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    domingo, 25 de março de 2012

    [ZP120325] O mundo visto de Roma

    ZENIT

    O mundo visto de Roma

    Portugues semanal - 25 de março de 2012

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    Viagem de Bento XVI: México e Cuba

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    Viagem de Bento XVI: México e Cuba


    Bem-vindo, o recebe um povo que sofreu muito
    Discurso do presidente do México Felipe Calderón

    SILAO, GUANAJUATO, sábado, 24 de março de 2012 (ZENIT.org) - Apresentamos o texto do discurso de boas-vindas do presidente do México, Felipe Calderón, ao Papa Bento XVI,  em sua chegada ao aeroporto internacional de Silao, Guanajuato, nesta sexta-feira, 23 março, no inicio de sua viagem apostólica ao México.


    *****
    Sua Santidade Bento XVI.
    Distintos membros da delegação que o acompanha.
    Senhor Senador José Gonzalez Morfin, presidente do Senado.
    Senhor Deputado Guadalupe Acosta Naranjo, presidente da Câmara dos Deputados.
    Senhor Ministro Aguirre Anguiano, representante da Suprema Corte de Justiça da Nação.
    Senhor Juan Manuel Oliva Ramirez, Governador de Guanajuato.
    Senhores Governadores das distintas entidades federativas da  República Mexicana.
    Queridos filhos, queridas filhas.
    Ilustres convidados especiais.
    Senhoras e senhores dos meios de comunicação.
    Senhores cardeais, arcebispos e bispos.
    Mexicanos e mexicanas:


    Bem-vindo ao México, Sua Santidade Bento XVI. É uma grande alegria  recebê-lo em solo mexicano.


    O povo mexicano se regozija por ter aceitado o convite que em nome destes, tive a honra de lhe perguntar como Presidente da República, durante minha visita de Estado ao Vaticano.

    A presença de Sua Santidade entre nós adquire um enorme significado em horas funestas, em um momento que nossa pátria atravessa situações difíceis e decisivas.

    São  muitos os desafios que aos mexicanos cabe enfrentar nos últimos tempos.

    O recebe, Sua Santidade, um povo que sofreu muito por diversas razões, e que apesar disso faz enormes esforços todos os dias para levar o alimento à mesa de casa, para educar os filhos,  para levar adiante a família.

    O México sofreu, por exemplo, como poucos países, os efeitos da crise econômica internacional, a mais profunda que já viu a geração atual no mundo.

    O México também sofre, Sua Santidade sabe, a violência cruel e gritante dos infratores.

    O crime organizado infringe sofrimento ao nosso povo e mostra, hoje, um rosto sinistro da maldade como nunca antes.

    Nos últimos anos, Sua Santidade, também temos sofrido com as seca e enchentes sem precedentes, fruto do dano irracional  que os seres humanos têm feito à natureza, além de epidemias e terremotos.

    Não sei se estes desafios têm sido capaz de romper a vontade e a força de outros povos, mas apesar de tudo, o México está de pé. Está de pé, porque o povo mexicano é um povo forte.

    Está de pé, porque o povo mexicano é um povo forte, perseverante na esperança, na solidariedade. Porque somos um povo que tem valores e princípios, que acredita na família, na liberdade, na justiça, na democracia e no amor aos demais. Em valores que são fortes como a rocha. E é por isso, que sua visita nos enche de alegria em um momento de grande tribulação.

    Posso assegura-lhe, Sua Santidade, que encontrará no mexicano um povo nobre, hospitaleiro, acolhedor, alegre, que tem uma grande estima pelo Sumo Pontífice.

    As mexicanas e os mexicanos compartilham com Sua Santidade o desejo de justiça e de paz  duradoura. Buscamos, todos os dias, edificar nosso caminho em direção ao bem comum da nossa querida nação, de modo que seja possível o desenvolvimento integral e humano de nossos filhos.

    Trabalhamos com entrega e dedicação para construir um futuro melhor para nossas famílias, para que nossos filhos possam ser felizes e se tornem homens e mulheres de bem e de paz.

    Lutamos cada dia para dar às nossas famílias condições de segurança e de vida digna e pacífica que permita o desenvolvimento pleno.

    Esforçamos-nos com afinco para superar problemas como a pobreza e a desigualdade, e para criar melhores oportunidades de educação e saúde para todos.


    Eu sei que a sua visita, Sua Santidade,  incentivará os esforços dos mexicanos e confortará suas almas.

    Sua visita, particularmente nestas circunstâncias é um gesto de solidariedade e fraternidade com o nosso povo que nunca esqueceremos. Sabemos que o senhor é um homem de pensamento sólido, firme em suas idéias, valores e crenças, que compartilha boa parte do povo mexicano.

    Sei que as suas palavras serão, também, de conforto e inspiração para aqueles que precisam, e renovará a esperança em milhões de lares no México.

    Sua Santidade:

    O México se sente honrado por ser a primeira nação de língua espanhola  que o senhor visita no Continente Americano.

    Aqui em nosso país, somos mais de 93 milhões de católicos, além dos muitos que foram para os Estados Unidos em busca de um futuro melhor para suas famílias, que sentimos profundamente. Somos o segundo maior país católico do mundo.

    Além de experiências, também, comoventes, no México foram deixados traços indeléveis de pastores que vieram à nossa terra e permearam no povo do México o mais elevado sentido de amor ao próximo e, em particular, nos indígenas.

    Recordamos com afeto as figuras emblemáticas de Frei Bartolomé de las Casas, Dom Vasco de Quiroga, Tata Vasco, como carinhosamente o chamaram os purepechas; do irmão Jacobo Daciano, e muitos, muitos outros.

    E, mais recentemente, em nossos dias, recebemos em tempo, a Sua Santidade João Paulo II, e hoje nós  recebemos o senhor de braços abertos.

    Em uma perspectiva histórica, sua presença é um marco de grande importância, pois reflete uma nova época nas relações entre o México e o Estado do Vaticano.

    O senhor visita um país onde avançamos em direção à consolidação da nossa democracia, com pleno respeito pela liberdade, a liberdade de culto, a pluralidade política, a pluralidade religiosa, a pluralidade ideológica que é possível em um Estado laico, como o que estamos.

    Sua visita é motivo de grande alegria para o povo do México.

    Os mexicanos o recebem com entusiasmo e emoção, com o coração nas mãos e com os braços abertos, como os mexicanos sabem fazer com quem os visitam.

    Espero que a visita de Sua Santidade ilumine as almas das  mulheres e homens desta terra, em particular, as que mais sofrem, com a profundidade de seu pensamento, como homem notável e de fecunda inteligência, que sabemos  que o senhor é.

    Sei que o senhor encontrará, como sempre, um povo nobre, hospitaleiro e acolhedor.

    Esperamos que desfrute do México, de seus sabores, cores, tradições, músicas e, acima de tudo, do amor e do carinho que oferecem milhões de mexicanos.

    Sua Santidade:

    Em nome do povo e do Governo do México, reitero nosso alegre bem-vindo, e agradeço muito a sua presença.

    Obrigado por estar no México.

    Esperamos que tenha uma boa estada em nosso país.

    Seja bem-vindo.

    (Tradução:MEM)

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    Discurso do Santo Padre na cerimônia de Boas-Vindas ao México
    No aeroporto Internacional de Guanajuato

    ROMA, domingo, 25 de março de 2012 (ZENIT.org) - Na sexta feira, 23 de Março, o Santo Padre Bento XVI pronunciou um discurso na cerimônia de boas-vindas no aeroporto Internacional de Guanajuato. Publicamos a seguir o texto integral.

    ***

    Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
    Senhores Cardeais,
    Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
    Distintas Autoridades, 
    Amado povo de Guanajuato e do México inteiro!

    Sinto-me muito feliz por me encontrar aqui, dando graças a Deus que me permitiu realizar o desejo, presente há muito tempo no meu coração, de poder confirmar na fé o Povo de Deus desta grande nação, na sua própria terra. É notória a veneração do povo mexicano pelo Sucessor de Pedro, que, por sua vez, sempre o tem muito presente na sua oração. Apraz-me dizê-lo neste lugar, considerado o centro geográfico do território nacional; aqui desejou vir o meu venerado predecessor, o beato João Paulo II, já na sua primeira viagem. Não podendo fazê-lo, deixou então uma mensagem de encorajamento e bênção, quando sobrevoava o seu espaço aéreo. Hoje tenho a alegria de me fazer eco das suas palavras, em terra firme e no vosso meio: Agradeço – dizia ele na sua mensagem – a estima pelo Papa e a fidelidade ao Senhor dos fiéis do Bajío e de Guanajuato. Que Deus vos acompanhe sempre (cf. Telegrama, 30 de Janeiro de 1979).

    Juntamente com esta íntima lembrança, agradeço-lhe, Senhor Presidente, a sua calorosa recepção e, com deferência, saúdo a sua distinta esposa e as outras autoridades que quiseram honrar-me com a sua presença. Uma saudação muito especial a D. José Guadalupe Martín Rábago, Arcebispo de León, e também a D. Carlos Aguiar Retes, Arcebispo de Tlalnepantla e Presidente da Conferência Episcopal Mexicana e do Conselho Episcopal Latino-Americano. Com esta breve visita, desejo cumprimentar todos os mexicanos e abraçar as nações e povos latino-americanos, aqui bem representados por tantos Bispos, precisamente neste lugar onde o majestoso monumento a Cristo Rei, no morro do Cubilete, testemunha o enraizamento da fé católica entre os mexicanos que, em todas as vicissitudes, se acolhem à sua bênção incessante.

    O México e a maioria dos povos latino-americanos comemoraram o bicentenário da sua independência, ou estão para o fazer nestes anos. Muitas foram as celebrações religiosas promovidas para dar graças a Deus por este momento tão importante e significativo. E nelas – como se verificou na Santa Missa celebrada na Basílica de São Pedro, em Roma, na solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe –, invocou-se fervorosamente Maria Santíssima, que fez ver, com doçura, como o Senhor ama a todos e por todos, sem distinção, Se entregou. A nossa Mãe do Céu continuou a velar pela fé dos seus filhos também na formação destas nações, e continua a fazê-lo hoje face aos novos desafios que se lhes apresentam.

    Venho como peregrino da fé, da esperança e da caridade. Desejo confirmar e consolidar na fé todos os crentes em Cristo e encorajá-los a revitalizá-la através da escuta da Palavra de Deus, dos sacramentos e da coerência de vida. Deste modo poderão, como missionários no meio dos seus irmãos, partilhar a fé com os outros e ser fermento na sociedade, contribuindo para uma convivência respeitadora e pacífica, assente na incomparável dignidade de toda a pessoa humana, criada por Deus, e que nenhum poder tem o direito de esquecer ou desprezar. Tal dignidade manifesta-se de forma eminente no direito fundamental à liberdade religiosa, quando vista no seu genuíno significado e na sua plena integridade.

    Como peregrino da esperança, digo-lhes com São Paulo: «Não andem tristes como os outros, que não têm esperança» (1 Ts 4, 13). A confiança em Deus dá-nos a certeza de O encontrar e receber a sua graça, e nisto assenta a esperança de quem crê. E, ciente disto, o fiel esforça-se também por transformar as estruturas e os acontecimentos menos benignos da hora presente, que parecem imutáveis e invencíveis, ajudando quem não encontra sentido nem futuro na vida. Sim, a esperança muda, efectivamente, a existência concreta de cada homem e de cada mulher (cf. Spe salvi, 2). A esperança aponta para «um novo céu e uma nova terra» (Ap 21, 1), procurando tornar palpáveis já agora alguns dos seus reflexos. Além disso, quando se enraíza num povo e é compartilhada, ela irradia como a luz que afugenta as trevas opacas e opressivas. Este país e o Continente inteiro são chamados a viver a esperança em Deus como uma convicção profunda, transformando-a numa atitude do coração e num compromisso concreto de caminhar juntos para um mundo melhor. Como disse em Roma, «continuem a progredir sem desanimar na construção de uma sociedade fundada no progresso do bem, no triunfo do amor e na difusão da justiça» (Homilia na solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe, Roma, 12 de Dezembro de 2011).        

    Juntamente com a fé e a esperança, o crente em Cristo e a Igreja no seu conjunto vivem e praticam a caridade como elemento essencial da sua missão. Na sua acepção primária, a caridade é «simplesmente a resposta àquilo que, numa determinada situação, constitui a necessidade imediata» (Deus caritas est, 31a), tal como socorrer quem padece fome, carece de abrigo, está doente ou necessitado em qualquer vertente da sua vida. Ninguém fica excluído, por causa da sua origem ou das suas convicções, desta missão da Igreja, a qual não entra em competição com outras iniciativas privadas ou públicas, antes, pelo contrário, colabora de bom grado com quem persegue estes mesmos fins. Nada mais pretende senão fazer, de maneira desinteressada e respeitadora, o bem ao necessitado, a quem tantas vezes o que mais falta é precisamente uma prova de amor autêntico.

    Senhor Presidente, amigos todos! Nestes dias, pedirei com insistência ao Senhor e à Virgem de Guadalupe por este povo para que honre a fé recebida e as suas melhores tradições; e rezarei de forma especial por quem mais necessita, particularmente pelos que sofrem por causa de antigas e novas rivalidades, ressentimentos e formas de violência. Já sei que estou num país que se orgulha da sua hospitalidade e deseja que ninguém se sinta estranho na sua terra. Sei disso; mas, aquilo que já sabia, agora vejo-o e sinto-o no mais íntimo do coração. Espero com toda a minha alma que o sintam também tantos mexicanos que vivem fora da sua pátria nativa, mas que nunca a esquecem e desejam vê-la crescer na concórdia e num verdadeiro desenvolvimento integral. Muito obrigado!

    © Copyright 2012 - Libreria Editrice Vaticana

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    Encontro com as crianças
    Saudação de Bento XVI às crianças

    ROMA, domingo, 25 de março de 2012 (ZENIT.org) - No sábado, 24 de Março, o Santo Padre Bento XVI dirigiu umas palavras durante o encontro com as crianças. Publicamos o texto divulgado integral.

    ***

    Queridas crianças,

    Estou contente por vos poder encontrar, vendo os vossos rostos encher de alegria esta linda praça. Vós ocupais um lugar muito importante no coração do Papa; e isto mesmo queria que o soubessem todas as crianças do México, neste momento, particularmente as que suportam o peso do sofrimento, o abandono, a violência ou a fome, que nestes meses, por causa da seca, se fez sentir intensamente nalgumas regiões. Obrigado por este encontro de fé, pela presença festiva e a alegria que exprimistes com os cânticos. Hoje estamos cheios de júbilo, e isto é importante. Deus quer que estejamos sempre felizes. Ele conhece-nos e ama-nos. Se deixarmos o amor de Cristo transformar o nosso coração, então poderemos mudar o mundo. Esse amor é o segredo da verdadeira felicidade.

    Este lugar, onde nos encontramos, tem um nome que exprime o anseio presente no coração de todos os povos: «a paz», um dom que provém do Alto. «A paz esteja convosco» (Jo 20, 21): são palavras do Senhor ressuscitado. Ouvimo-las em cada Missa, e hoje ressoam de novo aqui, com a esperança de que cada um se transforme em semeador e mensageiro daquela paz pela qual Cristo entregou a sua vida.

    O discípulo de Jesus não responde ao mal com o mal, mas sempre é instrumento do bem, arauto do perdão, portador da alegria, servidor da unidade. Jesus quer escrever em cada uma das vossas vidas uma história de amizade. Por isso considerai-O como o melhor dos vossos amigos. Ele não se cansará de vos dizer que ameis sempre a todos e façais o bem. Ouvireis isto mesmo, se vos esforçardes por manter um contacto frequente com Ele, que vos ajudará mesmo nas situações mais difíceis.

    Vim para que sintais o meu afecto. Cada um de vós é um presente de Deus para o México e para o mundo. A vossa família, a Igreja, a escola e quantos detêm a responsabilidade na sociedade hão-de trabalhar, de mãos dadas, para que possais receber em herança um mundo melhor, sem invejas nem divisões.

    Por isso, quero aqui elevar a minha voz, convidando todos a protegerem e cuidarem das crianças, para que nunca se apague o seu sorriso, podendo viver em paz e olhar o futuro com confiança.

    Vós, meus amiguinhos, não estais sozinhos. Contai com a ajuda de Cristo e da sua Igreja, para levardes uma vida de estilo cristão. Participai na Missa dominical, na catequese, em algum grupo de apostolado, procurando lugares de oração, fraternidade e caridade. Assim fizeram os Beatos Cristóvão, António e João, os meninos mártires de Tlaxcala, que, tendo conhecido Jesus no tempo da primeira evangelização do México, descobriram que não havia maior tesouro do que Ele. Eram crianças como vós, e deles podemos aprender que, para amar e servir, não há idade.

    Bem gostava de ficar mais tempo convosco, mas tenho de partir. Continuaremos unidos na oração. Por isso, convido-vos a não deixardes de rezar, mesmo em casa; assim experimentareis a alegria de falar com Deus em família. Rezai por todos; por mim também. Eu rezarei por vós, para que o México seja um lar onde todos os seus filhos vivam com serenidade e harmonia. De coração vos abençoo, pedindo-vos que transmitais o carinho e a bênção do Papa aos vossos pais, irmãos e demais seres queridos. Que a Virgem vos acompanhe! Muito obrigado, meus amiguinhos!

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    Papa Bento XVI no Parque Expo Bicentenario
    Angelus do V Domingo de Quaresma

    ROMA, domingo, 25 de Março de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos o ângelus do Papa Bento XVI nesse V domingo da Quaresma, durante a sua visita ao México no Parque Expo Bicentenário em León.

    ***

    Amados irmãos e irmãs!

    No Evangelho deste domingo, Jesus fala do grão de trigo que cai na terra, morre e se multiplica, respondendo a alguns gregos que se aproximam do apóstolo Filipe para lhe pedir: «Nós queríamos ver Jesus» (Jo 12, 21). Hoje nós, dirigindo-nos a Maria Santíssima, também Lhe suplicamos: «Mostrai-nos Jesus».

    Com efeito, ao rezarmos agora o Angelus, que recorda a Anunciação do Senhor, em espírito também os nossos olhos se dirigem para a colina de Tepeyac, o lugar onde a Mãe de Deus, sob o título de «a sempre Virgem Santa Maria de Guadalupe», há séculos que é honrada fervorosamente como sinal de reconciliação e da infinita bondade de Deus pelo mundo.

    Os meus Predecessores na Cátedra de São Pedro honraram-Na com títulos especiais como Senhora do México, Padroeira celeste da América Latina, Mãe e Imperatriz deste Continente. Por sua vez, os seus filhos fiéis, que experimentam a sua ajuda, invocam-Na, cheios de confiança, com nomes tão carinhosos e familiares como Rosa do México, Senhora do Céu, Virgem Morena, Mãe de Tepeyac, Nobre Indiazinha.

    Amados irmãos, não esqueçais que a verdadeira devoção à Virgem Maria aproxima-nos sempre de Jesus, e «não consiste numa emoção estéril e passageira, mas nasce da fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos incita a amar filialmente a nossa Mãe e a imitar as suas virtudes» (Lumen gentium, 67). Amá-La é comprometer-se a escutar o seu Filho; venerar a «Guadalupana» é viver segundo as palavras do fruto bendito do seu ventre.

    Neste tempo em que tantas famílias se encontram divididas ou forçadas a emigrar, quando muitas sofrem por causa da pobreza, da corrupção, da violência doméstica, do narcotráfico, da crise de valores ou da criminalidade, recorramos a Maria à procura de conforto, fortaleza e esperança. É a Mãe do verdadeiro Deus, que nos convida a permanecer à sua sombra pela fé e a caridade, para deste modo superarmos todo o mal e instaurarmos uma sociedade mais justa e solidária.

    Com estes sentimentos, desejo colocar de novo sob o doce olhar da Nossa Senhora de Guadalupe este país e toda a América Latina e o Caribe. Confio cada um dos seus filhos à Estrela da primeira e da nova evangelização, que animou com o seu amor materno a história cristã destas terras, dando características particulares aos grandes acontecimentos da sua história, às suas iniciativas comunitárias e sociais, à vida familiar, à devoção pessoal e àMissão Continental que está em curso agora nestas nobres terras. Em tempos de tribulação e sofrimento, Ela foi invocada por tantos mártires que, ao grito «Viva Cristo Rei e Maria de Guadalupe», deram testemunho de inquebrantável fidelidade ao Evangelho e entrega à Igreja. Agora, suplico-Lhe que a sua presença nesta querida nação continue a ser apelo ao respeito, defesa e promoção da vida humana e à consolidação da fraternidade, evitando a vingança inútil e desterrando o ódio que divide. Santa Maria de Guadalupe nos abençoe e obtenha, com a sua intercessão, abundantes graças do Céu.

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    Homilia do Papa Bento XVI
    No parque Expo Bicentenário, León, México

    ROMA, domingo, 25 de março de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a homilia do Papa Bento XVI, pronunciada hoje na Santa Missa celebrada no Parque Expo Bicentenário em León, México.

    ***

    Amados irmãos e irmãs,

    Sinto grande alegria por me encontrar no vosso meio e desejo agradecer profundamente a D. José Guadalupe Martín Rábago, Arcebispo de León, as suas amáveis palavras de boas-vindas. Saúdo o Episcopado Mexicano e ainda os Senhores Cardeais e os outros Bispos aqui presentes, em particular quantos provêm da América Latina e do Caribe. Dirijo a minha saudação calorosa também às Autoridades que nos acompanham e a todos os que se congregaram aqui para participar nesta Santa Missa presidida pelo Sucessor de Pedro.

    «Criai em mim, ó Deus, um coração puro» (Sal 50, 12): pedimos no Salmo Responsorial. Esta súplica manifesta a profundidade com que devemos preparar-nos para celebrar, na próxima semana, o grande mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. E ajuda-nos também a olhar no íntimo do coração humano, especialmente em momentos feitos de sofrimento e de esperança como os que atravessam actualmente o povo mexicano e outros povos da América Latina.

    O anseio de um coração puro, sincero, humilde, agradável a Deus era já muito sentido por Israel, à medida que ia tomando consciência da persistência do mal e do pecado no seu seio, como um poder praticamente implacável e impossível de superar. A única possibilidade que lhe restava era confiar na misericórdia de Deus omnipotente e esperar que Ele mudasse a partir de dentro, do coração, uma situação insuportável, obscura e sem futuro. Assim foi ganhando espaço o recurso à misericórdia infinita do Senhor, que não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez 33, 11). Um coração puro, um coração novo, é aquele que se reconhece impotente por si mesmo e se coloca nas mãos de Deus para continuar a esperar nas suas promessas. Deste modo, o salmista pode convictamente dizer ao Senhor: «Os transviados hão-de voltar para Vós» (Sal 50, 15). E, mais adiante, dará uma explicação que é ao mesmo tempo uma firme confissão de fé: «Não desprezareis, Senhor, um espírito humilhado e contrito» (Sal 50, 19).

    A história de Israel narra também grandes proezas e batalhas, mas quando se trata da sua vida mais autêntica, do seu destino mais decisivo, isto é, da salvação, mais do que em suas próprias forças, Israel depõe a sua esperança em Deus, que pode criar um coração novo, sensível e submisso. Hoje, isto pode recordar a cada um de nós e aos nossos povos que, quando se trata da vida pessoal e comunitária na sua dimensão mais profunda, não bastam as estratégias humanas para nos salvar. Temos, também nós, de recorrer ao Único que nos pode dar vida em plenitude, porque Ele mesmo é a essência da vida e o seu autor, tendo-nos feito participantes dela por seu Filho Jesus Cristo.

    O Evangelho de hoje vai mais longe, fazendo-nos ver como este antigo anseio de vida plena se cumpriu realmente em Cristo. Explica-o São João numa passagem onde se cruzam o desejo que alguns gregos tinham de ver Jesus e o momento em que o Senhor está para ser glorificado. À pergunta dos gregos, representantes do mundo pagão, Jesus responde dizendo: «Chegou a hora de o Filho do Homem ser glorificado» (Jo 12, 23). Uma resposta estranha, que parece incoerente com o pedido dos gregos: que tem a ver a glorificação de Jesus com o pedido de se encontrarem com Ele? E todavia há uma relação. Como anota Santo Agostinho, alguém poderia pensar que Jesus Se sentisse glorificado, porque vinham ter com Ele os gentios; algo parecido – diríamos nós hoje – com os aplausos da multidão, quando tributa «glória» aos grandes do mundo. Mas não é assim. «Convinha que a sublimidade da sua glorificação fosse precedida pela humildade da sua paixão» (In Joannis Ev., 51, 9: PL 35, 1766).

    A resposta de Jesus, que anunciava a sua paixão como iminente, diz-nos que um eventual encontro naquela hora seria supérfluo e talvez ilusório. Aquele que os gregos realmente querem ver, contemplá-Lo-ão erguido na cruz, a partir da qual atrairá todos a Si (cf. Jo 12, 32). Lá terá início a sua «glória», por causa do seu sacrifício de expiação por todos, como o grão de trigo caído na terra que, morrendo, germina e dá fruto em abundância. Encontrarão Aquele que o seu coração, sem o saber, seguramente buscava: o verdadeiro Deus que Se faz reconhecível a todos os povos. Este é também o modo como Nossa Senhora de Guadalupe mostrou o seu divino Filho a São Juan Diego: não como um lendário herói portentoso, mas como o verdadeiro Deus pelo Qual se vive, o Criador das pessoas, dos vizinhos e parentes, do Céu e da Terra (cf. Nican Mopohua, v. 33). Naquele momento, Ela fez o que já tinha ensaiado nas Bodas de Caná. Na aflição pela falta de vinho, indicou claramente aos serventes que o caminho a seguir era o seu Filho: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2, 5).

    Amados irmãos, quando vinha para cá, passei pelo monumento a Cristo Rei no cimo do Cubilete. O Beato João Paulo II, meu venerado predecessor, embora o desejasse ardentemente, não pôde visitar este lugar emblemático da fé do povo mexicano nas viagens que fez a esta amada terra. Hoje certamente rejubilará no Céu pela graça que o Senhor me concedeu de poder estar agora convosco, como terá abençoado também tantos milhões de mexicanos que ainda recentemente quiseram venerar as suas relíquias em todos os cantos do país. Pois bem, naquele monumento está representado Cristo Rei. Mas as coroas que O acompanham – uma de soberano e outra de espinhos –, indicam que a sua realeza não é como muitos a entenderam e entendem. O seu reino não consiste no poder dos seus exércitos submeterem os outros pela força ou pela violência; funda-se num poder maior, que conquista os corações: o amor de Deus, que Ele trouxe ao mundo com o seu sacrifício, e a verdade de que deu testemunho. Este é o seu domínio, que ninguém Lhe poderá tirar e que ninguém deve esquecer. Por isso é justo que este santuário seja, acima de tudo, um lugar de peregrinação, oração fervorosa, conversão, reconciliação, busca da verdade e acolhimento da graça. Pedimos a Jesus Cristo que reine nos nossos corações, tornando-os puros, dóceis, cheios de esperança e corajosos na sua humildade.

    Também hoje, daqui deste parque escolhido para recordar o bicentenário do nascimento da nação mexicana, em que se concentram muitas diversidades sob um destino e uma tarefa comum, pedimos a Cristo um coração puro, onde Ele possa habitar como Príncipe da paz, graças ao poder de Deus que é o poder do bem, o poder do amor. E, para que Deus habite em nós, é preciso escutá-Lo, deixar-se interpelar cada dia pela sua Palavra, meditando-a no próprio coração, a exemplo de Maria (cf. Lc 2, 51). Assim cresce a nossa amizade pessoal com Ele, aprende-se o que Ele espera de nós e recebe-se alento para o darmos a conhecer aos outros.

    Na Conferência de Aparecida, os Bispos da América Latina e do Caribe reconheceram, com clarividência, a necessidade de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho, radicada na história destas terras, «a partir de um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que desperte discípulos e missionários» (Documento conclusivo, 11). E a Missão Continental, que agora se está realizando de diocese em diocese neste Continente, tem precisamente como objectivo fazer chegar esta convicção a todos os cristãos e às comunidades eclesiais, para que resistam à tentação duma fé superficial e rotineira, por vezes fragmentária e incoerente. Também aqui se deve superar o cansaço da fé e recuperar «a alegria de ser cristão,o ser sustentado pela felicidade interior de conhecer Cristo e pertencer à sua Igreja. E desta alegria nascem também as energias para servir Cristo nas situações opressivas de sofrimento humano, para se colocar à sua disposição em vez de acomodar-se no próprio bem-estar» (Discurso à Cúria Romana, 22 de Dezembro de 2011). Vemo-lo claramente nos Santos, que se entregaram plenamente à causa do Evangelho com entusiasmo e alegria, sem olhar a sacrifícios, incluindo o da própria vida. O seu coração vivia uma aposta incondicional por Cristo, de Quem tinham aprendido o que significa verdadeiramente amar até ao fim.

    Neste sentido, o Ano da Fé, que proclamei para toda a Igreja, «é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. (…) Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria» (Porta fidei, 11 de Outubro de 2011, 6.7).

    Pedimos à Virgem Maria que nos ajude a purificar o nosso coração, tanto mais que já se aproxima a celebração da festa da Páscoa, para que cheguemos a participar melhor no Mistério de salvação do seu Filho, tal como Ela o deu a conhecer nestas terras. E pedimos-Lhe também que continue a acompanhar e proteger os seus dilectos filhos mexicanos e latino-americanos, para que Cristo reine nas suas vidas e os ajude a promover com coragem a paz, a concórdia, a justiça e a solidariedade. Amen.

    © Copyright 2012 - Libreria Editrice Vaticana

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    Compartilhamos a tua luz
    Quem são as pessoas e como viajamos com Bento XVI para o México e Cuba

    Por Paloma Rives, enviada especial

    ROMA, sábado, 24 de março de 2012 (ZENIT.org) - Somos setenta jornalistas credenciados. São as  cinco e meia da manhã da sexta-feira 23 de março. Temos tudo pronto: passaporte, credenciais, reserva do avião, visto de jornalista para entrar em Cuba, o intinerário completo e, claro, os dados do vôo papal para a visita da sua santidade Bento XVI ao México e Cuba.

    Estamos no Terminal 3, módulo 249, 250 e 251. Muito cedo, madrugamos. Talvez pela excessiva precaução de ser pontual. Caminhamos mas, como não são as seis da manhã e estava marcado para as seis e meia, os módulos estão quase vazios. Um sentimento estranho começou a invadir até que nos encontramos com Maria Antonieta Collins, da rede de televisão Univision. Assim, pouco a pouco, mais jornalistas chegam, e a partir desse momento, nos tornaremos companheiros de viagem, companheiros de jornada e, por tanto, de profissão. Em alguns, sorrisos... outros estão mais acostumados e não falta aqueles que estamos cheios de esperança no aeroporto internacional Leonardo Da Vinci de Roma. Quem são os jornalistas credenciados para o vôo papal? Quantas vezes já cobriram uma visita pastoral? Qual é a sua postura religiosa? Em si, quem viaja com Bento XVI para o México e Cuba.

    Enquanto esperamos instruções para recolher o bilhete de embarque, eu me lembro no dia anterior na sala de imprensa da Santa Sé. Era todo um cenário intercultural. Escutamos muitos idiomas distintos num só espaço: espanhol, italiano, francês, enfim, todo um mundo de câmeras, locutores, escritores, enviados especiais. E nesse ambiente, conversamos com Jorgen Erbacher Zaf, que trabalha para a TV alemã. Erbacher já fez a cobertura de mais de vinte viagens de Bento XVI. Começou sua carreira na Rádio Vaticano, em Roma e responde de modo muito simples:

    Qual tem sido o maior desafio que enfrentou nestas coberturas? - "Em todas as visitas é muito importante observar os principais problemas de cada país e como o papa se pronuncia sobre cada um deles. Nesta ocasião – México – onde as pessoas precisam de esperança para o futuro, o papa dirigirá uma mensagem de paz e de tolerância. O mesmo acontece em Cuba. As condições pedem para as pessoas aumentarem a sua fé e o seu amor. Será muito interessante escutar e analizar as mensagens para poder transmití-las. Outro aspecto que é um verdadeiro desafio é atender cada uma das atividades e condições da agenda".

    Nesse momento, Jorgen Erbacher olha de certa forma, como dando um conselho: "Devemos estar preparados a cada momento para cumprir no tempo e na forma".

    De fato, os níveis de protocolo e pontualidade são muito mais elevados do que em qualquer outra ordem de correspondente ou de cobertura de notícias. O programa de trabalho que nos foi dado junto com o credenciamento não deixa nem sequer um espaço livre. Horários de reuniões, de saídas, números de quartos, eventos para os quais temos acesso, resumo de cada lugar para a visitar, normas de vestimenta, enfim, um verdadeiro exemplo de protocolo, organização e logística.

    Talvez, por isso, chegamos ao aeroporto não só pontualmente, mas até mesmo antes da hora marcada.

    Nos pedem o passaporte e com muita amabilidade nos entregam o cartão de embarque.

    Há uma frase que assegura que a alegria dificilmente pode ser dissimulada. É completamente verdade.

    Já são as sete e meia da manhã hora de Roma, doze da noite do dia anterior, hora do México. Os jornalistas dos canais de televisão começam suas conecções ao vivo.

    Outros começamos a subir os “upgrades" para o Facebook e fazer algumas entrevistas. Ainda muito ocupados, o estômago não deixa de dar o seu sinal de preocupação. É a emoção, nervos, a responsabilidade. Mais uma vez ressoa dentro: tudo o que seja necessário para conseguir fazer bem esta tarefa. O estômago não se acalma facilmente.

    Enquanto isso, conversamos com Pedro Ferriz de Con que tem uma grande carreira jornalista no México. Amavelmente e com muita camaradagem, Ferriz de Con explica a sua visão sobre o Papa Bento XVI: - "Neste mundo e neste momento estamos sedentos de líderes. Não há muitos líderes. Os jovens precisam de líderes, e eu creio que o que mais precisamos é saber que o futuro é certo e confiável. Pelo que estamos vendo constantemente parece que não há futuro. Há violência, há desemprego, há ineficácia das instituições, há coisas que nos levam ao desespero. Alguém tem que vir para nos dizer que com a unidade, com a racionalidade, com a civilidade e com o trabalho e empenho e consciência comunitária podemos viabilizar este mundo. Parece-me que as instituições do homem trabalharam por um tempo hoje está tudo “afundando”. Então devem vir os líderes como Bento XVI ou com a Igreja instituição para mostrar-nos que existe um caminho”.

    Há aqueles que defendem a sua fé apesar de ataques recebidos de forma sistemática. O que você acha sobre isso? Ferriz de Con, ao ouvir a pergunta, toca um tema que leva à reflexão, a permanente luta do homem para decidir sobre a existência da espiritualidade: - "Nesta decisão, deves chegar a uma conclusão: Deus existe ou não? Então existem dois caminhos. Ou entras pelo caminho da fé e es um fiél ou entras no esquema do ateísmo e rejeitas a idéia de que existe vida depois da vida. Conhei ateus que no final de seus dias acreditam e católicos ou crentes que no final de seus dias deixaram de acreditar por razões que vivem ao longo das suas experiências. Sempre houve uma perseguição entre o que acredita e o que não acredita com um toque: o que não acredita está "blindado", porque é uma postura muito liberal, muito "corajosa". Quem não acredita que existe um Deus, o problema é dele! Mas a perseguição dos cristãos sempre existiu. Desde que Cristo disse que aqueles que o seguissem teriam problemas, tivemos problemas. Fomos identificados, vistos, perseguidos e assim será, acredito, até o final. Pedro Ferriz de Con é um crente, um fiél?. – eu sim. Além de que nasci e cresci em uma família muito católica e devota, eu estive realmente perto da morte e eu sei o que se sente. "

    Uma voz soa nos alto-falantes da sala H14. Anunciam a aproximação da aeronave. Certamente, no trajeto, continuaremos a conhecer aqueles que - - por ocasião da viagem do Papa Bento XVI para o México e Cuba – compartilhamos sua luz.

    Tradução Thácio Siqueira

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    ZENIT acompanha Bento XVI no avião Papal
    Enviada especial de Zenit, Paloma Rives

    BRASILIA, sexta-feira, 23 de março de 2012 (ZENIT.org) – Na manhã desta sexta-feira o Papa partiu para a sua viagem apostólica ao México e a Cuba e no avião do Papa viaja, pela primeira vez, um enviado especial da agência de notícias ZENIT.

    Trata-se da jornalista mexicana Paloma Rives, que informará a todos os nossos leitores, de forma exclusiva, todos os detalhes desta histórica viagem, dando-nos também suas impressões em primeira pessoa, e captando ao vivo as impressões do papa Bento XVI, dentro do avião papal.

    O avião com o Santo Padre, B777, da empresa Alitália partiu de Roma às 9h30min, hora local e está previsto para chegar ao México às 16h30, hora local (em Brasília às 19h30 dessa sexta-feira).

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    "Papa Bento, nós te recebemos de braços abertos!"
    Grande expectativa pela visita do papa ao México

    ROMA, sexta-feira, 23 de março de 2012 (ZENIT.org) - Bento XVI chega ao México para a primeira etapa de sua vigésima terceira viagem apostólica, que termina em 29 de março após a visita a Cuba.

    As cidades mexicanas de Guanajuato e León, pela primeira vez visitadas por um papa, dão as boas-vindas ao sucessor de Pedro com cartazes enormes, que enchem as ruas de frases como “Papa Bento XVI, nós te recebemos de braços abertos”. O evento representa uma “graça para todo o nosso país, tão atingido pela violência”, diz o casal Carlos e Rosa, que participa com a família em vários encontros com o papa.

    “Nós sentimos que o papa vem em nome de Jesus e vai trazer algo importante para o bem da família”, disse o casal à Rádio Vaticano. “Para parar esse fenômeno da desintegração da família. Os valores fundamentais devem ser passados para os filhos” .

    O papa chega como mensageiro de paz e de esperança a um país que tenta escapar da emergência social criada pela violência, pelos sequestros e assassinatos. "A presença e as palavras do Santo Padre serão um modo de restabelecer os valores cristãos de fraternidade e de convivência pacífica", escreveu um dos principais jornais do México.

    "Eu acredito que o papa dará continuidade ao trabalho iniciado na V Conferência Geral dos Bispos da América Latina em Aparecida", disse o arcebispo de León, dom Martín Rábago.

    "Eu não sei as palavras que o Santo Padre irá nos dizer, mas tenho certeza de que as palavras dele vão dar continuidade ao discurso inaugural de Aparecida, em particular sobre a situação dramática da violência no México, nos convidando a construir uma sociedade mais fraterna, mais solidária, que dê origem à paz que tanto queremos e que nos leve a superar os problemas que criam essa violência".

    A violência no México tornou-se uma verdadeira praga, que manifesta de modo dramático problemas mais profundos como a desigualdade social, a falta de oportunidades e a corrupção. “Tudo isso tem que ser levado em conta”, considera o prelado, referindo-se a quais deverão ser as palavras do papa. “Temos que nos esforçar para construir a partir do evangelho uma sociedade que tenha uma visão mais cristã".

    Torna-se imperativo, neste contexto, reforçar “a evangelização, porque uma fé que se vive só pela tradição é frágil”. León tem forte tradição católica: 94% da população professa o catolicismo. É o maior percentual entre as cidades do país.

    Mas a religiosidade é muito popular e há necessidade de “reforçar os valores que caracterizam a nossa crença através da evangelização, centrada na Palavra de Deus e nos sacramentos, para não ser apenas uma fé de emoções e folclore, e sim uma fé enraizada nos valores sólidos da vida familiar, social, política e econômica”.

    Descrevendo o clima de "alegria desenfreada" do povo de León, o arcebispo explica que a novidade da visita papal agitou a cidade inteira. “Há muita mobilização, um espírito de cooperação, uma forte vontade das pessoas de colaborar e de ajudar em tudo o que é necessário para dar as melhores boas-vindas ao papa”.

    São previstas muitas manifestações características da cultura mexicana, como os grupos musicais mariachis, que receberão o papa no aeroporto e o acompanharão durante o trajeto do papamóvel. O Santo Padre será saudado com manifestações folclóricas, danças e gritos de guerra, comuns no país para expressar a alegria de grandes grupos de pessoas.

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    Filme Cristiada é apresentado em Roma
    Reconhecimento aos mártires que lutaram pela fé e pela liberdade religiosa

    Por Sergio Mora

    ROMA, quinta-feira, 22 de março de 2012 (ZENIT.org) - Quatro dias antes da viagem apostólica do papa a Cuba e ao México, foi apresentado nesta quarta-feira (21), em Roma, o filme mexicano Cristiada, que narra os terríveis eventos da guerra civil mexicana (1929–1929), conhecida como guerra cristera, entre cujos personagens há vários que foram canonizados por João Paulo II ou beatificados por Bento XVI.

    Num auditório do Instituto Patrístico Agustinianum, situado ao lado das colunas de Bernini da Praça de São Pedro, os convidados, em sua maioria jornalistas e pessoas do mundo da comunicação e dos espetáculos, assistiram à pré-estreia em evento organizado pela agência H2O e apresentado pelo mexicano Pablo José Barroso, produtor do filme, e por Jesús Colina, diretor de Aleteia.org.

    O produtor destacou: “Neste domingo, o santo padre celebrará a missa aos pés do Cerro Cubilete, onde está a imagem de Cristo Rei, centro geográfico e espiritual do México. Significa um reconhecimento a todos os nossos mártires que lutaram pela fé e pela liberdade de religião”.

    O produtor recordou que, entre os personagens, um dos protagonistas é um menino, “o beato José Sánchez del Río, martirizado quando tinha 14 anos e beatificado por Bento XVI, junto com Anacleto González Flores, Miguel Gómez Loza e os irmãos Vargas”.

    “Vocês conhecerão a história deles, como a de Cristóbal Magallanes, interpretado por Peter O'Toole, e a do padre José María Robles, canonizados por João Paulo II”.

    No Cerro Cubilete, há 90 anos, o delegado apostólico Ernesto Filippi consagrou a primeira pedra do monumento a Cristo Rei, o que lhe valeu a deportação. O papa celebrará ali a santa missa com mais de quatrocentas mil pessoas.

    “Com Cristiada, nós queremos que o mundo saiba e nunca se esqueça das pessoas que morreram por Jesus, pela fé e para defender a sua liberdade de religião. Sempre com as palavras Viva Cristo Rey y la Virgen de Guadalupe!” E terminou pedindo “o apoio de vocês e de todas as pessoas que acreditam na liberdade para continuarmos nos cinemas”.

    O filme será apresentado nas salas do México em 20 de abril, nos Estados Unidos em 1º de junho e na Espanha em setembro. É a mais recente produção mexicana capaz de competir com as melhores do mundo. No elenco, nomes de fama mundial como Andy García e Peter O’Toole. O diretor é Dean Wright, cujos efeitos especiais foram vistos em Titanic, O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia. O roteiro é de Michael Love, baseado em eventos históricos. O filme foi rodado em inglês.

    “Planejamos o filme há três anos. Quem diria que o papa iria para o México e, mais ainda, para o Cubilete, e celebraria uma missa lá! Tudo isso vem do céu!”, comemora Barroso.

    “Nós, da Dos Corazones Films, fizemos outros três filmes e vemos que as pessoas querem histórias com valores positivos. Primeiro fizemos um sobre a história da Virgem de Guadalupe, depois um sobre A Lenda do Sol, e depois O Grande Milagre, que ficou em primeiro lugar nas bilheterias do México durante cinco semanas. Eu não queria fazer mais filmes, mas quando Deus quer alguma coisa, ele é mais insistente do que ninguém. E aconteceu. Ele mesmo nos inspirou e guiou, achamos ótimos atores e o resultado superou as minhas expectativas”.

    “Os cristeros são importantes para o México e para todo o continente, são pessoas que se entregaram pelas suas crenças e, graças a eles, conseguimos a liberdade de religião que temos hoje, e até uma viagem de um papa ao México”.

    Baseado nos fatos reais da guerra cristera, o filme começa com a proibição de culto imposta pelo presidente Plutarco Calles. Um milhão de assinaturas foram apresentadas em protesto e rejeitadas pelo governo, que adotou uma série de intimidações, interrompendo missas e chegando a fuzilar sacerdotes, num crescendo de violência que levou as pessoas simples das áreas rurais a empunhar as armas. Grande número de católicos aderiu, outros não apoiaram e muitos não participaram, mas ajudaram os cristeros com armas e apoio logístico. Começou também um boicote econômico popular, evitando qualquer consumo.

    O filme, que conta uma guerra de três anos através de uma rica série de personagens e efeitos especiais, recorda que não faltaram brutalidades como a queima de 51 pessoas dentro de um trem por causa de um ataque cristero. Os rebeldes recebem a ajuda de um general, Enrique Gorostieta, se disciplinam e dão corpo ao levantamento, colocando em sérias dificuldades o governo de Calles. A mediação de Roma para dar fim ao conflito não é aceita.

    O filme é pródigo em detalhes importantes que mostram a transformação interior dos personagens, partindo do general Gorostieta, que aceita comandar as tropas em defesa da liberdade religiosa, mesmo não acreditando na Igreja. Mas o suceder-se dos fatos prepara a sua conversão. É determinante o papel do menino José, um dos principais personagens, que é assassinado depois de ser torturado por não renegar a fé, preferindo proclamar “Viva Cristo Rei!”.

    Para ver o trailer: http://www.cristiadafilm.com.

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    México: "Sejamos dignos anfitriões nesta visita histórica "
    Mensagem do Governador de Guanajuato, Juan Manuel Oliva Ramírez

    GUANAJUATO, terça-feira 20 de março de 2012 (ZENIT.org) - O governador de Guanajuato, no México, que acolherá dentro de alguns dias a visita de Bento XVI convidou a população para ser digna anfitriã do Papa.

    Este é o texto da sua mensagem: "Convido a toda a população de Guanajuato para que sejamos dignos anfitriões nesta visita histórica, que estendamos nossa mão para os milhares de visitantes.

    Peço ao setor turístico seu maior esforço, nesta oportunidade única, talvez irrepetível em muitos anos, para projetar Guanajuato a todo o mundo.

    Peço ao setor hoteleiro, restaurantes, comércio em geral, aos funcionários públicos que sejamos amigos dos visitantes.

    Vamos mostrar ao mundo que o México sabe receber o papa como nenhum outro país sabe fazer.

    Guanajuato está pronto e preparado para receber e saudar o Papa Bento XVI e o mundo inteiro de braços abertos.

    Agradecemos a colaboração do Estado Vaticano, a do presidente Felipe Calderón Hinojosa, da Nunciatura Apostólica no México, da Conferência Episcopal do México e do Arcebispo de León.

    Façamos desta histórica jornada, uma festa de alegria para projetar-nos no mundo.

    Coloquemos bem alto o nome do México.

    Bem-vindo a todos!".

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    Vídeo promocional de Bento XVI
    Cápsulas sobre o pensamento do Papa para preparar a vistia ao México

    CIDADE DO MÉXICO, segunda-feira 19 de março de 2012 (ZENIT.org) - Os agostinianos recoletos do México depois de preparar 29 cápsulas informativas sobre o pensamento, a vida e a obra de Bento XVI, para preparar a sua viagem ao México, ilustraram a canção que moldou essas cápsulas.

    Os primeiros materiais que vieram à luz do público foram 15 cápsulas de 30 segundos, nas quais a agência informativa: www.anunciacion.com.mx, à pedido da Ordem dos Agostinianos Recoletos, entrevistou pessoas de vários tipos sobre Bento XVI.

    O vídeo pode ser visto em: http://youtu.be/X-wbbERLHms.

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    Brasil


    Ser pastor de um rebanho com 2.040.843 pessoas
    Aniversário de dois anos de posse do Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa

    Por Alan de Jesus

    BELÉM, terça-feira, 20 de março de 2012 (ZENIT.org) - Ser pastor de um rebanho com 2.040.843 pessoas (Dados do senso de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE); presidir uma das maiores manifestações religiosas católicas do mundo, o Círio de Nazaré, que ano passado reuniu, na capital paraense, 2,2 milhões de fiéis (Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – Dieese-Pa); além de conduzir os trabalhos desenvolvidos em 73 paróquias e organizar um projeto de evangelização missionária em preparação para o XVII Congresso Eucarístico Nacional, previsto para 2016. Estes foram alguns dos desafios assumidos pelo atual Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira, que na próxima sexta-feira, 23, comemora dois anos de posse, sendo o décimo Arcebispo de Belém, capital do estado do Pará, e o vigésimo Bispo desde a criação dessa circunscrição eclesiástica. Em entrevista ao site ZENIT em Português, o religioso avalia os trabalhos desenvolvidos até hoje e revela os planos para os próximos anos na Arquidiocese.

     “Quando um bispo é nomeado para algum lugar, como eu para a Arquidiocese de Belém, ele vem com uma missão muito clara. Ele vem em nome da Igreja, por nomeação do Papa. A frase ‘Até aqui o Senhor nos ajudou’, retirada do livro de I Samuel, pode ser aplicada nesta Arquidiocese, inclusive com uma certeza: de que Deus sempre vai ajudar. Porque eu vim em nome do Senhor, não vim em nome próprio; nenhum bispo vem em nome próprio. Não é um plano de carreira. Não posso dizer: eu quero ser bispo de tal lugar. É chamado. Através da palavra do Papa alguém é chamado para viver uma tarefa”, explica o arcebispo.

    Para ele, os trabalhos desenvolvidos ao longo desses dois anos produziram muitos frutos. “Minha avaliação é muito positiva. Hoje, temos mais pessoas envolvidas no serviço da evangelização, trabalhamos nosso projeto ‘Igreja de Belém em Missão’, nossa preparação para o Congresso Eucarístico Nacional e para nossa próxima Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, além da graça da instalação de novas paróquias, novas vocações e mais trabalhos com a juventude, com as famílias e por aí a diante”, afirma. “E tenho certeza que o Senhor está mostrando muitas coisas para a nossa vida de Igreja”, completa.

    PROJETOS PARA 2012

    Com relação aos próximos passos dados pela Arquidiocese de Belém, o Arcebispo revela que irá “trabalhar todo o calendário pastoral da Arquidiocese e dar uma atenção especial a três pontos: ao Projeto Igreja de Belém em Missão, à Assembleia Arquidiocesana de Pastoral e à preparação do Congresso Eucarístico Nacional”.  Fora isso, outras ações são esperadas para este ano na Arquidiocese, como a construção da Igreja São Pio X e a inauguração da Casa Sacerdotal Bom Pastor.

    No ano passado, o Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto, aproximou-se mais dos fiéis com a iniciativa de abençoar a corda em frente ao Colégio Santa Catarina, ao final da procissão do Círio. “Esta foi uma iniciativa muito boa que surgiu ano passado. Espero que novas surjam neste ano”, deseja o Arcebispo. Ele lembra ainda que: "o Círio deste ano será nossa primeira atividade do Ano da Fé. O tema deste ano da festa, por exemplo, foi baseado no Ano da Fé: 'Ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo, com Maria e do jeito de Maria', porque Maria é o modelo da vida de um cristão".

    BISPO AUXILIAR

    Com relação a presença de um bispo auxiliar na Arquidiocese, Dom Alberto avalia: “Excelente. Acho que Dom Teodoro é um presente de Deus. A convivência é ótima. Ele tem uma capacidade de trabalho, dedicação e um amor ao povo de Deus fora do comum. Avalio a presença dele de uma forma extremamente positiva, pois tem preparação e competência para o cargo, além de já ter estabelecido um relacionamento muito forte com os católicos de Belém”, relata.

    PRESENTE

    O religioso antecipa seu desejo e revela o presente que gostaria de ganhar na data. “O presente de aniversário de posse que desejo dos católicos é que vivam o Evangelho, que sejam verdadeiros discípulos de Jesus”.

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    Santa Sé


    "Vinde, Espírito Criador"
    Pe. Cantalamessa explica o trabalho ordenador do Espírito Santo

    Por Antonio Gaspari

    CIDADE DO VATICANO, sexta-feira 23 de março de 2012 (ZENIT.org) – Na sua terceira pregação de Quaresma Padre Raniero Cantalamessa mostrou a obra iluminante e criadora do Espírito Santo.

    Referindo-se aos ensinamentos de São Basílio, o Grande, (329-379), o pregador da Casa Pontifícia explicou que o Espírito Santo "não pertence ao mundo das criaturas, mas ao do Criador e a prova é que o seu contato nos santifica, nos diviniza, o que não poderia fazer se não fosse ele mesmo Deus".

    Ambrósio disse a este respeito que "Quando o Espírito começou a pairar sobre ele, o criado ainda não tinha nenhuma beleza. Em vez disso, quando a criação recebeu a operação do Espírito, obteve todo este esplendor de beleza que a fez brilhar como 'mundo' ".

    "Em outras palavras - disse o padre Cantalamessa - o Espírito Santo é aquele que transforma a criação, do caos para o cosmos, que faz dela algo belo, ordenado, limpo: um “mundo" (mundus), precisamente, segundo o significado original desta palavra e desta palavra grega cosmos".

    Segundo o Pregador da Casa Pontifícia  “a ação criadora de Deus não se limita ao instante inicial, como se acreditava na visão deísta ou mecanicista do universo. Deus não 'foi' uma vez, mas sempre "é" criador ".

    "Isso significa - acrescentou - que o Espírito Santo é aquele que muda continuamente o universo, a Igreja e cada pessoa, do caos para o cosmos, isto é: da desordem para a ordem, da confusão para a harmonia, da deformidade para a beleza, do velho para o novo".

    Em breve, o Espírito Santo é aquele que sempre "cria e renova a face da terra" (cf. Sl 104, 30).

    São Basílio diz que através do Espírito Santo "os corações se elevam, os fracos são levados pela mão, aqueles que progridem chegam à perfeição".

    "Ele - escreveu São Basílio – iluminando os que foram purificados de toda mancha, torna-os espirituais através da comunhão com ele. E como os corpos claros e transparentes, quando um raio os atinge, se tornam eles próprios brilhantes e refletem outro raio, assim as almas portadoras do Espírito Santo são iluminadas pelo Espírito; elas mesmas se tornam plenamente espirituais e repassam sobre os outros a graça”.

    Para explicar o trabalho de purificação conduzido pelo Espírito Santo, o padre Cantalamessa usou o exemplo da escultura.

    Leonardo da Vinci dizia que a escultura é a arte do tirar. Conta-se que Michelangelo viu um bloco de mármore bruto coberto de poeira e lama. Parou para observá-lo, depois, como que iluminado súbitamente por um clarão, disse aos presentes: "Nesta massa de pedra está escondido um anjo: quero retirá-lo daí!" E começou a trabalhar com um cinzel para moldar o anjo que havia vislumbrado.

    Assim é também conosco, sublinhou o Pregador da Casa Pontifícia: "Nós ainda somos massas de pedra bruta, com muita “terra” encima e muitos pedaços inúteis. Deus Pai nos olha e diz: "Neste pedaço de pedra está escondida a imagem do meu Filho; quero tirá-la daí, para que brilhe para sempre comigo no paraíso!" E para isso usa o cinzel da cruz, nos poda ( cf. Jo. 15,2)

    "Se queremos brilhar também nós, como os Bronzes de Riace depois da sua restauração – comentou – a Quaresma é o tempo oportuno para colocar mãos à obra na empresa”.

    No final da Pregação de Quaresma, padre Cantalamessa propôs recitar o primeiro verso do hino "Veni Creator" pedindo ao Espírito Santo "para fazer passar também o nosso mundo e a nossa alma do caos para o cosmos, da feiura do pecado para a beleza da graça".

    [Tradução Thácio Siqueira]

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    Novos Bispos para o Brasil
    As nomeações de Bento XVI

    CIDADE DO VATICANO, quarta-feira,  21 de março de 2012(ZENIT.org) –Apresentamos as nomeações feitas por Bento XVI hoje, na Cidade do Vaticano. 

    O papa Bento XVI nomeou hoje, em Roma, o Pe Giovanni Crippa, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Salvador da Bahia (população: 3.210.878;católicos: 2.284.477).

    Italiano, nascido em Milão, padre Giovanni emitiu, em 1981, os primeiros votos no Instituto Missões Consolata e foi ordenadoPresbítero no dia 14 de setembro de 1985. Em 1996 doutorou-se em História da Igreja na Pontifícia Universidade Gregoriana – Roma. Viveu os primeiros anos de seu sacerdócio na Itália, onde foi Animador Missionário e Vocacional (Turim), Professor na Faculdade de Missiologia da Pontifícia Universidade Urbaniana (Roma) e membro da Equipe de Coordenação do Departamento Histórico do Instituto Missões Consolata.

    Chegou ao Brasil em 2001, foi vigário Paroquial da Paróquia Santíssima Trindade (2001 – 2003) em Feira de Santana e, a partir de 2004, pároco dessa mesma Paróquia; foi Diretor Espiritual no Seminário Arquidiocesano Sant´Ana Mestra, Professor na Faculdade Católica, Membro do Conselho Presbiteral da Arquidiocese, Conselheiro Provincial de sua Congregação e, desde 2001, Conselheiro Espiritual das Equipes de Nossa Senhora.

    Pe Giovanni será ordenado Bispo no dia 13 de maio, às 9h, na Catedral de Feira de Santana, interior da Bahia.

    Bento XVI nomeou também o sacerdote José Luiz Gomes de Vasconcelos, Bispo Auxiliar de Fortaleza (População: 3.622.000; católicos: 2.562.000).

    O Bispo eleito nasceu em 1963 em Garanhuns (Brasil) e foi ordenado sacerdote em 1989. De 1990 a 2000, vigário paroquial na paróquia “Nossa Senhora da Conceição” em Águas Belas e na paróquia “Nossa Senhora Mãe dos Homens” em Itaíba; de 2000 a 2005 foi pároco na paróquia “Senhor Bom Jesus dos Pobres Aflitos” em São Bento do Una, diocese de Garanhuns; de 2002 a 2005 foi  Coordenador Diocesano de Pastoral em Garanhuns; em 2008 è foi Membro da Equipe de Formação do Seminário Interdiocesano; Membro do Conselho Presbiterial da Diocese de Garanhuns. Atualmente é Reitor  do Seminário Maior Interdiocesano “Nossa Senhora das Dores”, na Diocese de Caruaru e responsável pela Organização dos Seminários e dos Institutos de Filosofia -Teologia do Brasil na Regional “Nordeste 2” da Conferência Episcopal Brasileira.

     “Finalmente, a Igreja me convoca para algo mais. O Bom Pastor assim me diz: “Tenho outras ovelhas que não são deste rebanho”, e convida-me a deixar agora estes “cordeiros” para cuidar deste novo rebanho. Qual a minha resposta? “Eis-me aqui Senhor!” Afinal são sempre tuas ovelhas e teus cordeiros, o teu rebanho. O Senhor insiste comigo: “Pasce oves meas” – “apascenta minhas ovelhas”, (Jo 21,17) será meu lema episcopal, sem esquecer que a esta ordem antecede a pergunta sempre oportuna: “Tu me amas?”. Declarou Pe José Luis em mensagem divulgada pelo site da arquidiocese de Fortaleza.

    Outra nomeação foi para São Félix (população: 162.000; católicos 139.000), o Bispo Prelado Adriano Ciocca Vasino, até o momento Bispo de Floresta.

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    Espírito da Liturgia


    Quem celebra? (CIC n. 1136-1144)
    Rubrica de teologia litúrgica aos cuidados do Padre Mauro Gagliardi

    Por Natale Scarpitta *

    ROMA, quarta-feira, 21 de março de 2012 (ZENIT.org) - O Catecismo da Igreja Católica (CIC), invocando a Constituição conciliar Sacrosanctum Concilium (cf. n. 8), ensina que "na Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de Jerusalém" (n. 1090). Retomando esta consciência puramente teológica, confirma depois que "os que agora a celebram para além dos sinais, estão já integrados na liturgia celeste, onde a celebração é totalmente comunhão e festa" (n. 1136). E acrescenta: "É nesta liturgia eterna que o Espírito e a Igreja nos fazem participar, quando celebramos o mistério da salvação nos sacramentos" (n. 1139).

    A ação litúrgica então não termina na sua dimensão meramente histórica. Ela é, pelo contrário, uma degustação (cf. João Paulo II, Audiência Geral, 28.06.2000), um pálido reflexo da realidade (cf. Bento XVI, Homilia na celebração das Vésperas na Catedral de Notre-Dame em Paris, 12.09.2008), daquela que incessantemente se celebra no alto dos céus. A Liturgia eclesial, portanto, não constitui simplesmente uma imitação mais ou menos fiel da Liturgia celeste, nem sequer uma celebração paralela ou alternativa. Pelo contrário, ela significa e representa uma concreta epifania sacramental da Liturgia eterna.

    Uma das imagens bíblicas que está na base de tudo isso é proposta pelo Livro do Apocalipse, que descreve um luminoso ícone de Liturgia celeste (cf. Ap 4-5; 6,9; 7,1-9; 12; 14,1; 21; 22,1; e também CIC, nn. de 1137- 1138).

    É toda a criação que eleva a Deus um louvor incessante. E é nessa Liturgia contínua do céu que a comunidade constituída pelo povo santo de Deus, reunida em fraternal alegria na assembléias litúrgica, misticamente se associa nas celebrações eclesiais. Céu e terra se reunem numa sublime communio sanctorum.

    Não é então difícil de entender a verdade de fé exposta pelo Catecismo quando ensina que a Liturgia é ação do “Cristo todo inteiro” (CIC n. 1136), ou seja da Cabeça inseparavelmente unida ao Seu Corpo Místico, que é a Igreja no seu conjunto: celeste, purgante, peregrinante.

    A ação litúrgica que é realizada, além disso, não representa somente uma celebração dos membros de uma comunidade eclesial. É sempre a Igreja toda, aquela universal, que se envolve realmente. De fato, é na Liturgia que a descrição escultural da Igreja como "sacramento da unidade" se concretiza no seu apogeu. Nela, de fato, a íntima unidade que vigora entre os fiéis se torna expressão viva, real e concreta.

    Neste contexto, o CIC, no n. 1140, também fala da preferência que, no culto litúrgico, deve ser dada à celebração comunitária com relação àquela individual e quase privada. Isto se explica principalmente devido ao valor "epifânico" da liturgia: o rito comunitário, ou seja, não é um rito que "vale" mais, mas certamente é um rito que expressa melhor o caráter eclesial de toda celebração litúrgica.

    No mesmo número do Catecismo se especifica também que nem todos os ritos litúrgicos envolvem uma celebração comunitária: isso vale particularmente para o Sacramento da Reconciliação (cuja celebração – com exceção de casos muito excepcionais – tem que ser individual!), para a Unção dos enfermos, e para muitos Sacramentais. O Sacrifício eucarístico representa ao invés o máximo grau que pode expressar a celebração comunitária: é oferecido de fato em nome de toda a Igreja, é o principal sinal da unidade, o maior vínculo da caridade.

    Devemos ainda dizer que, também quando a ação litúrgica é realizada de acordo com a modalidade individual, nunca perde o seu caráter essencialmente eclesial, comunitário e público.

    É necessário, então, que a participação na Ação Litúrgica seja “ativa”, ou seja, que o fiél individual não garanta somente uma presença exterior, mas também um envolvimento interior por meio de uma atenção consciente da mente e de uma predisposição do coração, que são, seja resposta do homem suscitada pela graça, seja frutuosa cooperação com ela.

    A dimensão essencialmente comunitária, da ação litúrgica não exclui, porém, que coexista a dimensão hierárquica (ao contrário, o conceito mesmo de “Comunidade eclesial” requer e inclui aquele de “Hierarquia eclesial”). O Culto litúrgico, de fato, refletindo a natureza teândrica da Igreja, é ação de todo o povo santo de Deus, que é ordenado e age sob a orientação dos ministros sagrados. A menção explícita dos Bispos (cf. CIC, n. 1140) é um lembrete da centralidade constitutiva da figura episcopal, em torno da qual gira a vida litúrgica da Igreja local. Em palavras mais simples, embora a celebração seja de toda a Igreja, ela não pode acontecer sem os ministros sagrados. Particularmente vale para a Eucaristia, cuja celebração está reservada aos sacerdotes por direito divino.

    Dentro da ação litúrgica, entendida como uma clara manifestação da unidade do Corpo da Igreja, em virtude do próprio Batismo, cada fiél faz a própria tarefa, de acordo com o seu estado de vida e da função que desenvolve dentro da comunidade (cf. CIC, nn. 1142; 1144). Além dos ministros consagrados (bispos, presbíteros e diáconos), há também uma variedade de ministérios litúrgicos (sacristão, coroinha, leitor, salmista, acólito, comentaristas, músicos, cantores, etc.) cuja tarefa está normatizada pela Igreja, ou determinada e especificada pelo bispo diocesano segundo as tradições litúrgicas ou as necessidades pastorais da Igreja particular à qual é preposto.

    * Padre Natale Scarpitta, sacerdote da Arquidiocese de Salerno – Campagna – Acerno, é doutorando em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

    [Tradução Thácio Siqueira]

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    Mundo


    João Paulo II: legislador da Igreja
    Congresso dedicado ao Beato Wojtyla

    LUGANO, quarta-feira, 21 de março de 2012 (ZENIT.org) – Um Congresso que mostra um novo rosto do Beato João Paulo II acontecerá em Lugano, na Universidade Suíça italiana na quinta-feira, 22 de março, e na sexta-feira, 23.

    O Congresso está sendo organizado pela Fundação João Paulo II de Roma, presidida por Sua Eminência o cardeal Stanislao Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os leigos, em colaboração com o instituto internacional de Direito Canônico de Direito comparado das religiões (DiReCom) da Faculdade de teologia de Lugano, dirigida pelo prof. Libero Gerosa.

    O Congresso quer mostrar não só o Pontífice que criou dois Códigos, o novo código de Direito Canônico para a Igreja Latina (CIC) em 1983 e o código dos cânons das Igrejas Católicas Orientais (CCEO) em 1990; mas o Congresso também quer mostrar o Papa que colocou as bases para uma nova hermeneutica canonista.

    João Paulo II sempre concebeu os dois códigos como documentos complementares do Concílio Vaticano II, e justo por isso, como o primeiro documento da Nova Evangelização, afirmou o prof. Gerosa.

    O Congresso prestará muita atenção “ao modo como João Paulo II sempre concebeu e interpretou o direito internacional, o direito entre os povos”, lembrou o prof. Gerosa.

    “No grande processo de codificação levado adiante por João Paulo II encontramos um novo sujeito principal de todo o sistema jurídico da Igreja, que não é mais, como em 1917, o clero, mas o Christifideles”, ou seja o fiél que não significa o leigo, mas “a figura jurídica emergente do seguimento de Cristo, que está em qualquer estado de vida eclesial: clero, pessoas consagradas, fiéis leigos”, acrecentou Gerosa.

    O Congresso contará com a presença de grandes especialistas de Direito Canônico e afrontará temas muito interessantes, como também “A Igreja Católica e a Comunidade Européia em João Paulo II”.

    Declarou, por fim, o prof. Gerosa: “Ouso afirmar que, dentro desta perspectiva de Wojtyla a grande crise das democracias ocidentais atuais não está no fato de que elas não sejam capazes de comprometer os jovens no processo do poder, mas no fato de que não sejam capazes de transmitir os valores sobre os quais uma democracia deve estar fundada”.

    Para maiores informações: contactar a secretaria do Instituto DiReCom (Tel +41 (0)58 666.45.72) .

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    Entrevistas


    Movimento josefino estuda há trinta anos a teologia de São José
    A festa de 19 de março ressalta a paternidade de José sobre o filho de Deus

    Por José Antonio Varela Vidal

    ROMA, segunda-feira, 19 de março de 2012 (ZENIT.org) - Os padres Tarciciso Stramare, italiano, e Alberto Santiago, brasileiro, dos Oblatos de São José, foram encarregados pela congregação de comandar o Movimento Josefino. À frente de uma equipo de trabalho, eles estudam José, pai de Jesus, esposo de Maria e padroeiro da Igreja. Neste 19 de março, festa de São José e dia dos pais em vários países de cultura católica, ZENIT conversou com os dois teólogos, peritos em “josefologia”.

    Padre Tarcisio, como começou o seu estudo de São José?

    -Pe. Tarcisio: Eu era professor de sagrada escritura na Universidade Lateranense. Nos anos 60, criaram a biblioteca ‘Santorum’ com diversas figuras bíblicas e de santos. Quando chegaram a José, o reitor me chamou e disse que, como eu era josefino, devia escrever o fascículo sobre o pai de Jesus. Eu não queria, porque não havia nada para dizer… Ou eu ia inventar? Depois que ele insistiu, comecei a estudá-lo e me dei conta do quanto eu era ignorante, e assim fui me dedicando a ele durante cinquenta anos.

    Pode nos falar do centro de pesquisas que você dirige?

    -Pe. Tarcisio: É o Movimento Josefino. Foi fundado em 1983 pelo padre Ángelo Renero, com o objetivo de divulgar a figura de São José. É um compromisso da congregação para colocar o próprio carisma à disposição dos outros.

    Vamos falar de São José, cuja festa mais conhecida é celebrada neste dia 19 de março. Na Itália é também o dia dos pais. Por que São José é um modelo para os pais de família?

    -Pe. Tarcisio: Porque ele é um homem que se coloca a serviço da família. Ele comanda a família, é verdade, mas é ao mesmo tempo o menor, porque serve os outros com amor. Ele não gerou Jesus, mas é seu pai, e, na exortação apostólica Redemptoris Custos, o beato João Paulo II defende a plena autenticidade da paternidade de José.

    Temos duas festas mais conhecidas e outras que não se celebram mais…

    -Pe. Tarcisio: Certas festas foram criadas por motivos contingentes. Por exemplo, quando havia problemas com os trabalhadores, o papa Pio XII instituiu uma e colocou São José como padroeiro da classe trabalhadora (1º de maio). Mas agora, que desaparece o sentido do trabalho, isso perde interesse e, inclusive, é memória livre... A festa mais importante de São José é o dia 19 de março, estabelecida provavelmente por Gregório XI no século XIV, e fixada como solenidade por Paulo VI em 1969. Nesta festa nós veneramos José como esposo de Maria e, por conseguinte, como pai de Jesus. Nesse dia também celebramos o reconhecimento dele como padroeiro da igreja universal, que é o corpo místico do seu filho Jesus. Tudo está relacionado… Também existia a festa do Casamento de José e Maria, em 23 de janeiro, que não se celebra mais oficialmente, mas podemos aproveitá-la, porque, se queremos falar da família, vale a pena promovê-la.

    Olhando para a tradição judaica e para a vida cotidiana de Nazaré, o que Jesus aprendia do pai?

    -Pe. Tarcisio: Ele aprendeu a experiência, que é muito diferente do conhecimento especulativo. Aprendia da vida humana, porque foi verdadeiramente criança, jovem, trabalhador. Aprendeu a falar, a rezar, a ler a palavra de Deus ao lado dos pais. E algo muito importante: Jesus o honrou chamando-o de ‘papai’, como chamava o seu pai de ‘Abbá’.

    José, assim como Maria, também "guardava tudo em seu coração"?

    -Pe. Tarcisio: O evangelho não diz, mas é claro que ele meditava. Estamos fazendo um estudo teológico sobre as representações artísticas que mostram José com um livro, como vemos também no caso de Maria quando ela recebe o anjo, para demonstrar que ela via na vontade de Deus o que tinha que fazer. Também na iconografia vemos José lendo o livro; ele não era só o trabalhador, mas também lia e procurava entender o que tinha que fazer para cumprir a vontade de Deus. A Redemptoris Custos reitera que ele estava "junto" com Maria, então é claro que ele meditava com ela tudo em seu coração.

    Nas pinturas e imagens, ele está às vezes com uma flor, outras vezes com um bastão que floresce. É a mesma coisa?

    -Pe. Tarcisio: Não. O bastão é o ramo florescente da amendoeira que Deus fez brotar para escolher o sumo sacerdote Aarão como custódio do Tabernáculo, em Números 17,16. Agora, é José que foi escolhido diretamente por Deus como custódio de um tabernáculo mais precioso, que é Jesus. A amendoeira, em hebraico, significa vigilante, é a primeira flor que aparece na primavera e avisa que a estação chegou. Por isso, é José quem nos avisa que a encarnação chegou. Nos quadros do final do século XIX era sempre assim, mas os pintores não entenderam bem e introduziram o lírio ou a açucena, que significam a pureza, mas esqueceram que o mais importante é a escolha.

    Temos só os evangelhos da infância ou os padres da Igreja também escreveram sobre São José?

    -Pe. Tarcisio: Os padres da Igreja, até São Bernardo, falam com grande respeito de São José. Vamos levar em conta que eles não tinham os manuais de teologia de hoje, só o evangelho, e principalmente Mateus, que era lido na igreja. E o que era lido? Era a genealogia de Jesus, e ninguém podia escapar dela. Por isso, todos a descreviam com uma teologia belíssima, como um elemento essencial na encarnação. Com o tempo, os apócrifos influenciaram muito, com suas lendas e fantasias, que lamentavelmente ficaram. Por exemplo, aqui na Europa, ele é apresentado com um ancião, mais adormecido do que ativo.

    E a devoção à boa morte, de onde vem?

    -Pe. Tarcisio: Isto surgiu porque as pessoas querem morrer bem. Se ele morreu no meio de Jesus e Maria, o que podia ser melhor? É uma devoção, não é teologia, mas esta devoção tem que nos levar até a mesma fonte.

    A fé de São José foi fundamental, mas acredita-se que ele teve dúvidas, especialmente sobre Maria…

    -Pe. Tarcisio: Não, pelo contrário, ele era o patriarca por excelência, o esplendor dos patriarcas, mais que Abraão, que era o pai da fé. Ele não tinha crise, mas dificuldade sim, porque se situava diante do mistério, de algo tão grande para ele, e se perguntava: “O que é que eu faço aqui? Se Deus escolheu Maria, eu tenho o direito de tê-la como esposa? Se ele é o filho de Deus, eu tenho direito de dizer que é meu filho? Não estaria enganando a todos?”. Ele pensa em ir embora, mas Deus lhe diz, em sonhos, que ele tem que ficar e ser o pai do menino, o esposo de Maria, sem tocá-la, e dar a ele o nome de Jesus e reconhecê-lo, que era importante porque só o pai podia fazer isso. Deste modo, Jesus também seria da descendência de Davi, graças ao seu pai, não à sua mãe. E não se deve pensar que ele se sentia traído por Maria…

    Então, também é um modelo de fé?

    -Pe. Tarcisio: Sim, porque ele aceitou e fez a vontade de Deus. Viveu o que chamamos de peregrinação da fé, um caminho que, na medida em que se conhece o que Deus quer, se cumpre. Não é só crer na verdade, mas cumprir através da fé.

    Dizem que está sendo estudada a fórmula para dar um grau mais alto a São José, talvez um dogma…

    -Pe. Tarcisio: Dizem muitas coisas, mas basta conhecer bem a teologia do matrimônio para entender o nível de José ao lado de Maria como seu esposo…

    De tudo o que você já leu e descobriu, o que descreve melhor quem é São José?

    -Pe. Tarcisio: Eu descobri a participação que ele teve no plano da salvação, e que ele é um personagem-chave da encarnação. Sem ele, não poderia haver a encarnação nem a redenção, que são muito unidas.

    Na paróquia de São José na Via Aurélia, que vocês construíram aqui em Roma, há uma tapeçaria que foi um presente do papa Paulo VI, não é?

    -Pe. Tarcisio: Sim, foi feita para um aniversário da proclamação de São José como padroeiro da Igreja, declarado por Pio IX, mas não foi exposta em São Pedro. Eu soube que ela estava guardada, e um dia Paulo VI me perguntou o que ele podia me dar pelo trabalho que eu tinha feito na comissão da Nova Vulgata. Eu pedi o tapete e ele me deu. Nesta bela obra, podemos ver José olhando para cima, porque ele é apresentado como um contemplativo, com dois anjos ao lado: um que mostra o decreto que o nomeia, e outro que lhe apresenta uma igreja para a sua proteção.

    Podemos saber que a sua obra continuará, já que o padre Alberto o acompanha já faz alguns anos… Pe. Alberto, por que São José Marello escolhe São José como padroeiro da congregação?

    -Pe. Alberto: Era o clima do século XIX, em que uma infinidade de congregações nasceram sob o seu patrocínio com a declaração de Padroeiro Universal. E o fundador viu em São José o caminho para servir à igreja, como modelo de união com Jesus e de serviço à igreja.

    E o que ele aconselhou aos seus filhos sobre São José?

    -Pe. Alberto: Ele o propôs sempre, em várias circunstâncias. Por exemplo, na área educativa, ele nos dizia para confiar sempre a São José os nossos alunos e nós próprios. E para nós, religiosos, ele dizia que deveríamos viver o nosso ministério como ele, em união íntima com Jesus, servindo e realizando a vontade de Deus. Que ele seja o nosso modelo e protetor e que nós recorramos sempre a São José.

    Você vem ajudando o padre Tarcisio. O você encontrou de novo neste trabalho?

    -Pe. Alberto: Da importância de São José eu não duvidei nunca. Mas com este trabalho ao lado do padre Tarcisio eu obtenho um aprofundamento. É uma janela que se abre, e eu vejo que ela se abre cada vez mais. Por exemplo, este aspecto teológico de São José… Porque nós, na congregação, sempre rezamos para ele, mas é diferente quando você descobre o fundamento, que não é só pessoal ou sentimental, mas está relacionado com a raiz da fé. Como sacerdote, é algo novo para mim, que me fortalece na fé e na confiança.

    Padre Tarcisio, qual é a maior basílica do mundo dedicada a São José? E quantas congregações têm o nome dele?

    -Pe. Tarcisio: Uma basílica bem grande é a basílica menor em honra de São José em Montreal, no Canadá, fundada em 1904, graças ao veneradíssimo santo Ir. Andrés Besset, da congregação da Santa Cruz. Este dado, e outros inumeráveis, você pode consultar no nosso site, movimentogiuseppino.wordpress.com.

    São José já fez algum milagre com você?

    -Pe. Tarcisio: A amizade dele. É o que me mais me toca, porque ele me tem sob a sua proteção e esse é o milagre mais bonito. Eu rezo a ele porque ele é o meu diretor, é ele quem manda, e eu faço as coisas. O trabalho é ele quem me manda. Por exemplo, você, do ZENIT, não fui eu que procurei, foi ele quem mandou até aqui!

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    Editora Ave-Maria faz 114 anos de fundação no Brasil
    Entrevista ao Gerente Editorial da Editora Ave-Maria

    Por Tarcísio Siqueira

    BRASILIA, quinta-feira, 22 de março de 2012 (ZENIT.org) – Augusto Nascimento, Gerente Editorial da Editora Ave-Maria, concedeu uma breve entrevista ao Zenit para explicar o sentido e a missão da Editora Ave Maria, fundada há 114 anos atrás. Augusto Nascimento é formado em Comunicação Social pela ECA/USP, Mestre em Letras pela FFLCH/USP e trabalha no mercado editorial há 12 anos.

    A Editora Ave Maria foi fundada em que ano e por quem? E qual sua missão inicial?

    A editora foi fundada pela Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos), em 1898. Eles chegaram ao Brasil em 1895, com a missão de divulgar a Palavra de Deus, pelos meios mais oportunos e eficazes. Assim, em 1898, começaram sua primeira publicação no Brasil, a Revista Ave-Maria, publicação mariana, de circulação mensal, ininterrupta, há 114 anos.

    Desde a fundação como têm sido a busca por livros e autores para novos lançamentos? Chegam à editora muitas solicitações de análise de novos livros todos os anos? 

    A editora publica prioritariamente nas seguintes áreas: espiritualidade, devoção, teologia, estudos bíblicos, liturgia e catequese. Além de autores já consagrados, lançamos também autores inéditos. Recebemos centenas de originais todos os anos. Destes, publicamos cerca de 25 títulos por ano. Assim, temos condições de editar apenas uma pequena parte dos textos que recebemos. A escolha recai sobre aqueles títulos que tragam conteúdo consistente e que possam despertar o interesse de nosso público; tudo dentro de nossas linhas editoriais, é claro. Assim, não publicamos, por exemplo, livros de ficção ou poesia. São escolhas que a editora tem que fazer para ter uma identidade.

    Além dos livros, nossa principal publicação hoje é a Bíblia Ave-Maria, com uma circulação de mais de 600 mil exemplares por ano.

    Dentro da história recente da Editora qual livro ou autor tem se destacado como preferido pelo público brasileiro?

    Temos tido muito êxito com a Minha primeira Bíblia, uma adaptação da Bíblia para crianças, escrito pelo Pe. Luís Erlin, com ilustrações do Maurício de Sousa (Turma da Mônica). O livro, lançado em 2009, já alcançou uma circulação de mais de 100 mil exemplares. Outro destaque é o livro Cinco minutos de Deus, escrito por Alfonso Milagros. A obra, que traz uma pequena meditação diária para cada dia do ano, teve a primeira edição em 1986 e continua tendo grande interesse do público católico.

    Como apoio aos leitores de Zenit, pode compartilhar, quais são os requisitos obrigatórios que um autor deve atender para ter um livro publicado pela Editora? 

     Para ter seu livro publicado, o autor deve enviar-nos seu texto, que deve se encaixar em uma de nossas linhas editoriais. Então, a obra será avaliada por um conselho editorial, que avaliará se o texto se encaixa nas prioridades editoriais da editora. Como disse, a editora recebe centenas de texto todos os anos. E podemos publicar apenas cerca de 5% desse total. Independentemente de o texto ser ou não aceito, todos os originais que recebemos são avaliados e, então, damos uma resposta ao autor.

    Podemos já conhecer algum grande lançamento previsto para os próximos meses? e aonde podemos encontrá-lo?

    Para os próximos meses, vamos lançar o Cinco minutos de Jesus para Crianças, escrito pelo Pe. Luís Erlin. É uma versão infantil do nosso clássico Cinco minutos de Deus, com uma pequena meditação diária para as crianças refletirem sobre seu dia a dia, aprenderem a rezar e conhecerem um pouco sobre a fé católica.Além disso, teremos para o segundo semestre um projeto muito especial voltado para os jovens, já pensando na Jornada Mundial da Juventude, que acontece no Brasil, em 2013.

    Todos os nossos livros podem ser encontrados no site www.avemaria.com.br, na nossa rede de livrarias,  e em outras livrarias católicas.

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    Espiritualidade


    A mulher, mediadora da paz
    As virtudes femininas exaltadas pela Virgem Maria

    Irmã M. Caterina Gatti

    ROMA, terça-feira, 20 de março de 2012 (ZENIT.org) – O papa Bento XVI escreveu na mensagem para a Jornada Mundial da Paz 2008 que “a família é a primeira e insubstituível educadora para a paz, porque na sadia vida familiar se experimentam os componentes fundamentais da paz: a justiça e o amor entre irmãos e irmãs, a função da autoridade expressa dos pais, o serviço amoroso dos membros mais frágeis por serem pequenos, doentes ou anciãos, a ajuda mútua nas necessidades da vida, a disponibilidade para acolher o outro e, se necessário, para perdoá-lo”.

    Todos estes, como outros componentes da paz, são também características fundamentais da mulher: o acolhimento do outro, a ajuda recíproca e a disponibilidade ao sacrifício, o amor desinteressado, a sensibilidade, a atenção. São virtudes ínsitas da feminilidade, o que nos permite dizer que a mulher é chamada a ser testemunha, mensageira, educadora e mestra da paz.

    A mulher tem uma vocação particular na promoção da paz em família e em todo âmbito da vida social, econômica e política de nível local, nacional e internacional. Ela é mediadora de paz antes de tudo na própria família, para sê-lo depois na sociedade toda, da qual a família constitui a célula primeira.

    A igreja, por isso, encaminha um convite particular à mulher para ser educadora de paz, com todo o seu ser e seu agir, nas relações entre as pessoas e as gerações, na cultura, na vida social e política das nações e, de modo particular, nas situações de guerra e de conflito. Tal convite se apóia na consideração de que Deus confia a ela de modo especial o homem, o ser humano (cf. João Paulo II, Mulieris Dignitatem).

    Para desenvolver melhor esta missão, a mulher precisa primeiro cultivar a paz interior, que é fruto do sentir-se e saber-se amada por Deus e do querer corresponder ao seu amor. Na história, encontramos muitos exemplos de mulheres que souberam enfrentar muitas situações de dificuldade, discriminação, abuso, violência e guerra, graças a esta consciência.

    Um âmbito em que a paz pode ser promovida pela mulher, como já dito, é o da família: toda mãe exerce um papel de primária importância na educação dos filhos, por fazer nascer neles aquela segurança e confiança que são necessárias para o correto desenvolvimento da identidade pessoal.

    Isto permitirá, por conseguinte, que eles se relacionem de maneira positiva com os outros. Se a relação com o marido também é caracterizada pelo afeto, pela atenção, estima e respeito recíproco, os filhos aprendem, ao vivo, esses valores que promovem e caracterizam a paz. Tal relação incide na psicologia dos filhos e condiciona os relacionamentos que eles tecerão durante a existência. E disto a mulher deve ser bem ciente: o seu ser como educadora da paz e testemunha de paz no núcleo familiar tem impactos nada indiferentes sobre a sociedade inteira.

    São Pio de Pietrelcina dizia que a mulher deve ser o anjo da paz em família, construtora do ambiente de acolhida, que permite aos filhos perceberem o amor de Deus nas relações familiares e crescerem numa espontânea abertura aos outros.

    A paz é posta com frequência nas mãos das mulheres, mesmo na sua decisão de acolher ou não a nova vida que germinou em seu seio. A igreja as convida a se inclinarem sempre à vida, conscientizando-se e procurando transmitir aos outros que o atentado contra a vida humana em seu início é também uma agressão contra a sociedade. A mulher, que é depositária da vida desde a sua concepção, deve se dar conta de que “na violação do direito à vida do indivíduo humano está contida, em germe, a extrema violência da guerra” (Jornada Mundial pela Paz, 1995). O santo padre Bento XVI nos lembra que, junto com as vítimas da guerra, do terrorismo e de muitas formas de violência, existem, não menos importantes, as vítimas silenciosas do aborto e da experimentação com embriões: “Como não ver nisso tudo um atentado contra a paz?”, pergunta o papa. Se uma das características da paz é a postura de acolhimento ao outro, é claro que o aborto, e com ele a experimentação com embriões, constitui um ataque direto a tal princípio indispensável para instaurar relações de paz duradouras.

    Da mesma opinião era a beata Madre Teresa de Calcutá, que, no já distante ano de 1979, dizia: “Sinto que hoje o maior destruidor da paz é o aborto, porque é uma guerra direta, um assassinato direto, um homicídio direto pela mão da própria mãe. Se uma mãe pode matar o próprio filho, nada resta que me impeça de matar você, nem a você de me matar. O aborto é o princípio que põe a paz do mundo em perigo”.

    A mulher, para realizar melhor este grande compromisso que Deus lhe confia, tem de recorrer à intercessão de Maria Santíssima, mediadora por excelência, a Rainha da paz.

    Na grande família que é a igreja, é Nossa Senhora quem desempenha o papel fundamental de mediar a paz entre o homem e Deus. Maria disse a Santa Brígida: “Como o ímã atrai o ferro, assim eu atraio a mim os corações mais endurecidos para reconciliá-los com Deus”.

    São o seu amor materno, a sua acolhida, a sua doçura que conquistam o pecador e o empurram a pedir perdão pelas faltas para com Deus. Invoquemos Maria Santíssima, Rainha da paz. “Ela suscite mulheres de iniciativa e coragem [...] que se tornem, na igreja e na sociedade, tecedoras de união e de paz” (João Paulo II, ângelus, 12 de fevereiro de 1995).

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    São Basílio e a fé no Espírito Santo
    Terceira Pregação de Quaresma do Padre Raniero Cantalamessa

    CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 23 de março de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos o texto da terceira pregação de Quaresma do padre Raniero Cantalamessa, O.F.M.Cap., pregador da Casa Pontifícia, tida nesta manhã na Capela "Redemptoris Mater” no Vaticano.

    ***

    1. A fé termina nas coisas

    O filósofo Edmund Husserl resumiu o programa da sua fenomenologia no lema: Zu den Sachen selbst!, dirigir-se para as mesmas coisas, para as coisas como elas realmente são na realidade, antes da conceituação e formulação delas. Outro filósofo, vindo depois dele, Sartre, diz que "as palavras e, com elas, o significado das coisas e os modos do seu uso” são apenas “os sinais sutis de reconhecimento que os homens têm traçado na superfície deles": é necessário superá-los para ter a súbita revelação, que tira o fôlego, da "existência" das coisas (J.-P. Sartre, La Nausea, trad. ital, Milano 1984, p. 193 s, Tradução Portuguesa nossa).

    Santo Tomás de Aquino tinha formulado muito antes um princípio análogo em referência às coisas ou aos objetos da fé: "Fides non terminatur ad enunciabile, sed ad rem”: a fé não termina nos enunciados, mas na realidade (Tomas de Aquino, Suma teologica, II-IIae , q. 1,a.2,ad 2.). Os Padres da Igreja são modelos insuperáveis ​​desta fé que não para nas fórmulas, mas vai até a realidade. Tendo passado esta era de ouro dos grandes padres e doutores, vemos quase que imediatamente o que um estudioso do pensamento patrístico define “o triunfo do formalismo" [Cf. G. Prestige, God in Patristic Thought, London 1936, chap. XIII( trd. Ital., Dio nei pensiero dei Padri, Bologna, il Mulino, 1969, pp. 273 ss), Tradução portuguesa nossa]. Conceitos e termos, como substância, pessoa, hipóstase, são analisados ​​e estudados por si mesmos, sem a constante referência à realidade que com eles os criadores do dogma tinham tentado expressar.

    Atanásio é talvez o caso mais exemplar de uma fé que está mais preocupada com o conteúdo do que com o seu enunciado. Por algum tempo, depois do Concílio de Nicéia, ele parece quase ignorar o termo homousios, consubstancial, embora defendendo com a tenacidade que vimos na última vez o seu conteúdo, ou seja, a plena divindade do Filho e a sua igualdade com o Pai. Também está pronto para acolher termos equivalentes para ele, desde que ficasse claro que se pretendia manter firme a fé de Nicéia. Só mais tarde, quando ele percebeu que aquele termo era o único que não deixava brechas para as heresias, fez cada vez mais uso dele.

    Destacamos isto porque conhecemos os danos que causados à comunhão eclesial o fato de dar mais importância ao acordo dos termos do que ao conteúdo da fé. Nos últimos anos tem sido possível restaurar a comunhão com algumas igrejas orientais, as assim chamadas monofisitas, tendo reconhecido que o contraste deles com a fé de Calcedônia estava no significado diferente atribuído aos termos ousia e hipóstase, e não na substância da doutrina. Também o acordo entre a Igreja Católica e a Federação Mundial das Igrejas Luteranas sobre o tema da justificação pela fé, assinado em 1998, mostrou que o conflito secular sobre este ponto estava mais nos termos do que na realidade. As fórmulas, uma vez inventadas, tendem a fossilizar-se, tornando-se bandeiras e sinais partidárias, ao invés de expressões de fé vivida.

    2. São Basílio e a divindade do Espírito Santo

    Hoje subimos nos ombros de um outro gigante, São Basílio o Grande (329-379), para analisar com ele, uma outra realidade da nossa fé, o Espírito Santo. Veremos em breve como também ele é um modelo da fé que não pára nas fórmulas mas vai até a realidade.

    Sobre a divindade do Espírito Santo, Basílio não fala nem a primeira e nem a última palavra, ou seja não é aquele que abre o debate e nem sequer aquele que o conclui. Quem abriu a discussão sobre o estatuto ontológico do Espírito foi Santo Atanásio. Até ele, a doutrina sobre o Paráclito permaneceu na sombra, e entendemos o motivo: naõ era possível definir a posição do Espírito Santo na divindade, antes de ter definido aquela do Filho. Somente se limitava a dizer no símbolo de fé: “e creio no Espírito Santo”, sem outros acréscimos.

    Atanásio, nas Cartas a Serapião, inicia o debate que levará à definição da divindade do Espírito Santo no Concílio de Constantinopla em 381. Ensina que o Espírito é plenamente divino, consubstancial com o Pai e com o Filho, que não pertence ao mundo das criaturas, mas ao do criador e a prova, também aqui, é que o seu contato nos santifica, nos diviniza, coisa que não poderia fazer se não fosse ele mesmo Deus.

    Eu disse que Basílio não falou nem sequer a última palavra. Ele se abstém de aplicar ao Paráclito o título de "Deus" e aquele de "consubstancial". Afirma claramente a fé na plena divindade do Espírito usando expressões equivalentes, como a igualdade com o Pai e o Filho na adoração (a isotimia), a sua homogeneidade e não heterogeneidade, no que diz respeito a eles. São os termos nos quais a divindade do Espírito Santo foi definida no Concílio Ecumênico de Constantinopla do ano 381 e que constroem o artigo de fé sobre o Espírito Santo que professamos ainda hoje no credo.

    Essa atitude prudencial de Basílio, dirigida a não distanciar ainda mais o partido adversário dos Macedonianos, provocou-lhe a crítica de Gregório Nazianzeno que coloca o amigo entre aqueles que tiveram bastante coragem para pensar que o Espírito Santo seja Deus, mas não o bastante para proclamá-lo tal explicitamente. Quebrando todo atraso, ele escreve: "O Espírito é portanto Deus? Certamente! É consubstanciais? Sim, se é verdade que é Deus" (Gregorio Nazianzeno, Oratio 31, 5.10; cf. também Oratio 6: “Até quando esconderemos a lâmpada debaixo do móvel e não proclamaremos em alta voz a plena divindade do Espírito Santo?”).

    Se, portanto, Basílio não fala, sobre a teologia do Espírito Santo, nem a primeira nem a última palavra, por que escolher justamente ele como nosso mestre de fé no Paráclito? É que Basílio, como já Atanásio, está mais preocupado pela “coisa” do que pela sua formulação, mais pela plena divindade do Espírito do que pelos termos com os quais expressar essa fé. O que mais lhe interessa, para colocá-lo nos termos de Tomás de Aquino, é a coisa e não a sua enunciação. Ele nos transporta no coração da pessoa e da ação do Espírito Santo.

    Basílio tem uma Pneumatologia concreta, vivida, não escolástica, mas “funcional” no sentido mais positivo do termo, e é aquele que a faz particularmente atual e útil para nós hoje. Por causa da conhecida questão do Filioque, a pneumatologia acabou restringindo-se nos séculos, quase que exclusivamente, ao problema do modo da procissão do Espírito Santo: se somente do Pai como dizem os orientais, ou também do Filho, como professam os latinos. Algo da pneumatologia concreta dos Padres foi passada nos tratados sobre "Os Sete Dons do Espírito Santo", mas limitado ao âmbito da santificação pessoal e à vida contemplativa.

    O Concílio Vaticano II iniciou uma renovação neste campo, por exemplo, quando passou os carismas da hagiografia, ou seja da vida dos santos, para a eclesiologia, ou seja para a vida da Igreja, falando deles na Lumen Gentium (Cfr. Lumen gentium, 12.). Mas foi apenas um começo; ainda há muito a ser feito para destacar a ação do Espírito Santo em toda a vivência do povo de Deus. Na ocasião do XVI centenário do Concílio Ecumênico de Constantinopla do 381, o Beato João Paulo II escreveu uma carta apostólica na qual entre outras coisas dizia: "Todo o trabalho de renovação da Igreja que o Concílio Vaticano II tão providencialmente propôs e começou ... não pode ser realizado a não ser no Espírito Santo, isto é, com a ajuda da sua luz e da sua força" (João Paulo II. “Em Concílio Costantinopolitano I”, em AAS 73, 1981, p. 521.). Basílio, veremos, será nosso guia neste caminho.

     3. O Espírito Santo na história da salvação e na Igreja

    É interessante conhecer a origem do seu tratado sobre o Espírito Santo. Curiosamente está ligada à oração do Gloria Patri. Durante uma liturgia, Basílio tinha pronunciado a doxologia às vezes na forma: "Glória ao Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo”, às vezes sob a forma: "Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo". Esta segunda forma esclarecia mais que a primeira a igualdade das três pessoas, coordenando-as, ao invés de subordiná-las, entre si. Na atmosfera superaquecida das discussões sobre a natureza do Espírito Santo, a coisa provocou protestos e Basílio escreveu a sua obra para justificar as suas ações; na prática, para defender contra os hereges macedonianos a plena divindade do Espírito Santo.

    Mas vamos direto ao ponto que faz a doutrina de Basílio especialmente atual: a sua capacidade de destacar a ação do Espírito em cada momento da história da salvação e em cada setor da vida da Igreja. Começa da obra do Espírito na criação.

    "Na criação dos seres a causa primeira de tudo o que existe é o Pai, a causa instrumental o Filho, a causa aperfeiçoadora é o Espírito. É pela vontade do Pai que os espíritos criados subsistem; é pela força operativa do Filho que são conduzidos ao ser e pela presença do Espírito que chegam à perfeição... Se tentas tirar o Espírito da criação, todas as coisas se misturarão e a vida delas aparece sem lei, sem ordem, sem qualquer determinação" (Basílio, Sobre o Espírito Santo, XVI, 38 (PG 32, 137B); trad. ital. di E. Cavalcanti, L’esperienza di Dio nei Padri Greci, Roma 1984, Tradução portuguesa nossa).

    Santo Ambrósio retomará de Basílio este pensamento tirando dele uma conclusão sugestiva. Referindo-se aos primeiros dois versos do Gênesis (“a terra estava deserta e sem forma e as trevas cobriam o abismo”) ele observa:

    "Quando o Espírito começou a pairar sobre isso, o criado não tinha ainda nenhuma beleza. Em vez disso, quando a criação recebeu a operação do Espírito, obteve todo este esplendor de beleza que a fez brilhar como 'mundo' " (Ambrogio, Sobre o Espírito Santo, II, 32.).

    Em outras palavras, o Espírito Santo é aquele que faz o criado passar do caos para o cosmos, que faz dele algo belo, ordenado, limpo: um “mundo” (mundus) precisamente,  de acordo com o significado original desta palavra e da palavra grega cosmos. Agora nós sabemos que a ação criadora de Deus não se limita ao instante inicial, como se acreditava na visão deísta ou mecanicista do universo. Deus não “foi” uma vez, mas sempre “é” criador. Isso significa que Espírito Santo é aquele que faz passar o universo, a Igreja e cada pessoa, do caos ao cosmos, ou seja: da desordem à ordem, da confusão à harmonia, da deformidade à beleza, do velho ao novo. Não, é claro, mecanicamente e abruptamente, mas no sentido de que está trabalhando nela e guia a sua evolução para uma finalidade. Ele é aquele que sempre “cria e renova a face da terra” (cf. Sl 104,30).

    Isso não significa, explicava Basílio naquele mesmo texto, que o Pai tinha criado algo imperfeito e “caótico” que tinha necessidade de correções; simplesmente, era o plano e a vontade do Pai de criar por meio do Filho e conduzir os seres à perfeição por meio do Espírito.

    Da criação o santo Doutor passa a ilustrar a presença do Espírito na obra da redenção:

    "No que diz respeito ao plano de salvação (oikonomia) para o homem por obra do nosso grande Deus e salvador Jesus Cristo, estabelecido segundo a vontade de Deus, quem poderia negar que se realiza por meio da graça do Espírito?" (Basílio, Sobre o Espírito Santo, XVI, 39.).

    Chegando aqui, Basílio se abandona a uma contemplação da presença do Espírito na vida de Jesus que está entre as passagens mais bonitas da obra e abra à pneumatologia um campo de pesquisa que só recentemente começou a ser reconsiderado (J.D.G.Dunn, Jesus and the Spirit, London 1988.). O Espírito Santo está em ação já no anúncio dos profetas e na preparação para a vinda do Salvador; é pelo seu poder que se realiza a encarnação no seio de Maria; é ele o crisma com o qual Jesus foi ungido por Deus no batismo. Toda obra sua foi realizada com a presença do Espírito. Este "estava presente quando foi tentado pelo diabo, quando fazia milagres, não o deixou quando ressuscitou dos mortos, e no dia da Páscoa o derramou sobre os discípulos (cf. Jo 20, 22 s.). O Paráclito foi "o companheiro inseparável" de Jesus ao longo da sua vida.

    Da Vida de Jesus, São Basílio passa a ilustrar a presença do Espírito na Igreja:

    "E a organização da Igreja, não é claro e indiscutível que é obra do Espírito? Ele próprio deu à Igreja, diz Paulo, 'em primeiro lugar os apóstolos, depois os profetas, depois os mestres ... Esta ordem está organizada de acordo com a diversidade dos dons do Espírito" (Basilio, Sobre o Espírito Santo, XVI, 39).

    Na anáfora que leva o nome de São Basílio - que a nossa atual Oração Eucarística IV tem seguido de perto -, o Espírito Santo tem um lugar central.

    A última imagem retrata a presença do Paráclito na escatologia: "Também no momento do evento da esperada manifestação do Senhor aos céus – escreve Basílio – não está ausente o Espírito Santo”. Neste momento haverá, para os salvos, a passagem das “primícias” para a posse plena do Espírito” e para os réprobos a separação definitiva, o corte claro, entre a alma e o Espírito (Ib. XVI, 40.).

    4. A alma e o Espírito

    São Basílio não fica, porém, com a ação do Espírito na história da salvação e na Igreja. De ascético e  homem espiritual, o seu principal interesse é pela ação do Espírito na vida de cada batizado. Embora ainda sem estabelecer a distinção e a ordem das três vias que se tornarão clássicas mais tarde, ele destaca maravilhosamente a ação do Espírito Santo na purificação da alma do pecado, na sua iluminação e na divinização que ele chama também “intimidade com Deus” (Ib. XIX, 49.).

    Só podemos ler a página na qual, em referência constante com as Escrituras, o santo descreve essa ação e deixar-nos conquistar pelo seu entusiamo:

    "A relação de familiaridade do Espírito com a alma, não é uma aproximação no espaço – de fato, como poderia aproximar-se o incorpóreo corporalmente? –  mas, em vez disso, consiste na exclusão das paixões, as quais, como consequência da sua atração pela carne, chegam à alma e a separam da união com Deus. Purificados da imundicie da qual tinha se sujado por meio do pecado e voltado para a beleza natural, como tendo restituido à uma imagem real a antiga forma por meio da purificação, só assim é possível aproximar-se do Paráclito. Ele, como um sol, reconhecendo o olho purificado, te mostrará em si mesmo a imagem do invisível. Na beata contemplação da imagem, verás a inefável beleza do arquétipo. Por meio dele se elevam os corações, os fracos são levados pela mão, aqueles que progridem atingem a perfeição. Ele, iluminando aqueles que foram purificados de toda mancha, torna-os espirituais através da comunhão com ele. E como os corpos claros e transparentes, quando um raio os atinge, tornam-se eles próprios brilhantes e refletem um outro raio, assim as almas portadoras do Espírito são iluminadas pelo Espírito; elas mesmas se tornam plenamente espirituais e transmitem aos outros a graça. Daqui vem a presciência das coisas futuras; a compreensão dos mistérios; a percepção das coisas ocultas; as distribuições dos carimas, a cidadania celeste; a dança com os anjos; a alegria sem fim; a permanência em Deus; a semelhança com Deus; o cumprimento dos desejos: tornar-se Deus” (Ib. IX,23.)

    Não foi difícil para os estudiosos descobrir por detrás do texto de Basílio imagens e conceitos derivados da Enéade de Plotino e falar, a este respeito, de uma infiltração estranha no corpo do cristianismo. Na verdade, trata-se de um tema puramente bíblico e paulino que se expressa, como era correto, em termos familiares e significativos para a cultura do tempo. Na base de tudo Basílio não coloca a ação do homem – a contemplação – , mas a ação de Deus e a imitação de Cristo. Estamos na antítese da visão de Plotino e de toda filosofia. Tudo, para ele, começa com o batismo que é um novo nascimento. O ato decisivo não está no fim mas no início do caminho:

    "Como na corrida dupla dos estados, uma parada e um descanso separam os caminhos em sentidos opostos, assim também na mudança de vida é necessário que uma morte se coloque no meio das duas vidas para colocar fim ao que precede e para começar as coisas sucessivas. Como conseguir descer aos infernos? Imitando a sepultura de Cristo por meio do batismo" (Ib. XV,35.).

    O esquema básico é o mesmo de Paulo. No capítulo sexto da Carta aos Romanos o Apóstolo fala da purificação radical do pecado que acontece no batismo e no capítulo oitavo descreve a luta que, sustentado pelo Espírito, o cristão deve levar pelo resto da sua existência, contra os desejos da carne, para avançar na vida nova:

    "Os que vivem de acordo com a carne aspiram às coisas da carne; mas os que vivem de acordo com o Espírito aspiram às coisas do Espírito. De fato, a carne aspira ao que conduz à morte; mas o Espírito aspira ao que dá vida e paz. É que a carne aspira à inimizade com Deus, uma vez que não se submete à lei de Deus; aliás nem sequer é capaz disso. Os que vivem sob o domínio da carne são incapazes de agradar a Deus [...]. Portanto, irmãos, somos devedores, mas não à carne, para vivermos de acordo com a carne. É que, se viverdes de acordo com a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis". (Rm 8, 5-13).

    Não devemos admirar-nos se para ilustrar a tarefa descrita por São Paulo, Basílio tenha usado uma imagem de Plotino. Ela está na origem de uma das metáforas mais universais da vida espiritual e hoje fala a nós o mesmo que aos cristãos daquela época:

    "Vamos, retornes a ti mesmo e olhes; e se ainda não te ves bonito, imita o autor de uma estátua que tem que conseguir a sua beleza: em parte bate com o cinzel, em parte aplaina; aqui engrossa, ali afina, até quando tenha conseguido expressar um belo rosto na estátua. Igualmente também tu tires o supérfluo, endireita o que está torto, e, por força de purificar o que é escuro, faça que se torne brilhante e não deixe de atormentar a tua estátua até que o divino esplendor da virtude não brilhe diante de ti" [(Plotino, Enneadi I, 9 (trad. ital. di V. Cilento, vol. I,  Laterza, Bari 1973, p. 108, tradução portuguesa nossa].

    Se a escultura, como dizia Leonardo da Vinci, é a arte de remover, tem razão o filósofo quando compara a purificação e a santidade com a escultura. Para o cristão não se trata porém de alcançar uma beleza abstrata, de construir uma bonita estátua, mas de trazer à luz e tornar mais brilhante a imagem de Deus que o pecado tende constantemente a cobrir.

    Conta-se que um dia Miquelângelo, passeando em um pátio de Florênça, viu um bloco de mármore bruto coberto de poeira e lama. Parou de repente para contemplá-lo, depois, como iluminado por um súbito clarão, disse aos presentes: "Nesta massa de pedra está escondido um anjo; quero tirá-lo daí!" E começou a trabalhar com um cinzel para moldar o anjo que havia vislumbrado. Assim é também conosco. Somos ainda massa de pedra bruta, tendo acima muita “terra” e muitos pedaços inúteis. Deus Pai nos olha e diz: “Neste pedaço de pedra se esconde a imagem do meu Filho; quero tirá-la daí, para que brilhe eternamente do meu lado no céu!” E para fazer isso usa o cinzel da cruz, nos poda (cf. Jo 15,2)

    Os mais generosos, não só suportam os golpes do cinzel que vêm de fora, mas também colaboram, o quanto lhes seja concedido, impondo-se pequenos, ou grandes, mortificações voluntárias e quebrando a vontade velha deles. Dizia um padre do deserto: "Se queremos ser completamente livres, aprendamos a quebrar a nossa vontade, e assim, aos poucos, com a ajuda de Deus, avançaremos e chegaremos à plena liberação das paixões. É possível quebrar dez vez a própria vontade em brevíssimo tempo e lhes digo como. Você está passeando e vê algo; o seu pensamento lhe diz: ‘Olha lá’, mas ele responde ao seu pensamento: ‘Não, não olho!’, e quebra a sua vontade” (Doroteo di Gaza, Insegnamenti 1,20 (SCh 92, p. 177).

    Este antigo Padre tem outros exemplos tirados da vida monástica. Se está falando mal de alguém, talvez do superior; o teu homem velho diz: “Participes também tu; diga aquilo que sabes. Mas tu respondes: “Não”. E mortificas o homem velho... Mas não é difícil alongar a lista com outros atos de renúncia, próprios do estado ao qual se vive e do trabalho que se faz.

    Enquanto se vive favorecendo os desejos da carne nós nos parecemos aos dois famosos “Bronzes de Riace”, quando foram encontrados no fundo do mar, todo cobertos de crustáceos e quase irreconhecíveis como figuras humanas. Se também nós queremos brilhar, como estas duas obras-primas após a sua restauração, a Quaresma é o momento oportuno para colocar mãos à obra.

    5. Uma mortificação "espiritual"

    Existe um ponto em que a transformação do ideal de Plotino em ideal cristão permaneceu incompleta, ou pelo menos pouco explícita. São Paulo, ouvimos, diz: "Se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, vivereis." O Espírito não é, portanto, só o fruto da mortificação, mas também o que a torna possível; não está só no final do caminho, mas também no início. Os apóstolos não receberam o Espírito em Pentecostes porque se tornaram fervorosos; tornaram-se fervorosos porque receberam o Espírito.

    Os três Padres Capadócios, eram basicamente ascetas e monges; Basílio, em particular, com as suas Regras monásticas (Asceticon!), foi o fundador do monaquismo cenobítico. Isso os levou a destacar fortemente a importância do esforço humano. O irmão e discípulo de Basílio, Gregório de Nissa, vai escrever nesta linha: "Na medida em que desenvolvas tuas lutas pela piedade, nesta mesma medida se desenvolve também a grandeza da alma por meio destas lutas e destes esforços”[(Gregório Nisseno, De instituto christiano (ed. W. Jaeger, Two Rediscovered Works, Leida 1954, p.46)].

    Na geração seguinte, esta visão da ascese será retomada e desenvolvida por autores espirituais, como João Cassiano, mas separada da sólida base teológica que tinha em Basílio e em Gregório de Nissa. "É a partir deste ponto – nota Bouyer – que o pelagianismo, colocando o esforço humano antes da graça, terá o seu início"( L. Bouyer, La spiritualità dei Padri, Edizioni Dehoniane, Bologna 1968, p. 295.) Mas este resultado negativo dificilmente pode ser atribuído a Basílio e aos Capadócios.

    Voltemos para concluir o motivo que faz com que a doutrina de Basílio sobre o Espírito Santo seja perenemente válida e hoje, dizia, mais do que nunca atual e necessária:  a sua praticidade e adesão à vida da Igreja. Nós latinos temos um caminho privilegiado para fazer nossa e transformar em oração este mesmo tipo de pneumatologia: o hino do Veni Creator.

    Ele é do início ao fim uma contemplação orante daquilo que o Espírito concretamente faz: em toda a terra e na humanidade como Espírito Criador; na Igreja, como Espírito de santificação (dom de Deus, água viva, fogo, amor e unção espiritual) e como Espírito carismático (multiforme nos seus dons, dedo da mão direita de Deus, que coloca sobre os lábios a palavra); na vida individual do fiél, como luz para a mente, amor para o coração, cura para o corpo; como nosso aliado na luta contra o mal e guia no discernimento do bem.

    Invoquemo-Lo com as palavras da primeira estrofe, pedindo-lhe para fazer passar também o nosso mundo e a nossa alma do caos para o cosmos, da dispersão para a unidade, da feiúra do pecado para a beleza da graça.

    Veni, Creator Spiritus, Ó vinde Espírito criador;

    Mentes tuorum visita, visita os teus fiéis no profundo,

    Imple superna gratia, derrama a plenitude da graça,

    Quae tu creasti pectora, corações que tu criastes somente para ti

    [Tradução Thácio Siqueira]

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    O Coração e o grão de Trigo
    Evangelho do V domingo da Quaresma

    Por Padre Angelo del Favero*

    ROMA, quinta-feira, 22 de março de 2012 (ZENIT.org) – Eis que dias virão – Oráculo do Senhor – em que concluirei com a casa de Israel (e com a casa de Judá) uma aliança nova (...): Porei minha lei no fundo de seu ser e a escreverei em seu coração. Então serei seu Deus e eles serão meu povo”. (Jer 31, 31-34).

    “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, apresentou pedidos e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte; e foi atendido por causa da sua submissão.

    E embora fosse Filho, aprendeu, contudo, a obediência pelo sofrimento; e levado à perfeição, se tornou para todos os que lhe obedecem princípio de salvação eterna.” (Hb 5, 7-9).

    “Naquele tempo, ... Jesus lhes respondeu: “É chegada a hora em que será glorificado o Filho do Homem. Em verdade, em verdade, vos digo: Se o grão de Trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto. Quem ama sua vida a perde e quem odeia sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém quer servir-me, siga-me; e onde estou eu, aí também estará o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. (...) e, quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”. (Jo 12, 20-33).

    “Porei minha lei no fundo de seu ser,...” (Jer 31,33): a maravilhosa promessa da “nova aliança” parece já aludir ao destino do grão de Trigo, que o camponês lança no campo e enterra para que possa germinar e dar fruto.

    Começando por Moisés, os profetas continuavam a chamar os Israelitas para a fidelidade à aliança do Senhor: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz! Não endureçais vossos corações...” (Sl 95, 7-8), mas o grito deles permanecia sem escuta todas as vezes.

    E eis que Jeremias anuncia algo impensável, absolutamente novo: acabará a obediência impossível, muito difícil; não será mais necessário se esforçar para praticar a Lei de Deus, e não só não se rebelarão contra ela, mas a obedecerão com todo o coração.

    Então todo mandamento divino suscitará uma resposta dócil, fácil, espontânea; cada Palavra da Lei será escutada com prazer, porque coincidirá com o desejo do nosso mesmo coração: “...Porei minha lei no fundo de seu ser e a escreverei em seu coração” (Jer 31,33).

    Busquemos atualizar tudo isso.

    Então: nós queremos ser pessoas novas, capazes de amar a Deus e ao próximo como Jesus, com o seu mesmo sentir, a sua compaixão, a sua mansidão e humildade, a sua maravilhosa generosidade. Conhecemos o bem que devemos fazer e nos fascina a beleza e a pureza do amor verdadeiro. Sabemos que isso é a alegria e a energia da vida, a sua vitalidade irresistível, como testemunham sem parar o prodígio do útero e a explosão da primavera.

    Mas infelizmente a nossa natureza – o coração, a vontade prática, a liberdade – ferida pelo pecado, se comporta quase sempre como uma semente refratária para entrar na terra, com a amargurada existencia do egoísmo, muitas vezes experimentado.

    Esta lacuna entre o ideal e a prática do amor, está tão enraizada nos comportamentos, também nas pequenas coisas, que não raramente, nos encontramos resignados dizendo: “não há nada a fazer, sou assim”.

    Então, a fé nos ensina que o homem não é capaz, sozinho, de viver radicalmente o Evangelho do amor. Jesus de fato declarou: “ Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, leva muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer!” (Jo 15, 5).

    Estas palavras não se referem à circunstância concreta na qual somos desafiados pelo amor, mas principalmente à eficácia redentora da paixão, morte e ressurreição do Senhor em ordem ao mandamento novo do amor.

    É Ele o “grão de trigo” primogênito, do qual descende e depende a intrínseca vocação de cada cristão para ser o que é em virtude do Batismo: um grão de trigo predestinado a morrer em Cristo para levar muito fruto.

    Jesus foi o primeiro que conheceu a relutância inata da natureza humana para amar “até o fim” (Jo 13,1). E Ele “… aprendeu a obediência pelo sofrimento; e levado à perfeição, se tornou para todos os que lhe obedecem princípio de salvação eterna” (Hb 5, 7-9). Era a nossa natureza humana que aprendia em Jesus, e se tornou finalmente capaz de vencer aquele amor próprio que nos separa de Deus e da sua vida eterna.

    Na fragilidade da nossa natureza assumida, também Jesus não era perfeito e, ainda querendo ser obediente até a morte, no horto das Oliveiras não conseguiu sozinho vencer o instinto de sobrevivência: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice!” (Lc 22, 42). Aprendeu a obediência prática do que sofreu, e se tornou dessa forma perfeito na vontade humana.

    Sofreu o que não queria, sofreu o que não queria sofrer. Era o grão de trigo obediente que não conseguia entregar-se à morte; por isso “apresentou pedidos e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte; e foi atendido por causa da sua submissão” (Hb 5, 7-9).

    Tendo rezado intensamente, recebeu a força de aceitar e cumprir a vontade do Pai, e a transmitiu para cada um de nós por meio da comum natureza humana por Ele assumida.

    Transmitiu assim à humanidade a lei do grão de trigo, a lei pascal: vence-se perdendo, conquista-se doando, vive-se morrendo, ama-se sofrendo.

    Para que o amor puro substitua o amor próprio no coração do homem é necessário o trabalho, aparentemente mortal, do parto.

    “Mais uma vida está assinalada pelo amor por este desprezo de si, das próprias forças, das próprias energias, mais está caracterizada pelo morrer, mais a vida é levada a esse rebento novo, incorruptível” (M. I. Rupnik, Le bende della carità, em Anche se muore vivrà”).

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    * Padre Angelo del Favero, cardiólogo, em 1978 co-funfou um dos primeiros Centros de Ajuda à Vida junto à Catedral de Trento. Tornou-se carmelita em 1987. Foi ordenado sacerdote  em 1991 e esteve como conselheiro spiritual no santuário de Tombetta, perto de Verona. Atualmente se dedica à espiritualidade da vida no convento Carmelita de Bolzano, junto à paróquia Madonna del Carmine.

    [Tradução Thácio Siqueira]

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    Cardeal fala sobre o Filme "Bella": Um Filme Conectado a Vida...
    Caros amigos, o Cardeal Rigali disse em poucas palavras sua impressão sobre o filme BELLA: «tem uma mensagem que está muito conectada à VIDA: aos problemas da VIDA, aos desafios da VIDA, à VALORIZAÇÃO da VIDA». Caro Leitor, estamos REUNINDO um GRUPO de amigos PARA encomendar este belo filme diretamente da Distribuidora, por APENAS: R$ 19,99 (COM FRETE INCLUIDO PARA QUALQUER LUGAR DO BRASIL) Solicite maiores informações PELO E-MAIL: tasantosjr@filmebella.com

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    Dom Célio Goulart recomenda um livro de preparação para o Matrimônio lançado em sua Diocese...
    Caros amigos, Dom Célio Goulart, Bispo de São João Del-Rei, definiu bem o livro Preparação para o Matrimônio - Curso básico para agentes, lançado em sua diocese: "aborda de maneira didática, clara e com segurança os temas comuns apresentados em Encontros de Noivos." Livro por apenas: R$ 24,99 (com frete para Qualquer cidade no Brasil). Solicite informações pelo email: quero.reservar.um.livro@gmail.com

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    Immaculata mea

    In sobole Evam ad Mariam Virginem Matrem elegit Deus Filium suum. Gratia plena, optimi est a primo instanti suae conceptionis, redemptionis, ab omni originalis culpae labe praeservata ab omni peccato personali toto vita manebat.


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    'A Lógica da Criação'


    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

    Ave-Maria

    A Paixão de Cristo