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10/11/2014 às 15:47
ONU alertou em 2000 para risco de associação entre tráfico e terrorismo
Por Jailton de Carvalho e Maria Lima, no Globo:
A revelação feita, pelo GLOBO, neste domingo, sobre a aliança entre uma facção criminosa de São Paulo e o grupo terrorista Hezbollah pode ser interpretada como a confirmação de um alerta feito pela ONU durante conferência em Palermo, em 2000, segundo o qual o crime organizado e o tráfico de drogas atuam em rede, de forma transnacional e sem limite de fronteiras. A afirmação é do jurista Walter Maierovitch.
Segundo o especialista, o secretário-geral da entidade na época, Koffi Anan, apontava para o fato de que qualquer organização criminosa poderia se plugar a uma grande rede monetária. Organizações brasileiras poderiam se conectar à máfia siciliana, por exemplo, ou produtores de maconha do vale do Bekaa, no Líbano, associarem-se a grupos no Brasil em busca de troca de recursos, drogas e armas, ou mesmo para aumentar os lucros das duas partes. Segundo Maierovitch, a ONU pediu que os países tomassem medidas para evitar este entrelaçamento, mas nada foi feito.
“Agora isso está mais do que comprovado. Este quadro assustador não me surpreende. O que se vê é esta conexão em rede. Foi mais do que alertado em Palermo há 14 anos, e não se tomou providência nenhuma. O Brasil está nesta rede não só recebendo armas, como fornecendo insumos para refino de cocaína na Bolívia e no Peru”, disse Maierovitch.
De acordo com o jurista, também não é o surpresa o Hezbollah ser um grupo religioso e estar ligado ao tráfico de drogas internacional para financiar suas ações. Ele explica que o mesmo aconteceu com as Farcs, na Colômbia, que acabaram se envolvendo com o tráfico para sustentar suas atividades. ”O Hezbollah também precisa de dinheiro para financiar suas ações. No Líbano tem muita plantação de maconha. Uma coisa é a religião. Outra coisa é o negócio para financiarem seus estados teocráticos”, avalia.
(…)Por Reinaldo Azevedo
Tags: Hezbollah, PCC
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