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    sexta-feira, 13 de abril de 2012

    JOÃO PAULO II AUDIÊNCIA GERAL

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    JOÃO PAULO II

    AUDIÊNCIA GERAL

    Quarta-feira, 15 de Outubro de 1980



    • Valores evangélicos e deveres do coração humano

    1. Durante os nossos numerosos encontros das quartas-feiras, fizemos particularizada análise das palavras do Sermão da Montanha, em que Cristo se refere ao «coração» humano. Como agora sabemos, as Suas palavras são vinculantes. Cristo diz: «Ouvistes que foi dito: Não cometerás adultério. Eu porém digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração» (Mt. 5, 27-28). Esta alusão ao coração faz ressaltar a dimensão da interioridade humana, a dimensão do homem interior, própria da ética, e ainda mais da teologia do corpo. O desejo, que surge no âmbito da concupiscência da carne, é ao mesmo tempo realidade interior e teológica,a qual, em certo modo, é experimentada por todo o homem «histórico». E é exactamente este homem — mesmo se não conhece as palavras de Cristo — que faz continuamente a si mesmo a pergunta acerca do próprio «coração». As palavras de Cristo fazem que tal pergunta seja particularmente explícita: o coração é acusado ou é chamado ao bem? E esta pergunta desejamos agora tomá-la em consideração, perto do fim das nossas reflexões e análises, relacionadas com a frase tão concisa e ao mesmo tempo categórica do Evangelho, tão cheia de conteúdo teológico, antropológico e ético.

    A par e passo, eis uma segunda pergunta, mais «prática»: como «pode» e «deve» proceder o homem, que aceita as palavras de Cristo no Sermão da Montanha, o homem que aceita o ethos do Evangelho, e, em particular, o aceita neste campo?

    2. Este homem encontra, nas considerações até agora feitas, a resposta, pelo menos indirecta, às duas perguntas: como «pode» actuar, isto é, sobre que pode contar no seu «íntimo», na fonte dos seus actos «interiores» ou exteriores»? E além disso: como «deveria» actuar, isto é, em que modo os valores conhecidos segundo a «escala» revelada no Sermão da Montanha constituem um dever da sua vontade e do seu «coração», dos seus desejos e das suas opções? De que modo, se «obrigam» na acção, no comportamento, se, acolhidas mediante o conhecimento, o «obrigam» já no pensar e, em certa maneira, no «sentir»? Estas perguntas são significativas para a «prática» humana, e indicam um laço orgânico da «prática» mesma com o ethos. A moral viva é sempre ethos da prática humana.

    3. Às sobreditas perguntas pode-se responder de vários modos. De facto, quer no passado quer hoje, são dadas respostas diversas. Isto é confirmado por abundante literatura. Além das respostas que encontra-mos nela, é preciso tomar em consideração o infinito número de respostas que o homem concreto dá a estas perguntas por si mesmo, aquelas que, na vida de cada um, dá repetidamente a sua consciência, a sua ciência e a sua sensibilidade moral. Precisamente neste âmbito existe continuamente uma compenetração do ethos e da prática. Aqui a própria vida (não exclusivamente «teórica») vive cada princípio, isto é, as normas da moral com as suas motivações, elaboradas e divulgadas por moralistas, mas também aquelas que elabora — seguramente não sem um laço com o trabalho dos moralistas e dos cientistas — cada homem, como autor e sujeito directo da moral real, como co-autor da sua história, de quem depende ainda o nível da moral mesma, o seu progresso ou a sua decadência. Em tudo isto se torna a confirmar, em toda a parte e sempre, aquele «homem histórico», a quem uma vez Cristo falou, anunciando a boa nova evangélica, com o Sermão da Montanha, no qual em particular disse a frase que lemos em Mateus 5, 27-28: «Ouvistes que foi dito: Não cometerás adultério. Eu porém digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração».

    4. O enunciado de Mateus apresenta-se estupendamente conciso relativamente a tudo quanto sobre este tema foi escrito na literatura mundial. E talvez precisamente nisto consista a sua força na história do ethos. E necessário ao mesmo tempo darmo-nos conta de que a história do ethos decorre num leito uniforme, em que se aproximam ou afastam mutuamente as várias correntes. O homem «histórico» valoriza sempre, a seu modo, o próprio «coração», assim como julga também o próprio «corpo»: e assim passa do pólo do pessimismo ao pólo do optimismo, da severidade puritana ao permissivismo contemporâneo. É necessário darmo-nos conta, para o ethos do Sermão da Montanha poder sempre ter a devida transparência quanto às acções e aos comportamentos do homem. Para tal fim é preciso fazer ainda algumas análises.

    5. As nossas reflexões sobre o significado das palavras de Cristo segundo Mateus 5, 27-28 não seriam completas, se não nos detivéssemos — pelo menos brevemente — naquilo que se pode chamar a ressonância destas palavras na história do pensamento humano e da valorização do ethos. A ressonância é sempre transformação da voz e das palavras que a voz exprime. Sabemos pela experiência que essa transformação está por vezes cheia de misterioso encanto. No caso que tratamos, aconteceu antes alguma coisa contrária. De facto, às palavras de Cristo foi antes tirada a sua simplicidade e profundidade e foi conferido um significado que está longe do nelas expresso, significado, no fim de contas, contrário mesmo a elas. Temos aqui na mente tudo o que apareceu à margem do cristianismo sob o nome de Maniqueísmo (1), que procurou mesmo entrar no terreno do cristianismo no que diz respeito exactamente à teologia e ao ethos do corpo. E sabido que, na forma original, o maniqueísmo, nascido no Oriente fora do ambiente bíblico e originado pelo dualismo mazdeísta, indicava a fonte do mal na matéria, no corpo, proclamava portanto a condenação de tudo o que no homem é corpórea E como no homem a corporeidade se manifesta sobretudo através dl sexo, a condenação era estendida ao matrimónio e à convivência conjugal, para além das outras esferas do ser e do actuar, em que se exprime corporeidade.

    6. A um ouvido não habituado, a evidente severidade deste sistema podia parecer em sintonia com as severas palavras de Mateus 5, 29-30 em que fala Cristo de «arrancar o olho» ou de «cortar a mão», se este; membros fossem a causa do escândalo. Através da interpretação pura mente «material» destas locuções, era também possível obter uma óptica maniqueia do enunciado de Cristo, em que se fala do homem que «cometeu adultério no coração... olhando para a mulher desejando-a» Também neste caso a interpretação maniqueia tende para a condenação do corpo, como real fonte do mal, dado que nele, segundo o maniqueísmo, se esconde e ao mesmo tempo se manifesta o princípio «ontológico» do mal. Procurava-se portanto descobrir e às vezes percebia-se tal condenação no Evangelho, encontrando-a onde foi pelo contrário expressa exclusivamente uma exigência particular dirigida ao espírito humano.

    Note-se que a condenação podia — e pode sempre ser — uma escapatória para a pessoa se subtrair às exigências colocadas no Evangelho por Aquele que «conhecia o interior de cada um» (Jo. 2, 25). Não faltam provas disso na história. Já tivemos ocasião (e certamente tê-la-emos ainda) para demonstrar em que medida tal exigência pode surgir unicamente de uma afirmação — e não de uma negação e de uma condenação —, se deve levar a uma afirmação ainda mais madura e aprofundada, objectiva e subjectivamente. E a tal afirmação da feminilidade e masculinidade do ser humano, como dimensão pessoal do «ser corpo», devem conduzir as palavras de Cristo segundo Mateus 5, 27-28. Tal é o justo significado ético destas palavras. Imprimem, nas páginas do Evangelho, uma peculiar dimensão do ethos com o fim de a ir imprimindo na vida humana.

    Procuraremos retomar este tema nas nossas reflexões seguintes.

    • Notas

    1. O Maniqueismo contem e leva a maturação os elementos característicos de toda a «gnose», quer dizer, o dualismo de dois princípios coeternos e radicalmente opostos, e o conceito de salvação que só se consegue através do conhecimento (gnose) ou da autocompreensão da pessoa. Em todo o meio maniqueu há um só herói e uma só situação que sempre se repete. a alma decaída está aprisionada na matéria e é libertada pelo conhecimento.

    A actual situação é negativa para o homem, porque é mistura provisória e anormal de espírito e de matéria, de bem e de mal, que supõe um estado antecedente, original, em que as duas substâncias estavam separadas e independentes. Há por isso três «Tempos»: o «initium», ou seja a separação primordial; o «medium», ou a actual mistura; e o «finis» que está no regresso à divisão original, na salvação, que implica total rotura entre Espírito e Matéria.

    A matéria é, no fundo, concupiscência, desregrado apetite do prazer, instinto de morte, comparável, se não idêntico, ao desejo sexual, à «libido». É força que tenta assaltar a Luz; é movimento desordenado, desejo animalesco, brutal e semiconsciente.

    Adão e Eva foram gerados por dois demónios; a nossa espécie nasceu de uma série de actos repugnantes de canibalismo e de sexualidade, e conserva os sinais desta origem diabólica, que são o corpo, forma animal dos «Arcontes do inferno», e a «libido», que impele o homem a cruzar-se e a reproduzir-se, isto é, a manter a alma luminosa sempre na prisão.

    Se quer ser salvo, o homem deve procurar libertar o seu «eu vivente» (noús) da carne e do corpo. Como a Matéria tem na concupiscência a sua expressão suprema, o pecado capital está na união sexual (fornicação), que é brutalidade e bestialidade, e faz dos homens os instrumentos e os cúmplices do Mal pela procriação.

    Os eleitos constituem o grupo dos perfeitos, cuja virtude tem características ascéticas, realizando a abstinência comandada pelos três «selos»: o «selo da boca» proíbe toda a blasfémia e manda a abstenção da carne, do sangue, do vinho, de toda a bebida alcoólica, e também o jejum; o «selo das mãos» manda o respeito da vida (da «Luz») encerrada nos corpos, nas sementes, nas árvores, e proíbe recolher os frutos, arrancar as plantas, tirar a vida aos homens e aos animais; e o «selo do regaço» prescreve total abstinência (cf. H. Ch. Puech: Le Manichéisme; son fondateur, sa doctrine, Paris, 1949 (Musée Guimet t. LV I, (pp. 73-88; H. Ch. Puech, Le Manichéisme, em «Histoire des Religions» (Encyclopédie de la Pléiade) II, (Gallimard) 1972, pp. 522-645;J. Ries, Manichéisme, em «Catholicisme hier, aujourd' hui, demain», 34, Lille 1977 (Letouzey-Ané), pp. 314-320).

    Saudações

    A tripulação do iate real inglês "Britânia"

    Uma especial palavra de saudação aos oficiais e à tripulação do Yacht Real Britânia e da Fragata Apolo, que se encontram aqui por ocasião da visita de Sua Majestade a Rainha Isabel II. Faço votos por que a vossa visita vos seja agradável e dela obtenhais inspiração espiritual. Deus vos abençoe e às vossas famílias que estão no vosso país.

    A uma peregrinação interdiocesana do Quénia

    Recordando a minha maravilhosa visita ao Quénia, saúdo todos os membros do grupo interdiocesano daquela nação. Oxalá a vossa peregrinação à Terra Santa e a Roma vos ajude a confirmar-vos na fé apostólica e no amor a Jesus Cristo, Filho de Deus e Salvador do mundo. Quando regressardes ao vosso país, peço-vos que saudeis da minha parte todos os que vos são queridos e o Quénia inteiro.

    A vários grupos de língua alemã

    Saúdo de modo especial a numerosa peregrinação da Associação Católica das Mulheres da diocese de Essen, acompanhada do seu Bispo D. Franz Hengsbach; e dirijo também a minha saudação de boas-vindas aos membros do "Círculo da nobreza católica da região da Renânia e Vestefália. Alegra-me a vossa visita à cidade eterna e encomendo às vossas orações junto dos túmulos dos Apóstolos, todas as importantes intenções do presente Sínodo dos Bispos. A família cristã tem necessidade, hoje mais do que nunca, da nossa solidariedade total e da nossa orarão.

    Dou também as minhas cordiais felicitações aos novos sacerdotes do Pontifício Colégio Germânico-Húngaro e às suas famílias, por esse grande dia de graça para todos vós. Peço a Cristo, eterno e sumo Sacerdote, que vos conceda uma vida e uma acção que vos satisfaçam pessoalmente, e, sacerdotalmente, sejam ricas de bênçãos. Permanecei fiéis ao vosso "Sim" pronunciado diante do altar, onde Cristo vos constituiu, de modo particular, seus próprios amigos.

    Dirijo também as boas-vindas ao "Grupo Coral Schubert" de Bonn, aqui presente por ocasião do 25° aniversário de fundação, e aos numerosos peregrinos da "Associação Santa Cecília", provenientes da Arquidiocese de Paderborn. Sede mensageiros de alegria na veneração de Deus e na edificação espiritual da humanidade, não só mediante os vossos cantos mas também mediante as vossas vidas. Uno a estes votos os meus agradecimentos cordiais pelas vossas harmoniosas canções durante esta Audiência geral.

    Por fim. saúdo sinceramente também os membros da "Associação dos empresários cristãos da Áustria" na sua primeira peregrinação a Roma. No encontro com os lugares santos, desejo-vos um maior aprofundamento da vossa fé e graças abundantes, a fim de que leveis a cabo a vossa missão na sociedade, missão cheia de responsabilidade. A vós e a todos os peregrinos aqui presentes, concedo, de coração, a Bênção Apostólica pedindo a Deus a sua assistência e a sua especial protecção.

    Aos membros do movimento neocatecumenal dos países da América Latina

    Está presente nesta Audiência um grupo de sacerdotes, casais e catequistas pertencentes aos movimentos neocatecumenais de vários Países da América Central.

    Saúdo-vos com afecto, queridos irmãos e irmãs que vos dedicais a uma tarefa à qual a Igreja atribui grande importância: a edificação na fé da comunidade eclesial através de uma catequese sistemática, sólida e progressiva. Dedicai-vos com generosidade a esse trabalho tão necessário; sede fiéis à vivência pessoal da mensagem cristã e à transmissão aos outros. Abençoo o vosso propósito de comunhão íntima com os vossos Pastores, o vosso trabalho, as vossas pessoas, famílias e comunidades eclesiais.

    Aos membros da Marinha Militar da Venezuela

    Uma cordial saudação à peregrinação dos membros da Marinha Venezuelana, acompanhada, nesta Audiência, pelo Director Nacional dos Capelães das Forças Armadas, D. Marcial Augusto Ramirez Ponce, Bispo Auxiliar de Caracas.

    Alegro-me com a vossa presença, por meio da qual quisestes dar testemunho dos vossos sentimentos de fé e de gratidão ao Senhor. Oxalá vejais sempre no vosso serviço diário à Pátria uma chamada a serdes mensageiros conscientes e incansáveis de paz e fermento de vida cristã entre os vossos companheiros e nas vossas famílias.

    Aos participantes no I Congresso Nacional dos Médicos italianos dos Transportes

    Uma saudação particularmente cordial vai também para os participantes no Primeiro Congresso Nacional, organizado pelo Colégio dos Médicos Italianos dos Transportes. Ao mesmo tempo que vos agradeço este vosso gesto de estima e dedicação, exprimo-vos o meu vivo apreço pela obra científica e social que realizais neste sector, e faço votos por que aperfeiçoeis cada vez mais este vosso empenho relativo à problemática sanitária nos vários géneros de transporte: ferroviário, estradal, marítimo, aéreo e fluvial. A caridade cristã seja sempre o ideal que vos acompanha nas vossas actividades. A bênção, que de boa vontade vos concedo, a vós e às vossas famílias, vos ajude.



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    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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