Da Mihi Animas
Posted: 06 Sep 2013 12:42 PM PDT
Divulgação Escolha foi interpretada como um efeito do pontificado argentino
O Osservatore Romano dedicou nesta quarta-feira (4) um grande espaço de sua publicação à Teologia da Libertação, uma escolha interpretada como um efeito do pontificado argentino em direção a uma lenta reabilitação de uma teologia por muito tempo renegada pelo Vaticano.
O lançamento na segunda-feira (2) em italiano de um livro de 2004 publicado na Alemanha foi a ocasião encontrada para o jornal oficial do Vaticano publicar um longo texto com comentários dos autores. Trata-se de nada menos do que o arcebispo alemão Gerhard Ludwig Müller, atual prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF, ex-Santo Ofício), e o peruano Gustavo Gutierrez, um dos fundadores da importante corrente teológica da Igreja latino-americana.
O livro escrito a quatro mãos recebe o título de "Da parte dos pobres, Teologia da Libertação, Teologia da Igreja".
"Entre o Vaticano e a Teologia da Libertação existe, neste momento, a paz", comentou nesta quarta-feira o vaticanista Andrea Tornielli, que revelou ao site Insider Vaticano:
"esta paz surgiu de um novo clima favorecido pela eleição do primeiro papa latino-americano e a retomada da beatificação do bispo-mártir" de San Salvador. Oscar Romero foi assassinado em 1980 por um comando de extrema-direita. Era um defensor dos pobres, mas não pertencia à Teologia da Libertação.
No Osservatore Romano, o padre teólogo Ugo Sartorio observa: "com um papa latino-americano, a Teologia da Libertação não poderia ficar muito tempo na área de sombra, para onde foi relegada nos últimos anos".
Müller, enquanto arcebispo na Baviera, tinha estabelecido relações amistosas com o padre Gutierrez, um teólogo que nunca foi censurado ou punido pelo Vaticano.
A briga entre o Vaticano e a Teologia da Libertação data do pontificado do Papa João Paulo II, que afirmou em 1979 que "a concepção de Cristo como um homem político, revolucionário, como o subversivo de Nazaré, não correspondia à catequese da Igreja". O então prefeito para a Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger, futuro Bento XVI, havia punido vários teólogos, acusando-os de uma análise marxista da Bíblia.
O arcebispo de Buenos Aires Jorge Mario Bergoglio, defensor de uma Igreja dos pobres sempre foi crítico desses teólogos, pelas mesmas razões.
De acordo com o bispo Müller, Ratzinger não só criticou a Teologia da Libertação em seus documentos doutrinais de 1984 e 1986, mas reconheceu intuições justas no campo social.
Ao escolher Müller como prefeito da CDF, o ex-papa já havia aberto o caminho para uma reabilitação progressiva, observam várias Vaticanistas.
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