(06)-JESUS CRISTO A RESPOSTA !
10. – Na verdade, os desequilíbrios de que sofre o mundo actual estão ligados com aquele desequilíbrio fundamental que se radica no coração do homem.
Enquanto, por uma parte, ele se experimenta, como criatura que é, multiplamente limitado, por outra sente-se ilimitado nos seus desejos, e chamado a uma vida superior.
Atraído por muitas solicitações, vê-se obrigado a escolher entre elas e a renunciar a algumas.
Mais ainda, fraco e pecador, faz muitas vezes aquilo que não quer e não realiza o que desejaria fazer.
Sofre assim em si mesmo a divisão, da qual tantas e tão grandes discórdias se originam para a sociedade.
Muitos, sem dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não podem ter uma clara percepção desta sirtuação dramática; ou, oprimidos pela matéria, não lhe podem prestar atenção.
Outros pensam encontar a paz nas diversas interpretações da realidade que lhes são propostas.
Alguns só do esforço humano esperam a verdadeira e plena libertação do género humano, e estão convencidos que o futuro império do homem sobre a terra satisfará todas as aspirações do seu coração.
E não faltam os que, dese
sperando de poder encontrar um sentido para a vida, louvam a coragem daqueles que, julgando a existência humana vazia de qualquer significado, se esforçam por lhe conferir, por si mesmos, todo o seu valor.
Todavia, perante a evolução actual do mundo, cada dia são mais numerosos os que põem ou sentem com nova acuidade as questões fundamentais :
- Que é o homem ?
- Qual o sentido da dor, do mal, e da morte, que, apesar do enorme progresso alcançado, continuam a existir ?
- Para que servem essas vitórias, ganhas a tão grande preço ?
- Que pode o homem dar à sociedade, e que coisas pode dela receber ?
- Que há para além desta vida terrena ?
A Igreja, por sua parte, acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todos, oferece aos homens pelo seu Espírito a luz e a força para poderem corresponder à sua altíssima vocação; nem foi dado aos homens sob o céu outro nome, no qual devam ser salvos.
Acredita também que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e mestre.
E afirma, além disso, que, subjacentes a todas as transformações, há muitas coisas que não mudam, cujo último fundamento é Cristo, o mesmo ontem, hoje, e para sempre.
Quer, portanto, o Concílio, à luz de Cristo, imagem de Deus universal e primogénito de toda a criação, dirigir-se a todos, para iluminar o mistério do homem e cooperar na solução das principais questões do nosso tempo.
11. – O Povo de Deus, movido pela fé com que acredita ser conduzido pelo Espírito do Senhor, o qual enche o uiniverso, esforça-se por discernir nos acontecimentos, nas exigências e aspirações, em que participa juntamente com os homens de hoje, quais são os verdadeiros sinais da presença ou da vontade de Deus.
Porque a fé ilumina todas as coisas com uma luz nova, e faz conhecer o desígnio divino acerca da vocação integral do homem e, dessa forma, orienta o espírito para soluções plenamente humanas.
O Concílio propõe-se, antes de mais, julgar a esta luz os valores que hoje são mais apreciados e pô-los em relação com a sua fonte divina.
Tais valores, com efeito, na medida em que são fruto do engenho que Deus concedeu aos homens, são excelentes, mas, por causa da corrupção do coração humano, não raro são desviados da sua recta ordenação e precisam de ser purificados.
- Que pensa a Igreja acerca do homem ?
- Que recomendações parecem dever fazer-se, em ordem à construção da sociedade actual ?
- Qual é o significado último da actividade humana no universo ?
Espera-se uma resposta para estas perguntas.
Aparecerá então mais claramente que o Povo de Deus e o género humano, no qual aquele está inserido, se prestam mútuo serviço; manifestar-se-á assim o carácter religioso e, por isso mesmo, profundamente humano da missão da Igreja.
Nota. Vê-se assim a preocupação da Igreja, através do Concílio, pelos problemas dos homens, colocando-os sob o signo da fé em Cristo de quem tudo depende.
Ouvem-se por vezes desabafos humanos que são uma perfeita babuseira ou refinada blasfêmea :
- Que mal fiz eu a Deus para que tal me tenha acontecido.
- A Igreja não tem a resposta para muitos problemas.
Evidentemente, os males que nos acontecem não são da responsabilidsde ou da vontade de Deus, mas dos nossos erros e da nossa má conduta de vida, ou simplesmente obras do acaso.
Evidentemente que a Igreja não tem a resposta para muitas coisas que são segredos da divina providência, e que também mais ninguém pode saber, mas que também não servem de desculpa para se abandonar a Igreja.
Devemos ter em conta a dignidade da pessoa humana, que a Igreja reconhece e respeita, e para a qual nos orienta sob a inspiração do Espírito Santo, que a Liturgia está presentemente a celebrar.
Nascimento
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