceu e companhia — de criar mecanismos para censurar a imprensa. Como malograram no seu intento, então recorrem aos matadores de aluguel.

    Eu sou um dos alvos e não vou aqui tirar onda de ingênuo. Sei muito bem por que me atacam. Não gostam das minhas opiniões. Até aí, bem! O QUE ACHO FABULOSO É QUE NÃO GOSTEM SOBRETUDO DAS OPINIÕES QUE JAMAIS EMITI. Defendem, abertamente, que eu seja empalado, espancado, agredido, hostilizado… Alguns traços de civilidade subsistem em sua formação. Sabem que isso não é coisa de gente de bem. Então precisam encontrar um culpado para seus crimes. E eles não hesitam: o culpado sou eu, a vítima.

    Na tal página asquerosa, acusam-me, vejam que fabuloso, de "racista". Mas não peçam a esses delinqüentes morais que dêem um só exemplo do meu racismo, porque eles não conseguirão. Ao contrário: eu sou o criador da expressão "racismo de segundo grau", desvio que consegue ser ainda mais desprezível do que aquilo que se entende habitualmente como preconceito. Se há os cretinos que acreditam que um negro está impedido de aprender isso ou aquilo porque negro, há os que acham, julgando-se muito progressistas, que os negros estão condenados a determinados conteúdos ou talentos naturais porque negros. Esse é o texto em que denuncio — eu mesmo!!! —  o "Machado de Assis branco" da propaganda da Caixa Econômica Federal. Propaganda que foi refeita!

    Eu sou, isto sim, contra cotas raciais — e chamar isso de racismo é coisa de pilantras, de vagabundos. Até porque há muitos negros que também são! Eu sou contra, isto sim, a que ONGs subam os morros do Rio ou cheguem à periferia das grandes cidades para ensinar meninos pretos e pobres a bater lata, a fazer rap e a dançar funk. Por que eles não podem aprender Machado de Assis — o próprio — morando na periferia, como aprendi? Aos 14, eu lia Machado numa casa de dois cômodos. Aos 18, eu me libertava da pobreza dando aula sobre Machado.

    Eu tenho é um profundo desprezo por esses cretinos que acreditam que a carência é um parque de diversões para que exercitem a sua má "boa-consciência", é uma variante antropológica, uma cultura de outro planeta. A pobreza, seus delinqüentes morais, é apenas algo que precisa acabar. Parem de fazer subliteratura com a miséria alheia, seus nojentos!

    Por que não exemplificam com um texto, uma entrevista, um livro: "Aqui está a prova do racismo"?! Não o farão porque não existe! Ao contrário! Racistas e antipobres são eles! Querem que eu exercite a sua mesma suposta piedade babona e vagabunda! Sim, eu sou contra cotas. Entendo que são, inclusive, inconstitucionais! Eu quero é uma escola pública de qualidade, como a que cheguei a ter, para que os pobres, pretos ou brancos, possam também competir. Acusam-me de "racista" porque, assim, podem se entregar ao linchamento e ainda se desculpar: "Ele é culpado pelas agressões que praticamos".

    "Ah, mas Reinaldo é homofóbico". Sou? Cadê o texto, a entrevista, a declaração, o que seja, que o evidencie? Esses idiotas repetem o que lêem nas páginas de gente que é paga pra me atacar — e a outros jornalistas que não rezam segundo a cartilha oficial — sem nem se preocupar em saber se há alguma base de verdade no que propagam. Já escrevi aqui mais de uma vez, o que me rendeu críticas de alguns leitores que costumam gostar do que escrevo, que não me oponho à união dos gays, nem mesmo à adoção de crianças. Literalmente: "Note-se: crianças abandonadas, no Brasil, são um verdadeiro flagelo social. Os orfanatos estão cheios. Parece que as famílias tradicionais não têm acorrido em seu socorro em número suficiente. Não posso crer que seja um ato de amor impedir que dois homens ou duas mulheres - dotados das devidas condições psicológicas, morais e financeiras - as adotem. Nesse caso, essa é minha escolha moral. E não me parece generoso, ademais, que uma pessoa impedida de escolher a sua sexualidade também seja impedida de ser feliz ao lado de quem ama."

    Isso é o que eu penso. E há o que os canalhas dizem que eu penso. Eu sou, sim, contrário é à tal lei que criminaliza a homofobia porque já demonstrei aqui, mais de uma vez, que se trata, antes de mais nada, de censura. Fiz, sim, picadinho da tal PL 122, que é uma coleção de absurdos, que impunha, inclusive, na sua forma original, discriminação religiosa. E critiquei também o encaminhamento que o STF deu à "união estável", ignorando o que diz a Constituição, que afirma explicitamente que ela se realiza ente "homem e mulher". O Supremo decidiu contra a letra da Carta. Não é assim porque eu quero; é porque é. Homem tem pingolim; mulher tem borboletinha, ainda que seja um pingolim que goste de outro pingolim, e uma borboletinha que aprecie a outra. Mas seguem sendo "homem" e "mulher". O que sustentei, e sustento, é que uma corte suprema age de modo temerário quando decide contra a letra da Constituição: o mal que potencialmente faz é superior ao bem que pretende fazer. Homofóbico é quem acha que uma autoridade é gravemente ofendida se associada à homossexualidade. Eu só acho isso uma bobagem. O que as pessoas fazem entre quatro paredes, não envolvendo crianças e não sendo forçado, não é da minha conta. Eu debato é legislação e cultura democrática.

    "Ah, mas Reinaldo é contra o aborto". Sou! "É contra a descriminação das drogas". Sou! "É contra a invasão de propriedade privada". Sou (eu e a família Safatle, diga-se!). "É a favor da internação compulsória de drogados que moram nas ruas". Sou! "É a favor do novo Código Florestal". Sou! "É a favor de bandido dentro da cadeia". Sou!

    E produzi quilômetros de textos tratando de cada um desses assuntos. Tenho, sim, muitos milhares de leitores: gente que gosta de debater, de argumentar, de contra-argumentar e que, à diferença do que dizem por aí, nem sempre concorda comigo. A questão que resta sem resposta é esta: por que eu não poderia defender cada um desses pontos de vista?

    Não, senhores! O que os esquerdopatas pretendem é agir à moda dos psicopatas: desumanizando-me, caracterizando-me como um ogro, podem, então, exercer à vontade a sua pistolagem. Um sujeito chamado "Renato" tentou explicar o comportamento dos linchadores: "Se você fosse imparcial em suas matérias, como todo bom jornalista deveria ser, provavelmente não teríamos comentários tão absurdos como os citados por você. Lembre-se que a pessoa só colhe aquilo que planta." Viram só? "Ser imparcial", para ele, é certamente concordar com o que ele pensa. Ele reconhece os tais comentários como "absurdos", mas acha que a culpa é minha. Na Alemanha dos anos 30, teria dito aos judeus: "Se vocês fossem mais discretos; se vocês cobrassem juros menores; se vocês não se metessem em conspirações…". Em suma, ele usaria contra as vítimas todas as acusações de seus algozes para poder lavar as mãos, não sem antes dizer: "Quero deixar claro que não concordo com a perseguição, mas…" Acreditem: um colunista de um grande jornal já escreveu o mesmo…

    Já uma tal "Marina" é mais direta: "Sou contra qualquer violência, mas vc, Reinaldo, bem que poderia morrer de câncer nas mãos ou na língua. Seus artigos são, sim, tendenciosos. É um arrogante. Come merda e rota (sic) caviar." Marina é contra a "violência", mas a favor do câncer, castigo que, parece, tem, na sua imaginação, algo de divino. Talvez acredite que os cânceres de Dilma  e Lula tenham nascido da praga de algum antipetista…

    Estamos diante de um padrão moral! O espírito que anima aquela página, reitero, matou mais de 100 milhões de pessoas no século passado. Vivemos dias um tanto bárbaros. O rapaz que administra aquele lixo tenta se justificar: "A questão não é ter coragem para criar um blog, e sim dizer algo suficientemente plausível. Tudo o que Reinaldo faz é denegrir as pessoas que pensam diferente dele." Entenderam? Ser "plausível", claro!, é concordar com ele, que me acusa, entre outras coisas, de "racista". Ele, que se considera certamente um anti-racista, emprega, não obstante, a palavra "denegrir" como sinônimo de "desqualificar".

    Merecíamos coisa melhor até para nos atacar, não?

    Por Reinaldo Azevedo

    29/11/2011

    às 16:57

    Aviso à Polícia Federal e às demais instâncias do estado de direito: caso algo me aconteça, estas pessoas devem ser procuradas. E vocês verão por quê

    Um sujeito criou uma página no Facebook intitulada "REPÚDIO AO JORNALISTA DA VEJA REINALDO AZEVEDO". Ele se identifica como "Marquinho Maia" e seria estudante da PUC. O "inho", o diminutivo, é para que tenhamos uma pista de seu caráter suave. Ele faz o convite (sempre que eu reproduzir um texto da página, vem na grafia e na pontuação originais, em vermelho):

    "SE VOCÊ ASSIM COMO EU, TEM ASCO AO BLOGUEIRO (VEJA) REINALDO AZEVEDO, PELO SEUS COMENTÁRIOS REACIONÁRIOS, RACISTAS, MACHISTAS, DENTRE OUTROS.. SE MANIFESTE AQUI. JÁ NÃO AGUENTO MAIS LER ESCRITOS DESTE SENHOR QUE SE ACHA O DONO DA VERDADE ABSOLUTA!!"

    Deu para perceber que sou uma pessoa péssima, terrível mesmo!, capaz das piores ignomínias. Ele convida outros que me odeiam a expressar o seu… ódio. E algumas pessoas compareceram para dar lições de civilidade. Para demonstrar que sou um  homem mau e que eles são bacanas, escrevem coisas assim (volto depois).

    - O Paulo Marcos da Silva acha que devo ser empalado e me chama de "narcista" (!?):
    "
    Só consigo pensar em empalada. Ele deve ter algum aspecto fascista-narcista de apego a si mesmo face ao espelho".

    - O Kaioh Haurani certamente se considera um democrata e diz que sou nazista:
    "Me dá asco compartilhar este mundo com gente dessa laia. Quando leio o que ele escreve sinto medo por saber que um monte de acéfalos também estão lendo aquele monte de merda e propagarão como papagaios seus pontos de vista nazistas."

    - A Paula Boller entende que sou prepotente e dá provas de sua humildade:
    "Esse Reinaldo Azevedo é, no mínimo, prepotente. Acha que tem carga suficiente pra publicar o que ele publica, ou melhor, defeca. Seu lixo!"

    - O Daniel Oliveira demonstra ser um homem sem preconceitos e, por isso, não gosta de mim:
    "HAHAH…vcs estão perdendo a ateção por causa de um bacanazinho q não vive 2 dias nas ruas do rio de janeiro ,¬¬ …filosóficamente falando …esse velhote almofadinha ai não vive mais que 30 anos ,é recalcado ,e gosta de ser o centro das atenções ,esse maluco deve ter sido feio a vida toda,agora pode ter um carro e conseguiu a atenção das primeiras piranhas q estavam a sua volta, FUDEU !!!acho um…"

    - O mesmo Daniel Oliveira se manifesta de novo, em termos igualmente elegantes:
    Daniel Oliveira todos vcs velhotes um dia vão morrer…TODOS ,reitores,presidentes,delegados de policia federal,senadores e outros pilantrinhas brasileiros …vcs coroas não duram mais do q 30 anos AHAHAHA…o mundo é nosso velhote acorda e vá se preparar para colocar suas fraldas geriátricas otário !!! BRASIL !!!!

    - O Duda Simões Fantini ensina o que é democracia numa página que, como se vê, é uma lição de educação, civilidade e tolerância.
    "Democracia substancialmente (não formalmente) consiste no respeito aos direitos humanos. Racismo, difamação, impossibilidade de ampla defesa etc são coisas diametralmente opostas à Democracia. Logo, o que eles fazem não deve ser tido como "manifestação de opinião". Deve ser tido como um retrocesso, uma cuspida na Constituição."

    - O Vitor Hime, que deve adorar democracia, cobra um evento público mesmo:
    "e ai? vai rolar alguma manifestação?"

    Voltei
    Atenção, meus caros! Reproduzi os comentários, digamos, não muito chocantes. Há coisas lá do arco-da-velha, com as sugestões de sempre de sujeição sexual — são obcecados por isso, algo que deve ser matéria de curiosidade científica. Se o "preconceituoso", "homofóbico" ou sei lá o quê, segundo eles próprios, sou eu, por que recorrem com tanta freqüência a acusações que, se verdadeiras fossem, denotariam o mais escancarado… preconceito?

    Não sou um doce de coco e nunca me apresentei assim. Mas me limito a defender a Constituição democrática do Brasil. De fato, não sou um deles, não penso como eles. Enquanto essa gente borrava a fralda, corri riscos nada desprezíveis para que houvesse liberdade de expressão no Brasil. Isso não me garante direitos especiais. Ao contrário: eu exerço um dos direitos garantidos à coletividade: aquela mesma liberdade conquistada.

    Como não conseguem contestar os meus argumentos, então fazem o que se vê acima. Reclamam que não publico seus comentários em minha página. Por que será? O que se lê é só um exemplo pálido do que chega. Como não conseguem contestar os meus argumentos, acusam-me de truculência e agem com essa doçura…

    Fui obrigado a tomar medidas para assegurar a minha integridade. Mas nunca se pode garantir eficácia absoluta. Torno essa questão pública, alertando milhares de leitores para o que vai na rede, porque, caso algo me aconteça, cumpre à Polícia Federal procurar o sr. "Marquinho Maia", que mantém no ar esse festival de baixaria, entre outros.

    Sou, sim, muito duro nas minhas opiniões — e não vou mudar. Mas não tento calar ninguém nem participo de correntes na Internet; tampouco me aplico àquilo que se chama "jornalismo investigativo" — há gente com muito mais capacidade do que eu nessa área, fazendo um trabalho brilhante. O que faço é debater idéias. Por que não fazem o mesmo? Essa gente não está só! Há hoje uma miríade de subjornalistas financiados pelo poder — pelo governo propriamente ou por estatais — que alimenta esse clima.

    ATENÇÃO! A ÚLTIMA VEZ EM QUE FUI FISICAMENTE AMEAÇADO POR PENSAR O QUE PENSO FOI EM 1980! A ÚLTIMA VEZ EM QUE TEMI O ATAQUE VINDO DE ALGUM LUGAR, DAS SOMBRAS, FOI EM 1977, POR CAUSA DE UM ENROSCO COM O DOPS OCORRIDO NO ANO ANTERIOR. EU TINHA 16 ANOS.

    Eu combatia a ditadura. Os que falam acima combatem a democracia. O objetivo é me calar. Não vão. Sintam-se alertados os órgãos de segurança. Já tirei cópia de tudo e darei seqüência às providências legais que tenho tomado.

    SIM, MEUS CAROS, CHEGAMOS AO PONTO EM QUE SE PREGA ABERTAMENTE A ELIMINAÇÃO FÍSICA DOS ADVERSÁRIOS EM NOME DA… DEMOCRACIA!

    E é evidente, de resto, que, nesse caso, o Facebook é a base material do linchamento e se torna co-responsável pelos crimes de calúnia, injúria e difamação e por ameaças nem tão veladas. Se mantém páginas assim no ar, então ajuda a promover a barbárie.

    Não vou desistir! Continuarei a defender a Constituição da República Federativa do Brasil. Agora com ainda mais entusiasmo! Não corri riscos para me deixar intimidar por meia-dúzia de fascistóides que não sabem o que é democracia e por bucaneiros da Internet.

    PS - Espalhem este post. Os métodos a que essa gente recorre têm de ser conhecidos.

    Por Reinaldo Azevedo

    31/10/2011

    às 16:56

    Trogloditas fascistóides interrompem reportagem de Monalisa Perrone. Há nisso mais do que voluntarismo cretino

    A jornalista Monalisa Perrone, da TV Globo, foi brutalmente interrompida, na porta do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por dois cretinos quando fazia uma reportagem sobre a saúde do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.  Ela tinha acabado de entrar ao vivo, no Jornal Hoje.  Seria só a manifestação demencial de dois idiotas? Não exatamente.

    Há, hoje, sobretudo na Internet, ex-jornalistas sustentados por dinheiro público — patrocinados pelo governo federal ou por estatais — que incentivam esse tipo de manifestação. Inventam teorias as mais estapafúrdias para acusar os grandes veículos de comunicação de conspirar contra o governo, o petismo, Lula, Dilma, sei lá o quê… Alguns idiotas caem na conversa. Basta a gente ver o que vai pela rede. Mal sabem que alguns pançudos estão sendo regiamente pagos, ou por órgãos oficiais ou pela concorrência, para promover esse clima de pega-pra-capar.

    Aqueles caras não estavam lá por acaso. O vídeo está aqui. Volto em seguida.

    Por que promover?
    "Ah, Reinaldo, por que promover os caras?" Porque eles podem ser identificados e responder judicialmente pelo que fizeram. Um deles, aquele cuja cara é mais evidente, informa "O Dia" Online, é Thiago de Carvalho Cunha, que já participou de outras manifestações "contra a mídia".

    É coisa de fascistas, que querem impedir na base do grito e da intimidação, o livre exercício do jornalismo. E a Globo, obviamente, é um dos alvos. Eis um bom momento para a reflexão. Um ator contratado da emissora, diga-se, vive fazendo proselitismo "contra a mídia" nos blogs que servem a essa escória, estimulando justamente esse clima. Pertence, na prática, a essa cadeia.  É aquele que, no domingo, concedeu uma entrevista à CBN, do grupo Globo, para falar mentiras sobre o meu blog. Como é mesmo? "Cría cuervos y te sacarán los ojos"…

    Comentários
    Deixo claro que não publicarei comentários que flertem com esse tipo de comportamento — nem remotamente. E também não aceitarei críticas na linha "Bem feito! Quem manda a Globo etc e tal…?" Nada disso! Nós somos aqueles que repudiam a incivilidade. Ponto! Qualquer comentário que se volte contra as vítimas ajuda os fascistas.

    Por Reinaldo Azevedo

    13/10/2011

    às 17:01

    Ira-ny perdeu! Conar arquiva representação contra propaganda

    A ministra da Censura, Ira-ny (da tribo das mulheres que dizem "ni") Lopes, perdeu. Por unanimidade, o Conar arquivou a representação que pedia a retirada do ar da propaganda das lingeries Hope. E agora? Isso quer dizer o humor é permitido no Brasil? Aonde vamos parar, meu Deus?

    Por Reinaldo Azevedo

    07/10/2011

    às 19:43

    Agripina Inácia chegou ao poder! A caricatura é melhor do que o retrato. Ou: Ira-ny censura Flaubert

    Num post escrito anteontem, eu lhes apresentei Agripina Inácia, a "socióloga da Unicamp", caricatura de uma feminista vivida por Regina Casé no excelente TV Pirata, já lá se vão quase 25 anos. O Brasil e a televisão, na média, eram mais inteligentes. Quadros de humor daquele programa seriam considerados, hoje em dia, sofisticados demais para as massas. Quem já assistiu ao vídeo sabe do que estou falando; quem ainda não viu pode fazê-lo agora. É obrigatório! Volto em seguida.

    Voltei
    O que distingue o discurso de Iriny Lopes do de Agripina Inácia? Nada! Ocorre que a primeira pretende ser levada a sério, e a segunda era uma caricatura. Há quase 25 anos, reitero, ironizava-se essa discurseira imbecilizante do politicamente correto. Não que a incorreção seja um bem em si mesmo. Não é! O quadro, no que tinha de, vá lá, sério, alertava para o fato de que o humor se faz justamente desconstruindo as, digamos, "doxas", mesmo aquelas virtuosas. Porque é da natureza humana captar uma pitada de ridículo mesmo nos gestos mais heróicos ou nas ações mais generosas.

    Fico cá a pensar no Brás Cubas, de Machado de Assis, a olhar com distanciamento crítico a bondade de coração dos simples, onde via um grãozinho de parvoíce. Certas igrejas pentecostais picaretas (não estou dizendo que todas sejam; leiam direito) o mandariam para o templo para tirar o capeta do corpo; Ira-ny poderia enviá-lo para um campo de reeducação companheira…

    Viram Agripina Inácia? Como foi que ela analisou a piada sobre a moça grávida que vomita no avião e que vai ter de casar? Reproduzo trecho de sua fala. Prestem atenção:
    "Bem, eu gostaria de fazer uma colocação, a nível de crítica, enquanto alerta a nós, mulheres, que, mais uma vez, nessa anedota, estamos sendo discriminadas, aparecendo numa condição terrível, sendo reduzidas, mais uma vez, a meros objetos de procriação, inclusive sem o direito de influir, mais uma vez, enquanto seres humanos que somos, enquanto indivíduos, sem direito de influir na dinâmica do tecido social. Claro! No momento em que a mãe diz assim pra filha: "casa amanhã"; nesse momento,  eu acho que se configura claramente, sem sombra de dúvidas, uma colocação reacionária, uma colocação machista dessa anedota! Que é que é isso, minha gente? Por que, ao invés disso, a mãe não diz: "Foi, sim! Foi, sim, e eu vou levá-la para fazer um aborto". Por que não? Eu acho que nós, mulheres, enquanto seres humanos, temos total direito; eu acho que a mulher pode e deve dispor do seu corpo como e bem entender, ou não?"

    A Agripina Inácia da vida (i)rreal, a tal Ira-ny, voltou a comentar hoje a propaganda das lingeries Hope, aquela estrelada por Gisele Bündchen. Leiam o que ela disse e depois comparem com a fala de Agripina:
    "A publicidade forma opinião, e isso [a propaganda] é estereotipar a mulher como um indivíduo na sociedade que, para ter uma condição igual ou para interromper um processo de agressão, ou para não sofrer nenhuma repreensão, precisa usar o corpo para isso. Quando a mulher pode usar a cabeça, a boca, como qualquer ser humano. Nada contra o humor. Mas nessa caracterização do que é certo e do que é errado, há uma indução à manutenção da imagem da mulher como veio sendo construída secularmente, de ser secundarizada, ser subalterna".

    Há, admito, uma outra diferença entre elas, a "Pina", ou "Gripa", se expressa com um pouco mais de clareza "a nível de" indivíduo, né? É de estarrecer. A piada ganhou um cargo na Esplanada dos Ministérios. Eu sou fascinado por esses raciocínios que acatam, como premissa, uma regra universal da convivência e, em seguida, apelam a uma conjunção adversativa para negar o que acabaram de sustentar. Notem ali:
    1) "Nada contra o humor" (ela aceita uma regra universal da convivência);
    2) "Mas (conjunção adversativa), há uma indução à manutenção da imagem da mulher"…
    Pronto, ela já recusou a premissa universal que supostamente admitira. Há uma construção na linguagem popular que explica esse raciocínio: "Maria casa com quem quisé desde que seja com o José" — nesse caso, em vez da adversativa, emprega-se a condicional.

    Todos os tiranos podem pensar como Agripina — digo, como Ira-ny. Stálin não diria diferente: "Sou a favor da divergência de opiniões, mas, nesse caso…" Ira-ny não sabe, mas ela própria é a piada.

    A ministra não ficou só nisso, não! Também justificou, deixando claro que acredita ter feito o certo, o envio de um ofício à Globo sugerindo que Aguinaldo Silva, autor da novela "Fina Estampa", dê o tratamento adequado à personagem espancada pelo marido e ao espancador. Os fascistas — os de direita e, principalmente, os de esquerda — acreditam firmemente que a estética tem de ser uma ética. O socialismo soviético apoiou o chamado "realismo socialista". Jdanov, o ministro da Cultura de Stálin, incentivava as obras de arte que exaltavam o caráter revolucionário da classe operária e a disposição das massas de colaborar para a criação da pátria da classe operária.  Já o nazismo era neoclassicizante, exaltando um ideal de volta à harmonia da natureza, sem os apelos decandentistas da sociedade então moderna.

    Nos dois casos, aspirava-se a uma pureza ideológica livre de desvios e da sujeira da diversidade humana. O que o nazismo considerava "decadente", o socialismo considerava reacionário e pequeno-burguês. Assim é dona Ira-ny. Ela acredita na novela como um instrumento de educação — ou de deseducação, como pensavam, por exemplo, os acusadores de Flaubert quando resolveram mandar "Madame Bovary" (1857), o livro — na verdade, a personagem — para o banco dos réus, o que resultou numa das frases célebres nas polêmicas públicas. Perguntam a Flaubert, de modo inflamado, quem, afinal de contas, era aquela Madame Bovary devassa de seu livro, que ousava trair Charles, um marido perfeito e cidadão exemplar. Só lhe restou dizer: "Emma Bovary c'est moi". Os reacionários da época não aceitavam o que consideravam uma ofensa aos costumes; a reacionária Ira-ny não aceita o que considera uma ofensa à militância militonta. Ira-ny censura Madame Bovary 154 anos depois.

    Propaganda, novela, obra de arte, música, pintura etc. não têm de servir a propósitos considerados "nobres". Sempre que se tentou esse caminho, produziu-se lixo retórico. Nas sociedades livres — e talvez venhamos, um dia, a conhecer uma…—, essas manifestações são tanto mais interessantes quanto mais questionam a ordem estabelecida (inclusive aquela das pessoas "corretas"). Se servem a um partido, a uma causa, a uma militância, então passam a ser apenas um discurso ideológico, de caráter instrumental: LIXO!

    Gênios como Virgílio, é verdade, produziram sob os auspícios do estado e do poder e, ainda assim, ergueram monumentos mais duradouros do que o bronze, como disse outro grande (Horácio) sobre a própria poesia. Ocorre que nenhum deles fez da própria obra instrumento vagabundo de proselitismo, que é o que os fascistas, de esquerda e de direita, esperam da arte.

    A melhor coisa que Ira-ny faz é fechar a boca. Não porque seja mulher, obviamente, mas porque é Ira-ny.

    Por Reinaldo Azevedo

    05/10/2011

    às 15:55

    Agora querem proibir a Valéria e a Janete. Em breve, só será permitido fazer mesas-redondas sobre piadas. Ou: A ditadura dos militantes militontos

    Vão brincando com fogo, vão, só para ver aonde vamos parar. A piada está prestes a ser proibida no Brasil, a menos que passe antes pelo Comissariado do Povo para Assuntos de Humor para verificar se ela é limpinha e não ofende ninguém. O Brasil, na média, já foi mais inteligente, e isso vale para a televisão também.

    A maioria de vocês, mesmo os mais sofisticados, deve conhecer as personagens "Valéria" e "Janete", do humorístico Zorra Total. Leiam o que informa Alberto Pereira Junior, do site F5. Volto em seguida:

    O sucesso da transexual Valéria (Rodrigo Sant'Anna) e de Janete (Thalita Carauta) no "Zorra Total", da Globo, pode estar com os dias contatos. A Secretaria de Assuntos da Mulher do Sindicato dos Metroviários de São Paulo deve formalizar hoje, na Globo, uma carta em que exige que a emissora retire do ar o quadro "Metrô Zorra Brasil". O órgão afirma que a atração é um incentivo ao assédio sexual, já que mostra no final dos seus episódios um homem encostando e abusando de Janete. "O que é piada no programa acontece todos os dias com milhares de mulheres em nosso país", reforça o sindicato. Procurada pela coluna, a Globo disse que o quadro busca entreter e não incitar comportamentos, muito menos a violência contra a mulher, e que se orgulha de ter sempre defendido os direitos femininos.

    Voltei
    Os mais jovens não tiveram a chance de assistir aos quadros da TV Pirata, a melhor coisa que já aconteceu na TV Brasileira, já lá se vão mais de 20 anos. Abaixo, publico um vídeo do programa que vale por uma premonição.  Ao perceber que uma das passageiras vomita os bofes no avião, a comissária de bordo pergunta à mãe da moça:
    - Foi comida?
    Ao que responde a senhora:
    - Foi, mas casa amanhã.
    - No civil ou no religioso?
    - Na delegacia!

    O que se dá em seguida? Forma-se uma mesa redonda para discutir a piada, de que participam uma feminista da Unicamp, um professor da FGV, um torcedor do Botafogo e, claro!, o papagaio. Assistam. Volto em seguida.

    Voltei
    Era o ano de 1988. O Brasil discutia a Constituinte. As "minorias", incitadas pelo PT, estavam organizadíssimas para garantir seus direitos no novo texto constitucional. Até aí, ótimo, é mesmo parte do jogo. Mas havia também um valor a ser preservado, que não atendia ao grupo A, B ou C e dizia respeito a todos: a liberdade de expressão — que, felizmente, foi garantida na Carta e, a depender dos militantes militontos, será em breve revogada.

    Os programas de humor deixarão de fazer graça, chistes etc. para se transformar em minitratados sociológicos. Como inexiste graça que não tenha um tanto de generalização, será preciso definir as categorias que podem e as que não podem ser personagens de piadas.

    O país não deixa de ser engraçado, mas de outro modo. A TV Pirata era uma atração da TV Globo. Ontem, vi um mensagem institucional, com apoio da emissora, sobre uma associação de fonoaudiólogos ou algo assim. A mensagem tinha um quê de pito moral— o texto não é literal, mas é mais ou menos isto: "A gagueira não é engraçada, é um problema a ser corrigido". Pensei no humorista José Vasconcelos, o primeiro a fazer stand up no Brasil, e seus gaguinhos. Hoje seria proibido. Costinha, então, nem pensar. Boa parte das personagens de Chico Anysio teria de ser banida.

    De fato, quando penso em todo mal que o humor já fez ao Brasil, fico chocado. Bem, mesmo, nos fizeram patriotas como José Dirceu, Delúbio Soares — que ontem mereceu uma festança promovida pela CUT —, a própria CUT, José Genoino, Marilena Chaui (a quem obviamente remete a feminista do quadro da TV Pirata)… Essa gente, sim, contribuiu para a nossa grandeza.

    Essa gente, sim, mostrou como se faz um PAÍS SÉRIO!

    Por Reinaldo Azevedo

    05/10/2011

    às 6:05

    A professora energúmena, o politicamente correto e ainda Rafinha Bastos. Ou: O fascismo dos monopolistas da virtude

    Os idiotas agora resolveram aderir à política de cotas: também querem o seu quinhão. Evidentemente, não me refiro à idiotia clínica, mas àquela ignorância propositiva que costuma caracterizar os energúmenos, com suas soluções simples e erradas para problemas complexos, para lembrar H. L. Mencken. Ontem, dei uma esculhambada numa professora de português que me enviou um texto em que tentava me ofender. Ofendia, antes de tudo, a língua pátria.

    Fico imaginando aquela anta na sala de aula, a vitimar dezenas, talvez centenas de jovens pobres, que deveriam ter na escola, como tive, a chance de aprender, de melhorar a vida da família e a sua própria vida, podendo garantir aos filhos condições iniciais que eles próprios não tiveram. Assim se faz o progresso. Mas não! A tia sindicaleira diz com todas as letras que, sem uma redução das desigualdades sociais, não há o que fazer na educação; tudo seria inútil! Como, sem educação, tal redução não acontece — não, ao menos, a ponto de mudar a qualidade de vida dos pobres, garantindo-lhes autonomia —, tem-se o ciclo vicioso do mal: os pobres têm uma educação ruim porque pobres e são pobres porque têm educação ruim.

    Houve quem tivesse ficado com peninha. Uns tolos disseram que esculhambei a sua gramática para não ter de responder a seus argumentos. Quais? Um deles é essa delinqüência (com trema!) que se lê acima. Trata-se de uma tese realmente irrespondível. Ela pense o que quiser. É livre para isso. Se leva tal concepção para a sala de aula, no entanto, tem uma conduta que chega a ser criminosa porque atua para condenar os alunos à pobreza.

    Dei aula durante uns bons anos. A principal tarefa de um professor é alargar os horizontes dos alunos POR MEIO DA SUA DISCIPLINA, não da peroração moral ou ideológica. Ensinei literatura, gramática e redação. Não deixam de ser "ciências da natureza" da natureza humana ao menos. A tarefa "progressista" de um professor de gramática é ensinar gramática para que os alunos possam ler com olhos mais competentes qualquer texto, do autor "X" ou de quem pensa o contrário.

    Ocorre que esquerdopatas e politicamente corretos de modo geral querem nos impor a sua pauta como expressão do "bem". Os seus adversários fazem escolhas ideológicas; eles apenas estão preocupados com o bem-estar da humanidade. Esses caras têm a ambição de não debater as suas idéias porque se consideram, para usar uma expressão de Jonah Goldberg, no livro "Fascismo de Esquerda" (Editora Record), "monopolistas da compaixão". A direita, os conservadores, os reacionários, ah, esses precisam sempre dar explicações e se justificar. Um esquerdista ou "progressista" tem apenas de se declarar preocupado com os pobres, a favor da natureza, defensor dos negros, das mulheres, dos gays, dos sem-isso, sem-aquilo… Se o que propõe funciona ou não, eis algo absolutamente irrelevante. O importante é saber que ele tem idéias para nos salvar.

    Demonstrei isso aqui ontem ou anteontem (os meus horários me deixam meio confuso, hehe) quando tratei da questão da redução do desmatamento. Alguém, em algum momento, cobrou de Marina Silva que expusesse o caminho do raciocínio que a levava a dizer que o texto de Aldo Rebelo provocara um aumento do desmatamento? Não! Bastava saber que era Marina falando. Como ela defende a floresta, conclui-se, pois, que tudo o que disser será positivo para a floresta, mesmo que seja uma mentira. Como se supõe que um "ruralista" quer avançar no mato para plantar soja, não se deve acreditar, de saída, no que ele tem a dizer.

    Foi com esse raciocínio que o ministro Ayres Britto, do Supremo, contribuiu para a favelização dos índios da reserva Raposa Serra do Sol e desempregou centenas de famílias. Aceitar as terras contínuas, com a expulsão dos brancos e dos arrozeiros, estava entre as chamadas "idéias do bem", que não devem ser questionadas, a menos que o sujeito seja um desses (Reinaldo, Diogo e mais uns dois ou três) que gostam de ir na contramão, que supostamente fariam questão de se dizer politicamente incorretos. Essa é outra tolice. Eu só faço questão de me ater aos fatos.

    Os que agora acusam e eles se tornaram mais virulentos depois do episódio Rafinha Bastos a existência de uma espécie de conspiração dos "politicamente incorretos" querem, na verdade, nos impor a sua pauta como expressão superior de racionalidade, de modo que os que não comungam de suas teses seriam ou maus ou irracionais. Assim, quando defendi que os arrozeiros ficassem em Raposa Serra do Sol, é claro que eu não poderia estar preocupado com o emprego de centenas de pessoas, com a produção de comida, com o bem-estar daquelas pessoas. Não! Eu só o fazia porque, vocês sabem, sou um homem mau ou um defensor natural dos plutocratas do arroz… No caso do novo Código Florestal, eu o apóio porque estou na categoria que quer mesmo é devastar a natureza para cobrir o mundo ou de pasto ou de lavoura de soja… Além, claro de torcer pelo aquecimento global e não dar bola para os bagres…

    E tudo isso nasce, segundo esses vigaristas, do fato de não haver um "controle democrático" dos meios de comunicação ou seja, um comitê de censura, que seria integrado, naturalmente, por eles. Como são os monopolistas do bem, os que discordam deles estariam impedidos de falar. Aquela professora que me enviou o texto impossível está convicta de que eu só sou contra o corte de aulas de português e matemática em benefício da filosofia e da sociologia porque tenho "medo" de que os pobres comecem a pensar. Não! Eu quero uma escola com muito português e muita matemática, como tive, competentemente ministradas, justamente para que os pobres possam se libertar da pobreza! Mas como eu poderia ter uma boa intenção se eu não sou de esquerda, se eu não sou da turma? O mais fabuloso é que o método deles está sendo testado há anos. As escolas brasileiras se converteram em centros de reclamação e doutrinação. Com as exceções de sempre, são professores reclamando da vida e propondo aos alunos uma nova aurora… Como pode anunciar um novo tempo quem faz da sua própria infelicidade, real ou suposta, um programa de ação?

    Não! Eu não me deixo intimidar por essa canalha, não! Até porque ela não quer debater. E a chamo pelo nome merecido. Não cairei na conversa que consiste em transformar escolhas ideológicas em virtudes inquestionáveis. O repúdio às piadas infelizes de Rafinha Bastos — e escrevi ontem que o humor não é uma categoria absoluta, mas também é importante que ele não seja tomado na sua literalidade — demonstra, diga-se, que ninguém precisa que um Comissariado do Povo decida o que é e o que não é aceitável.

    Comigo, esses fascistas assanhados não se criam —na escola, na Internet, na TV, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê…

    Por Reinaldo Azevedo

    04/10/2011

    às 6:57

    Os fascistas "do bem" estão assanhados: ou Rafinha Bastos como pretexto

    Jamais me esqueço de uma frase do cineasta italiano Bernardo Bertolucci, dita há alguns anos numa entrevista à revista BRAVO!, quando eu ainda trabalhava lá: "O fascismo começa caçando tarados". Estava ele fazendo a defesa dos tarados? Certamente não! Só alertava para o risco de que nada é tão perverso - e perigoso - como a prática cega do "bem". Termina provocando um mal que acaba se entranhando na sociedade, na cultura, nas mentalidades, do qual dificilmente nos livramos. O fascismo sempre é um exemplo porque, se nos dedicarmos à leitura de seus princípios e intenções, tudo parece muito aceitável. Esses comunistinhas de meia-tigela que há nas universidades públicas brasileiras vivem citando Mussolini sem saber. A vertente alemã do fascismo, o nazismo, já se mostrava, de saída, escancaradamente autoritário por causa da tara anti-semita. Isso à parte, encantaria, como encantou, alguns humanistas distraídos… O fascismo, felizmente, caiu em desgraça. Mas a sua outra metade, o comunismo, continua como se fosse uma bela promessa do passado…

    Por que essas considerações? O destrambelhamento do humorista e apresentador de TV Rafinha Bastos, que falou no ar um troço que considero irrepetível, e ele é reincidente nisso, está sendo explorado por vigaristas intelectuais de esquerda, que decidiram, agora, que chegou a hora de recuperar as virtudes do fascismo politicamente correto. E a canalha não se contenta, naturalmente, em apenas posar de defensora putativa das "minorias" - daqueles "que não têm voz", diz o mais ridículo deles -; quer também estabelecer uma pauta, de modo que se definam o que é e o que não é aceitável pensar e, sobretudo, falar e escrever. Quer ser a polícia do pensamento.

    Bastos, a exemplo de outros que se dedicam à sua linha de humor, já deu sinais de que é um rapaz inteligente. Não estou fazendo ironia, não! Como todo humorista competente, sabe identificar os valores influentes na sociedade, identifica suas fragilidades, desconstrói consensos etc. E ganha muito dinheiro com isso, o que não é pecado, já que há quem pague para ouvir o que ele tem a dizer. Mas cometeu um erro - que já apontei em Danilo Gentili, seu companheiro no CQC da Band, quando fez uma piada estúpida sobre os judeus: achar que o humor é uma categoria que está acima de qualquer outra. E, nesse particular, ele pode ser bastante burro. Fosse assim, haveria um novo ente soberano no mundo, que substituiria, inclusive, a moral e a ética. Seria uma nova divindade, um novo imperativo, em cujo altar as sociedades renderiam todos os seus valores. Ele e outros como ele têm de aprender que essa é uma concepção tola - e também autoritária.

    Mas vamos devagar aí! Esquerdopatas estão querendo se apropriar da justa indignação com alguns exageros dessa linha de humor para propor uma espécie de caça às bruxas, num esforço de transformar a bula politicamente correta - a piada de Rafinha que gerou o bafafá, diga-se, nem se encaixava na categoria da incorreção política - numa espécie de Manual Nacional de Redação de jornais, revistas, sites e blogs, de modo a satanizar aqueles que não rezam segundo a cartilha. Assim, eu não poderia mais escrever "apedeuta" para me referir a Lula, por exemplo, porque estaria mangando de sua baixa escolaridade - e não, como é o caso, de sua determinação em fazer a apologia da ignorância. Do mesmo modo, estaria proibido de me opor às cotas raciais nas universidades ou à dita lei contra a homofobia (na verdade, contra a liberdade de expressão e de escolha) porque, afinal, seria o mesmo que combater as minorias que sofrem… Mais: também não poderia fazer restrições à tal Comissão da Verdade ou chamar Carlos Lamarca de assassino porque isso tudo ofenderia o consenso… de uma minoria influente que quer impor sua vontade à maioria.

    Abaixo, há um texto em que expresso a minha vocação para andar na contramão. Trato de uma falácia que foi muito difundida, em toda a imprensa, segundo a qual a expectativa do novo Código Florestal havia aumentado o desmatamento. Foi uma invenção de Marina Silva. Eu a combati. Afirmei que era bobagem. Houve certamente quem dissesse: "Ah, o Reinaldo é um desses politicamente incorretos…" Posso até ser. Naquele caso, eu só estava sendo logicamente correto. Os fatos demonstraram que eu estava, também, aritmeticamente  correto. O desmatamento até caiu. Agora é a própria ministra do Meio Ambiente quem assegura que a acusação era falaciosa. Eu não escrevi aquelas coisas para deixar chocados os que babam verde. Escrevi porque era fato e porque era o que eu pensava.

    Tantas vezes tomei aqui um caminho quase solitário. Lembram-se do dito "golpe" em Honduras? Ou daquela moça que teria sido vítima de ultradireitistas na Suíça? Ou da privatização de estradas de Dilma, que deixou Elio Gaspari de queixo caído - e agora quebrado? Ou de Strauss-Kahn? Eu não estava tentando chocar ninguém ou fazendo questão de ser politicamente incorreto.

    Ah, mas agora há o Rafinha Bastos… A fascistada está assanhada para tirar daí uma lei geral: "Olhem no que dá deixar essa gente falar tudo o que dá na cabeça". Que "gente"? Não existe um sindicato da incorreção. E que fique claro: não estou aqui dizendo "Ah, pegar Rafinha pode, mas não venham pra cima de mim!" Não virão porque nem tem por onde. Estão querendo confundir a agressão a alguns valores constitutivos da civilidade com a contestação de parcialismos influentes. O combate à discriminação racial é um bem universal a ser preservado até pelos humoristas; política de cota racial é uma escolha ideológica. O combate à discriminação em razão da sexualidade é um bem universal a ser preservado; a tal lei contra a homofobia é uma escolha ideológica. O reconhecimento de que os palestinos merecem um estado é um bem universal a ser preservado. Apoiar a iniciativa de Mahmoud Abbas na ONU é uma escolha ideológica. O equilíbrio ecológico é um bem universal a ser preservado; as teses de Marina são uma escolha ideológica.

    Era só o que faltava: agora, um bando de mamadores nas tetas oficiais, uma gente desqualificada, que vive do que consegue arrancar do estado brasileiro - dos pobres -, incapaz de ganhar a vida por seus próprios méritos e meios, decidiu se oferecer para ser a consciência da nação.

    A reação negativa às piadas infelizes de Bastos mostra que a liberdade de expressão no país não precisa de policiais. A sociedade reage quando se sente ofendida. De resto, os puxa-sacos juramentados não são seus melhores críticos. Vão se catar, fascistas!

    Por Reinaldo Azevedo

    18/08/2011

    às 19:55

    OS OBSCURANTISTAS DO BEM, AGORA NO MINISTÉRIO PÚBLICO. OU: É PROIBIDO CRITICAR OS ATEUS?

    Digo habitualmente que poucas coisas são tão perigosas quanto a intolerância dos que se querem donos da tolerância. Por quê? Porque podem praticar ou defender as maiores arbitrariedades, dado que já estariam blindados por seu natural alinhamento com o bem. Leiam o que segue. Volto em seguida.

    Procuradoria processa igreja e RedeTV! por ofensa a ateus

    O Ministério Público Federal entrou com uma ação contra a RedeTV! e a Igreja Internacional da Graça de Deus sob acusação de terem ofendido os ateus. Na ação, a Procuradoria reclama de frase dita pelo pastor João Batista no programa "O Profeta da Nação", exibido no dia 10 de março.

    "Quem não acredita em Deus pode ir para bem longe de mim, porque a pessoa chega para esse lado, a pessoa que não acredita em Deus, ela é perigosa. Ela mata, rouba e destrói. O ser humano que não acredita em Deus atrapalha qualquer um", disse o pastor.

    Para o procurador Jefferson Aparecido Dias, as declarações ferem a Constituição, que prevê a liberdade de pensamento e de religião. Ele lembra ainda que, apesar de a maioria da população ser cristã, o Estado brasileiro é laico. O Ministério Público pede na Justiça que a emissora e a igreja exibam uma retratação durante o programa e uma explicação sobre a diversidade religiosa. As mensagens devem ter, no mínimo, o dobro do tempo da crítica do pastor.

    A Procuradoria também quer que o Ministério das Comunicações fiscalize o programa. A RedeTV! afirmou que não irá se manifestar porque o programa é uma produção independente de responsabilidade da igreja. A emissora ainda diz que não foi comunicada oficialmente da ação. A Igreja da Graça foi procurada pela reportagem, mas ainda não se pronunciou.

    Voltei
    Eu lamento que a Procuradoria esteja gastando nosso dinheiro com esse tipo de coisa. Não sei qual é a dessa igreja — não conheço. Tampouco tenho motivos especiais para defender a RedeTV!, ainda mais com este ponto de exclamação… Mais ainda: acho o juízo expresso pelo pastor uma tolice, um erro. Religiosos, das mais variadas confissões, podem matar, roubar o diabo a quatro. Aliás, exemplos não faltam. É uma opinião idiota. Eu mesmo conheço ateus com os quais passaria horas conversando e não dispensaria dois dedos de prosa a alguns católicos, da minha religião. Adiante.

    O procurador está certo. A Constituição garante a liberdade de religião e de pensamento. Inclusive de quem pensa besteira. Se os fundamentos do estado liberal-democrático não servem à procuradoria, eu lhe empresto uma frase da socialista Rosa Luxemburgo, contestando Lênin: "Liberdade é, apenas e exclusivamente, a liberdade dos que pensam de modo diferente". Eu, hein, Rosa! E olhem que ela não queria exatamente uma democracia liberal…

    E há nessa história um traço curioso. Segundo esse particular ponto de vista, o ateísmo também se constituiria numa religião. Se nem mesmo os que comungam de uma mesma confissão, que costuma ter preceitos, exercem a fé de modo idêntico, qual seria o princípio unificador do ateísmo? Qual seu rito? Quais seus fundamentos? Como seria um culto celebrador (o dicionário não abona "celebratório") de ateus?

    Nessa marcha, chegará um dia em que as pessoas serão proibidas de se reunir segundo as suas afinidades porque todo procedimento eletivo carregaria consigo o germe da discriminação. Um superestado, a quem concederíamos o direito de decidir o que pode ou não ser pensado, se encarregaria de nos reunir de vez em quando em praça pública para a celebração de valores oficialmente universais. Seria a morte perfeita da liberdade em nome do bem da humanidade.

    O pastor falou uma tolice. Mas ser punido por isso? Agora é proibido ser tolo?

    Que dias estes!

    Por Reinaldo Azevedo

    05/08/2011

    às 16:00

    Censores malditos! Canalha maldita! Ditadores malditos!

    Caramba! O que está acontecendo com o mundo? O politicamente correto ainda vai condenar o mundo ao silêncio. E, se querem saber, pior dos que a canalha patrulheira e censora,  são os "compreensivos", aqueles que acreditam que toda reclamação tem de ser avaliada; que acham que é possível alguma forma de diálogo com vagabundos que querem violar a Constituição. Leiam o que informa a VEJA Online. Volto em seguida:
    *
    "Pôneis Malditos", a sarcástica campanha da Nissan que estreou na última sexta-feira (29) na internet e, em seguida, na TV, será investigada pelo Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Com cerca de 30 denúncias vindas de diferentes partes do Brasil, o comercial será analisado pelo órgão por fazer a associação de figuras infantis - no caso, os pôneis em desenho animado - com a palavra "malditos". Após a abertura do processo, que aconteceu na tarde de ontem, o próximo passo é a nomeação de um relator que estudará as denúncias.

    Caso o relator escolhido se manifeste sobre a concessão de uma medida liminar, o comercial deverá sair do ar até que o processo seja julgado. O julgamento, segundo o Conar, ocorre em torno de 30 dias. Com mais de 5 milhões de visualizações no Youtube, a campanha permaneceu no topo dos trending topics do Twitter durante dois dias inteiros no Brasil. No ranking global, o termo "pôneis malditos" também emplacou rapidamente.

    Criado pela Lew'Lara/TBWA, agência de publicidade da Nissan, o filme faz uma sátira à potência dos motores rivais da montadora, comparando-os aos animaizinhos. Por fim, o comercial apresenta a maldição: "É o seguinte, se você não passar esse vídeo agora para 10 pessoas, você vai sofrer a maldição do pônei: você vai ficar o resto da vida com essa música na cabeça". A partir daí, o grudento jingle ganha vida e invade as redes sociais, virando hit.

    Voltei
    Onde estão os idiotas que reclamaram? Devem ser aqueles mesmos que querem monitorar propaganda de biscoito e de sanduíche para que nossas pobres criancinhas não sejam molestadas pelo capitalismo! Que esses caras não tenham noção do ridículo, é fato; que órgãos respeitáveis cedam a esse tipo de patrulha, aí é o fim da picada.

    A propaganda dos pôneis é uma das melhores coisas da publicidade dos últimos tempos. Se vai ajudar a vender carro ou não, isso não sei. Não sou especialista da área. Tendo a achar, às vezes, que ela acabou ficando maior do que o produto. Mas isso diz respeito a quem paga por sua veiculação.

    Mais de cinco milhões de acessos no  YouTube! A molecada repete o bordão nas ruas. Todos comentam. Por causa de trinta Zé-Manés que reclamaram da palavra "maldito" associado a uma imagem de apelo infantil, o Conar resolve abrir um procedimento? Ah, tenham a santa paciência! Que diabo de conselheiros, ou sei lá como se chamam, são esses? Nesse caso, basta recorrer aos artigo 5º e 220 da Constituição!

    Ou botamos um freio nessa canalha maldita, ou logo teremos no Brasil uma variante daquela polícia religiosa da Arábia Saudita, só que esta vai punir a varadas aqueles que não se comportarem segundo os cânones do politicamente correto.

    Por Reinaldo Azevedo

    29/07/2011

    às 6:01

    Não, eu não vou desistir de defender o estado de direito!

    Escrevi o texto que vai abaixo às 17h30 de ontem. Eu o mantenho aqui no alto porque julgo que algo grave está em curso. Não nos deixa a todos mais pobres de recursos, a exemplo das sacanagens do Dnit, mas nos deixa mais pobres de democracia. De violação em violação aos códigos legais, acabaremos nos transformando num país sem lei. O pior é que não são poucos os que defendem que, sob certas circunstâncias, o desrespeito à Constituição se faz necessário. Num dos posts abaixo, vocês verão que agora é o Ministério da Justiça a impor uma forma velada de censura prévia. Há leitores que dizem que estou superestimando o caso. Não estou, não. Quem condescende com uma violação ao estado de direito, pouco importa o pretexto, condescende com todas. A questão é incômoda — e daí decorre o silêncio covarde de muitos? É, sim! Mas eu não tenho receio do incômodo. Se não for para ser assim, melhor tomar suco de laranja em vez de participar do debate público. Esse caso é mais importante do que as diatribes do Apedeuta. Um dia esse cara passa. Eu estou preocupado com o que fica.
    *
    Censura? Não contem jamais comigo! Ou: há gente  que andou exagerando na banana…

    Sei não… Acho que algumas pessoas andaram comendo muita banana. A questão relevante sobre "A Serbian Film - Terror Sem Limites"  — escrevi a respeito na madrugada — é de censura prévia, que é inconstitucional. Se o ex-prefeito Cesar Maia e o DEM do Rio acham que ele agride, sei lá, o Estatuto da Criança e do Adolescente e os valores da família, certamente haverá maneira de proteger as duas coisas sem ferir um dispositivo constitucional.

    Acho, se querem saber, uma suprema ousadia que se conceda uma liminar, mantida por instância superior, contra um dispositivo claríssimo da Constituição, que veta a censura prévia. Sim, queridos! O próprio STF desrespeitou, a meu ver, a Carta no episódio da união civil entre homossexuais. Se ele pode, então tudo passa a ser permitido, não é mesmo? Essa é a questão de fundo.

    Eu nem entrei no mérito do filme, reitero. Por tudo o que li, parece-me só uma bobajada asquerosa. Mas censura antecipada? Isso é coisa de ditadura, não de democracia — nesse caso, com laivos do politicamente correto, que se cruza, nas franjas do discurso, com o combate à pedofilia, que é, evidentemente, uma boa causa.

    Mas é preciso tomar cuidado! Sob certo ponto de vista, uma obra-prima como Lolita, de Nabokov, teria de ser proibida no Brasil em nome da aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente. A enteada que atormenta o padrasto com a sua tenra juventude tem… 12 anos! Se um professor recomendar Lolita a alunos do sexto ou sétimo ano do ensino fundamental, é provável que seja um pervertido e que mereça que lhe quebrem a fuça. Caberia perguntar qual a sua intenção pedagógica. Como literatura, a obra tem de estar disponível a quem se disponha a lê-la. Aliás,  eu a recomendo vivamente — não a pervertidos, que não precisam de boa literatura para se regalar.

    Vamos devagar com o andor, aí, que a santinha da liberdade de expressão é de barro. Não pensem que ela corre riscos apenas nas ditaduras de molde clássico, lideradas por um tirano. Em tempos politicamente corretos — e se nota que a tentação da censura não é só das esquerdas, como prova o DEM do Rio —, os ditos "valores consensuais" podem significar uma interdição à livre circulação das idéias.

    O tal filme sérvio foi censurado, por exemplo, na Noruega pouco tempo antes de aquele delinqüente executar 76 pessoas. Dado o seu manifesto estúpido, é provável que ele julgasse que se fez a coisa certa… Talvez considerasse manifestação de degenerados…

    Eu sei que confundo um tantinho a cabeça de muita gente. O fato de eu incentivar, com ênfase, que as pessoas se organizem para defender seu ponto de vista   e para confrontar os valores hegemônicos da esquerda não me leva, jamais!, a flertar com um ente de razão estatal que determinasse, de antemão, o que pode e o que não pode ser veiculado  — ainda que tal órgão comungasse dos meus valores. Isso é coisa de fascistas de esquerda ou de direita. Eu sou um democrata — "de direita", dizem alguns esquerdistas, muitos deles amantes da censura, desde que por uma "boa causa", claro…

    Meu papo é outro. Lembro-me das polêmicas em torno do filme  "Je Vous Salue, Marie", de Godard, e do livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", de Saramago, duas tolices bastardas sobre o cristianismo, típicas de autores movidos pela ignorância de mérito. Que católicos tenham se mobilizado contra um e outro, eis um direito e, em certa medida, até um dever. Mas é inaceitável, numa sociedade democrática, que se impeça a exibição de um (como chegou a acontecer com o filme no Brasil, há muitos anos) ou a venda do outro.

    Eu sou favorável ao confronto claro e aberto de idéias e de opiniões; repudio a tentativa de impedir o outro de falar na suposição de que um valor cultural ou ideológico é uma verdade natural, sobre a qual não cabe contestação. Até porque eu próprio sou vítima dessa patrulha — não estou reclamando de nada porque sei me defender. Aliás, a ideologia tornada uma "verdade natural" está na raiz do meu rompimento com a esquerda,  já lá se vão vinte e tantos anos, caminhando para 30.

    Por Reinaldo Azevedo

    27/07/2011

    às 15:46

    Eles só pensam nisto: censura e controle

    É impressionante como os ditos bem-pensantes só… pensam naquilo! Ou nisto: CENSURA. Um tablóide do grupo de Rupert Murdoch recorre aos métodos mais sórdidos para fazer algo que se confundia com jornalismo — e não era! —, e logo aparecem as Parcas da liberdade de expressão para defender que se faça alguma coisa; que o Estado seja mais ativo no controle da imprensa, COMO SE NÃO TIVESSE SIDO A PRÓPRIA IMPRENSA A DENUNCIAR OS MALFEITOS. Mais: esconde-se, em meio à correta e necessária denúncia dos crimes cometidos pela turma do News of the Word, uma disputa que também é comercial. O New York Times deitou e rolou no caso. Afinal, o Wall Street Journal pertence ao grupo de Murdoch… Mais: até parece que os vazamentos do WikiLeaks, de que o NYT era o principal divulgador, não foram obtidos de forma criminosa. Claro, claro, os "progressistas" sempre podem dizer que o crime cometido em nome do suposto bem comum e da verdade é uma virtude…

    Vocês sabem como esquerdistas são naturalmente monopolistas do bem e como suas práticas não podem jamais ser questionadas porque o que conta mesmo são suas boas intenções…

    Qual é?

    Algo parecido se dá agora com o caso daquele homicida em massa da Noruega. Seu delírio é minoritário. Não obstante, a imprensa de esquerda mundo afora cobra o banimento "da direita", como se esta fosse responsável pela estupidez daquele vagabundo. Por que não cobrar, então, a extinção de todos os partidos comunistas do mundo democrático? Ou será que eles querem o bem da humanidade?

    Extremistas como Anders Behring Breivik e delinqüentes como os diretores do News of the Word, além de todo o desastre que podem perpetrar, ainda respondem por este mal adicional: dão credibilidade ao discurso dos autoritários que pretendem que um ente do estado diga o que pode e o que não pode ser dito e pensado.

    Por Reinaldo Azevedo

    06/07/2011

    às 6:29

    Agressão à liberdade de imprensa - PF afirma que editor vai ser indiciado por revelar dados

    Por Natália Cancian, na Folha:
    Depois de indiciar um repórter do "Diário da Região", de São José do Rio Preto (SP), sob acusação de publicar informações protegidas por segredo de Justiça, a Polícia Federal pediu mais 90 dias para apurar o vazamento dos dados e disse que indiciará também o editor do jornal. O delegado José Eduardo Pereira de Paula disse que o pedido do Ministério Público Federal para que o editor-chefe do jornal, Fabrício Carareto, seja indiciado segue em vigor e "deve ser executado a qualquer momento". A ANJ (Associação Nacional dos Jornais) pretende se posicionar em caso de decisão desfavorável ao repórter. Segundo a entidade, o indiciamento fere a liberdade de imprensa, e o segredo de Justiça vale só para agentes de Estado. A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) enviou ofício ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) pedindo que ele intervenha no caso.

    Segundo o delegado, o editor será indiciado assim que a Procuradoria devolver o inquérito à PF. Ele disse que não pode descumprir o pedido do procurador Álvaro Stipp: "Estamos dentro de um sistema processual. Não compete à gente ficar questionando se é legal ou não". O repórter Allan de Abreu foi indiciado após o "Diário da Região" publicar em maio deste ano duas reportagens que reproduziam trechos de escutas telefônicas obtidas por uma operação da PF que investiga suposto esquema de corrupção na cidade.
    Após a primeira publicação, o repórter foi chamado pelo procurador, que lhe perguntou quem tinha fornecido os dados. Abreu diz que se recusou a revelar a fonte. Em nota divulgada na última semana, o procurador diz que o indiciamento ocorreu porque o repórter "quebrou segredo de Justiça".

    De acordo com o delegado, o procurador pediu o indiciamento do editor porque "as reportagens só foram divulgadas porque ele autorizou". Segundo o editor, quem quebrou o sigilo foi "quem passou as informações". O "Diário da Região" escreveu que a TV Tem, afiliada da Rede Globo, reproduziu informações das escutas um dia antes do jornal, mas não teve nenhum profissional indiciado. A reportagem não conseguiu ouvir a TV. O procurador disse que não se pronunciaria mais sobre o caso.

    Por Reinaldo Azevedo

    30/06/2011

    às 22:01

    Procurador critica "alarde" sobre indiciamento de repórter e confunde tudo…

    O procurador Álvaro Stipp continua a demonstrar que ainda não entendeu o alcance dos Artigos 5º e 220 da Constituição, que garantem a liberdade de expressão e vedam qualquer forma de censura. Leiam o que segue. Volto em seguida:

    O procurador do Ministério Público Estadual de São Paulo, Álvaro Stipp, publicou nesta quinta-feira nota em que defende o indiciamento do repórter Allan de Abreu, do "Diário da Região". Ele nega que tenha se tratado de cerceamento da liberdade de imprensa. Abreu foi indiciado após publicar duas reportagens com dados obtidos por meio de escutas telefônicas feitas pela polícia na Operação Tamburutaca. A operação investiga um esquema de corrupção de fiscais do Ministério do Trabalho suspeitos de exigir propina para livrar empresários de multas trabalhistas. Segundo Stipp, a divulgação prejudicou as investigações, que correm em segredo judicial porque a operação envolve um número grande de envolvidos de "influência econômico social" e para "garantir que ela alcançasse de forma efetiva e contundente a verdadeira extensão dos responsáveis e aprofundamento na aferição das condutas de cada um deles".

    O procurador afirmou ainda que "o alarde que se faz sobre o indiciamento do jornalista não possui fundamento" porque indiciamento "não é acusação". De acordo com Stipp, Abreu não foi indiciado porque se recusou a revelar sua fonte, mas porque ele quebrou o segredo judicial e, portanto, agiu contra a lei. "Entendo a liberdade de imprensa como imprescindível ao fortalecimento da democracia", disse Stipp. Ele acrescentou ainda que "a liberdade de imprensa não é absoluta. Sofre restrições de ordem legal, assim como todos nós também sofremos restrições de ordem legal visando o convívio pacífico e a garantia do exercício de nossas liberdades".

    Comento
    Vênia máxima, Stipp está fazendo uma lambança dos diabos. Há um pormenor nessa história que faz toda a diferença: quem quebrou o sigilo de Justiça não foi o repórter, mas o agente público, seja lá quem for, que respondia por ele. Se o jornalista, sei lá, invadiu algum arquivo protegido por lei, armou escuta telefônica, pagou algum criminoso para conseguir dados protegidos, bem, não há liberdade de expressão que justifique isso. Afinal, ela não é um valor absoluto.

    Mas publicar uma informação DE INTERESSE PÚBLICO que ele conseguiu? Aí, doutor, não dá! Seguindo essa sua diretriz, metade das falcatruas ficariam debaixo do tapete. Com a plena liberdade de informação, os dias já não são lá muito virtuosos. Não dá! Esse indiciamento é inconstitucional.

    Por Reinaldo Azevedo

    30/06/2011

    às 5:59

    Ameaça à liberdade de imprensa: o indiciamento absurdo e inconstitucional de um repórter

    Leiam com muita atenção o que segue abaixo. Volto em seguida.

    Por Natalia Cancian, na Folha:
    A Polícia Federal indiciou um jornalista de São José do Rio Preto (SP) sob suspeita de divulgar informações preservadas por segredo de Justiça. Allan de Abreu, repórter do "Diário da Região", foi indiciado após publicar duas reportagens com dados obtidos por meio de escutas telefônicas feitas pela polícia na Operação Tamburutaca. A operação investiga um esquema de corrupção de fiscais do Ministério do Trabalho suspeitos de exigir propina para livrar empresários de multas trabalhistas. Segundo o repórter, no dia seguinte à primeira publicação, o procurador da República Álvaro Stipp o chamou e questionou quem havia passado as informações para o jornal. Abreu diz que se negou a revelar a fonte, apesar da insistência do procurador. Após uma segunda reportagem, o procurador pediu abertura de inquérito para investigar o vazamento das informações e solicitou o indiciamento do jornalista.

    Para Stipp, o repórter descumpriu a lei 9.296, de 1996, que considera crime "quebrar segredo de Justiça sem autorização judicial". "Pegou de surpresa", disse Allan de Abreu: "Essa prática [de divulgar informações sob segredo de Justiça] eu já fiz antes em duas ocasiões e nunca aconteceu nada. E não lembro de ter acontecido com alguém. Jamais esperava isso, sobretudo de um procurador, a quem cabe zelar para liberdade de imprensa". Stipp diz que a lei vale para qualquer pessoa que divulgar a informação e que o repórter não tem "imunidade" por ser jornalista. "Em uma democracia, temos que respeitar as instituições. Se o Judiciário diz que está em sigilo de Justiça, está em sigilo de Justiça e ponto." Ele afirma que também pediu o indiciamento do editor-chefe do "Diário da Região". Segundo o procurador, a divulgação prejudicou as investigações: uma das pessoas citadas nas escutas divulgadas, e que poderia servir como testemunha, sumiu.

    Stipp diz que não é contra o repórter ter tido acesso aos dados, mas por ter divulgado uma parte do processo. O delegado da PF José Eduardo Pereira de Paula diz que só indiciou o repórter por ordem do procurador. "Estou dentro de um sistema. Não é minha vontade que prevalece". O repórter responderá formalmente pelo caso e pode ser denunciado à Justiça. Se for aberto processo contra ele, pode ser multado e condenado a até quatro anos de reclusão. Abreu pediu liminar para anular o indiciamento. A Associação Nacional de Jornais e a Associação Brasileira de Imprensa repudiaram o seu indiciamento.

    Voltei
    Eis aí. Estamos diante de uma questão das mais interessantes. Os artigo 5º e 220 da Constituição proíbem qualquer forma de censura à livre circulação de informação. Leiam:

    Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
    § 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
    § 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

    A Lei 9,296
    O apelo à Lei nº 9.296 para indiciar o repórter é uma barbaridade. Fosse assim, quase não haveria mais jornalistas nas redações. Estariam todos na cadeia. A íntegra da tal lei está aqui. O único trecho que explica, mas não justifica, o indiciamento é este:
    Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

    Ocorre que, então, para indiciar o repórter, seria necessário ter um indício ao menos de que foi ele que quebrou o segredo da Justiça. Foi? O promotor tem essa evidência? E a PF? Ora, quem tem de preservar esse sigilo e, conseqüentemente, ser punido, o que é correto, se não cumprir o seu papel? O agente público.

    Parece que o promotor ainda não entendeu que jornalista não é funcionário do estado ou do governo — quer dizer: alguns são… Alguém quebrou o tal segredo e forneceu as informações ao repórter. Se ele sabe, outros também saberão. Melhor uma informação que vem a público do que outra que fique circulando nos bastidores, fomentando chantagem. Jornalista não quebra segredo de Justiça! No máximo, noticia a quebra, o que é coisa bem diferente.

    Se esse negócio prospera, chegará ao Supremo. E, evidentemente, Allan estará livre de qualquer punição.

    Por Reinaldo Azevedo

    05/04/2011

    às 18:09

    Bolsonaro contribuiu para que muita gente saísse do armário!

    O caso Jair Bolsonaro (PP-RJ) contribuiu para que muita gente saísse do armário. Os gays? Não! Os autoritários amorosos! Serviu para que algumas cabeças coroadas da política e daquela tal "sociedade civil" dissessem o que realmente entendem por "liberdade de expressão". Em muitos casos, essa liberdade, vemos agora, consistia no direito que o outro tem de dizer coisas consideradas aceitáveis e corretas. "Consideradas por quem?", cara pálida? Ora, pelo consenso dos grupos militantes.

    Atenção, hein!? Nem estou dizendo que sejam, necessariamente, maus consensos — em regra, sim!  Detestável é perceber que aqueles que o acusaram de intolerante, defendendo até a cassação do seu mandato, não são em nada diferentes não de Bolsonaro propriamente, mas daquilo de que o acusam.

    "Ah, vejam o que este homem fala sobre o golpe militar!" É verdade! Algumas coisas são mesmo detestáveis. Mas olhem o que alguns dizem, por exemplo, sobre a VPR, a ALN, o MR-8… Qual é o ponto? Sua defesa do movimento militar de 1964, pretextando a salvação da democracia, faria dele um monstro, certo? Já a defesa que muitos de seus adversários fazem do terrorismo em nome da mesma democracia os transformaria em santos? Ora…

    O Brasil aprovou uma Lei da Anistia não foi para desempatar a luta, não!, porque ela nem mesmo empatou. No confronto dos autoritarismos, ganhou o anticomunista. Aprovou-se uma Lei da Anistia — que não quer dizer "perdão" — para que o país aprendesse a conviver com as diferenças. E veio a democracia.

    E, por causa dela, Bolsonaro pode dizer o que pensa, e os que o combatem são livres para dizer por que ele está errado em muita coisa — como, aliás, fez este escriba no primeiríssimo dia! — e, lamento pelos finórios!, certo em outras. A questão é saber se esses finórios não estão usando as batatadas do deputado como pretexto para calar o que há de correto na sua fala. O exemplo mais escandaloso é aquela barbaridade que o MEC preparou sobre a homofobia para distribuir nas escolas: aquilo não é material didático coisa nenhuma, mas peça militante, proselitismo, provocação!

    Volto ao eixo! Os armários se abriram! Dia desses, Ophir Cavalcante, presidente da OAB,  insurgiu-se contra a proposta de instalar escutas telefônicas para monitorar a conversa entre os presos e seus advogados. Chamou de violação de direitos assegurados pela Constituição. E, posta a coisa daquela forma genérica, era mesmo! Quando menos, é necessário que se tenha algum indício de que o advogado atua como pombo-correio do crime e, de posse dessas evidências, solicitar a um juiz uma autorização. Ou, então, que se discuta uma lei específica segundo a qual os condenados pelos crimes A, B e C perdem o direito à conversa privada. Seria de difícil aprovação. Doutor Ophir estava certo em defender princípios da Constituição. Errado ele está quando emite uma nota em que, em vez de pedir uma apuração dos fatos no caso Bolsonaro, já anuncia uma sentença; errado ele está quando, no caso do Ficha Limpa, ignora dispositivos constitucionais alegando defesa da moralidade.

    Relembro o que afirmei dia desses no seminário do Instituto Millenium sobre liberdade de expressão, pegando carona no pensamento de Ayn Rand: nas ditaduras, também é possível dizer "sim". Só as democracias permitem que se diga "não". E, com isso, não estou fazendo de Bolsonaro o paladino de um mundo melhor. Se pais de gays seguirem suas orientações e derem uns tabefes no filhos para corrigi-los, teremos um mundo pior. Defender o direito que ele tem de dizer suas tolices não significa concordar com elas. Não entender isso corresponde a não entender a essência do regime democrático.

    É melhor que essa gente volte para o armário!

    Por Reinaldo Azevedo

    04/04/2011

    às 6:31

    Ignorantes de bom coração. Ou: quem pode queimar o quê?

    A quantidade de besteira que o caso Bolsonaro vem suscitando é um espanto! A questão essencial, para mim, já disse, diz respeito à liberdade de expressão. Por mais detestáveis que sejam as suas opiniões, fazer o quê? A liberdade existe também para pessoas que dizem coisas detestáveis. Citei aqui o caso da Igreja de lunáticos nos EUA que invade velórios de soldados americanos que serviam no Iraque e no Afeganistão para agradecer a Deus pelas mortes: seriam punições porque os EUA são condescendentes com o homossexualismo!!! Pode? A Suprema Corte diz que sim! Um pastor decidiu queimar um exemplar do Corão, e o Taliban usou isso como pretexto para desencadear atos terroristas. Há gente por aqui achando que é tudo culpa do… pastor! Em breve, vamos ter de perguntar aos clérigos afegãos o que se pode desenhar, queimar, falar ou pensar no Ocidente. Além de politicamente corretos, teremos de ser "islamisticamente" corretos. A tese seria mais ou menos esta: a era das liberdades individuais esgotou o seu ciclo de virtudes. Vão se danar!!!

    Eu acho correto ou aceitável que se perturbem velórios ou se queimem livros religiosos? Eu não! Essa gente é asquerosa! E daí? Mas não reconhecerei os sectários islâmicos do Afeganistão como tribunal competente para decidir o que se pode ou não se pode fazer no Ocidente!

    Aos cretinos salta-pocinhas do multiculturalismo chinfrim, lembro que a liberdade que queima livros imprime milhões de livros. No Afeganistão, onde não se imprimem livros, só não se pode queimar um livro!

    Voltemos a Bolsonaro.  Vamos botar a bola no chão. Vão querer puni-lo segundo a lei ou vão querer puni-lo "porque a gente não gosta dele, e faz tempo que merece uma lição"? Vão querer puni-lo segundo o estado de direito ou segundo a discricionariedade das "pessoas boas"? Digamos que seja segundo o "estado de direito", já que o Brasil, por enquanto, é uma democracia.

    No caso da acusação de homofobia, o caso está sendo superdimensionado porque existe aí uma agenda: aprovar a tal lei. Se alguém acha Bolsonaro "fascistóide", é porque não leu o texto. O deputado diz lá as suas besteiras, mas não tenta mandar ninguém para a cadeia. Já aquilo que pretendem aprovar pode meter um sujeito em cana por expressar uma simples convicção religiosa contrária à prática homossexual.

    Muito bem: ninguém pode ser punido, senhores apressadinhos, a não ser na forma da lei. E inexiste uma lei que caracterize a "homofobia". Bolsonaro parece que não aceitaria filhos gays; acha que não correria o risco de tê-los; sugere até que uns bons petelecos na hora certa corrijam o "desvio"… São idéias, assim, "pterodáctilas"? São, sim! Mas existem pessoas assim no mundo! Devem ser encarceradas por isso? Aí o sujeito ainda mais apressado diz: "Ah, te peguei no argumento, Reinaldo! Então é por isso que precisamos ter a lei"! Vocês acham mesmo que uma lei que proibisse Bolsonaro de dizer essas coisas faria o Brasil ser mais democrático?

    Então vamos ver: por homofobia, dada a inexistência de lei — vejam que ainda não toquei na imunidade parlamentar —, não haveria como puni-lo. Resta a acusação de racismo.

    "Racismo" não é o que eu considero "racismo", mas aquilo que a lei tipifica como tal. Mesmo que Bolsonaro não tivesse se enganado na resposta que deu a Preta Gil — e eu acho que ele se enganou; basta ver que o vocabulário empregado não se coaduna com a pergunta —, seria preciso dizer que artigo da lei ele transgrediu. Já tratei do assunto aqui. Não acho que seja o caso.

    Atenção! Se a gritaria contra Bolsonaro estivesse circunscrita ao repúdio àquilo que ele disse, eu teria escrito aqueles meus dois primeiros textos, em que o desanquei, e parado. Mas não! Decidiram levar a questão para o terreno legal, para o questionamento sobre os limites da liberdade de expressão, para a relativização da imunidade parlamentar. Aí a coisa mudou muito de figura! Aí estão querendo combater opiniões particularmente boçais com a generalização da boçalidade antidemocrática.

    "Então um parlamentar pode defender o homicídio, a pedofilia, o roubo?" Não! Não pode, não! A pergunta é burralda porque, além de tais práticas estarem devidamente categorizadas como crimes, haveria a questão do decoro, que um parlamentar não pode transgredir nem no uso da imunidade. "Ah, mas o racismo também tem uma lei que o pune". É fato! Mas será preciso, antes, provar que houve racismo, entenderam? Provar segundo a lei, não segundo o fígado dos que não gostam do cara porque ele se opõe a cotas raciais, por exemplo.

    "E o terrorismo? Um parlamentar pode defender o terrorismo em nome da liberdade de expressão?" Então… A Constituição diz que o terrorismo também é crime inafiançável e imprescritível e que será punido na forma da lei. Se o animal em questão for hábil o bastante para fazer uma defesa genérica, sem especificar atos que possam estar categorizados em leis específicas, será difícil puni-lo — a não ser por quebra de decoro. É que não temos, no Brasil, a lei que pune o terrorismo. Por essa razão, inclusive, há um monte de terroristas livres, leves e soltos, operando alegremente no Brasil, conforme fica claro da reportagem de capa da VEJA desta semana. A propósito: já se publicou resenha de livro na imprensa brasileira defendendo o terror. Ninguém protestou! Ou melhor: eu protestei!

    Há várias formas de debater essa questão, inclusive a honesta e a desonesta. A desonesta tenta confundir a defesa da liberdade de expressão e da imunidade parlamentar com o endosso às besteiras que Bolsonaro diz. A honesta distingue a preservação de direitos fundamentais, inegociáveis, do conteúdo tacanho que o exercício desses direitos pode trazer à luz. Debate parecido se viu na questão do Ficha Limpa. Aprovou-se uma lei escancaradamente inconstitucional em nome do bem, e, depois, tentou-se pespegar nos defensores da Constituição a tacha de lenientes com a corrupção.

    Infelizmente, boa parte dessa confusão é feita por jornalistas, que não vêem mal nenhum em propagar a ignorância, desde que seja de bom coração.

    PS - Esse escarcéu todo só está em curso por aqui porque há a cultura de recorrer ao "papai Estado" para punir os meninos maus, que fazem aquilo de que a gente não gosta… Nos EUA, por exemplo, seria absolutamente impensável a hipótese de cassar um parlamentar porque ele expressou opiniões consideradas incômodas, idiotas ou incorretas. E olhem que aquela é a pátria do politicamente correto. Mas lá deixam o embate para a sociedade.

    Por Reinaldo Azevedo

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    1.Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
    2.Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
    3.Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
    4.Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
    5.Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
    6.Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
    7.Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
    8.Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
    9.Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
    10.Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
    11.Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
    12.Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.


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    'A Lógica da Criação'


    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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