Mudar a
Igreja ou mudar de religião
Para
início de conversa, devo confessar que – embora batizado por um tio que era
padre - não sou católico praticante. Aliás, não professo nenhuma religião,
embora respeite todos os credos. Mas devo admitir que a notícia da renúncia do
papa Bento XVI abriu uma caixa de Pandora, resultando em denúncias polêmicas e
numa verdadeira avalanche de besteirol sobre a Igreja Católica, seu passado e
seu destino.
Independentemente dos motivos reais da decisão papal, devemos levar em conta que uma instituição secular tem virtudes e defeitos acumulados ao longo dos tempos. Enquanto instituição, a Igreja tem objetivos nobres, mas justamente por ser administrada por seres humanos ela está sujeita a interesses e equívocos decorrentes do cruel jogo do poder.
Bento XVI está no comando há muito mais tempo do que se pensa. Bem antes de ser eleito papa, ele era o mentor do carismático João Paulo II. Graças às suas manobras e à ajuda financeira destinada ao sindicato Solidariedade, foi possível corroer o regime comunista polonês e contribuir para a derrocada da antiga União Soviética.
Com o anúncio da renúncia, articulistas em todo o mundo arregaçaram as mangas para criticar e sugerir mudanças radicais à Igreja. Ora, uma instituição secular não pode mudar da noite para o dia. Por sua própria natureza, a Igreja é conservadora e foi justamente isso que lhe garantiu sobreviver às muitas turbulências da história. Por isso mesmo ela não pode se moldar de acordo com as preferências deste ou daquele grupo, pois isso certamente a colocaria em xeque.
Independentemente dos motivos reais da decisão papal, devemos levar em conta que uma instituição secular tem virtudes e defeitos acumulados ao longo dos tempos. Enquanto instituição, a Igreja tem objetivos nobres, mas justamente por ser administrada por seres humanos ela está sujeita a interesses e equívocos decorrentes do cruel jogo do poder.
Bento XVI está no comando há muito mais tempo do que se pensa. Bem antes de ser eleito papa, ele era o mentor do carismático João Paulo II. Graças às suas manobras e à ajuda financeira destinada ao sindicato Solidariedade, foi possível corroer o regime comunista polonês e contribuir para a derrocada da antiga União Soviética.
Com o anúncio da renúncia, articulistas em todo o mundo arregaçaram as mangas para criticar e sugerir mudanças radicais à Igreja. Ora, uma instituição secular não pode mudar da noite para o dia. Por sua própria natureza, a Igreja é conservadora e foi justamente isso que lhe garantiu sobreviver às muitas turbulências da história. Por isso mesmo ela não pode se moldar de acordo com as preferências deste ou daquele grupo, pois isso certamente a colocaria em xeque.
O risco das mudanças
Toda vez que ouço ou leio alguém falando numa possível “modernização” da Igreja fico imaginando o que será que isso realmente significa. Afinal, pode-se mudar o destino, mas não há como refazer a bússola. Nesse sentido, o catolicismo é um indicador de tendências de foro íntimo e não propriamente um movimento político que deva se transformar para atender a interesses de grupos.
Pela própria natureza, um credo religioso não é uma democracia. Se o fosse, não seria religião. Como promover mudanças radicais sem perder o foco? Independentemente do perfil e da vontade do papa, os cardeais sabem que se forem agradar a essa ou àquela corrente de seguidores correrão o risco de ver a instituição desmoronar sobre suas cabeças. Até porque, a Igreja não tem mais poder legal e cabe aos fiéis agir ou não de acordo com sua orientação.
Um dos motivos que levaram à proliferação de dezenas de seitas cristãs em todo o mundo foi certamente o processo de modernização católica observado nas últimas décadas. Inúmeras pessoas que se dizem cristãs ainda desejam a religião como um freio para seus instintos. Quanto mais os pastores ameaçam os seguidores com o fogo do inferno, mais os templos lotam de fiéis.
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