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    terça-feira, 13 de novembro de 2012

    Re: [Catolicos a Caminho] Todos somos santos

     

    Esses sermões me deixam sempre chateado, triste de ver tanta capacidade expressiva, sugestiva, direcionada para um questionamento contestador. Sistematicamente, o que é menor é apontado como problema principal e o que é perigoso é estimulado. O complexo de culpa, se um dia já existiu, foi afastado há tempos, e essa consciência de ser "o cara" é o que faz cada um botar suas opiniões acima de qualquer consideração de certo ou errado. Acredito que a intenção não seja essa, mas a expressão é: não se preocupe com o que os outros dizem, você é bom, eles que estão errados.

    Flávio Dickson


    De: Família Arruda <xisto@xistonet.com>
    Para: Undisclosed-Recipient@yahoo.com
    Enviadas: Segunda-feira, 12 de Novembro de 2012 10:38
    Assunto: [Catolicos a Caminho] Todos somos santos

     

    Todos somos santos

    Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: "Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus". Mateus 5,1-12 a
    Hoje a Igreja celebra a festa de todos os santos. É bom lembrar que a palavra santo significa a denominação original dada aos cristãos. São Paulo, em suas cartas, muitas vezes se refere aos santos de Corinto, aos santos de Gálata e aos santos de várias cidades. Naquela época os que faziam parte da comunidade cristã, que acreditavam na ressurreição do Senhor, eram chamados de santos, só muito tempo depois passaram a ser chamados de cristãos. A festa de hoje é dedicada a todos nós, porque todos nós somos santos.
    Com o inicio das perseguições aos primeiros cristãos, ou seja, aos santos, os que morreram em nome da fé foram especialmente considerados.
    Antigamente, quando o número de cristãos era reduzido,o altar onde era celebrada a Eucaristia era a mesa de jantar das famílias. Com o crescimento da comunidade as celebrações dentro de casa não foram mais possíveis, foi preciso construir lugares especiais para abrigar as celebrações para um número maior de pessoas. No inicio da formação da Igreja esses lugares foram construídos com um altar sobre o sepulcro de um mártir. Homens e mulheres considerados especiais naquele tempo não eram chamados de santos, já que todos eram santos. Os mártires eram considerados especiais.
    Com contínuo crescimento da comunidade cristã e com a transformação da Igreja em Igreja-Estado, a partir de Constantino,passou a ser necessária a construção de mais lugares para celebrações, e esses lugares foram edificados também com altares sobre sepulturas de pessoas especialmente veneradas pelas respectivas comunidades, como padres ou outras figuras consideradas especiais.
    A ideia de que santo é aquele que sobrevive à morte física surgiu muito depois, mais ou menos nos anos 700 depois de Cristo. Até então a consciência coletiva era de que todos os pertencentes à comunidade cristã por meio do batismo eram santos.
    Será que hoje possuímos a consciência de que, básica e essencialmente, somos santos?
    Mesmo falhos e pecadores, nós somos santos, isso não muda em nada a essência da nossa santidade. A santidade tem origem no Deus que nos tornou santos, e não em comportamentos. Se somos filhos de Deus e Deus é santo, nós somos santos.
    Se em vez de viver a partir de um complexo de culpa, o ser humano vivesse a consciência de que é santo, de que é bom e de que é filho de Deus, de que é o cara, a vida seria bem diferente. Não importa se vive uma vida mais simples, ou se assumiu maiores responsabilidades, a santidade fundamental de cada um é a mesma, ou seja, de filho ou filha de Deus. Se esta fosse a crença fundamental da humanidade, seria possível enxergar a vida de outra maneira, perceberíamos que não somos uma merdinha qualquer, mas que somos todos santos.
    Dar-se conta da própria santidade torna possível a percepção das experiências da vida durante a infância, ou na idade adulta, duramente vivenciadas não apenas como limites, mas como possibilidades de expressão da santidade pela superação de dificuldades, ainda que com algum trabalho, com a ajuda dos outros e por meio do olhar para si e do profundo reconhecimento de si mesmo, em vez da superficialidade daquilo que é acidental. Ao perceber a própria santidade será possível descobrir em si mesmo o reino de Deus aqui e agora.
    Ao abrirmos os jornais só vemos crimes e tragédias que de modo algum representam a essência humana, e sim as distorções em consequencia de acontecimentos limitadores para os seres humanos. Quer estejamos no palácio ou na favela, somos filhos de Deus, e como tais precisamos nos reconhecer e sermos reconhecidos. Essa consciência é necessária não só para a transformação deste país, mas para a transformação do mundo.
    Não há uma só injustiça, violência ou guerra pelo poder que não seja fruto da inconsciência de quem realmente somos. A consciência de ser filho ou filha de Deus permite desconsiderar ofensas ou besteiras que possam ser ditas a nosso respeito. Se sabemos quem somos, se entendemos que a nossa mãe não é nada daquilo do que a estão chamando, é porque sabemos que o problema não é nosso, e sim de quem nos acusa. Então seremos capazes de abraçar quem tenta nos ofender e de ajudar-lhe a perceber qual é a raiz do seu problema, da sua raiva, ou quais foram os acontecimentos que lhe acarretaram tais limitações, ou que prisões construiu para si própria que a levam a agir de tal maneira. Então será possível o acesso a toda misericórdia e paciência do mundo, para compreender quem ainda não percebeu a verdade sobre si mesmo, que é a filiação divina.
    Ao colocarmos as nossas raivas e limitações expandidas em cima dos outros não conseguiremos avançar, nem fazer com que avancem no processo de evolução.
    É pela liberdade de se reconhecer santo que é possível ser realmente um exemplo de vida para o outro. Seria muito bom que todos nós, ao olharmos para o espelho,disséssemos: eu sou santo, eu sou santa!
    Frei Vicente - Paróquia Santo Antonio - Brasília, DF



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    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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