Setembro de 2000
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Perseguição
- O novo Coliseu
A época dos mártires está voltando. No Coliseu e em todo o Império Romano pagão foi derramado o heróico sangue dos cristãos. O novo Coliseu abarca o mundo inteiro e se requinta em crueldade. A implacável perseguição religiosa e sangrenta contra os católicos ceifa centenas de milhares de vidas todos os anos por causa da Fé
Guilherme da Penha
Guilherme da Penha
Frankfurt - Na aurora do terceiro milênio, morre um número oito vezes maior de cristãos do que nos séculos das grandes perseguições.
Os novos Neros chegam no meio da noite. Estão armados de paus e flechas. Acordam o sacerdote que dorme após um dia de labores. Golpeiam-no cruelmente. A vítima tenta fugir. Em vão. As flechas de seus carrascos - uma dúzia de fanáticos hindus – o alcançam, atravessam seu corpo, prostrando-o por terra. Arul Doss, um padre de 35 anos, acaba de morrer.
Não se trata do martírio de um sacerdote, ocorrido quiçá durante o grande surto missionário do século passado. Não. O fato deu-se no dia 29 de setembro de 1999 em Jamubani, uma aldeia ao norte da Índia.
- Os dois fronts da perseguição religiosa
Nos primeiros séculos da era cristã, o desabrochar do Cristianismo trouxe consigo perseguições implacáveis promovidas pelos Césares pagãos. Dessas perseguições tornou-se símbolo indelével o Coliseu, o belo e, para a época, imenso anfiteatro romano, onde milhares e milhares de cristãos entregaram sua vida pela Fé.
Os séculos passaram. A Igreja expandiu-se pelo mundo inteiro. Hoje, o número de católicos ultrapassa a um bilhão, cerca de 20% da população mundial. Porém, as perseguições não cessaram. Existe hoje em dia um Coliseu que abarca o mundo inteiro. Ele vai-se tornando cada vez mais implacável, cruel e sanguinário.
A perseguição religiosa hodierna dá-se em dois fronts: o primeiro, quase imperceptível, o da perseguição ideológica e moral, estende-se praticamente por todo o Ocidente. O segundo, o da perseguição declarada e de cunho sangrento, dá-se presentemente em países dominados pelos fanatismos comunista, maometano ou pagão. Há algo de diabólico nisso tudo.
- A perseguição violenta
No front da perseguição violenta e declarada constata-se, nesta aurora do terceiro milênio, que o número de católicos que morrem pela Fé supera o dos cristãos sacrificados à sanha pagã nos primeiros séculos do Cristianismo. Segundo a revista alemã “PUR”, morreram somente no ano passado 164.000 cristãos em todo o mundo (1). Comparando percentualmente esta cifra com a dos seis milhões de mártires que, seguindo as pegadas de Santo Estêvão, morreram ao longo dos três primeiros séculos do Cristianismo, chega-se a um número oito vezes maior. O que aliás comprova a afirmação do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, segundo a qual o século XX não terminaria sem que ocorresse uma das maiores perseguições religiosas de toda a História da Igreja.
De fato, não há praticamente nenhum continente onde, no momento, não esteja havendo, de modo velado ou declarado, esta ou aquela forma de perseguição religiosa. Na China, Bispos e Padres são encarcerados por sua fidelidade à Igreja Católica. Na África, assassinam-se barbaramente missionários e catecúmenos. Na Índia, fiéis de ambos os sexos e de todas as idades são impiedosamente massacrados. Nos países ainda esmagados sob o jugo comunista, missionários têm que enfrentar problemas de toda ordem, que vão desde os obstáculos para impressão e distribuição de livros religiosos até a construção de igrejas.
Um pequeno apanhado noticioso é suficiente para a constatação desta realidade, ao mesmo tempo trágica e gloriosa.
- China comunista
A Igreja subterrânea, fiel a Roma, já oferece uma longa história de perseguição. Nos últimos meses, a polícia aprisionou dezenas de sacerdotes da Igreja subterrânea - considerada “clandestina” pelos comunistas. Pelo menos seis Bispos “desapareceram”, alguns por mais de três anos, todos por se recusarem a aceitar a Igreja “oficial” da Associação Patriótica. Em Zhejiang, foi condenado em março, pelo tribunal de Wenzhou, a seis anos de prisão, o padre Jiang Sunian, por haver impresso e distribuído bíblias e material religioso. Desde setembro do ano passado, o governo de Wenzhou vem obrigando os católicos clandestinos a entrarem para a Associação Patriótica Católica, controlada pelo Partido Comunista. Quem se opõe, é submetido a toda espécie de violência. A polícia já destruiu desde fevereiro passado sete igrejas e prendeu vários sacerdotes e fiéis. O Bispo da região, Mons. James Lin Xili, de 81 anos, foi preso numerosas vezes e submetido a programas de reeducação para obrigá-lo a se inscrever na Associação Patriótica (2).
Sr. Thomas McKenna, Vice-presidente da TFP norte-americana, reza junto ao esquife do Cardeal Inatius Kung, que resistiu heroicamente ao governo comunista chinês, falecido no dia 12 de maio último em Stanford (E.U.A.)
A Cardinal Kung Foundation denunciou, em fevereiro último, que o governo chinês prendeu o Arcebispo de Fuyhou, D. John Yang Shudao, fiel ao Papa. D. Shudao, de 80 anos, dos quais passou 30 nos cárceres comunistas, foi preso à meia-noite por cerca de 150 policiais. O Presidente da Cardinal Kung Foundation declarou que “contrariamente às afirmações do regime comunista chinês, de que existe liberdade religiosa no país, há atualmente pelo menos oito Bispos e dezenas de padres e leigos nos cárceres. Ademais, diversos Bispos e padres católicos encontram-se sob o regime de prisão domiciliar. Como não temos suficientes informações, o número de presos deve ser muito maior” (3).
Distribuição da Sagrada Eucaristia a fiéis da Igreja Subterrânea, na China
Na diocese de Fujian, foram destruídas no ano passado 13 igrejas. Em outubro, o Bispo de Mindong, Xie Shiguang, de 85 anos, foi “chamado para uma conversa” com representantes do governo que o pressionaram a registrar a Igreja subterrânea de Mindong. O Bispo voltou, mas encontra-se “sob controle”.
Em Hebei, foi preso em fins de novembro o Bispo Han Dingxiang, de 63 anos, quando pregava um retiro. Desde então, seu paradeiro é desconhecido. D. Dingxiang, preso anteriormente diversas vezes, já passou ao todo 20 anos na cadeia. Os padres Guo Zibao, Wang Zhenghe e Xie Guolin foram encarcerados também em 1999. Ademais, estão desaparecidos três Bispos da região: D. Su Zhimin, de Baoding, seu Bispo-auxiliar; D. An Shuxin e D. Jia Zhiguo, de Zhengding.
- Nigéria
Apesar dos protestos enérgicos dos católicos, o governo islamita do Estado de Kaduna vem tentando impor a lei corânica (sharia). Este fato tem provocado constantes ataques de muçulmanos contra os católicos. Recentemente, houve choques sangrentos, quando um grupo de muçulmanos tentou impedir manifestação de milhares de cristãos contra a imposição da sharia em Kaduna.
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