(08)-A DIGNIDADE DO ENTENDIMENTO !
15. – Participando da luz da inteligência divina, com razão pensa o homem que supera, pela inteligência, o universo.
Exercitando incansavelmente, no decurso dos séculos, o próprio engenho, conseguiu ele grandes progressos nas ciências empíricas, nas técnicas e nas artes liberais.
Nos nossos dias, alcançou notáveis sucessos, sobretudo na investigação e conquista do mundo material.
Mas buscou sempre, e encontrou, uma verdade mais profunda.
Porque a inteligência não se limita ao domínio dos fenómenos; embora, em consequência do pecado, esteja parcialmente obscurecida e debilitada, ela é capaz de atingir com certeza a realidade intelegível.
Finalmente, a natureza espiritual da pessoa humana encontra e deve encontrar a sua perfeição na sabedoria, que suavemente atrai o espírito à busca e ao amor da verdade até às invisíveis.
Mais do que os séculos passados, o nosso tempo precisa de uma tal sabedoria, para que se humanizem as novas descobertas dos homens.
Está ameaçado, com efeito, o destino do mundo, se não surgirem homens cheios de sabedoria.
E é de notar que muitas nações, pobres em bens económicos, mas ricas em sabedoria, podem trazer às outras inapreciável contribuição.
Pelo dom do Espírito Santo, o homem chega a contemplar e saborear, na fé, o mistério do plano divino.
16. – No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôe a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração : faze isto, evita aquilo.
O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado..
A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser.
Graças à consciência, revela-se de modo admirável aquela lei que se realiza no amor de Deus e do próximo.
Pela fideldade à voz da consciência, os cristãos estão unidos aos demais homens, no dever de buscar a veradade e de nela resolver tantos problemas morais que surgem na vida individual e social.
Quanto mais, portanto, prevalecer a recta consciência, tanto mais as pessoas e os grupos estarão longe da arbitrariedade cega e procuarão conformar-se com as normas objectivas da moralidade.
Não raro, porém, acontece que a consciência erra, por ignorância invencível, sem por isso perder a própria dignidade.
Outro tanto não se pode dizer quando o homem se descuida de procurar a verdade e o bem e quando a consciência vai progressivamente cegando, com o hábito do pecado.
Nota. Quando alguém se arrepende de ter feito alguma coisa que não devia, reconhece que cometeu um erro, que o mesmo é dizer que a voz da consciência falou no íntimo do seu ser.
Todavia, para quem não tem fé, não há a consciência de pecado, mas há sempre um estímulo de procurar a verdade, e é a isto que se pode chamar a "dignidade do seu entendimento".
Mas para quem tem fé e considera que errou, voluntária ou involuntariamente, pode surgir a consciência de uma responsabilidade e o desejo de reparar o seu erro, num acto para com a bondade de Deus e o amor do próximo; e é a isto que se pode chamar "a dignidade da consciência moral.
E só por este caminho se pode chegar ao conhecimento do valor e da grandeza da liberdade.
E é isto que a Igreja, através de todos os meios justos procura despertar no íntimo de cada um para que possa chegar à intimidade com Deus e ao diálogo com os próximo.
Nascimento
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