É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.
26º DOMINGO COMUM - ANO B !
Devemos evitar o escândalo!....
A Liturgia da Palavra deste 26º Domingo Comum – B, é um convite de Deus à afirmação da nossa fidelidade total aos nossos deveres de bom exemplo para com os nossos irmãos, como fruto do nosso encontro em cada domingo, em que nos reunimos para a celebração da Eucaristia.
Todavia, não podemos julgar da nossa bondade e santificação única e exclusivamente, por esta presença comunitária na celebração do culto, como se Deus fosse todo e só para nós, e o inferno para os outros porque não podemos monopolizar a Deus.
A correspondência dos nossos actos às palavras, será a justa medida da autenticidade da nossa fé, da nossa fraternidade e do nosso amor aos homens, nossos irmãos, a quem devemos dar bom exemplo e evitar tudo aquilo que se possa qualificar como Escândalo.
A 1ª leitura, do Livro dos Números diz-nos que o Espírito de Deus é luz.
É dom gratuito concedido ao homem, não para o seu uso particular, mas em função da comunidade.
A arte de governar é penosa e difícil, pois que nenhum governante, político ou religioso, é colocado à frente de um povo, ou grupo, para se servir, mas para se dar.
Quando o Espírito poisou sobre alguns anciãos do povo, eles começaram a profetizar.
Ora o Espírito sopra onde quer e não temos que julgar de quem deve e pode profetizar, porque Deus manifesta-se como quer e bom era que todos pudessem profetizar, como disse Moisés :
- «Quem dera que todos os membros do Povo do Senhor fossem profetas e que o Senhor fizesse poisar o Seu Espírito sobre eles».(1ª Leitura).
Recusar ajuda a quem no-la peça, ou rejeitar a colaboração que porventura nos queiram dar, é cobardia e auto-suficiência.
Falar de Deus para bem dos outros é tarefa útil que nos pode dar alegria a nós e ser proveitoso para os outros, como proclama o Salmo Responsorial :
- "Os preceitos do Senhor alegram o coração".
Reparemos no exemplo de Moisés, condutor do povo no deserto.
Na 2ª Leitura, S. Tiago insurge-se contra o amontoar de riquezas por duas razões :
Uma de ordem religiosa, e outra de ordem moral.
* Por um lado, já a Boa-Nova, trazida por Cristo, se difundia entre os povos, afirmando o primado do Reino dos Céus sobre os bens materiais.
* Por outro, a corrida ao lucro nem sempre era lícita, numa atitude de injustiça para quem trabalha.
Essa atitude é que se pode considerar condenatória e pode levar ao inferno.
- "Acumulastes tesouros nestes dias que são os últimos ; privastes do salário os trabalhadores que ceifaram as vossas terras".(2ª Leitura).
Tantas vezes o patrão guardava, frudulentamente, e isso continua a verificar-se hoje, a justa compensação, ou salário do seu empregado...
Casos como estes ainda hoje se vão verificando.
O Evangelho, é de S. Marcos, e pergunta se Cristo será pertença exclusiva daqueles que formam o grupo dos discípulos por Ele escolhidos.
Para dar resposta a esta pergunta Jesus serve-se de um conjunto de parábolas.
A Igreja não tem fronteiras.
A seu modo, há muita gente que se inspira em Cristo e, na sua conduta, age em conformidade com os ditames da sua consciência, sem estar visivelmente unida à Igreja.
- "Ninguém pode fazer um milagre em Meu nome e logo a seguir dizer mal de Mim : quem não é contra nós é a nosso favor". (Evangelho).
O que é preciso é saber optar pelo melhor caminho porque muitos se podem salvar se forem fiéis ao recto ditame da sua consciência.
Diz ainda que a caridade se pode manifestar de muitas maneiras, nem que seja por um simples copo de água.
Por fim acautela-nos contra o escândalo, especialmente para com as crianças, pelo que temos que ter muito cuidado com as nossas acções.
Afirmar-se cristão não é invocar um título de superioridade, mas lembrar a missão a cumprir e pô-la em prática.
Não somos os únicos, nem porventura os melhores; não somos tão bons que possamos ter o monopólio de todas as boas obras.
Mas trazemos connosco as Palavras da Vida pelas quais verdadeiramente fomos constituídos como administradores e dispenseiros dos dons de Deus.
Não podemos calar nem ficar parados; o Espírito que nos habita mobiliza-nos, constantemente, para darmos o testemunho da experiência beatificante que cada dia vamos fazendo, tornando-nos guias da humanidade até Jesus Cristo.
D'Ele recebemos instruções como esta : «quem não é contra nós, é a nosso favor». Deste modo Ele nos previne contra a tentação do sectarismo e da auto suficiência, que gera divisões cada vez mais profundas e esfrangalha o tecido humano da unidade e da comunhão.
Devemos caracterizar-nos pelo espírito do acolhimento, pelo espírito de fraternização, a que o exercício do diálogo, e a prática da oração, nos hão-de conduzir.
Nestas circunstâncias até a oferta dum copo de água terá um sentido novo e poderá ser um sinal de esperança que o Senhor nos apontou como gesto meritório, capaz de levar os outros ao bom caminho, contribuindo assim para a realização do plano da História da Salvação.
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O Catecismo da Igreja Católica, em vários lugares nos fala da condenação, pelas nossas acções, e, portanto da hipótese de ir para o inferno :
1033. – Não podemos estar em União com Deus se não O amarmos livremente. Mas não podemos amar a Deus se pecarmos gravemente contra Ele, contra o nosso próximo ou contra nós mesmos : «Quem não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia o seu irmão é um homicida ; ora vós sabeis que nenhum homicida tem em si a vida eterna».(1 Jo.3,15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados d'Ele, se descurarmos as necessidades graves dos pobres e dos pequeninos seus irmãos.
1037. – Deus não predestina ninguém para o inferno. Para ter semelhante destino, é preciso haver uma aversão voluntária a Deus (pecado mortal) e persistir nela até ao fim. Na liturgia Eucarística e nas orações quotidianas dos seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, «que não quer que alguns venham a perder-se, mas que todos se possam arrepender»(2 Pe.3,9).
Moisés, meu senhor, impede-os de profetizar. Quem dera, todos pudessem profetizar.
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