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    06/08/2013 às 14:31 \ Cultura, Religião



    Vivemos na era do politicamente correto. E isso tem sido uma máquina de criar seres iguais em nome da diversidade. O multiculturalismo é um claro exemplo. Ninguém mais tem a permissão social para preferir uma cultura a outra, para até mesmo repudiar hábitos e costumes alheios. Ele é um nazista se fizer isso!

    O colunista João Pereira Coutinho, um dos meus preferidos, trata disso com bastante humor em seu artigo de hoje na Folha. Turismo de massas para “experimentar” (e gostar, claro!) do novo, eis o imperativo categórico da modernidade. Mas e quando o sujeito sente verdadeira repulsa pelos costumes do outro? E quanto para ele um inseto é um inseto, e não uma iguaria da culinária local?

    Um programa de TV do Reino Unido mandou um típico inglês nacionalista para rodar o mundo e expor, com genuinidade, suas impressões. O resultado, segundo nos conta Coutinho, foi hilário. Ele sempre parece encontrar algo para desprezar nesses lugares. Pecado dos pecados para os multiculturalistas modernos!

    Só que o programa é um sucesso de audiência. Coutinho levanta uma tese para explicar o fenômeno:

    Arrisco uma hipótese: porque a crítica tem “superego” a mais. E, afogada pelas cartilhas que gostam de impor um único código de pensamentos e comportamentos sobre o Outro, talvez ela sinta uma secreta admiração por alguém que destrói todos os códigos.

    Porque, contas feitas, é indiferente saber se concordamos ou discordamos do viajante, embora eu concorde que o turismo de massas é o inferno na Terra e a água canalizada, uma das grandes conquistas do homem.

    O que interessa é ver Karl Pilkington em ação (e em sofrimento) para recordarmos apenas como era a liberdade e mesmo a idiotia antes da fogueira das inquisições laicas.

    O mundo de hoje quer todos “inteligentinhos”, como diz outro dos meus colunistas preferidos, o filósofo Luiz Felipe Pondé. Esquecem que até os “néscios” têm direito de existir e opinar. Nem todo mundo tem que achar lindo comer gafanhotos em nome da “diversidade cultural”.

    E claro, há diferenças mais sérias: nem todos têm que achar que cortar o clitóris de meninas inocentes é “apenas” uma diferença cultural. Mas vai explicar isso para os inquisidores da seita dos “progressistas” laicos!




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