HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
(099) 17º DOMINGO COMUM – B
Passa pelas nossas mãos o pão que Deus multiplica para saciar todas as fomes.
Somos nós que o trazemos, mas é Deus que o multiplica e nos manda que o distribuamos e o façamos com magnanimidade e solicitude.
Abençoado e multiplicado por Deus esse pão é uma força de vida que neutraliza todas as ameaças de morte.
Se a morte ainda continua na ordem do dia e a desconcertar a nossa auto-suficiência ou a nossa alienação, isso não passa de um acidente, num percurso em que cada morte se transforma apenas numa fronteira que nos dá acesso a outras formas de vida.
Tal itinerário nós o fazemos contando sempre com a companhia daquele que hoje, mais uma vez, nos dirige a palavra nestes termos :
- "Prestai-me atenção e vinde a Mim; escutai e a vossa alma viverá; firmarei convosco uma aliança eterna".
Tudo na existência cristã começa por uma iniciativa de Deus que nos convoca com palavras de amizade.
Deus solicita a nossa atenção e escuta, para que possamos aderir de bom grado à aliança definitiva que Ele se propõe estabelecer connosco.
Uma aliança para a vida que nos habita o espírito como garantia duma plenitude inesgotável a que ficamos vinculados por laços de gratidão filial.
Ora a gratidão supõe e encerra o agradecimento.
Agradecer as coisas é tomar-lhes o peso, reconhecendo o seu valor e testemunhando essa admiração.
Agradecer as coisas é ponderar a sua importância e ser capaz de responder por elas.
Mais do que expressão duma subjectividade sentimental a gratidão é fruto duma consciência objectiva do dom e manifestação exterior dessa objectividade interiorizada.
Por isso, aquele que alimenta sentimentos de gratidão, é necessariamente uma pessoa atenta, consciente e responsável.
Por isso também, aquele que é grato é igualmente feliz, porque nele conta mais a noção do dom do que o sentimento da carência.
Cada coisa, cada acontecimento e sobretudo cada pessoa, surgem-lhe como um desafio a esse acolhimento grato que gera nele a alegria da gratificação.
Desdobrado de si mesmo e voltado para fora, tudo lhe aparece como um apelo à comunhão e um desafio ao discernimento que gera a gratidão.
No caso da multiplicação dos pães, a multidão voltou de novo, não por gratidão mas sim pelo alimento que tinham recebido de modo diferente e que por razões óbvias ainda podiam compreender que Jesus lhes queria falar dum outro alimento, aquele que nutre a alma e se destina ao cumprimento do Plano da História da Salvação.
Nascimento
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