ZENIT
O mundo visto de Roma
Serviço semanal - 14 de Julho de 2013
Papa Francisco
Lampedusa: um rochedo e um farol aceso pela Igreja, pela Itália e pela Europa
A saudação ao papa feita por dom Francesco Montenegro, arcebispo de Agrigento
"Peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença"
Homilia do Papa Francisco na Missa pelas vítimas dos naufrágios
Pregação Sagrada
Os ministérios de leitor e acólito
Responde o pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual
Como melhorar a pregação sagrada
Coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Pregação dos exercícios espirituais inacianos (7)
Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Igreja e Religião
Os mártires espanhóis não têm relação com nenhum dos lados da guerra civil do país
Eles foram assassinados única e exclusivamente por causa da fé, afirma a diretora do escritório para a Causa dos Santos da Conferência Episcopal Espanhola
A luz da fé: A encíclica do papa Francisco
Cardeal Odilo Scherer comenta sobre a Lumen Fidei
Protomártires Romanos
As perseguições imperiais terminaram no início do século IV com a paz oferecida pelo imperador Constantino, mas a Igreja nunca deixou de ser perseguida.
Cultura e Sociedade
Super Gestora x Mulher Maravilha: quando a realização feminina consistiu em fazer o que os homens faziam
A propósito do livro Envolva-se, de Sheryl Sandberg
World Council of Churches: Não manipular a religião com objetivos políticos
Em foco, a preocupação com a destruição de templos na Síria. Líderes muçulmanos são convidados a condenar o uso do islã para agredir os vizinhos.
Rejeição de proposta gay consolida a liberdade de todos
Lobby gay pretendia impor aos países europeus a promoção ativa da homossexualidade
Pequeninos do Senhor
Formação Espiritual da criança: Quem é o responsável?
Coluna de orientação catequética aos cuidados de Rachel Lemos Abdalla
Jornada Mundial da Juventude Rio 2013
Indulgência para os participantes da JMJ Rio 2013
Decreto assinado pelo Penitenciário-mor Cardeal Manuel Monteiro de Castro
Observatório Jurídico
Nulidade de casamento religioso convalidada pela justiça brasileira
O STJ homologa uma sentença canônica
Espiritualidade
Que a santa cruz seja a nossa luz
Catequese para toda a família
Angelus
"Deus sempre quer a misericórdia e não a condenação"
Palavras do Papa Francisco antes de recitar o Angelus em Castel Gandolfo
Papa Francisco
Lampedusa: um rochedo e um farol aceso pela Igreja, pela Itália e pela Europa
A saudação ao papa feita por dom Francesco Montenegro, arcebispo de Agrigento
ROMA, 08 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Reproduzimos o discurso de saudação que dom Francesco Montenegro, arcebispo de Agrigento, fez ao papa Francisco na celebração eucarística realizada no campo esportivo "Arena", da ilha de Lampedusa.
"A minha alma engrandece ao Senhor eo meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador". Amado Santo Padre, confio às palavras de Maria o meu e o nosso sentimento de alegria pelo presente que é a sua presença junto a nós e, através da minha saudação, trago o abraço e o carinho de todos os irmãos e irmãs de Lampedusa, de Linosa e de toda a diocese de Agrigento. Seja bem-vindo entre nós! Nós sentimos que, hoje, através da sua pessoa, é o "Senhor quem visita o seu povo".
Nos últimos anos, esta ilha se tornou sinônimo de outras palavras: desembarques, clandestinos, imigrantes, emergência, morte, esperança. A sua presença hoje nos convida a uma leitura mais profunda destes fenômenos. Nós sentimos que nosso Senhor quer escrever páginas da história à sua maneira. Nesta ilha, revivem-se as páginas do Êxodo: a escravidão, a passagem pelo mar, a travessia do deserto, a terra prometida, o sonho da liberdade.
Esta ilha é ao mesmo tempo um rochedo e um farol. É o rochedo ao qual os últimos da história se agarram desesperadamente para conseguir uma vida melhor. Para muitos deles, infelizmente, Lampedusa se tornou um túmulo. Mas Lampedusa é também farol, farol aceso por toda a Igreja, pela Itália, pela Europa. Lampedusa relembra a todos que existem demandas de justiça e de dignidade que não podem ser apagadas. Esta ilha é uma lâmpada que permanece acesa para alertar que não devemos mais pensar somente em emergência ou em simples acolhimento, gestos de que o povo de Lampedusa e de Linosa têm sido nobres testemunhas, mas em promoção de políticas de justiça e de respeito por cada vida humana.
O abraço desesperado a que tantas vezes assistimos, em um barco ou no porto, entre aquele que chega da África e aquele que naquele instante o resgata, é o sinal de um abraço maior, que tenta enlaçar o mundo que se diz rico e aquele que, ao longo dos séculos, foi sendo depauperado.
Santo Padre, em seu abraço, todos nós nos sentimos acolhidos: aqueles que sofrem e os artífices da paz, que têm fome e sede de justiça. A sua presença e as suas palavras são de apoio tanto para os nossos irmãos imigrantes quanto para as comunidades de Lampedusa e de Linosa, que, tantas vezes, carregaram um fardo muito grande ao assumir situações difíceis de enfrentar, sempre com grande generosidade e amor.
Mais uma vez, Santo Padre, obrigado! Estamos comprometidos na oração por Sua Santidade e pelo seu ministério a serviço da Igreja universal. Nós o confiamos à Virgem Maria, que aqui veneramos com o título de "Porto Seguro". Pedimos por intermédio dela, para Sua Santidade, Santo Padre, a força de conduzir o rebanho de Cristo até o porto seguro da salvação.
E pedimos também que Sua Santidade nos apoie com as suas orações e com o seu afeto, para que a diocese de Agrigento e as comunidades de Lampedusa e de Linosa cresçam mais e mais na operosidade da fé, no empenho da caridade e na firme esperança em Cristo. Obrigado.
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"Peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença"
Homilia do Papa Francisco na Missa pelas vítimas dos naufrágios
ROMA, 08 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos a homilia do Papa Francisco pronunciada nesta segunda feira, 8 de julho, na Missa pelas vítimas dos naufrágios, por ocasião de sua viagem a ilha de Lampedusa, na Itália.
Emigrantes mortos no mar; barcos que em vez de ser uma rota de esperança, foram uma rota de morte. Assim recitava o título dos jornais. Desde há algumas semanas, quando tive conhecimento desta notícia (que infelizmente se vai repetindo tantas vezes), o caso volta-me continuamente ao pensamento como um espinho no coração que faz doer. E então senti o dever de vir aqui hoje para rezar, para cumprir um gesto de solidariedade, mas também para despertar as nossas consciências a fim de que não se repita o que aconteceu. Que não se repita, por favor. Antes, porém, quero dizer uma palavra de sincera gratidão e encorajamento a vós, habitantes de Lampedusa e Linosa, às associações, aos voluntários e às forças de segurança, que tendes demonstrado – e continuais a demonstrar – atenção por pessoas em viagem rumo a qualquer coisa de melhor. Sois uma realidade pequena, mas ofereceis um exemplo de solidariedade! Obrigado! Obrigado também ao Arcebispo Dom Francesco Montenegro pela sua ajuda, o seu trabalho e a sua solidariedade pastoral. Saúdo cordialmente a Presidente da Câmara Senhora Giusi Nicolini, muito obrigado por aquilo que fez e faz. Desejo saudar os queridos emigrantes muçulmanos que hoje, à noite, começam o jejum do Ramadão, desejando-lhes abundantes frutos espirituais. A Igreja está ao vosso lado na busca de uma vida mais digna para vós e vossas famílias. A vós digo: oshià!
Nesta manhã quero, à luz da Palavra de Deus que escutamos, propor algumas palavras que sejam sobretudo uma provocação à consciência de todos, que a todos incitem a reflectir e mudar concretamente certas atitudes.
«Adão, onde estás?»: é a primeira pergunta que Deus faz ao homem depois do pecado. «Onde estás, Adão?». E Adão é um homem desorientado, que perdeu o seu lugar na criação, porque presume que vai tornar-se poderoso, poder dominar tudo, ser Deus. E quebra-se a harmonia, o homem erra; e o mesmo se passa na relação com o outro, que já não é o irmão a amar, mas simplesmente o outro que perturba a minha vida, o meu bem-estar. E Deus coloca a segunda pergunta: «Caim, onde está o teu irmão?» O sonho de ser poderoso, ser grande como Deus ou, melhor, ser Deus, leva a uma cadeia de erros que é cadeia de morte: leva a derramar o sangue do irmão!
Estas duas perguntas de Deus ressoam, também hoje, com toda a sua força! Muitos de nós – e neste número me incluo também eu – estamos desorientados, já não estamos atentos ao mundo em que vivemos, não cuidamos nem guardamos aquilo que Deus criou para todos, e já não somos capazes sequer de nos guardar uns com os outros. E, quando esta desorientação atinge as dimensões do mundo, chega-se a tragédias como aquela a que assistimos.
«Onde está o teu irmão? A voz do seu sangue clama até Mim», diz o Senhor Deus. Esta não é uma pergunta posta a outrem; é uma pergunta posta a mim, a ti, a cada um de nós. Estes nossos irmãos e irmãs procuravam sair de situações difíceis, para encontrarem um pouco de serenidade e de paz; procuravam um lugar melhor para si e suas famílias, mas encontraram a morte. Quantas vezes outros que procuram o mesmo não encontram compreensão, não encontram acolhimento, não encontram solidariedade! E as suas vozes sobem até Deus! Uma vez mais vos agradeço, habitantes de Lampedusa, pela solidariedade. Recentemente falei com um destes irmãos. Antes de chegar aqui, passaram pelas mãos dos traficantes, daqueles que exploram a pobreza dos outros, daquelas pessoas para quem a pobreza dos outros é uma fonte de lucro. Quanto sofreram! E alguns não conseguiram chegar.
«Onde está o teu irmão?» Quem é o responsável por este sangue? Na literatura espanhola, há uma comédia de Félix Lope de Vega, que conta como os habitantes da cidade de Fuente Ovejuna matam o Governador, porque é um tirano, mas fazem-no de modo que não se saiba quem realizou a execução. E, quando o juiz do rei pergunta «quem matou o Governador», todos respondem: «Fuente Ovejuna, senhor». Todos e ninguém! Também hoje assoma intensamente esta pergunta: Quem é o responsável pelo sangue destes irmãos e irmãs? Ninguém! Todos nós respondemos assim: não sou eu, não tenho nada a ver com isso; serão outros, eu não certamente. Mas Deus pergunta a cada um de nós: «Onde está o sangue do teu irmão que clama até Mim?» Hoje ninguém no mundo se sente responsável por isso; perdemos o sentido da responsabilidade fraterna; caímos na atitude hipócrita do sacerdote e do levita de que falava Jesus na parábola do Bom Samaritano: ao vermos o irmão quase morto na beira da estrada, talvez pensemos «coitado» e prosseguimos o nosso caminho, não é dever nosso; e isto basta para nos tranquilizarmos, para sentirmos a consciência em ordem. A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão: estas são bonitas mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa!
Reaparece a figura do «Inominado» de Alexandre Manzoni. A globalização da indiferença torna-nos a todos «inominados», responsáveis sem nome nem rosto.
«Adão, onde estás?» e «onde está o teu irmão?» são as duas perguntas que Deus coloca no início da história da humanidade e dirige também a todos os homens do nosso tempo, incluindo nós próprios. Mas eu queria que nos puséssemos uma terceira pergunta: «Quem de nós chorou por este facto e por factos como este?» Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs? Quem chorou por estas pessoas que vinham no barco? Pelas mães jovens que traziam os seus filhos? Por estes homens cujo desejo era conseguir qualquer coisa para sustentar as próprias famílias? Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de «padecer com»: a globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar! No Evangelho, ouvimos o brado, o choro, o grande lamento: «Raquel chora os seus filhos (...), porque já não existem». Herodes semeou morte para defender o seu bem-estar, a sua própria bola de sabão. E isto continua a repetir-se... Peçamos ao Senhor que apague também o que resta de Herodes no nosso coração; peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença, de chorar pela crueldade que há no mundo, em nós, incluindo aqueles que, no anonimato, tomam decisões socioeconómicas que abrem a estrada aos dramas como este. «Quem chorou?» Quem chorou hoje no mundo?
Senhor, nesta Liturgia, que é uma liturgia de penitência, pedimos perdão pela indiferença por tantos irmãos e irmãs; pedimo-Vos perdão, Pai, por quem se acomodou, e se fechou no seu próprio bem-estar que leva à anestesia do coração; pedimo-Vos perdão por aqueles que, com as suas decisões a nível mundial, criaram situações que conduzem a estes dramas. Perdão, Senhor!
Senhor, fazei que hoje ouçamos também as tuas perguntas: «Adão, onde estás?» «Onde está o sangue do teu irmão?».
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Pregação Sagrada
Os ministérios de leitor e acólito
Responde o pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual
Por Pe. Edward McNamara, L.C.
ROMA, 12 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Nesta semana, o pe. Edward McNamara responde a uma pergunta de um leitor de Papua Nova Guiné.
Os ministérios de leitor e de acólito devem sempre ser concedidos nesta ordem para aqueles que se preparam para o sacerdócio? É possível, em casos especiais (por exemplo, por necessidades pastorais), que o bispo inverta esta ordem, concedendo antes o ministério do acolitado e, seis meses depois, o leitorado? - P.M., Boroko, Papua Nova Guiné.
Em 1973, o papa Paulo VI publicou a carta apostólica Ministeria quaedam, que estabelece os ministérios leigos de leitor e de acólito, a ser conferidos a todos os candidatos às ordens sagradas. Para isto, devem ser atendidas as seguintes condições:
VIII. Para a admissão aos ministérios, são necessárias:
a) a solicitação, livremente feita e assinada pelo aspirante, a ser apresentada ao ordinário (o bispo e, nos institutos clericais, o superior maior), a quem cabe a aceitação;
b) a idade adequada e as qualidades especiais, que devem ser determinadas pela conferência episcopal;
c) a determinação de servir fielmente a Deus e ao povo cristão.
IX. Os ministérios são conferidos pelo ordinário (o bispo e, nos institutos clericais, o superior maior), com o rito litúrgico "Instituição do Leitor" e "Instituição do Acólito", reconhecido pela Sé Apostólica.
X. Entre o recebimento do leitorado e o do acolitado, sejam respeitados os interstícios estabelecidos pela Santa Sé ou pelas conferências episcopais, toda vez que a mesma pessoa recebe mais de um ministério.
XI. Os candidatos ao diaconado e ao sacerdócio devem receber os ministérios de leitor e de acólito, se ainda não os tiverem recebido, e exercê-los durante um período de tempo adequado, de modo a melhor se disporem aos futuros serviços da Palavra e do Altar. Para os mesmos candidatos, a dispensa de receber os ministérios é reservada à Santa Sé.
XII. A concessão dos ministérios não dá direito a sustento ou remuneração por parte da Igreja.
XIII. O rito de instituição de leitor e de acólito será publicado em breve pelo departamento competente da Cúria Romana.
As regras essenciais deste documento papal foram posteriormente incorporadas aos cânones 230 e 1035 do Código de Direito Canônico.
O primeiro parágrafo do cânon 230 diz:
Os leigos do sexo masculino, com a idade e as qualificações estabelecidas por decreto da conferência episcopal, podem receber, de forma permanente, por meio do rito litúrgico estabelecido, os ministérios de leitores e de acólitos; esta disposição, porém, não lhes dá direito a sustento ou remuneração por parte da Igreja.
Um homem pode, portanto, tornar-se leitor sem necessariamente aspirar a se tornar acólito, mas não parece que possa tornar-se acólito sem antes passar pelo leitorado. Deve-se admitir, no entanto, que, por várias razões práticas, esses ministérios são concedidos quase exclusivamente aos candidatos ao sacerdócio e ao diaconato.
Por sua vez, o cânone 1035 diz:
§ 1. Antes da promoção ao diaconato, seja permanente ou transitória, devem-se ter recebido os ministérios de leitor e de acólito, os quais devem ter sido exercidos durante um tempo apropriado.
§ 2. Entre a concessão do acolitado e a do diaconato, haja um intervalo de pelo menos seis meses.
O texto mostra que o ministério do acolitado precede o diaconato. Como não é feita nenhuma menção ao tempo durante o qual deve ser exercido o leitorado, pode-se deduzir que ele seja concedido logicamente antes. Tampouco há qualquer menção ao tempo que deve decorrer entre o recebimento do leitorado e do acolitado.
As normas básicas decretadas em 1998 pela Congregação para a Educação Católica no tocante à formação dos diáconos permanentes dizem, em seu número 59:
59. Entre o leitorado e o acolitado, é conveniente que transcorra um certo período de tempo para que o candidato possa exercer o ministério recebido. Entre a concessão do acolitado e do diaconato, haja um intervalo de pelo menos seis meses.
Não parece haver margem, assim, para se conferir legalmente o ministério do leitorado após o do acolitado. Caso acontecesse (na minha experiência, ocorreu apenas em uma ocasião), não haveria nenhum efeito sobre a legalidade nem dos ministérios nem da sucessiva ordenação.
Se o ordinário local tem uma situação particular a ser resolvida, como sugere o nosso leitor, ele tem a autoridade para agir, guardando os limites das normas e respeitando a ordem dos ministérios. Ele poderia reduzir o tempo entre o leitorado e o acolitado. Poderia ainda conferir um dos dois ministérios em uma cerimônia relativamente privada. Em caso de necessidade e urgência, ele também pode conferi-los ambos à mesma pessoa numa única celebração, eliminando o período de exercício do ministério do leitorado.
Nunca é permitido, no entanto, conferir o ministério do acolitado na mesma celebração da ordenação diaconal.
Os leitores podem enviar as suas perguntas para liturgia.zenit@zenit.org. Pede-se mencionar a palavra "Liturgia" no campo assunto. O texto deve incluir as iniciais, a cidade, estado e país. O pe. McNamara só poderá responder a uma pequena seleção das numerosas perguntas que recebemos.
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Como melhorar a pregação sagrada
Coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 12 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Depois de falar da pregação dos exercícios espirituais, quero hoje conversar com vocês sobre alguns tipos de homilia que deveríamos evitar. Assim, vocês poderão esboçar um sorriso depois de terem me aguentado durante a árida explicação dos exercícios espirituais!
HOMILIAS QUE DEVEMOS EVITAR SEMPRE
Homilia improviso: é aquela que o sacerdote "prepara" quando está colocando a alba, o cíngulo, a estola e a casula para a santa missa.
Homilia livresca: homilia com muito cheiro de livro e de escrivaninha; homilia acadêmica, marmórea, mas carente de coração e de conhecimento dos ouvintes.
Homilia arqueológica: homilia em que o pregador quer fazer incursões em detalhes secundários sobre os fariseus, os essênios, as dracmas, os estádios, a hora sexta, o átrio, o poço... Não explica a mensagem de Deus, e sim curiosidades periféricas.
Homilia romântica: aquela que quer promover lágrimas, sorrisos e água com açúcar, à base de exclamações, interjeições, gritos, linguagem paternalista com adjetivos ternos, diminutivos e aumentativos.
Homilia demagógica: com palavras e mais palavras, quer ficar de bem com o público, traindo tanto a mensagem evangélica quanto o destinatário, desfigurando e distorcendo a doutrina de Cristo.
Homilia literária: mais que uma prédica sagrada, é um exercício literário ou poético.
Homilia antológica: aquela que se transforma numa oportunidade para recordar e trazer à colação todas as frases, sentenças, textos, poesias e definições que o pregador aprendeu de memória ou achou em seus arquivos.
Homilia molusco: invertebrada, gelatinosa, sem argumento, sem conteúdo, sem tema. Nem termina um tema, já começa outro.
Homilia tijolo: puras ideias, sem relação com a vida prática dos ouvintes. A homilia deveria chegar, por assim dizer, até a cozinha da dona de casa, até o trabalho do pai de família, até a cadeira dos estudantes... Mas a homilia tijolo é pesada demais para chegar lá.
Homilia espaguete: enrola, enrola, enrola... Chateia os ouvintes e os faz bocejar.
Homilia cursinho: aborda muitos temas sem concretizar nenhum.
Homilia repetição do evangelho: não consegue tirar uma mensagem do evangelho para os ouvintes, limitando-se a ficar repetindo o que foi lido no evangelho. Será possível que o pregador seja incapaz de tecer uma homilia saborosa com uma ideia clara e bem apresentada? O ouvinte não é bobo!
Homilia técnica: usa o tempo todo uma linguagem teológica que as pessoas não entendem: metanoia, anáfora, parusia, epifânico, histérico, pneumático, mistagogo, escatologia, transubstanciação… A homilia não é uma aula de teologia, e sim uma conversa cordial com os ouvintes e paroquianos.
Homilia vira-lata: o pregador salpica a sua fala o tempo todo com gírias vulgares. Assim é rebaixada a palavra de Deus, a dignidade do profeta e a dignidade dos fiéis, que São Paulo chama de "santos no Senhor". O pregador não deve jamais se rebaixar, pois está falando em nome de Cristo e da Igreja.
Homilia do mau piloto: o pregador não sabe decolar nem aterrissar. Dá voltas e mais voltas e nunca termina. Até anuncia: "E para terminar"... mas arremete de volta às nuvens... "E agora para terminar"… e lá vai de novo para mais uma volta. Por favor, termine e ponto.
Se algum de vocês, com mais experiência e engenhosidade que eu, quiser citar outro tipo de homilia que deveríamos evitar, por favor, mande-me a sugestão por e-mail. Agradeço de antemão.
O artigo anterior pode ser lido clicando aqui.
Caso você queira se comunicar diretamente com o Pe. Antonio Rivero escreva para arivero@legionaries.org e envie as suas dúvidas e comentários.
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Pregação dos exercícios espirituais inacianos (7)
Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 08 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Terminamos hoje as regras de discernimento que Santo Inácio de Loyola apresenta em seus exercícios.
328- REGRAS PARA O MESMO EFEITO COM MAIOR DISCERNIMENTO DE ESPIRITOS, E SAO MAIS CONVINCENTES PARA A SEGUNDA SEMANA.
329 – Primeira regra. É próprio de Deus e dos seus anjos, em suas moções, dar verdadeira alegria e gozo espiritual, tirando toda a tristeza e perturbação que o inimigo suscita. Deste é próprio lutar contra a alegria e consolação espiritual, apresentando razões aparentes, subtilezas e contínuas falácias.
330 – Segunda regra. Só a Deus nosso Senhor pertence dar consolação à alma sem causa precedente. Porque é próprio do Criador entrar, sair, produzir moção na alma, trazendo-a toda ao amor de sua divina majestade. Digo: sem causa, isto é, sem nenhum prévio sentimento ou conhecimento de algum objeto pelo qual venha essa consolação, mediante seus atos de entendimento e vontade.
331 – Terceira regra. Com causa, pode consolar a alma, assim o anjo bom como o mau, para fins contrários: o bom anjo para proveito da alma, afim de que cresça e suba de bem em melhor; e o mau anjo para o contrário, e para ulteriormente trazê-la à sua perversa intenção e maldade.
332 – Quarta regra. É próprio do anjo mau, que se disfarça em anjo de luz, entrar com o que se acomoda à alma devota e sair com o que lhe convém a si, isto é, trazer pensamentos bons e santos, acomodados a essa alma justa, e, depois, pouco a pouco, procurar sair-se, trazendo a alma aos seus enganos encobertos e perversas intenções.
333 – Quinta regra. Devemos estar muito atentos ao decurso dos pensamentos. Se o princípio, meio e fim são inteiramente bons, inclinando a tudo bem, é sinal do bom anjo. Mas se no decurso dos pensamentos que traz, acaba nalguma coisa má, ou menos boa que aquela que a alma antes propusera fazer, ou a enfraquece, ou inquieta, ou perturba, tirando- lhe a sua paz, tranquilidade e quietude que antes tinha, é claro sinal que procede do mau espírito, inimigo do nosso proveito e salvação eterna.
334 – Sexta regra. Quando o inimigo da natureza humana for sentido e conhecido pela sua cauda serpentina e pelo mau fim a que induz, aproveita à pessoa que por ele foi tentada, verificar logo o decurso dos pensamentos que ele lhe trouxe, e o princípio deles, e como, pouco a pouco, procurou fazê-la descer da suavidade e gozo espiritual em que estava, até trazê-la à sua intenção depravada. Para que, com tal experiência, conhecida e notada, se guarde, daí por diante, de seus habituais enganos.
335 – Sétima regra. Naqueles que progridem de bem em melhor, o bom anjo toca-lhes a alma doce, leve e suavemente, como gota de água que penetra numa esponja; e o mau anjo toca agudamente, com ruído e agitação, como quando a gota de água cai sobre a pedra; e aos que vão de mal em pior, os mesmos espíritos tocam-nos de modo oposto. A causa desta diversidade está na disposição da alma ser contrária ou semelhante à dos ditos anjos. Porque, quando é contrária, entram com ruído e comoção, de maneira perceptível; e quando é semelhante, entram silenciosamente, como em casa própria, de porta aberta.
336 – Oitava regra. Quando a consolação é sem causa, embora nela não haja engano, por provir só de Deus nosso Senhor, como dissemos [330]; contudo a pessoa espiritual, a quem Deus dá essa consolação, deve observar e distinguir, com muita vigilância e atenção, o tempo próprio dessa consolação do tempo que se lhe segue, em que a alma fica quente e favorecida com o favor e os restos da consolação passada. Porque, muitas vezes, neste segundo tempo, por seu próprio raciocínio feito de relações e deduções de conceitos e juízos, ou pelo bom espírito ou pelo mau, forma diversas resoluções e opiniões que não são dadas imediatamente por Deus nosso Senhor. E, portanto, é necessário examiná-las muito bem, antes de se lhes dar pleno crédito e de se colocarem em prática.
Existem outras regras inacianas para sentir com a Igreja, e para discernir. Mas é suficiente o que temos exposto.
O artigo anterior pode ser lido clicando aqui.
Caso você queira se comunicar diretamente com o Pe. Antonio Rivero escreva para arivero@legionaries.org e envie as suas dúvidas e comentários.
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Igreja e Religião
Os mártires espanhóis não têm relação com nenhum dos lados da guerra civil do país
Eles foram assassinados única e exclusivamente por causa da fé, afirma a diretora do escritório para a Causa dos Santos da Conferência Episcopal Espanhola
ROMA, 12 de Julho de 2013 (Zenit.org) - São 522 os mártires que serão beatificados no dia 13 de outubro em Tarragona, Espanha. O processo de beatificação foi encerrado na última sexta-feira pelo papa Francisco. Até hoje, 1001 mártires da Espanha no século XX foram beatificados, onze dos quais já chegaram à canonização.
No encerramento da 66ª Semana Espanhola de Missionologia, celebrada em Burgos com o tema "Testemunhas da fé até a morte", Encarnación González, coordenadora do processo, enfatizou que "a guerra civil não provoca mártires, mas vítimas" e ressaltou que "o mártir não empunhou armas; ele foi perseguido e assassinado única e exclusivamente por causa da sua fé". Nem todos os mártires foram beatificados, devido ao estrito processo seguido pela Igreja. "O processo de discernimento foi bastante aperfeiçoado, porque a Igreja quer que seja dado culto só a quem merece de verdade".
O escritório para a Causa dos Santos tem registros de 10.070 mártires da perseguição religiosa acontecida na Espanha no século XX, sem contar os inumeráveis leigos, dos quais não há um número definido. Muitos deles talvez não cheguem aos altares, sem que por isto sejam menos importantes. "As beatificações não são para eles, os mártires, e sim para nós. Para eles não acrescenta nada. Elas interpelam a nós", afirma Encarnación.
Dos 522 mártires que serão beatificados em Tarragona, 100 eram sacerdotes, incluindo 3 bispos; 412 foram religiosos de 23 congregações; 7 eram leigos e 3 eram seminaristas. De todos eles, 68 nasceram na diocese de Burgos. Há 7 mártires que nasceram fora da Espanha, mas faleceram em seu território: eram originários da Colômbia, de Cuba, das Filipinas, da França e de Portugal.
"O século XX, paradoxalmente, foi o século da democracia e do terror", prossegue Encarnación González, fazendo alusões às palavras de João Paulo II na carta Tertio Millennio Adveniente. "O século XXI também está sendo um século de mártires. O mártir é um apaixonado por Cristo que não se deixa intimidar, que olha para o crucificado e encontra a força para perdoar os seus perseguidores", conclui.
Anastasio Gil García, diretor das Obras Missionárias Pontifícias (OMP), se erigiu como voz dos mais de 13.000 missionários espanhóis que estão no mundo, vivendo o martírio do cotidiano. Na conferência que abriu a sessão da manhã, ele explicou que os missionários são pessoas normais que foram chamadas por Deus à missão e que a Igreja enviou para anunciar o evangelho.
Gil destacou o compromisso da Igreja missionária com a educação, a saúde e a justiça. "A figura do missionário tem uma atração que nos desperta da letargia em que vivemos", explica o diretor da OMP, concatenando frases de diversos missionários que falavam sobre a dificuldade da missão, a solidão e a alegria de transmitir Deus aos mais necessitados. "O grande tesouro dos missionários é um trabalho silencioso e escondido, sem desejar nada além de ser enterrados na terra de missão".
Dom Braulio Rodríguez, arcebispo de Toledo e presidente da Comissão Episcopal de Missões da Conferência Episcopal Espanhola, denunciou em entrevista coletiva que a perseguição religiosa desencadeada contra os cristãos no mundo todo é silenciada sistematicamente pelos meios de comunicação. Ele mostrou admiração pelos missionários que "são testemunhas da fé não durante um fim de semana, mas até a morte". Em suas palavras de encerramento da semana, ele convidou todas as comunidades a contemplar a comunidade de Jerusalém, da qual partiram todos os missionários, germe da nossa fé atual.
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A luz da fé: A encíclica do papa Francisco
Cardeal Odilo Scherer comenta sobre a Lumen Fidei
SãO PAULO, 11 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Era bem esperada uma encíclica sobre a fé, ainda no pontificado de Bento 16. De fato, ele já havia escrito uma sobre a caridade (Deus caritas est – Deus é Amor) e uma sobre a esperança (Spe salvi – Salvos na Esperança). Faltava uma sobre a fé, para completar a trilogia de ensinamentos pontifícios sobre as virtudes teologais, dons preciosos recebidos de Deus no Batismo.
E foi o papa Francisco quem nos deu a encíclica Lumen Fidei (A Luz da Fé), sobre a fé, bem no decorrer do Ano da Fé. Ele mesmo, no entanto, já havia dito, quando a anunciou há poucas semanas, que seria uma encíclica "escrita a quatro mãos", uma vez que seu predecessor já havia trabalhado, antes de abdicar ao pontificado, em vista de sua publicação.
A encíclica nos vem, não apenas para a melhor vivência do Ano da Fé, mas para compreender e viver melhor a própria fé. Não é um texto para ser analisado com mera curiosidade intelectual, ou com o intuito de fazer uma análise teológica sobre ele; seria muito pouco. Bem mais, ele deve ser lido e degustado com o desejo de compreender e acolher cada palavra dita com amor de pai por quem fala com a sabedoria adquirida ao longo de uma existência e com o desejo de comunicar coisas essenciais à vida dos filhos...
É interessante notar que o Papa não fala da fé a partir das "verdades da fé": o primeiro capítulo traz o título – "acreditamos no amor". Nosso ato de fé é precedido pelo amor de Deus, que se manifesta ao mundo e nos faz experimentar seu amor salvador; a experiência do amor precede a fé! Não é também isso que acontece entre as pessoas? Quando duas pessoas se amam verdadeiramente, elas passam a acreditar profundamente uma na outra...
É o que já ouvimos do papa emérito Bento 16 em outras ocasiões: nossa fé e nossa experiência religiosa não decorrem de uma doutrina perfeita, nem de um ideal ético altíssimo, mas do encontro com a pessoa de Deus, amoroso e fiel, que se revelou, veio ao nosso encontro e nos amou. É a isso que o Papa se refere quando fala, na encíclica, sobre Abraão, nosso pai na fé, a experiência histórica e mística do Povo de Israel, a vinda do Filho de Deus ao mundo e a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
"Ele me amou e por mim se entregou na cruz", exclama São Paulo, depois de fazer a experiência do encontro com Jesus Cristo no caminho de Damasco; sua fé foi vivíssima e inabalável porque experimentou o "mistério" do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus. Para os apóstolos e para os grandes cristãos, que foram e são os santos, falar da fé não significou tratar de verdades abstratas, bem elaboradas pela razão humana; eles falavam, antes de tudo, da pessoa de Deus e de Jesus Cristo, de sua ação envolvente, especialmente de seu amor misericordioso e de sua providência. As verdades da fé e da moral, também elaboradas bem como doutrinas, seguem depois disso.
A encíclica fala, no capítulo 2º, que é preciso crer para compreender; de fato, a fé é um dom sobrenatural, que nos é dado como luz forte, que nos faz perceber melhor aquilo que queremos compreender. É o contrário do que, geralmente, as pessoas imaginam: não é "ver para crer", mas "crer para ver". Na ordem da fé, podemos dizer: quem crê compreende mais e melhor. Não é que a fé dispensa o esforço da razão e o estudo: fé e razão completam-se e não devem ser opostas, nem tidas como excludentes.
Um belo capítulo trata da transmissão da fé: esta é uma das preocupações sérias da Igreja em nossos dias. O papa fala que a Igreja é "a mãe da nossa fé". Esta não é um fato individual e subjetivo: aquilo que cremos foi transmitido a nós, vem de longe, dos apóstolos! "Transmiti-vos aquilo que eu mesmo recebi", observou São Paulo (1Cor 15,3). Cremos no testemunho de quem creu primeiro; e temos motivos bons para fazer isso! Cremos com quem já creu, os mártires, os santos, os mestres da fé ao longo da história. Cremos e temos o compromisso de continuar a transmitir hoje essa preciosa herança da fé!
Enfim, a encíclica trata das obras da fé. "A fé, sem as obras, é morta em si mesma", já advertia São Tiago! Mas não se trata de opor as obras à fé: estas são decorrência e fruto da fé verdadeira. Crendo, nós nos colocamos na sintonia com o plano de Deus sobre este mundo e sobre a nossa vida. E então, surgem as obras da fé e cessam as obras contrárias à fé, porque são contrárias a Deus e ao seu amor!
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
(Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 09.07.2013)
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Protomártires Romanos
As perseguições imperiais terminaram no início do século IV com a paz oferecida pelo imperador Constantino, mas a Igreja nunca deixou de ser perseguida.
Por Vitaliano Mattioli
ROMA, 09 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Em 29 de junho, a Igreja celebra os santos apóstolos e mártires, Pedro e Paulo, colunas de fundação da Igreja de Roma. Mas esta celebração ofusca a dos Protomártires Romanos celebrada no dia seguinte. Esta antiga festa mostra que a Igreja, desde o início, concedeu uma reverência especial àqueles que testemunharam com seu sangue a fé em Cristo.
Na verdade, os dois apóstolos não são um caso à parte, mas são as vítimas mais famosas desta perseguição. Não conhecemos os nomes dos Protomártires, mas sabemos que foi uma multidão. O Martirológio Geronimo (Sec. V), sustenta o número 979.
Isso aconteceu na época de Nero, que foi imperador de 54 a 68. Foi ele quem desencadeou no Império a primeira grande perseguição contra os cristãos, que durou cerca de três anos, de 64 a 67.
Como nos diz o historiador latino Cornélio Tácito em sua obra "Os Annales" (15, 44), Nero aproveitou a oportunidade do incêndio de 19 de Julho do ano de 64, que atingiu diversos quarteirões no centro de Roma, para se defender da acusação de ter causado o incêndio, ele acusou os cristãos. A partir daí, foi mais fácil incitar a população pagã contra os cristãos e desencadear a perseguição.
Tácito, pagão, que já não nutria simpatia por eles, manifesta uma concussão descrevendo as torturas a que foram condenados estes inocentes, simplesmente por aderirem à religião de um certo Cristo.
Estes fatos ficaram bem gravados na memória. No ano 95/96 o Papa Clemente em sua carta à comunidade de Corinto, refere-se à perseguição: "Tenhamos diante dos olhos os bons apóstolos Pedro e Paulo… A estes homens, mestres de vida santa, juntou-se uma grande mutidão de eleitos que, vitimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade" (5, 3-5; 6, 1)
O Papa Gregório XIII deu ordem para compor uma ópera em memória dos mártires, intitulada "O Martirológio Romano", concluída em 1586. Esta recorda os Primeiros Mártires, referindo-se a descrição de Tácito: "Em Roma, celebra-se o natal de muitíssimos santos mártires que, sob o império de Nero, foram falsamente acusados do incêndio da cidade e por sua ordem foram mortos de vários modos atrozes: alguns foram cobertos com pêlos de animais selvagens e lançados aos cães para que os fizessem em pedaços; outros, crucificados e, ao declinar do dia, usados como tochas para iluminar a noite. Todos eram discípulos dos apóstolos e foram os primeiros mártires que a santa Igreja romana enviou a seu Senhor antes da morte dos apóstolos".
O local era o Circo de Nero, que coincide com o lado esquerdo da atual Basílica de São Pedro e o pátio exterior. A pequena praça ao lado da sacristia hoje é chamada de "Praça dos Protomártires Romanos".
O Papa Pio XI solicitou a Associação "Cultorum Martyrum" para colocar uma lapide em memória, com a seguinte inscrição: "Este lugar, antigamente casa e circo de Nero, hoje farol de luz para o mundo, conquistaram com sangue duce o apóstolo Pedro e os Primeiros Cristãos. Ascenso daqui para oferecer a Cristo as palmas do novo triunfo (27 de Junho 1923) ".
A palavra "mártir" em grego significa "testemunha" e foi amplamente usada em discursos judiciais. Durante as perseguições contra os cristãos indicou os homens que, com o sofrimento e a morte, se tornaram 'testemunhas' da fé em Cristo.
Cristo é o primeiro mártir e a sua Igreja por uma boa razão pode ser chamada de "Igreja dos Mártires".
Nas Constituições Apostólicas (Sec. IV), lemos: "Aquele que é condenado pelo nome do Senhor Deus é um santo mártir, é um irmão do Senhor, um filho do Altíssimo" (V, 2).
As perseguições imperiais terminaram no início do século IV com a paz oferecida pelo imperador Constantino, mas a Igreja nunca deixou de ser perseguida. No século passado, o número de cristãos mortos por ódio à fé foi maior do que nos três primeiros séculos.
Com o tempo, o conceito de "testemunha" assumiu um significado mais amplo, como resultado das mudanças de atitude em relação à Igreja e à fé cristã.
Já S. Tomás de Aquino, afirma que deve ser considerado mártir, cuja morte que faz referência à morte de Cristo, aquele que defende a sociedade contra os ataques daqueles que querem corromper a fé cristã. (Cf. In IV Sent, Dist. 49, q. 5, a. 3).
Dom Tomasi, Observador Permanente da Santa Sé na ONU, declarou que mais de 100 mil cristãos são violentamente mortos a cada ano por sua fé. Outros, acrescentou, são obrigados a fugir, violentados, torturados ou sequestrados por causa de sua religião (Fonte Zenit, 13/5/29).
Ainda no século XXI, a Igreja é mártir. Os cristãos devem ser conscientes. Por esta razão, é importante retornar à carta acima mencionada do Papa Clemente: "Escrevemos isto, caríssimos, não apenas para vos recordar os deveres que tendes, mas também para nos alertarmos a nós próprios. Pois nos encontramos na mesma arena e combateremos o mesmo combate" (7,1). Sim, ainda hoje o cristão deve lutar, provavelmente em outras arenas, para ser sempre coerente com a sua fé.
A exortação de São Inácio, bispo de Antioquia, que foi martirizado em Roma no ano de 107 (alguns historiadores dizem 110) é extremamente relevante hoje. Em suas cartas enfatiza repetidamente que não basta se dizer cristão, é preciso dar provas disso também em nosso agir, ainda que custe a morte.
O Cardeal Camillo Ruini em sua "Lectio Magistralis", realizada na Fundação 'Magna Carta', (Roma, 06 de maio de 2013) defendeu o direito de objecção de consciência, e acrescentou: "Não compete a uma maioria estabelecer o que é verdadeiro ou falso, nem o que é em si mesmo justo ou injusto. O jogo democrático não é a verdade sobre as coisas, mas apenas as regras comuns de comportamento. Aqueles que por razões de consciência, acreditam que não podem cumprir estas normas, é justo que tenham a possibilidade de objeção de consciência. Se as leis, nesse caso, não consentem tal objeção, poderá dar testemunho de suas convicções de forma mais cara, mas também mais forte, enfrentando as sanções previstas em lei. De fato, os objetores de consciência mais heroicos e eficientes foram e são os mártires cristãos das diversas épocas históricas".
A vocação ao martírio não é uma característica da Igreja dos primeiros séculos, mas é parte intrínseca de sua natureza.
Hoje, a reflexão do Cardeal Ruini é extremamente importante por estarmos vivendo em um clima ideológico de homologação da consciência. Quem coloca resistência é considerado um obstáculo ao progresso civil e por isso é eliminado da sociedade (de várias formas). O cristão autentico deve saber correr esse risco como fizeram os Protomártires Romanos.
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Cultura e Sociedade
Super Gestora x Mulher Maravilha: quando a realização feminina consistiu em fazer o que os homens faziam
A propósito do livro Envolva-se, de Sheryl Sandberg
Por Jorge Henrique Mújica
ROMA, 11 de Julho de 2013 (Zenit.org) - O livro se chama "Envolva-se" (tradução livre do original Lean In) e a autora é uma das bandeiras do feminismo jovem nos Estados Unidos: Sheryl Sandberg, a número dois do Facebook.
O livro incentiva as mulheres a levar mais a sério a carreira e a não perder a ambição de conquistar postos cada vez mais altos. Como destaca a agência Aceprensa ("Mulheres diretoras: falta de ambição ou de tempo?", 03/04/2013), "acrescentam-se às pinceladas de psicologia feminina alguns dados estatísticos e explicações de outros estereótipos".
A diretora de operações do Facebook não é a única que, no primeiro quadrimestre de 2013, lidera a bandeira do feminismo estadunidense. Marissa Meyer é CEO do Yahoo! e seu nome percorreu toda a imprensa mundial quando decidiu trazer de volta para os escritórios, a partir de junho deste ano, todos os empregados da empresa que trabalhavam de casa. Francesco Tortora, no Corriere della Sera de 12 de março, avaliou a decisão de Marissa como "uma verdadeira tragédia para as mulheres que têm filhos pequenos e que não têm com quem deixá-los".
Indo além dos erros estatísticos do livro de Sandberg (a diretora da TIME Ideias, Ruth Davis Konigsberg, evidenciou que as equiparações salariais entre homens e mulheres mencionadas pela número dois do Facebook não são reais, com base em dados do US Bureau of Statistics) e dos comentários sobre o diagnóstico equivocado feito em "Envolva-se" (por exemplo, de executivas como Jody Greenstone Miller, fundadora do Bussines Talent Group), a principal "contestação" ao livro veio de uma ex-"super gestora".
Erin Callan foi diretora financeira do Lehman Brothers e publicou um artigo no The New York Times ("Is there life after work?", 10/03/2013) em que abertamente convida as mulheres a não desperdiçar todas as suas energias na carreira, porque não vale a pena nem melhora a vida.
"Desde que abandonei o meu trabalho no Lehman, tive todo o tempo para refletir sobre a proporção de tempo dedicada ao trabalho em comparação com o tempo que eu dediquei à minha vida. Algumas vezes, vejo garotas jovens que dizem que me admiram pelo que eu consegui. Trabalhei duramente durante 20 anos e agora posso passar os próximos 20 fazendo outras cosas. Mas isto não é equilíbrio. Não desejo isso a ninguém. Até pouco tempo atrás, eu pensava que focar na carreira era a coisa mais importante para ter sucesso. Mas agora estou começando a entender que desperdicei o melhor da minha vida. Eu tinha talento, era inteligente e estava cheia de energia. Não devia ter sido tão extremista", escreve Callan no The New York Times.
E prossegue: "O mais importante é que eu perdi a chance de ter um filho completamente meu". Explica-se: atualmente, ela está recorrendo a um tratamento de fertilização in vitro, moralmente reprovável, para conseguir o que, na sua idade atual, a natureza lhe nega.
Indo além da dialética de posições, o que realmente está no centro da questão é a estabilidade e a realização específica da mulher no trabalho, partindo da sua condição concreta de mulher. Sheelah Kolhatkar, no The Business Week, escreveu: "Durante muitos séculos, sempre foi o homem que trabalhou até morrer. Talvez seja um perverso triunfo do feminismo que as mulheres agora se sintam livres fazendo a mesma coisa".
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World Council of Churches: Não manipular a religião com objetivos políticos
Em foco, a preocupação com a destruição de templos na Síria. Líderes muçulmanos são convidados a condenar o uso do islã para agredir os vizinhos.
ROMA, 10 de Julho de 2013 (Zenit.org) - As comunidades religiosas "rejeitam a manipulação da religião" que acontece com frequência nos países em crises complexas, afirma em nota o World Council of Churches (WCC), referindo-se à atual situação na Síria.
A nota, reproduzida pelo jornal vaticano L'Osservatore Romano, revela a preocupação do secretário geral do WCC, Olav Fykse Tveit, com os atos de violência e de destruição nos lugares de culto. No dia 22 de junho, por exemplo, homens armados atacaram o mosteiro de Santo Antônio de Pádua, na localidade de Ghassanieh, e assassinaram brutalmente o sacerdote sírio François Mourad, de 49 anos.
"Que a memória do padre François seja eterna na mente de Nosso Senhor e no coração de quem o amava e conhecia", pede Tveit, que afirma também que a população cristã de Ghassanieh "deseja continuar em paz nessa região da Síria em que viveu durante séculos junto com as comunidades muçulmanas locais".
O WCC convida os sírios a restabelecerem o clima de reconciliação: "Encorajamos e convidamos enfaticamente os líderes muçulmanos a condenar toda tentativa de uso do islã para justificar as agressões contra os vizinhos".
Em reunião do comitê executivo do WCC, foi publicada uma mensagem que afirma "a necessidade de vivermos juntos no respeito recíproco".
O WCC vem se empenhando há anos em combater a violência e em orientar o trabalho ecumênico a fim de "mostrar como os cristãos estão unidos na reafirmação da dimensão evangélica da paz e da justiça no mundo".
Além desta, outras diversas exortações já tinham sido enviadas aos governantes, como a de junho de 2012, feita depois de uma série de bombardeios, na qual o WWC solicitava a proteção dos cidadãos e dos seus direitos humanos fundamentais.
O WWC realizará a sua assembleia geral na Coreia do Sul entre os dias 30 de outubro e 10 de novembro, com o tema "Deus da vida, guia-nos para a justiça e para a paz".
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Rejeição de proposta gay consolida a liberdade de todos
Lobby gay pretendia impor aos países europeus a promoção ativa da homossexualidade
ROMA, 09 de Julho de 2013 (Zenit.org) - A liberdade de todos saiu fortalecida da última reunião de representantes da Assembleia Parlamentar da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação Europeia), depois da votação contrária à implantação dos princípios da Conferência de Yogyakarta por 24 votos contra 3. A notícia foi enviada hoje à redação de Zenit pela associação espanhola Profesionales por la Ética.
Para entender a transcendência desta votação, é preciso recordar a Conferência de Yogyakarta, Indonésia, ocorrida em 2006, na qual a ONU aceitou um documento com 29 princípios relacionados com a orientação sexual e com a identidade de gênero. A agenda do lobby gay pretendia que esses princípios fossem aplicados na legislação sobre direitos humanos. O documento, ou "guia", como foi chamado pelos seus autores, queria obrigar os países-membros da União Europeia a promover ativamente a homossexualidade, além de cercear direitos fundamentais como a liberdade religiosa e a liberdade de pensamento.
Estes princípios não são vinculantes até serem aceitos e negociados com os países- membros. A discussão a respeito do "guia" esteve na pauta da última votação da Assembleia Parlamentar da OSCE, cuja maioria de representantes votou contra o reconhecimento de "novos direitos humanos" que favoreceriam um grupo minoritário e limitariam os direitos humanos primordiais e universais.
Leonor Tamayo, responsável pela Área Internacional da associação Profesionales por la Ética, explica que "a implantação dos princípios de Yogyakarta não só limita âmbitos fundamentais para a liberdade, como é o caso da liberdade religiosa e de expressão, mas também cria uma 'casta privilegiada' e uma forma prioritária de concepção da sexualidade que seria beneficiada em detrimento de outras, através de políticas de fomento desse coletivo. No caso da educação, é evidente que envolve um apoio fundamental a políticas educativas de temas sexuais e ético-morais, que priorizam e incentivam a ideologia de gênero e a homossexualidade, indo contra o direito fundamental dos pais de educar seus filhos de acordo com as suas próprias concepções. Sem dúvida, teria sido um golpe violento contra a luta em prol da liberdade, que os pais europeus têm travado contra o totalitarismo educativo e contra a imposição do ensino de valores controversos. Por isto, consideramos esta votação da OSCE uma vitória para a liberdade de todos os cidadãos europeus".
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Pequeninos do Senhor
Formação Espiritual da criança: Quem é o responsável?
Coluna de orientação catequética aos cuidados de Rachel Lemos Abdalla
Por Rachel Lemos Abdalla
CAMPINAS, 12 de Julho de 2013 (Zenit.org) - O Catecismo da Igreja Católica afirma que os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos (2222). Mas, qual é a melhor forma de orientá-los? Sendo exemplo dando testemunho ao formar um lar onde a ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado são as regras que permeiam o dia a dia do casal.
Respeitar os filhos é a única forma de eles aprenderem a respeitar os pais, e isso não quer dizer que o respeito dos pais para com os filhos irá prejudicar ou diminuir a autoridade que têm sobre eles, pelo contrário. Aliás, os pais nunca devem se esquecer de que, por mais difícil que seja a educação, a formação e a criação dos filhos, eles nunca perdem a autoridade que lhes é concedida por Deus e que deve ser usada como uma ferramenta do amor que se coloca à frente, como um escudo, como uma proteção junto aos filhos.
Alguns pais dizem que não têm autoridade sobre seus filhos, mas de fato, o que acontece é que eles não estão sabendo usar desta autoridade, que é muito diferente de autoritarismo.
Maria, nas Bodas de Caná, mesmo sem a concordância de Jesus, ao ordenar aos serviçais, "Façam o que ele mandar" (Jo 2,5), ela está agindo com autoridade sobre o Seu filho, o Filho de Deus! E isso não é um desrespeito para com Ele, ou uma falta, ao contrário, mesmo se referindo ao próprio Deus, Ela age, naquele momento, com a autoridade que lhe foi concedida, por ser Mãe. E isto se confirma no respeito e na obediência de Jesus à ordem dada por Ela com autoridade que Ele reconhece e acata.
Outras ferramentas que podem e devem ser usadas na formação espiritual são a afetividade, o amor, a verdade, o estímulo, a confiança, a sabedoria. E todas elas se encontram na Palavra de Deus como fonte e modelo de atitudes e valores cristãos que devem ser usados no dia a dia, no mais íntimo da relação com os filhos desde bem pequeninos.
Falar a verdade sempre é uma questão ética e moral, "por isso, renunciai à mentira. Fale, cada um, a verdade a seu próximo (Ef 4,25)."
Na fase de crescimento, a dedicação dos pais deve ser mais intensa, pois as crianças necessitam não só fisicamente como também emocionalmente de seus genitores, aqueles que mais os amam, para seu sadio desenvolvimento e crescimento. É o momento onde o amor começa a ser compreendido, aceito, acatado e reproduzido no coração e no entendimento da criança. Ela precisa ser amada para aprender a amar, pois é no amor que se encontra o maior fundamento da existência humana!
Muitos pais, infelizmente, não se encontram mais em união conjugal, mas isso não diminui a responsabilidade ou a essência do 'ser' pai ou mãe. A primícia de uma relação entre pais e filhos é e sempre será o amor paternal e maternal, e isso ninguém pode tirar de um ou de outro. Portanto, são eles, os pais, os primeiros responsáveis pela educação religiosa e formação espiritual de seus filhos, inclusive para que, na idade adequada sejam encaminhados à Igreja para se prepararem para receber os Sacramentos, sinal sensível, visível e perceptível da presença de Cristo invisível, presente na vida de cada cristão.
Para ler o artigo anterior clique aqui.
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Jornada Mundial da Juventude Rio 2013
Indulgência para os participantes da JMJ Rio 2013
Decreto assinado pelo Penitenciário-mor Cardeal Manuel Monteiro de Castro
Por Redacao
ROMA, 09 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Será concedida indulgência parcial aos fiéis que participarem da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 – informa a Radio Vaticana - . Para receber a indulgência é preciso rezar pelas intenções do Papa elevando fervorosas orações a Deus, concluindo com a oração oficial da JMJ; invocar a Santa Virgem Maria, Rainha do Brasil, sob o título de "Nossa Senhora da Conceição Aparecida", bem como aos outros patronos e intercessores da Jornada a fim de que estimulem os jovens a se fortalecerem na fé e a caminharem na santidade;confessar e comungar.
Os jovens e todos os fiéis devidamente preparados poderão desfrutar do dom da indulgência, uma vez por dia nas condições habituais (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice) e também aplicar em sufrágio para as almas dos fiéis defuntos,para os fiéisverdadeiramente arrependidose contritos, que devotamente participaremdos ritos sagrados e práticas religiosas que serão realizadas no Rio de Janeiro.Informou o serviço de Comunicação do Vaticano.
Veja abaixo a íntegra do decreto
Penitenciaria Apostólica
Rio de Janeiro
Decreto
Concede-se o dom das Indulgências por ocasião da "XXVIII Jornada Mundial das Juventude", que será celebrada no Rio de Janeiro durante o corrente Ano da Fé.
O Santo Padre Francisco, desejando que os jovens, em união com os fins espirituais do Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI, possam obter os frutos esperados de santificação da "XXVIII Jornada Mundial da Juventude, que se celebrará de 22 a 29 do próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro, e que terá por tema: 'Ide e fazei discípulos por todas as nações' (cfr. Mt 28, 19)", na Audiência concedida no passado 3 de junho ao subscrito Cardeal Penitenciário-mor, manifestando o coração materno da Igreja, do Tesouro das satisfações de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Beatíssima Virgem Maria e de todos os Santos, estabeleceu que todos os jovens e todos os fiéis devidamente preparados pudessem usufruir do dom das Indulgências como determinado:
a) Concede-se a Indulgência plenária, obtenível uma vez por dia mediante as seguintes condições (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice) e ainda aplicável a modo de sufrágio pelas almas dos fiéis defuntos, pelos fiéis verdadeiramente arrependidos e contritos, que devotamente participem nos ritos sagrados e exercícios de piedade que terão lugar no Rio de Janeiro.
Os fiéis legitimamente impedidos, poderão obter a Indulgência plenária desde que, cumprindo as comuns condições espirituais, sacramentais e de oração, com o propósito de filial submissão ao Romano Pontífice, participem espiritualmente nas sagradas funções nos dias determinados, desde que sigam estes ritos e exercícios piedosos enquanto se desenrolam, através da televisão e da rádio ou, sempre que com a devida devoção, através dos novos meios de comunicação social;
b) Concede-se a Indulgência parcial aos fiéis, onde quer que se encontrem durante o mencionado encontro, sempre que, pelo menos com alma contrita, elevem fervorosamente orações a Deus, concluindo com a oração oficial da Jornada Mundial da Juventude, e devotas invocações à Santa Virgem Maria, Rainha do Brasil, sob o título de "Nossa Senhora da Conceição Aparecida", bem como aos outros Patronos e Intercessores do mesmo encontro, de modo a que estimulem os jovens a se fortalecerem na fé e a caminharem na santidade.
Para que os fiéis possam mais facilmente participarem destes dons celestes, os sacerdotes, legitimamente aprovados para ouvir confissões sacramentais, com ânimo pronto e generoso se prestem a acolhê-las e proponham aos fiéis orações públicas, pelo bom êxito desta "Jornada Mundial da Juventude".
O presente Decreto tem validade para este encontro. Não obstante qualquer disposição contrária.
Dado em Roma, na Sede da Penitenciaria Apostólica, no dia 24 de Junho do ano do Senhor de 2013, na solenidade de São João Batista
Cardeal Manuel Monteiro de Castro
Penitenciário-mor
Mons. Krzysztof Nykiel
Regente
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Observatório Jurídico
Nulidade de casamento religioso convalidada pela justiça brasileira
O STJ homologa uma sentença canônica
Por Edson Sampel
SãO PAULO, 11 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Recentemente, no mês de junho de 2013, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) convalidou uma sentença canônica de nulidade de casamento. O relator do processo estribou-se no artigo 12 do Acordo Brasil-Santa Sé. Com efeito, reza o parágrafo primeiro do mencionado artigo: "A homologação das sentenças eclesiásticas em matéria matrimonial, confirmadas por órgão de controle superior da Santa Sé, será efetuada nos termos da legislação brasileira sobre homologação de sentenças estrangeiras."
Penso que doravante haverá muitos requerimentos de homologação de sentenças judiciais oriundas do poder judiciário da Igreja católica. Pelo pacto internacional celebrado com a Santa Sé, o Brasil se compromete a dar validade jurídica às decisões relativas a matrimônios, nada mais. Deveras, a Igreja sempre reivindicou sua competência concorrente para estatuir as normas que digam respeito ao casamento. Vale dizer: a Igreja e o Estado têm graves responsabilidades em tutelar os valores da família.
Resta saber se a justiça brasileira homologará tão somente as sentenças em que a nulidade provier de causa concomitantemente relevante para o direito civil e para o direito canônico ou de causa de nulidade exclusivamente canônica. Explico. A coação irresistível, como uma ameaça de morte, torna nulo o casamento tanto no aspecto cível quanto no canônico. Ora, se o noivo foi compelido a se casar sob o prenúncio de um mal terrível, irrogado pelo pai da noiva, cuida-se de um casamento nulo. Outro exemplo se reporta à idade. É nulo para a Igreja e para o Estado um casamento em que o noivo contar com 11 anos de vida. Sem embargo, existem causas de nulidade exclusivamente canônicas, não referendadas pelo direito civil. Uma hipótese, bastante comum nos tribunais eclesiásticos, é a chamada "exclusão do bem da fidelidade". Um dos nubentes, ou ambos, foi sempre infiel, privando com outros parceiros sexuais desde o namoro. Este casamento é nulo para a Igreja. Outra possibilidade, uma das mais ocorrentes nas cortes canônicas, é a denominada "falta de discrição de juízo", ou seja, uma imaturidade grave que impede aos nubentes coexistirem sob o mesmo teto, com o cumprimento das obrigações inerentes ao conúbio. Isto é nulidade para o direito canônico, mas não para o direito civil ou estatal.
Pelo que pude aquilatar em colóquios com alguns especialistas, a tendência é que a justiça brasileira homologue qualquer casamento declarado nulo pela corte máxima da Igreja, o Tribunal da Assinatura Apostólica, localizado em Roma. É, aliás, o que se depreende da leitura do resumo da primeira homologação deste tipo, postado no site do STJ. O relator coloca como premissas para a convalidação o fato de o casamento haver sido celebrado em conformidade com o direito civil, bem como a previsão do ato homologatório no acordo. Parece não haver nenhuma referência à causa de nulidade contemplada simultaneamente pelo direito civil e pelo direito canônico.
A grande novidade trazida pelo Acordo Brasil-Santa Sé consiste em que os envolvidos nestes processos, após a devida homologação, passarão a ostentar o estado civil de solteiro. Isto é simplesmente revolucionário! É claro que, felizmente, não nos encontramos mais em tempos tão preconceituosos, em que ser divorciado ou divorciada era uma nódoa pesadíssima imposta pela sociedade. De qualquer modo, cuido que a bastante gente interessará voltar a ser solteiro, após um casamento malogrado.
Os tribunais eclesiásticos do Brasil estão repletos de pedidos de nulidade de matrimônio. Sabemos que grande parte dos brasileiros opta pelo casamento religioso (canônico) na Igreja católica. Perante a legislação pátria, não vejo caminho para a declaração de nulidade de casamento, com o retorno ao estado civil de solteiro, a não ser pelo processo canônico, conforme as novas e alvissareiras perspectivas delineadas pelo acordo Brasil Santa-Sé
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Espiritualidade
Que a santa cruz seja a nossa luz
Catequese para toda a família
Por Luis Javier Moxo Soto
MADRI, 10 de Julho de 2013 (Zenit.org) - A primeira encíclica do nosso papa Francisco, Lumen Fidei, foi começada pelo papa emérito Bento XVI e terminada por Francisco 114 dias após a sua eleição.
Se, como diz São Paulo, a fé vem da pregação e esta vem pela palavra de Cristo (Rom 10, 17), então pudemos ouvir esse doce Cristo na terra transmitir-nos a luz e o frescor do Evangelho.
Temos que nos perguntar quais são as sombras que povoam hoje a humanidade e qual é a luz que vem da fé da Igreja nesses tempos que nos couberam.
Há consciência da sombra e da escuridão? Há necessidade real da luz da fé, da verdade, do Evangelho?
Não de forma abstrata, mas na minha vida, na vida da minha família, da minha comunidade cristã, no meu trabalho e no meu lazer: sou daqueles que guardam num lugar escondido, longe da exposição pública, o tesouro da fé que me foi confiada? Ou não posso evitar que tudo o que eu penso, sinto e vivo esteja cheio do amor de Deus?
Porque se recebi o maior dos tesouros e não o aproveito, se não cuido dele todo dia, se não o exponho ao sol da verdade e ao ar livre da relação com os outros, como posso esperar que a minha vida se enraíze na única terra que realmente vale a pena e que me salva?
Acolher e amadurecer a fé é ser sal e luz no mundo. E é motivo de alegria constante saber que somos amados, incondicionalmente, não só por Quem nos deu esse tesouro, mas porque Ele próprio é esse tesouro.
Na medalha de São Bento de Núrsia, cuja festa celebramos em 11 de julho, está inscrito Crux Sacra Sit Mihi Lux ("Que a Santa Cruz seja a minha luz"). Isto nos lembra que, por trás da cruz de Cristo, temos sempre a luz da ressurreição e, para chegar a ela, devemos passar pela porta estreita do sofrimento.
Nesta décima quarta semana do Tempo Comum, avaliemos como estamos vivendo a relação da fé com a luz de que tanto precisamos, da cruz que carregamos todo dia com a presença real de Cristo. E também como vivemos essa relação na prática, como a transmitimos às nossas crianças e jovens, em nosso ambiente mais concreto.
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Angelus
"Deus sempre quer a misericórdia e não a condenação"
Palavras do Papa Francisco antes de recitar o Angelus em Castel Gandolfo
ROMA, 14 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Às 12 horas de hoje, na Praça da Liberdade em frente ao Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, o Santo Padre Francisco rezou a oração do Angelus com os fiéis e peregrinos presentes. Estas foram as palavras do Papa:
"Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o nosso encontro dominical do Angelus vivemos aqui em Castel Gandolfo. Eu saúdo os habitantes desta linda cidadezinha! Gostaria de vos agradecer, sobretudo pelas vossas orações, e o mesmo faço com todos vocês peregrinos, que vieram em grande número aqui.
O Evangelho de hoje - estamos no capítulo 10 de Lucas - é a famosa parábola do Bom Samaritano. Quem era esse homem? Era alguém, que descia de Jerusalém em direção à Jericó na estrada que atravessa o deserto da Judéia. Há pouco, nesta estrada, um homem havia sido atacado por bandidos, roubado, espancado e deixado quase morto. Antes do samaritano, passaram um sacerdote e um levita, ou seja, duas pessoas envolvidas com o culto no Templo do Senhor. Eles vêem aquele pobre homem, mas seguem sem parar. Em vez disso, o samaritano, quando viu o homem, "teve compaixão" (Lc 10:33), diz o Evangelho. Ele aproximou-se e enfaixou as feridas, derramando um pouco de azeite e vinho, depois e colocou-o em seu próprio animal e levou-o para uma hospedaria, e pagou para ele o alojamento ... Quer dizer, cuidou dele: é o exemplo de amor ao próximo. Mas porque Jesus escolheu um samaritano como protagonista desta parábola? Por que os samaritanos eram desprezados pelos judeus, por causa de diferentes tradições religiosas; e Jesus faz ver que o coração daquele Samaritano é bom e generoso e que - ao contrário do sacerdote e do levita - ele coloca em prática a vontade de Deus, que quer a misericórdia e não o sacrifício (cf. Mc 12:33). Deus sempre quer a misericórdia e não a condenação. Quer a misericórdia do coração, porque Ele é misericordioso e sabe entender bem as nossas misérias, as nossas dificuldades e também os nossos pecados. Dá a todos nós este coração misericordioso! O samaritano faz exatamente isto: imita a misericórdia de Deus, a misericórdia para aqueles que tem necessidade.
Um homem que viveu plenamente este Evangelho do Bom Samaritano é o Santo que hoje recordamos: São Camilo de Lellis, fundador dos Ministros dos Enfermos, o padroeiro dos doentes e dos profissionais de saúde. São Camilo morreu 14 de julho de 1614 e exatamente hoje se abre a celebração do seu quarto centenário, que terá o seu ápice em um ano. Saúdo com grande afeto a todos os filhos e filhas espirituais de São Camilo, que vivem o seu carisma de caridade no contato diário com os doentes. Sejam como ele bons samaritanos! E também aos médicos, aos enfermeiros e àqueles que trabalham em hospitais e asilos, auguro serem animados pelo mesmo espírito. Confiemos esta intenção à intercessão de Maria Santíssima.
E uma outra intenção eu gostaria de confiar à Nossa Senhora, junto a todos vocês. Está próxima a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro. Se vê que existem tantos jovens de idade, mas todos vocês são jovens no coração! Parabéns! Eu partirei em oito dias, mas muitos jovens irão ao Brasil antes. Rezemos então por esta grande peregrinação que começa, para que Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, guie os passos dos participantes e abra os seus corações para acolher a missão que Cristo dará a eles".
(Após o Angelus)
Me uno em oração aos Prelados e fiéis da Igreja na Ucrânia, reunidos na Catedral de Lutsk para a Missa em sufrágio das vítimas dos massacres de Volinia, ocorridos 70 anos atrás. Tais atos, provocados pela ideologia nacionalista no trágico contexto da II Guerra Mundial, provocaram dezenas de milhares de vítimas e feriram as relações fraternas entre dois povos – polonês e ucraniano. Confio á misericórdia de Deus as almas das vítimas, e para os seus povos, peço a graça de uma profunda reconciliação e de um futuro sereno na esperança e na sincera colaboração pela comum edificação do Reino de Deus.
Penso também nos pastores e fieis que participam da peregrinação da Família da Radio MariaJasnaGóra, Częstochowa.Confio-vos à proteção da Mãe de Deus eabençôo-vosde coração.
Saúdo com afeto os fiéis da Diocese de Albano! Invoco sobreelesa proteção de São Boaventura, patrono,cuja festa a Igreja celebraamanhã. Que sejauma boa festae muitas felicidades! Saúdo todos os peregrinos aqui presentes: os gruposparoquiais, famílias, jovens, especialmente aqueles que vieram da Irlanda; jovens surdos que estãoparticipando de um encontro internacional em Roma.
Saúdo as Irmãs deSantaElizabeth,às quais augurouma renovação espiritual frutífera; os Apóstolos do Sagrado Coração de Jesus, com as famílias de diferentes nações; as Filhas da Caridade Divina,empenhadasno Capítulo Geral; e asSuperiorasdas Filhas de Maria Auxiliadora.
Desejo a todos um bom domingo e um bom almoço!
(Trad.Radio Vaticana\Zenit)
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O mundo visto de Roma
Serviço semanal - 14 de Julho de 2013
Papa Francisco
Lampedusa: um rochedo e um farol aceso pela Igreja, pela Itália e pela Europa
A saudação ao papa feita por dom Francesco Montenegro, arcebispo de Agrigento
"Peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença"
Homilia do Papa Francisco na Missa pelas vítimas dos naufrágios
Pregação Sagrada
Os ministérios de leitor e acólito
Responde o pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual
Como melhorar a pregação sagrada
Coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Pregação dos exercícios espirituais inacianos (7)
Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Igreja e Religião
Os mártires espanhóis não têm relação com nenhum dos lados da guerra civil do país
Eles foram assassinados única e exclusivamente por causa da fé, afirma a diretora do escritório para a Causa dos Santos da Conferência Episcopal Espanhola
A luz da fé: A encíclica do papa Francisco
Cardeal Odilo Scherer comenta sobre a Lumen Fidei
Protomártires Romanos
As perseguições imperiais terminaram no início do século IV com a paz oferecida pelo imperador Constantino, mas a Igreja nunca deixou de ser perseguida.
Cultura e Sociedade
Super Gestora x Mulher Maravilha: quando a realização feminina consistiu em fazer o que os homens faziam
A propósito do livro Envolva-se, de Sheryl Sandberg
World Council of Churches: Não manipular a religião com objetivos políticos
Em foco, a preocupação com a destruição de templos na Síria. Líderes muçulmanos são convidados a condenar o uso do islã para agredir os vizinhos.
Rejeição de proposta gay consolida a liberdade de todos
Lobby gay pretendia impor aos países europeus a promoção ativa da homossexualidade
Pequeninos do Senhor
Formação Espiritual da criança: Quem é o responsável?
Coluna de orientação catequética aos cuidados de Rachel Lemos Abdalla
Jornada Mundial da Juventude Rio 2013
Indulgência para os participantes da JMJ Rio 2013
Decreto assinado pelo Penitenciário-mor Cardeal Manuel Monteiro de Castro
Observatório Jurídico
Nulidade de casamento religioso convalidada pela justiça brasileira
O STJ homologa uma sentença canônica
Espiritualidade
Que a santa cruz seja a nossa luz
Catequese para toda a família
Angelus
"Deus sempre quer a misericórdia e não a condenação"
Palavras do Papa Francisco antes de recitar o Angelus em Castel Gandolfo
Papa Francisco
Lampedusa: um rochedo e um farol aceso pela Igreja, pela Itália e pela Europa
A saudação ao papa feita por dom Francesco Montenegro, arcebispo de Agrigento
ROMA, 08 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Reproduzimos o discurso de saudação que dom Francesco Montenegro, arcebispo de Agrigento, fez ao papa Francisco na celebração eucarística realizada no campo esportivo "Arena", da ilha de Lampedusa.
"A minha alma engrandece ao Senhor eo meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador". Amado Santo Padre, confio às palavras de Maria o meu e o nosso sentimento de alegria pelo presente que é a sua presença junto a nós e, através da minha saudação, trago o abraço e o carinho de todos os irmãos e irmãs de Lampedusa, de Linosa e de toda a diocese de Agrigento. Seja bem-vindo entre nós! Nós sentimos que, hoje, através da sua pessoa, é o "Senhor quem visita o seu povo".
Nos últimos anos, esta ilha se tornou sinônimo de outras palavras: desembarques, clandestinos, imigrantes, emergência, morte, esperança. A sua presença hoje nos convida a uma leitura mais profunda destes fenômenos. Nós sentimos que nosso Senhor quer escrever páginas da história à sua maneira. Nesta ilha, revivem-se as páginas do Êxodo: a escravidão, a passagem pelo mar, a travessia do deserto, a terra prometida, o sonho da liberdade.
Esta ilha é ao mesmo tempo um rochedo e um farol. É o rochedo ao qual os últimos da história se agarram desesperadamente para conseguir uma vida melhor. Para muitos deles, infelizmente, Lampedusa se tornou um túmulo. Mas Lampedusa é também farol, farol aceso por toda a Igreja, pela Itália, pela Europa. Lampedusa relembra a todos que existem demandas de justiça e de dignidade que não podem ser apagadas. Esta ilha é uma lâmpada que permanece acesa para alertar que não devemos mais pensar somente em emergência ou em simples acolhimento, gestos de que o povo de Lampedusa e de Linosa têm sido nobres testemunhas, mas em promoção de políticas de justiça e de respeito por cada vida humana.
O abraço desesperado a que tantas vezes assistimos, em um barco ou no porto, entre aquele que chega da África e aquele que naquele instante o resgata, é o sinal de um abraço maior, que tenta enlaçar o mundo que se diz rico e aquele que, ao longo dos séculos, foi sendo depauperado.
Santo Padre, em seu abraço, todos nós nos sentimos acolhidos: aqueles que sofrem e os artífices da paz, que têm fome e sede de justiça. A sua presença e as suas palavras são de apoio tanto para os nossos irmãos imigrantes quanto para as comunidades de Lampedusa e de Linosa, que, tantas vezes, carregaram um fardo muito grande ao assumir situações difíceis de enfrentar, sempre com grande generosidade e amor.
Mais uma vez, Santo Padre, obrigado! Estamos comprometidos na oração por Sua Santidade e pelo seu ministério a serviço da Igreja universal. Nós o confiamos à Virgem Maria, que aqui veneramos com o título de "Porto Seguro". Pedimos por intermédio dela, para Sua Santidade, Santo Padre, a força de conduzir o rebanho de Cristo até o porto seguro da salvação.
E pedimos também que Sua Santidade nos apoie com as suas orações e com o seu afeto, para que a diocese de Agrigento e as comunidades de Lampedusa e de Linosa cresçam mais e mais na operosidade da fé, no empenho da caridade e na firme esperança em Cristo. Obrigado.
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"Peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença"
Homilia do Papa Francisco na Missa pelas vítimas dos naufrágios
ROMA, 08 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos a homilia do Papa Francisco pronunciada nesta segunda feira, 8 de julho, na Missa pelas vítimas dos naufrágios, por ocasião de sua viagem a ilha de Lampedusa, na Itália.
Emigrantes mortos no mar; barcos que em vez de ser uma rota de esperança, foram uma rota de morte. Assim recitava o título dos jornais. Desde há algumas semanas, quando tive conhecimento desta notícia (que infelizmente se vai repetindo tantas vezes), o caso volta-me continuamente ao pensamento como um espinho no coração que faz doer. E então senti o dever de vir aqui hoje para rezar, para cumprir um gesto de solidariedade, mas também para despertar as nossas consciências a fim de que não se repita o que aconteceu. Que não se repita, por favor. Antes, porém, quero dizer uma palavra de sincera gratidão e encorajamento a vós, habitantes de Lampedusa e Linosa, às associações, aos voluntários e às forças de segurança, que tendes demonstrado – e continuais a demonstrar – atenção por pessoas em viagem rumo a qualquer coisa de melhor. Sois uma realidade pequena, mas ofereceis um exemplo de solidariedade! Obrigado! Obrigado também ao Arcebispo Dom Francesco Montenegro pela sua ajuda, o seu trabalho e a sua solidariedade pastoral. Saúdo cordialmente a Presidente da Câmara Senhora Giusi Nicolini, muito obrigado por aquilo que fez e faz. Desejo saudar os queridos emigrantes muçulmanos que hoje, à noite, começam o jejum do Ramadão, desejando-lhes abundantes frutos espirituais. A Igreja está ao vosso lado na busca de uma vida mais digna para vós e vossas famílias. A vós digo: oshià!
Nesta manhã quero, à luz da Palavra de Deus que escutamos, propor algumas palavras que sejam sobretudo uma provocação à consciência de todos, que a todos incitem a reflectir e mudar concretamente certas atitudes.
«Adão, onde estás?»: é a primeira pergunta que Deus faz ao homem depois do pecado. «Onde estás, Adão?». E Adão é um homem desorientado, que perdeu o seu lugar na criação, porque presume que vai tornar-se poderoso, poder dominar tudo, ser Deus. E quebra-se a harmonia, o homem erra; e o mesmo se passa na relação com o outro, que já não é o irmão a amar, mas simplesmente o outro que perturba a minha vida, o meu bem-estar. E Deus coloca a segunda pergunta: «Caim, onde está o teu irmão?» O sonho de ser poderoso, ser grande como Deus ou, melhor, ser Deus, leva a uma cadeia de erros que é cadeia de morte: leva a derramar o sangue do irmão!
Estas duas perguntas de Deus ressoam, também hoje, com toda a sua força! Muitos de nós – e neste número me incluo também eu – estamos desorientados, já não estamos atentos ao mundo em que vivemos, não cuidamos nem guardamos aquilo que Deus criou para todos, e já não somos capazes sequer de nos guardar uns com os outros. E, quando esta desorientação atinge as dimensões do mundo, chega-se a tragédias como aquela a que assistimos.
«Onde está o teu irmão? A voz do seu sangue clama até Mim», diz o Senhor Deus. Esta não é uma pergunta posta a outrem; é uma pergunta posta a mim, a ti, a cada um de nós. Estes nossos irmãos e irmãs procuravam sair de situações difíceis, para encontrarem um pouco de serenidade e de paz; procuravam um lugar melhor para si e suas famílias, mas encontraram a morte. Quantas vezes outros que procuram o mesmo não encontram compreensão, não encontram acolhimento, não encontram solidariedade! E as suas vozes sobem até Deus! Uma vez mais vos agradeço, habitantes de Lampedusa, pela solidariedade. Recentemente falei com um destes irmãos. Antes de chegar aqui, passaram pelas mãos dos traficantes, daqueles que exploram a pobreza dos outros, daquelas pessoas para quem a pobreza dos outros é uma fonte de lucro. Quanto sofreram! E alguns não conseguiram chegar.
«Onde está o teu irmão?» Quem é o responsável por este sangue? Na literatura espanhola, há uma comédia de Félix Lope de Vega, que conta como os habitantes da cidade de Fuente Ovejuna matam o Governador, porque é um tirano, mas fazem-no de modo que não se saiba quem realizou a execução. E, quando o juiz do rei pergunta «quem matou o Governador», todos respondem: «Fuente Ovejuna, senhor». Todos e ninguém! Também hoje assoma intensamente esta pergunta: Quem é o responsável pelo sangue destes irmãos e irmãs? Ninguém! Todos nós respondemos assim: não sou eu, não tenho nada a ver com isso; serão outros, eu não certamente. Mas Deus pergunta a cada um de nós: «Onde está o sangue do teu irmão que clama até Mim?» Hoje ninguém no mundo se sente responsável por isso; perdemos o sentido da responsabilidade fraterna; caímos na atitude hipócrita do sacerdote e do levita de que falava Jesus na parábola do Bom Samaritano: ao vermos o irmão quase morto na beira da estrada, talvez pensemos «coitado» e prosseguimos o nosso caminho, não é dever nosso; e isto basta para nos tranquilizarmos, para sentirmos a consciência em ordem. A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão: estas são bonitas mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa!
Reaparece a figura do «Inominado» de Alexandre Manzoni. A globalização da indiferença torna-nos a todos «inominados», responsáveis sem nome nem rosto.
«Adão, onde estás?» e «onde está o teu irmão?» são as duas perguntas que Deus coloca no início da história da humanidade e dirige também a todos os homens do nosso tempo, incluindo nós próprios. Mas eu queria que nos puséssemos uma terceira pergunta: «Quem de nós chorou por este facto e por factos como este?» Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs? Quem chorou por estas pessoas que vinham no barco? Pelas mães jovens que traziam os seus filhos? Por estes homens cujo desejo era conseguir qualquer coisa para sustentar as próprias famílias? Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de «padecer com»: a globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar! No Evangelho, ouvimos o brado, o choro, o grande lamento: «Raquel chora os seus filhos (...), porque já não existem». Herodes semeou morte para defender o seu bem-estar, a sua própria bola de sabão. E isto continua a repetir-se... Peçamos ao Senhor que apague também o que resta de Herodes no nosso coração; peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença, de chorar pela crueldade que há no mundo, em nós, incluindo aqueles que, no anonimato, tomam decisões socioeconómicas que abrem a estrada aos dramas como este. «Quem chorou?» Quem chorou hoje no mundo?
Senhor, nesta Liturgia, que é uma liturgia de penitência, pedimos perdão pela indiferença por tantos irmãos e irmãs; pedimo-Vos perdão, Pai, por quem se acomodou, e se fechou no seu próprio bem-estar que leva à anestesia do coração; pedimo-Vos perdão por aqueles que, com as suas decisões a nível mundial, criaram situações que conduzem a estes dramas. Perdão, Senhor!
Senhor, fazei que hoje ouçamos também as tuas perguntas: «Adão, onde estás?» «Onde está o sangue do teu irmão?».
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Pregação Sagrada
Os ministérios de leitor e acólito
Responde o pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual
Por Pe. Edward McNamara, L.C.
ROMA, 12 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Nesta semana, o pe. Edward McNamara responde a uma pergunta de um leitor de Papua Nova Guiné.
Os ministérios de leitor e de acólito devem sempre ser concedidos nesta ordem para aqueles que se preparam para o sacerdócio? É possível, em casos especiais (por exemplo, por necessidades pastorais), que o bispo inverta esta ordem, concedendo antes o ministério do acolitado e, seis meses depois, o leitorado? - P.M., Boroko, Papua Nova Guiné.
Em 1973, o papa Paulo VI publicou a carta apostólica Ministeria quaedam, que estabelece os ministérios leigos de leitor e de acólito, a ser conferidos a todos os candidatos às ordens sagradas. Para isto, devem ser atendidas as seguintes condições:
VIII. Para a admissão aos ministérios, são necessárias:
a) a solicitação, livremente feita e assinada pelo aspirante, a ser apresentada ao ordinário (o bispo e, nos institutos clericais, o superior maior), a quem cabe a aceitação;
b) a idade adequada e as qualidades especiais, que devem ser determinadas pela conferência episcopal;
c) a determinação de servir fielmente a Deus e ao povo cristão.
IX. Os ministérios são conferidos pelo ordinário (o bispo e, nos institutos clericais, o superior maior), com o rito litúrgico "Instituição do Leitor" e "Instituição do Acólito", reconhecido pela Sé Apostólica.
X. Entre o recebimento do leitorado e o do acolitado, sejam respeitados os interstícios estabelecidos pela Santa Sé ou pelas conferências episcopais, toda vez que a mesma pessoa recebe mais de um ministério.
XI. Os candidatos ao diaconado e ao sacerdócio devem receber os ministérios de leitor e de acólito, se ainda não os tiverem recebido, e exercê-los durante um período de tempo adequado, de modo a melhor se disporem aos futuros serviços da Palavra e do Altar. Para os mesmos candidatos, a dispensa de receber os ministérios é reservada à Santa Sé.
XII. A concessão dos ministérios não dá direito a sustento ou remuneração por parte da Igreja.
XIII. O rito de instituição de leitor e de acólito será publicado em breve pelo departamento competente da Cúria Romana.
As regras essenciais deste documento papal foram posteriormente incorporadas aos cânones 230 e 1035 do Código de Direito Canônico.
O primeiro parágrafo do cânon 230 diz:
Os leigos do sexo masculino, com a idade e as qualificações estabelecidas por decreto da conferência episcopal, podem receber, de forma permanente, por meio do rito litúrgico estabelecido, os ministérios de leitores e de acólitos; esta disposição, porém, não lhes dá direito a sustento ou remuneração por parte da Igreja.
Um homem pode, portanto, tornar-se leitor sem necessariamente aspirar a se tornar acólito, mas não parece que possa tornar-se acólito sem antes passar pelo leitorado. Deve-se admitir, no entanto, que, por várias razões práticas, esses ministérios são concedidos quase exclusivamente aos candidatos ao sacerdócio e ao diaconato.
Por sua vez, o cânone 1035 diz:
§ 1. Antes da promoção ao diaconato, seja permanente ou transitória, devem-se ter recebido os ministérios de leitor e de acólito, os quais devem ter sido exercidos durante um tempo apropriado.
§ 2. Entre a concessão do acolitado e a do diaconato, haja um intervalo de pelo menos seis meses.
O texto mostra que o ministério do acolitado precede o diaconato. Como não é feita nenhuma menção ao tempo durante o qual deve ser exercido o leitorado, pode-se deduzir que ele seja concedido logicamente antes. Tampouco há qualquer menção ao tempo que deve decorrer entre o recebimento do leitorado e do acolitado.
As normas básicas decretadas em 1998 pela Congregação para a Educação Católica no tocante à formação dos diáconos permanentes dizem, em seu número 59:
59. Entre o leitorado e o acolitado, é conveniente que transcorra um certo período de tempo para que o candidato possa exercer o ministério recebido. Entre a concessão do acolitado e do diaconato, haja um intervalo de pelo menos seis meses.
Não parece haver margem, assim, para se conferir legalmente o ministério do leitorado após o do acolitado. Caso acontecesse (na minha experiência, ocorreu apenas em uma ocasião), não haveria nenhum efeito sobre a legalidade nem dos ministérios nem da sucessiva ordenação.
Se o ordinário local tem uma situação particular a ser resolvida, como sugere o nosso leitor, ele tem a autoridade para agir, guardando os limites das normas e respeitando a ordem dos ministérios. Ele poderia reduzir o tempo entre o leitorado e o acolitado. Poderia ainda conferir um dos dois ministérios em uma cerimônia relativamente privada. Em caso de necessidade e urgência, ele também pode conferi-los ambos à mesma pessoa numa única celebração, eliminando o período de exercício do ministério do leitorado.
Nunca é permitido, no entanto, conferir o ministério do acolitado na mesma celebração da ordenação diaconal.
Os leitores podem enviar as suas perguntas para liturgia.zenit@zenit.org. Pede-se mencionar a palavra "Liturgia" no campo assunto. O texto deve incluir as iniciais, a cidade, estado e país. O pe. McNamara só poderá responder a uma pequena seleção das numerosas perguntas que recebemos.
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Como melhorar a pregação sagrada
Coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 12 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Depois de falar da pregação dos exercícios espirituais, quero hoje conversar com vocês sobre alguns tipos de homilia que deveríamos evitar. Assim, vocês poderão esboçar um sorriso depois de terem me aguentado durante a árida explicação dos exercícios espirituais!
HOMILIAS QUE DEVEMOS EVITAR SEMPRE
Homilia improviso: é aquela que o sacerdote "prepara" quando está colocando a alba, o cíngulo, a estola e a casula para a santa missa.
Homilia livresca: homilia com muito cheiro de livro e de escrivaninha; homilia acadêmica, marmórea, mas carente de coração e de conhecimento dos ouvintes.
Homilia arqueológica: homilia em que o pregador quer fazer incursões em detalhes secundários sobre os fariseus, os essênios, as dracmas, os estádios, a hora sexta, o átrio, o poço... Não explica a mensagem de Deus, e sim curiosidades periféricas.
Homilia romântica: aquela que quer promover lágrimas, sorrisos e água com açúcar, à base de exclamações, interjeições, gritos, linguagem paternalista com adjetivos ternos, diminutivos e aumentativos.
Homilia demagógica: com palavras e mais palavras, quer ficar de bem com o público, traindo tanto a mensagem evangélica quanto o destinatário, desfigurando e distorcendo a doutrina de Cristo.
Homilia literária: mais que uma prédica sagrada, é um exercício literário ou poético.
Homilia antológica: aquela que se transforma numa oportunidade para recordar e trazer à colação todas as frases, sentenças, textos, poesias e definições que o pregador aprendeu de memória ou achou em seus arquivos.
Homilia molusco: invertebrada, gelatinosa, sem argumento, sem conteúdo, sem tema. Nem termina um tema, já começa outro.
Homilia tijolo: puras ideias, sem relação com a vida prática dos ouvintes. A homilia deveria chegar, por assim dizer, até a cozinha da dona de casa, até o trabalho do pai de família, até a cadeira dos estudantes... Mas a homilia tijolo é pesada demais para chegar lá.
Homilia espaguete: enrola, enrola, enrola... Chateia os ouvintes e os faz bocejar.
Homilia cursinho: aborda muitos temas sem concretizar nenhum.
Homilia repetição do evangelho: não consegue tirar uma mensagem do evangelho para os ouvintes, limitando-se a ficar repetindo o que foi lido no evangelho. Será possível que o pregador seja incapaz de tecer uma homilia saborosa com uma ideia clara e bem apresentada? O ouvinte não é bobo!
Homilia técnica: usa o tempo todo uma linguagem teológica que as pessoas não entendem: metanoia, anáfora, parusia, epifânico, histérico, pneumático, mistagogo, escatologia, transubstanciação… A homilia não é uma aula de teologia, e sim uma conversa cordial com os ouvintes e paroquianos.
Homilia vira-lata: o pregador salpica a sua fala o tempo todo com gírias vulgares. Assim é rebaixada a palavra de Deus, a dignidade do profeta e a dignidade dos fiéis, que São Paulo chama de "santos no Senhor". O pregador não deve jamais se rebaixar, pois está falando em nome de Cristo e da Igreja.
Homilia do mau piloto: o pregador não sabe decolar nem aterrissar. Dá voltas e mais voltas e nunca termina. Até anuncia: "E para terminar"... mas arremete de volta às nuvens... "E agora para terminar"… e lá vai de novo para mais uma volta. Por favor, termine e ponto.
Se algum de vocês, com mais experiência e engenhosidade que eu, quiser citar outro tipo de homilia que deveríamos evitar, por favor, mande-me a sugestão por e-mail. Agradeço de antemão.
O artigo anterior pode ser lido clicando aqui.
Caso você queira se comunicar diretamente com o Pe. Antonio Rivero escreva para arivero@legionaries.org e envie as suas dúvidas e comentários.
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Pregação dos exercícios espirituais inacianos (7)
Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 08 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Terminamos hoje as regras de discernimento que Santo Inácio de Loyola apresenta em seus exercícios.
328- REGRAS PARA O MESMO EFEITO COM MAIOR DISCERNIMENTO DE ESPIRITOS, E SAO MAIS CONVINCENTES PARA A SEGUNDA SEMANA.
329 – Primeira regra. É próprio de Deus e dos seus anjos, em suas moções, dar verdadeira alegria e gozo espiritual, tirando toda a tristeza e perturbação que o inimigo suscita. Deste é próprio lutar contra a alegria e consolação espiritual, apresentando razões aparentes, subtilezas e contínuas falácias.
330 – Segunda regra. Só a Deus nosso Senhor pertence dar consolação à alma sem causa precedente. Porque é próprio do Criador entrar, sair, produzir moção na alma, trazendo-a toda ao amor de sua divina majestade. Digo: sem causa, isto é, sem nenhum prévio sentimento ou conhecimento de algum objeto pelo qual venha essa consolação, mediante seus atos de entendimento e vontade.
331 – Terceira regra. Com causa, pode consolar a alma, assim o anjo bom como o mau, para fins contrários: o bom anjo para proveito da alma, afim de que cresça e suba de bem em melhor; e o mau anjo para o contrário, e para ulteriormente trazê-la à sua perversa intenção e maldade.
332 – Quarta regra. É próprio do anjo mau, que se disfarça em anjo de luz, entrar com o que se acomoda à alma devota e sair com o que lhe convém a si, isto é, trazer pensamentos bons e santos, acomodados a essa alma justa, e, depois, pouco a pouco, procurar sair-se, trazendo a alma aos seus enganos encobertos e perversas intenções.
333 – Quinta regra. Devemos estar muito atentos ao decurso dos pensamentos. Se o princípio, meio e fim são inteiramente bons, inclinando a tudo bem, é sinal do bom anjo. Mas se no decurso dos pensamentos que traz, acaba nalguma coisa má, ou menos boa que aquela que a alma antes propusera fazer, ou a enfraquece, ou inquieta, ou perturba, tirando- lhe a sua paz, tranquilidade e quietude que antes tinha, é claro sinal que procede do mau espírito, inimigo do nosso proveito e salvação eterna.
334 – Sexta regra. Quando o inimigo da natureza humana for sentido e conhecido pela sua cauda serpentina e pelo mau fim a que induz, aproveita à pessoa que por ele foi tentada, verificar logo o decurso dos pensamentos que ele lhe trouxe, e o princípio deles, e como, pouco a pouco, procurou fazê-la descer da suavidade e gozo espiritual em que estava, até trazê-la à sua intenção depravada. Para que, com tal experiência, conhecida e notada, se guarde, daí por diante, de seus habituais enganos.
335 – Sétima regra. Naqueles que progridem de bem em melhor, o bom anjo toca-lhes a alma doce, leve e suavemente, como gota de água que penetra numa esponja; e o mau anjo toca agudamente, com ruído e agitação, como quando a gota de água cai sobre a pedra; e aos que vão de mal em pior, os mesmos espíritos tocam-nos de modo oposto. A causa desta diversidade está na disposição da alma ser contrária ou semelhante à dos ditos anjos. Porque, quando é contrária, entram com ruído e comoção, de maneira perceptível; e quando é semelhante, entram silenciosamente, como em casa própria, de porta aberta.
336 – Oitava regra. Quando a consolação é sem causa, embora nela não haja engano, por provir só de Deus nosso Senhor, como dissemos [330]; contudo a pessoa espiritual, a quem Deus dá essa consolação, deve observar e distinguir, com muita vigilância e atenção, o tempo próprio dessa consolação do tempo que se lhe segue, em que a alma fica quente e favorecida com o favor e os restos da consolação passada. Porque, muitas vezes, neste segundo tempo, por seu próprio raciocínio feito de relações e deduções de conceitos e juízos, ou pelo bom espírito ou pelo mau, forma diversas resoluções e opiniões que não são dadas imediatamente por Deus nosso Senhor. E, portanto, é necessário examiná-las muito bem, antes de se lhes dar pleno crédito e de se colocarem em prática.
Existem outras regras inacianas para sentir com a Igreja, e para discernir. Mas é suficiente o que temos exposto.
O artigo anterior pode ser lido clicando aqui.
Caso você queira se comunicar diretamente com o Pe. Antonio Rivero escreva para arivero@legionaries.org e envie as suas dúvidas e comentários.
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Igreja e Religião
Os mártires espanhóis não têm relação com nenhum dos lados da guerra civil do país
Eles foram assassinados única e exclusivamente por causa da fé, afirma a diretora do escritório para a Causa dos Santos da Conferência Episcopal Espanhola
ROMA, 12 de Julho de 2013 (Zenit.org) - São 522 os mártires que serão beatificados no dia 13 de outubro em Tarragona, Espanha. O processo de beatificação foi encerrado na última sexta-feira pelo papa Francisco. Até hoje, 1001 mártires da Espanha no século XX foram beatificados, onze dos quais já chegaram à canonização.
No encerramento da 66ª Semana Espanhola de Missionologia, celebrada em Burgos com o tema "Testemunhas da fé até a morte", Encarnación González, coordenadora do processo, enfatizou que "a guerra civil não provoca mártires, mas vítimas" e ressaltou que "o mártir não empunhou armas; ele foi perseguido e assassinado única e exclusivamente por causa da sua fé". Nem todos os mártires foram beatificados, devido ao estrito processo seguido pela Igreja. "O processo de discernimento foi bastante aperfeiçoado, porque a Igreja quer que seja dado culto só a quem merece de verdade".
O escritório para a Causa dos Santos tem registros de 10.070 mártires da perseguição religiosa acontecida na Espanha no século XX, sem contar os inumeráveis leigos, dos quais não há um número definido. Muitos deles talvez não cheguem aos altares, sem que por isto sejam menos importantes. "As beatificações não são para eles, os mártires, e sim para nós. Para eles não acrescenta nada. Elas interpelam a nós", afirma Encarnación.
Dos 522 mártires que serão beatificados em Tarragona, 100 eram sacerdotes, incluindo 3 bispos; 412 foram religiosos de 23 congregações; 7 eram leigos e 3 eram seminaristas. De todos eles, 68 nasceram na diocese de Burgos. Há 7 mártires que nasceram fora da Espanha, mas faleceram em seu território: eram originários da Colômbia, de Cuba, das Filipinas, da França e de Portugal.
"O século XX, paradoxalmente, foi o século da democracia e do terror", prossegue Encarnación González, fazendo alusões às palavras de João Paulo II na carta Tertio Millennio Adveniente. "O século XXI também está sendo um século de mártires. O mártir é um apaixonado por Cristo que não se deixa intimidar, que olha para o crucificado e encontra a força para perdoar os seus perseguidores", conclui.
Anastasio Gil García, diretor das Obras Missionárias Pontifícias (OMP), se erigiu como voz dos mais de 13.000 missionários espanhóis que estão no mundo, vivendo o martírio do cotidiano. Na conferência que abriu a sessão da manhã, ele explicou que os missionários são pessoas normais que foram chamadas por Deus à missão e que a Igreja enviou para anunciar o evangelho.
Gil destacou o compromisso da Igreja missionária com a educação, a saúde e a justiça. "A figura do missionário tem uma atração que nos desperta da letargia em que vivemos", explica o diretor da OMP, concatenando frases de diversos missionários que falavam sobre a dificuldade da missão, a solidão e a alegria de transmitir Deus aos mais necessitados. "O grande tesouro dos missionários é um trabalho silencioso e escondido, sem desejar nada além de ser enterrados na terra de missão".
Dom Braulio Rodríguez, arcebispo de Toledo e presidente da Comissão Episcopal de Missões da Conferência Episcopal Espanhola, denunciou em entrevista coletiva que a perseguição religiosa desencadeada contra os cristãos no mundo todo é silenciada sistematicamente pelos meios de comunicação. Ele mostrou admiração pelos missionários que "são testemunhas da fé não durante um fim de semana, mas até a morte". Em suas palavras de encerramento da semana, ele convidou todas as comunidades a contemplar a comunidade de Jerusalém, da qual partiram todos os missionários, germe da nossa fé atual.
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A luz da fé: A encíclica do papa Francisco
Cardeal Odilo Scherer comenta sobre a Lumen Fidei
SãO PAULO, 11 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Era bem esperada uma encíclica sobre a fé, ainda no pontificado de Bento 16. De fato, ele já havia escrito uma sobre a caridade (Deus caritas est – Deus é Amor) e uma sobre a esperança (Spe salvi – Salvos na Esperança). Faltava uma sobre a fé, para completar a trilogia de ensinamentos pontifícios sobre as virtudes teologais, dons preciosos recebidos de Deus no Batismo.
E foi o papa Francisco quem nos deu a encíclica Lumen Fidei (A Luz da Fé), sobre a fé, bem no decorrer do Ano da Fé. Ele mesmo, no entanto, já havia dito, quando a anunciou há poucas semanas, que seria uma encíclica "escrita a quatro mãos", uma vez que seu predecessor já havia trabalhado, antes de abdicar ao pontificado, em vista de sua publicação.
A encíclica nos vem, não apenas para a melhor vivência do Ano da Fé, mas para compreender e viver melhor a própria fé. Não é um texto para ser analisado com mera curiosidade intelectual, ou com o intuito de fazer uma análise teológica sobre ele; seria muito pouco. Bem mais, ele deve ser lido e degustado com o desejo de compreender e acolher cada palavra dita com amor de pai por quem fala com a sabedoria adquirida ao longo de uma existência e com o desejo de comunicar coisas essenciais à vida dos filhos...
É interessante notar que o Papa não fala da fé a partir das "verdades da fé": o primeiro capítulo traz o título – "acreditamos no amor". Nosso ato de fé é precedido pelo amor de Deus, que se manifesta ao mundo e nos faz experimentar seu amor salvador; a experiência do amor precede a fé! Não é também isso que acontece entre as pessoas? Quando duas pessoas se amam verdadeiramente, elas passam a acreditar profundamente uma na outra...
É o que já ouvimos do papa emérito Bento 16 em outras ocasiões: nossa fé e nossa experiência religiosa não decorrem de uma doutrina perfeita, nem de um ideal ético altíssimo, mas do encontro com a pessoa de Deus, amoroso e fiel, que se revelou, veio ao nosso encontro e nos amou. É a isso que o Papa se refere quando fala, na encíclica, sobre Abraão, nosso pai na fé, a experiência histórica e mística do Povo de Israel, a vinda do Filho de Deus ao mundo e a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
"Ele me amou e por mim se entregou na cruz", exclama São Paulo, depois de fazer a experiência do encontro com Jesus Cristo no caminho de Damasco; sua fé foi vivíssima e inabalável porque experimentou o "mistério" do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus. Para os apóstolos e para os grandes cristãos, que foram e são os santos, falar da fé não significou tratar de verdades abstratas, bem elaboradas pela razão humana; eles falavam, antes de tudo, da pessoa de Deus e de Jesus Cristo, de sua ação envolvente, especialmente de seu amor misericordioso e de sua providência. As verdades da fé e da moral, também elaboradas bem como doutrinas, seguem depois disso.
A encíclica fala, no capítulo 2º, que é preciso crer para compreender; de fato, a fé é um dom sobrenatural, que nos é dado como luz forte, que nos faz perceber melhor aquilo que queremos compreender. É o contrário do que, geralmente, as pessoas imaginam: não é "ver para crer", mas "crer para ver". Na ordem da fé, podemos dizer: quem crê compreende mais e melhor. Não é que a fé dispensa o esforço da razão e o estudo: fé e razão completam-se e não devem ser opostas, nem tidas como excludentes.
Um belo capítulo trata da transmissão da fé: esta é uma das preocupações sérias da Igreja em nossos dias. O papa fala que a Igreja é "a mãe da nossa fé". Esta não é um fato individual e subjetivo: aquilo que cremos foi transmitido a nós, vem de longe, dos apóstolos! "Transmiti-vos aquilo que eu mesmo recebi", observou São Paulo (1Cor 15,3). Cremos no testemunho de quem creu primeiro; e temos motivos bons para fazer isso! Cremos com quem já creu, os mártires, os santos, os mestres da fé ao longo da história. Cremos e temos o compromisso de continuar a transmitir hoje essa preciosa herança da fé!
Enfim, a encíclica trata das obras da fé. "A fé, sem as obras, é morta em si mesma", já advertia São Tiago! Mas não se trata de opor as obras à fé: estas são decorrência e fruto da fé verdadeira. Crendo, nós nos colocamos na sintonia com o plano de Deus sobre este mundo e sobre a nossa vida. E então, surgem as obras da fé e cessam as obras contrárias à fé, porque são contrárias a Deus e ao seu amor!
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
(Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 09.07.2013)
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Protomártires Romanos
As perseguições imperiais terminaram no início do século IV com a paz oferecida pelo imperador Constantino, mas a Igreja nunca deixou de ser perseguida.
Por Vitaliano Mattioli
ROMA, 09 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Em 29 de junho, a Igreja celebra os santos apóstolos e mártires, Pedro e Paulo, colunas de fundação da Igreja de Roma. Mas esta celebração ofusca a dos Protomártires Romanos celebrada no dia seguinte. Esta antiga festa mostra que a Igreja, desde o início, concedeu uma reverência especial àqueles que testemunharam com seu sangue a fé em Cristo.
Na verdade, os dois apóstolos não são um caso à parte, mas são as vítimas mais famosas desta perseguição. Não conhecemos os nomes dos Protomártires, mas sabemos que foi uma multidão. O Martirológio Geronimo (Sec. V), sustenta o número 979.
Isso aconteceu na época de Nero, que foi imperador de 54 a 68. Foi ele quem desencadeou no Império a primeira grande perseguição contra os cristãos, que durou cerca de três anos, de 64 a 67.
Como nos diz o historiador latino Cornélio Tácito em sua obra "Os Annales" (15, 44), Nero aproveitou a oportunidade do incêndio de 19 de Julho do ano de 64, que atingiu diversos quarteirões no centro de Roma, para se defender da acusação de ter causado o incêndio, ele acusou os cristãos. A partir daí, foi mais fácil incitar a população pagã contra os cristãos e desencadear a perseguição.
Tácito, pagão, que já não nutria simpatia por eles, manifesta uma concussão descrevendo as torturas a que foram condenados estes inocentes, simplesmente por aderirem à religião de um certo Cristo.
Estes fatos ficaram bem gravados na memória. No ano 95/96 o Papa Clemente em sua carta à comunidade de Corinto, refere-se à perseguição: "Tenhamos diante dos olhos os bons apóstolos Pedro e Paulo… A estes homens, mestres de vida santa, juntou-se uma grande mutidão de eleitos que, vitimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade" (5, 3-5; 6, 1)
O Papa Gregório XIII deu ordem para compor uma ópera em memória dos mártires, intitulada "O Martirológio Romano", concluída em 1586. Esta recorda os Primeiros Mártires, referindo-se a descrição de Tácito: "Em Roma, celebra-se o natal de muitíssimos santos mártires que, sob o império de Nero, foram falsamente acusados do incêndio da cidade e por sua ordem foram mortos de vários modos atrozes: alguns foram cobertos com pêlos de animais selvagens e lançados aos cães para que os fizessem em pedaços; outros, crucificados e, ao declinar do dia, usados como tochas para iluminar a noite. Todos eram discípulos dos apóstolos e foram os primeiros mártires que a santa Igreja romana enviou a seu Senhor antes da morte dos apóstolos".
O local era o Circo de Nero, que coincide com o lado esquerdo da atual Basílica de São Pedro e o pátio exterior. A pequena praça ao lado da sacristia hoje é chamada de "Praça dos Protomártires Romanos".
O Papa Pio XI solicitou a Associação "Cultorum Martyrum" para colocar uma lapide em memória, com a seguinte inscrição: "Este lugar, antigamente casa e circo de Nero, hoje farol de luz para o mundo, conquistaram com sangue duce o apóstolo Pedro e os Primeiros Cristãos. Ascenso daqui para oferecer a Cristo as palmas do novo triunfo (27 de Junho 1923) ".
A palavra "mártir" em grego significa "testemunha" e foi amplamente usada em discursos judiciais. Durante as perseguições contra os cristãos indicou os homens que, com o sofrimento e a morte, se tornaram 'testemunhas' da fé em Cristo.
Cristo é o primeiro mártir e a sua Igreja por uma boa razão pode ser chamada de "Igreja dos Mártires".
Nas Constituições Apostólicas (Sec. IV), lemos: "Aquele que é condenado pelo nome do Senhor Deus é um santo mártir, é um irmão do Senhor, um filho do Altíssimo" (V, 2).
As perseguições imperiais terminaram no início do século IV com a paz oferecida pelo imperador Constantino, mas a Igreja nunca deixou de ser perseguida. No século passado, o número de cristãos mortos por ódio à fé foi maior do que nos três primeiros séculos.
Com o tempo, o conceito de "testemunha" assumiu um significado mais amplo, como resultado das mudanças de atitude em relação à Igreja e à fé cristã.
Já S. Tomás de Aquino, afirma que deve ser considerado mártir, cuja morte que faz referência à morte de Cristo, aquele que defende a sociedade contra os ataques daqueles que querem corromper a fé cristã. (Cf. In IV Sent, Dist. 49, q. 5, a. 3).
Dom Tomasi, Observador Permanente da Santa Sé na ONU, declarou que mais de 100 mil cristãos são violentamente mortos a cada ano por sua fé. Outros, acrescentou, são obrigados a fugir, violentados, torturados ou sequestrados por causa de sua religião (Fonte Zenit, 13/5/29).
Ainda no século XXI, a Igreja é mártir. Os cristãos devem ser conscientes. Por esta razão, é importante retornar à carta acima mencionada do Papa Clemente: "Escrevemos isto, caríssimos, não apenas para vos recordar os deveres que tendes, mas também para nos alertarmos a nós próprios. Pois nos encontramos na mesma arena e combateremos o mesmo combate" (7,1). Sim, ainda hoje o cristão deve lutar, provavelmente em outras arenas, para ser sempre coerente com a sua fé.
A exortação de São Inácio, bispo de Antioquia, que foi martirizado em Roma no ano de 107 (alguns historiadores dizem 110) é extremamente relevante hoje. Em suas cartas enfatiza repetidamente que não basta se dizer cristão, é preciso dar provas disso também em nosso agir, ainda que custe a morte.
O Cardeal Camillo Ruini em sua "Lectio Magistralis", realizada na Fundação 'Magna Carta', (Roma, 06 de maio de 2013) defendeu o direito de objecção de consciência, e acrescentou: "Não compete a uma maioria estabelecer o que é verdadeiro ou falso, nem o que é em si mesmo justo ou injusto. O jogo democrático não é a verdade sobre as coisas, mas apenas as regras comuns de comportamento. Aqueles que por razões de consciência, acreditam que não podem cumprir estas normas, é justo que tenham a possibilidade de objeção de consciência. Se as leis, nesse caso, não consentem tal objeção, poderá dar testemunho de suas convicções de forma mais cara, mas também mais forte, enfrentando as sanções previstas em lei. De fato, os objetores de consciência mais heroicos e eficientes foram e são os mártires cristãos das diversas épocas históricas".
A vocação ao martírio não é uma característica da Igreja dos primeiros séculos, mas é parte intrínseca de sua natureza.
Hoje, a reflexão do Cardeal Ruini é extremamente importante por estarmos vivendo em um clima ideológico de homologação da consciência. Quem coloca resistência é considerado um obstáculo ao progresso civil e por isso é eliminado da sociedade (de várias formas). O cristão autentico deve saber correr esse risco como fizeram os Protomártires Romanos.
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Cultura e Sociedade
Super Gestora x Mulher Maravilha: quando a realização feminina consistiu em fazer o que os homens faziam
A propósito do livro Envolva-se, de Sheryl Sandberg
Por Jorge Henrique Mújica
ROMA, 11 de Julho de 2013 (Zenit.org) - O livro se chama "Envolva-se" (tradução livre do original Lean In) e a autora é uma das bandeiras do feminismo jovem nos Estados Unidos: Sheryl Sandberg, a número dois do Facebook.
O livro incentiva as mulheres a levar mais a sério a carreira e a não perder a ambição de conquistar postos cada vez mais altos. Como destaca a agência Aceprensa ("Mulheres diretoras: falta de ambição ou de tempo?", 03/04/2013), "acrescentam-se às pinceladas de psicologia feminina alguns dados estatísticos e explicações de outros estereótipos".
A diretora de operações do Facebook não é a única que, no primeiro quadrimestre de 2013, lidera a bandeira do feminismo estadunidense. Marissa Meyer é CEO do Yahoo! e seu nome percorreu toda a imprensa mundial quando decidiu trazer de volta para os escritórios, a partir de junho deste ano, todos os empregados da empresa que trabalhavam de casa. Francesco Tortora, no Corriere della Sera de 12 de março, avaliou a decisão de Marissa como "uma verdadeira tragédia para as mulheres que têm filhos pequenos e que não têm com quem deixá-los".
Indo além dos erros estatísticos do livro de Sandberg (a diretora da TIME Ideias, Ruth Davis Konigsberg, evidenciou que as equiparações salariais entre homens e mulheres mencionadas pela número dois do Facebook não são reais, com base em dados do US Bureau of Statistics) e dos comentários sobre o diagnóstico equivocado feito em "Envolva-se" (por exemplo, de executivas como Jody Greenstone Miller, fundadora do Bussines Talent Group), a principal "contestação" ao livro veio de uma ex-"super gestora".
Erin Callan foi diretora financeira do Lehman Brothers e publicou um artigo no The New York Times ("Is there life after work?", 10/03/2013) em que abertamente convida as mulheres a não desperdiçar todas as suas energias na carreira, porque não vale a pena nem melhora a vida.
"Desde que abandonei o meu trabalho no Lehman, tive todo o tempo para refletir sobre a proporção de tempo dedicada ao trabalho em comparação com o tempo que eu dediquei à minha vida. Algumas vezes, vejo garotas jovens que dizem que me admiram pelo que eu consegui. Trabalhei duramente durante 20 anos e agora posso passar os próximos 20 fazendo outras cosas. Mas isto não é equilíbrio. Não desejo isso a ninguém. Até pouco tempo atrás, eu pensava que focar na carreira era a coisa mais importante para ter sucesso. Mas agora estou começando a entender que desperdicei o melhor da minha vida. Eu tinha talento, era inteligente e estava cheia de energia. Não devia ter sido tão extremista", escreve Callan no The New York Times.
E prossegue: "O mais importante é que eu perdi a chance de ter um filho completamente meu". Explica-se: atualmente, ela está recorrendo a um tratamento de fertilização in vitro, moralmente reprovável, para conseguir o que, na sua idade atual, a natureza lhe nega.
Indo além da dialética de posições, o que realmente está no centro da questão é a estabilidade e a realização específica da mulher no trabalho, partindo da sua condição concreta de mulher. Sheelah Kolhatkar, no The Business Week, escreveu: "Durante muitos séculos, sempre foi o homem que trabalhou até morrer. Talvez seja um perverso triunfo do feminismo que as mulheres agora se sintam livres fazendo a mesma coisa".
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World Council of Churches: Não manipular a religião com objetivos políticos
Em foco, a preocupação com a destruição de templos na Síria. Líderes muçulmanos são convidados a condenar o uso do islã para agredir os vizinhos.
ROMA, 10 de Julho de 2013 (Zenit.org) - As comunidades religiosas "rejeitam a manipulação da religião" que acontece com frequência nos países em crises complexas, afirma em nota o World Council of Churches (WCC), referindo-se à atual situação na Síria.
A nota, reproduzida pelo jornal vaticano L'Osservatore Romano, revela a preocupação do secretário geral do WCC, Olav Fykse Tveit, com os atos de violência e de destruição nos lugares de culto. No dia 22 de junho, por exemplo, homens armados atacaram o mosteiro de Santo Antônio de Pádua, na localidade de Ghassanieh, e assassinaram brutalmente o sacerdote sírio François Mourad, de 49 anos.
"Que a memória do padre François seja eterna na mente de Nosso Senhor e no coração de quem o amava e conhecia", pede Tveit, que afirma também que a população cristã de Ghassanieh "deseja continuar em paz nessa região da Síria em que viveu durante séculos junto com as comunidades muçulmanas locais".
O WCC convida os sírios a restabelecerem o clima de reconciliação: "Encorajamos e convidamos enfaticamente os líderes muçulmanos a condenar toda tentativa de uso do islã para justificar as agressões contra os vizinhos".
Em reunião do comitê executivo do WCC, foi publicada uma mensagem que afirma "a necessidade de vivermos juntos no respeito recíproco".
O WCC vem se empenhando há anos em combater a violência e em orientar o trabalho ecumênico a fim de "mostrar como os cristãos estão unidos na reafirmação da dimensão evangélica da paz e da justiça no mundo".
Além desta, outras diversas exortações já tinham sido enviadas aos governantes, como a de junho de 2012, feita depois de uma série de bombardeios, na qual o WWC solicitava a proteção dos cidadãos e dos seus direitos humanos fundamentais.
O WWC realizará a sua assembleia geral na Coreia do Sul entre os dias 30 de outubro e 10 de novembro, com o tema "Deus da vida, guia-nos para a justiça e para a paz".
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Rejeição de proposta gay consolida a liberdade de todos
Lobby gay pretendia impor aos países europeus a promoção ativa da homossexualidade
ROMA, 09 de Julho de 2013 (Zenit.org) - A liberdade de todos saiu fortalecida da última reunião de representantes da Assembleia Parlamentar da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação Europeia), depois da votação contrária à implantação dos princípios da Conferência de Yogyakarta por 24 votos contra 3. A notícia foi enviada hoje à redação de Zenit pela associação espanhola Profesionales por la Ética.
Para entender a transcendência desta votação, é preciso recordar a Conferência de Yogyakarta, Indonésia, ocorrida em 2006, na qual a ONU aceitou um documento com 29 princípios relacionados com a orientação sexual e com a identidade de gênero. A agenda do lobby gay pretendia que esses princípios fossem aplicados na legislação sobre direitos humanos. O documento, ou "guia", como foi chamado pelos seus autores, queria obrigar os países-membros da União Europeia a promover ativamente a homossexualidade, além de cercear direitos fundamentais como a liberdade religiosa e a liberdade de pensamento.
Estes princípios não são vinculantes até serem aceitos e negociados com os países- membros. A discussão a respeito do "guia" esteve na pauta da última votação da Assembleia Parlamentar da OSCE, cuja maioria de representantes votou contra o reconhecimento de "novos direitos humanos" que favoreceriam um grupo minoritário e limitariam os direitos humanos primordiais e universais.
Leonor Tamayo, responsável pela Área Internacional da associação Profesionales por la Ética, explica que "a implantação dos princípios de Yogyakarta não só limita âmbitos fundamentais para a liberdade, como é o caso da liberdade religiosa e de expressão, mas também cria uma 'casta privilegiada' e uma forma prioritária de concepção da sexualidade que seria beneficiada em detrimento de outras, através de políticas de fomento desse coletivo. No caso da educação, é evidente que envolve um apoio fundamental a políticas educativas de temas sexuais e ético-morais, que priorizam e incentivam a ideologia de gênero e a homossexualidade, indo contra o direito fundamental dos pais de educar seus filhos de acordo com as suas próprias concepções. Sem dúvida, teria sido um golpe violento contra a luta em prol da liberdade, que os pais europeus têm travado contra o totalitarismo educativo e contra a imposição do ensino de valores controversos. Por isto, consideramos esta votação da OSCE uma vitória para a liberdade de todos os cidadãos europeus".
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Pequeninos do Senhor
Formação Espiritual da criança: Quem é o responsável?
Coluna de orientação catequética aos cuidados de Rachel Lemos Abdalla
Por Rachel Lemos Abdalla
CAMPINAS, 12 de Julho de 2013 (Zenit.org) - O Catecismo da Igreja Católica afirma que os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos (2222). Mas, qual é a melhor forma de orientá-los? Sendo exemplo dando testemunho ao formar um lar onde a ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado são as regras que permeiam o dia a dia do casal.
Respeitar os filhos é a única forma de eles aprenderem a respeitar os pais, e isso não quer dizer que o respeito dos pais para com os filhos irá prejudicar ou diminuir a autoridade que têm sobre eles, pelo contrário. Aliás, os pais nunca devem se esquecer de que, por mais difícil que seja a educação, a formação e a criação dos filhos, eles nunca perdem a autoridade que lhes é concedida por Deus e que deve ser usada como uma ferramenta do amor que se coloca à frente, como um escudo, como uma proteção junto aos filhos.
Alguns pais dizem que não têm autoridade sobre seus filhos, mas de fato, o que acontece é que eles não estão sabendo usar desta autoridade, que é muito diferente de autoritarismo.
Maria, nas Bodas de Caná, mesmo sem a concordância de Jesus, ao ordenar aos serviçais, "Façam o que ele mandar" (Jo 2,5), ela está agindo com autoridade sobre o Seu filho, o Filho de Deus! E isso não é um desrespeito para com Ele, ou uma falta, ao contrário, mesmo se referindo ao próprio Deus, Ela age, naquele momento, com a autoridade que lhe foi concedida, por ser Mãe. E isto se confirma no respeito e na obediência de Jesus à ordem dada por Ela com autoridade que Ele reconhece e acata.
Outras ferramentas que podem e devem ser usadas na formação espiritual são a afetividade, o amor, a verdade, o estímulo, a confiança, a sabedoria. E todas elas se encontram na Palavra de Deus como fonte e modelo de atitudes e valores cristãos que devem ser usados no dia a dia, no mais íntimo da relação com os filhos desde bem pequeninos.
Falar a verdade sempre é uma questão ética e moral, "por isso, renunciai à mentira. Fale, cada um, a verdade a seu próximo (Ef 4,25)."
Na fase de crescimento, a dedicação dos pais deve ser mais intensa, pois as crianças necessitam não só fisicamente como também emocionalmente de seus genitores, aqueles que mais os amam, para seu sadio desenvolvimento e crescimento. É o momento onde o amor começa a ser compreendido, aceito, acatado e reproduzido no coração e no entendimento da criança. Ela precisa ser amada para aprender a amar, pois é no amor que se encontra o maior fundamento da existência humana!
Muitos pais, infelizmente, não se encontram mais em união conjugal, mas isso não diminui a responsabilidade ou a essência do 'ser' pai ou mãe. A primícia de uma relação entre pais e filhos é e sempre será o amor paternal e maternal, e isso ninguém pode tirar de um ou de outro. Portanto, são eles, os pais, os primeiros responsáveis pela educação religiosa e formação espiritual de seus filhos, inclusive para que, na idade adequada sejam encaminhados à Igreja para se prepararem para receber os Sacramentos, sinal sensível, visível e perceptível da presença de Cristo invisível, presente na vida de cada cristão.
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Jornada Mundial da Juventude Rio 2013
Indulgência para os participantes da JMJ Rio 2013
Decreto assinado pelo Penitenciário-mor Cardeal Manuel Monteiro de Castro
Por Redacao
ROMA, 09 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Será concedida indulgência parcial aos fiéis que participarem da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 – informa a Radio Vaticana - . Para receber a indulgência é preciso rezar pelas intenções do Papa elevando fervorosas orações a Deus, concluindo com a oração oficial da JMJ; invocar a Santa Virgem Maria, Rainha do Brasil, sob o título de "Nossa Senhora da Conceição Aparecida", bem como aos outros patronos e intercessores da Jornada a fim de que estimulem os jovens a se fortalecerem na fé e a caminharem na santidade;confessar e comungar.
Os jovens e todos os fiéis devidamente preparados poderão desfrutar do dom da indulgência, uma vez por dia nas condições habituais (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice) e também aplicar em sufrágio para as almas dos fiéis defuntos,para os fiéisverdadeiramente arrependidose contritos, que devotamente participaremdos ritos sagrados e práticas religiosas que serão realizadas no Rio de Janeiro.Informou o serviço de Comunicação do Vaticano.
Veja abaixo a íntegra do decreto
Penitenciaria Apostólica
Rio de Janeiro
Decreto
Concede-se o dom das Indulgências por ocasião da "XXVIII Jornada Mundial das Juventude", que será celebrada no Rio de Janeiro durante o corrente Ano da Fé.
O Santo Padre Francisco, desejando que os jovens, em união com os fins espirituais do Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI, possam obter os frutos esperados de santificação da "XXVIII Jornada Mundial da Juventude, que se celebrará de 22 a 29 do próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro, e que terá por tema: 'Ide e fazei discípulos por todas as nações' (cfr. Mt 28, 19)", na Audiência concedida no passado 3 de junho ao subscrito Cardeal Penitenciário-mor, manifestando o coração materno da Igreja, do Tesouro das satisfações de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Beatíssima Virgem Maria e de todos os Santos, estabeleceu que todos os jovens e todos os fiéis devidamente preparados pudessem usufruir do dom das Indulgências como determinado:
a) Concede-se a Indulgência plenária, obtenível uma vez por dia mediante as seguintes condições (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice) e ainda aplicável a modo de sufrágio pelas almas dos fiéis defuntos, pelos fiéis verdadeiramente arrependidos e contritos, que devotamente participem nos ritos sagrados e exercícios de piedade que terão lugar no Rio de Janeiro.
Os fiéis legitimamente impedidos, poderão obter a Indulgência plenária desde que, cumprindo as comuns condições espirituais, sacramentais e de oração, com o propósito de filial submissão ao Romano Pontífice, participem espiritualmente nas sagradas funções nos dias determinados, desde que sigam estes ritos e exercícios piedosos enquanto se desenrolam, através da televisão e da rádio ou, sempre que com a devida devoção, através dos novos meios de comunicação social;
b) Concede-se a Indulgência parcial aos fiéis, onde quer que se encontrem durante o mencionado encontro, sempre que, pelo menos com alma contrita, elevem fervorosamente orações a Deus, concluindo com a oração oficial da Jornada Mundial da Juventude, e devotas invocações à Santa Virgem Maria, Rainha do Brasil, sob o título de "Nossa Senhora da Conceição Aparecida", bem como aos outros Patronos e Intercessores do mesmo encontro, de modo a que estimulem os jovens a se fortalecerem na fé e a caminharem na santidade.
Para que os fiéis possam mais facilmente participarem destes dons celestes, os sacerdotes, legitimamente aprovados para ouvir confissões sacramentais, com ânimo pronto e generoso se prestem a acolhê-las e proponham aos fiéis orações públicas, pelo bom êxito desta "Jornada Mundial da Juventude".
O presente Decreto tem validade para este encontro. Não obstante qualquer disposição contrária.
Dado em Roma, na Sede da Penitenciaria Apostólica, no dia 24 de Junho do ano do Senhor de 2013, na solenidade de São João Batista
Cardeal Manuel Monteiro de Castro
Penitenciário-mor
Mons. Krzysztof Nykiel
Regente
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Observatório Jurídico
Nulidade de casamento religioso convalidada pela justiça brasileira
O STJ homologa uma sentença canônica
Por Edson Sampel
SãO PAULO, 11 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Recentemente, no mês de junho de 2013, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) convalidou uma sentença canônica de nulidade de casamento. O relator do processo estribou-se no artigo 12 do Acordo Brasil-Santa Sé. Com efeito, reza o parágrafo primeiro do mencionado artigo: "A homologação das sentenças eclesiásticas em matéria matrimonial, confirmadas por órgão de controle superior da Santa Sé, será efetuada nos termos da legislação brasileira sobre homologação de sentenças estrangeiras."
Penso que doravante haverá muitos requerimentos de homologação de sentenças judiciais oriundas do poder judiciário da Igreja católica. Pelo pacto internacional celebrado com a Santa Sé, o Brasil se compromete a dar validade jurídica às decisões relativas a matrimônios, nada mais. Deveras, a Igreja sempre reivindicou sua competência concorrente para estatuir as normas que digam respeito ao casamento. Vale dizer: a Igreja e o Estado têm graves responsabilidades em tutelar os valores da família.
Resta saber se a justiça brasileira homologará tão somente as sentenças em que a nulidade provier de causa concomitantemente relevante para o direito civil e para o direito canônico ou de causa de nulidade exclusivamente canônica. Explico. A coação irresistível, como uma ameaça de morte, torna nulo o casamento tanto no aspecto cível quanto no canônico. Ora, se o noivo foi compelido a se casar sob o prenúncio de um mal terrível, irrogado pelo pai da noiva, cuida-se de um casamento nulo. Outro exemplo se reporta à idade. É nulo para a Igreja e para o Estado um casamento em que o noivo contar com 11 anos de vida. Sem embargo, existem causas de nulidade exclusivamente canônicas, não referendadas pelo direito civil. Uma hipótese, bastante comum nos tribunais eclesiásticos, é a chamada "exclusão do bem da fidelidade". Um dos nubentes, ou ambos, foi sempre infiel, privando com outros parceiros sexuais desde o namoro. Este casamento é nulo para a Igreja. Outra possibilidade, uma das mais ocorrentes nas cortes canônicas, é a denominada "falta de discrição de juízo", ou seja, uma imaturidade grave que impede aos nubentes coexistirem sob o mesmo teto, com o cumprimento das obrigações inerentes ao conúbio. Isto é nulidade para o direito canônico, mas não para o direito civil ou estatal.
Pelo que pude aquilatar em colóquios com alguns especialistas, a tendência é que a justiça brasileira homologue qualquer casamento declarado nulo pela corte máxima da Igreja, o Tribunal da Assinatura Apostólica, localizado em Roma. É, aliás, o que se depreende da leitura do resumo da primeira homologação deste tipo, postado no site do STJ. O relator coloca como premissas para a convalidação o fato de o casamento haver sido celebrado em conformidade com o direito civil, bem como a previsão do ato homologatório no acordo. Parece não haver nenhuma referência à causa de nulidade contemplada simultaneamente pelo direito civil e pelo direito canônico.
A grande novidade trazida pelo Acordo Brasil-Santa Sé consiste em que os envolvidos nestes processos, após a devida homologação, passarão a ostentar o estado civil de solteiro. Isto é simplesmente revolucionário! É claro que, felizmente, não nos encontramos mais em tempos tão preconceituosos, em que ser divorciado ou divorciada era uma nódoa pesadíssima imposta pela sociedade. De qualquer modo, cuido que a bastante gente interessará voltar a ser solteiro, após um casamento malogrado.
Os tribunais eclesiásticos do Brasil estão repletos de pedidos de nulidade de matrimônio. Sabemos que grande parte dos brasileiros opta pelo casamento religioso (canônico) na Igreja católica. Perante a legislação pátria, não vejo caminho para a declaração de nulidade de casamento, com o retorno ao estado civil de solteiro, a não ser pelo processo canônico, conforme as novas e alvissareiras perspectivas delineadas pelo acordo Brasil Santa-Sé
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Espiritualidade
Que a santa cruz seja a nossa luz
Catequese para toda a família
Por Luis Javier Moxo Soto
MADRI, 10 de Julho de 2013 (Zenit.org) - A primeira encíclica do nosso papa Francisco, Lumen Fidei, foi começada pelo papa emérito Bento XVI e terminada por Francisco 114 dias após a sua eleição.
Se, como diz São Paulo, a fé vem da pregação e esta vem pela palavra de Cristo (Rom 10, 17), então pudemos ouvir esse doce Cristo na terra transmitir-nos a luz e o frescor do Evangelho.
Temos que nos perguntar quais são as sombras que povoam hoje a humanidade e qual é a luz que vem da fé da Igreja nesses tempos que nos couberam.
Há consciência da sombra e da escuridão? Há necessidade real da luz da fé, da verdade, do Evangelho?
Não de forma abstrata, mas na minha vida, na vida da minha família, da minha comunidade cristã, no meu trabalho e no meu lazer: sou daqueles que guardam num lugar escondido, longe da exposição pública, o tesouro da fé que me foi confiada? Ou não posso evitar que tudo o que eu penso, sinto e vivo esteja cheio do amor de Deus?
Porque se recebi o maior dos tesouros e não o aproveito, se não cuido dele todo dia, se não o exponho ao sol da verdade e ao ar livre da relação com os outros, como posso esperar que a minha vida se enraíze na única terra que realmente vale a pena e que me salva?
Acolher e amadurecer a fé é ser sal e luz no mundo. E é motivo de alegria constante saber que somos amados, incondicionalmente, não só por Quem nos deu esse tesouro, mas porque Ele próprio é esse tesouro.
Na medalha de São Bento de Núrsia, cuja festa celebramos em 11 de julho, está inscrito Crux Sacra Sit Mihi Lux ("Que a Santa Cruz seja a minha luz"). Isto nos lembra que, por trás da cruz de Cristo, temos sempre a luz da ressurreição e, para chegar a ela, devemos passar pela porta estreita do sofrimento.
Nesta décima quarta semana do Tempo Comum, avaliemos como estamos vivendo a relação da fé com a luz de que tanto precisamos, da cruz que carregamos todo dia com a presença real de Cristo. E também como vivemos essa relação na prática, como a transmitimos às nossas crianças e jovens, em nosso ambiente mais concreto.
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Angelus
"Deus sempre quer a misericórdia e não a condenação"
Palavras do Papa Francisco antes de recitar o Angelus em Castel Gandolfo
ROMA, 14 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Às 12 horas de hoje, na Praça da Liberdade em frente ao Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, o Santo Padre Francisco rezou a oração do Angelus com os fiéis e peregrinos presentes. Estas foram as palavras do Papa:
"Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o nosso encontro dominical do Angelus vivemos aqui em Castel Gandolfo. Eu saúdo os habitantes desta linda cidadezinha! Gostaria de vos agradecer, sobretudo pelas vossas orações, e o mesmo faço com todos vocês peregrinos, que vieram em grande número aqui.
O Evangelho de hoje - estamos no capítulo 10 de Lucas - é a famosa parábola do Bom Samaritano. Quem era esse homem? Era alguém, que descia de Jerusalém em direção à Jericó na estrada que atravessa o deserto da Judéia. Há pouco, nesta estrada, um homem havia sido atacado por bandidos, roubado, espancado e deixado quase morto. Antes do samaritano, passaram um sacerdote e um levita, ou seja, duas pessoas envolvidas com o culto no Templo do Senhor. Eles vêem aquele pobre homem, mas seguem sem parar. Em vez disso, o samaritano, quando viu o homem, "teve compaixão" (Lc 10:33), diz o Evangelho. Ele aproximou-se e enfaixou as feridas, derramando um pouco de azeite e vinho, depois e colocou-o em seu próprio animal e levou-o para uma hospedaria, e pagou para ele o alojamento ... Quer dizer, cuidou dele: é o exemplo de amor ao próximo. Mas porque Jesus escolheu um samaritano como protagonista desta parábola? Por que os samaritanos eram desprezados pelos judeus, por causa de diferentes tradições religiosas; e Jesus faz ver que o coração daquele Samaritano é bom e generoso e que - ao contrário do sacerdote e do levita - ele coloca em prática a vontade de Deus, que quer a misericórdia e não o sacrifício (cf. Mc 12:33). Deus sempre quer a misericórdia e não a condenação. Quer a misericórdia do coração, porque Ele é misericordioso e sabe entender bem as nossas misérias, as nossas dificuldades e também os nossos pecados. Dá a todos nós este coração misericordioso! O samaritano faz exatamente isto: imita a misericórdia de Deus, a misericórdia para aqueles que tem necessidade.
Um homem que viveu plenamente este Evangelho do Bom Samaritano é o Santo que hoje recordamos: São Camilo de Lellis, fundador dos Ministros dos Enfermos, o padroeiro dos doentes e dos profissionais de saúde. São Camilo morreu 14 de julho de 1614 e exatamente hoje se abre a celebração do seu quarto centenário, que terá o seu ápice em um ano. Saúdo com grande afeto a todos os filhos e filhas espirituais de São Camilo, que vivem o seu carisma de caridade no contato diário com os doentes. Sejam como ele bons samaritanos! E também aos médicos, aos enfermeiros e àqueles que trabalham em hospitais e asilos, auguro serem animados pelo mesmo espírito. Confiemos esta intenção à intercessão de Maria Santíssima.
E uma outra intenção eu gostaria de confiar à Nossa Senhora, junto a todos vocês. Está próxima a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro. Se vê que existem tantos jovens de idade, mas todos vocês são jovens no coração! Parabéns! Eu partirei em oito dias, mas muitos jovens irão ao Brasil antes. Rezemos então por esta grande peregrinação que começa, para que Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, guie os passos dos participantes e abra os seus corações para acolher a missão que Cristo dará a eles".
(Após o Angelus)
Me uno em oração aos Prelados e fiéis da Igreja na Ucrânia, reunidos na Catedral de Lutsk para a Missa em sufrágio das vítimas dos massacres de Volinia, ocorridos 70 anos atrás. Tais atos, provocados pela ideologia nacionalista no trágico contexto da II Guerra Mundial, provocaram dezenas de milhares de vítimas e feriram as relações fraternas entre dois povos – polonês e ucraniano. Confio á misericórdia de Deus as almas das vítimas, e para os seus povos, peço a graça de uma profunda reconciliação e de um futuro sereno na esperança e na sincera colaboração pela comum edificação do Reino de Deus.
Penso também nos pastores e fieis que participam da peregrinação da Família da Radio MariaJasnaGóra, Częstochowa.Confio-vos à proteção da Mãe de Deus eabençôo-vosde coração.
Saúdo com afeto os fiéis da Diocese de Albano! Invoco sobreelesa proteção de São Boaventura, patrono,cuja festa a Igreja celebraamanhã. Que sejauma boa festae muitas felicidades! Saúdo todos os peregrinos aqui presentes: os gruposparoquiais, famílias, jovens, especialmente aqueles que vieram da Irlanda; jovens surdos que estãoparticipando de um encontro internacional em Roma.
Saúdo as Irmãs deSantaElizabeth,às quais augurouma renovação espiritual frutífera; os Apóstolos do Sagrado Coração de Jesus, com as famílias de diferentes nações; as Filhas da Caridade Divina,empenhadasno Capítulo Geral; e asSuperiorasdas Filhas de Maria Auxiliadora.
Desejo a todos um bom domingo e um bom almoço!
(Trad.Radio Vaticana\Zenit)
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