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    quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

    [Catolicos a Caminho] Mais colegialidade. O papel do papa deve ser

     

     

    http://www.ihu.unisinos.br/noticias/517770-mais-colegialidade-o-papel-do-papa-deve-ser-repensado-entrevista-com-walter-kasper

     

     

    ''Mais colegialidade. O papel do papa deve ser repensado''. Entrevista com Walter Kasper

     

     

    "Que fique claro: o ministério petrino, o primado de Pedro, é um dom do Senhor à Igreja. Deve ser reforçado, e não prejudicado. Mas, no nosso tempo, no mundo globalizado, é muito importante refletir sobre a melhor maneira de fazer isso...".



    A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 20-02-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.


    O cardeal Walter Kasper, por dez anos responsável pelas relações doVaticano com as outras confissões cristãs e com os judeus, é um dos maiores teólogos vivos e uma das "grandes almas" do conclave, do qual volta a participar por um fio: ele completa 80 anos seis dias depois do início da "sede vacante", dia 5 de março.


    No ano passado, foi publicado o seu livro Igreja Católica. Essência. Realidade. Missão (Ed. Unisinos, 2012), a reflexão de uma vida: o encontro com Karl Rahner, os anos como assistente universitário de Leo Scheffczyke de Hans Küng, e depois do Concílio, a cátedra de teologia em Münster, onde conheceu o colega Ratzinger, 40 anos de amizade e de "duelos" intelectuais.


    Eis a entrevista.


    Eminência, a renúncia de Bento XVI muda a Igreja?


    A Igreja é a mesma em todos os séculos e vive uma renovação na continuidade, como diz o pontífice. Ao contrário, o fato de ele ter renunciado, de que tenha renunciado livremente, lança uma nova luz sobre o papado.


    Em que sentido?


    A natureza, a essência do ministério petrino é dada por Jesus e não pode ser mudada. O que muda é a aura sacral em torno do papado, que foi sentida principalmente nos últimos dois séculos. Essa aura se perdeu um pouco. E esse fato totalmente inesperado, a passagem da possibilidade teórica para a realidade, deve nos fazer refletir sobre a situação da Igreja.

    O senhor escreveu que, no futuro, o papa "deverá deixar muitas decisões às autoridades regionais, limitando voluntariamente o seu próprio poder", para intervir no que diz respeito a "toda a Igreja". O exercício do ministério petrino, do primado do papa, deve ser repensado?


    O próprio João Paulo II nos pediu para aprofundar esse ponto na Ut unum sint. Ainda mais hoje, eu penso que é muito importante, no mundo globalizado, refletir sobre o tema. É uma questão central, nodal nas relações ecumênicas com os outros cristãos e em particular com as Igrejas ortodoxas, não só "sim" ou "não", mas "como" o papa governa concretamente a Igreja universal.


    O senhor dizia que vocês, cardeais, devem refletir sobre a situação da Igreja. Sobre o que, em particular?


    Vemos a crescente secularização da Europa, sabemos que a maioria dos católicos está do outro lado, no hemisfério Sul do planeta. É uma situação e um desafio novos.


    Há também a exigência de reformar a Cúria Romana?


    Certamente, é fundamental que ela seja organizada de um modo mais apto para enfrentar os desafios do nosso tempo. É preciso uma melhor coordenação entre os dicastérios, mais colegialidade e comunicação. Muitas vezes a direita não sabe o que a esquerda faz! E, depois, é preciso refletir também sobre o papel dos sínodos. Muitos bispos estão decepcionados da forma como estão.


    E por quê?


    Os bispos, por vezes, são reunidos sobre temas genéricos demais, não se fala da agenda concreta da Igreja. Da última vez, o sínodo era sobre a nova evangelização, uma questão decisiva. Mas o modo de realizá-la é diferente se você fala da Europa, Ásia, África, América Latina... Seria preciso para as situações concretas.


    O exercício do primado, o papel dos sínodos...


    O discurso sobre os sínodos não quer nem deve de algum modo prejudicar o primado do papa, ao contrário. Papado e sinodalidade não estão em contradição. Trata-se de repensar a relação entre a Cúria e as Igrejas particulares, como realizar a comunhão e melhorar a comunicação na Igreja.


    De que papa a Igreja precisa hoje?


    O pressuposto é que seja um homem de fé, espiritual. Um homem que tenha carisma e saiba como arrastar os fiéis. Um verdadeiro pastor para as pessoas, mas também um pastor que saiba guiar a Igreja. Acredito que hoje seja preciso o conhecimento, a experiência da Igreja universal. Não basta conhecer só um país ou uma diocese em particular.


    Certamente, Bento XVI, com a sua renúncia, passará para a história...


    No começo, eu fiquei sem palavras. Dizer: eu não tenho mais forças, abandonar o poder, retirar-se... Sinto um grande respeito e a mais alta estima pelo seu ato de grande coragem e humildade. Mas Bento XVI passará para a história por tudo o que fez. Ele confortou e consolidou a fé na Igreja. E deixa uma herança enorme, riquíssima. Provavelmente não teremos tão cedo outro papa desse nível intelectual e espiritual.


    Há quem pense que, de agora em diante, será possível eleger um pontífice "temporário", que se aposentará a uma certa idade, assim como os outros bispos. É isso?


    Não. Cada papa é eleito para toda a vida. Continua havendo, eventualmente, a sua livre decisão de renunciar, se quiser. A escolha de Bento XVI torna a questão mais próxima dos seus sucessores. Mas não é possível eleger o papa por um certo tempo. A eleição é para toda a vida.

     

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    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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