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quarta-feira, 4 de julho de 2012
Isabel de Aragão nasceu no palácio de Aljaferia, na cidade de Zaragoza, onde reinava o seu avô paterno, D. Jaime I. Era a filha mais velha de D. Pedro III e de D. Constança de Hohenstaufen. Por via materna era descendente de Frederico II, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, pois seu avô era Manfredo de Hohenstaufen, rei da Sicília, filho de Frederico II.
A princesa recebeu o nome de Isabel por desejo de sua mãe, em recordação de sua tia Santa Isabel da Hungria, Duquesa da Turíngia. O seu nascimento veio acabar com as discórdias na corte de Aragão, pelo que o seu avô a chamava “rosa da casa de Aragão”.
As virtudes da sua tia-avó viriam a servir-lhe de modelo e desde muito nova começou a mostrar gosto pela meditação, oração e jejum, não a atraindo os divertimentos comuns das jovens de sua idade. Isabel não gostava de música, passeios, nem joias e enfeites, vestia-se sempre com simplicidade.
A infanta D. Isabel tornara-se conhecida pela beleza, discrição e santidade. As suas virtudes levaram muitos príncipes a se apresentarem a D. Pedro como pretendentes à mão da sua admirável filha.
D. Dinis I de Portugal tinha 19 anos quando subiu ao trono e, pensando em casamento, convinha-lhe Isabel de Aragão; assim, D. Dinis enviou uma embaixada a Pedro de Aragão em 1280. Quando os embaixadores lá chegaram, estavam ainda à espera de resposta enviados dos reis de França e de Inglaterra, cada um desejoso de casar com Isabel um dos seus filhos. Aragão preferiu entre os pretendentes aquele que já era rei.
Isabel estava mais inclinada a encerrar-se num convento, no entanto, como era submissa, viu na resolução dos pais a vontade do céu.
A 11 de fevereiro de 1282, com 12 anos, Isabel casou-se por procuração com D. Dinis, tendo celebrado a boda ao passar a fronteira da Beira, na Vila de Trancoso, em 26 de junho do mesmo ano. Por esse motivo, o rei acrescentou esta vila ao dote que habitualmente era entregue às rainhas (a chamada Casa das Rainhas, conjunto de senhorios a partir dos quais as consortes dos reis portugueses colhiam as prendas destinadas à manutenção da sua pessoa).
Nos primeiros tempos de casada Da. Isabel acompanhava o marido nas suas deslocações pelo país e com a sua bondade conquistou a simpatia do povo. Dava dotes a jovens pobres e educava os filhos de cavaleiros sem fortuna.
Da. Isabel deu ao rei dois filhos: Constança (3/1/1290 – 18/11/1313), que casou em 1302 com o rei Fernando IV de Castela; e D. Afonso IV (8/2/1291 – 28/5/1357), sucessor do pai no trono de Portugal.
As numerosas aventuras extraconjugais do marido humilhavam-na profundamente. Mas Da. Isabel mostrava-se magnânima no perdão, criando com os seus também os filhos ilegítimos de Dinis, aos quais reservava igual afeto.
Entre seus familiares, constantemente em luta, desempenhou obra de pacificadora, merecendo justamente o apelido de "Anjo da paz". Desempenhou sempre o papel de medianeira entre o rei e o seu irmão D. Afonso, bem como entre o rei e o príncipe herdeiro. Por sua intervenção foi assinada a paz em 1322.
A sua vida será marcada por quatro virtudes fundamentais: a piedade, a caridade, a humildade e a inquietude pela paz. Tornou-se uma mulher de grande piedade conservando em sua vida a prática da oração e a meditação da palavra de Deus. Buscou sempre a reconciliação e a paz entre as pessoas, as famílias e até entre Nações.
Da. Isabel costumava dizer “Deus tornou-me rainha para me dar meios de fazer esmolas”. Sempre que saía do paço era seguida por pobres e andrajosos a quem sempre ajudava.
D. Dinis morreu em 1325. Pouco depois da sua morte Da. Isabel peregrinou ao Santuário de Santiago de Compostela, fazendo-o montada num burro e a última etapa a pé, onde ofertou muitos dos seus bens pessoais. Há historiadores que defendem a ideia que ela terá se deslocado local duas vezes.
Após a morte de seu marido, entregou-se inteiramente às obras assistenciais que havia fundado. Recolheu-se por fim no então Mosteiro de Santa Clara-a-Velha em Coimbra, vestindo o hábito da Ordem das Clarissas, mas não fazendo votos, o que lhe permitia manter a sua fortuna usada para a caridade. Só voltaria a sair dele uma vez, pouco antes da morte, em 1336.
Nessa altura, Afonso declarara guerra ao seu sobrinho, o rei D. Afonso XI de Castela, filho da infanta Constança de Portugal, e portanto neto materno de Isabel, pelos maus tratos que este infligia à sua mulher Da. Maria, filha do rei português. Não obstante a sua idade avançada e a sua doença, a rainha Santa Isabel dirigiu-se a Estremoz, cavalgando na sua mula por dias e dias, onde mais uma vez se colocou entre dois exércitos desavindos e evitou a guerra. No entanto, a paz chegaria somente com a intervenção da própria Maria de Portugal, por um tratado assinado em Sevilha em 1339.
Da. Isabel faleceu, tocada pela peste, em Estremoz, a 4 de julho de 1336, tendo deixado expresso em seu testamento o desejo de ser sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Constavam também de seu testamento grandes legados a hospitais e conventos.
Segundo uma história hagiográfica, sendo a viagem demorada, havia o receio de o cadáver entrar em decomposição acelerada pelo calor que fazia, e conta-se que a meio da viagem, debaixo de um calor abrasador, o ataúde começou a abrir fendas, pelas quais escorria um líquido, que todos supuseram provir da decomposição cadavérica. Qual não foi, porém a surpresa quando notaram que em vez do mau cheiro esperado, saía um aroma suavíssimo do ataúde.
Da. Isabel mandou edificar o hospital de Coimbra, o de Santarém e o de Leiria para receber enjeitados. Viveu uma profunda caridade sendo sempre sensível às necessidades dos mais pobres; o resto da vida praticou a pobreza voluntária, dedicando-se aos exercícios de piedade e de mortificações.
O povo criou à sua volta uma áurea de santidade, atribuindo-lhe diversos milagres, como a cura da sua dama de companhia e de diversos leprosos. Diz-se também que fez com que uma pobre criança cega começasse a ver e que curou numa só noite os graves ferimentos de um criado. No entanto o mais conhecido é o milagre das rosas.
Reza a tradição que durante o cerco de Lisboa D. Isabel estava a distribuir moedas de prata para socorrer os necessitados da zona de Alvalade, quando o marido apareceu. O rei perguntou-lhe: “O que levais aí, Senhora?” Ao que ela, com receio de desgostar a D. Dinis, e, como que inspirada pelo céu respondeu: "Levo rosas senhor”, e, abrindo o manto, perante o olhar atônito do rei, não se viram moedas, mas sim rosas encarnadas e frescas.
Por ordem do bispo D. Afonso de Castelo Branco abriu-se o túmulo real, verificando-se que o corpo da saudosa Rainha estava incorrupto. Beatificada pelo Papa Leão X (breve de 15/4/1516), a canonização solene teve lugar em 1625, pelo Papa Urbano VIII. Quando esta notícia chegou à cidade realizaram-se grandes festejos que se prolongam até aos nossos dias. É reverenciada a 4 de julho, data do seu falecimento.
O seu marido, D. Dinis, repousa no Mosteiro de São Dinis, em Odivelas.
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, Coimbra, onde se encontra o sarcófago de Sta. Isabel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Isabel_de_Arag%C3%A3o,_Rainha_de_Portugal
Postado por Zeni às 07:40
http://heroinasdacristandade.blogspot.com.br/2012/07/santa-isabel-rainha-de-portugal.html
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