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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
07/06/2013 às 7:43
LEIAM ABAIXO
— Amplos setores da imprensa tentaram cassar dos evangélicos o direito de dizer “não”. Agrediram os fatos, a democracia e os seus leitores;
— Os tarados pela morte inventaram que “Estatuto do Nascituro” é “Bolsa Estupro”. É uma mentira asquerosa criada pelos exterminadores de fetos;
— Turquia é a prova dos noves de que não é possível haver um regime a um só tempo democrático e islâmico;
— Obama é muito pior do que Bush. Ou: Republicano recorreu a medidas autoritária; o democrata, ao estado policial;
— Standard & Poor’s rebaixa perspectiva de rating do Brasil;
— E o petista André Vargas, vejam só, deu mesmo um golpezinho e promulgou PEC inconstitucional;
— Justiça boliviana liberta sete corintianos presos em Oruro;
— “PMDB tentará derrubar vetos de Dilma à MP dos Portos”, diz líder;
— Os tarados pela morte de fetos estão assanhados e com sede;
— Dilma, o dólar, os juros e a síndrome do “conosco ninguém podemos”;
— Janio de Freitas e eu entendemos direitinho o que disse Barroso. Por isso ele gostou muito, e eu não… Faz sentido!;
— 70 mil cristãos a um… Onde estava o povo?;
— O lobista Lula diz a empresários do Peru que ele pede (ou manda?), e Dilma faz;
— Estado de direito em transe: a gravata de Barroso, a foice do MST e as espingardas dos índios. Com que armas se ataca a legalidade?;
— Um dia patético para as instituições, com a aceitação tácita da luta armada como método de reivindicação e “conquista de direitos”…;
— Invasões – A desmoralização das instituições democráticas e o silêncio suicida dos bons;
— Daniela Mercury e o samba-da-antropófaga-doidaPor Reinaldo Azevedo
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07/06/2013 às 7:24
Amplos setores da imprensa tentaram cassar dos evangélicos o direito de dizer “não”. Agrediram os fatos, a democracia e os seus leitores
Vejam esta imagem.
A grande imprensa brasileira, com as exceções costumeiras, escreveu um capítulo vergonhoso de sua história na quarta-feira. Cerca de 70 mil pessoas — segundo estimativas da Polícia Militar do Distrito Federal (nesta sexta, publicarei um vídeo; aguardem um pouco) — participaram de uma manifestação em Brasília em defesa da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, da família tradicional e da vida (leia-se: contra o aborto). Num dia útil, certamente arcando com o custo de faltar ao trabalho — ninguém ali tinha o “ponto” abonado nem estava sendo pago por partido —, milhares de pessoas atenderam à convocação de diversas denominações cristãs para expressar o seu ponto de vista sobre temas que estão em debate na sociedade e que são do interesse dos brasileiros. Não obstante, aquelas 70 mil pessoas foram praticamente ignoradas pelo jornalismo. A IRONIA: UMA DAS PALAVRAS DE ORDEM DA CONCENTRAÇÃO ERA ESTA: CONTRA O CONTROLE DA MÍDIA.
Reproduzo palavras do pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do evento:
“Senhores da imprensa, nós, que somos chamados de fundamentalistas, queremos uma imprensa livre até para falar mal de nós. Nós não queremos cercear imprensa, não. Agora, eu fico vendo esses esquerdopatas, que querem o controle da mídia para controlar o conteúdo… Eles estão pensando que o Brasil é Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina. Aqui, não! Imprensa livre, sempre livre!”
Não saiu praticamente uma linha do que disse Malafaia sobre o assunto. Também se omitiram as críticas muito duras que ele fez aos mensaleiros (voltarei a tratar do assunto em outro post). Setenta mil pessoas pediram em coro cadeia para a quadrilha — enquanto Luís Roberto Barroso, na CCJ do Senado, dizia que o STF foi muito duro com aqueles patriotas. E também isso se omitiu. Publicarei, reitero, um vídeo com trechos da fala de Malafaia (a integra de sua intervenção estáaqui).
Houve coisa pior do que omissão: uma reportagem do Estadão Online atribuiu ao pastor o que ele não disse, a saber: que união homoafetiva é crime. Não falou isso. Afirmou outra coisa: que não aceitava que sua opinião, que é contrária, fosse criminalizada, como faz o PLC 122.
Não há por que omitir os fatos. É evidente que uma concentração que tinha na sua pauta, também, a defesa da família tradicional (homem, mulher e sua prole) opõe-se ao casamento e ao ativismo gays. E isso foi dito lá de maneira clara e inequívoca. Era um aspecto importante do protesto, mas era um deles. Não é menos evidente que a esmagadora maioria da imprensa considera essa opinião “conservadora”, “reacionária”, “atrasada” — escolham aí o adjetivo. O mesmo se diga sobre o aborto, duramente atacado no evento. Eis outro item da pauta dita “progressista” — nunca ninguém conseguiu me explicar por que o mundo e a moral progridem com a morte de fetos…
A imprensa — ou “as imprensas” — tenha a agenda que quiser! Como afirmou o pastor, que ela seja livre até para falar mal das opiniões e das pessoas da praça. Mas omitir??? Fazer de conta, como se fez, que a coisa não estava acontecendo??? Tratar a concentração como se estivesse um curso um evento corriqueiro, sem importância? Só não acho que ficou caracterizada a “censura” porque considero que a palavra cabe quando a interdição é aplicada pelo Estado. Mas se trata, sim, de um ânimo censor, que agride a essência do jornalismo.
Estaremos, agora, diante de um novo paradigma, que consistirá em esconder aquilo de que se discorda? Qual é a medida? Se 500 marcham nas ruas em defesa da maconha, a foto vai parar nas primeiras páginas — afinal, é a “pauta progressista”. Se 70 mil fazem um coro contra a descriminação das drogas — e isso também ocorreu —, faz-se de conta que nada aconteceu?
Pois é… Volta e meia, José Dirceu, o chefe de quadrilha do mensalão — até, ao menos, que eventuais e ilegais embargos infringentes não livrem a sua cara —, manda alguém escrever lá no seu blog um ataque qualquer à imprensa, pedindo o “controle da mídia”. Por incrível que pareça, a mídia que ele quer controlar se encarrega de reproduzir suas cretinices. Afinal, disse-me outro dia alguém, a imprensa tem de fazer isso para demonstrar que é isenta e não tem preconceitos…
Ah, bom! Agora entendi! Para mostrar que é isenta e não tem preconceitos, até os ataques de Dirceu à liberdade de expressão são… livremente expressos! Mas os 70 mil da praça, que falaram EM DEFESA da liberdade de expressão, ah, esses foram tratados com menoscabo ou com desrespeito mesmo: “Afinal, não pensam o que pensamos; têm uma pauta reacionária…”.
O que pretende para si mesma a imprensa que age desse modo? Digam-me cá: os 70 mil que foram para a praça, numa quarta-feira gorda, tinham sido convocados por quem? Pelos jornais, TVs e sites noticiosos já tradicionais? Acho que não! As igrejas evangélicas têm seus próprios sistemas de comunicação e não dependem da boa vontade de estranhos para existir. Tratou-se de uma omissão vergonhosa, constrangedora. E, claro, havia jornalistas em penca lá.
Essência da democracia
A essência da democracia é o dissenso. O papel da imprensa não é exercer uma censura informal sobre a diversidade de opiniões. Ao contrário. Converter o espaço noticioso em área de militância é um comportamento fascistoide, que agride o fundamento da pluralidade e da liberdade.
Faltassem-nos exemplos, deveríamos olhar para o governo de Barack Obama, nos EUA. Em nome das liberdades civis que estariam ameaçadas no governo Bush; em nome da pluralidade, que estaria sendo agredida pelos supostos fundamentalistas de Bush; em nome da, santo Deus!, da diversidade, à qual os republicanos de Bush seriam hostis, ONGs, movimentos sociais, imprensa, academia, intelectuais etc. se juntaram num grande coro de adoração ao candidato e depois presidente da República e à sua agenda progressista.
Quis o destino — que, para mim, sempre foi a lógica dos fatos — que aquele grande progressista liderasse o governo que montou o mais amplo, profundo e nefasto sistema de espionagem no país, que inclui a perseguição a adversários por organismos do estado e a invasão do sigilo de jornalistas.
A liberdade é e será sempre o direito de divergir. Infelizmente, amplos setores da imprensa tentaram cassar dos evangélicos esse direito. Para estes, a agressão foi irrelevante porque, reitero, não dependem dessa visibilidade para existir. Para o jornalismo, no entanto, a coisa é séria: há o risco de que o paradigma da pluralidade esteja se perdendo. Os cristãos, sempre que julgarem necessário, voltarão às praças. Espero que essa imprensa de agenda tenha como voltar a seus leitores.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: evangélicos, imprensa
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07/06/2013 às 7:21
Os tarados pela morte inventaram que “Estatuto do Nascituro” é “Bolsa Estupro”. É uma mentira asquerosa criada pelos exterminadores de fetos
O Brasil tem o Estatuto do Idoso, o Estatuto da Igualdade Racial, o estatuto sei lá do quê. Em 2007, os então deputados Luiz Bussuma e Miguel Martini propuseram o “Estatuto do Nascituro”, que protege a vida do feto. NÃO ACREDITEM NO LIXO MILITANTE QUE ESTÁ SENDO PUBLICADO POR AÍ. SEJAM CADA VEZ MAIS PRUDENTES E PRECAVIDOS. EXIJAM LER OS DOCUMENTOS ORIGINAIS. Em muitos nichos, o jornalismo está em fase terminal. Você pensa estar lendo uma reportagem e se trata, na verdade, de uma encomenda política de algum partido ou ONG. O Estatuto proposto está aqui. O texto foi aprovado nesta quarta na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara e segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça. A gritaria farisaica que se ouve, com repercussão imediata e bucéfala em certos setores da imprensa, impressiona. O site Avaaz de petições, cujo chefão é Pedro Abramovay (aquela que não quer “pequeno traficante” na cadeia…), já lidera os protestos. Tudo porque o estatuto estaria propondo o que, de maneira asquerosa, está sendo chamado de “bolsa estupro”. É puro despiste. Os fanáticos do aborto usam um artigo da lei, distorcem miseravelmente seu sentido, para poder dar continuidade à sua implacável perseguição ao feto e para conferir estatuto de humanismo a seu canto de morte. Antes que prossiga, uma informação.
Quando Bussuma propôs o texto, ele era deputado pelo PT. Foi expulso do partido por ter participado de uma manifestação contra a descriminação do aborto. Ex-deputado, parece que está filiado ao PMDB. Martini, ex-PV, também sem mandato, está hoje no PHS. Muito cuidado nessa hora para que as coisas fiquem no seu devido lugar.
Bandeira dos fanáticos
Que artigo do estatuto está sendo usado como bandeira pelos fanáticos? É o 13, que reproduzo abaixo, EMBORA ELES COMBATAM MESMO, MAS COM VERGONHA DE DEIXAR CLARO, O ARTIGO 3. Vou explicar.
Leiam o que diz o 13:
Art. 13 O nascituro concebido em um ato de violência sexual não sofrerá qualquer discriminação ou restrição de direitos, assegurando-lhe, ainda, os seguintes:
I – direito prioritário à assistência pré-natal, com acompanhamento psicológico da gestante;
II – direito a pensão alimentícia equivalente a 1 (um) salário mínimo, até que complete dezoito anos;
III – direito prioritário à adoção, caso a mãe não queira assumir a criança após o nascimento.
Parágrafo único. Se for identificado o genitor, será ele o responsável pela pensão alimentícia a que se refere o inciso II deste artigo;
Retomo
Não acho que seja uma lei confortável, embora entenda o seu espírito. Os formuladores do estatuto estão empenhados na defesa da vida do feto e consideram que a pensão pode servir de estímulo para que a mulher não recorra ao direito legal ao aborto em caso de estupro — QUE É MANTIDO. O Estatuto não muda o que dispõe o Código Penal a respeito.
Ainda que eu seja contrário à descriminação do aborto, e a despeito dos bons propósitos, tenderia a votar contra esse artigo porque entendo que a mulher que eventualmente rejeite o feto concebido nessas circunstâncias não o aceitaria por bons motivos se passasse a receber uma pensão do estado. Reitero que entendo a motivação humanista que está na raiz da proposta, mas há determinadas ações que, ainda que benignas em si, simplesmente não são operacionalizáveis. Não haveria, entre outras dificuldades, como acompanhar o efetivo emprego do recurso no bem-estar da criança.
Mas atenção! Chamar isso de “bolsa estupro” é um absoluto absurdo, uma sandice. A bolsa dada ao carente busca beneficiar o carente; a bolsa para tratamento de crack busca tornar viável o tratamento. No caso em questão, o recurso não premiaria nem o estuprador nem o estupro, mas o ser que foi gerado naquela relação não consentida. Assim, pode-se rejeitar essa proposta, acho eu, por bons e por maus motivos. Um bom motivo para recusá-la é, entendo, a virtual impossibilidade de acompanhar a sua efetividade. O mau motivo é a falácia de que o benefício ou estimularia o estupro ou imporia à mulher a obrigação de carregar um feto que rejeita — e é isso o que se quer designar quando se fala em “bolsa estupro”.
O Artigo 3º e os fariseus
O ponto é definitivamente outro, e é muito fácil demonstrar que aqueles que estão protestando estão mentindo. Digamos que se elimine do Estatuto o Artigo 13: será que os que combatem o texto passarão a apoiá-lo? Uma ova! Não vão passar, não! Sabem por quê? Porque, de verdade, o que eles rejeitam é o Artigo 3, que reproduzo abaixo:
Art. 3º O nascituro adquire personalidade jurídica ao nascer com vida, mas sua natureza humana é reconhecida desde a concepção, conferindo-lhe proteção jurídica através deste estatuto e da lei civil e penal.
Eis aí o que os fanáticos do aborto não aceitam. Embora a Constituição brasileira já proteja à vida, o que o estatuto afirma é a “natureza humana” do feto desde a concepção. E isso, evidentemente, torna mais distante a legalização do aborto, que está em curso no Brasil por vias oblíquas. O doutor Luís Roberto Barroso, por exemplo, novo ministro do Supremo, patrocinou a causa da interrupção da gestação de fetos anencéfalos — que ele, delicado que é, chamou de “antecipação do parto”. O doutor é mesmo um mago da novilíngua: um parto costuma ser antecipado para assegurar a vida; ele inventou uma antecipação que… antecipa a morte! E muitos dizem: “Que homem hábil!”. Ainda hoje vou refletir sobre uma outra barbaridade que ele disse na sabatina desta quarta. Mas fica para depois.
Não! Estão usando o Artigo 13 como estandarte da luta; estão usando uma pecha mentirosa, como “Bolsa Estupro”, porque sabem que o reconhecimento da natureza humana do feto vai dificultar a legalização do aborto, e esses canibais da razão vivem com sede permanente.
O estatuto muda a redação dos Artigos 125 e 126 do Código Penal e aumenta a pena de quem opera o aborto ilegal: se for contra a vontade da gestante, a mínima passa de três para seis anos, e a máxima, de dez para quinze anos; se for com o consentimento, a pena, que é hoje de um a quatro anos, passa a ser de quatro a dez anos. MAS ATENÇÃO! Não se toca no Artigo 128, que trata das hipóteses de aborto legal: em caso de estupro e risco de morte da mãe. Aliás, tanto é verdade que a gravidez fruto da violência pode ser interrompida que o texto busca, com o Artigo 13, criar um estímulo para que isso não ocorra.
O link do estatuto está neste post. Essa gente farisaica poderia, ao menos, ter a coragem e o caráter de dizer o que realmente quer. Em vez disso, criam uma mentira, uma fraude intelectual e moral, para desviar o debate do seu propósito. Não existe “Bolsa Estupro” coisa nenhuma! Não é por isso que eles estão furiosos. O que os comandados de Pedro Abramovay — que hoje pauta 9 entre 10 “progressistas” da imprensa — não querem é reconhecer a dimensão humana do feto humano.
O seu progressismo só se realiza plenamente se o feto for uma “coisa”, um “penduricalho” do corpo da mãe, como um brinco, um piercing ou uma bolsa, que podem ser jogados no lixo.
Texto publicado originalmente às 19h47 desta quartaPor Reinaldo Azevedo
Tags: aborto, Estatuto do Nascituro
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83 COMENTÁRIOS
07/06/2013 às 4:54
Turquia é a prova dos noves de que não é possível haver um regime a um só tempo democrático e islâmico
Os turcos estão nas ruas, aos muitos milhares. Tudo começou porque um pequeno grupo decidiu protestar contra a construção de um shopping numa praça. A polícia desceu o sarrafo. A coisa cresceu e se espalhou. Já há três mortos e quase cinco mil feridos. O evento serve para revelar a face nada oculta, mas ocultada, do governo turco, do modelo que muitos nefelibatas no Ocidente chamavam de “democrático”. O país é usado como exemplo de que é possível haver “democracia islâmica”. Vênia máxima: não é possível! Se uma religião pretende ser estado, ainda que vá impondo paulatinamente a sua vontade (como faz o Partido da Justiça e Desenvolvimento, do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan), o que se tem, com o tempo, é uma ditadura exercida por outros meios. “Islâmicos, então, jamais conhecerão a democracia, Reinaldo?” Resposta: não enquanto forem governados por partidos… islâmicos!! “Ah, mas, havendo eleições, uma agremiação religiosa fatalmente vencerá…” Bem, meus caros, então a resposta não é dada por mim, mas pelos fatos. E, é claro!, democracia sem eleição também não existe. Logo…
Como é que o cristianismo acabou se tornando compatível com o regime democrático? Porque as correntes cristãs se convenceram de que, como forças sociais, podem e devem interferir na política, mas não devem ser “o” poder. Inexiste, infelizmente, uma vertente do islamismo, por mais liberal e moderna que seja, que reconheça que o domínio do estado se distingue do domínio da religião.
É politicamente incorreto dizer que islamismo e democracia são incompatíveis? Pode ser. Mas é apenas um fato. Como está a demonstrar a Turquia.
No dia 29 de janeiro deste ano, escrevi aqui um artigo cujo título é este: “A tese delinquente da ‘democracia iliberal’. Ou: Turquia é exemplo da ditadura islâmica exercida por outros meios, não de democracia!”.
Criticava naquele post, que reproduzo abaixo, um artigo de Jocelyne Ceari, escrito para o Washington Post, em que a preclara lançava a tese da “democracia ileberal”. Segundo esta gigante do pensamento, a dita “Primavera Árabe” estava criando seu próprio modelo de democracia, entendem? E, dizia ela, a Turquia, que não é árabe, mas é islâmica, poderia servir de modelo. E eu, então, respondi assim:
*
Era fatal que chegássemos a este ponto: os inimigos da democracia não estão apenas em terras que nos parecem estranhas. Também estão entre nós — aliás, são até mais perigosos do que os outros.
O Estadão de hoje publica um texto de Jocelyne Cesari, escrito originalmente para o Washington Post. Comentei nesta manhã. Esta senhora, tripudiando sobre 58 cadáveres no Egito, produzidos só nos últimos cinco dias, vê com encanto o que considera avanço da democracia em países islâmicos e lança uma categoria nova: as “democracias iliberais”. Sim, ela dá de barato, sabem?, que as democracias muçulmanas serão diferentes, sem os mesmos compromissos que temos com a igualdade entre os cidadãos ou com a liberdade religiosa.
Chamei a tese de delinquente. E reitero. Alguns leitores afirmam que desprezei o trecho em que ela diz ser possível uma “democracia islâmica”, oferecendo a Turquia como exemplo. Não desprezei, não! Decidi deixar isso para depois. Essa é outra das estúpidas mistificações que estão em curso.
A Turquia democrática é a versão dos intelectuais do miolo mole da Turquia mítica de Glória Perez… Em outras palavras: as duas são fantasias. A de Glória, claro!, não tem importância nenhuma porque tudo aquilo é brincadeira, distração, ficção sem importância. Já a conversa de que a Turquia é um modelo de democracia… Ah, isso tem importância, sim.
Ditadura com eleições
A Turquia nunca foi uma democracia e continua a não ser. O que há de particularmente ruim agora é que a ditadura exercida por outros meios — sob o controle de um partido religioso — está sendo vista como um grande avanço, uma grande conquista.
Pesquisem, meus caros, se tiverem algum especial interesse no assunto, o que ficou conhecido no país como “Rede Ergenekon”. É a versão turca dos “Processos de Moscou”, de Stálin. Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro, inventou uma suposta conspiração ultranacionalista e anti-islâmica que pretenderia derrubar o governo. Estariam envolvidos na tramoia militares (a maior parte dos acusados), jornalistas, professores, empresários etc. Erdogan prendeu quem bem quis. Tratou-se de um claro movimento de intimidação. Não há imprensa livre na Turquia. O governo acusa de conspiração quem bem entender.
O partido islâmico da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), de Erdogan, aparelhou todas as instituições do país, muito especialmente a Justiça. A oposição está intimidada ou presa, acusada de participar da tal conspiração. Sim, existe pluralidade partidária. A questão é saber se a oposição conseguirá chegar ao poder…
Erdogan não é burro. Ao contrário! É muito esperto. Herdou uma Turquia que faz parte da Otan e a quer integrada à União Europeia. Por isso busca um aparente equilíbrio entre dois mundos, enquanto vai aniquilando seus adversários internos. No caso da Primavera Árabe, tomou a decisão mais esperta: fechou com o Ocidente — até porque o Ocidente estava fechado, ora vejam, com a Irmandade Muçulmana e outros grupos radicais. Por que agiria de modo diferente? Deu um pé no traseiro de Bashar Al Assad, mas se aproximou do Irã.
A Turquia não é modelo de coisa nenhuma. Ao contrário: a sanha com que Erdogan avançou contra seus adversários, inventando a farsa da “Rede Ergenekon”, só prova que os islâmicos burros escolhem o terrorismo; os espertos, as eleições. Burros e espertos querem a mesma coisa: o estado islâmico.
O país, assim, pode ser um exemplo do que aquela senhora chama de “democracia iliberal” — que democracia não é. Trata-se apenas da ditadura exercida por outros meios. Seu texto, reitero, é a evidência da estupidez que tomou conta dos meios acadêmicos ocidentais.
Turquia democrática? Que Erdogan ponha fim, por exemplo, ao ensino religioso obrigatório nas escolas e permita a crítica livre ao Islã. Vamos ver. Não há democracia onde não há liberdade de consciência e onde jornalistas podem ser encarcerados, acusados de conspiração, simplesmente porque críticos do governo. Na Turquia de Erdogan, faz-se o devido processo legal — conduzido por juízes nomeados por um partido religioso. Entenderam?
Há quem ache que uma ditadura que conta com o apoio da maioria é mais decente do que uma ditadura ancorada numa minoria. Como eu estaria morto ou preso tanto em uma como em outra, nego-me a fazer essa escolha. Continuo a escolher o único regime que pode abrigar quem sou e penso: a democracia! A democracia LIBERAL! O “iliberalismo democrático” é uma invenção estúpida de grupos que usaram o ambiente do livre pensamento para flertar com a sua destruição.Por Reinaldo Azevedo
Tags: islamismo, Recep Tayyip Erdogan, Turquia
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07/06/2013 às 3:46
Obama é muito pior do que Bush. Ou: Republicano recorreu a medidas autoritária; o democrata, ao estado policial
O governo Obama espionou jornalistas e pôs o Fisco no encalço da direita republicana. Na luta contra o terror, ainda na gestão de George W. Bush, teve início um amplo programa de monitoramento de ligações telefônicas. Obama herdou o programa, é verdade. Decidiu ampliá-lo e o estendeu para os provedores de Internet. Nunca se chegou tão perto do “Grande Irmão”, do livro “1984”, de George Orwell, como agora. Nessas horas, é grande a tentação de decretar o empate e sair por cima, condenando a hipocrisia: nessa perspectiva, republicanos e democratas criticam uns aos outros por aquilo que todos fazem. Na gritaria, pois, ninguém teria razão. Será assim mesmo? Não! Assim seria se não houvesse o regime democrático, as eleições, os compromissos assumidos em campanha.
George W. Bush respondeu como se viu aos ataques terroristas de setembro de 2001. Certa ou errada, a guerra ao terror produziu os seus efeitos também eleitorais. O então presidente foi reeleito em 2004, mas os republicanos foram postos para fora na eleição de 2008. Obama ganhou nas urnas um segundo mandato. Parcela dos eleitores americanos — e da opinião pública mundial, é bom destacar — pode odiar os republicanos, considerar que Bush era um reacionário insuportável, um, como é mesmo?, “partidário do unilateralismo” (vão escolhendo aí as ofensas…), o diabo a quatro. De uma coisa, no entanto, o ex-presidente americano não podia ser acusado: hipocrisia. Disso, não! Nem ele nem o Partido Republicano. Jamais esconderam o que pensavam e as opções que haviam feito na chamada “guerra ao terror”.
Mas e Barack Obama? Ah, aí a coisa é muito diferente. Não há mero empate entre Bush e Obama porque este foi eleito com o compromisso de mudar a política daquele — e com especial ênfase nessa área dos chamados “direitos civis”, que estariam sendo agredidos em nome do combate ao terror. Quando o monitoramento começou, houve uma primeira grita, que, pessoalmente, considerei exagerada — E ESCREVI ISSO NO SITE PRIMEIRA LEITURA. Há leitores que me acompanham desde lá e sabem disso. É bem verdade que entendia, como entendo, que as escutas têm de ser dirigidas, monitoradas por um comitê independente, de sorte que sejam motivadas e justificadas. Em tempos de guerra e de combate ao terror, programas assim são necessários. É chato, é perigoso, mas não há outro jeito.
Ocorre que, ficamos sabendo agora, a gestão Obama decidiu usar a licença que tinha para combater o terror para espionar quem lhe desse na telha. Fica visível que não há critério nenhum. Todos estão na rede, e o governo pode, a qualquer momento, selecionar o que deseja, a depender sabe-se lá de qual necessidade. QUE ESTE É UM GOVERNO QUE PODE MOBILIZAR O ESTADO CONTRA, POR EXEMPLO, ADVERSÁRIOS POLÍTICOS, ISSO JÁ SABEMOS, OS FATOS JÁ O COMPROVAM.
Obama faturou a eleição desmoralizando, de todas as formas, a gestão de seu antecessor. A sua primeira campanha, como todos se lembram, ganhou ares de defesa dos direitos civis. E, no entanto, o que se tem é isto: um monitoramento das comunicações como nunca se viu, jornalistas espionados e adversários do governo perseguidos por órgãos de estado. Não obstante, aqui e ali, ouvimos um muxoxo: “Ah, são todos iguais mesmo!”. Parece desculpa de mensaleiro: “A gente fez o que todo mundo faz”. Ou ainda: “Aprendemos a fazer isso com o PSDB…”. Pouco importa o idioma, toda esse gente fala a língua franca da vigarice.
Não, não! Sabem por que, nesse particular — e em muitos outros, como já escrevi algumas vezes —, Obama é pior do que Bush, não havendo empate nenhum? Porque o atual presidente dos EUA só está lá por ter prometido a mudança; porque satanizou o outro por conta de programas de monitoramento; porque disse que tudo seria diferente. O RESULTADO DAS URNAS OBRIGAVA OBAMA MORALMENTE A MUDAR O PROGRAMA, A TORNÁ-LO AINDA MAIS RESTRITO. Em vez disso, ele o expandiu e o ampliou para outras áreas das comunicação. É um vexame sem tamanho!
A grita, obviamente, só não é maior porque, afinal de contas, o democrata ainda é um “aliado” de poderosos lobbies politicamente corretos que atuam na imprensa, nas entidades não governamentais, nas redes sociais. Também nos EUA há a má consciência de esquerda, nossa velha conhecida (ainda que seja a esquerda lá deles), a lhes dizer que, no fundo, tudo lhes é permitido porque têm bons propósitos. Malvados são os outros.
Obama está apenas no primeiro ano de seu segundo mandato. Nessa toada, e escrevi isso aqui quando estourou o caso da espionagem contra jornalistas, deixou de ser uma hipótese amalucada a chance de que não termine o mandato. A perseguição empreendida pelo Fisco a grupos de oposição, sozinha, já é causa de impeachment. Conseguirá se recuperar nos três anos e meio que tem pela frente? Vamos ver. Por enquanto, as coisas só pioram porque o verdadeiro Obama — não o demiurgo inventado pelos deslumbrados — se revela.
Não! Não há empate nenhum! Obama venceu por larga margem o adversário Bush no quesito hipocrisia, bravata e autoritarismo. O republicano pôs o estado no encalço do terror e avisou: muitos americanos passarão a ser monitorados. O jogo era explícito. O democrata prometeu acabar com isso, mas universalizou a espionagem e não avisou ninguém.
Sob certo ponto de vista, poder-se-ia até dizer, com algum exagero, que Bush recorreu a medidas autoritárias para combater o terror. Obama fez outra coisa: recorreu ao estado policial para fazer política — muito especialmente contra adversários ideológicos internos. Como evidencia o arquivo deste blog, posso estar estupefato pela ousadia, mas não surpreso. Que ironia! Em muitos aspectos, Obama é a primeira grande cria política da Internet. E ele resolveu usar essa mesma Internet para exercitar o velho vício do mando.Por Reinaldo Azevedo
Tags: EUA, Obama
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06/06/2013 às 21:41
Standard & Poor’s rebaixa perspectiva de rating do Brasil
Na VEJA.com:
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s sinalizou nesta quinta-feira que o rating de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil pode ser rebaixado. A perspectiva da nota do país, que é BBB, foi revisada de “estável” para “negativa” nesta quinta-feira. Isso significa que a agência, que dá notas de acordo com o grau de risco dos investimentos em países e empresas, pode indicar, em até dois anos, que o Brasil está se tornando um lugar menos seguro para se investir. Em linha com a revisão para baixo dos riscos do Brasil, a S&P também rebaixou as perspectivas de rating da Petrobras e da Eletrobras.
“Podemos rebaixar o rating nos próximos dois anos se o contínuo lento crescimento econômico, os fracos fundamentos fiscais e externos, e alguma perda da crebibilidade da política fiscal por sinais ambíguos na política, diminuírem a capacidade do Brasil de gerenciar um choque externo”, disse a S&P em nota. A agência ponderou que a impossibilidade do governo em estimular o investimento privado, sobretudo em infraestrutura, eleva o risco do país. A S&P também citou a deterioração fiscal como razão para a revisão de perspectiva.
Contudo, a agência não desconsiderou subir novamente a avaliação para o nível “estável” se medidas sérias forem tomadas para fortalecer a confiança do setor privado no país.
Estatais na mira
Em linha com o rebaixamento da perspectiva de rating do Brasil, a S&P também divulgou revisões das perspectivas para as classificações de Petrobras e Eletrobras.
De acordo com a agência de classificação de risco, a perspectiva do rating BBB, em moeda local e estrangeira, da Petrobras foi rebaixada para negativa, de estável. No caso da Eletrobras, a perspectiva do rating BBB apenas em moeda estrangeira foi rebaixada para negativa, de estável.
A S&P afirma ainda que o rating da Eletrobras reflete seu perfil de risco de negócios “satisfatório” e o perfil de risco financeiro “intermediário”. “Essas avaliações estão baseadas na exposição da companhia ao ambiente regulatório brasileiro, os grandes gastos com investimentos das suas subsidiárias – que vai exigir que a empresa forneça alguma ajuda financeira – e a forte influência do governo federal sobre o planejamento estratégico.”
A nota da Petrobras também reflete seu perfil de risco de negócios “satisfatório” e o perfil de risco financeiro “intermediário”. Além disso, a S&P cita as fortes atividades de exploração e produção de petróleo (tamanho, qualidade, duração e nível de substituição das reservas), a presença dominante de mercado em todos os aspectos da indústria brasileira de hidrocarbonetos, a diversificação geográfica mais limitada e o considerável plano de investimentos, “que resulta em projeções de fluxos de caixa livres negativos pelo menos até 2015″.Por Reinaldo Azevedo
Tags: rating do Brasil
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06/06/2013 às 21:38
E o petista André Vargas, vejam só, deu mesmo um golpezinho e promulgou PEC inconstitucional
No dia 31 de maio, escrevi aqui um post afirmando que o deputado André Vargas (PT-PR) planejava dar um golpe e promulgar a PEC, escandalosamente inconstitucional, que criou quatro novos tribunais regionais federais. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado e do Congresso, negou-se a promulgá-la. Como está em viagem, Vargas, vice-presidente da Câmara, assumiu o comando formal do Congresso e pimba!: promulgou a PEC. A questão vai terminar no Supremo. Reproduzo o post do dia 31.
*
(…)
Por determinação constitucional, a Vice-Presidência do Congresso é exercida pelo vice-presidente da Câmara — no caso, o deputado André Vargas (PT-PR), um homem polêmico, para dizer pouco, com amigos ainda mais polêmicos. Pois bem: Vargas planeja dar um golpe baixo na constitucionalidade, com o apoio informal de Renan Calheiros. Já chego lá. Vamos aos fatos antecedentes.
A Câmara e o Senado aprovaram a criação dos quatro novos tribunais regionais federais (Paraná, Minas, Bahia e Amazonas), que se juntariam aos cinco já existentes (Brasília, São Paulo, Rio, Pernambuco e Rio Grande do Sul). Estima-se que o custo dos que estão em funcionamento chega a R$ 7 bilhões. Ocorre que a Proposta de Emenda Constitucional que criou os tribunais é, como posso escrever?, “apenas” inconstitucional.
Não sei se, à luz do “novo constitucionalismo”, de que Luís Roberto Barroso, futuro ministro do Supremo, se quer um teórico, ignorar a Constituição é parte do jogo. Lendo um de seus livros, cheguei à seguinte conclusão: quando é para fazer coisas boas para humanidade, a Carta Magna pode ser ignorada mesmo numa democracia (que, então, num determinado momento, deixará de sê-lo); quando é para fazer coisas ruins, então não. O leitor distraído se dá por satisfeito. “Ora, Reinaldo, o contrário não seria pior?” A resposta: não! Sabem por quê? Porque não existe nem frente nem verso nessa opinião do doutor Barroso. Ignorar a Constituição numa democracia é sempre condenável. Ou, então, perguntemos: quem vai decidir o que é “bom” e o que é “ruim” para a humanidade? Que corte informal seria essa, que faria um controle prévio de constitucionalidade? Certamente não poderia ser a dos amigos do Doutor Barroso que curtem Beethoven, Ana Carolina e Taiguara… Eu ainda voltarei a formidáveis revelações de seu livro. Mas agora avanço para o tema deste post.
A criação de novos tribunais regionais federais é escandalosamente inconstitucional. Evidenciei isso aqui dia 12 de abril deste ano. Associações de juízes, OAB e Ministério Público se calam, lamento constatar, por puro corporativismo. Então vamos à Constituição.
O texto constitucional, no seu Artigo 96, estabelece com todos os erres, os eles e os esses (em azul):
Art. 96. Compete privativamente:
(…)
II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
(…)
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
Muito bem! Os tribunais superiores não podem apresentar propostas de leis, mas podem encaminhar, segundo dispõe a Constituição, o pleito ao Congresso. No caso da criação dos quatro tribunais, o STJ não disse uma vírgula, não propôs coisa nenhuma. Mais: o texto constitucional fala da possibilidade da criação de tribunais DESDE QUE OBSERVADO O DISPOSTO NO ARTIGO 169.
E o que é que diz o Parágrafo Primeiro do Artigo 169 da Constituição? Isto:
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:
I – se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
II – se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Pois bem. Na aloprada criação dos quatro novos tribunais, isso também foi ignorado. Não se tem nem mesmo noção do quanto vai custar a coisa toda. Os defensores da criação falam em R$ 1 bilhão por ano. Certamente não! Joaquim Barbosa fala em R$ 8 bilhões — talvez seja um certo exagero porque os cinco existentes consomem R$ 7 bilhões. Se ficar na média das duas estimativas — R$ 4 bilhões —, já é um despropósito para efeito nenhum. Serão criados, por exemplo, 10 mil cargos. E a Justiça continuará tão lenta quanto antes.
Para quê? Para nada! Ainda que os trabalhos fossem formidavelmente agilizados, tudo ficaria entulhado, entre outros gargalos, nos tribunais superiores. Isso, por si, seria péssimo para os cofres, mas, ao menos, não ofende a Constituição. Ocorre, reitere-se, que o que se fez até agora é inconstitucional.
Diante do que considerou ser uma “dúvida”, Renan decidiu não promulgar a PEC dos novos tribunais. Mas ele vai viajar a Portugal entre os dias 5 e 11 de junho. E Vargas, o petista, já avisou que aproveitará a ausência do outro para promulgar o texto. Está agindo à revelia de Renan? Não! O movimento é combinado. O presidente do Senado já disse que não se importa. Não quer ter seu nome associado à inconstitucionalidade, mas não se opõe a que o outro atue. Ou por outra: não chega a ser o país a sua primeira preocupação.
Se acontecer assim, não é possível que essa barbaridade não vá parar no Supremo. E aí veremos, então, qual será a decisão dos nove varões e das duas varoas de Plutarco.Por Reinaldo Azevedo
Tags: André Vargas, Congresso, Renan Calheiros
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06/06/2013 às 20:56
Justiça boliviana liberta sete corintianos presos em Oruro
Por Leslie Leitão, da VEJA.com, de La Paz:
A Justiça boliviana libertou, por volta das 20h desta quinta-feira (horário de Brasília), sete dos 12 brasileiros torcedores do Corinthians presos no país. Detidos em 20 de fevereiro, acusados de participação na morte do torcedor boliviano Kevin Espada, de 14 anos, atingido por um sinalizador durante a partida com o San José, pela Libertadores da América, eles eram mantidos na cidade de Oruro, a 230 km de La Paz. Os brasileiros soltos são: Tadeu Macedo Andrade, Fabio Neves Domingos, Tiago dos Santos Ferreira, Hugo Nonato, Raphael Castilho de Araújo, Cléber de Souza Cruz e Danilo Silva de Oliveira.
Segundo o Itamaraty, os sete foram libertados por falta de provas. Os outros cinco presos, de acordo com informações passadas pela Justiça boliviana, ainda não tiveram seus casos específicos analisados. A tendência é de que eles também sejam soltos nos próximos dias. Permanecem detidos: Leandro Silva de Oliveira, Reinaldo Coelho, José Carlos da Silva Júnior, Marco Aurélio Nefeire e Cleuter Barreto Barros.
A legislação boliviana estabelece a marca de três anos como prazo máximo para prisões preventivas, limite que nem sempre é respeitado: pelo menos dez brasileiros estão encarcerados na Bolívia há mais tempo do que isso. Em novembro do ano passado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos recebeu o alarmante diagnóstico de que o sistema prisional boliviano é um dos mais retrógrados da América Latina. O uso indiscriminado da prisão preventiva pelo Judiciário da Bolívia chegou a tal ponto que atualmente 84% da população carcerária do país é formada por detentos nesta condição.
Os corintianos continuaram presos mesmo depois que um menor de idade, sócio da torcida Gaviões da Fiel, se apresentou à Justiça brasileira como autor do disparo fatal. Em maio, ele prestou depoimento ao promotor Alfredo Santos no consulado boliviano em São Paulo. O promotor levou à Bolívia as digitais do menor e fotos com a posição dos torcedores na arquibancada do Estádio Jesus Bermudez. Esse material foi decisivo para a liberdade dos sete torcedores.
O advogado dos 12 corintianos, Sérgio de Moura Ribeiro Marques, defende a tese de que Kevin foi atingido antes mesmo de o jogo começar. Isso porque ele diz ter conversado com bombeiros bolivianos que alegam que o resgate de uma pessoa ferida na arquibancada demora, no mínimo, oito minutos para ser realizado.
O procedimento incluiria o aviso do acidente, o deslocamento para pegar a maca e seguir até o local do incidente, abrir espaço entre dezenas de torcedores, colocar o corpo na maca, descer as rampas e escadas do estádio e chegar à porta de saída.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Bolívia, Corinthians;
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06/06/2013 às 20:06
“PMDB tentará derrubar vetos de Dilma à MP dos Portos”, diz líder
Por Felipe Frazão, na VEJA.com:
Os problemas entre o Palácio do Planalto e a bancada do PMDB no Congresso estão mesmo longe da pacificação. O líder do partido na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), voltou a colocar o governo contra a parede e afirmou nesta quinta-feira que sua bancada vai trabalhar para derrubar os vetos da presidente Dilma Rousseff à MP dos Portos. “O PMDB vai encaminhar para derrubar os vetos”, disse Cunha ao site de VEJA.
Dilma impôs treze vetos ao texto, que havia sido negociado com os parlamentares. Nesta quarta, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, negou que a presidente tenha quebrado um acordo com o Congresso. O peemedebista, entretanto, discorda: “Houve quebra de acordo, sim. Na hora em que esses vetos forem apreciados, a gente vai se pronunciar”, disse Cunha. “Só escuto dizer que ouve quebra de acordo com todo mundo”, completou.
Para conseguir aprovar a MP, a articulação política de Dilma enfrentou uma maratona que deixou sequelas na base governista – e o líder do PMDB foi justamente a pedra no sapato do governo. A bancada peemedebista, por exemplo, assinou em peso o pedido para a criação de uma CPI da Petrobras.
A insatisfação do PMDB com o governo vai além da MP dos Portos. Conforme a coluna Radar on-line noticiou, o governo já foi avisado de que o Congresso pretende se reunir para analisar outros milhares de vetos presidenciais acumulados há décadas.
Segundo Cunha, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), convocarão na semana que vem uma reunião com os líderes das bancadas para fazer uma proposta sobre como discutir os vetos. “Vai haver uma discussão sobre apreciação de vetos como um todo”, disse Cunha. “A Casa quer votar vetos, não aguenta mais essa situação.”
O peemedebista lembrou a posição do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, que defendeu votação de vetos em ordem cronológica e chegou a barrar a análise dos vetos sobre os royalties do pretróleo. Posteriormente, o plenário do Supremo liberou a votação dos vetos à Lei de Royalties – e Fux foi voto vencido.Por Reinaldo Azevedo
Tags: MP dos Portos
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06/06/2013 às 18:25
Os tarados pela morte de fetos estão assanhados e com sede
Os tarados pela morte de fetos estão assanhados. Inventaram que o Estatuto do Nascituro, que protege o feto, é “Bolsa Estupro”. Trata-se de uma mentira asquerosa, contra a letra do texto. Já volto ao assunto. Os caça-fetos conseguem ser ainda mais fanáticos do que os defensores da legalização das drogas. Por alguma estranha razão, as duas agendas andam juntas. Daqui a pouco.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: aborto
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06/06/2013 às 16:01
Dilma, o dólar, os juros e a síndrome do “conosco ninguém podemos”
Há textos curtos, informativos, aparentemente até singelos, que valem por um pequeno tratado sobre economia ou, como direi?, sobre a tolice humana. Admirável esta síntese publicada nesta quinta na Folha. Volto em seguida.
Por Toni Sciarretta e Mariana Carneiro:
O dia era de baixa do dólar, após o governo zerar na véspera o IOF (Imposto de Operações Financeiras) para estrangeiros, mas eis que surgem o ministro Guido Mantega e depois a própria presidente Dilma Rousseff para falar que o governo não adota medidas para conter a taxa de câmbio e que o dólar não será usado contra a inflação.
“Eu queria informar que este país adota o regime de câmbio flexível”, afirmou Dilma, durante um evento sobre o ambiente. Bastou para a cotação do dólar subir de R$ 2,13 para R$ 2,15, em 20 minutos. Isso levou o Banco Central a intervir para frear a alta do dólar, com operações que equivalem à venda de dólar no mercado futuro. O discurso também elevou as taxas de juros negociadas no mercado de títulos.
Para analistas, a sinalização é que, se o governo não pretende usar o câmbio como instrumento para baixar a inflação, a saída será elevar ainda mais os juros, hoje em 8% ao ano. As taxas negociadas para janeiro de 2014 saltaram de 8,45% para 8,5% ao ano, e as de janeiro de 2017, de 8,69% para 9,84% ao ano. “Não me lembro de o presidente Lula falar sobre câmbio num dia como esses. Ele tinha o bom senso de não se pronunciar nesses momentos. A impressão que passa é que o governo está com o discurso completamente desafinado”, disse Mario Batistel, gerente de câmbio da corretora Fair Trade.
(…)
Comento
A presidente Dilma tem uma síndrome que me lembra uma antiga personagem de humor que tinha um bordão: “Conosco ninguém podemos!”. E aí mete os saltos pelas mãos. O texto dá conta dessas tolices, dessas desnecessidades arrogantes, que só trazem prejuízo. Então não foi ela que que disse lá na reunião dos Brics que o governo não sacrificaria o crescimento elevando os juros? Então…Por Reinaldo Azevedo
Tags: câmbio, Dilma, inflação, Juros
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06/06/2013 às 15:01
Janio de Freitas e eu entendemos direitinho o que disse Barroso. Por isso ele gostou muito, e eu não… Faz sentido!
Sabem como é… Quem faz crítica política sempre teme não ter entendido direito isso e aquilo. Há sempre o risco de ouvir uma coisa pelo avesso e coisa e tal. Como critiquei bastante algumas barbaridades do direito criativo ditas por Luís Roberto Barroso, novo ministro do Supremo, busquei outras referências, né? Mas agora estou mais tranquilo. O colunista da Folha Janio de Freitas, que nega que o mensalão tenha existido e que trata o STF, nesse caso, como se fosse tribunal de exceção, adorou o desempenho de Barroso. Está vendo uma nova aurora no Supremo. Leiam trechos da sua coluna. coluna. Volto em seguida.
A franqueza prevaleceu sobre a habilidade conveniente, no que transpareceu das respostas de Luís Roberto Barroso aos senadores que o sabatinaram como indicado de Dilma Rousseff para a vaga existente no Supremo Tribunal Federal. A atitude não foi propriamente inovadora, mas, no mínimo, junta-se à muito pequena minoria dos que fugiram à praxe. E prenuncia transformações importantes na essência mesma do atual Supremo.
Uma ponderação ilustrativa de Luís Roberto Barroso, sobre o chamado julgamento do mensalão: “O Supremo foi mais duro do que em julgamentos anteriores”.
Um tribunal pode fazer justiça se é menos ou mais duro a depender do que ou a quem julga? A observação do jurista faz a esperançosa indicação de um reforço dos que se aplicam, no Supremo, em preservar a coerência pessoal e a isenção do tribunal. Isenção que é, ou seria, a alma da ideia de justiça.
(…)
A tendência, neste momento dos meios de comunicação brasileiros, é ver Luís Roberto Barroso pela ótica do restante julgamento do mensalão. No estado em que está o Supremo, sua presença promete ir muito além do mensalão. É preciso que vá.
Voltei
Entendo. Tribunal isento é aquele com o qual a gente concorda…
Reconheço: as coisas estão no lugar, digamos, certo. Agora estou ainda mais convicto das críticas que fiz. Chego à conclusão de que Janio entendeu direitinho o que Barroso disse. E eu também. Por isso ele gostou, e eu não.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Luís Roberto Barroso, STF
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06/06/2013 às 14:01
70 mil cristãos a um… Onde estava o povo?
Há mecanismos fraudulentos de pensamento que, não obstante, são muito influentes, especialmente se quem os exercita os reveste, assim, de camadas de aparente requinte intelectual. Uma das fraudes frequentes no nosso tempo consiste, por exemplo, em considerar que a religião é “uma questão individual”, de sorte que “o estado não tem nada com isso”.
Ontem, enquanto Luís Roberto Barroso, agora novo ministro do Supremo, era sabatinado na CCJ do Senado, 70 mil cristãos se reuniam no gramado em frente ao Palácio do Congresso. Segundo a lógica falsa, de um lado, estava o novo tribuno da plebe para o mundo do direito; do outro, nada mais do que 70 mil mônadas, cada uma com uma cabeça e uma sentença. O bem coletivo, o saber concentrado da civilização, entende-se, estava com o jurista. Sim, foi ele a dizer, para delírio de certa ignorância ilustrada, que religião é questão privada.
Bem, não é, como sabe qualquer estudioso e como gritam os fatos. Mas não me perco nisso agora. Interessa-me, no caso, é o tal mecanismo de pensamento.
Uma das palavras ocultas numa consideração dessa espécie é esta: “aborto”. Assim, quem é contra a sua legalização o seria apenas por preconceito… religioso! Em seu site, aliás (ele vai mantê-lo?), Barroso nos convida a ver a questão sem… preconceitos!!! Sem as viseiras da divergência, todos pensaríamos como ele.
Notem: por esse caminho, pode-se impor qualquer coisa, não é? Se a religião é, então, um saber e uma experiência alheios aos interesses da sociedade, basta que uma determinada interdição — qualquer uma, a depender dos grupos influentes — mereça a etiqueta de “religiosa” para que, então, seja imediatamente descartada.
Em certas áreas, é o máximo de sofisticação intelectual que se pode alcançar. E, no entanto, não é assim!Por Reinaldo Azevedo
Tags: Luís Roberto Barroso, religião
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06/06/2013 às 13:01
O lobista Lula diz a empresários do Peru que ele pede (ou manda?), e Dilma faz
Ninguém nunca duvidou de que o lobista Lula tem bastante influência no Palácio do Planalto, né? Mas não deixa de ser chocante ouvir, ou ler, a confissão, feita, assim, sem nenhum receio, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Lembro da antiga metáfora dos petistas para caracterizar os seus domínios no movimento sindical: “chão da fábrica”. O Brasil inteiro virou o chão da fábrica do partido. E o chefão, como se sabe, é o Poderoso Apedeuta, que continua a tratar Dilma como a… governanta. Sendo Lula quem é, todos entenderam que ele manda, e ela cumpre. Leiam trecho de reportagem de Catia Seabra, na Folha.
Em discurso a empresários peruanos e a alguns patrocinadores de suas viagens ao exterior, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contou que pressionou a sucessora Dilma Rousseff a aprimorar o funcionamento de uma ponte entre o Peru e o Brasil. “Já liguei para a presidenta Dilma hoje [ontem] de manhã. Já liguei. E disse para ela da ponte [que cruza o rio Acre, inaugurada em 2006]; disse para ela da falta de fiscal. Ela disse: ‘Pode deixar que eu vou chamar o pessoal para resolver isso’”, disse.
Ele foi aplaudido pela plateia de 400 empresários locais e pela comitiva de brasileiros que ele liderou, formada por executivos de empreiteiras, como OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez, e de outras empresas, como Embraer e Eletrobras.Estava presente também o presidente peruano, Ollanta Humala. Há uma queixa de empresários peruanos de que a ponte, pela qual passa a chamada Estrada do Pacífico, sofre com trâmites aduaneiros lentos para a exportação de alimentos, com falta de autoridades aduaneiras e de vigilância sanitária. Lula criticou a burocracia brasileira e disse que só havia “seis” fiscais da Receita no local.
(…)Por Reinaldo Azevedo
Tags: Governo Dilma, Lula
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06/06/2013 às 6:49
LEIAM ABAIXO
— Estado de direito em transe: a gravata de Barroso, a foice do MST e as espingardas dos índios. Com que armas se ataca a legalidade?;
— Um dia patético para as instituições, com a aceitação tácita da luta armada como método de reivindicação e “conquista de direitos”…;
— Invasões – A desmoralização das instituições democráticas e o silêncio suicida dos bons;
— Daniela Mercury e o samba-da-antropófaga-doida;
— Escândalo nos EUA: ordem de perseguição do Fisco a adversários de Obama partiu de Washington; o caso já roça a Casa Branca;
— Os índios, o MST e o fim da propriedade privada no campo;
— Militantes ideológicos e ONGs aparelham a Funai e promovem invasões de terras, aponta senadora Kátia Abreu;
— Evangélicos na praça – Título de texto de reportagem do Estadão Online traz conteúdo que não está na reportagem e que, parece-me, distorce os fatos;
— Barroso repete em sabatina falas obscuras e incertas de seu livro; é aplaudido e aprovado por 26 a 1 na CCJ e 59 a 6 pelo plenário. E cá estou exercendo o dissenso, prerrogativa das democracias….;
— Os cristãos tomam a praça do Congresso, mas são banidos do noticiário;
— Vice-procuradora-geral da República, que pode ser nomeada por Dilma, deu parecer que atende aos interesses de… Dilma!;
— STF suspende sessão; votação sobre novos partidos fica para a próxima quarta-feira;
— STF, neste momento, está com 8; Barbosa passou a presidência a Lewandowski;
— Aplausos de pé para a advogada Maria Cláudia Bucchianeri;
— A estreia de Teori no STF: um voto em favor do Planalto. Ou: Por enquanto, vence o bom senso;
— Mais duas histórias de Barroso para instruir senadores. Ou: Futuro ministro parafraseia Lobão: “Assinei, mas não fui eu”;
— Áreas do próprio petismo estimulam ataque a Gleisi Hoffmann;
— A liminar contra o projeto que quer dar o virtual monopólio do tempo de TV a Dilma e a sabatina do futuro ministro do Supremo: que os senadores cumpram o seu papel!;
— Por uma CPI da questão indígena e quilombola já! E digo por quê. Ou: Estado brasileiro tem de retomar as rédeas das demarcações, que estão com o onguismo internacional, a mão que balança o berço dos antropólogos;
— Tio Rei resolveu ler o “Manual Antropológico” da Funai e entendeu agora por que os cabeças de bacalhau estão provocando a luta armada entre índios e não-índios. Está tudo lá!Por Reinaldo Azevedo
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06/06/2013 às 6:35
Estado de direito em transe: a gravata de Barroso, a foice do MST e as espingardas dos índios. Com que armas se ataca a legalidade?
Publico, abaixo, um post dando conta de como a propriedade está sendo tratada no campo por lideranças indígenas industriadas por ONGs e padres de tacape e pelo MST. O alvo não é só a propriedade privada, porque esta é apenas a dimensão material da questão conceitual, que é mais ampla. O alvo é o estado de direito; o alvo é o regime de leis; o alvo é, em última instância, a ordem jurídica que temos, considerada, como veremos, “reacionária”, razão por que teria de ser mudada pelos iluministas de plantão. O que a muitos escapa é que essas agressões contínuas, permanentes, à legalidade são só a manifestação concreta, material, de uma revolução, esta sim, de natureza conceitual. E ela está em curso menos nas tribos do que nos palácios de Justiça; menos nos acampamentos e invasões do MST do que em ambientes engravatados e eventualmente acadêmicos.
Ontem, a CCJ do Senado sabatinou Luís Roberto Barroso, já ministro do Supremo (só falta a posse), que teve o nome aprovado, em seguida, pelo plenário da Casa. Oposição e situação se uniram num exercício constrangedor de rapapés, a confundir boa educação e lhaneza com subserviência. Ali, o que menos importava era o sentido das palavras. Sim, senhores! Mais de uma vez, nas respostas de Barroso, o que ouvimos foi a metafísica da física das invasões de terras; a metafísica da física, lamento ter de escrever isso (e lamento pelo Brasil, não pelo ministro), da agressão à ordem legal.
Barroso deu a sua versão do que se poderia chamar o bom e necessário ativismo judicial. Como destacou, o Supremo atua quando os demais Poderes deixam de cumprir o seu papel. Entendo. Transcrevo um trecho da reportagem da VEJA.com (em azul):
“Onde faltar uma norma, mas houver um direito fundamental a ser tutelado, o Judiciário deve atuar”, diz. “Quando há manifestação política do Congresso ou do Executivo, o Judiciário não deve ser ativista, deve respeitar a posição política.” Ele também chamou atenção para a culpa dos parlamentares no problema: “A questão da maior ou menor judicialização, no fundo está nas mãos do Congresso”.
Parece tudo bem, mas não está. O aborto de anencéfalos e a união civil homossexual foram usados como exemplos de “falta de norma”. Trata-se de um escândalo intelectual, para dizer pouco. Nesses dois casos, faltava “a norma”??? O artigo da Constituição que trata da união civil — e a estabelece como a celebrada entre homem e mulher — é o quê? O artigo do Código Penal que especifica as possibilidades do aborto legal — e não prevê o de anencéfalos — é norma ou ausência de norma? Gostaria agora de ver Barroso tentar provar que união civil e aborto constituem “direitos fundamentais” — neste segundo caso, diga-se, o direito fundamental que a Constituição protege é o direito à vida. Trata-se de um questionamento de lógica elementar, que não precisaria — e até nem deveria — ficar restrito aos parlamentares cristãos.
Não passaria
O que se ouviu ontem na CCJ foi a fala de um militante político. Transcrevo mais um trecho de reportagem da VEJA.com:
Luís Roberto Barroso também enfatizou aquilo que, para ele, é um dos principais papéis do Supremo: a defesa de grupos minoritários: “As minorias precisam de tribunais, porque o Congresso é a Casa das maiorias”, afirmou o advogado.
O jurista defendeu uma atuação do estado na redução das desigualdades sociais, afirmou que o debate religioso deve se manter na esfera privada e insinuou ser contra a redução da maioridade penal: “Reduzir maioridade penal aumenta pressão sobre o sistema prisional. É preciso medir as consequências”, disse ele.
Pois é…
Torça, leitor, para que, eventualmente pertencendo a algum grupo que o já ministro Barroso considera “maioria”, não ter de enfrentar no tribunal Sua Excelência a Minoria. Aí você estará lascado de saída. Ele o mandará bater às portas do Congresso: “É lá que você está representado”.
Trata-se de uma concepção torta de direito, que não encontra acolhida em lugar nenhum do mundo democrático. Com uma resposta como essa, um candidato à Suprema Corte americana ficaria em casa, chupando o dedo. Pra começo de conversa, Congresso não representa nem maioria nem minoria. Representa apenas.
Que tal a gente aplicar essa concepção de mundo aos conflitos agora em curso no campo? Suponho que o doutor considere que “a minoria” que invade as propriedades no Mato Grosso do Sul são os índios. Suponho que o doutor considere que a minoria que toma na porrada a fazenda da Cutrale e depreda o que encontra pela frente é o MST. Então cabe a constatação óbvia: o novo ministro do Supremo tem uma CAUSA ABSTRATA que está acima da causa concreta; o doutor tem um compromisso que está acima da norma; o doutor tem — e continuará a ter como juiz — uma missão que está acima da lei: fazer justiça com a própria toga, a despeito dos códigos que organizam a sociedade, das garantias que nos unem como nação, dos pactos que estabelecemos como civilização.
Visão escandalosa
Querem ficar derramando elogios a essa visão torta de direito? À vontade! Neste bloguezinho, não cola, não! “Você é irrelevante, Reinaldo”, grita o petralha. Tudo bem! Mas sou, então, um irrelevante que diz “não”. Se a Corte Máxima do país é o Poder das minorias, dado que o Judiciário também tem, em certa medida, o papel de Poder dos Poderes; dado que lhe cabe a função, no mais das vezes, de definir a última palavra, seja como corte constitucional, seja como corte suprema, então só nos resta constatar que, na concepção de doutor Barroso, uma das mais nobres missões do Supremo é ser injusto — desempatando as causas em favor dos “oprimidos” de sempre — para que possa… fazer justiça!!!
As coisas que o doutor disse na CCJ a uma maioria de deslumbrados seriam de pronto rejeitadas mesmo nas sociedades mais igualitaristas — desde que mantidas no escopo da ordem democrática. Isso é o que costumo chamar de “direito criativo”, de feitiçaria legal e constitucional. A cada fala do novo ministro em sua sabatina, abre-se uma fresta para o “tudo é permitido” se for para fazer a sociedade avançar. Não por acaso, em seu livro, ele já havia considerado, em tom de exaltação, que o Supremo Tribunal Federal está mais à esquerda do que o Congresso. E ele acha que estar “mais à esquerda” é, então, uma coisa boa. Vai ver coleciona exemplos, que desconhecemos, do bem que as esquerdas fizeram ao mundo.
Fez outras considerações que merecem reparo. Ainda vou transcrever a sua fala sobre o mensalão e o rigor maior ou menor do STF. Dado que as palavras fazem sentido, o texto é incompreensível. Buscou agradar ao Supremo, mas, pareceu-me, sem se descuidar dos mensaleiros, tratados como aqueles que teriam sido objetos de uma dureza inédita do tribunal, que, não obstante, não teria mudado a sua jurisprudência. Se não mudou, mas houve mais dureza, está se referindo a quê? Às figuras de linguagem adotadas na Corte?
Vamos ver
Barroso pode se tornar um ministro exemplar, e virei aqui para dizer: “Eis um ministro exemplar!”. Pode se mostrar um exímio aplicador da lei e da ordem constitucional, e não terei nenhuma dificuldade em aplaudi-lo. Mas não é essa a minha expectativa — de jeito nenhum! Reconheço, não obstante, que tem estilo, formação intelectual e experiência. Ocorre que consegue afetar um ar de sabedoria distante e superior ainda maior do que essas notórias competências, como se suas ideias transitassem num plano empíreo, inalcançável para aquele que o indagavam da planície.
Fosse assim, por exemplo, que pontificou que a religião, como é mesmo?, é algo que deve ficar na esfera privada, como se esta também não reunisse saberes, experiências e valores que estão na raiz da nossa organização. Se é certo que, numa democracia, não se pode impor a ninguém uma crença coletiva ou de estado, não é menos certo que essa mesma democracia pode ter nas religiões um conjunto de conteúdos que, ao não se submeter à lógica de estado nem ao pragmatismo da política — ou do direito, né, doutor?—, constitui uma reserva de humanismo e de ética que ilumina em vez de obscurecer o debate. E isso significa o óbvio: a crença de cada homem é matéria individual, mas a religião é uma experiência social e está na raiz das culturas.
Eu torço muito para que ele me decepcione. Para o bem do Brasil e da ordem jurídica.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Luís Roberto Barroso, STF
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195 COMENTÁRIOS
06/06/2013 às 4:57
Um dia patético para as instituições, com a aceitação tácita da luta armada como método de reivindicação e “conquista de direitos”…
Que dia patético viveram ontem as instituições brasileiras, em várias frentes e de vários modos. Tivemos de ler uma nota oficial emitida por ninguém menos do que o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, a anunciar — como se o contrário pudesse ser possível! — que a presidente Dilma Rousseff respeita, sim, as decisões judiciais. Que bom! Sou obrigado a fazer aqui uma nota NOTA À MARGEM, já que Luís Roberto Barroso é o novo ministro do STF: no caso Cesare Battisti, ele contribuiu para que um presidente da República se colocasse acima da lei… Encerro a nota à margem. Volto ao leito.
Dilma percebeu que a nota de Carvalho ainda era pouco e decidiu ir ela mesma a público para reafirmar: sim, o governo respeita decisões judiciais. Que bom! Então não estamos ainda numa ditadura… E por que as duas patetices foram necessárias?
Porque, numa reunião com lideranças indígenas, Carvalho afirmou que a presidente Dilma, ora vejam!, havia dado ordens expressas para que não se cumprisse o mandado de reintegração de posse da fazenda Buriti, em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul. É isto mesmo: o ministro estava lamentando que o Ministério da Justiça tivesse cumprido uma… ordem judicial. Depois tentou se explicar, afirmando que só tentava encarecer a preocupação da presidente.
Gilberto Carvalho?
Gilberto Carvalho?
Gilberto Carvalho?
É impressionante que a imprensa brasileira tenha se escusado de lembrar que este senhor é o chefe direto de Paulo Maldos, que é o homem da Secretaria-Geral encarregado de lidar com os movimentos sociais, muito especialmente com os índios. A radicalização dos indígenas no Mato Grosso do Sul e em várias outras partes do Brasil conta com o apoio da pasta. Já contei aqui quem é Maldos, ex-marido da atual presidente da Funai, Marta Maria Azevedo, cuja gestão responde por boa parte dos desastres em curso.
A Justiça acabou por suspender a reintegração de posse, conforme queria o governo. Então ficamos assim: os índios invadiram a área contra a lei — é claro!; afinal existe um estatuto legal em vigência ali —, destruíram a sede da propriedade, responderam à ação da polícia a bala, mas foram tratados como heróis do pacifismo. José Eduardo Cardozo esteve lá. Falou que é preciso interromper a violência. Um desses indígenas realmente da floresta deu “graças a Deus”!!! Fico imaginando os frêmitos e epifanias que experimenta um padre de tacape quando um índio dispara um “Graças a Deus!”… Tento de novo: índios receberam autoridades a tiros — e atiraram para matar; só não aconteceu porque os policiais usam colete de proteção —, rasgaram o mandado de reintegração e disseram: “Daqui não saímos”. Índios, porque índios, podem ignorar a Justiça brasileira? Não dessa maneira; não nesse caso.
As coisas pararam por aí? Não! No interior de São Paulo (ver post), militantes do MST voltaram a invadir uma fazenda da Cutrale, que já tinha sofrido antes esse tipo de banditismo. Invadiram, depredaram e caíram fora. Também os ditos sem-terra estão na, escrevamos assim, área de interlocução de Carvalho, este democrata exemplar. O que vai acontecer com os invasores? A resposta: muito provavelmente, nada!
Pouco a pouco, o país vai aceitando, de maneira tácita, a luta armada no campo — com bala ou com facão, pouco importa. Não! Não é aquele conceito que os marxistas (no Brasil, ainda existe isso…) pretendam integrar o estoque de referência da economia política. É um conceito mais rasteiro, mais chão, mais vulgar, mais comezinho: consiste em se unir em bando e partir para cima do adversário. Isso faria parte das chamadas “lutas sociais”. E, como é absolutamente perceptível, amplos setores do que já foi grande imprensa — convertidos em nanicos a serviço de minorias de manual — dão apoio irrestrito ao que consideram “causas dos oprimidos”. Existe índio querendo terra? Eles devem estar certos — afinal, era tudo deles. Existe sem-terra querendo a propriedade alheia, eles devem estar certos porque, sabem, a “gente acha ruralista reacionário…”
Não sei para onde isso vai. Mas dá para saber que a coisa não caminha para um bom lugar. Tentem, no entanto, ouvir a voz organizada da oposição num momento em que a Constituição e o Código Penal estão sendo jogados no lixo. E não se escutará um pio, exceto protestos isolados dos mais corajosos. A defesa da propriedade acaba ficando a cargo do que chamam por aí, em tom crítico, “bancada ruralista”. Tem-se a impressão de que tudo se limita à defesa de interesses corporativos ou de categorias econômicas em conflito. Ignora-se que ações dessa natureza ferem princípios essenciais da ordem jurídica e requerem uma resposta institucional. Mas não se ouve nada! “Ah, Reinaldo, há muitos parlamentares ligados ao setor rural que estão no PMDB, partido da base!” Eu sei disso! E é por isso mesmo que destaco que estamos diante de questões de princípio. O fato de que eventuais ruralistas sejam peemedebistas não altera a evidência de que o alvo é, no fim das contas, o estado de direito.Por Reinaldo Azevedo
Tags: estado de direito, Gilberto Carvalho, índios, invasões de terra, MST
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85 COMENTÁRIOS
06/06/2013 às 4:00
Invasões – A desmoralização das instituições democráticas e o silêncio suicida dos bons
Torna-se a cada dia mais corriqueiro o desrespeito ao estado de direito, às leis. Sentenças judiciais de nada valem. Dou destaque abaixo a uma nota irretocável publicada por Carlos Fernandes Xavier, que é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará e do Instituto Alerta Pará. Leiam com cuidado. O texto cita trecho de um post de autoria deste escriba.
Não conheço o senhor Xavier. Fico honrado de ver algo que escrevi ser citado por produtores rurais brasileiros, que, afinal de contas, garantem o pão que anda a sustentar o circo, como provou à míngua e à farta a taxa de crescimento da economia do primeiro trimestre: 0,6% no total — mais de 9% na agropecuária. Onde estaria o Brasil sem a eficiência desse setor?
No entanto, os produtores rurais brasileiros estão sendo alvos do banditismo explícito, com o patrocínio informal de autoridades instaladas no Palácio do Planalto. Leiam a íntegra da nota-manifesto. Dou destaque ao trecho do nosso blog.
*
Nos desrespeitos ao Poder Judiciário, as ameaças ao Estado Democrático de Direito
Não cansamos de repetir – por se tratar de verdade axiomática – que é nosso dever lutar para que o Poder Judiciário seja, sempre, o grande bastião das aspirações da cidadania, a instituição acima de todas as outras – mesmo respeitando a independência dos Poderes – para que o Estado Democrático de Direito seja preservado e a esperança de que a Justiça prevaleça e se concretize para toda a sociedade, de forma serena, determinada, transparente e ágil.
Assusta-nos, pois, verificar que os desrespeitos às decisões judiciais, o descumprimento das ordens emanadas da magistratura, estão se tornando corriqueiros, com a complacência ditada pelo “silêncio” geral. O preceito de que “sentença judicial não se discute: cumpra-se ou se recorra” parece condenado a se tornar expressão em desuso, sem que as vozes ou as penas dos chamados “formadores de opinião” se levantem em protesto.
A atitude da liderança indígena, rasgando frente as câmeras das redes de televisão uma ordem judicial não pode ser encarada, simplesmente, como “folclórica” (nem parecer “emblemática” como se tornou a foto da índia que ameaçou com um facão um ex-presidente da ELETRONORTE) ou posta no patamar de que ele, o índio, não tinha “capacidade de entendimento” do que o seu gesto rebelde representava. Não, de modo algum! O que se mostrou ao país é que estamos caminhando firmes no rumo da anarquia, com o deliberado propósito das minorias, com o estranho apoio da mídia, em desmoralizar as instituições democráticas.
Aqui, no Pará, o não cumprimento dos mandados judiciais de reintegração de posse já ensejaram um pedido de intervenção federal, aprovado a quase unanimidade pelo Tribunal de Justiça do Estado, por iniciativa de um grupo de produtores rurais e a assistência da CNA e desta Federação. No presente, assistimos, estarrecidos, que, na prática, se rasga a Constituição Federal quando se coloca de lado a máxima da Lei Maior que consagra que o poder emanado do povo seja exercido pela representação legal ou pelos caminhos por ela ditados. Parcelas da população, extremamente minoritárias, como soem ser os trabalhadores sem-terra ou os índios, teimam em insistir que suas reivindicações por reforma agrária ou demarcações de território sejam obtidas pela força, pela intimidação, através de ocupações ilegais e armadas, ignorando de maneira afrontosa os ditames judiciais.
Estamos enveredando por um perigoso e desastrado caminho que tende a romper com a Democracia. A fragilização do Poder Judiciário, no momento em que suas decisões deixam de ser cumpridas e o Poder Executivo aceita “dialogar” com os grupos que assim procedem, transforma-se em uma ameaça a toda a sociedade. Esta observa, impassível, anestesiada, que os “direitos” devem sem conquistados pela força bruta, armada, com o Executivo complacente, o Judiciário ignorado e o Legislativo perplexo diante de um quadro assustador.
Não estamos querendo passar por “cassandras”, mas é preciso alertar a sociedade para o perigo que o desrespeito ao Poder Judiciário representa para o Estado Democrático de Direito, fator que se agrava mais ainda com o inquietante silêncio da grande imprensa. O jornalista Reinaldo Azevedo, em seu “blog”, destacou com propriedade: “Alertar para o mal e enfrentar a incredulidade dos crédulos — atentem para a graça desse oximoro — é coisa inscrita em nossa cultura, em nossas raízes morais. A razão é simples: se realmente nos damos conta do perigo e do malefício, somos obrigados a agir. E, muitas vezes, as instituições preferem a acomodação, o que é sempre um encontro marcado com a morte.”
É preciso que o inciso IV do Art.3º da Constituição Federal (IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.) seja aplicado literalmente, sem que ocorra – o que é uma evidência nos dias atuais – a odiosa discriminação da maioria da população brasileira que não concorda, temos certeza, com a prática de se usar a força para impor reivindicações, sejam elas quais forem.
Belém, 05 de junho de 2013.
Carlos Fernandes Xavier
Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará e do Instituto Alerta ParáPor Reinaldo Azevedo
Tags: agropecuária, índios, invasões de terra, MST
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06/06/2013 às 3:33
Daniela Mercury e o samba-da-antropófaga-doida
Eita! Há tempos eu não ria tanto!
Um amigo me envia por e-mail um convite que recebeu para um evento em apoio à cidade de São Paulo como sede da Expo 2020, que acontece no palácio de exposições Palais de Chaillot, em Paris. Como vocês podem ver, haverá um coquetel seguido por um show de Daniela Mercury. Acontece na próxima segunda, às 19 horas.
Sei lá quando foi feito o convite. Pode ter sido antes de a cantora ter anunciado para o mundo — e também para a Bahia — que ela tem uma “esposa”. Uma coisa é certa: Daniela saiu do armário para cair no pote de ouro. No domingo, ela trouxe o seu trio elétrico (é assim que fala?) para desfilar na micareta gay de São Paulo. O povo baiano pagou a conta: R$ 120 mil. Agora ela canta na França em defesa da capital paulista para a Expo 2020. A agenda de shows em seu site é frenética.
Até aí, vá lá. Que graça tem isso? Evidencia o que já escrevi aqui: as vítimas de manual e carteirinha no Brasil têm realmente uma forma curiosa de ser oprimidas: sempre por cima… Tanto melhor! Eu detestaria que os exageros da militância correspondessem à verdade. O que me levou ao riso foi outra coisa.
Uma página do site de Daniela, em inglês, compõe o convite, como se vê abaixo. Sei que a foto parece coisa de antigamente, mas o trabalho gráfico é recente… Dou destaque, em seguida, ao trecho final do texto. Vejam.
A critica brasileira está certamente surpresa e perplexa. Ninguém imaginava que esta “artista, cidadã e mãe” fosse a descendente direta da “vanguarda” que promoveu a Semana de Arte de Moderna de 1922, que ocorreu em São Paulo. Daniela, que excursiona com um show intitulado “Canibália” (mistura de “canibal” com “Tropicália”… Sentiram?), seria a representante moderna da vertente antropofágica da cultura brasileira. Caramba!!!
Xiii… Ela e Zé Celso vão ter de se estapear para ver quem fica com o bastão de Oswald de Andrade. Acho que o Zé Celso leva mais jeito.
É… Quando penso em Mário de Andrade, por exemplo, a primeira coisa que me vem à cabeça é “Tira o pééé do chãããooo”. Eu nunca tinha pensado o tal axé segundo esse ponto de vista.
Em português…
O site tem uma versão em português. Os textos são diferentes. Em nossa língua, Daniela não tenta tomar o bastão de Oswald. Sabem como é… Em inglês, talvez pareça mais plausível. Mas encontro lá esta outra maravilha:
Eu não sei se o Brasil vai cumprir o sonho de Daniela Mercury e “sambar”. Mas que vai dançar, ah, disso, meus caros, a cada dia, tenho “menas” dúvidas, como diria a gramática companheira do companheiro.
Não custa observar: se Daniela quer ver o Brasil inteiro sambar e se é ela a descendente direta da vanguarda modernista de 22, resta-nos concluir que a Semana de Arte Moderna é uma das referências do samba brasileiro, certo?
Franceses e brasileiros não podem perder o samba-da-antropófaga-doida de Daniela Mercury. Na semana passada, ele custou R$ 120 mil aos pobres baianos.Por Reinaldo Azevedo
Tags: Daniela Mercury, dinheiro público
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130 COMENTÁRIOS
06/06/2013 às 2:01
Escândalo nos EUA: ordem de perseguição do Fisco a adversários de Obama partiu de Washington; o caso já roça a Casa Branca
Na VEJA.com:
Dois funcionários do IRS (Internal Revenue Service) do escritório de Cincinatti – epicentro do escândalo da perseguição criminosa do Fisco americano – admitiram no Congresso que a ordem para investigar de forma abusiva grupos conservadores que buscavam isenção de impostos partiu de Washington, informou nesta quarta-feira o jornal The Wall Street Journal, que teve acesso às transcrições das entrevistas. A revelação derruba a tese defendida pela administração Barack Obama de que as irregularidades cometidas pelo órgão que corresponde à receita federal dos Estados Unidos aconteceram isoladamente no escritório do estado de Ohio.
Elizabeth Hofacre disse que o escritório em que trabalhava pediu orientação a autoridades do Fisco em Washington depois que recebeu casos relacionados ao Tea Party em abril de 2010. Os agentes do Fisco utilizavam palavras-chave como “tea party” ou “patriot” para submeter grupos não alinhados ao governo democrata a interrogatórios ilegais. Elizabeth disse que Carter Hull, um advogado do IRS em Washington, acompanhou de perto seu trabalho e sugeriu algumas das perguntas para fazer aos grupos que solicitavam a isenção. “Eu não tinha autonomia ou autoridade para atuar nas aplicações sem a influência de Carter Hull”, disse.
As transcrições indicam que os abusos do Fisco começaram com uma busca por nomes de grupos ligados ao Tea Party em uma lista de peticionários de isenção de impostos. Um dos funcionários do escritório de Cincinatti, Gary Muthert, disse que ele começou a reunir os pedidos em março de 2010 sob ordens de seu chefe, que teria dito a ele que “Washington queria alguns casos”. A entrevista foi conduzida pelo comitê do congresso que investiga crimes cometidos pelo governo, e do qual participam tanto democratas quanto republicanos.
Elizabeth disse que ficou furiosa no mês passado, quando Lois Lerner, a chefe demissionária do Fisco, tentou salvar sua pele e jogou a culpa da perseguição nos empregados de Cincinatti. “Eu fiquei furiosa. Ela colocou a culpa em nós”, disse. A tentativa da chefe de se eximir da culpa, no entanto, não vingou. No final de maio, a rede NBC News divulgou uma reportagem na qual afirma que grupos não alinhados ao governo democrata receberam cartas assinadas por altos funcionários de escritórios do Internal Revenue Service fora de Cincinnati – inclusive da manda-chuva.
Teatro
Lois Lerner, que era chefe da divisão de isenção de impostos do IRS, foi a primeira autoridade do governo a revelar os abusos e chegou a pedir desculpas às entidades prejudicadas durante uma reunião reservada da American Bar Association (instituição equivalente à OAB). Depois que o escândalo veio à tona, ela foi chamada a prestar esclarecimentos em uma audiência no Congresso, mas preferiu se calar para não produzir provas contra si própria. Acabou suspensa do cargo e agora os republicanos defendem sua demissão. A própria ‘confissão’ feita por Lois no dia 10 deste mês foi puro teatro. Steven Miller,ex-chefe do IRS reconheceu que o pedido de desculpas foi uma tentativa frustrada de abafar um relatório com informações sobre uma investigação realizada pelo Tesouro que ia apontar os crimes no Fisco.
O escândalo do fisco explodiu em maio, quando foi divulgada a informação de que grupos conservadores foram submetidos a interrogatórios ilegais ao solicitarem isenção de impostos. Situação bem diferente da vivenciada por grupos ligados ao Partido Democrata, que eram atendidos prontamente, sem nenhuma exigência. Além dos indícios de que o uso da máquina pública contra opositores era disseminado no órgão, também há sinais de que a irregularidade ocorreu até bem pouco tempo atrás. Alguns grupos conservadores afirmam ter sido alvo de questionamentos indevidos do IRS há apenas três semanas.Por Reinaldo Azevedo
Tags: EUA, Obama
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reinaldoazevedo
reinaldoazevedo Obama é muito pior do que Bush. Ou: republicano recorreu a medidas autoritárias; o democrata, ao estado policialveja.abril.com.br/blog/reinaldo/…7 minutes ago · reply · retweet · favorite
reinaldoazevedo Turquia é a prova dos nove de que não é possível haver um regime a um só tempo democrático e islâmicoveja.abril.com.br/blog/reinaldo/…9 minutes ago · reply · retweet · favorite
reinaldoazevedo Amplos setores da impresna tentaram cassar dos evangélicos o direito de dizer "não" veja.abril.com.br/blog/reinaldo/…pic.twitter.com/16LCQZG62w13 minutes ago · reply · retweet · favorite
reinaldoazevedo Turquia é a prova dos noves de que não é possível haver um regime a um só tempo democrático e islâmico abr.ai/13gl05q3 hours ago · reply · retweet · favorite
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