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    segunda-feira, 1 de outubro de 2012

    [Catolicos a Caminho] Busque se libertar - Homilia proferida pelo Frei Vicente, em 30 de setembro de 2012, domingo [1 Anexo]

     
    [Anexos de =?iso-8859-1?Q?Fam=EDlia_Arruda?= incluídos abaixo]

    Busque se libertar

     

    Homilia proferida em 30 de setembro de 2012, domingo
    Evangelho: Marcos 9,38-43.45.47-48

    Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga'". Marcos 9,38-43.45.47-48

    "Se tua mão te leva a pecar, arranca-a!"

    Faz alguns anos que um jovem sacerdote veio conversar comigo porque estava cheio de problemas. Esse jovem perdeu a mãe muito cedo e então foi educado pela avó. Passamos a conversar sistematicamente. Depois de uns seis meses, durante uma das nossas conversas, ele vomitou que quem sempre quis ser padre foi a avó dele, e não ele. Depois de mais uns seis meses ele deixou tranquilamente o sacerdócio. Conseguiu arrancar a avó de dentro dele cortando o cordão umbilical que o atava a ela, e conseqüentemente ele conseguiu mudar de vida. Hoje este rapaz é médico sem fronteiras e trabalha numa zona de guerra muito citada pelos jornais ultimamente.

    Esta semana recebi um e-mail desse rapaz dizendo que havia sido transferido para outro país da África, que estava muito feliz por ter conseguido melhorar a qualidade de vida de duas crianças e isto, para ele, representava o céu. Este homem, que como sacerdote viveu o inferno, hoje no meio da guerra vive o céu.

    Conforme a minha experiência de vida posso afirmar que são as nossas crenças que nos amarram e tornam a nossa vida um inferno. Não estou me referindo às crenças religiosas, mas às crenças adquiridas durante a vida que, criadas por nós e equivocadamente perpetuadas, nos amarram e nos impedem de viver verdadeiramente.

    Se não conseguirmos nos libertar dessas tais crenças, viveremos o inferno aqui, e agora. Com certeza eu já arranquei mais de dez braços e cinquenta pernas, mas ainda não encontrei o céu, no máximo um purgatório mais ou menos.

    É um caminho longo o que temos a percorrer até chegarmos à libertação que nos permitirá sermos nós mesmos. Temos muito que caminhar até que cada um de nós possa dizer: EU SOU, e para que cada um de nós possa se desamarrar de uma porção de preconceitos e de coisas que não pertencem a Deus.

    Desejo a cada um de nós este caminhar até a libertação das nossas amarras. Se o que nos ata é o pai, que o arranquemos, se é o filho, que o arranquemos, se é o marido ou a mulher, que o arranquemos!

    É preciso viver a própria vida pessoal e livremente, pois a entrega e o amor só são possíveis se não pesarmos na vida do outro, e se o outro não pesar em nossa vida, nem atuar como reforço para as nossas crenças opressoras. É possível se entregar realmente quando desejamos o verdadeiro crescimento do outro que, por sua vez, também desejará o nosso verdadeiro crescimento e desenvolvimento.

    Palavras finais

    Recebi muitos e-mails esta semana sobre a charge do profeta Maomé. Aproveito a ocasião para pedir que não me enviem mais este tipo de comunicação. Quero lembrar aos brasilienses que passamos pela mesma situação quando uma pessoa pertencente a outra facção religiosa da nossa mesma religião chutou uma imagem de Nossa Senhora. Quero que reflitam sobre qual foi o sentimento da maioria na ocasião, e quero perguntar se acreditam que, com Maomé, podem fazer o que quiserem, sob a alegação de liberdade de expressão. Com que direito se pode fazer isto?

    Talvez como alemão eu seja mais sensível a esse tipo de coisa, porque meus pais viveram situações semelhantes. Deste 1934, 1935, começou-se a falar que o mal do mundo eram os judeus. Isso é comparável às charges que presenciamos agora.

    Em 1938 começaram a surgir os campos de concentração, enquanto as pessoas consideravam justo que desgraçados morressem. A propaganda mundial a que estamos assistindo é algo simplesmente inconcebível. É a indústria bélica que consegue fazer com que cada um de nós entre nessa briga como se fosse uma briga religiosa. Há muitas pessoas que fazem correntes na Internet disso e daquilo, seria bom que começássemos a trabalhar para acabar com esse absurdo que estamos vivendo, o resto é bobagem diante desta maldade que é a crueldade veiculada mundialmente para nos fazer crer que realmente estamos às vésperas de uma guerra religiosa. Maomé foi um grande profeta e é filho de Abraão, pai dos judeus, dos cristãos e dos islâmicos. Possuímos a mesma origem e as mesmas crenças básicas. O cristianismo não pode fazer parte dessa manipulação.

    Frei Vicente – Paróquia Santo Antônio – Brasília, DF

     

    http://blogdofreivicente.com.br/2012/10/busque-se-libertar/

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    Anexo(s) de =?iso-8859-1?Q?Fam=EDlia_Arruda?=

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    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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