(11)-ATITUDE DA IGREJA PERANTE O ATEÍSMO !
21. – A Igreja, fiel a Deus e aos homens, não pode deixar de reprovar com dor e com toda a firmeza, como já o fez no passado, essas doutrinas e actividades perniciosas, contrárias à razão e à experiência comum dos homens, e que destronam o homem da sua inata dignidade.
Procura, no entanto, descobrir no espírito dos ateus as causas da sua negação de Deus, e, consciente da gravidade dos problemas levantados pelo ateísmo, e, levada pelo amor dos homens, entende que elas devem ser objecto de um exame sério e profundo.
A Igreja defende que o reconhecimento de Deus de modo algum se opõe à dignidade do homem, uma vez que esta dignidade se funda e se realiza no próprio Deus.
Com efeito, o homem inteligente e livre, foi constituído em sociedade por Deus Criador; mas é sobretudo chamado a unir-se, como filho, a Deus e a participar na sua felicidade.
Ensina, além disso, a Igreja que a importância das tarefas terrenas não é diminuída pela esperança escatológica, mas que esta antes reforça com novos motivos a sua execução.
Pelo contrário, se faltam o fundamento divino e a esperança da vida eterna, a dignidade humana é gravemente lesada, como tantas vezes se verifica nos nossos dias, e os enigmas da vida e da morte, do pecado e da dor, ficam sem solução, o que frequentemente leva os homens ao desespero.
Entretanto, cada homem permanece para si mesmo um problema insolúvel, apenas confusamente pressentido.
Ninguém pode, na verdade, evitar inteiramente esta questão em certos momentos, e sobretudo nos acontecimentos mais importantes da vida.
Só Deus pode responder plenamente e com toda a certeza, Ele que chama o homem a uma reflexão mais profunda e a uma busca mais humilde.
Quanto ao remédio para o ateísmo, ele há-de vir da conveniente exposição da doutrina e da vida íntegra da Igreja e dos seus membros.
Pois a Igreja deve tornar-se presente e como que visivel a Deus Pai e a seu Filho encarnado, renovando-se e purificando-se continuamente sob a direcção do Espírito Santo.
Isto há-de alcaçar-se, antes de mais, com o testemunho duma fé viva e adulta, educada de modo a poder perceber claramente e a superar as dificuldades.
Magnífico testemunho desta fé deram e continuam a dar inúmeros mártires.
Ela deve manifestar a sua fecundidade, penetrando toda a vida dos fiéis, mesmo a profana, levando-os à justiça e ao amor, sobretudo para com os necessitados.
Finalmente, o que contribui mais que tudo para manifestar a presença de Deus é a caridade fraterna dos fiéis que unanimemente colaboram com a fé do Evangelho e se apresentam como sinal de unidade.
Ainda que rejeite inteiramente o ateísmo, todavia a Igreja proclama sinceramente que todos os homens, crentes e não-crentes, devem contribuir para a recta cosntrução do mundo no qual vivem em comum.
O que não é possível sem um prudente e sincero diálogo.
Deplora, por isso, a discriminação que certos governantes introduzem entre crentes e descrentes com desconhecimento dos direitos fundamentais da pessoa humana.
Para os crentes, reclama a liberdade efectiva, que lhes permita edificar neste mundo também o templo de Deus.
Quanto aos ateus, convida-os cortêsmente a considerar com espírito aberto o Evangelho de Cristo.
Pois a Igreja sabe perfeitamente que, ao defender a dignidade da vocação do homem, restituindo a esperança àqueles que já desesperam do seu destino sublime, a sua mensagem está de acordo com os desejos mais profundos do coração humano.
Longe de diminuir o homem, a sua mensagem contribui para o seu bem, difundindo luz, vida e liberdade; e, fora dele, nada pode satisfazer o coração humano :
- "Fizeste-nos para Ti", Senhor, "e o nosso coração está inquieto, enquanto não repousa em Ti".
Nota. O ateísmo prático é um constante ataque contra todas as religiões, porque todas elas acreditam em Deus, embora lhe prestem um culto diferenciado, segundo os seus princípios e as suas conveniências.
Todas as religiões, portanto estão organizadas no sentido de ensinar doutrinas que, embora nem todas sejam iguais, todavia tentam contrariar o ateísmo.
Mas na prática, o que mais conta é o testemunho de uma vida exemplar, de acordo com a doutrina, em que se pratique o amor a Deus e ao próximo e se tenha uma vida moral perfeitamente correcta.
No diálogo com os ateístas, tem que haver segurança doutrinal e firmeza de fé, sem faltar à caridade, que leve ao amor de Cristo pelos homens.
Mas o ateismo confesso, em pessoas responsáveis, quer nos governos, quer em qualquer instituição para a dignidade humana, são um mau fermento, pelo menos para os menos preparados das famílias e das sociedades.
Que auxílio pode prestar um governante, ateísta ou gnóstico confesso, a um país ou a uma qualquer instituição de católicos de maioria absoluta ?
Queiramos ou não acreditar, os efeitos são drasticamente destruidores dos mais íntimos e sagrados princípios do amor de Deus impresso na alma de cada ser humano.
Nascimento
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