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    quinta-feira, 1 de agosto de 2013

    [Catolicos a Caminho] As sete lições da primeira viagem do Papa Francisco

     











    Quinta, 01 de agosto de 2013 


    As sete lições da primeira viagem do Papa Francisco 


    Dado o carisma desse argentino, não havia muitas dúvidas sobre o sucesso da primeira viagem do Papa Bergoglio, para a Jornada Mundial da Juventude, mas, aos 76 anos, esse "jovem" papa – cinco meses de pontificado no dia 13 de agosto – superou com sucesso essa prova.

    A análise é do vaticanista Jean-Marie Guénois, do jornal Le Figaro, em artigo publicado no sítio Vatican Insider, 29-07-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

    Eis o texto.

    1) O "nascimento" e a decolagem de um pontificado

    Para o Vaticano, a primeira viagem ao exterior do Papa Francisco foi um sucesso para além de toda expectativa. Dado o carisma desse argentino, não havia muitas dúvidas sobre o sucesso, mas, aos 76 anos, esse "jovem" papa – cinco meses de pontificado no dia 13 de agosto – superou com sucesso essa prova, resultado nada evidente para um neófito, como foi o caso do tímido Bento XVI durante a Jornada Mundial da Juventude de Colônia.

    Foi para ele, além disso, um duplo exercício: uma primeira viagem ao seu continente de origem e uma Jornada Mundial da Juventude bastante turbulenta, durante a qual o papa teve que demonstrar a sua habilidade com jovens que poderiam ser seus netos. Esse sucesso projeta o pontificado de uma certa maneira em uma órbita internacional, que anteriormente havia sido alcançada virtualmente, através das mídias, mas que ainda não tinha sido testado pelo fogo da ação.

    Aqueles que, dentro da Cúria Romana, não admitem os modos às vezes rigorosos, muitas vezes obstinados, desse papa latino-americano, terão que se curvar diante do verdadeira decolagem desse pontificado. Uma espécie de nascimento que teve origem não tanto no dia 13 de março de 2013, da urna da Capela Sistina que continha os 115 votos cardinalícios, mas sim, simbolicamente, desse semana ultralatina.

    A cada hora ele vibrava como se fosse uma segunda eleição: os católicos da América do Sul são 40% dos católicos de todo o mundo. E todos eles apoiam verdadeiramente o "seu" papa.

    2) Um programa e uma visão finalmente claros para a Igreja Católica

    Pode até ser um truque de jesuíta, mas é preciso admitir que o Papa Francisco conseguiu, até agora, trazer entusiasmo até mesmo fora da Igreja, tranquilizando a ala progressista – hoje em extinção e presente apenas na faixa etária entre os 60 e os 70 anos – e jogando na inquietação os católicos mais metódicos, clássicos, que haviam se sentido tão confortáveis com Bento XVI, não apreciando minimamente as provocações de Francisco acerca dos "cristãos engomados".

    Agora as coisas foram esclarecidas, durante dois grandes discursos proferidos um no sábado, junto à Igreja brasileira, e outro no domingo, junto à Igreja latina.

    Esses textos fundadores valem uma encíclica. Aqueles que tomarem o tempo de lê-los, encontrarão exposta, finalmente, de maneira totalmente articulada, a "política" eclesiástica do Papa Francisco que, com efeito, nunca antes havia sido "legível".

    A sua visão parecia confusa por causa da avalanche das frases de efeito, muitas vezes ácidas, sobre o estado da Igreja e dos cristãos, tiradas das suas homilias da manhã e dos seus discursos no Vaticano.

    Os dois discursos proferidos no Rio, portanto, são fundadores.

    Com cerca de uma dezena de páginas cada um, redigidos de próprio punho, eles mostram como, por exemplo, a vontade da "sinodalidade" do papa – termo eclesiástico que descreve um governo da Igreja menos centralizado, baseado em um concílio de bispos ou cardeais em torno do papa – não é a expressão de um progressismo galopante, mas sim de um reequilíbrio de um excesso de poder clericalizante da Cúria Romana durante esses últimos dez anos.

    Os católicos escrupulosos, na dúvida, poderão ficar tranquilos com a plena catolicidade desse religioso ao ler essas suas palavras. Ele é um jesuíta de destacada sensibilidade social, mas que ainda vem da velha escola.

    3) Confirmação da influência do papa e do carisma de Francisco

    Uma coisa é pregar entre os braços reconfortantes do mundo fechado na Praça de São Pedro; outra é, ao invés, tomar o microfone ao vivo do prefeito da cidade para falar diante de três milhões de pessoas no Rio, segundo a estimativa do domingo, para a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude. E, sobretudo, conseguir verdadeiramente fazer passar a mensagem.

    Embora seja novo para essas coisas, o Papa Francisco não demonstrou nenhum tipo de insegurança ou hesitação particulares. Mostrou-se sempre à vontade e feliz com esse contato direto com a multidão.

    Aonde quer que tenha se dirigido, fosse encontro oficial, favela, igreja ou diante dos milhares de jovens, pôde-se constatar o efeito do carisma muito particular desse papa. A sua simplicidade e a sua vontade de buscar absolutamente o contato com todos conquista os corações: homem ou mulher na rua, ou, como no sábado de manhã na Catedral do Rio, bispos comovidos até as lágrimas...

    Nele o Vaticano, que no início deste 2013, buscava "gerir" os seus problemas de comunicação, encontrou um poderoso vetor midiático. Esse carisma totalmente genuíno, objetivamente confirmado por essa viagem, é acompanhado por uma influência cada vez maior. A empresa Burson Marsteller acaba de publicar um estudo realizado sobre a conta do Twitter de 505 chefes de Estado, de governo e de outros ministros de 153 países. O presidente Obama continua sendo o líder mundial mais seguido no Twitter, com mais de 33 milhões de seguidores. Mas Papa Francisco, com mais de 7 milhões de seguidores, ainda tem uma grande influência.

    As mensagens de Francisco são, de fato, quatro vezes mais "retuitados", ou seja, difundidos, do que os de Obama.

    4) Nenhum ataque contra a sexualidade, mas sim a vontade de construir uma Igreja que "reaquece o coração"

    Essa viagem, com o seu público variado, mostrou o grande senso pastoral desse arcebispo que se tornou papa, mas que sempre quis continuar estando o mais próximo possível das paróquias.

    São muitos os exemplos que podem ser citados para as suas intervenções. Ele fala muitas vezes como um simples sacerdote, discute os fundamentos de um catolicismo do povo, reza o Ângelus, confessa, celebra a adoração eucarística, dá esmolas...

    Não só em nível teórico, mas sim como meio concreto para alimentar uma vida espiritual.

    Ao contrário de Bento XVI, que era um verdadeiro mestre da teologia, uma espécie de instituto politécnico da mensagem católica, imbatível nas respostas e um verdadeiro ponto de referência para muitos intelectuais católicos, Francisco é um engenheiro químico que passou pelo severo crivo da formação jesuíta. É muito mais concreto. Ele quer continuar no centro da atividade.

    Ele tem o ânimo do engenheiro desenvolvedor, com uma competência inata para o "marketing". Sempre busca, influenciado pela sua cultura muito americana, a melhor maneira de apresentar a Igreja e Cristo; sem concessões sobre os dogmas, mas sem nunca colocar a carroça na frente dos bois. Ele está ansioso para ir para as margens, para as periferias. Não para "recolher pessoas", mas porque esse homem de Deus está convencido de que a missão da Igreja – como afirmou com extrema força no sábado e no domingo – é principalmente junto daqueles que abandonaram a Igreja ou que nunca entraram nela. Assim se explica a prioridade dada no sábado, com os bispos brasileiros, ao discurso de uma Igreja que saiba "reaquecer" o coração do ser humano.

    A questão moral da sexualidade, tantas vezes criticada, não foi levantada, ao invés, nem sequer uma vez pelo Papa Francisco durante esta Jornada Mundial da Juventude. Não que ela seja secundária na sua mente, mas não é, segundo ele, uma prioridade, pois impediria que se compreendesse a verdadeira essência da mensagem cristã.

    Essa é uma reflexão realmente profunda.

    5) Essa viagem e a difícil gestão da mudança na Igreja

    Essa primeira viagem ao exterior do Papa Francisco se desenvolveu em um momento de grande tensão no Vaticano. Antes da partida, houve o escândalo envolvendo o monsenhor Battista Ricca, um dos homens de confiança do papa, escolhido para pilotar a reforma do banco do Vaticano. Foi dado a conhecer o seu passado homossexual. Estranhamente, as informações relacionadas a esse bispo nunca haviam sido levadas à atenção do papa.

    À espera da verificação, essas informações, no entanto, chegaram à imprensa. E não por acaso. Quis-se deliberadamente visar a enfraquecer o impulso da reforma do banco do Vaticano desejada pelo papa, mas também a reforma desejada da Cúria Romana e programada para este ano, que parece que será muito drástica.

    Atmosfera... há fortes resistências internas no Vaticano, que se opõem de forma passiva às ações do bispo de Roma. Mas Papa Francisco está trabalhando incansavelmente nesse caso. No Rio, ele consagrou parte do seu dia de terça-feira, teoricamente dedicado ao seu repouso, a essa questão, na companhia do cardeal Maradiaga, de Honduras, encarregado de coordenar a comissão dos oito cardeais de quatro partes diferentes do mundo que estão trabalhando nessa minirrevolução.

    Todos os líderes de empresa sabem que liderar uma mudança é certamente uma das ações mais delicadas exigidas pelo marketing. Com mais razão em uma instituição como o Vaticano, onde o protocolo e os hábitos estão cimentados em uma cultura quase "irreformável".

    Francisco se encontra enfrentando esse problema, mas os reticentes do Vaticano terão que fazer as contas com o sucesso desse movimento, que vai reforçar ainda mais a sua autoridade depois de ter superado essas provas.

    6) A fórmula JMJ está confirmada, mas, para a Igreja, o desafio com os jovens ainda não está concluído

    Houve dúvidas, no início do pontificado de Bento XVI, sobre a continuidade da JMJ, que havia sido criada sob medida por e para João Paulo II. Bento XVI, o místico, tinha acrescentado alguns toques pessoais seus, tornando, por exemplo, a noite do sábado à noite muito mais espiritual, insistindo na adoração eucarística.

    Alguns se perguntavam, porém, que futuro poderia ter a longo prazo esses imensos encontros internacionais, dos quais o Rio é a 28ª edição. Depois dessa edição de 2013 e da evidente adequação do Papa Francisco para esse tipo de encontros, a próxima JMJ será realizada em 2016, na Cracóvia, Polônia. E haverá outras a seguir.

    As JMJs não resolvem definitivamente, porém, o problema que diz respeito à maior parte dos jovens e a Igreja Católica. O exemplo mais evidente é o Brasil, onde os fiéis da Igreja Católica envelhecem, enquanto os da Igreja Evangélica estão cada vez mais jovens, como demonstra a "Marcha para Jesus", que é organizada por eles todos os anos no Rio de Janeiro.

    Por outro lado, os testemunhos absolutamente comoventes dos jovens brasileiros durante a vigília do sábado à noite mostram como é considerável o potencial da Igreja Católica quando um papa – como fez João Paulo II, de forma espetacular – consegue conquistar o entusiasmo dos jovens.

    Dito isto, o campo para se trabalhar é vasto. O ex-cardeal Bergoglio sabe disso muito bem, melhor do que qualquer um dos seus antecessores; ele conhece a realidade concreta em que trabalha uma Igreja local às presas com o mundo atual.

    É justamente a partir dessa sua compreensão que brota a energia que ele emprega para tocar os corações.

    7) Uma energia pessoal incrível e o desprezo pela sua segurança

    Durante toda a viagem, com os seus 76 anos, o Papa Francisco provou possuir uma energia fora do comum.

    Sempre intelectualmente muito presente, muito móvel fisicamente, de humor excelente, sério quando necessário, mas brincalhão todas as vezes em que a oportunidade se apresentava, ele surpreendeu a sua comitiva pela sua força e pela sua "inexaurível energia".

    Todo o mundo agora se pergunta se ele será capaz de manter este ritmo...

    Ele anunciou que não se concederá férias, para passar o verão trabalhando no Vaticano. Nenhum dos seus predecessores jamais tinha feito isso.

    No Santuário de Aparecida, marcou um encontro com os fiéis em 2017, quando completará 80 anos.

    Alguns se perguntam se Francisco, assim como Bento XVI, também decidirá renunciar ao seu cargo, quando não tiver mais as forças necessárias para levá-lo adiante. Esse homem, eleito pelos seus pares cardeais para, é preciso admitir, fazer o "trabalho sujo" da reforma da Cúria, realmente não tem nada a perder e nada a provar.

    Assim, ele não poupa as suas energias, levando-se em conta a sua idade, e sabe que o seu tempo é limitado.

    Pudemos verificar essa sua atitude de dom total de si mesmo, sem medida nem precaução, durante a viagem, com relação à questão da sua segurança pessoal. Na segunda-feira à noite, na sua chegada, um erro no percurso em uma rua muito movimentada do Rio ameaçou acabar muito mal para ele. Especialmente porque ele se movia com um papamóvel leve ou com um pequeno Fiat Idea de série, fabricado no Brasil.

    O Vaticano não quis constranger o governo brasileiro, responsável por essa inédita e incrível gafe, mas a questão da segurança passiva do papa foi levantada, visto que esse carro tão modesto e baixo não assegurava nenhuma segurança. Durante todo o resto da semana, o papa rejeitou a utilização de uma viatura de segurança.

    Na segunda-feira, no momento auge do ataque da multidão, Francisco ordenou que os vidros permanecessem abaixados, para poder melhor cumprimentar as pessoas...









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    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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