ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço semanal - 28 de Setembro de 2014
Papa Francisco
Não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações
Homilia do Papa na missa com os idosos e avós
Emoção nos olhos de Francisco no voo de regresso da Albânia
Durante conferência de imprensa no voo de Tirana para Roma, o Papa fala da "surpresa" de ter tocado o sofrimento de um povo e da forte emoção de "escutar um mártir falar sobre o próprio martírio"
Santa Sé
Em prisão domiciliária ex-núncio acusado de abusos
Julgamento leva em consideração as condições de saúde do prelado, acusado de abuso de menores. Padre Lombardi: "Papa pede para que um caso tão grave e delicado seja enfrentado sem demoras
Igreja e Religião
Santidade na vida cotidiana. Mons. Álvaro del Portillo será beato
Włodzimierz Redzioch fala com Mons. Javier Echevarría, prelado do Opus Dei, por ocasião da beatificação do primeiro sucessor de São José Maria Escrivá
Para o mês missionário esta reflexão: o mundo terrível do tráfico de pessoas
Pontifícias Obras Missionárias lança campanha missionária 2014 com o mesmo tema da Campanha da Fraternidade: o tráfico de pessoas.
O papa aos focolares: contemplar, sair e fazer escola
O Santo Padre recebe os participantes da assembleia geral do movimento e lhes dá diretrizes para prosseguirem no caminho da evangelização
Falece mais um religioso espanhol por causa do ebola
O irmão Manuel Garcia Viejo, da Ordem de São João de Deus, era missionário em Serra Leoa
O Papa substitui um administrador apostólico no Paraguai
O Santo Padre pede que o clero e os fiéis de Cidade do Leste acolham a decisão com espírito de obediência
Card. Damasceno: "Casamento não é loteria, é chamado de Deus"
Coletiva de Imprensa na CNBB: Papa Francisco institui o próximo domingo como Dia de Oração pelo Sínodo.
Coro da Capela Sistina entusiasma na China
Pela primeira vez em Macau, Hong Kong e Taipé e se prepara para uma futura viagem à China continental
Ortodoxos e católicos unidos pelo martírio
A Comissão Mista Internacional para o diálogo teológico entre as Igrejas Católica e Ortodoxa conclui a sua sessão plenária e pede proteção para os perseguidos no Oriente Médio
O que é a Gendarmaria Vaticana?
A força policial que prendeu o ex-núncio acusado de abusos, celebra a sua festa nesta sexta-feira, dia de São Miguel Arcanjo
Bispos nigerianos exigem que o governo faça mais para deter o Boko Haram
Enquanto a Nigéria sangra e arde: um comunicado que reflete e desafia
O cardeal Muller recebe o superior dos lefebvrianos
Encontro durou duas horas e determinou a gradual superação das controvérsias a fim de permitir a volta da plena comunhão do grupo com a Igreja
O que Karl Rahner pensava da literatura e do livro religioso
Os insights do grande teólogo e jesuíta alemão condensados por Antonio Spadaro em uma coleção de três ensaios intitulado "Literatura e Cristianismo"
O Papa criou Comissão para a reforma do processo matrimonial canônico
Presidida por Mons. Pio Vito Pinto, decano da Rota Romana, o organismo terá que preparar uma proposta para simplificar os procedimentos do processo e garantir a indissolubilidade do matrimônio
Visita do papa Francisco à Albânia: o depoimento de duas testemunhas da perseguição comunista
Na catedral, antes de rezar as vésperas, o Santo Padre abraça um sacerdote diocesano e uma freira estigmatina, ambos já idosos, sobreviventes do ódio contra a fé
Vaticano: começa a reforma dos meios de comunicação
O comitê responsável se reúne para estudar o relatório da Mc&Kinsey e dar os próximos passos
Análise
A visão cristã da política
A Igreja evidencia a submissão da política à ética. Quando isso não acontece, a política se transforma em ditadura e totalitarismo.
As escolas católicas e a perenização das lendas negras antieclesiais.
Há uma impressionante cadeia de homens sábios e documentos em defesa da razão e da ciência produzidos numa única instituição, a Igreja Católica. Apesar disso, o ensino médio e superior brasileiro continua propagando lendas antieclesiais.
Angelus
Papa convida a rezar pelo Sínodo sobre a família
As palavras do pontífice antes de rezar o Angelus
Papa Francisco
Não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações
Homilia do Papa na missa com os idosos e avós
Por Redacao
ROMA, 28 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Durante a Santa Missa com os idosos e os avós celebrada neste domingo, 28 de setembro, na Praça de São Pedro, o Santo Padre Francisco pronunciou a seguinte homilia:
O Evangelho que acabamos de ouvir é acolhido hoje por nós como o Evangelho do encontro entre os jovens e os idosos: um encontro cheio de alegria, cheio de fé e cheio de esperança. Maria é jovem, muito jovem. Isabel é idosa, mas manifestou-se nela a misericórdia de Deus e há seis meses que ela e o marido Zacarias estão à espera de um filho. Maria, também nesta circunstância, nos indica o caminho: ir encontrar a parente Isabel, estar com ela naturalmente para a ajudar mas também e sobretudo para aprender dela, que é idosa, a sabedoria da vida. A primeira Leitura faz ecoar, através de várias expressões, o quarto mandamento: «Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dá» (Ex 20, 12). Não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações, sem os filhos receberem, com gratidão, das mãos dos pais o testemunho da vida. E, dentro desta gratidão a quem te transmitiu a vida, entra também a gratidão ao Pai que está nos céus.
Às vezes há gerações de jovens que, por complexas razões históricas e culturais, vivem de forma mais intensa a necessidade de se tornar autónomos dos pais, a necessidade quase de «libertar-se» do legado da geração anterior. Parece um momento de adolescência rebelde. Mas, se depois não se recupera o encontro, se não se volta a encontrar um equilíbrio novo, fecundo entre as gerações, o resultado é um grave empobrecimento para o povo, e a liberdade que prevalece na sociedade é uma liberdade falsa, que se transforma quase sempre em autoritarismo. Chega-nos esta mesma mensagem da exortação que o apóstolo Paulo dirige a Timóteo e, através dele, à comunidade cristã. Jesus não aboliu a lei da família e da passagem entre gerações, mas levou-a à perfeição. O Senhor formou uma nova família, na qual prevalece, sobre os laços de sangue, a relação com Ele e o cumprimento da vontade de Deus Pai. Mas o amor por Jesus e pelo Pai leva à perfeição o amor pelos pais, pelos irmãos, pelos avós, renova as relações familiares com a seiva do Evangelho e do Espírito Santo. E, assim, São Paulo recomenda a Timóteo – que é Pastor e, consequentemente, pai da comunidade – que tenha respeito pelos idosos e os familiares e exorta a fazê-lo com atitude filial: o idoso «como se fosse teu pai», «as mulheres idosas como se fossem mães» (cf. 1 Tim 5, 1). O chefe da comunidade não está dispensado desta vontade de Deus; antes, a caridade de Cristo impele a fazê-lo com um amor maior. Como fez a Virgem Maria, que, apesar de Se ter tornado a Mãe do Messias, sente-Se impelida pelo amor de Deus, que n'Ela Se está fazendo carne, a ir sem demora ter com a sua parente idosa.
E, deste modo, voltamos a este «ícone» cheio de alegria e de esperança, cheio de fé, cheio de caridade. Podemos pensar que a Virgem Maria, quando Se encontrava em casa de Isabel, terá ouvido esta e o marido Zacarias rezarem com as palavras do Salmo Responsorial de hoje: «Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus, e a minha confiança desde a juventude. (…) Não me rejeites no tempo da velhice, não me abandones, quando já não tiver forças. (…) Agora, na velhice e de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, para que anuncie a esta geração o teu poder, e às gerações futuras, a tua força» (Sal 71/70, 5.9.18). A jovem Maria ouvia e guardava tudo no seu coração. A sabedoria de Isabel e Zacarias enriqueceu o seu espírito jovem; não eram especialistas de maternidade e paternidade, porque para eles também era a primeira gravidez, mas eram especialistas da fé, especialistas de Deus, especialistas da esperança que vem d'Ele: é disto que o mundo tem necessidade, em todo o tempo. Maria soube ouvir aqueles pais idosos e cheios de enlevo, aprendeu com a sabedoria deles, e esta revelou-se preciosa para Ela, no seu caminho de mulher, de esposa, de mãe. Assim, a Virgem Maria indica-nos o caminho: o caminho do encontro entre os jovens e os idosos. O futuro de um povo supõe necessariamente este encontro: os jovens dão a força para fazer caminhar o povo e os idosos revigoram esta força com a memória e a sabedoria popular.
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Emoção nos olhos de Francisco no voo de regresso da Albânia
Durante conferência de imprensa no voo de Tirana para Roma, o Papa fala da "surpresa" de ter tocado o sofrimento de um povo e da forte emoção de "escutar um mártir falar sobre o próprio martírio"
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, 22 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Em uma hora e meia de voo de Tirana para Roma, acreditava-se que o Papa Francisco - após o tour de force na Albânia – fosse descansar e não haveria a tradicional conferência de imprensa aérea. Em vez disso, o incansável Papa ainda se reuniu com cerca de 50 jornalistas de dez países diferentes a bordo do Boeing da Alitalia.
A entrevista foi introduzida pelo porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, que deixou claro como seria a condução: "Somos muito gratos ao Santo Padre por estar conosco, mesmo no final de um dia agitado, ele se colocou à disposição para algumas perguntas, mas poucas, e durante a viagem".
A prioridade foi dada aos três repórteres albaneses, que foram de Tirana para Roma, a fim de acompanhar o passo a passo do Santo Padre.
A primeira questão foi sobre a "ideia" que o bispo de Roma tinha do povo albanês: um povo "sofrido" e "tolerante". "Alguma outra qualidade, que o senhor tocou? - Pergunta o repórter ao Papa- essas qualidades são as qualidades mais adequadas para trazer de volta a águia ao ninho?"
"Não é somente tolerante, o albanês é irmão", disse Francisco, afirmando que ele "tocou" com a mão a dor inerente ao povo dos Balcãs. O albanês - disse - "tem a capacidade da fraternidade". Aspecto demonstrado "na convivência, na colaboração entre muçulmanos, ortodoxos e católicos", trabalhando juntos "como irmãos".
Outra característica que chamou a atenção do Papa foi "a juventude do país". "Disseram que é o país mais jovem da Europa", mas a Albânia tem um "desenvolvimento superior na cultura e também na governance, graças a esta fraternidade."
Então, a pergunta que não poderia faltar, sobre os mártires do país, mencionados várias vezes pelo Papa em seus cinco discursos, e que Francisco 'viu' nos retratos dos sacerdotes martirizados durante o regime comunista, que se encontravam no boulevard principal que conduzem do aeroporto de Tirana até a Praça Madre Teresa.
Esta foi uma grande emoção para o Bispo de Roma, que durante dois meses – contou o Papa - estudou esses dramáticos 25 anos, onde o ateísmo reinava na Albânia. "Suas raízes culturais são belas e fortes, de grande cultura, desde o início", observou ele. E comentou que ficou impressionado com o "terrível nível de crueldade".
"Quando vi aquelas fotos - disse o Papa - não apenas católicos, mas também ortodoxos e até mesmo muçulmanos... e quando pensei no que lhes diziam: 'Não têm que acreditar em Deus'- 'Eu acredito!'. E bum! Matavam-nos. Por isso eu digo que os três componentes religiosos deram testemunho de Deus e agora dão testemunho da fraternidade".
Falando sobre este 'ecumenismo de sangue', perguntaram a Bergoglio sobre a "situação mundial instável", especialmente devido à onda de morte e destruição semeada pelos extremistas muçulmanos do Estado islâmico. Estamos em uma espécie de "terceira guerra mundial", disse o próprio Papa no voo de volta da Coréia do Sul.
Neste contexto, o que significa a visita de um Papa a um país "de maioria muçulmana"? Sobretudo, a sua exortação a um fervoroso diálogo religioso, bem como a denuncia que "matar em nome de Deus é um sacrilégio", é uma mensagem apenas para os albaneses "ou vai mais além?".
"Não, vai mais além", respondeu Papa Francisco, recordando o caminho de "paz, convivência e cooperação", percorrido pela Albânia "que vai mais além", toca a "outros países que também têm diversas raízes étnicas".
Em seguida, afirmou que a Albânia é, sim, um país de maioria muçulmana, mas "não é um país muçulmano. É um país europeu". Para mim, isso foi uma surpresa – disse- é um país europeu, por sua cultura, a cultura da convivência, também pela cultura histórica que teve".
Além das palavras do Papa, que marcaram esta quarta viagem internacional, o que permanecerá forte são as lágrimas de Francisco depois de ouvir o testemunho do sacerdote e da religiosa, na Catedral de São Paulo, vítimas de perseguição nos anos do regime comunista. "Ouvir um mártir falar do seu próprio martírio é forte!", confidenciou o Papa com a emoção ainda nos olhos. "Eu acho que todos nós que estávamos ali ficamos comovidos. E aquelas testemunhas falavam como se falassem de outro, com uma naturalidade, uma humildade. Isso me fez muito bem."
No encerramento da conferência recordaram as próximas viagens do Santo Padre: dia 25 de novembro, a Estrasburgo, com uma visita ao Conselho da Europa e ao Parlamento Europeu. Depois, dia 28, a Turquia, para participar da festa do Padroeiro Santo André, dia 30, com o Patriarca Bartolomeu. E quando lembrado que a Turquia fica na fronteira com o Iraque, o Papa respondeu com uma brincadeira: "Sim, mas a geografia, eu não posso mudar".
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Santa Sé
Em prisão domiciliária ex-núncio acusado de abusos
Julgamento leva em consideração as condições de saúde do prelado, acusado de abuso de menores. Padre Lombardi: "Papa pede para que um caso tão grave e delicado seja enfrentado sem demoras
Por Redacao
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Sobre o processo contra Mons. J. Wesolowski, o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Pe. Federico lombar anunciou que, hoje, o Promotor de Justiça do Tribunal de Primeira Instância do Estado da Cidade do Vaticano convocou o ex-núncio, porque tinha iniciado uma investigação criminal.
O prelado - que já tinha sido condenado em fase inicial pela Congregação da Doutrina da Fé à redução ao estado laical no final de um processo administrativo penal canônico- foi notificado das acusações do processo penal contra ele por graves atos de abuso contra menores ocorridos na República Dominicana.
A gravidade das acusações - informa um comunicado da Santa Sé – levou as autoridades judiciais a determinarem a prisão domiciliária, "em locais dentro do Estado da Cidade do Vaticano", levando em consideração o estado de saúde do antigo núncio, como evidenciado por documentação médica.
Conforme relatado pelo Pe. Federico Lombardi a iniciativa levada a cabo pelos organismos judiciais do Estado "está em conformidade com a vontade manifestada pelo Papa para que um caso tão grave e delicado seja enfrentado sem demoras, com o rigor justo e necessário, com a plena assunção de responsabilidades por parte das instituições que são lideradas pela Santa Sé".
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Igreja e Religião
Santidade na vida cotidiana. Mons. Álvaro del Portillo será beato
Włodzimierz Redzioch fala com Mons. Javier Echevarría, prelado do Opus Dei, por ocasião da beatificação do primeiro sucessor de São José Maria Escrivá
Por Redacao
ROMA, 26 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Muitos se lembram da data de 5 de Julho de 2013: nesse dia o Papa Francisco autorizou a promulgação do decreto da Congregação para as Causas dos Santos sobre o milagre atribuído à intercessão do Beato João Paulo II, que abriu o caminho para a sua canonização. Nem todos, no entanto, sabem que durante a mesma audiência para o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal. Angelo Amato, o papa também autorizou a promulgação do decreto sobre o milagre por intercessão de mons. Álvaro del Portillo (1914-1994), o primeiro sucessor de São José Maria Escrivá, na direção do Opus Dei, abrindo assim o caminho para a sua beatificação.
A cerimônia solene da beatificação de Dom Álvaro será realizada em sua cidade natal, Madrid, 27 de setembro, e será presidida pelo cardeal. Angelo Amato. No dia seguinte, Mons. Javier Echevarría, prelado do Opus Dei, vai celebrar a santa missa de ação de graças. Para o Opus Dei é uma grande festa: após a beatificação e canonização do fundador, será beatificado o seu mais próximo colaborador e sucessor. Nesta ocasião, entrevistei Mons. Javier Echevarria.
Włodzimierz Redzioch: Em 27 de setembro, será beatificado em Madrid Mons. Álvaro del Portillo, o sucessor de São José Maria Escrivá de Balaguer na direção do Opus Dei. O que devemos saber sobre esse futuro Beato?
Mons. Echevarría: Alvaro del Portillo primeiro foi um engenheiro; em seguida, um sacerdote e depois um bispo que amou muito o Senhor e toda a Igreja, e todas as almas. Talvez a característica mais marcante de sua personalidade era o desejo de cumprir fielmente a vontade de Deus em todos os momentos.
Ele tinha uma grande simpatia, sempre com o sorriso nos lábios; afável, com uma gentileza herdada em parte pela delicadeza de sua mãe, Dona Clementina, mexicana, mas também o resultado da prática constante da virtude da caridade. O decreto sobre as virtudes heroicas da Santa Sé o considera um "homem de profunda bondade e afabilidade, capaz de transmitir paz e serenidade para as almas". O Senhor fez uso daquela sua maneira de ser para aproximar à Igreja muitas pessoas.
Tinha uma queda pelo sacramento da reconciliação. Sempre falava dele nas suas catequeses. Perguntado por um repórter sobre qual tenha sido o momento mais feliz da sua vida, respondeu de imediato: "Toda vez que eu recebo o perdão de Deus na Confissão".
Era também um homem agradecido. Uma das palavras que mais saía da sua boca eram "obrigado" e "graças a Deus". As repetia muito, muitíssimas vezes por dia.
Não faltava em seu caráter um permanente espírito de serviço. Nos anos de sua juventude, ia com frequência às periferias de Madrid para dar catequese e fornecer ajuda material aos necessitados. E essa mesma atitude manteve por toda a vida.
Seguindo os passos de São José Maria, promoveu em todo o mundo muitas iniciativas em favor dos mais necessitados, como o hospital Monkole no Congo ou a Escola Pedreira em uma favela brasileira. Difundir essa responsabilidade entre os empresários, industriais e, em geral, entre homens e mulheres que possuíam os meios econômicos. Considerava estas iniciativas sociais e educacionais como um dever, derivado da justiça e da caridade que devem nortear a vida cristã, e de um amor sincero a todos.
Włodzimierz Redzioch: A Igreja procede com as beatificações e as canonizações para propor aos fieis modelos para serem imitados. Quais eram as principais características da santidade de mons. Álvaro para serem imitadas hoje?
Mons. Echevarría: É difícil sintetizá-las, mas aponto pelo menos três aspectos que sempre me tocam: a sua fidelidade, a sua humildade e o seu sorriso.
Foi um exemplo de fidelidade à Igreja, aos Papas com os quais esteve em contato (de Pio XII a João Paulo II), fidelidade à sua vocação e, portanto, fidelidade ao fundador do Opus Dei. No seu trabalho pastoral em diferentes continentes falava também de fidelidade como uma virtude criativa, que exige uma renovação diária, através de muitos pequenos atos de amor. Acho que seja um exemplo importante para uma época em que estão em crise alguns valores fundamentais para a estabilidade das relações familiares e sociais. Também gosto de debruçar-me sobre a sua humildade: Mons. Del Portillo – dizem todos aqueles que trabalharam com ele no Concílio Vaticano II - nunca tentava impor-se ou suas opiniões. Apesar de suas grandes qualidades humanas e intelectuais, escolheu viver as suas funções de uma forma sempre discreta, no Opus Dei para ajudar São José Maria a cumprir a sua missão, e todos os outros, na Igreja, pensando apenas na glória de Deus e nas almas.
Em 1975, foi chamado para suceder o fundador, e o seu programa de governo tinha apenas um objetivo: manter a continuidade. Com sincera humildade, declarava que não queria nada mais do que ser na terra da sombra da presença de são José Maria. Desta forma também seguia um conselho recebido em 1976 pelo beato Papa Paulo VI, que lhe disse para sempre pensar em como agiria o fundador.
Finalmente, parece-me que também o seu sorriso permanente, visível a todos, esconda uma característica marcante de sua caminhada cristã: sempre pensar nos outros e esquecer de si mesmo. Esta atitude fez dele um homem feliz, e um semeador de paz e de alegria.
Włodzimierz Redzioch: Qual foi o milagre por intercessão de mons. Álvaro que permitiu chegar à beatificação?
Mons. Echevarría: O milagre aprovado pelo Papa Francisco é sobre cura completa de um recém-nascido no Chile, José Ignacio Ureta Wilson, em agosto de 2003. Depois de sofrer uma parada cardíaca de 30 minutos e uma hemorragia maciça, não só continuou a viver, mas se recuperou completamente, sem nenhum dano neurológico. Os seus pais rezaram com muita fé por intercessão de Mons. Del Portillo e quando os médicos pensaram que José Ignacio estava morto, sem nenhum tratamento, seu coração começou a bater. A criança hoje, 11 anos depois, leva uma vida de absoluta normalidade.
Włodzimierz Redzioch: São Jose Maria Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei, já foi beatificado e canonizado. Agora é beatificado o seu primeiro sucessor na direção da Obra (1974-1995). Isso significa que o carisma do Opus Dei ajuda à santificação pessoal?
Mons. Echevarría: A mensagem do Opus Dei é justamente aquela da chamada universal à santidade. Neste sentido, a beatificação de Dom Álvaro nos recorda que todos nós podemos nos tornar santos nas circunstâncias normais de trabalho, nas relações familiares, na amizade, como pregou São Jose Maria. Peço a Deus que a Prelazia do Opus Dei possa sempre continuar a lembrar a tantas pessoas desta realidade e possa acompanhar milhões de pessoas na busca de Deus no trabalho e na vida diária.
Włodzimierz Redzioch: João Paulo II teve um papel importante na história do Opus Dei. Em primeiro lugar, erigiu a Obra como "prelatura pessoal". Mais tarde, beatificou Jose Maria Escrivá de Balaguer (17 Maio 1992) e o canonizou (06 de outubro de 2002). Mas nem todo mundo sabe que Karol Wojtyła, primeiro, e João Paulo II, depois, mantinha contatos pessoais com os membros do Opus Dei, incluindo D. Álvaro del Portillo. O que você poderia nos dizer sobre a relação entre essas duas pessoas?
Mons. Echevarría: São João Paulo II e o venerável Álvaro del Portillo tinham se conhecido durante o Concílio Vaticano II. Depois da eleição do cardeal Karol Wojtyla para Vigário de Cristo, estiveram unidos profundamente, começando pela grande, sólida confiança filial do prelado do Opus Dei.
Creio que sintonizaram rapidamente porque eram dois padres, dois bispos, apaixonados pela Igreja e com um grande amor pelas almas. Mons. Álvaro del Portillo admirava muito a generosidade e a doação do Santo Papa e procurou realizar fielmente todas as iniciativas de evangelização propostas pelo Papa João Paulo II. Talvez seja por essa razão que o então Pontífice encorajou a vários pastores a buscar apoio espiritual em Mons. Del Portillo.
Aquele contato filial, de colaboração, era frequente e durou até o último dia. Me parece que comprova isso o fato de que, no dia antes de morrer, escrevesse um cartão postal à Terra Santa, no qual, por meio do secretário pessoal de João Paulo II, manifestava ao Papa "o nosso desejo de ser fideles usque ad mortem (fieis até a morte) no serviço à Santa Sé e ao Santo Padre". Não posso deixar de mencionar um outro momento: João Paulo II, com a morte de Mons. Del Portillo, decidiu ir para rezar diante dos seus restos mortais, na Igreja prelatícia de Santa Maria della Pace. Foi para mim um momento de graça e de conforto espiritual. Entre ele havia uma grande harmonia espiritual.
Esta entrevista será publicada em Inglês na próxima edição da revista "Inside the Vatican" e em polonês no semanário católico "Niedzela" (n. 40/2014)
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Para o mês missionário esta reflexão: o mundo terrível do tráfico de pessoas
Pontifícias Obras Missionárias lança campanha missionária 2014 com o mesmo tema da Campanha da Fraternidade: o tráfico de pessoas.
Por Redacao
BRASíLIA, 26 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O mês de outubro já se aproxima e toda a Igreja se prepara para impulsar as obras missionárias. No penúltimo domingo, 18 e 19, dia Mundial das Missões, organiza-se especialmente uma coleta para sustentar atividades de promoção humana e evangelização em todo o mundo.
Como em todos os anos as Pontifícias Obras Missionárias do Brasil (POM), com a colaboração de algumas comissões da CNBB, criou dessa vez uma campanha missionária com a mesma temática da Campanha da Fraternidade: a realidade do tráfico humano.
Por meio de uma série de materiais – cartazes, DVD, livro de novenas... –, que podem ser baixados gratuitamente pelo site da mesma instituição, busca-se conscientizar todos os fieis desse perigo tão real e que é "uma chaga da humanidade contemporânea", conforme definição do Papa Francisco.
De todos os matérias, destacam-se os vídeos preparados para cada dia da novena. Neles há testemunhos de missionários e de vítimas, e o exemplo de como a Igreja no Brasil enfrenta na prática a questão, diariamente, nos diversos rincões do país.
Pe. Camilo Pauletti, diretor das pontifícias obras missionárias – POM, abre o primeiro vídeo da novena dizendo: "Outubro é conhecido com o mês missionário, tempo para rezar, refletir e tomarmos consciência de que a nossa igreja existe para evangelizar".
Segundo a Organização Internacional do trabalho as vítimas do tráfico humano somam 21 milhões e o crime se expressa no trabalho escravo, na exploração sexual, no tráfico de órgãos, e adoção ilegal. É também a terceira atividade criminosa mais rentável do mundo, atrás apenas do tráfico de armas e do tráfico de drogas e movimenta mais de 32 bilhões de dólares por ano.
Em um dos testemunhos de missionários que aparece nos vídeos está o da religiosa que em 2013 recebeu do parlamento europeu o prêmio cidadão europeu, destinado às pessoas que desenvolvem trabalho pelas causas humanitárias, a Ir. Eugênia Bonetti, missionária da Consolata.
"Em Turin, no norte da Itália, - relata Ir. Eugenia - eu conheci o mundo das noites e o mundo das ruas porque eu conheci alguém especial, a primeira mulher africana que veio até o meu escritório pedir ajuda. Ela chorava muito e suplicava. 'Irmã, me ajude, me ajude'. O nome dessa mulher era Maria. E o encontro com Maria mudou minha vida. Ela se tornou minha professa, minha catequista. Ela me fez entender o mundo terrível do tráfico de pessoas. E daí em diante eu fui procurando enxergar o que estava acontecendo, não só na África, mas no mundo. Nós realmente podemos fazer um mundo sem escravidão, um mundo onde todos são reconhecidos como seres humanos, criados como imagem de Deus e não para serem escravos".
Para baixar os materiais e ter acesso aos vídeos, clique aqui
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O papa aos focolares: contemplar, sair e fazer escola
O Santo Padre recebe os participantes da assembleia geral do movimento e lhes dá diretrizes para prosseguirem no caminho da evangelização
Por Rocio Lancho García
CIDADE DO VATICANO, 26 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O papa Francisco felicitou Maria Voce, presidente reeleita dos focolares, bem como os seus colaboradores, pelo "trabalho frutífero a serviço do movimento, que cresceu e se enriqueceu com novas obras e atividades". Francisco recebeu os participantes da assembleia geral dos focolares hoje de manhã. A assembleia acontece em Castel Gandolfo desde o dia 1º de setembro e reúne 500 pessoas de 137 países.
O papa dedicou algumas palavras a Chiara Lubich, fundadora do movimento, "que, em sua fecunda existência, levou o perfume de Jesus a tantas realidades humanas e a tantas partes do mundo".
"Fiel ao carisma em que nasceu e do qual se alimenta, o movimento dos focolares se encontra hoje diante da mesma tarefa de toda a Igreja: oferecer, com responsabilidade e criatividade, a sua contribuição peculiar para esta nova estação da evangelização".
Neste contexto, o Santo Padre indicou três diretrizes para os membros do movimento e para quem compartilha dos seus ideais: "contemplar, sair, fazer escola".
Contemplar, disse o papa, também significa viver em companhia dos irmãos e irmãs, compartilhar com eles o pão da comunhão e da fraternidade, cruzar com eles a porta que nos leva ao Pai, porque "a contemplação que deixa os outros de fora é um engano". Ele recordou que "é necessário engrandecer a própria interioridade à medida de Jesus e do dom do seu Espírito, fazer da contemplação a condição indispensável para uma presença solidária e uma ação eficaz, verdadeiramente livre e pura".
Por esta razão, o papa os encorajou a "permanecer fiéis a este ideal de contemplação, a perseverar na busca da união com Deus e no amor pelos irmãos e irmãs, a partir das riquezas da Palavra de Deus e da tradição da Igreja, neste desejo de comunhão e de unidade que o Espírito Santo suscitou em nosso tempo".
A segunda diretriz do pontífice é "sair". Sair como Jesus saiu do seio do Pai para anunciar a palavra do amor a todos, até se doar no lenho da cruz. Para isto, "é necessário ser especialistas nessa arte do diálogo, que não se aprende facilmente".
A propósito, o Santo Padre avisou que "não podemos nos contentar com medidas medíocres, não podemos parar; com a ajuda de Deus, temos que apontar para o mais o alto e ampliar o nosso olhar!".
Francisco observou que "machuca o coração quando vemos que, diante de uma Igreja, de uma humanidade tão ferida, com tantas feridas, feridas morais, feridas existenciais, feridas de guerra, os cristãos começam a fazer bizantinismos filosóficos, teológicos, espirituais... Isso não é bom. Hoje nós não temos direito à reflexão bizantinista. Temos que sair! Porque, como já disse outras vezes, a Igreja é parecida com um hospital de campanha: e quando se vai a um hospital de campanha, o primeiro trabalho é curar as feridas, não é fazer o teste do colesterol... Isso vem depois... Ficou claro?", perguntou o papa.
"Fazer escola" foi a terceira ideia desenvolvida pelo Santo Padre durante o seu discurso. É necessário formar, como exige o evangelho, "homens e mulheres novos; para isto, é necessária uma escola de humanidade na medida da humanidade de Jesus. Sem uma obra de formação adequada das novas gerações, é uma ilusão pensar em realizar um projeto sério e duradouro a serviço de uma nova humanidade".
Para finalizar, o Santo Padre desejou aos presentes que esta assembleia "traga frutos abundantes" e lhes agradeceu pelo "compromisso generoso".
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Falece mais um religioso espanhol por causa do ebola
O irmão Manuel Garcia Viejo, da Ordem de São João de Deus, era missionário em Serra Leoa
Por Redacao
MADRI, 26 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O irmão Manuel Garcia Viejo, da Ordem Hospitaleira de São João de Deus (OHSJD), faleceu em Madri nesta quinta-feira à tarde. O irmão, de 69 anos e nacionalidade espanhola, era diretor médico do Hospital São João de Deus de Lunsar, em Serra Leoa, e tinha contraído o vírus do ebola.
Garcia Viejo era médico especialista em medicina tropical e pertencia à OHSJD havia 52 anos, tendo trabalhado durante os últimos trinta na África. Era diretor médico do Hospital São João de Deus em Lunsar desde 2002. Ao conhecer os resultados positivos do exame de ebola e manifestar o desejo de regressar à Espanha, o religioso foi repatriado e internado no hospital Carlos III, em Madri.
A perda do irmão Manuel se une à também recente perda de outro irmão da Ordem, Miguel Pajares, o primeiro doente de ebola repatriado à Europa. Ele faleceu em 12 de agosto, cinco dias depois de chegar a Madri.
Anastasio Gil García, diretor nacional das OMP na Espanha, manifestou os pêsames de toda a família missionária e "se une à dor e às preces da família de sangue e da família religiosa do irmão Manuel. Sentimos a sua morte como a sentem os missionários ao ver a partida de um dos seus. Porém, nestes momentos de dor, renasce neles a esperança e a fidelidade para continuar onde estão os irmãos aos quais servem. Seu testemunho de vida continua sendo um necessário ponto de referência".
Por sua vez, a Ordem de São João de Deus, através de comunicado, "envia todo o seu apoio à família do irmão Manuel Garcia Viejo nestes difíceis momentos" e agradece "por todas as mostras de apoio que recebemos nestes dias".
A notícia da morte do irmão Manuel chega um dia depois de o santo padre Francisco lançar mais um apelo na audiência geral para que se encare com firmeza a epidemia de ebola. O papa dedicou uma mensagem aos países da África que mais estão sofrendo: "Convido a rezar por eles e pelos que perderam tragicamente a vida. Desejo que não falte a ajuda da comunidade internacional para aliviar os sofrimentos desses nossos irmãos e irmãs".
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O Papa substitui um administrador apostólico no Paraguai
O Santo Padre pede que o clero e os fiéis de Cidade do Leste acolham a decisão com espírito de obediência
Por Sergio Mora
ROMA, 25 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O novo administrador apostólico da diocese e dos seminários de Cidade do Leste, no Paraguai, é dom Ricardo Jorge Valenzuela Ríos, bispo de Villarrica del Espíritu Santo, que substitui dom Rogelio Ricardo Livieres Plano. A decisão foi tomada pelo papa Francisco após análise da documentação que ele recebeu da Congregação para os Bispos e da Congregação para o Clero, dois meses depois da visita apostólica do cardeal Santos Abril y Castelló e do bispo auxiliar de Montevidéu, dom Milton Tróccoli, à diocese de Cidade do Leste.
O papa Francisco pede que "o clero e todo o Povo de Deus em Cidade do Leste acolham a decisão da Santa Sé com espírito de obediência" e convida "toda a Igreja do Paraguai, guiada pelos seus pastores, a um sério processo de reconciliação".
Entre os motivos da substituição do bispo, segundo os meios de comunicação paraguaios, estão o fato de que os sacerdotes do Seminário Interdiocesano são ordenados com quatro anos de estudo, em vez de seis, e a proteção dada pelo bispo ao mons. Carlos Urrutigoity, denunciado por diversos casos de abusos contra menores de idade. Haveria ainda uma desavença com dom Pastor Cuquejo, a quem dom Rogelio chamou de "homossexual" e se recusou a pedir desculpas. Por outro lado, muitos fiéis da diocese o defendem, considerando as acusações inverídicas.
A decisão do Santo Padre foi publicada nesta quinta-feira em comunicado emitido pela Sala de Imprensa da Santa Sé:
Sobre a sucessão do bispo de Cidade do Leste, Paraguai, S.E. Dom Rogelio Ricardo Livieres Plano
Depois de um cuidadoso exame das conclusões das visitas apostólicas efetuadas pela Congregação para os Bispos e pela Congregação para o Clero ao bispo, à diocese e aos seminários de Cidade do Leste, o Santo Padre decidiu substituir S.E. Dom Rogelio Ricardo Livieres Plano nomeando como Administrador Apostólico da mesma diocese, agora vacante, S.E. Dom Ricardo Jorge Valenzuela Ríos, bispo de Villarrica del Espíritu Santo.
A decisão da Santa Sé, determinada por sérias razões pastorais, obedece ao bem maior da unidade da Igreja em Cidade do Leste e da comunhão episcopal no Paraguai. O Santo Padre, no exercício do seu ministério de "fundamento perpétuo e visível de unidade dos Bispos e da multidão dos fiéis" (LG 23), pede ao clero e a todo o Povo de Deus em Cidade do Leste que acolha a decisão da Santa Sé com espírito de obediência, docilidade e sem desavenças, guiado pela fé. Por outro lado, toda a Igreja do Paraguai, guiada pelos seus pastores, é convidada a um sério processo de reconciliação e de superação de todo sectarismo e discórdia, para não ferir o rosto da única Igreja, "adquirido com o sangue do seu Filho", e para que o rebanho de Cristo não se veja privado da alegria do Evangelho.
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Card. Damasceno: "Casamento não é loteria, é chamado de Deus"
Coletiva de Imprensa na CNBB: Papa Francisco institui o próximo domingo como Dia de Oração pelo Sínodo.
Por Thácio Siqueira
BRASíLIA, 25 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O Papa Francisco convocou a 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos que será realizada no Vaticano do 5 ao 19 de Outubro desse ano, em vista da 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo a ser realizada em outubro do próximo ano. Um Sínodo em duas partes.
Trata-se de um sínodo "em duas etapas: devido à complexidade do tema", afirmou hoje o Cardeal Dom Raymundo Damasceno, em coletiva de imprensa promovida na sede da CNBB.
O tema proposto para a Assembleia desse ano é: "Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização". O objetivo principal é o de aprofundar o texto do Instrumento de Trabalho, elaborado em base às respostas ao questionário enviado a toda a Igreja Universal no ano passado.
Perguntado por ZENIT sobre quais novidades a Igreja no Brasil levaria para a Assembleia, dom Raymundo disse que os padres sinodais vão se ater estritamente ao que já está no instrumentum laboris, que essencialmente propõe três pontos: 1- Evangelho da família, entre desígnio de Deus e vocação da pessoa em Cristo; 2- Propostas de Pastoral Familiar, desafios e a abertura à vida e; 3- Responsabilidade educacional dos pais.
"Muitos dos nossos fieis fracassam na 1ª União e não podemos encontrar uma solução genérica para todo mundo, mas é importante tratar cada caso em particular", disse o cardeal destacando também a necessidade de uma formação matrimonial mais adequada. "Assim como há uma preparação para o sacerdócio, deveria haver uma preparação para o matrimônio", porque "casamento não é loteria, é chamado de Deus", afirmou.
Três cardeais foram escolhidos pelo Pontífice como presidentes delegados do Sínodo, entre eles está Dom Raymundo Damasceno, presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida. Os outros dois são o cardeal de París, André Armand Vingt-Trois, e o cardeal de Manila, Luis Antonio Tagle. Os três coordenarão os trabalhos na ausência do Papa Francisco.
O Papa Francisco – disse, por fim, o presidente da CNBB – instituiu o próximo domingo, 28 de Outubro, como Dia de Oração pelo Sínodo dos Bispos. Dioceses, paróquias, comunidades, institutos, movimentos, pastorais e associações são convidados a rezar pelo sucesso da Assembleia sinodal. Orienta-se que a oração aconteça nas celebrações eucarísticas e em outros momentos celebrativos, podendo-se também acrescentar outra intenção. Além do mais – acrescentou – convida-se a rezar o terço diariamente por esta intenção. "Em Roma será recitado todos os dias o rosário na capela da Salus Populi Romani", afirmou Dom Raymundo, pela intenção do Sínodo.
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Coro da Capela Sistina entusiasma na China
Pela primeira vez em Macau, Hong Kong e Taipé e se prepara para uma futura viagem à China continental
Por Redacao
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O coro da Capela Sistina atuou pela primeira vez em Macau, Hong Kong e Taipé. Os concertos nasceram por iniciativa do Instituto para a Promoção da Cultura Chinesa de Hong Kong, com a colaboração do Coro Perosi da diocese de Macau e da Taipei Philarmonic Foudation, com a finalidade de promover o intercâmbio cultural através da arte da música, compartilhando as ricas tradições musicais do Oriente e Ocidente e construindo, com estes, novos canais de comunicação e de comunhão.
"Melodias celestiais na Grande China", é o título eleito para esta série de concertos. A música interpretada é a de compositores como Giovanni Pierluigi da Palestrina, Orlando di Lasso, Gregorio Allegri e Lorenzo Perosi, que historicamente pertencem ao repertório das celebrações do Papa.
Os concertos aconteceram na passada sexta-feira, 19 de setembro, na Catedral de Macau, no domingo 21, no Centro Cultural de Hong Kong, e no dia 23 em Taipé, no National Concert Hall. O coro estava composto por pouco mais de 40 pessoas, das quais 24 vozes brancas. Em Macau, sabendo do grande número de pessoas que queriam participar, colocaram telões fora da catedral para aqueles que não puderam entrar. No aeroporto de Taipei foram acolhidos com uma recepção especial.
Além disso, no dia 21 o Coro da Capela Sistina, por sugestão do Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, acompanhou a liturgia dominical da celebração eucarística, presidida pelo cardeal John Tong Hon, na Catedral da Imaculada Conceição, em Hong Kong.
Os concertos foram muito bem recebidos e despertaram grande entusiasmo, indicou a mídia local. "Percebe-se que para eles foi um acontecimento verdadeiramente extraordinário" e até "tiravam fotos do pôster do Papa com o Coro", disse uma pessoa que participou do evento.
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Ortodoxos e católicos unidos pelo martírio
A Comissão Mista Internacional para o diálogo teológico entre as Igrejas Católica e Ortodoxa conclui a sua sessão plenária e pede proteção para os perseguidos no Oriente Médio
Por Redacao
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - A Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa completou a sua décima terceira sessão plenária, em Amã, na Jordânia. A reunião aconteceu do 15 ao 23 de setembro, por convite do Patriarca greco-ortodoxo de Jerusalém, Sua Beatitude Teófilo III e foi dedicada aos cristãos perseguidos no Oriente Médio e ao rascunho do documento intitulado "Sinodalidade e Primado".
No sábado, 20 de setembro, os membros católicos celebraram a Eucaristia na paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, presidida pelo Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos. Durante a homilia --se indica em uma nota da Rádio Vaticano-- o cardeal disse que "os cristãos já estão unidos em muitos aspectos e, especialmente, no martírio de nossos irmãos e irmãs pertencentes a diversas Igrejas e comunhões eclesiais".
Enquanto isso, o príncipe da Jordânia, Ghazi, levou, na segunda-feira, 22, a sua saudação do Rei Abdullah al-Hussein e expressou seu interesse pessoal pelo progresso do diálogo, salientando que qualquer diálogo espiritual, intelectual ou teológico não pode ser interrompido por uma crise.
O membros da Comissão "levantaram suas vozes para expressar profunda preocupação e solidariedade com os cristãos e membros de outras religiões nesta região são perseguidos, obrigados a fugir e mortos". Também rejeitaram com firmeza absoluta a idéia de que "tais crimes hediondos possam ser justificados em nome de Deus ou da religião". E assim, "oraram com força para que estes irmãos e irmãs, expressando profunda gratidão a todos os comprometidos em ajudar os milhões de refugiados e deslocados".
Da mesma forma, a Comissão implora que a comunidade internacional "adote as medidas mais adequadas para intervir e proteger os que são perseguidos e garantir a presença constante e vital do cristianismo no Oriente Médio". Também aproveitaram a oportunidade para renovar o seu apelo à libertação dos metropolitas de Aleppo, Mar Gregorios Yohanna Ibrahim e Boulos Yazigi, os sacerdotes, religiosos e todos aqueles que foram seqüestrados.
Para sublinhar o sentido de solidariedade para com as pessoas que sofrem nesta região, os dois co-presidentes da Comissão, o cardeal Kurt Koch e o metropolita João de Pergamon, visitaram um centro para refugiados em Amã, onde puderam experimentar em primeira mão as necessidades urgentes dos refugiados.
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O que é a Gendarmaria Vaticana?
A força policial que prendeu o ex-núncio acusado de abusos, celebra a sua festa nesta sexta-feira, dia de São Miguel Arcanjo
Por Sergio Mora
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - No Estado-Cidade do Vaticano existem dois corpos armados, um é a Guarda Suíça, famosa pelos seus uniformes coloridos, o outro é a Gendarmaria Vaticana que usa o clássico quepe azul.
O corpo da polícia do Vaticano, a Gendarmaria, nasceu em 1816 por vontade de Pio VII, após o Congresso de Viena, com o nome de Corpo da polícia papal. Desde o retorno de Pio VII do seu exílio em Gaeta, tomou o nome de Gendarmaria Pontifícia, corpo composto hoje por cerca de 150 policiais, dos qual faz parte desde 2008 a Interpol.
Não muito tempo atrás, quando perguntaram ao comandante, Domenico Giani, se os policiais são anjos da guarda do Papa, respondeu: "Não, porque os anjos são uma realidade celeste, nós, os policiais, operamos aqui na terra, com a juda do nosso protetor, São Miguel Arcanjo".
No dia 26 de setembro é a festa da Gendarmaria. O Papa Francisco se programou para celebrar a missa com eles nesta festividade. Para saber mais sobre o que é a Gendarmaria Vaticana, Zenit entrevistou um oficial do Corpo que nos narrou alguns detalhes e que agora compartilhamos com os nossos leitores.
ZENIT: Com se entra na Gendarmaria do Vaticano?
- Em primeiro lugar é preciso ter amor pela Igreja e pelo Papa. Depois, como em todos os corpos policiais, é necessário realizar uma seleção e um concurso. Pode ser um trabalho duro que, entretanto, pode dar também grande satisfação.
ZENIT: Vocês têm alguma espiritualidade particular?
- Temos um capelão que nos acompanha espiritualmente, e está sempre disponível para todos. Celebra a Missa, se encarrega dos exercícios espirituais que fazemos todos os anos, e é uma figura de referência para todos nós.
ZENIT: Que relações têm ou como trabalham com a polícia italiana?
- Na Praça de São Pedro, que é sobre todos os aspectos território do Vaticano, quando o Papa não está presente, está sob a jurisdição da polícia italiana. Portanto, se nesse momento há um batedor de carteiras que rouba, intervém a polícia italiana. Mas, se o Papa está presente, a polícia italiana se retira para as extremidades e intervém a Gendarmaria e os Guardas Suíços, como previsto no Tratado de Latrão.
ZENIT: E nas viagens na Itália e no exterior?
- Nas viagens à Itália, nós cooperamos com a Inspecção da Segurança Pública do Vaticano, uma divisão da Polícia italiana, que tem base a poucos passos do Vaticano. E no exterior, cooperaramos com a polícia do país que nos hospeda. Em viagens fora da Itália, estão presentes também dois representantes da Guarda Suíça.
ZENIT: Qual é a diferença entre a Gendarmaria e a Guarda Suíça?
- Ambos trabalham juntos para proteger o Pontífice. Eles têm o serviço de segurança do Palácio Apostólico, onde nós não temos competência. A menos que ocorra um delito, digamos, um roubo, então sim, em quanto polícia judicial. Eles também fazem um primeiro filtro nas entradas da Cidade do Vaticano, além da parte representativa. Nós, pelo contrário, somo a polícia de segurança, judicial, de controle, de fronteira.
ZENIT: Entende-se que no Vaticano não acontecem graves crimes.
- Na verdade pode acontecer, como foi no caso do mordomo de Bento XVI, que foi preso e as investigações foram realizadas por nós. Ou em casos da vida diária, como um roubo no supermercado. Com os turistas raramente existem problemas, mais com os ladrões de carteiras que entram na Basílica de São Pedro, ou nos Museus do Vaticano. Não se esqueça que, diariamente, na Basílica, entram cerca de 11 mil pessoas e no Museu cerca de 18 mil, um terreno fértil para os ladrões. Em contraste, na Cidade do Vaticano tudo é muito tranquilo.
ZENIT: A celas foram inauguradas pelo mordomo?
- Foram usadas há algum tempo atrás, mas, certamente, quem esteve mais tempo lá foi ele.
ZENIT: Como é a relação com o Papa Francisco?
- O comandante Giani tem uma bela relação com o Papa. Trocam pontos de vista. Está muito próximo. O que o Papa quer chega diretamente a ele, em uma relação muito imediata. Fomos à missa em Santa Marta divididos por turnos. Depois, neste ano, o Papa celebrará para nós na sede do Governatorado, a missa, na festa de São Miguel Arcanjo.
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Bispos nigerianos exigem que o governo faça mais para deter o Boko Haram
Enquanto a Nigéria sangra e arde: um comunicado que reflete e desafia
Por Redacao
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Reproduzimos a seguir a declaração que a Conferência Episcopal da Nigéria lançou em 18 de setembro durante a sua assembléia plenária. A declaração aborda a violência perpetrada pelo grupo terrorista Boko Haram, que, em agosto, declarou o estabelecimento de um califado e vem progressivamente atacando partes do nordeste do país a partir da sua base no estado de Borno.
A declaração é assinada por dom Ignatius Ayau Kaigama, arcebispo de Jos e presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, e por dom William Avenya, de Gboko, secretário da mesma conferência.
* * *
Enquanto Nigéria sangra e arde
Nossa segunda Reunião Plenária Anual, na diocese de Warri, Estado do Delta, foi sacudida todos os dias por notícias aterradoras, vindas, em primeira mão, de Borno, Yobe, Adamawa, Taraba, Kano e Kaduna: elas relatavam a matança em massa de irmãos nigerianos; incêndios e saques de vilas inteiras, de igrejas e de casas paroquiais. Famílias e indivíduos são obrigados a procurar refúgio fora das suas casas e das suas terras invadidas.
Um dos nossos bispos, procedente dessas áreas de tragédia, teve de abandonar abruptamente a nossa reunião porque milhares de refugiados haviam afluído à sua catedral em busca de proteção e de alimentos. Infelizmente, a situação atual no nordeste da Nigéria é de mais assassinatos, incêndios e fuga de nigerianos indefesos, criando-se uma sensação de grande inquietação e de cerco em toda a nação.
Enquanto a Nigéria tragicamente sangra e arde, nós, bispos, nos declaramos realmente alarmados com as dimensões da destruição humana e material, com o esfacelamento da vida nas aldeias e nas comunidades e com o aumento dos níveis de ódio e de potencialidade de mais conflitos no país. Se os muçulmanos são alvos esporádicos desses ataques destrutivos, os cristãos, as igrejas e os não muçulmanos em geral são os principais alvos de extermínio, de expropriação e de expulsão por parte dos insurgentes do Boko Haram, autores de todas essas formas de destruição.
Acreditamos que ainda temos governo, em nível federal e estadual, cujo principal dever é preservar e proteger a vida de cada nigeriano, independentemente de tribo, religião, classe social ou tradição.
Em vista do grupo Boko Haram e de outras milícias criminosas que se armam para impunemente matar cidadãos inocentes e indefesos, o nosso governo tem a obrigação de fazer mais do que está fazendo hoje a fim de proteger as nossas vidas e defender a nossa nação. Tem a obrigação de fazer mais do que está fazendo hoje para combater e desarmar esses reais destruidores de nigerianos e da Nigéria. Tem a obrigação de fazer mais do que está fazendo hoje para evitar que segmentos da nossa nação sejam engolidos pela anarquia e pela destruição mútua. Tem a obrigação de levar os criminosos à justiça.
Alertamos toda comunidade nigeriana, em seus níveis locais e estaduais, para ficar alerta ao grave perigo que ameaça a nós todos e a nossa nação, perigos vindos de dentro e de fora dela. Não está em questão quem será presidente, governador ou senador depois das eleições gerais de 2015. O que está em questão é a vida e a segurança de cada um de nós, que ama a sua vida e se preocupa de verdade com o nosso convívio pacífico e nobre como nigerianos.
Lançamos um apelo, portanto, para que todos nós apoiemos e encorajemos cada esforço positivo do governo atual voltado a proteger os nigerianos e defender a integridade e a unidade da Nigéria. Tomemos as medidas legais locais para evitar a destruição dos nossos irmãos nigerianos e para repelir os destruidores da Nigéria.
Ordenamos que o nosso escritório da Caritas forneça imediatamente os fundos de socorro a todas as pessoas afetadas, conforme as nossas capacidades.
Instamos o governo e todos os nigerianos que tenham recursos para que ajudem, na caridade e na solidariedade, os nossos irmãos e irmãs desabrigados, onde quer que eles estejam, preservando, assim, a nossa dignidade humana concedida por Deus.
De acordo com a nossa vocação de líderes religiosos, nós, bispos da Nigéria, decidimos também organizar uma noite nacional de oração, de 13 a 14 de novembro de 2014, em Abuja.
Os momentos atuais são críticos para o nosso país. Todo aquele que está em posição de autoridade deve fazer o máximo possível para salvar o nosso amado país, a Nigéria.
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O cardeal Muller recebe o superior dos lefebvrianos
Encontro durou duas horas e determinou a gradual superação das controvérsias a fim de permitir a volta da plena comunhão do grupo com a Igreja
Por Rocio Lancho García
CIDADE DO VATICANO, 23 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O cardeal prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard L. Müller, se reuniu nesta manhã, durante duas horas, com dom Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, grupo tradicionalista fundado por dom Lefebvre.
Participaram do encontro dom Luis Ladaria, SJ, secretário da mesma Congregação, dom Agostino Di Noia, OP, secretário adjunto, e dom Guido Pozzo, secretário da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, além dos assistentes da Fraternidade Nikolas Pfluger e Alain-Marc Nély. A comissão Ecclesia Dei foi criada em 1988 por João Paulo II precisamente para favorecer o regresso à Igreja católica de todos os indivíduos unidos à comunidade "lefebvriana".
O porta-voz do Vaticano, pe. Federico Lombardi, informa que "durante o encontro foram examinado alguns problemas de tipo doutrinal e canônico e determinou-se proceder gradualmente e dentro de um tempo razoável para superar as dificuldades e alcançar a desejada reconciliação plena".
"Depois de um longo período sem encontros", disse Lombardi, "o de hoje marcou a retomada do contato de forma serena, mostrando a boa intenção de se continuar em perspectiva positiva".
O encontro de hoje foi o primeiro desde a nomeação do cardeal Müller como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Em 21 de janeiro de 2009, mediante decreto pontifício, a Santa Sé levantou a excomunhão imposta aos quatro bispos lefebvrianos que tinham sido consagrados validamente, mas não legitimamente, já que a sua ordenação desobedecia à proibição da Santa Sé.
"Uma ordenação episcopal sem o mandado pontifício significa o perigo de um cisma, por questionar a unidade do colégio episcopal com o papa. Assim, a Igreja deve reagir com a sanção mais dura, a excomunhão, com o fim de chamar as pessoas sancionadas ao arrependimento e à volta à unidade", escreveu Bento XVI, em 12 de março de 2009, na carta aos bispos da Igreja católica.
Na mesma carta, Bento XVI explicou que, "até que as questões relativas à doutrina sejam esclarecidas, a Fraternidade não tem nenhum estado canônico na Igreja, e, embora tenham sido liberados da sanção eclesiástica, os seus ministros não exercem legitimamente ministério algum na Igreja".
Em julho de 2011, em um de seus últimos atos no cargo, o predecessor do atual prefeito, cardeal Levada, entregou ao superior da Fraternidade um texto com um Preâmbulo Doutrinal preparado pela Congregação e aprovado pelo papa Bento XVI. O texto, necessário para a continuidade do processo que levaria a Fraternidade à regularização da sua posição no seio da Igreja católica, não foi assinado por dom Fellay.
Em setembro de 2011, um comunicado assinado pelo secretário geral da Fraternidade, Christian Thouvenot, explicava que o documento não tinha sido assinado porque era "claramente inaceitável".
O último episódio oficial de encontro entre representantes da Fraternidade e representantes da Igreja católica ocorreu alguns meses atrás, ao término de um jantar na Casa Santa Marta. Foi uma breve saudação entre dom Fellay e o papa Francisco.
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O que Karl Rahner pensava da literatura e do livro religioso
Os insights do grande teólogo e jesuíta alemão condensados por Antonio Spadaro em uma coleção de três ensaios intitulado "Literatura e Cristianismo"
Por Robert Cheaib
ROMA, 23 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O que torna um texto literário em um texto religioso? - Alguém poderia dizer que a resposta é óbvia. Mas Karl Rahner, teólogo de grande discernimento e sensibilidade, não era o tipo de homem que respondia com clichês e com a banal aparente evidência. Para ele, um texto literário é "religioso" na medida dupla na qual ele relaciona o homem a si mesmo e além de si mesmo.
Resumindo o pensamento de Rahner sobre as características de um bom texto religioso, Antonio Spadaro diz que "a literatura religiosa deve apelar para a real experiência do homem e deve trazê-lo de volta a si, não leva-lo "a bons pensamentos" ou a "bons sentimentos"; deve sempre perguntar-se: "Onde e como, no leitor, se encontra o que eu tenho a intenção de levar-lhe?".
Spadaro observa que a abordagem da literatura religiosa, de acordo com Rahner está bem longe de ser uma canalização nas estreitas vias da doutrinação ideológica-religiosa epidérmica e superficial. A literatura é uma experiência de iniciação à interioridade e à transcendência, ao mesmo tempo. Em suma, a obra é religiosa na medida em que estimule e "constitua" no leitor a experiência religiosa da transcendência.
Diante deste critério, necessariamente muda a divisão entre livro religioso ou não. Muitos livros etiquetados religiosos estão longe desta iniciação e desta urgência de interioridade e transcendência. Por outro lado, muitos livros não-religiosos, que talvez não mencionem nada sobre "Deus", sejam verdadeiras mistagogias.
Muitas são as intuições – na verdade, as provocações – de Rahner condensadas por Spadaro em uma coleção de três ensaios intitulado "Letteratura e cristianesimo" (Literatura e cristianismo) precedidos por um denso "convite à leitura". Recolhemos dois.
Chega de cosméticos
A nossa época tem feito grandes progressos (não é uma nota necessariamente positiva) na arte dos cosméticos, ou seja, na alteração da aparência e da exterioridade. Não é minha intenção lançar-me nas areias movediças de uma reflexão teológica sobre a cirurgia plástica. Falo do caso para trazer à tona uma advertência de Rahner sobre um perigo análogo que poderia afetar a apresentação e a representação do proprium cristão. Há, de fato, o perigo de "apresentar o conteúdo da fé de forma ideologicamente transportada, apelando ao fato de que ele é "revelado" e aproximando-o do homem, portanto, "externamente".
Em face dessa tentação, Rahner recorda que a revelação "é justamente a destruição da aparência ideológica, atrás da qual se esconde o homem e sufoca a realidade de Deus e a sua própria."
Em outras palavras, a carga religiosa da literatura não deve ser medida pela percentagem de palavras que vêm do jargão religioso, mas pela sua capacidade evocativa de um retorno a uma profundidade negligenciada.
Iniciação mistagógica
A literatura se torna cheia de significado religioso se puder despertar novamente no homem o desejo da autenticidade, da interioridade, se consegue abrir o seu ouvido à escuta de uma Palavra. Rahner evoca, neste caso, a experiência histórico-salvífica da graça no Espírito, antes da manifestação carnal.
Por outro lado, Rahner alarga os horizontes sonhando e esperando um futuro possível do livro religioso: "Não será, portanto, um mal se o livro religioso do futuro tenha como base as coisas aparentemente de primeiro plano e que constituem a vida real: a ação, o trabalho, o amor, a morte, e todas as pobres coisas que enchem a vida; se partirá da "incredulidade" cética que reside no coração e que teme as "ilusões", que a fé em aparência sofre. Se o livro religioso recalcar os aspectos ocultos das coisas "superficiais" que existem univocamente (e só assim será um verdadeiro livro religioso), terá que, por isso, começar do "superficial", que somente leva à verdadeira profundidade. Por isso, o liro do amanha terá que tomar cuidado para não se transformar muito rapidamente em "teologia especulativa". Além disso, a própria Escritura se desvia dos padrões especulativos e sistemáticos do livro religioso.
Assim, a esperança de Rahner é que a teologia se torme menos "científica" e menos prisioneira para a arte, e a literatura se torne mais religiosa, ou seja, capaz de colocar o homem de forma honesta e radical diante das questões últimas. A literatura, digna do nome, deve ser capaz de levar o mundo do homem à sua verdade, "tornando-o transparente, dirindo-se, assim, ao fator tipicamente humano subsistente no homem". Deve tornar-se - quase sem seu conhecimento e anonimamente, mas espontaneamente – uma preparatio evangelii que fale não só aos "cristãos anônimos", mas a um "mundo cristão anônimo".
A literatura, afinal de contas, é ela mesma se fala ao homem, e se, falando ao homem do homem, leva o homem ao limiar do sentido da sua própria humanidade.
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O Papa criou Comissão para a reforma do processo matrimonial canônico
Presidida por Mons. Pio Vito Pinto, decano da Rota Romana, o organismo terá que preparar uma proposta para simplificar os procedimentos do processo e garantir a indissolubilidade do matrimônio
Por Redacao
ROMA, 23 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O Papa Francisco instituiu no sábado passado, 20, uma Comissão especial de estudo para a reforma do processo matrimonial canônico. Os trabalhos do novo organismo – explicou uma nota da Santa de Imprensa vaticana – "começarão o mais rápido possível" e terão como objectivo "preparar uma proposta de reforma do processo matrimonial, procurando simplificar os procedimentos, tornando-a mais ágil e salvaguardando o princípio da indissolubilidade do casamento".
Presidida por Mons. Pio Vito Pinto, decano do Tribunal da Rota Romana, o novo organismo terá entre seus membros o cardeal Francesco Coccopalmerio, Presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Mons. Luis Francisco Ladaria Ferrer, SJ, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, Mons. Dimitrios Salachas, Exarca Apostólico para os católicos gregos de rito bizantino.
Serão membros da Comissão também os monsenhores Maurice Monier, Leo Xavier Michael Arokiaraj e Alejandro W. Bunge, prelados auditores do Tribunal da Rota Romana, bem como o padre Nikolaus Schöch, OFM, promotor de Justiça substituto do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica. Também padre Konštanc Miroslav Adam, O.P., reitor magnífico da Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino (Angelicum), padre Jorge Horta Espinoza, O.F.M., decano da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Antoniamum, e o prof. Paulo Moneta, ex professor de Direito Canônico na Universidade de Pisa.
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Visita do papa Francisco à Albânia: o depoimento de duas testemunhas da perseguição comunista
Na catedral, antes de rezar as vésperas, o Santo Padre abraça um sacerdote diocesano e uma freira estigmatina, ambos já idosos, sobreviventes do ódio contra a fé
Por Redacao
ROMA, 22 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Depois da visita à Universidade de Nossa Senhora do Bom Conselho, o Santo Padre se dirigiu à catedral de São Paulo, em Tirana, para celebrar as vésperas com os sacerdotes, religiosas, seminaristas e membros dos diversos movimentos leigos presentes na Albânia.
O arcebispo de Tirana, dom Rrok K. Mirdita, dedicou algumas palavras ao papa, depois das quais foram ouvidos o testemunho de um sacerdote e de uma religiosa, ambos idosos, que narraram a perseguição sofrida pelo regime comunista.
O padre Ernesto Simoni, sacerdote diocesano de 84 anos, se voltou aos ouvintes presentes e recordou que, com a chegada do partido comunista ao poder, começaram a ser presos e assassinados vários sacerdotes, que morreram clamando "Viva Cristo Rei!". Seus superiores diocesanos foram fuzilados, exemplificou.
Simoni acrescentou que, depois de 8 anos de sacerdócio, o governo o descobriu, prendeu e levou para uma cadeia em que os detentos viviam em situação desumana. Nesse presídio, ele era torturado e lhe diziam: "Você apanha porque anuncia Jesus Cristo", a quem queriam que ele renegasse. Quando estava prestes a morrer, o padre foi libertado.
O sacerdote lembrou também de quando, no cárcere, enviaram um falso preso para o fazer falar contra o comunismo e assim poder condená-lo. Ele passou dezoito anos preso. Na cela, tinha escrito: "Minha vida é Jesus". Algum tempo depois da prisão, teve que fazer trabalhos forçados. Depois da queda do comunismo e do retorno da liberdade religiosa, o padre Ernesto Simoni voltou a trabalhar como pároco. Até hoje, ele atende 118 povoados.
Maria Caleta, religiosa estigmatina, contou que o seu pároco ficou preso durante oito anos e, ao ser solto quando já estava morrendo, não encontrou mais a sua paróquia. Ela tinha simplesmente deixado de existir. Hoje, o pároco está em processo de canonização.
A irmã Maria tinha passado sete anos na congregação das estigmatinas, até que os comunistas fecharam a comunidade e dispersaram as religiosas. Junto com outras pessoas, ela tentou manter a fé. "Às vezes eu ficava em dúvida se não estavam me espionando, mas continuava transmitindo a fé mesmo assim", relatou.
Para ela também veio o tempo dos trabalhos forçados. Certo dia, na rua, uma mãe, pertencente a uma família comunista, lhe pediu que batizasse o seu filho. A irmã temia que fosse uma armadilha, mas pegou água na própria rua e batizou a criança. A freira falou ainda do desejo que sentia de ir à missa e receber os sacramentos, então proibidos. Hoje, declarou, quando pensa no passado, ela "se assombra por ter conseguido fazer o pouco que fez".
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Vaticano: começa a reforma dos meios de comunicação
O comitê responsável se reúne para estudar o relatório da Mc&Kinsey e dar os próximos passos
Por Sergio Mora
ROMA, 22 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O Comitê para a Reforma dos Meios de Comunicação do Vaticano se reúne pela primeira vez nesta segunda-feira, num encontro que vai até esta quarta, dia 24. Os membros estudarão como otimizar os meios de comunicação da Santa Sé e diminuir os seus custos, levando em consideração, ainda, as mudanças verificadas na comunicação ao longo dos últimos anos com as mídias digitais e as necessárias adaptações de estruturas.
Para realizar essa tarefa, o comitê contará com o assessoramento da consultoria Mc&Kinsey, que fez um estudo sobre as estruturas da Santa Sé no setor de comunicação. Isto "proporcionará à comissão os elementos úteis para repassar as oportunas recomendações ao Santo Padre", informava, em dezembro de 2013, um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.
O comunicado precisava: "Em 18 de dezembro, por iniciativa da pontifícia comissão de estudo e coordenação de assuntos econômicos e administrativos da Santa Sé, após um procedimento de seleção formal, foi confiada à Mc&Kinsey, em estreita colaboração com os responsáveis pelos setores vaticanos envolvidos, a tarefa de prestar assessoria para o desenvolvimento de um plano integral voltado a reorganizar os meios de comunicação da Santa Sé de maneira mais funcional, eficaz e moderna".
A McKinsey presta serviços a empresas dentre as maiores do mundo, bem como a governos e instituições em geral. Foi fundada em Chicago em 1926 e atualmente está presente em 90 países.
O comitê que se encarregará deste delicado trabalho é encabeçado pelo ex-presidente da BBC, Christopher Patten, e conta com seis especialistas de diversos idiomas. O segundo grupo é composto por jornalistas e especialistas do Vaticano, como o latino-americano dom Lucio Ruíz e o diretor do L'Osservatore Romano, Giovanni Maria Vian.
Como toda reforma desse tipo inclui corte de pessoal, prevê-se o desafio de combinar as exigências de redução de custos com o aspecto social das empresas de comunicação da Santa Sé. Se houver cortes, serão afetados especialmente os colaboradores externos.
Os meios de comunicação do Vaticano são vários. A Rádio Vaticano, que transmite diariamente em 40 idiomas, tem programas emitidos em onda curta que chegam a lugares onde não há sequer eletricidade ou telefone. Trabalham na emissora, em total, 335 pessoas, entre técnicos e jornalistas, mais os colaboradores externos.
O jornal L'Osservatore Romano, impresso na Cidade de Vaticano, conta com uma edição cotidiana em formato grande, em italiano, além de edições semanais em alemão, espanhol, francês, inglês, polonês e português, bem como um número mensal dedicado à mulher. Em total, trabalham na redação 45 jornalistas, além dos quais é preciso somar os colaboradores externos. Há cerca de 30 funcionários entre profissionais gráficos, técnicos, de arquivo e fotógrafos.
No Centro Televisivo Vaticano (CTV), que realiza e distribui vídeos para canais de televisão e agências várias, há cerca de 30 pessoas.
Na agência de notícias Fides, pertencente à Congregação para a Evangelização dos Povos e especializada em missionários e reportagens sobre as missões, trabalham 14 pessoas.
Há mais 6 profissionais dedicados ao site de notícias news.va, que agrega notícias de todos os meios de comunicação da Santa Sé em inglês, espanhol e italiano.
Na Assessoria de Imprensa da Santa Sé trabalham 22 pessoas, que se encarregam de todo o apoio logístico e do credenciamento de correspondentes.
Por fim, existem o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e a gestão das contas @pontifex no Twitter, pelas quais é responsável a Secretaria de Estado do Vaticano.
A tarefa de reestruturação de todos esses recursos de comunicação não é simples, considerando-se que são veículos em diversos idiomas e voltados a países diferentes, espalhados por todo o planeta.
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Análise
A visão cristã da política
A Igreja evidencia a submissão da política à ética. Quando isso não acontece, a política se transforma em ditadura e totalitarismo.
Por Vitaliano Mattioli
CRATO, 25 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Jesus com as famosas palavras: "Devolvei a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (MT 22, 21) pôs fim a um sistema de relação entre o Estado e a Religião (Cesaropapismo) ou entre a religião e o Estado (Teocracia).
Entre estas duas tendências, Jesus escolheu o sistema de separação, que não é de oposição, mas de respeito mútuo pelas relativas responsabilidades.
A palavra 'política' desde a cultura da Grécia antiga, tem sido entendida como "realização do bem comum da cidadania". De acordo com esta interpretação, pode-se legitimamente afirmar que a política não desfruta de uma autonomia absoluta, mas sendo uma atividade humana, deve estar dentro dos parâmetros da ética. É neste sentido que existe uma visão cristã da política.
Pio XII, em discurso à União Latina de Alta Moda (08 de novembro de 1957), fez referência também à moral política: "É bem verdade que a moda, como a arte, a ciência, a política e atividades semelhantes, chamadas profanas, tem suas próprias normas para atingir os objetivos imediatos para os quais se destinam; No entanto, o seu sujeito é inevitavelmente o homem, que não pode prescindir de realizar aquelas atividades tendo em vista o último e supremo fim ao qual ele mesmo está essencialmente e totalmente ordenado. Existe, portanto, o problema moral da moda"; por consequência existe o problema moral da política.
A Igreja, perita em humanidade, como costumava expressar Paulo VI, formulou a sua Doutrina Social, na qual também lida com a moralidade da política.
Agora, entre os princípios permanentes da doutrina social da Igreja, que constituem os verdadeiros e próprios gonzos do ensinamento social católico prevalece o princípio da dignidade da pessoa humana no qual todos os demais princípios ou conteúdos da doutrina social da Igreja têm fundamento, do bem comum, da subsidiariedade e da solidariedade.
Estes princípios têm um caráter geral e fundamental, pois que se referem à realidade social no seu conjunto e porque remetem aos fundamentos últimos e ordenadores da vida social. Pela sua permanência no tempo e universalidade de significado, a Igreja os indica como primeiro e fundamental parâmetro de referência para a interpretação e o exame dos fenômenos sociais, necessários porque deles se podem apreender os critérios de discernimento e de orientação do agir social, em todos os âmbitos.
Da dignidade, unidade e igualdade de todas as pessoas deriva, antes de tudo, o princípio do bem comum, a que se deve relacionar cada aspecto da vida social para encontrar pleno sentido. Segundo uma primeira e vasta acepção, por bem comum se entende: "o conjunto de condições da vida social que permitem, tanto aos grupos, como a cada um dos seus membros, atingir mais plena e facilmente a própria perfeição" (Gaudium et Spes, n. 26).
Uma sociedade que, em todos os níveis, quer intencionalmente estar ao serviço do ser humano é a que se propõe como meta prioritária o bem comum. A pessoa não pode encontrar plena realização somente em si mesma, prescindindo do seu ser "com" e "pelos" outros.
As exigências do bem comum derivam das condições sociais de cada época e estão estreitamente conexas com o respeito e com a promoção integral da pessoa e dos seus direitos fundamentais. Entre estes direitos fundamentais estão os direitos à vida, a viver uma vida digna dum ser humano, o trabalho, a liberdade religiosa.
Se o bem comum empenha todos os membros da sociedade, ainda mais se identifica com o programa do homem político. Não é possível ser 'homem político' sem ter como aspiração a realização do bem comum. Por isso o bem comum é exatamente o contrario do bem próprio e do egoísmo. É neste sentido que a Igreja apresenta a atividade política como diaconía, isto é: serviço.
A responsabilidade de perseguir o bem comum compete, não só às pessoas consideradas individualmente, mas também ao Estado, pois que o bem comum é a razão de ser da autoridade política. Na verdade, o Estado deve garantir coesão, unidade e organização à sociedade civil. O fim da vida social é o bem comum historicamente realizável.
Estes princípios gerais são expressados em forma clara especialmente em dois documentos básicos: a constituição conciliar Gaudium et Spes (7 dezembro 1965) e a "Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política" da Congregação para a Doutrina da Fé (24 novembro 2002).
A Gaudium et Spes no n. 76 fala sobre 'A comunidade política e a Igreja'.
Neste n. 76 são enunciados alguns princípios básicos de grande importância.
Primeiro: "A Igreja que, em razão da sua missão e competência, de modo algum se confunde com a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado, é ao mesmo tempo o sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana".
Segundo: "No domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autônomas. Mas, embora por títulos diversos, ambas servem a vocação pessoal e social dos mesmos homens".
Terceiro: "O homem não se limita à ordem temporal somente".
Quarto: 'É certo que as coisas terrenas e as que, na condição humana, transcendem este mundo, se encontram intimamente ligadas; a própria Igreja usa das coisas temporais, na medida em que a sua missão o exige. [...] Ela não coloca a sua esperança nos privilégios que lhe oferece a autoridade civil".
Quinto: "Sempre lhe deve ser permitido pregar com verdadeira liberdade a fé; ensinar a sua doutrina acerca da sociedade; exercer sem entraves a própria missão entre os homens; e pronunciar o seu juízo moral mesmo acerca das realidades políticas".
Com estes princípios a Igreja reivindica a sua autonomia do Estado, a trascendência do ser humano, reafirma a moralidade da atividade política.
Em seguida a Igreja escreveu uma Nota em forma ainda mais explícita. Nesta reafirma o primado da pessoa humana, a sua dignidade e declara que o fim da atividade política deve ser a busca do bem comum.
Além disso, evidencia as características do político católico. Ele deve saber que a sua pertença a um partido não pode ser superior à sua pertença à Igreja e que cada expressão legislativa não pode ser a última referência normativa. Se assim não fosse, pode-se chegar a um absurdo: isto é, que alguns homens, com as leis, possam atribuir a si o direito de estabelecer os confins entre o bem e o mal.
Defende também a verdadeira laicidade do Estado, pressuposto fundamental para que o político crente possa expressar a si mesmo em conformidade à sua consciência, e se opõe quando a laicidade se transforma em ideologia.
Agora prefiro citar algumas expressões mais significativas.
"Os fiéis leigos desempenham também a função que lhes é própria de animar
cristãmente a ordem temporal (n. 1).
"A liberdade política não é nem pode ser fundada sobre a ideia relativista, segundo a qual, todas as concepções do bem do homem têm a mesma verdade e o mesmo valor, mas sobre o fato de que as atividades políticas visam, vez por vez, a realização extremamente concreta do verdadeiro bem humano e social, num contexto histórico, geográfico, econômico, tecnológico e cultural bem preciso. [...] Se o cristão é obrigado a admitir a legítima multiplicidade e diversidade das opções temporais, é igualmente chamado a discordar de uma concepção do pluralismo em chave de relativismo moral, nociva à própria vida democrática, que tem necessidade de bases verdadeiras e sólidas, ou seja, de princípios éticos que, por sua natureza e função de fundamento da vida social, não são "negociáveis. [...] A estrutura democrática, sobre que pretende construir-se um Estado moderno, seria um tanto frágil, se não tiver como seu fundamento a centralidade da pessoa (n. 3).
"Não é consentido a nenhum fiel apelar para o princípio do pluralismo e da autonomia dos leigos em política, para favorecer soluções que comprometam ou atenuem a salvaguarda das exigências éticas fundamentais ao bem comum da sociedade. Por si, não se trata de 'valores confessionais', uma vez que tais exigências éticas radicam-se no ser humano e pertencem à lei moral natural" (n. 5).
Esta é a visão política da Igreja que emerge analisando os seus documentos. Ela não pede privilégios para si mesma. A única preocupação é de trabalhar para o bem comum da humanidade e de defender o valor absoluto e primário da pessoa humana. Por isso a Igreja evidencia a submissão da política à ética. Quando isso não acontece, a política se transforma em ditadura e totalitarismo. A atividade política não está mais a serviço do homem, mas se transforma num grande seu inimigo, como infelizmente a história do século passado pode testemunhar.
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As escolas católicas e a perenização das lendas negras antieclesiais.
Há uma impressionante cadeia de homens sábios e documentos em defesa da razão e da ciência produzidos numa única instituição, a Igreja Católica. Apesar disso, o ensino médio e superior brasileiro continua propagando lendas antieclesiais.
Por Paulo Vasconcelos Jacobina
BRASíLIA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Na semana passada, meu filho adolescente me abordou com o texto de sua prova simulada nas mãos. Ele estuda numa escola católica, ressalte-se, o que não necessariamente torna mais fácil a luta para que ele não perca a fé diante da forma com que as disciplinas de história, literatura e ciências são muitas vezes apresentadas pelos professores. Mas as questões que narro a seguir teriam o mesmo viés, ainda que a escola não fosse católica.
No caso concreto, ele me interpelava com uma questão de história, que tinha exatamente o seguinte conteúdo:
"Enquanto as civilizações sarracena e bizantina desenvolveram amplos estudos de física, matemática, astronomia e medicina, as ciências, na sociedade europeia, não avançaram muito, devido à repressão da Igreja Católica a qualquer estudo que colocasse em risco a sua doutrina religiosa."
Devido às conversas que temos em casa sobre questões históricas relacionadas à Igreja, ele respondeu na prova que a afirmativa estava errada. Lembrou-se de como eu lhe comentava sobre a verdade do incidente com Galileo Galilei, ou de como eu lhe mencionara o excelente livro "Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental", de Thomas Woods, ou mesmo a importância da reta razão na compreensão da fé, como ressaltado já por sábios como São Justino, do século II, pelos Padres Alexandrinos do século II e III, por homens como Santo Agostinho (século IV), Boécio (século V), Alcuíno (séc. VIII), Abelardo (séc. XII), Santo Anselmo Séc. XIII), para não mencionar Erasmo e Thomas Hume (séc. XVI), todos numa impressionante defesa da razão humana, reiterada em diversos concílios como o IV de Latrão (1215) e os Concílios Vaticano I (1870) e Vaticano II (1965), além da encíclica "Fides et Ratio", de João Paulo II, a cujo respeito eu também eventualmente comentava com ele.
É uma impressionante cadeia de homens sábios e documentos em defesa da razão e da ciência produzidos numa única instituição, a Igreja Católica. Não se sabe de outra instituição com uma história assim. Mas, uma vez divulgado o gabarito pela escola, para sua surpresa (e a minha) a resposta correta, para a escola, é que a afirmativa estava certa. O que fez com que meu filho me questionasse com uma certa agressividade na voz, e não sem um certo ar de decepção com a confiabilidade da formação que eu lhe dava.
Resolvi entrar em contato com a direção da escola, por e-mail, e o fiz assim:
"Prezado diretor,
Sou pai de um aluno do ensino médio, e fiquei com uma dúvida grave sobre o simulado aplicado por vocês. Ele me mostrou a prova, e a questão 64 é manifestamente falsa. Mas pelo gabarito publicado, ela estaria verdadeira para a escola.
A questão afirma que a Igreja Católica manteve o ocidente na ignorância científica, repelindo as pesquisas e os avanços científicos, com medo de que o avanço da ciência ameaçasse a fé, que entretanto eram alcançados por sarracenos (muçulmanos) e bizantinos. Isto é manifestamente falso: basta olhar um noticiário de TV para perceber qual das duas esferas do mundo desenvolveu a tecnologia, se o ocidente católico ou o oriente bizantino e muçulmano.
Não é à toa que o renascimento Carolíngeo deu-se já no século IX no ocidente, mesmo sob a crise das invasões bárbaras, e já no século XII o sistema europeu de universidades estava firmemente estabelecido pela Igreja Católica, sem similar no mundo. Enquanto muçulmanos degolavam seus desafetos e bizantinos mantinham seu império sob um tacão de autoritarismo político.
Também não é à toa que o ocidente deu ao mundo, no século XIII, um Santo Alberto Magno, doutor em ciências, e que os monges inventaram os arreios de cavalo eficazes que renovaram a face da Europa durante a baixa idade média. Não é à toa que Galileo Galilei somente pode ter escrito o que escreveu porque era um professor de universidades católicas no século XVI, e que baseou seu estudo nas teorias de Copérnico, que era um padre católico. Há uma série de imbecilidades escritas sobre Galileo, inclusive a de que ele teria sido queimado na fogueira, e repetidas por professores de história de formação antirreligiosa por aí. É uma lenda negra. Galileo morreu de velho, em seu leito, cercado por suas cinco ou seis filhas freiras, confessou-se, recebeu a comunhão e a unção dos enfermos está enterrado numa igreja católica.
Note-se que a cientista Marie Curie era uma devota católica, e que seu trabalho repercutiu no Brasil com o padre Roberto Landell de Moura, que foi a primeira pessoa no mundo a transmitir voz por rádio, em 1903, e que seu professor marxista de história não deve conhecer, é claro, apesar das inúmeras patentes que este padre tem no Brasil e nos EUA.
Mesmo a Wikipedia, que muitas vezes não é confiável em suas informações, faz um interessante reconhecimento da importância da Igreja no fomento da razão através da história:
"Muitos clérigos da Igreja Católica ao longo da história fizeram contribuições significativas para a ciência. Dentre esses clérigos-cientistas estão nomes ilustres tais como Nicolau Copérnico, Gregor Mendel, Alberto Magno, Roger Bacon, Pierre Gassendi, Ruđer Bošković, Marin Mersenne, Francesco Maria Grimaldi, Nicole Oresme, Jean Buridan, Robert Grosseteste, Christopher Clavius, Nicolas Steno, Athanasius Kircher, Giovanni Battista Riccioli, William de Ockham, e muitos outros. Centenas de outros nomes têm feito contribuições importantes para a ciência desde a Idade Média até os dias atuais.
Na verdade, pode-se perguntar por que a ciência se desenvolveu em um ambiente majoritariamente católico. Esta questão é considerada pelo padre Stanley Jaki em seu livro "The Savior of Science". Jaki mostra que a tradição cristã identifica Deus como racional e ordenado. Ele identifica os escolásticos da Alta Idade Média pela sua despersonalização da natureza." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_cl%C3%A9rigos-cientistas_cat%C3%B3licos, acesso em 15.09.2014)
O artigo da Wikipedia, que é um tanto longo, não deixa de ressaltar a importância dos jesuítas para a ciência moderna, e inclusive o fato de que nada menos do que trinta e cinco crateras lunares têm o nome de cientistas jesuítas. Isto parece deixar bem claro qual é a posição institucional da Igreja sobre a ciência, bem diferente daquela maldosamente exposta na referida afirmação da prova. É muito fácil para um jovem adolescente perder a fé – de fato, muitas vezes ocorre sem motivo; certamente fica muito mais fácil quando há uma colaboração externa deste tipo.
Gostaria de esclarecer esta dúvida, inclusive tendo acesso à fonte da qual o professor que elaborou a questão retirou a informação, que, das coisas que conheço, é manifestamente falsa e agressiva à fé católica - à qual a escola alega pertencer.
Mas não se trata de questão de fé, trata-se da necessidade de expor um erro acadêmico grave, que não consigo acreditar ter sido intencional. Não vejo nenhum problema em que se exponha publicamente os erros que historicamente os filhos da Igreja Católica cometeram, mas acho que, no ambiente acadêmico, existe o direito de saber o fundamento de uma afirmação tão grave, tão contrária à boa evidência histórica, e que parece apenas ser a repetição leviana, em meio acadêmico, de uma hostilidade propagada em meios anticlericais para minar a confiança na Igreja."
A escola deu-me um retorno burocrático, através de uma assessora, que prometeu rever o assunto com a professora, mas ainda não fez nenhuma crítica sobre estas afirmações. Não posso evitar a sensação de ser minoria, mesmo dentro de uma escola católica. Mas é hora de não ter constrangimentos em lutar pela verdade, mormente quando a mentira propagada constitui, ademais, uma ataque à fé.
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Angelus
Papa convida a rezar pelo Sínodo sobre a família
As palavras do pontífice antes de rezar o Angelus
Por Redacao
ROMA, 28 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - No final da Santa Missa por ocasião do encontro com os idosos e avós, celebrada no Sagrado da Basílica de São Pedro, Francisco pediu aos fiés para rezarem pelo Sínodo. Apresentamos as palavras pronunciadas pelo Pontífice antes de rezar o Angelus.
Antes de concluir esta celebração, desejo saudar todos os peregrinos, especialmente vocês idosos, vindos de tantos países. Obrigado de coração!
Dirijo uma cordial saudação aos participantes do congresso-peregrinação "Cantar a fé", promovida em ocasião do trigésimo aniversário do coro das dioceses de Roma. Obrigado pela vossa presença e obrigado por terem animado com o canto esta celebração. Continuem a desenvolver com alegria e generosidade o serviço litúrgico nas vossas comunidades!
Ontem, em Madri, foi proclamado beato o Bispo Álvaro del Portillo; o seu exemplar testemunho cristão e sacerdotal possa suscitar em muitos o desejo de aderir sempre mais a Cristo e ao Evangelho.
No próximo domingo terá início a Assembleia Sinodal sobre o tema da família. Está aqui presente o responsável principal, o Cardeal Baldisseri: rezem por ele. Convido todos, indivíduos e comunidades, a rezar por este importante evento e confio esta intenção à intercessão de Maria Salus Populi Romani.
Agora rezemos juntos o Angelus. Com esta oração, invoquemos a proteção de Maria para os idosos do mundo inteiro, de modo particular por aqueles que vivem situações de maior dificuldade.
(Tradução: Canção Nova)
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O mundo visto de Roma
Serviço semanal - 28 de Setembro de 2014
Papa Francisco
Não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações
Homilia do Papa na missa com os idosos e avós
Emoção nos olhos de Francisco no voo de regresso da Albânia
Durante conferência de imprensa no voo de Tirana para Roma, o Papa fala da "surpresa" de ter tocado o sofrimento de um povo e da forte emoção de "escutar um mártir falar sobre o próprio martírio"
Santa Sé
Em prisão domiciliária ex-núncio acusado de abusos
Julgamento leva em consideração as condições de saúde do prelado, acusado de abuso de menores. Padre Lombardi: "Papa pede para que um caso tão grave e delicado seja enfrentado sem demoras
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Włodzimierz Redzioch fala com Mons. Javier Echevarría, prelado do Opus Dei, por ocasião da beatificação do primeiro sucessor de São José Maria Escrivá
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Pontifícias Obras Missionárias lança campanha missionária 2014 com o mesmo tema da Campanha da Fraternidade: o tráfico de pessoas.
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Falece mais um religioso espanhol por causa do ebola
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Card. Damasceno: "Casamento não é loteria, é chamado de Deus"
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Ortodoxos e católicos unidos pelo martírio
A Comissão Mista Internacional para o diálogo teológico entre as Igrejas Católica e Ortodoxa conclui a sua sessão plenária e pede proteção para os perseguidos no Oriente Médio
O que é a Gendarmaria Vaticana?
A força policial que prendeu o ex-núncio acusado de abusos, celebra a sua festa nesta sexta-feira, dia de São Miguel Arcanjo
Bispos nigerianos exigem que o governo faça mais para deter o Boko Haram
Enquanto a Nigéria sangra e arde: um comunicado que reflete e desafia
O cardeal Muller recebe o superior dos lefebvrianos
Encontro durou duas horas e determinou a gradual superação das controvérsias a fim de permitir a volta da plena comunhão do grupo com a Igreja
O que Karl Rahner pensava da literatura e do livro religioso
Os insights do grande teólogo e jesuíta alemão condensados por Antonio Spadaro em uma coleção de três ensaios intitulado "Literatura e Cristianismo"
O Papa criou Comissão para a reforma do processo matrimonial canônico
Presidida por Mons. Pio Vito Pinto, decano da Rota Romana, o organismo terá que preparar uma proposta para simplificar os procedimentos do processo e garantir a indissolubilidade do matrimônio
Visita do papa Francisco à Albânia: o depoimento de duas testemunhas da perseguição comunista
Na catedral, antes de rezar as vésperas, o Santo Padre abraça um sacerdote diocesano e uma freira estigmatina, ambos já idosos, sobreviventes do ódio contra a fé
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Angelus
Papa convida a rezar pelo Sínodo sobre a família
As palavras do pontífice antes de rezar o Angelus
Papa Francisco
Não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações
Homilia do Papa na missa com os idosos e avós
Por Redacao
ROMA, 28 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Durante a Santa Missa com os idosos e os avós celebrada neste domingo, 28 de setembro, na Praça de São Pedro, o Santo Padre Francisco pronunciou a seguinte homilia:
O Evangelho que acabamos de ouvir é acolhido hoje por nós como o Evangelho do encontro entre os jovens e os idosos: um encontro cheio de alegria, cheio de fé e cheio de esperança. Maria é jovem, muito jovem. Isabel é idosa, mas manifestou-se nela a misericórdia de Deus e há seis meses que ela e o marido Zacarias estão à espera de um filho. Maria, também nesta circunstância, nos indica o caminho: ir encontrar a parente Isabel, estar com ela naturalmente para a ajudar mas também e sobretudo para aprender dela, que é idosa, a sabedoria da vida. A primeira Leitura faz ecoar, através de várias expressões, o quarto mandamento: «Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dá» (Ex 20, 12). Não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações, sem os filhos receberem, com gratidão, das mãos dos pais o testemunho da vida. E, dentro desta gratidão a quem te transmitiu a vida, entra também a gratidão ao Pai que está nos céus.
Às vezes há gerações de jovens que, por complexas razões históricas e culturais, vivem de forma mais intensa a necessidade de se tornar autónomos dos pais, a necessidade quase de «libertar-se» do legado da geração anterior. Parece um momento de adolescência rebelde. Mas, se depois não se recupera o encontro, se não se volta a encontrar um equilíbrio novo, fecundo entre as gerações, o resultado é um grave empobrecimento para o povo, e a liberdade que prevalece na sociedade é uma liberdade falsa, que se transforma quase sempre em autoritarismo. Chega-nos esta mesma mensagem da exortação que o apóstolo Paulo dirige a Timóteo e, através dele, à comunidade cristã. Jesus não aboliu a lei da família e da passagem entre gerações, mas levou-a à perfeição. O Senhor formou uma nova família, na qual prevalece, sobre os laços de sangue, a relação com Ele e o cumprimento da vontade de Deus Pai. Mas o amor por Jesus e pelo Pai leva à perfeição o amor pelos pais, pelos irmãos, pelos avós, renova as relações familiares com a seiva do Evangelho e do Espírito Santo. E, assim, São Paulo recomenda a Timóteo – que é Pastor e, consequentemente, pai da comunidade – que tenha respeito pelos idosos e os familiares e exorta a fazê-lo com atitude filial: o idoso «como se fosse teu pai», «as mulheres idosas como se fossem mães» (cf. 1 Tim 5, 1). O chefe da comunidade não está dispensado desta vontade de Deus; antes, a caridade de Cristo impele a fazê-lo com um amor maior. Como fez a Virgem Maria, que, apesar de Se ter tornado a Mãe do Messias, sente-Se impelida pelo amor de Deus, que n'Ela Se está fazendo carne, a ir sem demora ter com a sua parente idosa.
E, deste modo, voltamos a este «ícone» cheio de alegria e de esperança, cheio de fé, cheio de caridade. Podemos pensar que a Virgem Maria, quando Se encontrava em casa de Isabel, terá ouvido esta e o marido Zacarias rezarem com as palavras do Salmo Responsorial de hoje: «Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus, e a minha confiança desde a juventude. (…) Não me rejeites no tempo da velhice, não me abandones, quando já não tiver forças. (…) Agora, na velhice e de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, para que anuncie a esta geração o teu poder, e às gerações futuras, a tua força» (Sal 71/70, 5.9.18). A jovem Maria ouvia e guardava tudo no seu coração. A sabedoria de Isabel e Zacarias enriqueceu o seu espírito jovem; não eram especialistas de maternidade e paternidade, porque para eles também era a primeira gravidez, mas eram especialistas da fé, especialistas de Deus, especialistas da esperança que vem d'Ele: é disto que o mundo tem necessidade, em todo o tempo. Maria soube ouvir aqueles pais idosos e cheios de enlevo, aprendeu com a sabedoria deles, e esta revelou-se preciosa para Ela, no seu caminho de mulher, de esposa, de mãe. Assim, a Virgem Maria indica-nos o caminho: o caminho do encontro entre os jovens e os idosos. O futuro de um povo supõe necessariamente este encontro: os jovens dão a força para fazer caminhar o povo e os idosos revigoram esta força com a memória e a sabedoria popular.
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Emoção nos olhos de Francisco no voo de regresso da Albânia
Durante conferência de imprensa no voo de Tirana para Roma, o Papa fala da "surpresa" de ter tocado o sofrimento de um povo e da forte emoção de "escutar um mártir falar sobre o próprio martírio"
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, 22 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Em uma hora e meia de voo de Tirana para Roma, acreditava-se que o Papa Francisco - após o tour de force na Albânia – fosse descansar e não haveria a tradicional conferência de imprensa aérea. Em vez disso, o incansável Papa ainda se reuniu com cerca de 50 jornalistas de dez países diferentes a bordo do Boeing da Alitalia.
A entrevista foi introduzida pelo porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, que deixou claro como seria a condução: "Somos muito gratos ao Santo Padre por estar conosco, mesmo no final de um dia agitado, ele se colocou à disposição para algumas perguntas, mas poucas, e durante a viagem".
A prioridade foi dada aos três repórteres albaneses, que foram de Tirana para Roma, a fim de acompanhar o passo a passo do Santo Padre.
A primeira questão foi sobre a "ideia" que o bispo de Roma tinha do povo albanês: um povo "sofrido" e "tolerante". "Alguma outra qualidade, que o senhor tocou? - Pergunta o repórter ao Papa- essas qualidades são as qualidades mais adequadas para trazer de volta a águia ao ninho?"
"Não é somente tolerante, o albanês é irmão", disse Francisco, afirmando que ele "tocou" com a mão a dor inerente ao povo dos Balcãs. O albanês - disse - "tem a capacidade da fraternidade". Aspecto demonstrado "na convivência, na colaboração entre muçulmanos, ortodoxos e católicos", trabalhando juntos "como irmãos".
Outra característica que chamou a atenção do Papa foi "a juventude do país". "Disseram que é o país mais jovem da Europa", mas a Albânia tem um "desenvolvimento superior na cultura e também na governance, graças a esta fraternidade."
Então, a pergunta que não poderia faltar, sobre os mártires do país, mencionados várias vezes pelo Papa em seus cinco discursos, e que Francisco 'viu' nos retratos dos sacerdotes martirizados durante o regime comunista, que se encontravam no boulevard principal que conduzem do aeroporto de Tirana até a Praça Madre Teresa.
Esta foi uma grande emoção para o Bispo de Roma, que durante dois meses – contou o Papa - estudou esses dramáticos 25 anos, onde o ateísmo reinava na Albânia. "Suas raízes culturais são belas e fortes, de grande cultura, desde o início", observou ele. E comentou que ficou impressionado com o "terrível nível de crueldade".
"Quando vi aquelas fotos - disse o Papa - não apenas católicos, mas também ortodoxos e até mesmo muçulmanos... e quando pensei no que lhes diziam: 'Não têm que acreditar em Deus'- 'Eu acredito!'. E bum! Matavam-nos. Por isso eu digo que os três componentes religiosos deram testemunho de Deus e agora dão testemunho da fraternidade".
Falando sobre este 'ecumenismo de sangue', perguntaram a Bergoglio sobre a "situação mundial instável", especialmente devido à onda de morte e destruição semeada pelos extremistas muçulmanos do Estado islâmico. Estamos em uma espécie de "terceira guerra mundial", disse o próprio Papa no voo de volta da Coréia do Sul.
Neste contexto, o que significa a visita de um Papa a um país "de maioria muçulmana"? Sobretudo, a sua exortação a um fervoroso diálogo religioso, bem como a denuncia que "matar em nome de Deus é um sacrilégio", é uma mensagem apenas para os albaneses "ou vai mais além?".
"Não, vai mais além", respondeu Papa Francisco, recordando o caminho de "paz, convivência e cooperação", percorrido pela Albânia "que vai mais além", toca a "outros países que também têm diversas raízes étnicas".
Em seguida, afirmou que a Albânia é, sim, um país de maioria muçulmana, mas "não é um país muçulmano. É um país europeu". Para mim, isso foi uma surpresa – disse- é um país europeu, por sua cultura, a cultura da convivência, também pela cultura histórica que teve".
Além das palavras do Papa, que marcaram esta quarta viagem internacional, o que permanecerá forte são as lágrimas de Francisco depois de ouvir o testemunho do sacerdote e da religiosa, na Catedral de São Paulo, vítimas de perseguição nos anos do regime comunista. "Ouvir um mártir falar do seu próprio martírio é forte!", confidenciou o Papa com a emoção ainda nos olhos. "Eu acho que todos nós que estávamos ali ficamos comovidos. E aquelas testemunhas falavam como se falassem de outro, com uma naturalidade, uma humildade. Isso me fez muito bem."
No encerramento da conferência recordaram as próximas viagens do Santo Padre: dia 25 de novembro, a Estrasburgo, com uma visita ao Conselho da Europa e ao Parlamento Europeu. Depois, dia 28, a Turquia, para participar da festa do Padroeiro Santo André, dia 30, com o Patriarca Bartolomeu. E quando lembrado que a Turquia fica na fronteira com o Iraque, o Papa respondeu com uma brincadeira: "Sim, mas a geografia, eu não posso mudar".
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Santa Sé
Em prisão domiciliária ex-núncio acusado de abusos
Julgamento leva em consideração as condições de saúde do prelado, acusado de abuso de menores. Padre Lombardi: "Papa pede para que um caso tão grave e delicado seja enfrentado sem demoras
Por Redacao
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Sobre o processo contra Mons. J. Wesolowski, o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Pe. Federico lombar anunciou que, hoje, o Promotor de Justiça do Tribunal de Primeira Instância do Estado da Cidade do Vaticano convocou o ex-núncio, porque tinha iniciado uma investigação criminal.
O prelado - que já tinha sido condenado em fase inicial pela Congregação da Doutrina da Fé à redução ao estado laical no final de um processo administrativo penal canônico- foi notificado das acusações do processo penal contra ele por graves atos de abuso contra menores ocorridos na República Dominicana.
A gravidade das acusações - informa um comunicado da Santa Sé – levou as autoridades judiciais a determinarem a prisão domiciliária, "em locais dentro do Estado da Cidade do Vaticano", levando em consideração o estado de saúde do antigo núncio, como evidenciado por documentação médica.
Conforme relatado pelo Pe. Federico Lombardi a iniciativa levada a cabo pelos organismos judiciais do Estado "está em conformidade com a vontade manifestada pelo Papa para que um caso tão grave e delicado seja enfrentado sem demoras, com o rigor justo e necessário, com a plena assunção de responsabilidades por parte das instituições que são lideradas pela Santa Sé".
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Igreja e Religião
Santidade na vida cotidiana. Mons. Álvaro del Portillo será beato
Włodzimierz Redzioch fala com Mons. Javier Echevarría, prelado do Opus Dei, por ocasião da beatificação do primeiro sucessor de São José Maria Escrivá
Por Redacao
ROMA, 26 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Muitos se lembram da data de 5 de Julho de 2013: nesse dia o Papa Francisco autorizou a promulgação do decreto da Congregação para as Causas dos Santos sobre o milagre atribuído à intercessão do Beato João Paulo II, que abriu o caminho para a sua canonização. Nem todos, no entanto, sabem que durante a mesma audiência para o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal. Angelo Amato, o papa também autorizou a promulgação do decreto sobre o milagre por intercessão de mons. Álvaro del Portillo (1914-1994), o primeiro sucessor de São José Maria Escrivá, na direção do Opus Dei, abrindo assim o caminho para a sua beatificação.
A cerimônia solene da beatificação de Dom Álvaro será realizada em sua cidade natal, Madrid, 27 de setembro, e será presidida pelo cardeal. Angelo Amato. No dia seguinte, Mons. Javier Echevarría, prelado do Opus Dei, vai celebrar a santa missa de ação de graças. Para o Opus Dei é uma grande festa: após a beatificação e canonização do fundador, será beatificado o seu mais próximo colaborador e sucessor. Nesta ocasião, entrevistei Mons. Javier Echevarria.
Włodzimierz Redzioch: Em 27 de setembro, será beatificado em Madrid Mons. Álvaro del Portillo, o sucessor de São José Maria Escrivá de Balaguer na direção do Opus Dei. O que devemos saber sobre esse futuro Beato?
Mons. Echevarría: Alvaro del Portillo primeiro foi um engenheiro; em seguida, um sacerdote e depois um bispo que amou muito o Senhor e toda a Igreja, e todas as almas. Talvez a característica mais marcante de sua personalidade era o desejo de cumprir fielmente a vontade de Deus em todos os momentos.
Ele tinha uma grande simpatia, sempre com o sorriso nos lábios; afável, com uma gentileza herdada em parte pela delicadeza de sua mãe, Dona Clementina, mexicana, mas também o resultado da prática constante da virtude da caridade. O decreto sobre as virtudes heroicas da Santa Sé o considera um "homem de profunda bondade e afabilidade, capaz de transmitir paz e serenidade para as almas". O Senhor fez uso daquela sua maneira de ser para aproximar à Igreja muitas pessoas.
Tinha uma queda pelo sacramento da reconciliação. Sempre falava dele nas suas catequeses. Perguntado por um repórter sobre qual tenha sido o momento mais feliz da sua vida, respondeu de imediato: "Toda vez que eu recebo o perdão de Deus na Confissão".
Era também um homem agradecido. Uma das palavras que mais saía da sua boca eram "obrigado" e "graças a Deus". As repetia muito, muitíssimas vezes por dia.
Não faltava em seu caráter um permanente espírito de serviço. Nos anos de sua juventude, ia com frequência às periferias de Madrid para dar catequese e fornecer ajuda material aos necessitados. E essa mesma atitude manteve por toda a vida.
Seguindo os passos de São José Maria, promoveu em todo o mundo muitas iniciativas em favor dos mais necessitados, como o hospital Monkole no Congo ou a Escola Pedreira em uma favela brasileira. Difundir essa responsabilidade entre os empresários, industriais e, em geral, entre homens e mulheres que possuíam os meios econômicos. Considerava estas iniciativas sociais e educacionais como um dever, derivado da justiça e da caridade que devem nortear a vida cristã, e de um amor sincero a todos.
Włodzimierz Redzioch: A Igreja procede com as beatificações e as canonizações para propor aos fieis modelos para serem imitados. Quais eram as principais características da santidade de mons. Álvaro para serem imitadas hoje?
Mons. Echevarría: É difícil sintetizá-las, mas aponto pelo menos três aspectos que sempre me tocam: a sua fidelidade, a sua humildade e o seu sorriso.
Foi um exemplo de fidelidade à Igreja, aos Papas com os quais esteve em contato (de Pio XII a João Paulo II), fidelidade à sua vocação e, portanto, fidelidade ao fundador do Opus Dei. No seu trabalho pastoral em diferentes continentes falava também de fidelidade como uma virtude criativa, que exige uma renovação diária, através de muitos pequenos atos de amor. Acho que seja um exemplo importante para uma época em que estão em crise alguns valores fundamentais para a estabilidade das relações familiares e sociais. Também gosto de debruçar-me sobre a sua humildade: Mons. Del Portillo – dizem todos aqueles que trabalharam com ele no Concílio Vaticano II - nunca tentava impor-se ou suas opiniões. Apesar de suas grandes qualidades humanas e intelectuais, escolheu viver as suas funções de uma forma sempre discreta, no Opus Dei para ajudar São José Maria a cumprir a sua missão, e todos os outros, na Igreja, pensando apenas na glória de Deus e nas almas.
Em 1975, foi chamado para suceder o fundador, e o seu programa de governo tinha apenas um objetivo: manter a continuidade. Com sincera humildade, declarava que não queria nada mais do que ser na terra da sombra da presença de são José Maria. Desta forma também seguia um conselho recebido em 1976 pelo beato Papa Paulo VI, que lhe disse para sempre pensar em como agiria o fundador.
Finalmente, parece-me que também o seu sorriso permanente, visível a todos, esconda uma característica marcante de sua caminhada cristã: sempre pensar nos outros e esquecer de si mesmo. Esta atitude fez dele um homem feliz, e um semeador de paz e de alegria.
Włodzimierz Redzioch: Qual foi o milagre por intercessão de mons. Álvaro que permitiu chegar à beatificação?
Mons. Echevarría: O milagre aprovado pelo Papa Francisco é sobre cura completa de um recém-nascido no Chile, José Ignacio Ureta Wilson, em agosto de 2003. Depois de sofrer uma parada cardíaca de 30 minutos e uma hemorragia maciça, não só continuou a viver, mas se recuperou completamente, sem nenhum dano neurológico. Os seus pais rezaram com muita fé por intercessão de Mons. Del Portillo e quando os médicos pensaram que José Ignacio estava morto, sem nenhum tratamento, seu coração começou a bater. A criança hoje, 11 anos depois, leva uma vida de absoluta normalidade.
Włodzimierz Redzioch: São Jose Maria Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei, já foi beatificado e canonizado. Agora é beatificado o seu primeiro sucessor na direção da Obra (1974-1995). Isso significa que o carisma do Opus Dei ajuda à santificação pessoal?
Mons. Echevarría: A mensagem do Opus Dei é justamente aquela da chamada universal à santidade. Neste sentido, a beatificação de Dom Álvaro nos recorda que todos nós podemos nos tornar santos nas circunstâncias normais de trabalho, nas relações familiares, na amizade, como pregou São Jose Maria. Peço a Deus que a Prelazia do Opus Dei possa sempre continuar a lembrar a tantas pessoas desta realidade e possa acompanhar milhões de pessoas na busca de Deus no trabalho e na vida diária.
Włodzimierz Redzioch: João Paulo II teve um papel importante na história do Opus Dei. Em primeiro lugar, erigiu a Obra como "prelatura pessoal". Mais tarde, beatificou Jose Maria Escrivá de Balaguer (17 Maio 1992) e o canonizou (06 de outubro de 2002). Mas nem todo mundo sabe que Karol Wojtyła, primeiro, e João Paulo II, depois, mantinha contatos pessoais com os membros do Opus Dei, incluindo D. Álvaro del Portillo. O que você poderia nos dizer sobre a relação entre essas duas pessoas?
Mons. Echevarría: São João Paulo II e o venerável Álvaro del Portillo tinham se conhecido durante o Concílio Vaticano II. Depois da eleição do cardeal Karol Wojtyla para Vigário de Cristo, estiveram unidos profundamente, começando pela grande, sólida confiança filial do prelado do Opus Dei.
Creio que sintonizaram rapidamente porque eram dois padres, dois bispos, apaixonados pela Igreja e com um grande amor pelas almas. Mons. Álvaro del Portillo admirava muito a generosidade e a doação do Santo Papa e procurou realizar fielmente todas as iniciativas de evangelização propostas pelo Papa João Paulo II. Talvez seja por essa razão que o então Pontífice encorajou a vários pastores a buscar apoio espiritual em Mons. Del Portillo.
Aquele contato filial, de colaboração, era frequente e durou até o último dia. Me parece que comprova isso o fato de que, no dia antes de morrer, escrevesse um cartão postal à Terra Santa, no qual, por meio do secretário pessoal de João Paulo II, manifestava ao Papa "o nosso desejo de ser fideles usque ad mortem (fieis até a morte) no serviço à Santa Sé e ao Santo Padre". Não posso deixar de mencionar um outro momento: João Paulo II, com a morte de Mons. Del Portillo, decidiu ir para rezar diante dos seus restos mortais, na Igreja prelatícia de Santa Maria della Pace. Foi para mim um momento de graça e de conforto espiritual. Entre ele havia uma grande harmonia espiritual.
Esta entrevista será publicada em Inglês na próxima edição da revista "Inside the Vatican" e em polonês no semanário católico "Niedzela" (n. 40/2014)
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Para o mês missionário esta reflexão: o mundo terrível do tráfico de pessoas
Pontifícias Obras Missionárias lança campanha missionária 2014 com o mesmo tema da Campanha da Fraternidade: o tráfico de pessoas.
Por Redacao
BRASíLIA, 26 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O mês de outubro já se aproxima e toda a Igreja se prepara para impulsar as obras missionárias. No penúltimo domingo, 18 e 19, dia Mundial das Missões, organiza-se especialmente uma coleta para sustentar atividades de promoção humana e evangelização em todo o mundo.
Como em todos os anos as Pontifícias Obras Missionárias do Brasil (POM), com a colaboração de algumas comissões da CNBB, criou dessa vez uma campanha missionária com a mesma temática da Campanha da Fraternidade: a realidade do tráfico humano.
Por meio de uma série de materiais – cartazes, DVD, livro de novenas... –, que podem ser baixados gratuitamente pelo site da mesma instituição, busca-se conscientizar todos os fieis desse perigo tão real e que é "uma chaga da humanidade contemporânea", conforme definição do Papa Francisco.
De todos os matérias, destacam-se os vídeos preparados para cada dia da novena. Neles há testemunhos de missionários e de vítimas, e o exemplo de como a Igreja no Brasil enfrenta na prática a questão, diariamente, nos diversos rincões do país.
Pe. Camilo Pauletti, diretor das pontifícias obras missionárias – POM, abre o primeiro vídeo da novena dizendo: "Outubro é conhecido com o mês missionário, tempo para rezar, refletir e tomarmos consciência de que a nossa igreja existe para evangelizar".
Segundo a Organização Internacional do trabalho as vítimas do tráfico humano somam 21 milhões e o crime se expressa no trabalho escravo, na exploração sexual, no tráfico de órgãos, e adoção ilegal. É também a terceira atividade criminosa mais rentável do mundo, atrás apenas do tráfico de armas e do tráfico de drogas e movimenta mais de 32 bilhões de dólares por ano.
Em um dos testemunhos de missionários que aparece nos vídeos está o da religiosa que em 2013 recebeu do parlamento europeu o prêmio cidadão europeu, destinado às pessoas que desenvolvem trabalho pelas causas humanitárias, a Ir. Eugênia Bonetti, missionária da Consolata.
"Em Turin, no norte da Itália, - relata Ir. Eugenia - eu conheci o mundo das noites e o mundo das ruas porque eu conheci alguém especial, a primeira mulher africana que veio até o meu escritório pedir ajuda. Ela chorava muito e suplicava. 'Irmã, me ajude, me ajude'. O nome dessa mulher era Maria. E o encontro com Maria mudou minha vida. Ela se tornou minha professa, minha catequista. Ela me fez entender o mundo terrível do tráfico de pessoas. E daí em diante eu fui procurando enxergar o que estava acontecendo, não só na África, mas no mundo. Nós realmente podemos fazer um mundo sem escravidão, um mundo onde todos são reconhecidos como seres humanos, criados como imagem de Deus e não para serem escravos".
Para baixar os materiais e ter acesso aos vídeos, clique aqui
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O papa aos focolares: contemplar, sair e fazer escola
O Santo Padre recebe os participantes da assembleia geral do movimento e lhes dá diretrizes para prosseguirem no caminho da evangelização
Por Rocio Lancho García
CIDADE DO VATICANO, 26 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O papa Francisco felicitou Maria Voce, presidente reeleita dos focolares, bem como os seus colaboradores, pelo "trabalho frutífero a serviço do movimento, que cresceu e se enriqueceu com novas obras e atividades". Francisco recebeu os participantes da assembleia geral dos focolares hoje de manhã. A assembleia acontece em Castel Gandolfo desde o dia 1º de setembro e reúne 500 pessoas de 137 países.
O papa dedicou algumas palavras a Chiara Lubich, fundadora do movimento, "que, em sua fecunda existência, levou o perfume de Jesus a tantas realidades humanas e a tantas partes do mundo".
"Fiel ao carisma em que nasceu e do qual se alimenta, o movimento dos focolares se encontra hoje diante da mesma tarefa de toda a Igreja: oferecer, com responsabilidade e criatividade, a sua contribuição peculiar para esta nova estação da evangelização".
Neste contexto, o Santo Padre indicou três diretrizes para os membros do movimento e para quem compartilha dos seus ideais: "contemplar, sair, fazer escola".
Contemplar, disse o papa, também significa viver em companhia dos irmãos e irmãs, compartilhar com eles o pão da comunhão e da fraternidade, cruzar com eles a porta que nos leva ao Pai, porque "a contemplação que deixa os outros de fora é um engano". Ele recordou que "é necessário engrandecer a própria interioridade à medida de Jesus e do dom do seu Espírito, fazer da contemplação a condição indispensável para uma presença solidária e uma ação eficaz, verdadeiramente livre e pura".
Por esta razão, o papa os encorajou a "permanecer fiéis a este ideal de contemplação, a perseverar na busca da união com Deus e no amor pelos irmãos e irmãs, a partir das riquezas da Palavra de Deus e da tradição da Igreja, neste desejo de comunhão e de unidade que o Espírito Santo suscitou em nosso tempo".
A segunda diretriz do pontífice é "sair". Sair como Jesus saiu do seio do Pai para anunciar a palavra do amor a todos, até se doar no lenho da cruz. Para isto, "é necessário ser especialistas nessa arte do diálogo, que não se aprende facilmente".
A propósito, o Santo Padre avisou que "não podemos nos contentar com medidas medíocres, não podemos parar; com a ajuda de Deus, temos que apontar para o mais o alto e ampliar o nosso olhar!".
Francisco observou que "machuca o coração quando vemos que, diante de uma Igreja, de uma humanidade tão ferida, com tantas feridas, feridas morais, feridas existenciais, feridas de guerra, os cristãos começam a fazer bizantinismos filosóficos, teológicos, espirituais... Isso não é bom. Hoje nós não temos direito à reflexão bizantinista. Temos que sair! Porque, como já disse outras vezes, a Igreja é parecida com um hospital de campanha: e quando se vai a um hospital de campanha, o primeiro trabalho é curar as feridas, não é fazer o teste do colesterol... Isso vem depois... Ficou claro?", perguntou o papa.
"Fazer escola" foi a terceira ideia desenvolvida pelo Santo Padre durante o seu discurso. É necessário formar, como exige o evangelho, "homens e mulheres novos; para isto, é necessária uma escola de humanidade na medida da humanidade de Jesus. Sem uma obra de formação adequada das novas gerações, é uma ilusão pensar em realizar um projeto sério e duradouro a serviço de uma nova humanidade".
Para finalizar, o Santo Padre desejou aos presentes que esta assembleia "traga frutos abundantes" e lhes agradeceu pelo "compromisso generoso".
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Falece mais um religioso espanhol por causa do ebola
O irmão Manuel Garcia Viejo, da Ordem de São João de Deus, era missionário em Serra Leoa
Por Redacao
MADRI, 26 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O irmão Manuel Garcia Viejo, da Ordem Hospitaleira de São João de Deus (OHSJD), faleceu em Madri nesta quinta-feira à tarde. O irmão, de 69 anos e nacionalidade espanhola, era diretor médico do Hospital São João de Deus de Lunsar, em Serra Leoa, e tinha contraído o vírus do ebola.
Garcia Viejo era médico especialista em medicina tropical e pertencia à OHSJD havia 52 anos, tendo trabalhado durante os últimos trinta na África. Era diretor médico do Hospital São João de Deus em Lunsar desde 2002. Ao conhecer os resultados positivos do exame de ebola e manifestar o desejo de regressar à Espanha, o religioso foi repatriado e internado no hospital Carlos III, em Madri.
A perda do irmão Manuel se une à também recente perda de outro irmão da Ordem, Miguel Pajares, o primeiro doente de ebola repatriado à Europa. Ele faleceu em 12 de agosto, cinco dias depois de chegar a Madri.
Anastasio Gil García, diretor nacional das OMP na Espanha, manifestou os pêsames de toda a família missionária e "se une à dor e às preces da família de sangue e da família religiosa do irmão Manuel. Sentimos a sua morte como a sentem os missionários ao ver a partida de um dos seus. Porém, nestes momentos de dor, renasce neles a esperança e a fidelidade para continuar onde estão os irmãos aos quais servem. Seu testemunho de vida continua sendo um necessário ponto de referência".
Por sua vez, a Ordem de São João de Deus, através de comunicado, "envia todo o seu apoio à família do irmão Manuel Garcia Viejo nestes difíceis momentos" e agradece "por todas as mostras de apoio que recebemos nestes dias".
A notícia da morte do irmão Manuel chega um dia depois de o santo padre Francisco lançar mais um apelo na audiência geral para que se encare com firmeza a epidemia de ebola. O papa dedicou uma mensagem aos países da África que mais estão sofrendo: "Convido a rezar por eles e pelos que perderam tragicamente a vida. Desejo que não falte a ajuda da comunidade internacional para aliviar os sofrimentos desses nossos irmãos e irmãs".
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O Papa substitui um administrador apostólico no Paraguai
O Santo Padre pede que o clero e os fiéis de Cidade do Leste acolham a decisão com espírito de obediência
Por Sergio Mora
ROMA, 25 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O novo administrador apostólico da diocese e dos seminários de Cidade do Leste, no Paraguai, é dom Ricardo Jorge Valenzuela Ríos, bispo de Villarrica del Espíritu Santo, que substitui dom Rogelio Ricardo Livieres Plano. A decisão foi tomada pelo papa Francisco após análise da documentação que ele recebeu da Congregação para os Bispos e da Congregação para o Clero, dois meses depois da visita apostólica do cardeal Santos Abril y Castelló e do bispo auxiliar de Montevidéu, dom Milton Tróccoli, à diocese de Cidade do Leste.
O papa Francisco pede que "o clero e todo o Povo de Deus em Cidade do Leste acolham a decisão da Santa Sé com espírito de obediência" e convida "toda a Igreja do Paraguai, guiada pelos seus pastores, a um sério processo de reconciliação".
Entre os motivos da substituição do bispo, segundo os meios de comunicação paraguaios, estão o fato de que os sacerdotes do Seminário Interdiocesano são ordenados com quatro anos de estudo, em vez de seis, e a proteção dada pelo bispo ao mons. Carlos Urrutigoity, denunciado por diversos casos de abusos contra menores de idade. Haveria ainda uma desavença com dom Pastor Cuquejo, a quem dom Rogelio chamou de "homossexual" e se recusou a pedir desculpas. Por outro lado, muitos fiéis da diocese o defendem, considerando as acusações inverídicas.
A decisão do Santo Padre foi publicada nesta quinta-feira em comunicado emitido pela Sala de Imprensa da Santa Sé:
Sobre a sucessão do bispo de Cidade do Leste, Paraguai, S.E. Dom Rogelio Ricardo Livieres Plano
Depois de um cuidadoso exame das conclusões das visitas apostólicas efetuadas pela Congregação para os Bispos e pela Congregação para o Clero ao bispo, à diocese e aos seminários de Cidade do Leste, o Santo Padre decidiu substituir S.E. Dom Rogelio Ricardo Livieres Plano nomeando como Administrador Apostólico da mesma diocese, agora vacante, S.E. Dom Ricardo Jorge Valenzuela Ríos, bispo de Villarrica del Espíritu Santo.
A decisão da Santa Sé, determinada por sérias razões pastorais, obedece ao bem maior da unidade da Igreja em Cidade do Leste e da comunhão episcopal no Paraguai. O Santo Padre, no exercício do seu ministério de "fundamento perpétuo e visível de unidade dos Bispos e da multidão dos fiéis" (LG 23), pede ao clero e a todo o Povo de Deus em Cidade do Leste que acolha a decisão da Santa Sé com espírito de obediência, docilidade e sem desavenças, guiado pela fé. Por outro lado, toda a Igreja do Paraguai, guiada pelos seus pastores, é convidada a um sério processo de reconciliação e de superação de todo sectarismo e discórdia, para não ferir o rosto da única Igreja, "adquirido com o sangue do seu Filho", e para que o rebanho de Cristo não se veja privado da alegria do Evangelho.
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Card. Damasceno: "Casamento não é loteria, é chamado de Deus"
Coletiva de Imprensa na CNBB: Papa Francisco institui o próximo domingo como Dia de Oração pelo Sínodo.
Por Thácio Siqueira
BRASíLIA, 25 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O Papa Francisco convocou a 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos que será realizada no Vaticano do 5 ao 19 de Outubro desse ano, em vista da 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo a ser realizada em outubro do próximo ano. Um Sínodo em duas partes.
Trata-se de um sínodo "em duas etapas: devido à complexidade do tema", afirmou hoje o Cardeal Dom Raymundo Damasceno, em coletiva de imprensa promovida na sede da CNBB.
O tema proposto para a Assembleia desse ano é: "Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização". O objetivo principal é o de aprofundar o texto do Instrumento de Trabalho, elaborado em base às respostas ao questionário enviado a toda a Igreja Universal no ano passado.
Perguntado por ZENIT sobre quais novidades a Igreja no Brasil levaria para a Assembleia, dom Raymundo disse que os padres sinodais vão se ater estritamente ao que já está no instrumentum laboris, que essencialmente propõe três pontos: 1- Evangelho da família, entre desígnio de Deus e vocação da pessoa em Cristo; 2- Propostas de Pastoral Familiar, desafios e a abertura à vida e; 3- Responsabilidade educacional dos pais.
"Muitos dos nossos fieis fracassam na 1ª União e não podemos encontrar uma solução genérica para todo mundo, mas é importante tratar cada caso em particular", disse o cardeal destacando também a necessidade de uma formação matrimonial mais adequada. "Assim como há uma preparação para o sacerdócio, deveria haver uma preparação para o matrimônio", porque "casamento não é loteria, é chamado de Deus", afirmou.
Três cardeais foram escolhidos pelo Pontífice como presidentes delegados do Sínodo, entre eles está Dom Raymundo Damasceno, presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida. Os outros dois são o cardeal de París, André Armand Vingt-Trois, e o cardeal de Manila, Luis Antonio Tagle. Os três coordenarão os trabalhos na ausência do Papa Francisco.
O Papa Francisco – disse, por fim, o presidente da CNBB – instituiu o próximo domingo, 28 de Outubro, como Dia de Oração pelo Sínodo dos Bispos. Dioceses, paróquias, comunidades, institutos, movimentos, pastorais e associações são convidados a rezar pelo sucesso da Assembleia sinodal. Orienta-se que a oração aconteça nas celebrações eucarísticas e em outros momentos celebrativos, podendo-se também acrescentar outra intenção. Além do mais – acrescentou – convida-se a rezar o terço diariamente por esta intenção. "Em Roma será recitado todos os dias o rosário na capela da Salus Populi Romani", afirmou Dom Raymundo, pela intenção do Sínodo.
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Coro da Capela Sistina entusiasma na China
Pela primeira vez em Macau, Hong Kong e Taipé e se prepara para uma futura viagem à China continental
Por Redacao
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O coro da Capela Sistina atuou pela primeira vez em Macau, Hong Kong e Taipé. Os concertos nasceram por iniciativa do Instituto para a Promoção da Cultura Chinesa de Hong Kong, com a colaboração do Coro Perosi da diocese de Macau e da Taipei Philarmonic Foudation, com a finalidade de promover o intercâmbio cultural através da arte da música, compartilhando as ricas tradições musicais do Oriente e Ocidente e construindo, com estes, novos canais de comunicação e de comunhão.
"Melodias celestiais na Grande China", é o título eleito para esta série de concertos. A música interpretada é a de compositores como Giovanni Pierluigi da Palestrina, Orlando di Lasso, Gregorio Allegri e Lorenzo Perosi, que historicamente pertencem ao repertório das celebrações do Papa.
Os concertos aconteceram na passada sexta-feira, 19 de setembro, na Catedral de Macau, no domingo 21, no Centro Cultural de Hong Kong, e no dia 23 em Taipé, no National Concert Hall. O coro estava composto por pouco mais de 40 pessoas, das quais 24 vozes brancas. Em Macau, sabendo do grande número de pessoas que queriam participar, colocaram telões fora da catedral para aqueles que não puderam entrar. No aeroporto de Taipei foram acolhidos com uma recepção especial.
Além disso, no dia 21 o Coro da Capela Sistina, por sugestão do Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, acompanhou a liturgia dominical da celebração eucarística, presidida pelo cardeal John Tong Hon, na Catedral da Imaculada Conceição, em Hong Kong.
Os concertos foram muito bem recebidos e despertaram grande entusiasmo, indicou a mídia local. "Percebe-se que para eles foi um acontecimento verdadeiramente extraordinário" e até "tiravam fotos do pôster do Papa com o Coro", disse uma pessoa que participou do evento.
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Ortodoxos e católicos unidos pelo martírio
A Comissão Mista Internacional para o diálogo teológico entre as Igrejas Católica e Ortodoxa conclui a sua sessão plenária e pede proteção para os perseguidos no Oriente Médio
Por Redacao
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - A Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa completou a sua décima terceira sessão plenária, em Amã, na Jordânia. A reunião aconteceu do 15 ao 23 de setembro, por convite do Patriarca greco-ortodoxo de Jerusalém, Sua Beatitude Teófilo III e foi dedicada aos cristãos perseguidos no Oriente Médio e ao rascunho do documento intitulado "Sinodalidade e Primado".
No sábado, 20 de setembro, os membros católicos celebraram a Eucaristia na paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, presidida pelo Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos. Durante a homilia --se indica em uma nota da Rádio Vaticano-- o cardeal disse que "os cristãos já estão unidos em muitos aspectos e, especialmente, no martírio de nossos irmãos e irmãs pertencentes a diversas Igrejas e comunhões eclesiais".
Enquanto isso, o príncipe da Jordânia, Ghazi, levou, na segunda-feira, 22, a sua saudação do Rei Abdullah al-Hussein e expressou seu interesse pessoal pelo progresso do diálogo, salientando que qualquer diálogo espiritual, intelectual ou teológico não pode ser interrompido por uma crise.
O membros da Comissão "levantaram suas vozes para expressar profunda preocupação e solidariedade com os cristãos e membros de outras religiões nesta região são perseguidos, obrigados a fugir e mortos". Também rejeitaram com firmeza absoluta a idéia de que "tais crimes hediondos possam ser justificados em nome de Deus ou da religião". E assim, "oraram com força para que estes irmãos e irmãs, expressando profunda gratidão a todos os comprometidos em ajudar os milhões de refugiados e deslocados".
Da mesma forma, a Comissão implora que a comunidade internacional "adote as medidas mais adequadas para intervir e proteger os que são perseguidos e garantir a presença constante e vital do cristianismo no Oriente Médio". Também aproveitaram a oportunidade para renovar o seu apelo à libertação dos metropolitas de Aleppo, Mar Gregorios Yohanna Ibrahim e Boulos Yazigi, os sacerdotes, religiosos e todos aqueles que foram seqüestrados.
Para sublinhar o sentido de solidariedade para com as pessoas que sofrem nesta região, os dois co-presidentes da Comissão, o cardeal Kurt Koch e o metropolita João de Pergamon, visitaram um centro para refugiados em Amã, onde puderam experimentar em primeira mão as necessidades urgentes dos refugiados.
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O que é a Gendarmaria Vaticana?
A força policial que prendeu o ex-núncio acusado de abusos, celebra a sua festa nesta sexta-feira, dia de São Miguel Arcanjo
Por Sergio Mora
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - No Estado-Cidade do Vaticano existem dois corpos armados, um é a Guarda Suíça, famosa pelos seus uniformes coloridos, o outro é a Gendarmaria Vaticana que usa o clássico quepe azul.
O corpo da polícia do Vaticano, a Gendarmaria, nasceu em 1816 por vontade de Pio VII, após o Congresso de Viena, com o nome de Corpo da polícia papal. Desde o retorno de Pio VII do seu exílio em Gaeta, tomou o nome de Gendarmaria Pontifícia, corpo composto hoje por cerca de 150 policiais, dos qual faz parte desde 2008 a Interpol.
Não muito tempo atrás, quando perguntaram ao comandante, Domenico Giani, se os policiais são anjos da guarda do Papa, respondeu: "Não, porque os anjos são uma realidade celeste, nós, os policiais, operamos aqui na terra, com a juda do nosso protetor, São Miguel Arcanjo".
No dia 26 de setembro é a festa da Gendarmaria. O Papa Francisco se programou para celebrar a missa com eles nesta festividade. Para saber mais sobre o que é a Gendarmaria Vaticana, Zenit entrevistou um oficial do Corpo que nos narrou alguns detalhes e que agora compartilhamos com os nossos leitores.
ZENIT: Com se entra na Gendarmaria do Vaticano?
- Em primeiro lugar é preciso ter amor pela Igreja e pelo Papa. Depois, como em todos os corpos policiais, é necessário realizar uma seleção e um concurso. Pode ser um trabalho duro que, entretanto, pode dar também grande satisfação.
ZENIT: Vocês têm alguma espiritualidade particular?
- Temos um capelão que nos acompanha espiritualmente, e está sempre disponível para todos. Celebra a Missa, se encarrega dos exercícios espirituais que fazemos todos os anos, e é uma figura de referência para todos nós.
ZENIT: Que relações têm ou como trabalham com a polícia italiana?
- Na Praça de São Pedro, que é sobre todos os aspectos território do Vaticano, quando o Papa não está presente, está sob a jurisdição da polícia italiana. Portanto, se nesse momento há um batedor de carteiras que rouba, intervém a polícia italiana. Mas, se o Papa está presente, a polícia italiana se retira para as extremidades e intervém a Gendarmaria e os Guardas Suíços, como previsto no Tratado de Latrão.
ZENIT: E nas viagens na Itália e no exterior?
- Nas viagens à Itália, nós cooperamos com a Inspecção da Segurança Pública do Vaticano, uma divisão da Polícia italiana, que tem base a poucos passos do Vaticano. E no exterior, cooperaramos com a polícia do país que nos hospeda. Em viagens fora da Itália, estão presentes também dois representantes da Guarda Suíça.
ZENIT: Qual é a diferença entre a Gendarmaria e a Guarda Suíça?
- Ambos trabalham juntos para proteger o Pontífice. Eles têm o serviço de segurança do Palácio Apostólico, onde nós não temos competência. A menos que ocorra um delito, digamos, um roubo, então sim, em quanto polícia judicial. Eles também fazem um primeiro filtro nas entradas da Cidade do Vaticano, além da parte representativa. Nós, pelo contrário, somo a polícia de segurança, judicial, de controle, de fronteira.
ZENIT: Entende-se que no Vaticano não acontecem graves crimes.
- Na verdade pode acontecer, como foi no caso do mordomo de Bento XVI, que foi preso e as investigações foram realizadas por nós. Ou em casos da vida diária, como um roubo no supermercado. Com os turistas raramente existem problemas, mais com os ladrões de carteiras que entram na Basílica de São Pedro, ou nos Museus do Vaticano. Não se esqueça que, diariamente, na Basílica, entram cerca de 11 mil pessoas e no Museu cerca de 18 mil, um terreno fértil para os ladrões. Em contraste, na Cidade do Vaticano tudo é muito tranquilo.
ZENIT: A celas foram inauguradas pelo mordomo?
- Foram usadas há algum tempo atrás, mas, certamente, quem esteve mais tempo lá foi ele.
ZENIT: Como é a relação com o Papa Francisco?
- O comandante Giani tem uma bela relação com o Papa. Trocam pontos de vista. Está muito próximo. O que o Papa quer chega diretamente a ele, em uma relação muito imediata. Fomos à missa em Santa Marta divididos por turnos. Depois, neste ano, o Papa celebrará para nós na sede do Governatorado, a missa, na festa de São Miguel Arcanjo.
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Bispos nigerianos exigem que o governo faça mais para deter o Boko Haram
Enquanto a Nigéria sangra e arde: um comunicado que reflete e desafia
Por Redacao
ROMA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Reproduzimos a seguir a declaração que a Conferência Episcopal da Nigéria lançou em 18 de setembro durante a sua assembléia plenária. A declaração aborda a violência perpetrada pelo grupo terrorista Boko Haram, que, em agosto, declarou o estabelecimento de um califado e vem progressivamente atacando partes do nordeste do país a partir da sua base no estado de Borno.
A declaração é assinada por dom Ignatius Ayau Kaigama, arcebispo de Jos e presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, e por dom William Avenya, de Gboko, secretário da mesma conferência.
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Enquanto Nigéria sangra e arde
Nossa segunda Reunião Plenária Anual, na diocese de Warri, Estado do Delta, foi sacudida todos os dias por notícias aterradoras, vindas, em primeira mão, de Borno, Yobe, Adamawa, Taraba, Kano e Kaduna: elas relatavam a matança em massa de irmãos nigerianos; incêndios e saques de vilas inteiras, de igrejas e de casas paroquiais. Famílias e indivíduos são obrigados a procurar refúgio fora das suas casas e das suas terras invadidas.
Um dos nossos bispos, procedente dessas áreas de tragédia, teve de abandonar abruptamente a nossa reunião porque milhares de refugiados haviam afluído à sua catedral em busca de proteção e de alimentos. Infelizmente, a situação atual no nordeste da Nigéria é de mais assassinatos, incêndios e fuga de nigerianos indefesos, criando-se uma sensação de grande inquietação e de cerco em toda a nação.
Enquanto a Nigéria tragicamente sangra e arde, nós, bispos, nos declaramos realmente alarmados com as dimensões da destruição humana e material, com o esfacelamento da vida nas aldeias e nas comunidades e com o aumento dos níveis de ódio e de potencialidade de mais conflitos no país. Se os muçulmanos são alvos esporádicos desses ataques destrutivos, os cristãos, as igrejas e os não muçulmanos em geral são os principais alvos de extermínio, de expropriação e de expulsão por parte dos insurgentes do Boko Haram, autores de todas essas formas de destruição.
Acreditamos que ainda temos governo, em nível federal e estadual, cujo principal dever é preservar e proteger a vida de cada nigeriano, independentemente de tribo, religião, classe social ou tradição.
Em vista do grupo Boko Haram e de outras milícias criminosas que se armam para impunemente matar cidadãos inocentes e indefesos, o nosso governo tem a obrigação de fazer mais do que está fazendo hoje a fim de proteger as nossas vidas e defender a nossa nação. Tem a obrigação de fazer mais do que está fazendo hoje para combater e desarmar esses reais destruidores de nigerianos e da Nigéria. Tem a obrigação de fazer mais do que está fazendo hoje para evitar que segmentos da nossa nação sejam engolidos pela anarquia e pela destruição mútua. Tem a obrigação de levar os criminosos à justiça.
Alertamos toda comunidade nigeriana, em seus níveis locais e estaduais, para ficar alerta ao grave perigo que ameaça a nós todos e a nossa nação, perigos vindos de dentro e de fora dela. Não está em questão quem será presidente, governador ou senador depois das eleições gerais de 2015. O que está em questão é a vida e a segurança de cada um de nós, que ama a sua vida e se preocupa de verdade com o nosso convívio pacífico e nobre como nigerianos.
Lançamos um apelo, portanto, para que todos nós apoiemos e encorajemos cada esforço positivo do governo atual voltado a proteger os nigerianos e defender a integridade e a unidade da Nigéria. Tomemos as medidas legais locais para evitar a destruição dos nossos irmãos nigerianos e para repelir os destruidores da Nigéria.
Ordenamos que o nosso escritório da Caritas forneça imediatamente os fundos de socorro a todas as pessoas afetadas, conforme as nossas capacidades.
Instamos o governo e todos os nigerianos que tenham recursos para que ajudem, na caridade e na solidariedade, os nossos irmãos e irmãs desabrigados, onde quer que eles estejam, preservando, assim, a nossa dignidade humana concedida por Deus.
De acordo com a nossa vocação de líderes religiosos, nós, bispos da Nigéria, decidimos também organizar uma noite nacional de oração, de 13 a 14 de novembro de 2014, em Abuja.
Os momentos atuais são críticos para o nosso país. Todo aquele que está em posição de autoridade deve fazer o máximo possível para salvar o nosso amado país, a Nigéria.
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O cardeal Muller recebe o superior dos lefebvrianos
Encontro durou duas horas e determinou a gradual superação das controvérsias a fim de permitir a volta da plena comunhão do grupo com a Igreja
Por Rocio Lancho García
CIDADE DO VATICANO, 23 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O cardeal prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard L. Müller, se reuniu nesta manhã, durante duas horas, com dom Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, grupo tradicionalista fundado por dom Lefebvre.
Participaram do encontro dom Luis Ladaria, SJ, secretário da mesma Congregação, dom Agostino Di Noia, OP, secretário adjunto, e dom Guido Pozzo, secretário da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, além dos assistentes da Fraternidade Nikolas Pfluger e Alain-Marc Nély. A comissão Ecclesia Dei foi criada em 1988 por João Paulo II precisamente para favorecer o regresso à Igreja católica de todos os indivíduos unidos à comunidade "lefebvriana".
O porta-voz do Vaticano, pe. Federico Lombardi, informa que "durante o encontro foram examinado alguns problemas de tipo doutrinal e canônico e determinou-se proceder gradualmente e dentro de um tempo razoável para superar as dificuldades e alcançar a desejada reconciliação plena".
"Depois de um longo período sem encontros", disse Lombardi, "o de hoje marcou a retomada do contato de forma serena, mostrando a boa intenção de se continuar em perspectiva positiva".
O encontro de hoje foi o primeiro desde a nomeação do cardeal Müller como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Em 21 de janeiro de 2009, mediante decreto pontifício, a Santa Sé levantou a excomunhão imposta aos quatro bispos lefebvrianos que tinham sido consagrados validamente, mas não legitimamente, já que a sua ordenação desobedecia à proibição da Santa Sé.
"Uma ordenação episcopal sem o mandado pontifício significa o perigo de um cisma, por questionar a unidade do colégio episcopal com o papa. Assim, a Igreja deve reagir com a sanção mais dura, a excomunhão, com o fim de chamar as pessoas sancionadas ao arrependimento e à volta à unidade", escreveu Bento XVI, em 12 de março de 2009, na carta aos bispos da Igreja católica.
Na mesma carta, Bento XVI explicou que, "até que as questões relativas à doutrina sejam esclarecidas, a Fraternidade não tem nenhum estado canônico na Igreja, e, embora tenham sido liberados da sanção eclesiástica, os seus ministros não exercem legitimamente ministério algum na Igreja".
Em julho de 2011, em um de seus últimos atos no cargo, o predecessor do atual prefeito, cardeal Levada, entregou ao superior da Fraternidade um texto com um Preâmbulo Doutrinal preparado pela Congregação e aprovado pelo papa Bento XVI. O texto, necessário para a continuidade do processo que levaria a Fraternidade à regularização da sua posição no seio da Igreja católica, não foi assinado por dom Fellay.
Em setembro de 2011, um comunicado assinado pelo secretário geral da Fraternidade, Christian Thouvenot, explicava que o documento não tinha sido assinado porque era "claramente inaceitável".
O último episódio oficial de encontro entre representantes da Fraternidade e representantes da Igreja católica ocorreu alguns meses atrás, ao término de um jantar na Casa Santa Marta. Foi uma breve saudação entre dom Fellay e o papa Francisco.
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O que Karl Rahner pensava da literatura e do livro religioso
Os insights do grande teólogo e jesuíta alemão condensados por Antonio Spadaro em uma coleção de três ensaios intitulado "Literatura e Cristianismo"
Por Robert Cheaib
ROMA, 23 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O que torna um texto literário em um texto religioso? - Alguém poderia dizer que a resposta é óbvia. Mas Karl Rahner, teólogo de grande discernimento e sensibilidade, não era o tipo de homem que respondia com clichês e com a banal aparente evidência. Para ele, um texto literário é "religioso" na medida dupla na qual ele relaciona o homem a si mesmo e além de si mesmo.
Resumindo o pensamento de Rahner sobre as características de um bom texto religioso, Antonio Spadaro diz que "a literatura religiosa deve apelar para a real experiência do homem e deve trazê-lo de volta a si, não leva-lo "a bons pensamentos" ou a "bons sentimentos"; deve sempre perguntar-se: "Onde e como, no leitor, se encontra o que eu tenho a intenção de levar-lhe?".
Spadaro observa que a abordagem da literatura religiosa, de acordo com Rahner está bem longe de ser uma canalização nas estreitas vias da doutrinação ideológica-religiosa epidérmica e superficial. A literatura é uma experiência de iniciação à interioridade e à transcendência, ao mesmo tempo. Em suma, a obra é religiosa na medida em que estimule e "constitua" no leitor a experiência religiosa da transcendência.
Diante deste critério, necessariamente muda a divisão entre livro religioso ou não. Muitos livros etiquetados religiosos estão longe desta iniciação e desta urgência de interioridade e transcendência. Por outro lado, muitos livros não-religiosos, que talvez não mencionem nada sobre "Deus", sejam verdadeiras mistagogias.
Muitas são as intuições – na verdade, as provocações – de Rahner condensadas por Spadaro em uma coleção de três ensaios intitulado "Letteratura e cristianesimo" (Literatura e cristianismo) precedidos por um denso "convite à leitura". Recolhemos dois.
Chega de cosméticos
A nossa época tem feito grandes progressos (não é uma nota necessariamente positiva) na arte dos cosméticos, ou seja, na alteração da aparência e da exterioridade. Não é minha intenção lançar-me nas areias movediças de uma reflexão teológica sobre a cirurgia plástica. Falo do caso para trazer à tona uma advertência de Rahner sobre um perigo análogo que poderia afetar a apresentação e a representação do proprium cristão. Há, de fato, o perigo de "apresentar o conteúdo da fé de forma ideologicamente transportada, apelando ao fato de que ele é "revelado" e aproximando-o do homem, portanto, "externamente".
Em face dessa tentação, Rahner recorda que a revelação "é justamente a destruição da aparência ideológica, atrás da qual se esconde o homem e sufoca a realidade de Deus e a sua própria."
Em outras palavras, a carga religiosa da literatura não deve ser medida pela percentagem de palavras que vêm do jargão religioso, mas pela sua capacidade evocativa de um retorno a uma profundidade negligenciada.
Iniciação mistagógica
A literatura se torna cheia de significado religioso se puder despertar novamente no homem o desejo da autenticidade, da interioridade, se consegue abrir o seu ouvido à escuta de uma Palavra. Rahner evoca, neste caso, a experiência histórico-salvífica da graça no Espírito, antes da manifestação carnal.
Por outro lado, Rahner alarga os horizontes sonhando e esperando um futuro possível do livro religioso: "Não será, portanto, um mal se o livro religioso do futuro tenha como base as coisas aparentemente de primeiro plano e que constituem a vida real: a ação, o trabalho, o amor, a morte, e todas as pobres coisas que enchem a vida; se partirá da "incredulidade" cética que reside no coração e que teme as "ilusões", que a fé em aparência sofre. Se o livro religioso recalcar os aspectos ocultos das coisas "superficiais" que existem univocamente (e só assim será um verdadeiro livro religioso), terá que, por isso, começar do "superficial", que somente leva à verdadeira profundidade. Por isso, o liro do amanha terá que tomar cuidado para não se transformar muito rapidamente em "teologia especulativa". Além disso, a própria Escritura se desvia dos padrões especulativos e sistemáticos do livro religioso.
Assim, a esperança de Rahner é que a teologia se torme menos "científica" e menos prisioneira para a arte, e a literatura se torne mais religiosa, ou seja, capaz de colocar o homem de forma honesta e radical diante das questões últimas. A literatura, digna do nome, deve ser capaz de levar o mundo do homem à sua verdade, "tornando-o transparente, dirindo-se, assim, ao fator tipicamente humano subsistente no homem". Deve tornar-se - quase sem seu conhecimento e anonimamente, mas espontaneamente – uma preparatio evangelii que fale não só aos "cristãos anônimos", mas a um "mundo cristão anônimo".
A literatura, afinal de contas, é ela mesma se fala ao homem, e se, falando ao homem do homem, leva o homem ao limiar do sentido da sua própria humanidade.
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O Papa criou Comissão para a reforma do processo matrimonial canônico
Presidida por Mons. Pio Vito Pinto, decano da Rota Romana, o organismo terá que preparar uma proposta para simplificar os procedimentos do processo e garantir a indissolubilidade do matrimônio
Por Redacao
ROMA, 23 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O Papa Francisco instituiu no sábado passado, 20, uma Comissão especial de estudo para a reforma do processo matrimonial canônico. Os trabalhos do novo organismo – explicou uma nota da Santa de Imprensa vaticana – "começarão o mais rápido possível" e terão como objectivo "preparar uma proposta de reforma do processo matrimonial, procurando simplificar os procedimentos, tornando-a mais ágil e salvaguardando o princípio da indissolubilidade do casamento".
Presidida por Mons. Pio Vito Pinto, decano do Tribunal da Rota Romana, o novo organismo terá entre seus membros o cardeal Francesco Coccopalmerio, Presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Mons. Luis Francisco Ladaria Ferrer, SJ, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, Mons. Dimitrios Salachas, Exarca Apostólico para os católicos gregos de rito bizantino.
Serão membros da Comissão também os monsenhores Maurice Monier, Leo Xavier Michael Arokiaraj e Alejandro W. Bunge, prelados auditores do Tribunal da Rota Romana, bem como o padre Nikolaus Schöch, OFM, promotor de Justiça substituto do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica. Também padre Konštanc Miroslav Adam, O.P., reitor magnífico da Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino (Angelicum), padre Jorge Horta Espinoza, O.F.M., decano da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Antoniamum, e o prof. Paulo Moneta, ex professor de Direito Canônico na Universidade de Pisa.
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Visita do papa Francisco à Albânia: o depoimento de duas testemunhas da perseguição comunista
Na catedral, antes de rezar as vésperas, o Santo Padre abraça um sacerdote diocesano e uma freira estigmatina, ambos já idosos, sobreviventes do ódio contra a fé
Por Redacao
ROMA, 22 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Depois da visita à Universidade de Nossa Senhora do Bom Conselho, o Santo Padre se dirigiu à catedral de São Paulo, em Tirana, para celebrar as vésperas com os sacerdotes, religiosas, seminaristas e membros dos diversos movimentos leigos presentes na Albânia.
O arcebispo de Tirana, dom Rrok K. Mirdita, dedicou algumas palavras ao papa, depois das quais foram ouvidos o testemunho de um sacerdote e de uma religiosa, ambos idosos, que narraram a perseguição sofrida pelo regime comunista.
O padre Ernesto Simoni, sacerdote diocesano de 84 anos, se voltou aos ouvintes presentes e recordou que, com a chegada do partido comunista ao poder, começaram a ser presos e assassinados vários sacerdotes, que morreram clamando "Viva Cristo Rei!". Seus superiores diocesanos foram fuzilados, exemplificou.
Simoni acrescentou que, depois de 8 anos de sacerdócio, o governo o descobriu, prendeu e levou para uma cadeia em que os detentos viviam em situação desumana. Nesse presídio, ele era torturado e lhe diziam: "Você apanha porque anuncia Jesus Cristo", a quem queriam que ele renegasse. Quando estava prestes a morrer, o padre foi libertado.
O sacerdote lembrou também de quando, no cárcere, enviaram um falso preso para o fazer falar contra o comunismo e assim poder condená-lo. Ele passou dezoito anos preso. Na cela, tinha escrito: "Minha vida é Jesus". Algum tempo depois da prisão, teve que fazer trabalhos forçados. Depois da queda do comunismo e do retorno da liberdade religiosa, o padre Ernesto Simoni voltou a trabalhar como pároco. Até hoje, ele atende 118 povoados.
Maria Caleta, religiosa estigmatina, contou que o seu pároco ficou preso durante oito anos e, ao ser solto quando já estava morrendo, não encontrou mais a sua paróquia. Ela tinha simplesmente deixado de existir. Hoje, o pároco está em processo de canonização.
A irmã Maria tinha passado sete anos na congregação das estigmatinas, até que os comunistas fecharam a comunidade e dispersaram as religiosas. Junto com outras pessoas, ela tentou manter a fé. "Às vezes eu ficava em dúvida se não estavam me espionando, mas continuava transmitindo a fé mesmo assim", relatou.
Para ela também veio o tempo dos trabalhos forçados. Certo dia, na rua, uma mãe, pertencente a uma família comunista, lhe pediu que batizasse o seu filho. A irmã temia que fosse uma armadilha, mas pegou água na própria rua e batizou a criança. A freira falou ainda do desejo que sentia de ir à missa e receber os sacramentos, então proibidos. Hoje, declarou, quando pensa no passado, ela "se assombra por ter conseguido fazer o pouco que fez".
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Vaticano: começa a reforma dos meios de comunicação
O comitê responsável se reúne para estudar o relatório da Mc&Kinsey e dar os próximos passos
Por Sergio Mora
ROMA, 22 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - O Comitê para a Reforma dos Meios de Comunicação do Vaticano se reúne pela primeira vez nesta segunda-feira, num encontro que vai até esta quarta, dia 24. Os membros estudarão como otimizar os meios de comunicação da Santa Sé e diminuir os seus custos, levando em consideração, ainda, as mudanças verificadas na comunicação ao longo dos últimos anos com as mídias digitais e as necessárias adaptações de estruturas.
Para realizar essa tarefa, o comitê contará com o assessoramento da consultoria Mc&Kinsey, que fez um estudo sobre as estruturas da Santa Sé no setor de comunicação. Isto "proporcionará à comissão os elementos úteis para repassar as oportunas recomendações ao Santo Padre", informava, em dezembro de 2013, um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.
O comunicado precisava: "Em 18 de dezembro, por iniciativa da pontifícia comissão de estudo e coordenação de assuntos econômicos e administrativos da Santa Sé, após um procedimento de seleção formal, foi confiada à Mc&Kinsey, em estreita colaboração com os responsáveis pelos setores vaticanos envolvidos, a tarefa de prestar assessoria para o desenvolvimento de um plano integral voltado a reorganizar os meios de comunicação da Santa Sé de maneira mais funcional, eficaz e moderna".
A McKinsey presta serviços a empresas dentre as maiores do mundo, bem como a governos e instituições em geral. Foi fundada em Chicago em 1926 e atualmente está presente em 90 países.
O comitê que se encarregará deste delicado trabalho é encabeçado pelo ex-presidente da BBC, Christopher Patten, e conta com seis especialistas de diversos idiomas. O segundo grupo é composto por jornalistas e especialistas do Vaticano, como o latino-americano dom Lucio Ruíz e o diretor do L'Osservatore Romano, Giovanni Maria Vian.
Como toda reforma desse tipo inclui corte de pessoal, prevê-se o desafio de combinar as exigências de redução de custos com o aspecto social das empresas de comunicação da Santa Sé. Se houver cortes, serão afetados especialmente os colaboradores externos.
Os meios de comunicação do Vaticano são vários. A Rádio Vaticano, que transmite diariamente em 40 idiomas, tem programas emitidos em onda curta que chegam a lugares onde não há sequer eletricidade ou telefone. Trabalham na emissora, em total, 335 pessoas, entre técnicos e jornalistas, mais os colaboradores externos.
O jornal L'Osservatore Romano, impresso na Cidade de Vaticano, conta com uma edição cotidiana em formato grande, em italiano, além de edições semanais em alemão, espanhol, francês, inglês, polonês e português, bem como um número mensal dedicado à mulher. Em total, trabalham na redação 45 jornalistas, além dos quais é preciso somar os colaboradores externos. Há cerca de 30 funcionários entre profissionais gráficos, técnicos, de arquivo e fotógrafos.
No Centro Televisivo Vaticano (CTV), que realiza e distribui vídeos para canais de televisão e agências várias, há cerca de 30 pessoas.
Na agência de notícias Fides, pertencente à Congregação para a Evangelização dos Povos e especializada em missionários e reportagens sobre as missões, trabalham 14 pessoas.
Há mais 6 profissionais dedicados ao site de notícias news.va, que agrega notícias de todos os meios de comunicação da Santa Sé em inglês, espanhol e italiano.
Na Assessoria de Imprensa da Santa Sé trabalham 22 pessoas, que se encarregam de todo o apoio logístico e do credenciamento de correspondentes.
Por fim, existem o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e a gestão das contas @pontifex no Twitter, pelas quais é responsável a Secretaria de Estado do Vaticano.
A tarefa de reestruturação de todos esses recursos de comunicação não é simples, considerando-se que são veículos em diversos idiomas e voltados a países diferentes, espalhados por todo o planeta.
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Análise
A visão cristã da política
A Igreja evidencia a submissão da política à ética. Quando isso não acontece, a política se transforma em ditadura e totalitarismo.
Por Vitaliano Mattioli
CRATO, 25 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Jesus com as famosas palavras: "Devolvei a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (MT 22, 21) pôs fim a um sistema de relação entre o Estado e a Religião (Cesaropapismo) ou entre a religião e o Estado (Teocracia).
Entre estas duas tendências, Jesus escolheu o sistema de separação, que não é de oposição, mas de respeito mútuo pelas relativas responsabilidades.
A palavra 'política' desde a cultura da Grécia antiga, tem sido entendida como "realização do bem comum da cidadania". De acordo com esta interpretação, pode-se legitimamente afirmar que a política não desfruta de uma autonomia absoluta, mas sendo uma atividade humana, deve estar dentro dos parâmetros da ética. É neste sentido que existe uma visão cristã da política.
Pio XII, em discurso à União Latina de Alta Moda (08 de novembro de 1957), fez referência também à moral política: "É bem verdade que a moda, como a arte, a ciência, a política e atividades semelhantes, chamadas profanas, tem suas próprias normas para atingir os objetivos imediatos para os quais se destinam; No entanto, o seu sujeito é inevitavelmente o homem, que não pode prescindir de realizar aquelas atividades tendo em vista o último e supremo fim ao qual ele mesmo está essencialmente e totalmente ordenado. Existe, portanto, o problema moral da moda"; por consequência existe o problema moral da política.
A Igreja, perita em humanidade, como costumava expressar Paulo VI, formulou a sua Doutrina Social, na qual também lida com a moralidade da política.
Agora, entre os princípios permanentes da doutrina social da Igreja, que constituem os verdadeiros e próprios gonzos do ensinamento social católico prevalece o princípio da dignidade da pessoa humana no qual todos os demais princípios ou conteúdos da doutrina social da Igreja têm fundamento, do bem comum, da subsidiariedade e da solidariedade.
Estes princípios têm um caráter geral e fundamental, pois que se referem à realidade social no seu conjunto e porque remetem aos fundamentos últimos e ordenadores da vida social. Pela sua permanência no tempo e universalidade de significado, a Igreja os indica como primeiro e fundamental parâmetro de referência para a interpretação e o exame dos fenômenos sociais, necessários porque deles se podem apreender os critérios de discernimento e de orientação do agir social, em todos os âmbitos.
Da dignidade, unidade e igualdade de todas as pessoas deriva, antes de tudo, o princípio do bem comum, a que se deve relacionar cada aspecto da vida social para encontrar pleno sentido. Segundo uma primeira e vasta acepção, por bem comum se entende: "o conjunto de condições da vida social que permitem, tanto aos grupos, como a cada um dos seus membros, atingir mais plena e facilmente a própria perfeição" (Gaudium et Spes, n. 26).
Uma sociedade que, em todos os níveis, quer intencionalmente estar ao serviço do ser humano é a que se propõe como meta prioritária o bem comum. A pessoa não pode encontrar plena realização somente em si mesma, prescindindo do seu ser "com" e "pelos" outros.
As exigências do bem comum derivam das condições sociais de cada época e estão estreitamente conexas com o respeito e com a promoção integral da pessoa e dos seus direitos fundamentais. Entre estes direitos fundamentais estão os direitos à vida, a viver uma vida digna dum ser humano, o trabalho, a liberdade religiosa.
Se o bem comum empenha todos os membros da sociedade, ainda mais se identifica com o programa do homem político. Não é possível ser 'homem político' sem ter como aspiração a realização do bem comum. Por isso o bem comum é exatamente o contrario do bem próprio e do egoísmo. É neste sentido que a Igreja apresenta a atividade política como diaconía, isto é: serviço.
A responsabilidade de perseguir o bem comum compete, não só às pessoas consideradas individualmente, mas também ao Estado, pois que o bem comum é a razão de ser da autoridade política. Na verdade, o Estado deve garantir coesão, unidade e organização à sociedade civil. O fim da vida social é o bem comum historicamente realizável.
Estes princípios gerais são expressados em forma clara especialmente em dois documentos básicos: a constituição conciliar Gaudium et Spes (7 dezembro 1965) e a "Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política" da Congregação para a Doutrina da Fé (24 novembro 2002).
A Gaudium et Spes no n. 76 fala sobre 'A comunidade política e a Igreja'.
Neste n. 76 são enunciados alguns princípios básicos de grande importância.
Primeiro: "A Igreja que, em razão da sua missão e competência, de modo algum se confunde com a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado, é ao mesmo tempo o sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana".
Segundo: "No domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autônomas. Mas, embora por títulos diversos, ambas servem a vocação pessoal e social dos mesmos homens".
Terceiro: "O homem não se limita à ordem temporal somente".
Quarto: 'É certo que as coisas terrenas e as que, na condição humana, transcendem este mundo, se encontram intimamente ligadas; a própria Igreja usa das coisas temporais, na medida em que a sua missão o exige. [...] Ela não coloca a sua esperança nos privilégios que lhe oferece a autoridade civil".
Quinto: "Sempre lhe deve ser permitido pregar com verdadeira liberdade a fé; ensinar a sua doutrina acerca da sociedade; exercer sem entraves a própria missão entre os homens; e pronunciar o seu juízo moral mesmo acerca das realidades políticas".
Com estes princípios a Igreja reivindica a sua autonomia do Estado, a trascendência do ser humano, reafirma a moralidade da atividade política.
Em seguida a Igreja escreveu uma Nota em forma ainda mais explícita. Nesta reafirma o primado da pessoa humana, a sua dignidade e declara que o fim da atividade política deve ser a busca do bem comum.
Além disso, evidencia as características do político católico. Ele deve saber que a sua pertença a um partido não pode ser superior à sua pertença à Igreja e que cada expressão legislativa não pode ser a última referência normativa. Se assim não fosse, pode-se chegar a um absurdo: isto é, que alguns homens, com as leis, possam atribuir a si o direito de estabelecer os confins entre o bem e o mal.
Defende também a verdadeira laicidade do Estado, pressuposto fundamental para que o político crente possa expressar a si mesmo em conformidade à sua consciência, e se opõe quando a laicidade se transforma em ideologia.
Agora prefiro citar algumas expressões mais significativas.
"Os fiéis leigos desempenham também a função que lhes é própria de animar
cristãmente a ordem temporal (n. 1).
"A liberdade política não é nem pode ser fundada sobre a ideia relativista, segundo a qual, todas as concepções do bem do homem têm a mesma verdade e o mesmo valor, mas sobre o fato de que as atividades políticas visam, vez por vez, a realização extremamente concreta do verdadeiro bem humano e social, num contexto histórico, geográfico, econômico, tecnológico e cultural bem preciso. [...] Se o cristão é obrigado a admitir a legítima multiplicidade e diversidade das opções temporais, é igualmente chamado a discordar de uma concepção do pluralismo em chave de relativismo moral, nociva à própria vida democrática, que tem necessidade de bases verdadeiras e sólidas, ou seja, de princípios éticos que, por sua natureza e função de fundamento da vida social, não são "negociáveis. [...] A estrutura democrática, sobre que pretende construir-se um Estado moderno, seria um tanto frágil, se não tiver como seu fundamento a centralidade da pessoa (n. 3).
"Não é consentido a nenhum fiel apelar para o princípio do pluralismo e da autonomia dos leigos em política, para favorecer soluções que comprometam ou atenuem a salvaguarda das exigências éticas fundamentais ao bem comum da sociedade. Por si, não se trata de 'valores confessionais', uma vez que tais exigências éticas radicam-se no ser humano e pertencem à lei moral natural" (n. 5).
Esta é a visão política da Igreja que emerge analisando os seus documentos. Ela não pede privilégios para si mesma. A única preocupação é de trabalhar para o bem comum da humanidade e de defender o valor absoluto e primário da pessoa humana. Por isso a Igreja evidencia a submissão da política à ética. Quando isso não acontece, a política se transforma em ditadura e totalitarismo. A atividade política não está mais a serviço do homem, mas se transforma num grande seu inimigo, como infelizmente a história do século passado pode testemunhar.
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As escolas católicas e a perenização das lendas negras antieclesiais.
Há uma impressionante cadeia de homens sábios e documentos em defesa da razão e da ciência produzidos numa única instituição, a Igreja Católica. Apesar disso, o ensino médio e superior brasileiro continua propagando lendas antieclesiais.
Por Paulo Vasconcelos Jacobina
BRASíLIA, 24 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Na semana passada, meu filho adolescente me abordou com o texto de sua prova simulada nas mãos. Ele estuda numa escola católica, ressalte-se, o que não necessariamente torna mais fácil a luta para que ele não perca a fé diante da forma com que as disciplinas de história, literatura e ciências são muitas vezes apresentadas pelos professores. Mas as questões que narro a seguir teriam o mesmo viés, ainda que a escola não fosse católica.
No caso concreto, ele me interpelava com uma questão de história, que tinha exatamente o seguinte conteúdo:
"Enquanto as civilizações sarracena e bizantina desenvolveram amplos estudos de física, matemática, astronomia e medicina, as ciências, na sociedade europeia, não avançaram muito, devido à repressão da Igreja Católica a qualquer estudo que colocasse em risco a sua doutrina religiosa."
Devido às conversas que temos em casa sobre questões históricas relacionadas à Igreja, ele respondeu na prova que a afirmativa estava errada. Lembrou-se de como eu lhe comentava sobre a verdade do incidente com Galileo Galilei, ou de como eu lhe mencionara o excelente livro "Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental", de Thomas Woods, ou mesmo a importância da reta razão na compreensão da fé, como ressaltado já por sábios como São Justino, do século II, pelos Padres Alexandrinos do século II e III, por homens como Santo Agostinho (século IV), Boécio (século V), Alcuíno (séc. VIII), Abelardo (séc. XII), Santo Anselmo Séc. XIII), para não mencionar Erasmo e Thomas Hume (séc. XVI), todos numa impressionante defesa da razão humana, reiterada em diversos concílios como o IV de Latrão (1215) e os Concílios Vaticano I (1870) e Vaticano II (1965), além da encíclica "Fides et Ratio", de João Paulo II, a cujo respeito eu também eventualmente comentava com ele.
É uma impressionante cadeia de homens sábios e documentos em defesa da razão e da ciência produzidos numa única instituição, a Igreja Católica. Não se sabe de outra instituição com uma história assim. Mas, uma vez divulgado o gabarito pela escola, para sua surpresa (e a minha) a resposta correta, para a escola, é que a afirmativa estava certa. O que fez com que meu filho me questionasse com uma certa agressividade na voz, e não sem um certo ar de decepção com a confiabilidade da formação que eu lhe dava.
Resolvi entrar em contato com a direção da escola, por e-mail, e o fiz assim:
"Prezado diretor,
Sou pai de um aluno do ensino médio, e fiquei com uma dúvida grave sobre o simulado aplicado por vocês. Ele me mostrou a prova, e a questão 64 é manifestamente falsa. Mas pelo gabarito publicado, ela estaria verdadeira para a escola.
A questão afirma que a Igreja Católica manteve o ocidente na ignorância científica, repelindo as pesquisas e os avanços científicos, com medo de que o avanço da ciência ameaçasse a fé, que entretanto eram alcançados por sarracenos (muçulmanos) e bizantinos. Isto é manifestamente falso: basta olhar um noticiário de TV para perceber qual das duas esferas do mundo desenvolveu a tecnologia, se o ocidente católico ou o oriente bizantino e muçulmano.
Não é à toa que o renascimento Carolíngeo deu-se já no século IX no ocidente, mesmo sob a crise das invasões bárbaras, e já no século XII o sistema europeu de universidades estava firmemente estabelecido pela Igreja Católica, sem similar no mundo. Enquanto muçulmanos degolavam seus desafetos e bizantinos mantinham seu império sob um tacão de autoritarismo político.
Também não é à toa que o ocidente deu ao mundo, no século XIII, um Santo Alberto Magno, doutor em ciências, e que os monges inventaram os arreios de cavalo eficazes que renovaram a face da Europa durante a baixa idade média. Não é à toa que Galileo Galilei somente pode ter escrito o que escreveu porque era um professor de universidades católicas no século XVI, e que baseou seu estudo nas teorias de Copérnico, que era um padre católico. Há uma série de imbecilidades escritas sobre Galileo, inclusive a de que ele teria sido queimado na fogueira, e repetidas por professores de história de formação antirreligiosa por aí. É uma lenda negra. Galileo morreu de velho, em seu leito, cercado por suas cinco ou seis filhas freiras, confessou-se, recebeu a comunhão e a unção dos enfermos está enterrado numa igreja católica.
Note-se que a cientista Marie Curie era uma devota católica, e que seu trabalho repercutiu no Brasil com o padre Roberto Landell de Moura, que foi a primeira pessoa no mundo a transmitir voz por rádio, em 1903, e que seu professor marxista de história não deve conhecer, é claro, apesar das inúmeras patentes que este padre tem no Brasil e nos EUA.
Mesmo a Wikipedia, que muitas vezes não é confiável em suas informações, faz um interessante reconhecimento da importância da Igreja no fomento da razão através da história:
"Muitos clérigos da Igreja Católica ao longo da história fizeram contribuições significativas para a ciência. Dentre esses clérigos-cientistas estão nomes ilustres tais como Nicolau Copérnico, Gregor Mendel, Alberto Magno, Roger Bacon, Pierre Gassendi, Ruđer Bošković, Marin Mersenne, Francesco Maria Grimaldi, Nicole Oresme, Jean Buridan, Robert Grosseteste, Christopher Clavius, Nicolas Steno, Athanasius Kircher, Giovanni Battista Riccioli, William de Ockham, e muitos outros. Centenas de outros nomes têm feito contribuições importantes para a ciência desde a Idade Média até os dias atuais.
Na verdade, pode-se perguntar por que a ciência se desenvolveu em um ambiente majoritariamente católico. Esta questão é considerada pelo padre Stanley Jaki em seu livro "The Savior of Science". Jaki mostra que a tradição cristã identifica Deus como racional e ordenado. Ele identifica os escolásticos da Alta Idade Média pela sua despersonalização da natureza." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_cl%C3%A9rigos-cientistas_cat%C3%B3licos, acesso em 15.09.2014)
O artigo da Wikipedia, que é um tanto longo, não deixa de ressaltar a importância dos jesuítas para a ciência moderna, e inclusive o fato de que nada menos do que trinta e cinco crateras lunares têm o nome de cientistas jesuítas. Isto parece deixar bem claro qual é a posição institucional da Igreja sobre a ciência, bem diferente daquela maldosamente exposta na referida afirmação da prova. É muito fácil para um jovem adolescente perder a fé – de fato, muitas vezes ocorre sem motivo; certamente fica muito mais fácil quando há uma colaboração externa deste tipo.
Gostaria de esclarecer esta dúvida, inclusive tendo acesso à fonte da qual o professor que elaborou a questão retirou a informação, que, das coisas que conheço, é manifestamente falsa e agressiva à fé católica - à qual a escola alega pertencer.
Mas não se trata de questão de fé, trata-se da necessidade de expor um erro acadêmico grave, que não consigo acreditar ter sido intencional. Não vejo nenhum problema em que se exponha publicamente os erros que historicamente os filhos da Igreja Católica cometeram, mas acho que, no ambiente acadêmico, existe o direito de saber o fundamento de uma afirmação tão grave, tão contrária à boa evidência histórica, e que parece apenas ser a repetição leviana, em meio acadêmico, de uma hostilidade propagada em meios anticlericais para minar a confiança na Igreja."
A escola deu-me um retorno burocrático, através de uma assessora, que prometeu rever o assunto com a professora, mas ainda não fez nenhuma crítica sobre estas afirmações. Não posso evitar a sensação de ser minoria, mesmo dentro de uma escola católica. Mas é hora de não ter constrangimentos em lutar pela verdade, mormente quando a mentira propagada constitui, ademais, uma ataque à fé.
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Angelus
Papa convida a rezar pelo Sínodo sobre a família
As palavras do pontífice antes de rezar o Angelus
Por Redacao
ROMA, 28 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - No final da Santa Missa por ocasião do encontro com os idosos e avós, celebrada no Sagrado da Basílica de São Pedro, Francisco pediu aos fiés para rezarem pelo Sínodo. Apresentamos as palavras pronunciadas pelo Pontífice antes de rezar o Angelus.
Antes de concluir esta celebração, desejo saudar todos os peregrinos, especialmente vocês idosos, vindos de tantos países. Obrigado de coração!
Dirijo uma cordial saudação aos participantes do congresso-peregrinação "Cantar a fé", promovida em ocasião do trigésimo aniversário do coro das dioceses de Roma. Obrigado pela vossa presença e obrigado por terem animado com o canto esta celebração. Continuem a desenvolver com alegria e generosidade o serviço litúrgico nas vossas comunidades!
Ontem, em Madri, foi proclamado beato o Bispo Álvaro del Portillo; o seu exemplar testemunho cristão e sacerdotal possa suscitar em muitos o desejo de aderir sempre mais a Cristo e ao Evangelho.
No próximo domingo terá início a Assembleia Sinodal sobre o tema da família. Está aqui presente o responsável principal, o Cardeal Baldisseri: rezem por ele. Convido todos, indivíduos e comunidades, a rezar por este importante evento e confio esta intenção à intercessão de Maria Salus Populi Romani.
Agora rezemos juntos o Angelus. Com esta oração, invoquemos a proteção de Maria para os idosos do mundo inteiro, de modo particular por aqueles que vivem situações de maior dificuldade.
(Tradução: Canção Nova)
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