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    A Sequência de Pentecostes, Veni Sancte Spiritus

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    sábado, 26 de maio de 2012
    A Sequência de Pentecostes, Veni Sancte Spiritus
    Por Alfredo Votta
    Em 2012 a grande Solenidade de Pentecostes cai no dia 27 de Maio, amanhã. São cinqüenta dias depois da Páscoa, durante os quais (sugestivamente mais numerosos que os quarenta da Quaresma) se celebra, especialmente, a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

    Da Missa de Pentecostes consta uma sequência, gênero de texto litúrgico do qual existem apenas cinco em uso no Rito Romano (um deles apenas na Forma Extraordinária, o Dies irae). A de Pentecostes é o Veni Sancte Spiritus, assunto do nosso texto de hoje.



    Mais exatamente falando, o texto de hoje não é nosso, embora sejamos obrigados a lhe apor comentários que gostaríamos menos numerosos, mas que, esperamos, não serão totalmente inúteis para nosso leitor. O autor é D. Dominic Johner, de cujo original alemão se produziu uma tradução inglesa, da qual extraímos nossa versão em português. Apesar do longo caminho lingüístico, não deixamos de aprender com D. Johner, cujas observações enriquecem nosso conhecimento técnico musical, poético e também nossa espiritualidade litúrgica.

    A sequência Veni Sancte Spiritus - em português Vinde, Espírito Santo - não pode ser omitida da Missa de Pentecostes (da Missa do Dia, claro; ela não faz parte da Vigília), nem na Forma Ordinária, nem na Forma Extraordinária.

    Como sabemos, a sequência vem depois do Alleluia, embora, na Forma Ordinária, em muitos lugares, ainda se adote o costume de colocá-la antes do Alleluia. O Graduale Romanum e a IGMR (Instrução General do Missal Romano) de 2002 são claros em prescrevê-la para depois do Alleluia, único lugar onde faz sentido: o nome "sequência" se refere justamente ao fato de se seguir ao Alleluia, de continuá-lo...

    Se a paróquia, ou capela, ou casa religiosa não dispõe de recursos musicais para a execução da sequência de Pentecostes, faça-se com que ela seja lida, com a sobriedade que exige a recitação de todo texto litúrgico.

    Na Páscoa da Ressurreição a Igreja nos oferece a grande sequência Victimae Paschali Laudes; em Pentecostes, a igualmente venerável Veni Sancte Spiritus, dotando destes poemas especiais a Liturgia destes dois dias santos e centrais para a fé. Na Forma Extraordinária, ainda durante uma semana se prolonga Pentecostes, nos dias de sua Oitava - dias que tanto gostaríamos de ver reintroduzidos na Forma Ordinária, e cuja extinção foi lamentada pelo próprio papa Paulo VI.



    Nas Filipinas, em 2009, Missa de Pentecostes na Forma Extraordinária
    Sequência, Evangelho e parte do sermão

    Na Forma Extraordinária, durante toda a Oitava de Pentecostes Veni Sancte Spiritus é parte da Missa. Do mesmo modo, também durante a Oitava da Páscoa a sequência Victimae Paschali Laudes se recita ou canta em todas as Missas, obrigatoriamente; na Forma Ordinária, atualmente, ela é facultativa (mas sempre obrigatória no Domingo).

    O texto litúrgico oficial em português não é uma tradução literal (ao pé da letra) do original latino, nem poderia ser; trata-se de um poema, e assim é necessário fazer algumas alterações para que em português haja rimas e a métrica seja regular. Mesmo assim, as imagens do original permanecem:

    Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz!
    Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos sete dons.
    Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde!
    No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem.
    Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele.
    Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente.
    Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei.
    Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons
    Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna!
    Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!


    O texto latino é este:

    Veni, Sancte Spiritus,
    et emitte caelitus
    lucis tuae radium.

    Veni, pater pauperum,
    veni, dator munerum
    veni, lumen cordium.

    Consolator optime,
    dulcis hospes animae,
    dulce refrigerium.

    In labore requies,
    in aestu temperies
    in fletu solatium.

    O lux beatissima,
    reple cordis intima
    tuorum fidelium.

    Sine tuo numine,
    nihil est in homine,
    nihil est innoxium.

    Lava quod est sordidum,
    riga quod est aridum,
    sana quod est saucium.

    Flecte quod est rigidum,
    fove quod est frigidum,
    rege quod est devium.

    Da tuis fidelibus,
    in te confidentibus,
    sacrum septenarium.

    Da virtutis meritum,
    da salutis exitum,
    da perenne gaudium. Amen. Alleluia.


    Quem é o autor desta sequência? Quem responde a esta pergunta é D. Johner, no texto que traduzimos aqui:

    A sequência se compõe de cinco estrofes duplas, feita cada de uma de três versos espondaicos. De acordo com investigações recentes, sua autoria deve ser atribuída a Stephen Langton, chanceler da Universidade de Paris (+1228). [Nascido em 1150, Stephen Langton foi Arcebispo da Cantuária, em inglês "Canterbury", a sé episcopal que foi católica até o rompimento de Henrique VIII com a Igreja, no século XVI.]

    Em seu primeiro verso a primeira estrofe usa o material melódico do segundo Alleluia, sendo, portanto, sua continuação melódica; em conteúdo, é um desenvolvimento da fervorosa súplica do Alleluia. Assim, temos aqui uma Sequentia (continuação) no sentido exato desta palavra. Do fundo de nossa indigência o motivo ascende, é ouvido uma quarta acima no segundo verso, e com uma mudança de intervalo no terceiro verso, apresentando assim uma forma a - a1 - a2. O intervalo de sexta entre o segundo e o terceiro versos é muito raro no cantochão. Surpreendente é, também, o movimento ascendente da última sílaba da palavra no fim do verso. O mesmo ocorre em alguns dos seguintes pares de estrofes.

    O primeiro par de estrofes canta o Espírito Santo como fonte de luz e das riquezas da alma:

    1a - Espí­rito de Deus, enviai dos céus um raio de luz!

    1b - Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos sete dons.

    O segundo par de estrofes se estabelece na dominante e, com jubilosa confiança, ascende uma oitava acima da tônica. Elas louvam o Espírito Santo como fonte da consolação nas provações e nos sofrimentos. A execução se deve aqui dotar de mais força:

    2a - Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde!

    2b - No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem.


    O terceiro par de estrofes se estabelece na oitava, aspecto sem precedente no período clássico de composição de cantochão e difícil de encontrar antes do século XI. Quão animador é este apelo pela luz salvadora! A passagem ddcbcdc, no começo foi tomada, parece, de (in La)-bore requies. No terceiro verso, b[b] a g f corresponde a d c b a do primeiro:

    3a - Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele.

    3b - Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente.

    Até aqui a Seqüência estava quase continuamente ascendendo e se expandindo. No par subseqüente de estrofes a melodia descreve uma curva e se dota de mais ternura. Uma harmonia graciosa marca as linhas do primeiro e do segundo versos: bab cbag – fefgfed.

    O terceiro verso é quase o mesmo do motivo inicial da Seqüência de Corpus Christi (Lauda Sion). Este é o único par de estrofes de termina no tenor. Deve-se tomar cuidado para que a primeira nota de cada verso não seja prolonga; do contrário, resultará num mero compasso 3/8:

    4a - Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei.

    4b - Dai à vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons.

    Depois desta diminuição em registro e volume, o vigor anterior retorna no último par de estrofes, e está mesmo aumentado. Abrasador e turbulento como o brilho das línguas de fogo é o anel do primeiro e do último membros; podem bem ser cantados forte. Há quintas descendentes no começo, e terminações que correspondem uma à outra (acba = dfed). O verso intermediário é mais quieto. A estrofe sinal novamente de estabelece na oitava.

    Assim como a primeira estrofe ora insistentemente Veni quatro vezes, o último par tem quatro vezes da: dai, ó Espírito Santo!

    5a - Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna!

    5b - Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!

    O compositor deste canto era uma verdadeira harpa de Deus tocada pelo próprio Espírito Santo. Seus sons permanecerão por tanto tempo quanto a humanidade recorrer, em oração sincera, ao “Pai dos pobres”. Quem quer que perceba a carência de seu próprio coração, quem quer que simpatize com tudo aquilo que move o seu coração e o coração de seus irmãos, quem quer que reflita, enquanto medita o texto e seu desenvolvimento melódico, sobre a obra do Espírito Santo nas almas e na Igreja, alcançará a mais adequada interpretação deste canto magnífico.


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    2. Promover a correta celebração da Santa Missa e dos demais ritos, por:
    a) uma estrita observância das rubricas dispostas nos livros litúrgicos;
    b) por um mais generoso aproveitamento dos recursos previstos para a solenização do culto;
    c) pela consciência, por parte dos clérigos e dos fiéis, do rico significado de cada cerimônia, fortalecendo o devido, profundo e sacro respeito para com toda a nossa tradição litúrgica.

    3. Popularizar, conforme pedido insistentemente pelos Papas, as cerimônias em língua latina, no rito romano moderno (forma ordinária, Missal de Paulo VI, pós-conciliar): que todas as igrejas e oratórios tenham a Missa em latim, ao menos semanalmente.

    4. Colaborar com a implementação da “reforma da reforma”, mediante:
    a) o uso freqüente do rito romano tradicional (forma extraordinária, Missal de São Pio V, pré-conciliar, “tridentina”), na esteira do Motu Proprio Summorum Pontificum;
    b) o debate sadio e respeitoso acerca de como facilitar o desenvolvimento harmônico e orgânico da liturgia;
    c) a pesquisa histórica e teológica sobre os diversos aspectos do rito romano em suas duas formas.

    5. Incentivar a ampla utilização do canto polifônico e, principalmente, do canto gregoriano, “canto próprio da liturgia romana”, o qual “ocupa o primeiro lugar entre seus similares.” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, 116)
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