“Sim, Mãe e esperança nossa, bem sabemos – assim lhe fala Nicolau, monge – que todos os tesouros das divinas misericórdias estão em vossas mãos. Atribuída a S. Ildefonso há uma obra que exprime com mais energia esse pensamento: Senhora, as graças que Deus determinou fazer aos homens, determinou fazê-las todas por vossas mãos, e confiou-vos por isso todos os tesouros das graças. De modo que, ó Maria, conclui S. Germano, não há graça que não tenha sido dispensada por vossas mãos.”
“Não temas, Maria, disse-lhe o anho, pois achaste graça diante de Deus (Lc 1, 30). Sobre o texto acrescenta com elegante reflexão S. Alberto Magno: Ó Maria, não roubastes a graça como a queria roubar Lúcifer; não a perdestes como a perdeu Adão; não a comprastes, como a queria comprar Simão, o mago. Achastes a graça, porque a desejastes e buscastes. Achastes a graça, incriada, que é o próprio Deus feito vosso Filho. E juntamente com ele possuístes todos os bens criados. Esse pensamento é confirmado por S. Pedro Crisólogo, dizendo: A excelsa Mãe achou essa graça para dar a salvação a todos os homens. Em outro lugar o mesmo Santo acrescenta que Maria recebeu uma graça plena, bastante para salvar a todos, destinada a cair como chuva sobre todas as criaturas. Para iluminar a terra, criou Deus o sol, observa Ricardo de S. Lourenço. Assim também fez a Maria para que por seu intermédio se dispensem ao mundo todas as divinas misericórdias. Aqui anota S. Bernardo, muito a propósito, que a Virgem, desde que se tornou Mãe do Redentor, adquiriu uma quase jurisdição sobre todas as graças, e deste modo criatura alguma delas recebe, a não ser pelas mãos desta amável Mãe.”
“Concluamos este ponto com as palavras de Ricardo de S. Lourenço: Queremos obter alguma graça? Recorramos então a Maria, que nunca deixou de alcançar a seus servos o que lhes impetra; pois achou e sempre acha a graça divina. E este pensamento extraiu-o de São Bernardo, cujas palavras dizem assim: Procuremos a graça, mas procuremo-la por meio de Maria que a acha com certeza. Se, pois, desejamos graças, é necessário que recorramos a esta tesoureira e dispenseira das graças, já que a vontade suprema do Doador de todo o bem, como no-lo assegura o mesmo Santo, é que todas as graças por mão de Maria se dispensem. O Santo não excetua graça alguma porque quem diz tudo nada exclui.”
[Santo Afonso de Ligório, Glórias de Maria, p. 2, tratado I, capítulo V, ponto primeiro, Dirija-se a Maria quem deseja graças, pp. 302-304; Editora Santuário, 20ª edição, Aparecida, 1989]
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