Algumas notas rápidas sobre os abusos litúrgicos na comunidade Canção Novaby Everth Queiroz Oliveira |
Os abusos litúrgicos que aconteceram este fim de semana em Cachoeira Paulista causaram o maior bafafá aqui, no blog, e nas redes sociais. Trata-se, porém, de uma polêmica que não tem razão de ser. A coisa é muito simples: pode ser resolvida em um rápido silogismo. A Canção Nova, como comunidade católica que é, deve obediência às leis e normas da Igreja referentes à celebração da Liturgia. E estas apontam que “o Mistério da Eucaristia é demasiado grande para que alguém possa permitir tratá-lo ao seu arbítrio pessoal” (Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 11). C’est fini.
Está tudo muito claro, mas os defensores do indefensável ficam revoltados: dizem que estamos julgando, que não podemos falar dos erros e abusos, porque “a Canção Nova já trouxe muitas pessoas de volta ao seio da Igreja”. Chegam mesmo a rasgar as vestes e insinuar algo do tipo: O que seria da Igreja sem a Renovação Carismática? Ou: O que seria do catolicismo no Brasil sem a Canção Nova?
Não vou nem me demorar no absurdo das duas últimas sentenças, afinal, esta ideia de que a Igreja só está firme graças a um ou outro movimento particular repugna ao próprio atributo de universalidade inerente ao Corpo Místico de Cristo. O que o pessoal não compreende – ou parece não querer entender – é que não estamos criticando o trabalho de evangelização da Canção Nova. Estamos falando de coisas bem pontuais: abusos litúrgicos. E, independente de onde venham, estes devem ser denunciados.
Outra válvula de escape que muitos utilizaram foi partir para a defesa do homem sertanejo. – Ah, o homem sertanejo simples teme muito mais a Deus que vocês, que ficam julgando a Canção Nova... – Novamente: não é disto que estamos falando. A comunidade Canção Nova pode fazer acampamentos temáticos à vontade: acampamentos sertanejos, voltados à juventude, voltados para a família, que seja. Não é este o problema. O problema é introduzir na Liturgia elementos que são estranhos à Sua essência divina, sobrenatural. E isto não sou eu, blogueiro católico, quem falo. Isto é o ensinamento do Papa e da Igreja. Vamos a mais uma dose de Redemptionis Sacramentum. Agora, n. 114.
“Nas Missas dominicais da paróquia, como ‘comunidade eucarística’, é normal que se encontrem os grupos, movimentos, associações e as pequenas comunidades religiosas presentes nela. Embora seja lícito celebrar a Missa, de acordo com as normas do direito, para grupos particulares, estes grupos, de nenhuma maneira, estão isentos de observar fielmente as normas litúrgicas.”
Quer fazer Missa para a Pastoral da Juventude, do Imigrante ou da Terra? Sem problemas, mas, foca no Missal e respeita as normas litúrgicas! Os fiéis têm o direito a uma Missa bem celebrada, de acordo com o que dispõem os ensinamentos da Santa Igreja.
Afinal, ninguém gostaria de entrar numa igreja, para assistir ao Santo Sacrifício, e acabar se deparando com isto:
A foto acima é de uma Missa “afro” celebrada este mês, na diocese de São João Del Rei, em Minas Gerais, por ocasião do Dia da Consciência Negra. A página da diocese no Facebook publicou muitas outras – e não demorou para que muitos fiéis católicos fizessem seu protesto. Afinal, como já dizia um velho adágio latino, lex orandi, lex credendi – a lei da oração é a lei da fé. Se nós verdadeiramente cremos que a Liturgia da Santa Missa é a atualização do Sacrifício de Cristo na Cruz, precisamos participar dela com piedade, devoção e respeito. Sabemos, são coisas de que muitos sacerdotes e agentes de pastoral têm se esquecido, mas cujo resgate é sempre necessário. Está em jogo a própria vitalidade da nossa fé.
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