(©L'Osservatore Romano - 24 de Março de 2012)
A viagem apostólica de Bento XVI ao México e a Cuba é uma etapa da evangelização começada com o concílio Vaticano II
Caminho aberto rumo à liberdade
Na manhã de sexta-feira, 23 de Março, o Santo Padre partiu para o México, primeira etapa da sua vigésima terceira viagem internacional, que o levará, nos últimos três dias desta peregrinação também a Cuba, onde se concluirá a 28 de Março. Ao chegar ao aeroporto de Fiumicino, entre as várias personalidades que ali se encontravam para o saudar, estava também o presidente do Conselho dos ministros italiano Mario Monti, o qual o acompanhou conversando cordialmente até à escada do avião.
O Papa Wojty?a abriu o caminho, ao longo do percurso que para os povos do México e de Cuba significa esperança, liberdade e paz. Mas agora é necessário segui-lo e levar muitos outros a fazer o mesmo, à luz da fé. É com este espírito que Bento XVI enfrenta a sua nova viagem internacional, no sulco de João Paulo II. Olha para o México e para Cuba, mas o seu pensamento está orientado para todo o grande continente latino-americano, explicou o próprio Papa aos jornalistas que o acompanham nesta visita pastoral. A finalidade da viagem permanece o anúncio de Cristo e do seu amor no centro da história, a fim de voltar a levar o homem para o âmago da vida. O encontro com os 72 representantes da imprensa internacional, no início da viagem, realizou-se como sempre num clima de grande cordialidade. Durante o voo rumo à cidade mexicana de León, o Papa encontrou-se com os jornalistas pontualmente às 11h00, acompanhado do director da Sala de Imprensa da Santa Sé, pe. Federico Lombardi.
As perguntas ao Sumo Pontífice focalizaram também a situação difícil do México, atormentado pela violência destruidora do narcotráfico, o papel da Igreja no continente entre contrastes sociais e debates relativos à herança da "teologia da libertação", a questão dos direitos humanos em Cuba com as consequências da precariedade duradoura dos equilíbrios internacionais em referência à ilha caribenha e os numerosos desafios que se apresentam no horizonte da Igreja latino-americana, comprometida na missão continental encetada imediatamente depois da conferência de Aparecida.
(©L'Osservatore Romano - 24 de Março de 2012)
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O cardeal Bertone falou sobre a visita pastoral
Um grande gesto de amor
Um grande gesto de amor. Foi assim que o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, definiu a escolha de Bento XVI de visitar o México de 23 a 26 de Março. Na entrevista concedida a Valentina Alazraki, jornalista da emissora mexicana Televisa, e ao diário "El Sol de México", divulgada integralmente pela Rádio Vaticano, o secretário de Estado afirmou que o Papa nestes dias provavelmente vai relançar apelos contra a violência, a favor da vida, para a promoção da família. Bento XVI, explica o cardeal, conhece bem a situação do México, "um país atravessado por problemas e desafios enormes, sobretudo pelos desafios da violência, da corrupção, do narcotráfico, que exigem o compromisso de todos, o empenho de todas as instâncias religiosas, civis e sociais para superar esta fase e refundar o México com base nos valores cristãos, que estão no ADN do povo mexicano: os valores da convivência pacífica, da fraternidade, da solidariedade e da honestidade".
Por esta razão, o Papa leva consigo "uma mensagem de encorajamento" e, acrescentou, transmite-a "sobretudo aos jovens a fim de que não se deixem desanimar, capturar por objectivos fáceis, por horizontes talvez de lucro e de arrivismo fáceis, mas que possam sentir-se empenhados na construção de uma sociedade solidária, honesta, onde cada pessoa encontre o próprio lugar e obtenha o seu reconhecimento. Uma mensagem de amor e de grande encorajamento, por conseguinte de optimismo.
Nas pegadas da experiência amadurecida nos vários encontros com a realidade mexicana, o cardeal Bertone definiu a fé do povo desta grande Nação "sólida, não superficial. E sob este ponto de vista acho que, até agora, a fé não se enfraqueceu, aliás precisamente perante os problemas e os desafios, é necessário um enraizamento ainda maior na fé e é preciso a ajuda do Alto e, portanto, mais oração, mas também um compromisso pessoal maior. Penso que a Igreja, com a sua estrutura organizacional, os seus pastores e as suas organizações sociais difundidas em todo o mundo, trabalha nesta direcção".
Além disso, o cardeal sublinhou que as relações entre o México e a Santa Sé estão a evoluir positivamente, sobretudo considerando as tensões que caracterizaram o século passado. "O povo - recordou o secretário de Estado - sentia a Igreja como "sua", como alma do povo, contudo sob um ponto de vista político, civil e estrutural havia uma contraposição, uma tensão. Há vinte anos foram restabelecidas as relações diplomáticas: este é um sinal de relevância pública da Igreja como tal. É um reconhecimento da função universal desempenhada pela Igreja e pela Santa Sé. Pensemos também no desenvolvimento que o México teve na comunidade internacional, não só no Caribe e na América Latina, mas na comunidade internacional, por assim dizer, entre os Vinte. Por conseguinte, é significativo que estas relações sejam sólidas e frutuosas".
No que diz respeito ao futuro imediato o purpurado recordou que actualmente no México se está a debater e a votar uma lei sobre a liberdade religiosa. E relativamente a este ponto o secretário de Estado concluiu: "Se o direito à liberdade religiosa resistir, também os outros direitos serão tutelados e salvaguardados. Se faltar o direito à liberdade religiosa - direito basilar, fundamental - inclusive os outros direitos vacilarão". No respeitante à visita a Cuba, numa entrevista ao jornalista Andrea Tornielli do diário italiano "La Stampa", o cardeal Bertone deteve-se sobre as aspirações do povo cubano. Referindo-se à histórica visita do Papa Wojty?a, indicou-a como ponto de partida para um diálogo renovado entre Estado e Igreja graças ao qual foram dados "passos em frente rumo à liberdade religiosa", e se reforçou "a cooperação". Está convencido também de que a visita de Bento XVI "contribuirá para o processo de desenvolvimento rumo à democracia e abrirá novos espaços de presença" para a Igreja.
(©L'Osservatore Romano - 24 de Março de 2012)
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