HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
(136)-AS TENTAÇÕES...
(1º Domingo da Quaresma – C)
«Ao Senhor, teu Deus é que hás-de adorar, só a Ele prestarás culto; o demónio deixou-O e então os Anjos serviram-n'O».
Segundo o sentido cristão as tentações são incitamentos para o pecado que podem provir :
* Das coisas do mundo (como a corrupção dos costumes, através de maus exemplos e de todos os meios que nos assediam).
* Dos nossos instintos ( pelos maus pensamentos e maus desejos que a todo o momento nos surgem).
* Pelas tentações do Demónio em todas as suas maneiras de nos seduzir ao pecado.
Segundo a Escritura, Deus permite as tentações, mas nunca acima do nosso poder de resistência.
Assim escreveu S.Tiago :
- "Meus irmãos, considerai como suprema alegria as provações de toda a ordem que vos assediam, tendo em conta que a prova, à qual é submetida a vossa fé, produz a paciência. Mas a paciência tem de ser acompanhada de obras perfeitas, a fim de serdes perfeitos, irrepreensíveis, sem nada descurar". (Tg. 1,2-4).
As tentações preparam-nos para exercermos a nossa livre vontade e escolhermos o que for melhor.
As tentações, em si mesmas ainda não são pecado.
Deus oferece-nos a graça necessária para resistirmos às tentações e seguirmos a Sua vontade.
As tentações são uma condição da nossa natureza decaída desde o pecado original, como nos lembra o Catecismo da Igreja Católica :
1707. - "O homem, seduzido pelo Maligno, logo no começo da sua história abusou da sua liberdade"(GS 13, § l). Sucumbiu à tentação e cometeu o mal. Conserva o desejo do bem, mas a sua natureza está ferida pelo pecado original. O homem ficou com a inclinação para o mal e sujeito ao erro.
O homem encontra-se, pois, dividido em si mesmo. E, assim, toda a vida humana, quer singular quer colectiva, apresenta-se como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas. (GS 13, § 2).
Jesus também foi tentado no deserto (Mt.4,1-11).
E S. Paulo também escreveu aos Hebreus :
- "Porque não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas. Pelo contrário. Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado. Aproximemo-nos, então, confiadamente, do trono das graça a fim de alcançar misericórdia e achar graça para sermos socorridos no tempo oportuno". (Heb. 4,15-16).
O próprio Cristo apresenta-nos uma série de emoções humanas negativas :
* Frustração, quando os Apóstolos não compreenderam o verdadeiro sentido da multiplicação dos pães e dos peixes para alimentar mais de 5000 pessoas.
* Irritação, quando expulsou os vendilhões do Templo.
* Sofrimento e lágrimas, na morte e ressurreição de Lázaro.
* Angústia e perturbação, no Jardim das Oliveiras antes da sua morte.
Em todos estes casos Jesus preferiu fazer a vontade do Pai.
Também nós para respondermos às tentações, devemos estar preparados e ter em conta três pontos importantes :
1. Em virtude das razões por que somos tentados a reagir ao primeiro impulso, como uma necessidade imediata e superficial, que se pode fundamentar num sentimento de inveja, luxúria ou vaidade.
2. Por uma certa presunção. Quando pensamos que somos capazes de nos defender por nós próprios acabamos sempre por ficar vencidos. Só Deus nos pode dar a força necessária para resistir às tentações.
3. Devemos ter em conta que para resistir às tentações muitas vezes é preciso um certo sofrimento, o qual nos pode purificar e nos leva a obter a misericórdia de Deus.
O Sacramento da Penitência é um dos melhores meios para angariar a força necessária para resistir às tentações.(cf. CIC 1520).
Uma coisa é certa : As tentações hão-de acompanhar-nos até à morte, e talvez à hora da morte sejam mais violentas.
Temos, pois, que resistir às tentações, para não perdermos a graça de Deus, sem a qual não podemos fazer parte do plano da História da Salvação.
John 
Nascimento
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