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ZENIT
O mundo visto de Roma
Portugues semanal - 11 de dezembro de 2011
Santa Sé
- "A única insídia para a Igreja é o pecado dos seus membros"
- Santa Sé estreita cooperação com a República de Moçambique
- Os imigrantes revelam o vínculo que une toda a família humana"
- Nomeação para o Pontifício Conselho para Promoção da Nova Evangelização
Mundo
- Imaculada Conceição: luz para o interior da alma
- "Em Mianmar, os sacerdotes são uma referência para todos"
- "Somos administradores da criação, não proprietários dela"
- Prêmio Europeu para a Vida, em memória de Chiara Lubich
- O que as mulheres ensinam aos homens
- Iraque, atentados contra xiitas e cristãos
Entrevistas
Espiritualidade
- Maria Imaculada: a natureza humana em sua forma perfeita
- Os apaixonados buscam novas formas de manifestar seu amor
- P. Raniero Cantalamessa, ofmcap.
Análise
Bioética
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Angelus
Audiência de quarta-feira
Santa Sé
"A única insídia para a Igreja é o pecado dos seus membros"
Ato de veneração de Bento XVI à Imaculada Conceição na Piazza di Spagna
ROMA, sexta-feira, 9 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) - Num momento difícil para a Itália, para a Europa e para o mundo, Maria está sempre pronta para salvar a humanidade do pecado e da autodestruição. É o que recordou o papa Bento XVI durante o ato tradicional de veneração à Imaculada Conceição na Piazza di Spagna, na capital italiana.
No caminho do Vaticano até a célebre praça romana, o Santo Padre fez uma breve parada em frente à Igreja da Santíssima Trindade, onde recebeu a homenagem da Associação dos Comerciantes da Via Condotti.
Já na praça, Bento XVI foi saudado calorosamente por milhares de fiéis com um longo aplauso e gritos de "viva o papa!". O pontífice começou o ato de adoração lendo uma passagem do Apocalipse de São João e depois fez a homenagem floral a Maria, cuja imagem ocupa o topo de uma coluna existente nas imediações.
A estátua da Madonna di Piazza di Spagna, não surpreendentemente, é inspirada na descrição do Apocalipse: "Apareceu um grande sinal no céu: uma mulher vestida de sol, com a lua sob seus pés e, na cabeça, um coroa de doze estrelas" (Ap 12.1).
No Apocalipse, Maria está "vestida de sol" porque é "rodeada da luz de Deus e vive em Deus", disse o Papa. Ela é "cheia de graça", porque é "cheia do amor de Deus".
A lua aos seus pés é "um símbolo da morte e da mortalidade", mas Maria a supera, porque é "plenamente associada à vitória de Cristo, seu Filho, sobre o pecado e a morte".
A vitória sobre a morte, com a qual Maria contribui por ser corredentora dos homens com Cristo, já se manifesta nos dois "grandes mistérios da sua existência": a Imaculada Conceição, comemorada neste 8 de dezembro, e a Assunção ao Céu "em alma e corpo na glória de Deus", disse o Santo Padre.
Maria vence a morte mesmo em sua vida terrena "porque a vive inteiramente a serviço de Deus, na oblação plena de si mesma a Ele e aos outros". Maria é, "por si, só um hino à vida".
A “coroa de doze estrelas” descrita no Apocalipse "representa as doze tribos de Israel, significando que a Virgem Maria está no centro do povo de Deus", diz Bento XVI. Além disso, os símbolos nos lembram que Maria "personifica a Igreja, a comunidade cristã de todos os tempos".
“Ela aparece grávida”, disse o Santo Padre, “porque carrega Cristo em seu ventre e o traz ao mundo: eis o trabalho da Igreja peregrina sobre a terra, que, em meio às consolações de Deus, deve levar Jesus à humanidade".
O enorme "dragão vermelho" do Apocalipse é o diabo, que, em vão, tentou "devorar Jesus", mas o Cristo ressuscitou, subiu ao céu e sentou-se à direita do Pai.
"Então o dragão, derrotado de uma vez por todas no céu, dirige os seus ataques contra a mulher: a Igreja, no deserto do mundo. Mas, em todos os tempos, a Igreja é sustentada pela luz e pelo poder de Deus, que a nutre no deserto com o pão da Sua Palavra e da Eucaristia", disse o papa.
E assim, apesar das perseguições e tribulações que sofre em todo tempo e lugar, a Igreja "sai vencedora". A comunidade cristã que ela representa é a "certeza do amor de Deus contra todas as ideologias do ódio e do egoísmo".
"A única insídia que a Igreja pode e deve temer é o pecado dos seus membros", disse Bento XVI. Ao passo que Maria é Imaculada, "livre de toda mancha do pecado, a Igreja também é santa, mas, ao mesmo tempo, é marcada pelos nossos pecados".
É por esta razão que o povo de Deus deve entrar em contato com Maria, para "nos acompanhar no caminho da fé, para nos incentivar no compromisso de vida cristã e para nos dar o sustento da esperança".
A intercessão de Maria Santíssima é essencial "especialmente neste momento difícil para a Itália, para a Europa, para várias partes do mundo", disse o papa.
"Que Maria nos ajude a ver que há uma luz além do manto de névoa que parece envolver a realidade", concluiu Bento XVI.
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Santa Sé estreita cooperação com a República de Moçambique
O Acordo sobre princípios e disposições juridicas foi assinado hoje
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 9 de dezembro de 2011(ZENIT.org)- Na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação em Maputo foi assinado o Acordo entre a Santa Sé e a República de Moçambique, que consolida o vínculo de amizade e colaboração entre as parte.
Assinaram o Acordo, por parte da Santa Sé, o Núncio Apostólico em Moçambique, D. António Arcari, e – em nome da República de Moçambique, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Dr. Oldemiro Júlio Marques Baloi.
O Acordo sobre os Princípios e Disposições Jurídicas para o Relacionamento entre a República de Moçambique e a Santa Sé é composto por um preâmbulo e vinte e três artigos, que regulamentam vários âmbitos, incuíndo o estatuto jurídico da Igreja Católica, o reconhecimento dos títulos de estudo o matrimonio canônico e o regime fiscal.
Por parte da República de Moçambique, testemunharam o ato o responsável pela Direção Nacional para as questões religiosas do Ministério da Justiça, Dr. Arao Liesure; o diretor adjunto da Direção de Consultoria e Legislação, Justino Tonela; a Chefe do Departamento Jurídico do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Sonia Chirinza; o chefe de gabinete deste Ministério, Bernardo Ferage; o Diretor da Comissão sobre a Energia Atômica, Carlos Machili e outros funcionários ministeriais.
Estavam presentes por parte da Santa Sé: D. Lúcio Andrice Muandula, bispo de Xai-Xai e presidente da Conferência Episcopal; D. Francisco Chimoio, arcebispo de Maputo e vice-presidente da Conferência Episcopal; os padres Mário Codamo e Manuel Tavares, secretário e colaborador da Nunciatura Apostólica; e ainda o Padre Elpídeo Parruque, secretário da Conferência Episcopal.
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Os imigrantes revelam o vínculo que une toda a família humana"
Dom Tomasi fala em nome do Vaticano na Organização das Migrações
GENEBRA, quinta-feira, 8 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) - A migração é uma preocupação urgente em todo o mundo, talvez ainda mais do que há sessenta anos, quando a Organização Internacional para as Migrações (OIM) começou suas atividades.
Este fato foi sublinhado por Dom Silvano Maria Tomasi, C.S., observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas e às Instituições Especializadas, em Genebra, durante discurso na centésima sessão do Conselho da OIM, de 5 a 7 de dezembro.
O prelado menciona a atual crise econômica como complicadora da vida dos migrantes, mas não como redutora do seu número.Estimativas apontam cerca de 214 milhões de migrantes hoje, um número que deverá aumentar nas próximas décadas, fazendo do fenômeno uma das "megatendências" do século XXI.
Para Dom Tomasi, "isto envolve e afeta milhões de seres humanos, suas famílias e as pessoas dos países de origem, de trânsito e de destino".
Chamando a atenção para a "dimensão humana" da migração, o representante do Vaticano observou que prevalecem hoje, "infelizmente, as atitudes de autoproteção, agravadas pela crise econômica e pelo aumento da pressão nas fronteiras dos países desenvolvidos".
A migração, segundo ele, é "um teste para o respeito e para a implementação dos direitos humanos, especialmente quando as políticas são focadas no controle e na segurança nacional".
Diante dos desafios, a resposta dada até agora pela comunidade internacional continua a ser "fragmentada e descoordenada". De acordo com Dom Tomasi, as tentativas de resolver o problema da gestão dos fluxos migratórios encontram “relutância e desconfiança”, um efeito que vem também da opinião pública às vezes hostil e do surgimento de partidos anti-imigrantes.
A globalização, disse Tomasi, "aumenta a interdependência dos países que precisam de trabalho e dos que têm populações mais jovens". Por isso, convém "criar uma sinergia benéfica para ambas partes". Alcançar esta sinergia “deve ser o objetivo das instituições multilaterais”, acrescentou.
Deve-se ainda "promover e fortalecer a percepção positiva dos imigrantes", disse o prelado, fazendo uma referência a "evidências claras" da contribuição econômica positiva dos migrantes nos países que os acolhem.
"Os imigrantes tornam visível o elo que liga toda a família humana", disse Dom Tomasi. "Eles não devem ser usados como uma distração para a falta de empregos e para a crise econômica não resolvida, nem ser vistos como ameaças à segurança".
"É claro que os fatores que levam a emigrar não são apenas econômicos. Eles incluem a busca por segurança e liberdade, a possibilidade de desenvolvimento pessoal e profissional e uma melhor qualidade de vida", disse o religioso, que também mencionou o papel dos meios de comunicação no incentivo à migração, por levantarem expectativas muitas vezes exageradas e disseminarem imagens de estilos de vida atraentes.
O representante do Vaticano reiterou que existem "algumas situações que exigem resposta imediata", como a migração crescente de menores não acompanhados, a violência sofrida por migrantes nos países de trânsito, especialmente mulheres e crianças, e a atençãoaos imigrantes deportados para seus países de origem.
Citando a mensagem do Papa Bento XVI na 97ª Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, cujo tema é Uma Só Família Humana, o prelado concluiu o discurso dizendo que o 60º aniversário da OIM é “um marco que dá oportunidade para uma visão renovada e um compromisso com o serviço a todas as pessoas que partem em busca de uma vida melhor e mais produtiva”.
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Nomeação para o Pontifício Conselho para Promoção da Nova Evangelização
Bento XVI nomeia Moysés Louro de Azevedo Filho, fundador da Comunidade Católica Shalom
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de dezembro de 2011(ZENIT.org)- O Santo Padre Bento XVI nomeou nesta quarta-feira, novos consultores para o Pontifício Conselho para Promoção da Nova Evangelização e dentre eles está o brasileiro Moysés Louro de Azevedo Filho, fundador da Comunidade Católica Shalom.
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No dia 7 de dezembro de 2011, o Santo Padre Bento XVI nomeou Consultores do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização:
Monsignor Georg Austen (Alemanha), Pe.Denis Biju‑Duval (França), Pe. Achim Buckenmaier (Alemanha), Pe. José Luis Del Palacio (Peru), Pe. Marian Królikowski (Polônia), Mons.Sergio Lanza (Itália), Pe. Xavier Morlans i Molina (Espanha), Mons. Antonio Pitta (Itália), Mon.Henryk Seweryniak (Polônia), Dr.Moysés Louro De Azevedo Filho (Brasil), Dr.Curtis A. Martin (Estados Unidos), Dr. Ralph Martin (Estados Unidos), Prof.Thomas Söding (Alemanha), Dra Maria Voce (Itália) e Dr.Petroc Willey (Reino Unido).
O nominado, Moysés Louro de Azevedo Filho, é leigo, celibatário; Fundador e Moderador Geral da Comunidade Católica Shalom, esta é reconhecida pelo Pontifício Conselho para os Leigos como Associação Internacional de fiéis.
A Comunidade Católica Shalom, por ele fundada, nasceu na cidade de Fortaleza, a partir de uma lanchonete como meio de atrair os jovens para Deus. É composta por sacerdotes, celibatários e famílias em duas formas de vida que se complementam: Comunidade de Vida e Comunidade de Aliança. Está presente atualmente em 54 dioceses no Brasil e em outros 17 países.
Moysés, entre outras funções, já foi nomeado pelo Santo Padre, delegado, na 5° Conferência Geral do Episcopado Latino americano e do Caribe em 2007, consultor do Pontifício Conselho para os Leigos em 2008 e auditor para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus em 2008.
De acordo com a Carta Ubicumque Et Semper, de Bento XVI, que constituiu o Pontifício Conselho para a Nova Evangelização; este Conselho vem “oferecer respostas adequadas a fim de que a Igreja inteira, deixando-se regenerar pela força do Espírito Santo, se apresente ao mundo contemporâneo com um impulso missionário capaz de promover uma nova evangelização.” (pr.6)
Entre as tarefas específicas do Conselho salientam-se: aprofundar o significado teológico e pastoral da nova evangelização; promover e favorecer, em estreita colaboração com as Conferências Episcopais interessadas, o estudo, a difusão e a aplicação do Magistério pontifício relativo às temáticas vinculadas à nova evangelização; dar a conhecer e incentivar iniciativas ligadas à nova evangelização já em curso nas várias Igrejas particulares e promover a realização de outras novas, comprometendo também concretamente os recursos presentes nos Institutos de Vida Consagrada e nas Sociedades de Vida Apostólica, assim como nas agregações de fiéis e nas novas comunidades; estudar e favorecer a utilização das formas de comunicação modernas, como instrumentos para a nova evangelização; promover o uso do Catecismo da Igreja católica, como formulação essencial e completa do conteúdo da fé para os homens do nosso tempo.
O Conselho é presidido por um Arcebispo Presidente, na figura do S.E Mons. Rino Fisichella, coadjuvado por um Secretário, S.E. Mons. José Octavio Ruiz Arenaspor um Subsecretário, Mons. Graham Bell e por um côngruo número de Oficiais; e dispõe de Membros e Consultores próprios.
E como prioridade a ser desempenhada, o próprio Papa Bento XVI cita em sua Carta Carta Ubicumque Et Semper : “Efetivamente, não podemos esquecer que a primeira tarefa consistirá sempre em ser dócil à obra gratuita do Espírito do Ressuscitado, que acompanha quantos são portadores do Evangelho e abre o coração daqueles que se põem à escuta. Para proclamar de modo fecundo a Palavra do Evangelho, exige-se, sobretudo que se viva uma profunda experiência de Deus”.
Maria Emília Marega
Mundo
Imaculada Conceição: luz para o interior da alma
Exortação do arcebispo de Lyon no Festival das Luzes
Por Anne Kurian
LYON, sexta-feira, 9 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) - Para a Festa da Imaculada Conceição de Maria, tradicionalmente celebrada em Lyon, na França, com o "Festival das Luzes", a arquidiocese local lançou um novo apelo a todas as pessoas de boa vontade: "Iluminem também o seu interior".
O cardeal arcebispo de Lyon, Philippe Barbarin, disse que espera que as "jornadas de missão", de 8 a 11 dezembro, sejam uma oportunidade para "expor a beleza" e "a luz "da Igreja. Cerca de três milhões de pessoas são esperadas em Lyon. Por iniciativa da Igreja, a cidade foi recentemente “invadida” por grandes cartezes que dizem "Obrigado, Maria!", com uma imagem de Nossa Senhora iluminada por luzes vermelhas, que brilham na escuridão da noite.
Uma tradição secular
A colina de Fourvière é um lugar simbólico da devoção mariana desde a Idade Média. No século XVII, os cidadãos de Lyon foram poupados da praga que assolava o sul da França ao se colocarem sob a proteção da Virgem Maria.
A história das luzes, no entanto, remonta a 1852. O campanário da antiga capela foi reconstruído em Fourvière e deveria ser inaugurado em 8 de dezembro, festa da Imaculada. Naquele dia, uma chuva torrencial caiu sobre a cidade, mas, à noite, o céu se abriu e a chuva parou. A tradição diz que todos os cidadãos, sem terem combinado nada, iluminaram suas casas e seus locais de trabalho, e todos saíram às ruas alegres, cantando hinos a Maria. Desde então, todos os anos, na noite de 8 de dezembro, os cidadãos de Lyon iluminam a cidade para a solenidade da Imaculada Conceição.
"Ilumine também seu interior"
Falando para “todos aqueles que acendem velas nas janelas na noite da Imaculada Conceição, e para as multidões de visitantes que vêm admirar a nossa bela cidade nesses quatro dias do Festival das Luzes”, o arcebispo de Lyon propõe uma jornada espiritual de redescoberta da interioridade: "Iluminem também o seu interior".
O cardeal Barbarin convida todos a aceitarem o "dom que Deus deposita no coração dos seus filhos quando as portas estão abertas para Ele". E “se todos os olhos estão voltados agora para Nossa Senhora de Fourvière”, o arcebispo exorta a escutar Maria, que "revela algo do tesouro da sua vida interior".
Os "missionários do dia 8"
Em exortação pelo canal online de TV Lyon Fourvière, o primaz das Gálias convida os fiéis da sua diocese a participarem da "Mission du 8" (A missão do dia 8), "para sermos numerosos".
Citando "uma das mais fortes frases missionárias de Jesus", o cardeal recorda aos cristãos: "Vós sois a luz do mundo". "Há no batismo de vocês uma fonte de luz interior". Por isso é que o batismo é chamado de "sacramento da iluminação".
O arcebispo disse que espera que a missão "mostre a beleza das coisas: mostre a todos os turistas, peregrinos, visitantes, que há uma luz maravilhosa destinada a eles, e que pode brilhar neles". Trata-se de "expor a sua beleza". "Conto com vocês não apenas para o grande espetáculo, mas para ajudar a abrir os corações à luz que refulge em nossa cidade e nos seus edifícios mais bonitos".
Iniciativas para as crianças
Um dos slogans destas jornadas é "acolhimento": nas esplanadas, nas igrejas, em torno de um chocolate quente ou de um vin brulé, durante as visitas ao patrimônio artístico, aos concertos, todos os visitantes serão recebidos pelos “missionários do dia 8”. Para esta recepção, o cardeal aconselha a "disponibilidade" e a "não imposição".
Há três principais lugares da "missão": a Basílica de Nossa Senhora de Fourvière, a catedral de Saint-Jean e o santuário de São Boaventura. Além destes santuários, contam-se as cerca de trinta paróquias de Lyon.
Os visitantes poderão descobrir as riquezas culturais da Igreja através de visitas guiadas, palestras, exposições e concertos. É uma ocasião para conhecer, por exemplo, a restauração da fachada da catedral de Saint-Jean, recém-terminada. As crianças também contam com programação própria durante as procissões, celebrações e orações da família. Neste 8 de dezembro, os visitantes podem participar ainda na subida das tochas, da catedral de Saint-Jean até a basílica de Nossa Senhora de Fourvière. Depois, a missa para os jovens é presidida pelo cardeal Barbarin.
Imaculada Conceição, um sinal de esperança
Em 8 de dezembro de 1854, com a bula Ineffabilis Deus, o papa Pio IX definiu o dogma nestes termos: "Nós declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que afirma que a Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em consideração dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original, é uma doutrina revelada por Deus e deve ser, por esta razão, firme e constantemente acreditada por todos os fiéis".
Em outras palavras, é um antegozo, por parte de Maria, dos frutos da redenção operada por Cristo: ela foi preservada, desde a concepção, do "pecado original" que distingue todo ser humano. Para o cristão, lavado do pecado original pelo batismo, ela se torna o modelo da luta por uma vida de santidade. Os cristãos olham para Maria como sendo a promessa de Deus para toda a humanidade. É uma celebração da esperança.
Dom Patrick Le Gal, bispo auxiliar da diocese de Lyon, disse que "a salvação vem de Cristo, único Salvador de todos". Portanto, "a graça da Imaculada Conceição vem de Cristo por antecipação". "Quando celebramos a Imaculada Conceição, o que comemoramos em primeiro lugar é Cristo e o poder da salvação que Ele opera".
Le Gal observa ainda que, se "hoje se fala mais do festival das luzes do que da Imaculada Conceição, é, talvez, porque o termo 'Imaculada Conceição' não seja fácil de entender. Seria desejável que os cristãos, especialmente os jovens, que ainda precisam investir a própria vida, pudessem entender a riqueza da salvação, o poder de libertação que o mistério de Cristo nos proporciona, e do qual a Imaculada Conceição é uma ilustração magnífica", completa o bispo auxiliar.
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"Em Mianmar, os sacerdotes são uma referência para todos"
Bispo fala dos problemas da Igreja em seu país
ROMA, quinta-feira, 8 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) – “As pessoas têm confiança em nós porque sabem o quanto a Igreja é importante para o desenvolvimento do país”. Em visita à sede internacional da Ajuda à Igreja que Sofre, Dom Alexander Pyone Cho, bispo de Pyay, ilustra o aumento das responsabilidades da Igreja Católica em Mianmar, antiga Birmânia.
"Nosso compromisso não é estritamente reservado aos fiéis. Os representantes do clero são um ponto de referência para todos os cidadãos". Os católicos birmaneses são apenas 25 mil, ou 3% da população, e, portanto, é especialmente a maioria budista que se beneficia do apoio dos sacerdotes.
Em outubro de 2010, um ciclone tropical devastou as regiões costeiras do oeste do país, na fronteira com Bangladesh, matando 160 pessoas e deixando mais de 70 mil sem casa. Nos meses seguintes, a contribuição da Igreja foi decisiva. A partir desse momento, os birmaneses depositaram confiança crescente na comunidade católica.
"Nossa ajuda após o ciclone abriu as portas de cada aldeia". Dom Pyone recorda o relato do diretor da Caritas diocesana, que tem ajudado as famílias das vítimas e as pessoas desabrigadas, fornecendo alimentos e itens de primeira necessidade.
"A ajuda foi oferecida a todos os residentes das áreas afetadas, de qualquer credo".
Em Mianmar, no entanto, os cristãos ainda são marginalizados por causa da identificação generalizada do cristianismo com o Ocidente, "cuja influência é tão temida". "Nossa religião é considerada estrangeira, mas a Igreja é uma parte integrante da história do país. Isso é mostrado pelos 34 sacerdotes birmaneses que trabalham só em nossa diocese".
O próprio Pyone é da região de Yangon, onde fica Pyay. A diocese, que se estende a oeste até o Golfo de Bengala, é a segunda mais pobre do país, mas tem uma crescente comunidade católica. Em fevereiro passado, quando assumiu o cargo, Dom Pyone identificou dois principais objetivos da pastoral: a educação dos fiéis e a formação dos padres. "Evangelização exige fé forte e conhecimento aprofundado".
Em 2010, a Ajuda à Igreja que Sofre doou à Igreja na Birmânia mais de um milhão de euros. Após o ciclone, a associação contribuiu significativamente para a reconstrução de igrejas e edifícios destruídos e tem financiado vários projetos pastorais.
São muitas as construções e reconstruções, incluindo a da Capela do Sagrado Coração de Jesus, em Yihku Manhkam, na diocese de Banmaw, e a construção de uma estrutura para o novo seminário menor dos missionários Little Way, de Santa Teresa, em Chaungkhua, além de uma nova paróquia em Cowbuk, na diocese de Hakha.
Quanto à formação, são oferecidos cursos de planejamento familiar, seminários sobre a pastoral bíblica e formação para as Irmãs da Reparação. Também foram comprados carros para facilitar a pastoral, bem como máquinas agrícolas.
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"Somos administradores da criação, não proprietários dela"
Cardeal Maradiaga participa da Cúpula do Clima em Durban
H. Sergio Mora
ROMA, quinta-feira, 8 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) - O Protocolo de Kyoto não é suficiente e a cúpula de Durban não é apenas uma circunstância política. O problema do aquecimento global é verdadeiro, mas vai além do político, pois é um desvio na obra da criação. Há esperança de que o público comece a entender o problema e é preciso trabalhar duro para criar essa consciência, especialmente entre os jovens.
São aspectos destacados em entrevista a Zenit pelo cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, em seu retorno da Cúpula de Durban. A XVII Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas, que começou em 28 de novembro naquela cidade da África do Sul, terminará nesta sexta-feira e terá que decidir sobre o futuro do Protocolo de Kyoto, ou seja, sobre como reduzir as emissões de gases de efeito estufa daqui até 2020.
Representantes de cerca de 190 países sentaram-se à mesa de negociações na convenção das Nações Unidas e deverão definir como reforçar o protocolo, cujas medidas anti-emissões de gases expiram no próximo ano, e se ele será prolongado até 2020 com o fim de reduzir o aquecimento global.
O Vaticano está representado pelo núncio apostólico no Quênia. O cardeal Maradiaga participa como presidente da Caritas Internacional.
Maradiaga afirma que a situação "não é apenas um fenômeno de aquecimento global, mas um desvio na obra da criação", porque, segundo ele, "ainda não temos a perspectiva de ser administradores da criação em vez de seus proprietários".
A cúpula, portanto, não é apenas uma "circunstância política", embora, infelizmente, ela "tenda a reduzir o problema a isso", lembrou o purpurado. "Devemos falar de algo que é da humanidade, que é um bem comum a todos".
Para o presidente da Caritas Internacional, a opinião pública está mudando quanto à necessidade de se defender a criação: "Sobre isso, eu acredito que há mais consciência a cada dia".
Maradiaga meniconou ter participado, no início da cúpula em Durban, de uma palestra de um prêmio Nobel que expunha as evidências científicas das mudanças climáticas. O cardeal se mostrou convencido da veracidade do problema e afirmou que "não se trata de manipulação da comunicação social".
“Esta semana será decisiva e esperamos que as grandes potências dêem um passo adiante”, embora "não seja suficiente dizer que ‘manteremos o Protocolo de Kyoto’; precisamos de medidas concretas. Claro que seria uma tragédia se o Protocolo de Kyoto morresse em Durban, mas queremos mais do que apenas a sua continuidade. O protocolo em questão é muito limitado quando comparado com o que devemos fazer. Por isso é importante que a opinião pública perceba que precisamos construir um futuro melhor para a humanidade".
O cardeal disse que a Caritas Internacional começou a trabalhar para educar, especialmente os mais jovens, na defesa da criação. Ele citou, por exemplo, a reunião da semana passada entre Bento XVI e sete mil jovens, e o discurso "muito forte e adequado, feito pelo papa, a fim de levantar a questão".
O papa Bento XVI, na Sala Paulo VI, se dirigiu aos jovens participantes no projeto "Ambientemo-nos na escola", patrocinado pela Fundação "Sorella Natura", no Dia da Salvaguarda da Criação, 29 de novembro.
Ele disse que “não há um bom futuro para a humanidade sobre a terra se não educarmos todos para uma forma mais responsável de vida e de relacionamento com a criação”, e se, neste contexto, “for esquecido o reconhecimento do valor da pessoa humana e da sua inviolabilidade em cada fase da vida e em toda a sua condição”.
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Prêmio Europeu para a Vida, em memória de Chiara Lubich
Movimentos europeus pela vida reunidos em Roma
Por Antonio Gaspari
ROMA, quarta-feira, 7 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) - Um lorde inglês parente da rainha, um cardeal italiano presidente do Conselho Pontifício para a Família, um bispo romeno e outro ucraniano, o prefeito de Roma, o presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu, o ministro húngaro dos Assuntos Sociais e da Família, um ex-presidente do Conselho de Ministros italiano, juntamente com representantes de movimentos pró-vida de 13 países europeus: Suécia, Romênia, Hungria, Ucrânia, Eslováquia, Alemanha, Grã-Bretanha, Espanha, Bélgica, França, Polônia, Portugal e Itália, vão se reunir em Roma, em 10 de dezembro, para comemorar o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e entregar o Prêmio Madre Teresa de Calcutá à memória de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares.
O encontro tem promoção do Movimento pela Vida (MPV) italiano e será realizado no Capitólio a partir das 16h30.
Na carta-convite, o presidente do MPV, Carlo Casini, lembrou que desde 2008 é promovido um "Prêmio Europeu pela Vida" em nome da Madre Teresa de Calcutá.
O prêmio é concedido em uma cerimônia de comemoração da Declaração Universal dos Direitos do Homem, assinada em 10 de dezembro de 1948. O mundo inteiro se lembra desse aniversário todos os anos, mas muitos esquecem do primeiro e fundamental de todos os direitos humanos: o direito à vida.
O prêmio Madre Teresa foi dado pela primeira vez em Estrasburgo à memória do professor geneticista Jerome Lejeune. Neste ano, será atribuído à memória de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, associação espalhada pelo mundo que sempre deu uma contribuição extraordinária à causa da vida.
Na manhã de 10 de dezembro, representantes do Movimento Europeu para a Vida se reunirão para coordenar forças visando o reconhecimento da pessoa desde a concepção.
Em dezembro de 2009, com outros movimentos pró-vida europeus, o MPV italiano entregou 500.000 assinaturas ao Presidente do Parlamento Europeu para que na interpretação da Carta dos Direitos Fundamentais fosse reconhecido o direito à vida de cada ser humano da concepção até a morte natural. Segundo o presidente do MPV, este gesto teve um efeito positivo.
O Tratado de Lisboa oferece agora uma oportunidade maior, porque um milhão de pessoas podem pedir um ato de valor jurídico à Comissão Europeia sobre o mesmo assunto. A Comissão não pode ignorar a questão e os organizadores devem ser ouvidos nas instituições europeias.
O reconhecimento da pessoa desde a concepção tem um valor jurídico e social de referência para dar um basta ao dramático número de abortos que vem gerando há décadas o “fenômeno dos berços vazios”.
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O que as mulheres ensinam aos homens
O trabalho não é tudo na vida
ROMA, segunda-feira, 7 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) - A diferença de tratamento e de oportunidades entre homens e mulheres na sociedade diminuiu significativamente em diversas áreas, tais como o acesso à saúde e à educação, mas, não acontece o mesmo no campo do trabalho. Enquanto isso, hoje, tem havido uma grande mudança: os jovens trabalhadores ao contrário de antes, pensam como as mulheres, que a carreira não é tudo na vida.
O indicam os dados do estudo Closing the gap, publicado no The Economist do passado 26 de Novembro, e analizado num artigo do diário vaticano L'Osservatore Romano.
A diferença entre homens e mulheres, diz o estudo, ainda se registra principalmente nas oportunidades de carreira e de salário.
O dossiê constata que, depois da euforia dos anos 90, os resultados atuais deixam uma frustração forte. Em particular surge a dificuldade de conciliar trabalho e maternidade, especialmente quando se considera que a tarefa das crianças não deva ficar exclusivamente a cargo das mulheres.
Além disso, nota-se uma forte ausência feminina na gestão empresarial. Isto, apesar de vários estudos terem mostrado que as mulheres na chefia de empresas ou de seu conselho de administração levaram a resultados muito bem sucedidos.
O estudo realizado pelo The Economist, explica algumas razões que criam a diferença, e indica como primeira coisa que o mundo do trabalho é organizado com regras criadas há várias décadas atrás, nascidas com uma ideia de paridade, diferentes das existentes quando o marido trabalhava e a mulher ficava em casa.
As novas regras, portanto, davam o mesmo tratamento a ambos, o que o estudo indica como errado porque o problema não é resolvido aplicando as mesmas regras, já que as mulheres são diferentes.
Segundo: porque é errado pensar que ser mãe não afeta a carreira, ainda que tenham menos filhos ou os tenham mais tarde. É só pensar que é neste período que as suas colegas iniciam a programar suas carreiras.
Terceiro: as mulheres podem se tornar inimigas de si mesmas, ao não ter as devidas possibilidades no campo laboral: são muito escrupulosas, menos seguras e se autopromovem menos, não costumam dar sua opinião se não estão absolutamente seguras.
E por último, a discriminação mais sutil: enquanto os trabalhadores são promovidos pelas suas potencialidades, as trabalhadoras, ao contrário, o são pelo que realmente conseguem, ou seja, que avançam mais lentamente.
O estudo dá uma indicação importante: os homens jovens, que entram no mundo do trabalho, o vem de maneira diferente do concebido pelos seus pais.
Estão menos obcecados pela carreira e mais interessados em encontrar um equilíbrio razoável entre o trabalho e o resto de sua vida e é isso o que as mulheres querem já faz um tempo, diz o semanário. Um novo fator que os empregadores não poderão ignorar.
O artigo da jornalista italiana Giulia Galeotti, publicado no jornal Vaticano, analisa os dados e indica que o estudo também mostra que não vale o modelo masculino, tomado como indicador pela emancipação feminina dos anos sessenta.
E que a realidade revela que as mulheres não renunciam do que elas são, e que, além do mais, ensinam algo aos homens: o equilíbrio entre o trabalho e o resto da vida. E conclui que "depois de tantas afirmações teóricas de admiração e reconhecimento, os homens decidem aplicar à sua vida uma parte importante da opção que move a existência feminina."
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Iraque, atentados contra xiitas e cristãos
Os fundamentalistas querem desencorajar qualquer apoio à resistência siriana
ROMA, quarta-feira, 7 dezembro, 2011 (ZENIT.org) - Estão de volta as bombas e o terror no Iraque. Foram três os atentados que abalaram Bagdá segunda-feira, causando pelo menos 11 mortos e dezenas de feridos: os alvos eram na sua maioria xiitas, mas também cristãos.
A primeira explosão ocorreu no distrito do norte de Urr, com 8 mortos e 18 feridos entre os peregrinos xiitas que foram para a capital iraquiana para a festividade de Ashura. Uma segunda bomba explodiu na tarde contra outro grupo de peregrinos, causando três mortes. Uma terceira bomba feriu 4 xiitas no bairro de Zaframiyah, no centro da cidade.
O ataque mais cruento aconteceu, no entanto, no norte da cidade de Hilla, na área de al-Nil, onde um carro-bomba explodiu no meio de uma procissão, matando 16 pessoas, incluindo mulheres e crianças.
O Ashura, que é comemorado hoje, é a comemoração do martírio do Imam Husayn, que ocorreu no século VII, e tem sido durante muito tempo pretexto para as violências e os ataques da minoria sunita. A situação piorou após a queda do regime de Saddam Hussein e da ocupação militar dos EUA que terminará no final deste mês.
AsiaNews informa também relatos de agressões ocorridos nos últimos dias contra os cristãos. No dia 2 de dezembro em Zakho, no Curdistão, os fundamentalistas, instigados pelo imã local, destruíram lojas de licor, centros de massagens e um hotel, ferindo pelos menos 30 pessoas.
Ataques a lojas e instalações pertencentes aos cristãos caldeus, também têm ocorrido em Dohok.
Incidentes semelhantes, como relatado por AsiaNews ocorreram também em Bagdá, onde alguns gerentes de lojas de licor teriam recebido cartas ameaçadoras contra os seus negócios.
De acordo com fontes cristãs consultadas pela agência e permanecidas no anonimato por razões de segurança, no norte do país, os fundamentalistas estão travando uma campanha de intimidação planejada nos mínimos detalhes contra os cristãos para desencorajar os curdos sírios no apoio à resistência.
Entrevistas
Fraternidade Franciscana de Betânia
Onde a caridade e a oração vencem qualquer dificulade
Por Antonio Gaspari
ROMA, sexta-feira, 9 de dezembro de 2011(ZENIT.org) – Imaginem uma comunidade de frades e freiras vestidos com um tecido celeste. Jovens, alegres, modernos. Reunidos em comunidade onde as pessoas se encontram para viver, comer e rezar juntos.
Cantam e rezam antes e depois das refeições. A comida é fruto da providência, quer dizer, fruto de obras de caridade e de “esmola” pedida diariamente nos supermercados, mercados, padarias,...
Tudo o que serve para a comunidade é consumido e o resto partilhado com outras associações, grupos, asilos,...
Nestas comunidades tudo é dividido fraternalmente, é possível encontrar um lugar para dormir e viver, partilhar as alegrias e tristezas, mas principalmente, se reza e muito, mesmo de noite.
Leigos e consagrados, vivendo nos modelos das primeiras comunidades cristãs, onde viviam juntos a própria experiência de fé, consagrados, famílias e peregrinos.
Não se trata de um sonho, mas da Fraternidade Franciscana de Betânia, fundada em 1982 por Pancrazio Gaudioso e aprovada pela Igreja como Instituto de vida consagrada em 1998.
É a primeira comunidade mista moderna reconhecida pela Igreja. O seu carisma se exprime na oração e no acolhimento aos peregrinos. O seu crescimento em número e comunidades é incrível.
Os membros da Fraternidade não se contentam com a solidariedade, mas a praticam, como ensinado por São Francisco e reiterado da encíclica Caritas in veritate, a partilha total como irmãos e irmãs de uma mesma família.
Para saber mais, ZENIT entrevistou Frei Roberto Fusco.
O que é a Fraternidade Franciscana de Betânia? Quando nasceu? Quem fundou? Por que foi fundada? Com qual objetivo?
Fr.Roberto: A Fraternidade Franciscana de Betânia é um Instituto de vida consagrada de Direito diocesano que no estilo das primeiras comunidades cristãs, iluminada pelo Espírito Santo, pelo exemplo do seráfico pai São Francisco, procura encarnar o fazer de Marta e o silêncio de Maria, tendo como doce modelo e inspiração a Virgem Mãe, serva do Senhor.
A Fraternidade é composta por irmãos, tanto clérigos como leigos, que se consagram a Deus mediante voto público de castidade, pobreza e obediência e se dedicam a obras de apostolado segundo o carisma de oração e acolhimento na vida fraterna.
A Fraternidade nasceu oficialmente no dia de Pentecostes em 1982, quando o nosso fundador, Pe. Pancrazio Gaudioso, depois de um período de preparação e de vida comum com um pequeno grupo de leigos, começou a vida comunitária junto ao convento dos frades capuchinhos de Terlizzi, na província de Bari.
Inicialmente, Pe. Pancrazio não tinha nenhuma intenção de empreender uma nova fundação; se tratava simplesmente de responder um desejo, aquele seu e de algumas pessoas que o seguiam espiritualmente, de uma vida mais intensa de oração e partilha fraterna. Pe. Pancrazio tinha recebido alguns anos antes, um programa de vida de São Pio da Pietrelcia, no qual o santo capuchinho lhe sugeria de voltar os olhos para o mistério de Betânia.
Este foi o vilarejo onde Jesus teve amigos de verdade, e nas duas irmãs de Lázaro, Marta e Maria, está bem resumido todo o sentido da vida cristã. Além disso, Pe Pio, sugeria a Pe. Pancrazio de ter sempre diante de si, como modelo e síntese perfeita, a Virgem Maria.
Então, quando começou a experiência da fraternidade, Betânia foi o ponto de referência espiritual com o qual os primeiros irmãos e irmãs respeitaram para viver a vida de oração e acolhimento, na simplicidade da vida fraterna, assim como São Francisco de Assis tinha compreendido tantos séculos antes. Por isso a nossa, não é uma comunidade dividida em dois ramos, mas uma única família religiosa composta de irmãos e irmãs: esta foi a intuição inicial do nosso fundador, e assim levamos adiante, procurando ser fiéis ao espírito da Betânia evangélica.
Qual é o carisma de vocês? É verdade que vocês rezam muito? Fazem adoração todas as noites?
Fr. Roberto: O carisma da FFB, traçando a experiência da Betânia evangélica, é aquele da oração e do acolhimento vividos em um contexto de vida fraterna profunda.
A nossa vida prevê cerca de 5 horas de oração cotidiana divida entre o dia e a noite.
A oração abraça quase todos os tipos de oração cristã; o vértice é certamente o da Celebração eucarística comunitária, mas também estão presentes outras formas de piedade da tradição católica: adoração eucarística, liturgia das horas, rosário, oração de louvor espontânea ... Damos uma atenção particular para oração da noite; nosso fundador nos lembra sempre que, o dia em que deixarmos a oração da noite, acaba nossa comunidade!
Toda noite os irmãos e irmãs se levantam das 3 às 4, para acompanhar em oração principalmente o Santo Padre, e para pedir- por nós e pelos outros- todas as graças necessárias para viver. Além disso, nossa fraternidade (já são 10 em todo o mundo) pratica a hospitalidade, sobretudo para pessoas que buscam repouso na oração e na vida fraterna. Dirigimos uma atenção particular a duas categorias: as famílias e os sacerdotes, cansados dos trabalhos apostólicos.
É verdade que vocês vivem somente da caridade? Que a comida e bebida disponíveis são fruto da Providência?
Fr. Roberto: Nós, em todas as fraternidades, acolhemos pessoas que vem partilhar da nossa experiência de vida fraterna, mas nunca quisemos receber senão oferta livre daqueles que frequentam e de todos que inspirados pelo Senhor, querem nos ajudar. É uma maneira de confiar na Providência que nunca deixou faltar nada... Uma vez, São Pio disse ao nosso fundador: “A caridade te segue e não te antecipa!”. É assim: todas as obras, as casas e tudo o que fizemos em trinta anos é fruto da Providência. Confiamos- e continuaremos a fazer- como nas palavras de Jesus : “Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, o resto lhe será dado”. Tudo vem da Providência, e a nós cabe agradecer por este grande milagre que cada dia se repete debaixo dos nossos olhos.
(Tradução:MEM)
Espiritualidade
Maria Imaculada: a natureza humana em sua forma perfeita
O mariologista Stefano de Fiores fala à Rádio Vaticano
ROMA, sexta-feira, 9 de dezembro de 2011 (ZENIT.org) - A natureza humana de Maria atinge a perfeição desde a concepção: ela proclama a redenção de Cristo de forma muito mais perfeita do que todos os outros resgatados. São palavras ditas à Rádio Vaticano pelo padre Stefano De Fiores, mariologista, sacerdote de Monfort.
"Maria faz parte da comunidade dos que foram salvos porque ela é Imaculada não pelas próprias forças, mas por um dom que vem de Jesus Cristo, que tem duas maneiras de se tornar e mostrar-se mediador: libertando-nos do pecado cometido ou preservando-nos do pecado com uma força ainda superior, que é a força que impede Maria de cair em pecado".
As aparições de Lourdes não se restringem apenas a confirmar o dogma de Pio IX promulgado em 1854, já que, naquela localidade dos Pirineus, Maria disse "Eu sou a Imaculada Conceição", e não apenas que foi concebida imaculada .
Portanto, continuou De Fiores, a Virgem Maria se identifica com o primeiro instante da sua concepção imaculada, porque durante toda a sua vida ela é fiel àquele momento inicial.
Além de ter sido concebida sem a mancha do pecado original, Maria "sempre viveu de acordo com esse dom inicial, podendo de verdade representar a Imaculada Conceição", acrescentou.
Já em Gênesis, especificamente no chamado Protoevangelho da Salvação, Maria é prefigurada em seu dogma quando Deus amaldiçoa o demônio, que, disfarçado de serpente, corrompe a primeira mulher, Eva: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela; ela te esmagará a cabeça e tu lhe atacarás o calcanhar" (Gen 2,15).
Uma profecia, esta, que é entendível justamente com o dogma da Imaculada Conceição, graças ao qual "temos a realização desse anúncio profético do Protoevangelho, com Maria unida a Cristo na vitória sobre o diabo e sobre todos os pecados, inclusive o pecado original", concluiu De Fiores.
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Os apaixonados buscam novas formas de manifestar seu amor
As manifestações da devoção mariana e a Festa da Imaculada em Roma
Por Márcia Ferreroni
ROMA, quinta-feira, 8 de dezembro de 2011(ZENIT.org) – Ao longo dos tempos as manifestações marianas brotam com originalidade em diversas partes do mundo. Em Roma acontece o tradicional Atto di Venerazzione dell`Immacolata.
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Na Piazza Mignanelli, próxima a Piazza di Spagna está localizada a estátua que receberá a homenagem de Bento XVI em ocasião da Festa da Imaculada neste dia 08 de dezembro.
Pio IX fez colocar no topo de uma coluna, a estátua da Imaculada Conceição no ano de 1857, poucos anos depois da promulgação do dogma. A coluna que sustenta a estátua, com quase 12 metros de altura, tem um metro e meio de diâmetro e, na ocasião da inauguração, foi levantada por uma corporação de 200 bombeiros. Daqui deriva a tradição, renovada a cada 8 de dezembro, de um bombeiro coroar a imagem.
Esta é uma das inúmeras manifestações da devoção mariana que, ao longo dos tempos e nas mais variadas geografias vão brotando com a originalidade própria do amor: os apaixonados procuram os novos modos de manifestar seu amor.
A devoção mariana fora predita na Sagrada Escritura, nas palavras de Maria a Isabel “todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1, 48) e se apóia na centralidade de Cristo, nosso único Senhor. Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado (cfr. Hebreus 4, 15), nascido de uma mulher (Gal 4,4). Sendo para nós modelo de tudo, não deixou de amar sua Mãe e honrá-la cada dia (Ex 201,12). Assim que se pode afirmar que Jesus foi o primeiro e o maior devoto de Maria, sua Mãe.
Apenas isto já bastaria para que todos os cristãos nos sentíssemos impelidos a honrar Maria, a Mãe de Jesus. Mas a Sagrada Escritura nos permite ir ainda mais além na nossa devoção mariana. O cristão, que deseja identificar-se com Cristo em tudo, até o ponto de não viver senão a vida de Cristo (Gal 2, 20), pode ser também ele, filho de Maria. Talvez não ousássemos tanto se o próprio Cristo não nos tivesse convidado a fazê-lo quando, ao pé da Cruz, dirigindo-se a nós na pessoa de João (Jo 19, 26-27) nos deu Maria para ser nossa Mãe. Maria, Mãe de Jesus é, então, Nossa Mãe ou como gostamos de dizer Nossa Senhora.
Isto nos dizia o Papa há alguns anos na solenidade de hoje: “Maria não se coloca somente numa relação singular com Cristo, o Filho de Deus que, como homem, quis tornar-se seu filho. Permanecendo totalmente unida a Cristo, Ela pertence também de modo integral a nós. Sim, podemos dizer que Maria está próxima de nós como nenhum outro ser humano, porque Cristo é homem para os homens e todo o seu ser é um "ser para nós". Como Cabeça, dizem os Padres, Cristo é inseparável do seu Corpo que é a Igreja, formando juntamente com ela, por assim dizer, um único sujeito vivo. A Mãe da Cabeça é também a Mãe de toda a Igreja; ela é, por assim dizer, totalmente despojada de si mesma; entregou-se inteiramente a Cristo e, com Ele, é entregue como dom a todos nós. Com efeito, quanto mais a pessoa humana se entrega, tanto mais se encontra a si mesma.” (Homilia do Papa Bento XVI,8 de Dezembro de 2005)
Essa proximidade de Maria com cada um de nós – apoiada em Cristo – é a base de toda devoção mariana e nos leva a apoiar-nos nela, “Mãe de toda a consolação e de toda a ajuda, uma Mãe à qual, em qualquer necessidade, todos podem dirigir-se na própria debilidade e no próprio pecado, porque Ela tudo compreende e para todos constitui a força aberta da bondade criativa” (ibidem).
Os verdadeiros devotos de Maria não só vêem que podem recorrer sempre a Ela, mas sentem-se também eles procurados por Maria, que como Mãe vai ao encontro de cada um dos seus filhos. “É nela que Deus imprime a sua própria imagem, a imagem daquela que vai à procura da ovelha perdida, até às montanhas e até ao meio dos espinhos e das sarças dos pecados deste mundo, deixando-se ferir pela coroa de espinhos destes pecados, para salvar a ovelha e para a reconduzir a casa. Como Mãe que se compadece, Maria é a figura antecipada e o retrato permanente do Filho” (Ibidem).
Todas as devoções marianas – tão variadas quanto variadas são as manifestações do amor dos homens – levam-nos sempre a Cristo, com palavras de São Josemaría cada um de nós pode experimentar que “a Jesus sempre se vai e se “volta” por Maria (Caminho, n.495).
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P. Raniero Cantalamessa, ofmcap.
Primeira pregação do Advento de 2011 à Casa Pontifícia
"Ide ao mundo inteiro"
A primeira ondada de evangelização
Em resposta ao apelo do Sumo Pontífice de um renovado compromisso com a evangelização e em preparação para o Sínodo dos Bispos de 2012 sobre o mesmo assunto, me proponho a identificar, nestas meditações do Advento, quatro ondadas da nova evangelização na história da Igreja, ou seja, quatro momentos nos quais se testemunham uma aceleração ou uma retomada do compromisso missionário. São eles:
1. A expansão do cristianismo nos primeiros três séculos de vida, até a véspera do edito de Constantino, cujos protagonistas, em primeiro lugar, eram os profetas itinerantes e, depois, os bispos;
2. Os séculos VI-IX, em que assistimos à reevangelização da Europa após as invasões bárbaras, especialmente pela obra dos monges;
3. O século XVI com a descoberta e a conversão ao cristianismo dos povos do "novo mundo", especialmente pela obra dos frades;
4. A época atual que vê a Igreja envolvida numa reevangelização do Ocidente secularizado, com a participação determinante dos leigos.
Em cada um desses momentos tentarei destacar o que podemos aprender na Igreja de hoje: quais erros evitar e os exemplos a imitar e quais contribuições específicas que podem dar à evangelização os pastores, os monges, os religiosos de vida ativa e os leigos.
1. A difusão do cristianismo nos primeiros três séculos.
Hoje começamos com uma reflexão sobre a evangelização cristã nos primeiros três séculos. Principalmente um motivo faz deste período um modelo para todos os tempos. É o período no qual o cristianismo encontra o seu caminho exclusivamente por própria força. Não há nenhum "braço secular" que o apoie; as conversões não são determinadas pelas vantagens externas, materiais ou culturais; ser cristão não é um costume ou uma moda, mas uma escolha contra a corrente, muitas vezes com risco de vida. Em alguns aspectos, a situação se voltou a criar hoje em diferentes partes do mundo.
A fé cristã nasce com uma abertura universal. Jesus tinha dito aos seus apóstolos para irem "ao mundo inteiro " (Mc 16, 15), para "fazerem discípulos a todas as nações" (Mt 28, 19), para serem testemunhas “até os confins da terra” (At 1, 8), para “pregarem a todos os povos a conversão e o perdão dos pecados” (Lc 24, 47).
A aplicação do princípio desta universalidade já acontece na geração apostólica, embora não sem dificuldade e lacerações. No dia de Pentecostes a primeira barreira é superada, a da raça (os três mil convertidos pertenciam a outros povos, mas eram todos crentes do judaísmo); na casa de Cornélio e no assim chamado concílio de Jerusalém, especialmente por impulso de Paulo, a barreira mais difícil de todas foi superada, aquela religiosa que separava os hebreus dos gentios. O evangelho tem, dessa forma, o mundo inteiro diante de si, ainda que por agora esse mundo seja limitado, no conhecimento dos homens, ao Mediterrâneo e às fronteiras do Império Romano.
Mais complexo é seguir a expansão de fato, ou geográfica, do cristianismo nos três primeiros séculos que, porém, é menos necessária para o nosso propósito. O estudo mais abrangente, e até agora insuperável a esse respeito é aquele de Adolph Harnack, "Missão e expansão do cristianismo nos primeiros três séculos"1.
Um aumento acentuado na atividade missionária da Igreja se realiza sob o imperador Commodo (180-192) e, em seguida, na segunda metade do século III, até às vésperas da grande perseguição de Diocleciano (302). Este, além das ocasionais perseguições locais, foi um período de relativa paz que permitiu à Igreja primitiva consolidar-se internamente e desenvolver um novo tipo de atividade missionária.
Vejamos em que consiste esta novidade. Nos dois primeiros séculos a propagação da fé foi confiada à iniciativa pessoal. Tratava-se dos profetas itinerantes, mencionados na Didaqué, que moviam-se de um lugar para outro; muitas conversões deveram-se a contatos pessoais, favorecidos pelos trabalhos comuns exercitados pelas viagens e pelas relações comerciais, pelo serviço militar e por outras circunstâncias da vida. Orígenes nos dá uma descrição comovente do zelo desses primeiros missionários:
"Os cristãos fazem todo o esforço possível para espalhar a fé por toda a terra. Para esse fim, alguns deles se propõem formalmente como tarefa das suas vidas o peregrinar não somente de cidade em cidade, mas também de município em município e de vilarejo em vilarejo para ganhar novos fiéis para o Senhor. Nem se passe pela cabeça, espero, que eles façam isso por lucro, pois até mesmo, muitas vezes se recusam a aceitar o que é necessário à vida"2.
Agora, na segunda metade do século III, estas iniciativas pessoais são cada vez mais coordenadas e em parte substituídas pela comunidade local. O bispo, até mesmo por reação aos efeitos de desintegração da heresia gnóstica, conquista a melhor sobre os mestres, como diretor da vida interna da comunidade e centro propulsor da sua atividade missionária. A comunidade é agora o sujeito evangelizador, a tal ponto que um erudito como Harnack, certamente não suspeito de simpatia pela instituição, possa afirmar: "Devemos ter por certo que a mera existência e a atividade constante das comunidades individuais foi o principal fator na propagação do cristianismo"3.
No final do terceiro século, a fé cristã penetrou praticamente todos os estratos da sociedade, já tem sua própria literatura em lingua grega e uma, embora no início, em lingua latina; possui uma sólida organização interna; começa a construir edifícios sempre mais amplos, sinal do aumento do número de fiéis. A grande perseguição de Diocleciano, além das muitas vítimas, não fez nada mais que destacar o fato de que a força da fé cristã já era irreprimível. A última luta de braço entre o Império e o cristianismo é testemunha disso.
No fundo, Constantino não vai fazer nada mais do que tomar nota dessa nova relação de forças. Não será ele que vai impor o cristianismo para o povo, mas o povo que vai lhe impor o cristianismo. Afirmações como aquelas de Dan Brown no romance "O Código Da Vinci" e de outros propagadores, segundo os quais foi Constantino, por razões pessoais, a transformar, com o seu edito de tolerância e com o concílio de Nicéia, uma obscura seita religiosa judaica na religião do império, são baseadas numa total ignorância dos fatos que precederam esses eventos.
2. As razões do sucesso
Um tema que sempre apaixonou os historiadores é aquele das razões do triunfo do cristianismo. Uma mensagem nascida em um canto obscuro e desprezado do Império, entre pessoas simples, sem cultura e sem poder, em menos de três séculos, se estende a todo o mundo então conhecido, subjugando a refinadíssima cultura dos gregos e o poder imperial de Roma!
Entre as diversas razões do sucesso, alguns insistem no amor cristão e no exercício ativo da caridade, até torná-lo "o fator mais importante e poderoso para o sucesso da fé cristã", de tal forma que induziria mais tarde o imperador Juliano o Apóstata, a fornecer o paganismo de semelhantes obras de caridade para combater este sucesso.4
Harnack, por outro lado, dá uma grande importância ao que ele chama de a natureza "sincretista" da fé cristã, ou seja, da capacidade de conciliar em si as tendências opostas e os diversos valores presentes nas religiões e na cultura do tempo. O cristianismo se apresenta ao mesmo tempo, como a religião do Espírito e do poder, que é acompanhada por sinais sobrenaturais, carismas e milagres, e como a religião da razão e do Logos integral, “a verdadeira filosofia”, nos dizeres de Justino Mártir. Os autores cristãos são "os racionalistas do sobrenatural", diz Harnack (5) citando as palavras do apóstolo Paulo sobre a fé como "tratamento racional" (Romanos 12,1).
Desta forma o cristianismo reúne em si, num perfeito equilíbrio, o que o filósofo Nietzsche define o elemento apolíneo e o elemento dionisíaco da religião grega, o Logos e o Pneuma, a ordem e o entusiasmo, a medida e o excesso. É isto que, pelo menos em parte, entendiam os Padres da Igreja com o tema da "sóbria embriaguez do Espírito".
"A religião cristã – escrevia Harnack no final da sua monumental pesquisa – , desde o início, apareceu com uma universalidade que a permitiu reivindicar para si toda a vida inteiramente, com todas as suas funções, as suas alturas e profundidades, sentimentos, pensamentos e ações. Foi esse espírito de universalidade que lhe garantiu a vitória. Foi isso que a levou a professar que o Jesus proclamado por ela era o Logos divino ... Assim se ilumina com nova luz e aparece quase uma necessidade, até mesmo aquela poderosa atração pela qual chegou a absorver e a submeter a si o helenismo. Tudo o que era de alguma forma capaz de vida entrou como elemento na sua construção ... E essa religião não deveria vencer?"6.
A impressão que se tem ao ler este resumo é que o sucesso do cristianismo é devido a uma combinação de fatores. Alguns foram tão longe na busca das causas deste sucesso que encontraram vinte motivos a favor da fé e muitos outros que estavam agindo na direção oposta, como se o êxito final dependesse da prevalência do primeiro sobre o segundo.
Agora eu gostaria de destacar o limite inerente a tal abordagem histórica, mesmo quando esta é feita por historiadores que tem fé como aqueles que até agora tenho tido em conta. O limite, devido ao mesmo método histórico, é de dar mais importância ao sujeito do que ao objeto da missão, mais aos evangelizadores e às condições em que ela ocorre, do que ao seu conteúdo.
A razão que me empurra a fazê-lo é que isso é também o limite e o perigo inerente a tantas abordagens atuais e mediáticas, quando se fala de uma nova evangelização. Esquece-se de uma coisa muito simples: que Jesus mesmo tinha dado, antecipadamente, uma explicação da difusão do seu Evangelho e é dessa que devemos começar toda vez que nos propomos um novo esforço missionário.
Escutemos mais uma vez duas breves parábolas evangélicas, aquela da semente que cresce também à noite e aquela da semente de mostarda.
“E dizia: ‘acontece com o Reino de Deus o mesmo que com o homem que lançou a semente na terra: ele dorme e acorda, de noite e de dia, mas a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra por si mesma produz fruto: primeiro a erva, depois a espiga e, por fim, a espiga cheia de grãos. Quando o fruto está no ponto, imediatamente se lhe lança a foice, porque a colheita chegou’.”(Mc 4, 26-30).
Esta parábola, por si só, diz-nos que a razão essencial para o sucesso da missão cristã não vem de fora mas de dentro, não é obra do semeador e nem sequer principalmente do solo, mas da semente. A semente não pode ser jogada por si só, no entanto, é automaticamente e por si mesma que ela cresce. Depois de ter jogado a semente o semeador pode também ir dormir, a vida da semente já não depende dele. Quando esta semente é "a semente jogada na terra e morta", ou seja Jesus Cristo, nada poderá impedir que essa "dê muitos frutos". Pode-se dar todas as explicações que você quiser desses frutos, mas estas permanecerão sempre na superfície, nunca captarão o essencial.
Quem captou com clareza a prioridade do objeto do anúncio sobre o sujeito é o apóstolo Paulo.
"Eu plantei, Apolo regou, mas é Deus quem fazia crescer”. Estas palavras parecem ser um comentário sobre a parábola de Jesus. Não se trata de três operações com a mesma importância; de fato, o apóstolo acrescenta: " Assim, pois, aquele que planta, nada é: aquele que rega nada é; mas imorta somente Deus, que dá o crescimento”. (1 Cor 3, 6 -7). A mesma distância qualitativa entre o sujeito e o objeto do anúncio está presente em outra palavra do Apóstolo: "Mas nós temos este tesouro em vasos de barro, para que este grande poder seja atribuído a Deus e não a nós" ( 2 Cor 4,7). Tudo isso se traduz nas exclamações programáticas: "Nós não pregamos a nós mesmos, mas o Senhor Jesus Cristo!" e ainda "Nós pregamos Cristo crucificado".
Jesus pronunciou uma segunda parábola com base na imagem da semente que explica o sucesso da missão cristã e que dever ser tida em conta hoje, diante da imensa tarefa de reevangelizar o mundo secularizado.
“E dizia: ‘com que compararemos o Reino de Deus? Ou com que parábola o apresentaremos? É como um grão de mostarda que, quando é semeado na terra – é a menor de todas as sementes da terra – mas, quando é semeado, cresce e torna-se maior que todas as hortaliças, e deita grandes ramos, a tal ponto que as aves do céu se abrigam à sua sombra” (Mc 4, 30-32).
O ensinamento que Cristo nos dá com esta parábola é que o seu Evangelho e a sua mesma pessoa é a menor coisa que existe sobre a terra porque não há nada menor e mais fraco do que uma vida que termina numa morte de cruz. No entanto, esta minúscula "semente de mostarda" está destinada a se tornar uma grande árvore, de modo a acomodar em seus ramos todos os pássaros que vão refugiar-se ali. Isso significa que toda a criação, absolutamente toda irá ali encontrar refúgio.
Que contraste com as reconstruções históricas mencionadas acima! Tudo lá parecia incerto, aleatório, suspenso entre o sucesso e o fracasso; aqui tudo já foi decidido e garantido desde o começo! No final do episódio da unção de Betânia, Jesus pronunciou estas palavras: "Em verdade vos digo que, onde quer que este Evangelho seja anunciado, em todo o mundo, em memória dela se dirá também o que ela fez" (Mateus 26,13 ). A mesma consciência tranquila de que um dia sua mensagem seria anunciada “a todo o mundo”. E certamente não é uma profecia "post eventum", porque naquele momento, tudo pressagiava o oposto.
Até mesmo nisso quem melhor captou "o mistério escondido" foi Paulo. Me impressiona sempre um fato. O Apóstolo pregou no Areópago de Atenas e assistiu a uma rejeição da mensagem, educadamente expressada com a promessa de ouvi-lo em outra ocasião. De Corinto, onde ele foi logo depois, escreveu a Carta aos Romanos, onde afirma ter recebido a tarefa de conduzir "à obediência da fé todas as nações " (Rm 1, 5-6). O insucesso não avariou minimamente a sua confiança na mensagem: "Eu não me envergonho - grita - do evangelho, porque é potência de Deus para a salvação de todo aquele que crê, do judeu, primeiro, como do grego" (Rom 1, 16 ). Apóstolo Paulo, dá-nos um pouco "desta tua fé e desta tua coragem e não nos desanimaremos diante da tarefa sobre-humana que está diante de nós!
"Toda árvore, diz Jesus, é reconhecida pelos seus frutos" (Lc 6, 44). Isto é verdade para toda árvore, exceto para a árvore nascida dele, o cristianismo (e de fato ele está falando aqui dos homens); essa única árvore não é conhecida pelo fruto, mas a partir da semente e da raiz. No cristianismo a plenitude não está no fim, como na dialética hegeliana do devir (“o verdadeiro é o inteiro”), mas está no princípio; nenhum fruto, nem mesmo os maiores santos, acrescentam algo à perfeição do modelo. Neste sentido tem razão quem afirmou que “o cristianismo não é perfectível”7.
3. Semear e... ir dormir
Aquilo que os historiados das origens cristãs não registraram ou dão pouca importância é a certeza inabalável que os cristãos da época, pelo menos os melhores deles, tinham sobre a bondade e a vitória final da sua causa. "Vocês podem nos matar, mas não nos podem prejudicar", dizia Justino Mártir ao juiz romano que o condenava à morte. No final foi essa tranquila certeza que lhes garantiu a vitória e convenceu as autoridades políticas da inutilidade dos esforços para suprimir a fé cristã.
É isso o que mais nos acontece hoje: despertar nos cristãos, pelo menos naqueles que pretendem se dedicar ao trabalho da reevangelização, a certeza íntima da verdade do que anunciamos. "A Igreja, Paulo VI disse certa vez, precisa recuperar o desejo, o prazer e a certeza da sua verdade"8. Devemos acreditar, primeiramente nós, em tudo o que anunciamos; mas acreditar realmente, "com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente". Temos de ser capazes de dizer com Paulo: "Animados pelo mesmo espírito de fé, como está escrito: Eu acreditei, portanto, eu falei, nós também acreditamos e, portanto, falamos" (2 Coríntios 4, 13).
A tarefa prática que as duas parábolas de Jesus nos designam é semear. Semear com mãos cheias, “no momento adequado e inadequado" (2 Tm 4, 2). O semeador da parábola que sai para semear não se preocupa com o fato de que algumas sementes acabem na rua e entre os espinhos, e pensar que aquele semeador, fora da metáfora, é ele mesmo, Jesus! A razão é que, neste caso, não se pode saber com antecedência qual terreno se revelará bom, ou duro como o asfalto e sufocante como um arbusto. Há no meio a liberdade humana que o homem não pode prever, e Deus não quer violar. Quantas vezes entre as pessoas que ouviram algum sermão ou leram um determinado livro, verifica-se que quem o tomou mais a sério e teve a vida mudada era a pessoa que menos se esperava, alguém que estava ali por acaso, ou até mesmo relutante. Eu mesmo poderia contar dezenas de casos.
Semear então e depois... ir dormir! Ou seja, semear e depois não estar lá o tempo todo olhando, quando brota, onde brota, quantos centímetros está crescendo diariamente. A germinação e o crescimento não é nosso negócio, mas de Deus e do ouvinte. Um grande humorista Inglês do século XIX, Jerome Klapka Jerome, disse que a melhor maneira de fazer demorar a ebulição da água numa panela é aquela de estar de olho nela e esperar com impaciência.
Fazer o contrário é fonte inevitável de ansiedade e de impaciência: coisas que Jesus não gosta e que ele nunca fez quando esteve na terra. No Evangelho, ele nunca parece ter pressa. "Não andem ansiosos pelo amanhã, dizia aos seus discípulos, porque o amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mateus 6, 34).
Neste sentido, o poeta cristão Charles Péguy põe na boca de Deus palavras que são boas para meditarmos:
"Disseram-me que há homens
Que trabalham bem e dormem mal.
Que não dormem. Que tem falta de confiança em mim.
É quase pior do que
se não trabalhassem mas dormissem, porque a preguiça
Não é pecado maior do que a ansiedade ...
Não falo, diz Deus, daqueles homens
que não trabalham e não dormem.
Esses são pecadores, é claro ...
Falo daqueles que trabalham e não dormem ...
Tenho pena deles. Eles não confiam em mim ...
Governam muito bem seus assuntos durante o dia.
Mas não querem confiar-me o governo durante a noite...
Quem não dorme é infiel à Esperança... "9.
As reflexões realizadas nesta meditação nos levam, em conclusão, a colocar na base do esforço para uma nova evangelização um grande ato de fé e de esperança para sacudir de cima qualquer sentimento de impotência e resignação. Temos diante de nós, é verdade, um mundo fechado no secularismo, inebriado pelos sucessos da técnica e das possibilidades oferecidas pela ciência, refratário ao anúncio do Evangelho. Mas era talvez menos confiante em si e menos refratário ao evangelho o mundo no qual viviam os primeiros cristãos, os gregos com a sua sabedoria e o Império Romano com o seu poder?
Se houver algo que possamos fazer, depois de ter "semeado", é "irrigar", com a oração, a semente lançada. Por isso terminemos com a oração que a liturgia nos faz recitar na Missa "para a evangelização dos povos":
Ó Deus, tu queres que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade; olha quão grande é a tua messe e manda operários, para que seja anunciado o Evangelho à toda criatura, e o teu povo, reunido pela palavra de vida e moldado pela força dos sacramentos, prossiga no caminho da salvação e do amor.
Por Cristo nosso Senhor. Amém.
1 A. von Harnack,….
2 Origene, C. Cels. III, 9.
3 Op. cit. p. 321- s.
4 H. Chadwick, The early Church, Penguin Books 1967, pp. 56-58.
5 A. von Harnack, Missione e propagazione del cristianesimo nei primi tre secoli, Rist. anast., Cosenza 1986, p. 173.
6 Harnack, op. cit., p. 370.
7 S.Kierkegaard, Diario, X5 A 98 (ed. C. Fabro, Brescia II, 1963, pp.386 ss).
8 Discorso all’udienza generale del 29 Novembre 1972 (Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, X, pp. 1210s.).
9 Ch. Péguy, Il portico del mistero della seconda virtù, Jaca Book, Milano 1978, pp. 120 s.
Análise
A livre empresa e a Igreja Católica
Como a moralidade na empresa faz progredir a humanidade
Por Pe. John Flynn, L. C.
ROMA, sábado, 10 de dezembro, 2011 (ZENIT.org) - A recente nota do Pontifício Conselho de Justiça e Paz, juntamente com o protesto que eclodiu em várias cidades do mundo, nos fizeram refletir sobre os limites do capitalismo, e levantou novamente a questão do que exatamente a Igreja Católica ensina sobre questões de Economia e de Doutrina Social.
A publicação na Austrália do livro "Empreendedorismo na Tradição Católica", publicado pelo Connor Court; (anteriormente publicado nos EUA pela Lexington Books), é uma boa contribuição para o debate sobre estes temas.
Assinado pelo Padre Anthony G. Percy, reitor do Seminário do Bom Pastor em Sydney, na Austrália, o livro examina o desenvolvimento do pensamento da Igreja sobre trabalho e negócios.
A partir da óbvia necessidade e aspiração de fazer um trabalho conforme os ensinamentos dos Padres da Igreja chegando até as encíclicas sociais dos últimos séculos, o livro sintetiza o desenvolvimento da reflexão teológica sobre estas questões.
O livro centra-se em particular sobre a figura do empreendedor, e Percy diz na sua introdução que a Igreja tem manifestado um profundo apreço por este papel. A Sagrada Escritura condena a ganância por dinheiro, mas não condena o lucro.
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento afirmam que o trabalho e a cooperação da humanidade com Deus é demonstrada no sucesso e no progresso do mundo criado.
Várias parábolas de Jesus refletem as atividades de negócio. O homem que busca um tesouro no campo, o comerciante que vai procurando pérolas finas, a parábola dos talentos e a comparação entre o administrador honesto e desonesto, são apenas algumas delas.
O livro argumenta que o significado fundamental dessas parábolas é espiritual, mas ao mesmo tempo, há um reconhecimento do trabalho humano envolvido nessas atividades.
Na parábola dos talentos, aqueles que conseguiram multiplicar a riqueza são elogiados por sua energia e perseverança, enquanto que o administrador preguiçoso, que para evitar os riscos e os obstáculos esconde o talento, é criticado.
Segundo o autor, o espírito empresarial não figura muito na reflexão dos Padres da Igreja, e é claro que essa atividade não é considerada incompatível com os cristãos. O empresário é chamado, como todos os outros, para uma melhor utilização dos recursos naturais do planeta para contribuir ao bem comum.
Parte do livro está dedicada a um breve resumo do que Tomás de Aquino e outros teólogos têm escrito sobre o empresário. No geral, a tradição teológica católica vê esta figura cheia de algumas virtudes, como a criatividade e o desejo de trabalhar com os outros, e também a moderação no uso e na posse do dinheiro.
A partir de uma reflexão mais profunda sobre as encíclicas sociais, começando com a publicação em 1891 da "Rerum Novarum" de Leão XIII, conclui-se que o socialismo é rejeitado e o direito à propriedade privada é defendido.
A Rerum Novarum insiste no fato de que o Estado não deve absorver nem o indivíduo e nem a família. Ambos deveriam ser livres para operar e desenvolver a iniciativa privada na esfera econômica.
Com a encíclica "Quadragesimo anno", o Pontífice Pio XI teve que enfrentar uma situação mundial muito difícil. Em 1931 estava-se logo após a Primeira Guerra Mundial e no meio da Grande Depressão.
Nesta encíclica, o Papa defendeu a propriedade privada, sublinhando o ensino tradicional segundo o qual as atividades econômicas devem ser usados para o bem comum. Ainda que defendendo o livre mercado, Pio XI criticou o excessivo individualismo que ignora a dimensão social e moral da atividade econômica.
Em relação à liberdade, numa mensagem de rádio para celebrar o décimo aniversário da "Quadragesimo ano", Pio XII disse que as pessoas têm o direito fundamental de fazer uso dos bens materiais para o desenvolvimento comercial por meio da troca.
Num discurso dirigido aos banqueiros em 1950, Pio XII descreveu o trabalho como necessário desenvolvimento social fazendo notar que deve ser orientado para o bem comum. Se feito corretamente o trabalho pode ser uma maneira de servir a Deus e alcançar a santificação pessoal.
Em outro discurso, dirigido aos representantes das Câmaras de Comércio, Pio XII levantou a questão da vocação para o comércio. Defendeu a importância da iniciativa privada e seu papel na criação de riqueza. E pediu para ser fiel ao ideal de serviço, evitando concentrar-se exclusivamente no lucro, para não trair a vocação ao serviço.
Em outras intervenções, Pio XII renovou o seu convite às empresas para servirem o bem comum. A liberdade das atividades econômicas - disse - é justificada se promove uma maior liberdade para a humanidade.
Dois capítulos do livro foram dedicados aos ensinamentos de João Paulo II e às suas contribuições para a doutrina social da Igreja. No primeiro capítulo, Percy aprofunda a questão do trabalho humano de acordo com o beato papa polonês.
Na primeira encíclica sobre questões económicas, "Laborem Exercens", João Paulo II estabelece três idéias: o trabalho tem um significado objetivo, um significado subjetivo e um significado espiritual.
O trabalho tem um significado objetivo externo quando envolve o esforço de criar algo. João Paulo II pôs este conceito no contexto do dom da criação. Portanto, - disse Percy - a criatividade de um empreendedor é um dom que não é totalmente autônomo, pois está sujeito a uma ordem estabelecida por Deus
Na dimensão subjetiva, uma pessoa trabalha para realizar a sua humanidade na realização da ação humana universal.
Falando a homens de negócio em Buenos Aires em 1987, João Paulo II disse que o empreendedor desempenha um papel vital na sociedade para produzir bens e serviços. Durante esta atividade os empreendedores deveriam realizar-se como pessoas ao serviço dos outros para criar uma sociedade mais justa e pacífica.
Sobre a dimensão espiritual do trabalho, de acordo com Percy, o pontífice polonês na "Laborem Exercens", diz que o nosso trabalho é uma forma de participação individual na obra redentora de Cristo. Por esta razão, é também uma atividade salvífica.
Para o autor do livro a "Centesimus Annus", contém uma análise detalhada da economia de mercado. Nesta encíclica, o Papa reiterou que o fator humano e o desenvolvimento das habilidades e da tecnologia desempenham um papel decisivo para o desenvolvimento e para a criação da riqueza. Neste sentido, o trabalho dos empreendedores é uma fonte de riqueza.
Os empresários trabalham e colaboram livremente com os outros para satisfazer suas exigências. João Paulo II enfatizou a importância dessa orientação para as necessidades dos outros. O trabalho envolve a pessoa numa comunidade, e o trabalho gerado também serve para os outros.
Percy afirma que a "Centessimus Annus " expande e desenvolve a doutrina católica, e não é a mudança radical que alguns temiam. O Papa aprovou a economia livre, mas de nenhum modo assumiu a visão liberalista.
Na encíclica em questão são expressos alguns conceitos inovadores, como por exemplo a idéia de que uma empresa pode ser e agir como uma comunhão de pessoas.
Em conclusão, o livro diz que a Igreja tem em alta consideração, tanto a iniciativa privada como o trabalho empreenditorial.
Essas atividades, no entanto, são chamadas a reconhecer a dignidade da pessoa humana e a obrigação de servir o bem comum.
Bioética
Reencontrar a alma da Europa
Formada em Roma uma Coordenação Européia dos Movimentos pela Vida
Por Antonio Gaspari
ROMA, domingo, 11 de dezembro de 2011(ZENIT.org) - Representantes dos movimentos pela vida de 15 países europeus se reuniram em Roma no sábado, dez de dezembro, com a finalidade de “reencontrar a alma da Europa”, propondo iniciativas para dar maior voz ao povo e para favorecer a emersão da cultura pela vida.
Apesar dos berços vazios, o temor do inverno demográfico, as políticas contraditórias que vêm a Europa mais preocupada com os animais do que com as crianças concebidas, os delegados dos Movimentos pela Vida da Europa discutiram como renovar o compromisso na defesa dos direitos humanos e particularmente o direito à vida e a família natural.
A este respeito, foi constituído um comitê preparatório para recolher alguns milhares de assinaturas em pelo menos sete países da Europa com o objetivo de incluir no Tratado de Lisboa, o reconhecimento da pessoa desde a sua concepção.
Na proposta apresentada, Carlo Casini, presidente da Comissão de assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu, explicou que “o reconhecimento da dignidade humana e do direito à vida desde a sua concepção é a afirmação que salva os direitos humanos e salva a Europa.”
Os diversos delegados alegaram que “tal reconhecimento é decisivo do ponto de vista jurídico-cultural, não é apenas o ponto de partida para uma correção das leis e da política que ofendem a vida.”
Por conseguinte - destacou Casini – “a Europa deve reencontrar a sua alma. E a sua alma é a dignidade de cada ser humano, sobretudo se ela começa na concepção”.
De acordo com várias intervenções, é preciso vencer o silêncio, pois as instituições européias, sobre as questões relativas à vida nascente, assumem uma postura hostil e em alguns casos de autêntica arrogância.
Em resposta a petição de 500.000 cidadãos que solicitava a discussão sobre o reconhecimento da pessoa desde a sua concepção, o órgão competente disse que "a definição do início da vida é de competência exclusiva dos Estados membros".
Casini, que é também presidente do Movimento pela Vida revelou que as contradições no comportamento das instituições européias são evidentes. “A União Européia – afirmou – protege os animais, mas quando se trata de crianças ou crianças concebidas, no melhor dos casos, se cala, enquanto continuam as tentativas para o reconhecimento do aborto como direito humano fundamental”.
“Por isso é evidente - acrescentou Casini – que o reconhecimento da dignidade humana e do direito à vida desde a concepção é a afirmação que salva os direitos humanos e salva a Europa”
Os delegados dos diversos países discutiram especialmente a situação cultural e social fundamental de suas ações.
Não é verdade que os Movimentos pela Vida surgiram somente em oposição ao aborto. Na verdade, estes desenvolvem uma atividade em favor da vida, sempre e em qualquer lugar.
Os Movimentos pela Vida recusam a cultura de morte e lutam pela liberdade, o progresso, os direitos de todos, por isso pedem o reconhecimento do ser humano desde sua concepção.
Participaram da reunião os responsáveis da Marcha pela vida de Bruxelas. O Family Center de Zagreb. O presidente da FAFCE – Fédération dês Associations Familiales Catholiques na Europa, o Vice presidente da Union pourLa Viee o presidente da Confederação Nacional das famílias cristãs, francesa. O Vice presidente da Bundesverband Lebensrecht, alemã. O chairman da Dignitatis Humanae Institute, os dirigentes da Pro Life Alliance, do Cristian Concern, do Comment on Reproductive Ethics (CORE) da Grã-Bretanha.
Representando a Itália, juntamente com os diretores do Movimento pela Vida, responsáveis por esta iniciativa; estava o Presidente do Fórum das associações das famílias católicas da Europa (FaFce).
Da Irlanda, os dirigentes da Precious Life Northern Ireland e da Youth Defence Repubblic of Ireland. Da Polônia, os dirigentes da Polish Federation Pro Life. De Portugal, o responsável pela Federação Portuguesa pela Vida. Da Romênia, os responsáveis pelas Associações Pro Vida Homnini e Associatia Darlu Vietii.
Da Eslováquia, os responsáveis do Forun Zivota e Ano pre Zivot. Da Suécia, os membros da direção das associações Pro Vida. Da Ucrânia, o Bispo de Mukachevo e a diretora do Movimento pela vida nacional. Da Hungria, os dirigentes da Associação “Juntos pela Vida” e o Ministro para assuntos sociais e família.
Trata-se de um núcleo forte de representantes de uma Europa que quer renascer e fazer nascer muitos meninos e meninas.
Os representantes dos diversos movimentos participaram da entrega do prêmio “Madre Teresa de Calcutá”, atribuído em memória de Chiara Lubich. Neste domingo, eles participaram do Ângelus com o Papa, que dirigiu a eles a seguinte saudação: - “Tenho o prazer de cumprimentar os representantes dos Movimentos pela Vida de diversos países europeus, reunidos em ocasião do prêmio pela vida “Madre Teresa de Calcutá” atribuído em memória de Chiara Lubich. Caros amigos, no aniversário da Declaração Universal dos direitos humanos, recordemos que o primeiro dentre todos é o da vida. Desejo-lhes tudo de bom pelas vossas atividades.”
(Tradução:MEM)
Flash
O natal com Chesterton
Noite de Advento com Alexander Kissler
MUNIQUE, quarta-feira, 7 de dezembro, 2011 (ZENIT.org) - O jornalista Alexander Kissler apresenta na quinta-feira 8 de dezembro, Natal com Chesterton. A noite literária, na série Domspatz Soirée, se celebra no Movimento Cultural de Munique, na Alemanha.
Domspatz Ragg promove a cultura cristã através de seus próprios eventos e publicações. Também apoia personalidades, mídia, ou iniciativas empresariais, bem como paróquias e comunidades cristãs.
Gilbert Keith Chesterton, novelista, ensaísta e criador da simpática figura do sacerdote e detetive amador padre Brown, aborda a questão da fé católica em muitos escritos com uma originalidade e sentido de humor extraordinários, num Reino Unido com maioria Anglicana. O Papa Pio XI lhe concedeu o título honorário de Defensor Fidei (Defensor da Fé). No mundo de fala Inglesa, considera-se o brilhante escritor como um importante defensor do cristianismo e da ortodoxia romana.
Muitas vezes em seus escritos Chesterton trata da festa de Natal, para ele uma "aventura imortal" e de uma alegria exuberante. Defendeu a festa ante seus inimigos, ante a afirmação de que fosse de origem pagã, reconhecia a importância das tradições saudáveis e enfatizou o poder formativo do Natal para a vida de cada ser humano.
Na noite se mostrará textos espirituosos e bem-humorados de Chesterton, muitos recentemente aparecidos em alemão, com sua crítica ao consumo oco, agora mais oportuna que nunca. Uma alternativa real para qualquer "Natal".
Mais informações: www.raggs-domspatz.de.
Angelus
O domingo "Gaudete": um convite a alegria
Angelus de Bento XVI no III domingo do Advento
CIDADE DO VATICANO, domingo, 11 de dezembro de 2011(ZENIT.org) - Apresentamos as palavras de Bento XVI durante o Angelus neste III domingo do Advento, junto aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
***
Queridos irmãos e irmãs!
Os textos litúrgicos deste período do Advento nos renovam ao convite a viver a espera de Jesus, a não deixar de esperar sua vinda, nos colocando em posição de abertura e disponibilidade ao encontro com Ele.
A vigilância do coração, que o cristão é chamado a exercitar sempre, na vida de todos os dias, característica especial neste tempo em que nos preparamos com alegria para o mistério do Natal (cfr Pref. Adv.II).
O ambiente externo, em um nível menor por causa da crise, oferece as mensagens usuais de tipo comercial. O cristão é convidado a viver o Advento sem deixar-se distrair pelas luzes, mas sabendo dar o valor justo às coisas, fixando seu olhar interiorem Cristo. Sede fato perseveramos “vigilantes na oração e jubilosos no louvor” (ibid.), nossos olhos serão capazes de reconhecer Nele a verdadeira luz do mundo, que vem iluminar as nossas trevas.
Em particular, a liturgia deste domingo, chamando “Gaudete”, nos convida a alegria, não a uma vigília triste, mas contente. “Gaudete in Domino semper” – escreve São Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fil 4,4).
A verdadeira alegria não é fruto do divertimento, no sentido etimológico da palavra di-vertir, ou seja, ir além dos compromissos da vida e de suas responsabilidades. A verdadeira alegria está ligada a algo mais profundo. Certamente, no ritmo cotidiano, geralmente frenético, é importante encontrar espaço para um tempo de repouso, de descanso, mas a verdadeira alegria está ligada ao relacionamento com Deus.
Quem encontrou Cristo na própria vida, experimenta no coração, a serenidade e a alegria que ninguém e nenhuma situação podem tirar.
Santo Agostinho expressou muito bem, na sua busca pelaverdade, pela paz, pela alegria, depois de procurar em vão em muitas coisas conclui com a célebre expressão que o coração do homem é inquieto, não encontra serenidade e paz enquanto não repousa em Deus (cf. Confissões, I, 1.1). A verdadeira alegria não é simplesmente um estado de ânimo passageiro, nem é algo alcançado com os próprios esforços, mas é um dom, nasce do encontro com a pessoa viva de Jesus, ao dar espaço para Ele em nós, ao aceitar o Espírito Santo que guia as nossas vidas.
É o convite que o apóstolo Paulo faz: "O Deus da paz vos conceda santidade perfeita.Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, sejam conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor JesusCristo "(1 Tessalonicenses 5.23). Neste tempo de Advento, fortaleçamos a certeza de que o Senhor veio em meio a nós e renova continuamente sua presença de consolação,de amor e de alegria. Tenhamos confiança Nele; como ainda diz Santo Agostinho à luz de sua experiência: O Senhor é mais próximo a nós do que nós somos de nós mesmos - "Intimate interior meo meo et Summo superior" (Confissões,
III, 6.11).
Confiemos o nosso caminho à Virgem Imaculada, cujo espírito exultouem Deus Salvador. Seja Ela a guiar os nossos corações na espera feliz da vinda de Jesus, na espera rica de oração e boas obras.
(Tradução:MEM)
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Maria : Imune de toda mancha do pecado original
As palavras do Papa durante o Angelus pela Festa da Imaculada
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 8 de dezembro de 2011(ZENIT.org) – Às 12 de hoje, Solenidade da Imaculada Conceição da Beata Virgem Maria, o Santo Padre Bento XVI se aproximou da janela de seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano para rezar o Angelus com os fiéis e peregrinos na Praça de São Pedro.
***
Estas são as palavras do Papa na introdução da oração mariana:
Queridos irmãos e irmãs!
Hoje a Igreja celebra solenemente a Imaculada Conceição de Maria. Como declarou o Beato Pio IX, em sua Carta Apostólica Ineffabilis Deus de 1854, Ela "foi preservada, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade, imune de toda mancha do pecado original." Esta verdade de fé está contida nas palavras de saudação do Arcanjo Gabriel: "Ave, cheia de graça: o Senhor é contigo" (Lc1, 28).
A expressão "cheia de graça" indica a obra maravilhosa de Deus, que quis nos devolver a vida e a liberdade, perdidas pelo pecado, por meio de Seu Filho Unigênito encarnado, morto e ressuscitado.
Portanto, desde o século II, no Oriente e Ocidente, a Igreja invoca e celebra a Virgem que, com seu "sim", aproximou o Céu da terra, tornando-se "geradora de Deus e nutriz de nossas vidas", como expressa São Romano na melodia de um antigo canto (Canticum Mariae Virginis XXVem Nativitatem B.,no JB Pitra, Analecta Sacra t. I, Paris 1876, 198).
No século VII São Sofrônio de Jerusalém elogia a grandeza de Maria, porque Nela o Espírito Santo fez morada, “Tu exerce toda a magnificência dos dons que Deus jamais ofereceu a qualquer pessoa humana. Mais que tudo, és rica da presença de Deus que mora em ti”. (Oratio II, 25 in SS. Deiparæ Annuntiationem: PG 87, 3, 3248 AB). E São Beda, o Venerável, explica: "Maria é bendita entre as mulheres, porque com a dignidade da virgindade encontrou a graça de ser geradora de um filho que é Deus" (Hom I, 3: CCL 122, 16).
Também a nós é dada a "plenitude de graça" que devemos fazer resplandecer em nossas vidas, porque "o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo - escreve São Paulo – que nos abençoou com toda bênção espiritual... e nos acolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis... predestinou para sermos adotados como filhos (Ef 1,3-5). "Esta filiação recebemos através da Igreja, no dia do Batismo. A este respeito, Santa Hildegard de Bingen escreve: "A Igreja é, portanto, a mãe virgem de todos os cristãos. Na força secreta do Espírito Santo os concebe e os dá a luz, oferecendo-os a Deus de maneira que sejam também chamados filhos de Deus” (Scivias, visio III, 12: CCL Continuatio Mediævalis XLIII, 1978, 142).
Entre muitos cantores da beleza espiritual da Mãe de Deus, está São Bernardo de Claraval, que afirma que a invocação "Ave Maria cheia de graça" é "agradável a Deus, aos anjos e aos homens. Aos homens, devido à maternidade, aos Anjos graças a virgindade, a Deus graças a humildade "(Sermo xlvii, De Annuntiatione Dominica: SBO VI, 1, Roma 1970, 266).
Queridos amigos, esperando cumprir nesta tarde, como é habitual, a homenagem a Maria Imaculada na Piazza di Spagna, dirijamos nossa oração fervorosa àquela que intercede a Deus por nós, para que nos ajude a celebrar com fé o Natal do Senhor que se aproxima.
(Tradução:MEM)
Audiência de quarta-feira
"A oração abre-nos para receber o dom de Deus"
A catequese de Bento XVI durante a Audiência Geral de hoje
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 7 de dezembro de 2011(ZENIT.org) - Apresentamos a catequese do Papa Bento XVI na Audiência de hoje que aconteceu na sala Paulo VI, e sua saudação aos peregrinos de língua portuguesa.
***
Queridos irmãos e irmãs,
Os evangelistas Mateus e Lucas (cf. Mt 11,25-30 e Lc 10, 21-22) nos transmitiu uma "jóia" da oração de Jesus, que geralmente é chamado de Hino de júbilo ou Hino de júbilo messiânico. Este se trata de uma oração de gratidão e louvor, como acabamos de ouvir. No grego original do Evangelho o verbo que inicia este hino, que expressa a atitude de Jesus quando se volta ao Pai, é exomologoumai, muitas vezes traduzida como "louvor" (Mt 11,25 e Lc 10,21). Mas nos escritos do Novo Testamento esse verbo indica principalmente duas coisas: a primeira é "conhecimento mais profundo" - por exemplo, João Batista pedia para reconhecer profundamente seus próprios pecados àqueles que vinham até ele para ser batizado (cf. Mt 3, 6) -; a segunda coisa é "concordar." Assim, a expressão com a qual Jesus começa sua oração contém o seu reconhecimento profundo, pleno, a ação de Deus Pai, e juntos, em totalidade, consciente e alegre acordo com esta maneira de agir, com o projeto do Pai. O hino de júbilo é o ápice de um caminho de oração que emerge claramente a profunda e íntima comunhão de Jesus com a vida do Pai no Espírito Santo e manifesta a sua filiação divina.
Jesus se dirige a Deus chamando-o “Pai”. Este termo expressa a consciência e a certeza de Jesus de ser “o Filho”, em comunhão íntima e constante com Ele, e este é o ponto central e a fonte de toda oração de Jesus. Vemos isso claramente na última parte do Hino que ilumina todo o texto. Jesus diz: "Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Lc 10, 22). Jesus afirma então que só “o Filho" conhece realmente o Pai. Qualquer conhecimento entre pessoas – todos experimentamos em nossos relacionamentos humanos - exige um compromisso, algum vínculo interior entre quem conhece e o conhecido, em um nível mais ou menos profundo: não podemos conhecer, sem uma comunhão do ser. No hino de júbilo, como em toda a sua oração, Jesus mostra que o verdadeiro conhecimento de Deus pressupõe a comunhão com ele: somente em comunhão com o outro começo a conhecer; e assim também com Deus, somente se eu tiver um contato verdadeiro, se estiver em comunhão, posso também conhecê-lo. Assim, o conhecimento verdadeiro é reservado ao "Filho", o Unigênito, que está desde sempre no seio do Pai (cf. Jo 1,18), em perfeita unidade com Ele. Somente o Filho conhece realmente Deus, estando em comunhão íntima com o ser; somente o Filho pode revelar realmente quem é Deus
O nome "Pai" é seguido por um segundo título, "Senhor do céu e da terra." Jesus, com esta expressão, recapitula a fé na criação e faz ressoar nas primeiras palavras da Sagrada Escritura: "No princípio Deus criou o céu e a terra" (Gen 1.1). Rezando, Ele recorda a grande narração bíblica da história de amor de Deus pelo homem, que inicia com o ato da criação. Jesus se insere nessa história de amor, é o cume e a realização. Na sua experiência de oração, a Sagrada Escritura é iluminada e revive na sua completa amplitude: anúncio do mistério de Deus e resposta do homem transformado. Mas através da expressão: "Senhor do céu e da terra", também reconhecemos que em Jesus, como o Revelador do Pai, é reaberta ao homem a possibilidade de acesso a Deus.
Agora, nos perguntemos: a quem o Filho quer revelar os mistérios de Deus? No início do Hino Jesus expressa sua alegria que a vontade do Pai é esconder estas coisas aos sábios e inteligentes e revelá-las aos pequeninos (cf. Lc 10:21). Nesta expressão de sua oração, Jesus manifesta sua comunhão com a decisão do Pai, que abre seus mistérios para aqueles que têm o coração simples: a vontade do Filho é uma coisa só com aquela do Pai. A revelação divina não é segundo a lógica terrena, na qual os homens cultos e poderosos, que possuem conhecimentos importantes os transmitem aos mais simples, aos menores. Deus utilizou um outro estilo: os destinatários da sua comunicação foram justamente os "pequeninos". Esta é a vontade do Pai, e o Filho a compartilha com alegria. Diz o Catecismo da Igreja Católica: "Sua exclamação:”Sim, Pai! ”exprime a profundidade do seu coração, a sua adesão ao beneplácito do Pai, como eco do “Fiat” de sua mãe no momento da sua concepção e como prelúdio ao que Ele diria ao Pai em sua agonia. Toda a oração de Jesus está nesta amorosa adesão de seu coração humano ao mistério "de ... vontade "do Pai (Ef 1.9)" (2603). Daí deriva a invocação que dirigimos a Deus no Pai Nosso: "Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu": com Cristo e em Cristo, também nós pedimos para entrar em sintonia com a vontade do Pai, nos tornando assim também nós seus filhos. Jesus, portanto, neste Hino de júbilo manifesta a vontade de envolver em seu conhecimento filial de Deus todos aqueles que o Pai quer tornar participantes; e aqueles que acolhem este dom são os "pequeninos".
Mas o que significa ser "pequenino", simples? Qual é a "pequenez" que abre o homem a intimidade filial com Deus e a acolher sua vontade? Qual deve ser a atitude de fundo na nossa na oração? Vejamos o "Sermão da Montanha", onde Jesus afirma: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus" (Mateus 5.8). É a pureza do coração que permite reconhecer o rosto de Deusem Jesus Cristo; é ter o coração simples como o das crianças, sem a presunção de quem se fecha em si mesmo, pensando que não precisa de ninguém, nem mesmo Deus.
É interessante notar também a ocasião em que Jesus irrompe neste Hino ao Pai. Na narração evangélica de Mateus é a alegria porque, apesar das oposições e rejeições, existem "pequenos" que aceitam a sua palavra e se abrem ao dom da fé Nele. O Hino de Júbilo, de fato, é precedido pelo contraste entre o elogio de João Batista, um dos "pequenos" que reconheceram a ação de Deusem Cristo Jesus(cf. Mt 11,2-19), e a repreensão pela descrença das cidades do lago, “onde tinha feito grande número de seus milagres"(cf. Mt 11,20-24). O júbilo, portanto, é visto por Mateus em relação às palavras com as quais Jesus observa a eficácia de sua palavra e de sua ação: "Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes: os cegos vêem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres. Bem-aventurado aquele para quem eu não for motivo de escândalo"(Mt 11,4-6).
São Lucas também apresenta o Hino de júbilo em relação com um momento de desenvolvimento do anúncio do Evangelho. Jesus enviou "os setenta e dois discípulos" (Luc10.1) e eles partiram com uma sensação de medo para o possível fracasso de sua missão.Lucas também enfatiza a rejeição encontrada nas cidades onde o Senhor pregou e realizou sinais prodigiosos. Mas os setenta e dois discípulos retornaram plenos de alegria, porque a missão deles foi bem sucedida; eles constataram que, com o poder da palavra de Jesus, os males do homem são vencidos. E Jesus compartilha a satisfação deles: “na mesma hora", naquele momento, Ele exultou de alegria.
Há ainda duas coisas que eu gostaria de enfatizar. O evangelista Lucas introduz a oração com a observação: "Jesus exultou de alegria no Espírito Santo" (Lc 10:21). Jesus se alegra a partir do íntimo de si, no que há de mais profundo: a comunhão única de conhecimento e de amor com o Pai, a plenitude do Espírito Santo.Envolvendo-nos na sua filiação, Jesus nos convida a abrir-nos à luz do Espírito Santo, porque - como afirma o apóstolo Paulo - "(Nós) não sabemos... orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede com gemidos inefáveis ...segundo Deus "(Rm 8:26-27) e nos revela o amor do Pai. No Evangelho de Mateus, após o Hino de júbilo, encontramos um dos apelos mais cordiais de Jesus: "Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei" (Mateus 11:28). Jesus pede para ir a Ele, que é a verdadeira sabedoria, a Ele que é "manso e humilde de coração"; propõe "o seu jugo", o caminho da sabedoria do Evangelho que não é uma doutrina para aprender ou uma proposta ética, mas uma Pessoa a seguir: Ele mesmo, o Filho Unigênito em perfeita comunhão com o Pai.
Queridos irmãos e irmãs, provamos por um momento a riqueza desta oração de Jesus. Também nós, com o dom do seu Espírito, podemos voltar para Deus em oração, com confiança filial, invocando o nome do Pai, "Abba!". Mas devemos ter o coração dos pequeninos, dos "pobres em espírito" (Mat5.3), para reconhecer que não somos auto-suficientes, que não podemos construir nossas vidas sozinhos, mas necessitamos de Deus, precisamos encontrá-lo, escutá-lo, e falar com ele. A oração abre-nos para receber o dom de Deus, sua sabedoria, que é o próprio Jesus, para fazer a vontade do Pai em nossas vidas e assim encontrar descanso no cansaço da nossa jornada. Obrigado.
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(Saudação em português)
A todos os presentes de língua portuguesa, a minha grata saudação de boas-vindas a este nosso encontro, que tem lugar na véspera da festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Sobre os passos da vossa peregrinação terrena, vele carinhosa a Virgem Mãe para, com Ela e como Ela, serdes os «pequeninos» de Deus e deste modo sairdes vencedores das ciladas da serpente infernal. Como penhor dos favores do Alto para vós e vossos entes queridos, dou-vos a minha Bênção.
(Tradução:MEM)
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