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O mundo visto de Roma
Serviço semanal - 05 de Janeiro de 2014
Pensamento do dia, domingo, 05 de janeiro
"O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios. Por mais que fizermos, tudo é pouco diante do que Deus faz por nós." Irmã Dulce (1914-1992)
Papa Francisco
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Mensagem do Santo Padre Francisco por ocasião do XLVII Dia Mundial da Paz
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As palavras do Papa Francisco pronunciadas no último dia de 2013
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Homilia do Papa Francisco na Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus
Pregação Sagrada
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Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C. sobre a liturgia
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Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C. sobre a liturgia
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Pequeninos do Senhor
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Coluna de orientação catequética aos cuidados de Rachel Lemos Abdalla
Angelus
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O anúncio foi feito hoje pelo próprio Pontífice
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As palavras do Papa Francisco pronunciadas antes de rezar o Angelus
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As palavras do Papa no primeiro Angelus do ano
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Angelus: Papa Francisco reflete sobre a família e o drama dos migrantes e refugiados que são vítimas de rejeição
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Pontífice pede oraçao pelos cristãos que sofrem discriminações por causa do seu testemunho dado de Cristo
Papa Francisco
Fraternidade, Fundamento e Caminho para a Paz
Mensagem do Santo Padre Francisco por ocasião do XLVII Dia Mundial da Paz
CIDADE DO VATICANO, 01 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Apresentamos a íntegra da mensagem do Santo Padre Francisco por ocasião do XLVII Dia Mundial da Paz, celebrado nesta quarta-feira, 1º de janeiro de 2014:
Fraternidade, Fundamento e Caminho para a Paz
1. Nesta minha primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz, desejo formular a todos, indivíduos e povos, votos duma vida repleta de alegria e esperança. Com efeito, no coração de cada homem e mulher, habita o anseio duma vida plena que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar.
Na realidade, a fraternidade é uma dimensão essencial do homem, sendo ele um ser relacional. A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem tal consciência, torna-se impossível a construção duma sociedade justa, duma paz firme e duradoura. E convém desde já lembrar que a fraternidade se começa a aprender habitualmente no seio da família, graças sobretudo às funções responsáveis e complementares de todos os seus membros, mormente do pai e da mãe. A família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo também o fundamento e o caminho primário para a paz, já que, por vocação, deveria contagiar o mundo com o seu amor.
O número sempre crescente de ligações e comunicações que envolvem o nosso planeta torna mais palpável a consciência da unidade e partilha dum destino comum entre as nações da terra. Assim, nos dinamismos da história – independentemente da diversidade das etnias, das sociedades e das culturas –, vemos semeada a vocação a formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros. Contudo, ainda hoje, esta vocação é muitas vezes contrastada e negada nos factos, num mundo caracterizado pela «globalização da indiferença» que lentamente nos faz «habituar» ao sofrimento alheio, fechando-nos em nós mesmos.
Em muitas partes do mundo, parece não conhecer tréguas a grave lesão dos direitos humanos fundamentais, sobretudo dos direitos à vida e à liberdade de religião. Exemplo preocupante disso mesmo é o dramático fenómeno do tráfico de seres humanos, sobre cuja vida e desespero especulam pessoas sem escrúpulos. Às guerras feitas de confrontos armados juntam-se guerras menos visíveis, mas não menos cruéis, que se combatem nos campos económico e financeiro com meios igualmente demolidores de vidas, de famílias, de empresas.
A globalização, como afirmou Bento XVI, torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos.[1] As inúmeras situações de desigualdade, pobreza e injustiça indicam não só uma profunda carência de fraternidade, mas também a ausência duma cultura de solidariedade. As novas ideologias, caracterizadas por generalizado individualismo, egocentrismo e consumismo materialista, debilitam os laços sociais, alimentando aquela mentalidade do «descartável» que induz ao desprezo e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados «inúteis». Assim, a convivência humana assemelha-se sempre mais a um mero do ut des pragmático e egoísta.
Ao mesmo tempo, resulta claramente que as próprias éticas contemporâneas se mostram incapazes de produzir autênticos vínculos de fraternidade, porque uma fraternidade privada da referência a um Pai comum como seu fundamento último não consegue subsistir.[2] Uma verdadeira fraternidade entre os homens supõe e exige uma paternidade transcendente. A partir do reconhecimento desta paternidade, consolida-se a fraternidade entre os homens, ou seja, aquele fazer-se «próximo» para cuidar do outro.
«Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9)
2. Para compreender melhor esta vocação do homem à fraternidade e para reconhecer de forma mais adequada os obstáculos que se interpõem à sua realização e identificar as vias para a superação dos mesmos, é fundamental deixar-se guiar pelo conhecimento do desígnio de Deus, tal como se apresenta de forma egrégia na Sagrada Escritura.
Segundo a narração das origens, todos os homens provêm dos mesmos pais, de Adão e Eva, casal criado por Deus à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26), do qual nascem Caim e Abel. Na história desta família primigénia, lemos a origem da sociedade, a evolução das relações entre as pessoas e os povos.
Abel é pastor, Caim agricultor. A sua identidade profunda e, conjuntamente, a sua vocação é ser irmãos, embora na diversidade da sua actividade e cultura, da sua maneira de se relacionarem com Deus e com a criação. Mas o assassinato de Abel por Caim atesta, tragicamente, a rejeição radical da vocação a ser irmãos. A sua história (cf. Gn 4, 1-16) põe em evidência o difícil dever, a que todos os homens são chamados, de viver juntos, cuidando uns dos outros. Caim, não aceitando a predilecção de Deus por Abel, que Lhe oferecia o melhor do seu rebanho – «o Senhor olhou com agrado para Abel e para a sua oferta, mas não olhou com agrado para Caim nem para a sua oferta» (Gn 4, 4-5) –, mata Abel por inveja. Desta forma, recusa reconhecer-se irmão, relacionar-se positivamente com ele, viver diante de Deus, assumindo as suas responsabilidades de cuidar e proteger o outro. À pergunta com que Deus interpela Caim – «onde está o teu irmão?» –, pedindo-lhe contas da sua acção, responde: «Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). Depois – diz-nos o livro do Génesis –, «Caim afastou-se da presença do Senhor» (4, 16).
É preciso interrogar-se sobre os motivos profundos que induziram Caim a ignorar o vínculo de fraternidade e, simultaneamente, o vínculo de reciprocidade e comunhão que o ligavam ao seu irmão Abel. O próprio Deus denuncia e censura a Caim a sua contiguidade com o mal: «o pecado deitar-se-á à tua porta» (Gn 4, 7). Mas Caim recusa opor-se ao mal, e decide igualmente «lançar-se sobre o irmão» (Gn 4, 8), desprezando o projecto de Deus. Deste modo, frustra a sua vocação original para ser filho de Deus e viver a fraternidade.
A narração de Caim e Abel ensina que a humanidade traz inscrita em si mesma uma vocação à fraternidade, mas também a possibilidade dramática da sua traição. Disso mesmo dá testemunho o egoísmo diário, que está na base de muitas guerras e injustiças: na realidade, muitos homens e mulheres morrem pela mão de irmãos e irmãs que não sabem reconhecer-se como tais, isto é, como seres feitos para a reciprocidade, a comunhão e a doação.
«E vós sois todos irmãos» (Mt 23, 8)
3. Surge espontaneamente a pergunta: poderão um dia os homens e as mulheres deste mundo corresponder plenamente ao anseio de fraternidade, gravado neles por Deus Pai? Conseguirão, meramente com as suas forças, vencer a indiferença, o egoísmo e o ódio, aceitar as legítimas diferenças que caracterizam os irmãos e as irmãs?
Parafraseando as palavras do Senhor Jesus, poderemos sintetizar assim a resposta que Ele nos dá: dado que há um só Pai, que é Deus, vós sois todos irmãos (cf. Mt 23, 8-9). A raiz da fraternidade está contida na paternidade de Deus. Não se trata de uma paternidade genérica, indistinta e historicamente ineficaz, mas do amor pessoal, solícito e extraordinariamente concreto de Deus por cada um dos homens (cf. Mt 6, 25-30). Trata-se, por conseguinte, de uma paternidade eficazmente geradora de fraternidade, porque o amor de Deus, quando é acolhido, torna-se no mais admirável agente de transformação da vida e das relações com o outro, abrindo os seres humanos à solidariedade e à partilha activa.
Em particular, a fraternidade humana foi regenerada em e por Jesus Cristo, com a sua morte e ressurreição. A cruz é o «lugar» definitivo de fundação da fraternidade que os homens, por si sós, não são capazes de gerar. Jesus Cristo, que assumiu a natureza humana para a redimir, amando o Pai até à morte e morte de cruz (cf. Fl 2, 8), por meio da sua ressurreição constitui-nos como humanidade nova, em plena comunhão com a vontade de Deus, com o seu projecto, que inclui a realização plena da vocação à fraternidade.
Jesus retoma o projecto inicial do Pai, reconhecendo-Lhe a primazia sobre todas as coisas. Mas Cristo, com o seu abandono até à morte por amor do Pai, torna-Se princípio novo e definitivo de todos nós, chamados a reconhecer-nos n'Ele como irmãos, porque filhos do mesmo Pai. Ele é a própria Aliança, o espaço pessoal da reconciliação do homem com Deus e dos irmãos entre si. Na morte de Jesus na cruz, ficou superada também a separação entre os povos, entre o povo da Aliança e o povo dos Gentios, privado de esperança porque permanecera até então alheio aos pactos da Promessa. Como se lê na Carta aos Efésios, Jesus Cristo é Aquele que reconcilia em Si todos os homens. Ele é a paz, porque, dos dois povos, fez um só, derrubando o muro de separação que os dividia, ou seja, a inimizade. Criou em Si mesmo um só povo, um só homem novo, uma só humanidade nova (cf. 2,14-16).
Quem aceita a vida de Cristo e vive n'Ele, reconhece Deus como Pai e a Ele Se entrega totalmente, amando-O acima de todas as coisas. O homem reconciliado vê, em Deus, o Pai de todos e, consequentemente, é solicitado a viver uma fraternidade aberta a todos. Em Cristo, o outro é acolhido e amado como filho ou filha de Deus, como irmão ou irmã, e não como um estranho, menos ainda como um antagonista ou até um inimigo. Na família de Deus, onde todos são filhos dum mesmo Pai e, porque enxertados em Cristo, filhos no Filho, não há «vidas descartáveis». Todos gozam de igual e inviolável dignidade; todos são amados por Deus, todos foram resgatados pelo sangue de Cristo, que morreu na cruz e ressuscitou por cada um. Esta é a razão pela qual não se pode ficar indiferente perante a sorte dos irmãos.
A fraternidade, fundamento e caminho para a paz
4. Suposto isto, é fácil compreender que a fraternidade é fundamento e caminho para a paz. As Encíclicas sociais dos meus Predecessores oferecem uma ajuda valiosa neste sentido. Basta ver as definições de paz da Populorum progressio, de Paulo VI, ou da Sollicitudo rei socialis, de João Paulo II. Da primeira, apreendemos que o desenvolvimento integral dos povos é o novo nome da paz[3] e, da segunda, que a paz é opus solidaritatis, fruto da solidariedade.[4]
Paulo VI afirma que tanto as pessoas como as nações se devem encontrar num espírito de fraternidade. E explica: «Nesta compreensão e amizade mútuas, nesta comunhão sagrada, devemos (...) trabalhar juntos para construir o futuro comum da humanidade».[5] Este dever recai primariamente sobre os mais favorecidos. As suas obrigações radicam-se na fraternidade humana e sobrenatural, apresentando-se sob um tríplice aspecto: o dever de solidariedade, que exige que as nações ricas ajudem as menos avançadas; o dever de justiça social, que requer a reformulação em termos mais correctos das relações defeituosas entre povos fortes e povos fracos; o dever de caridade universal, que implica a promoção de um mundo mais humano para todos, um mundo onde todos tenham qualquer coisa a dar e a receber, sem que o progresso de uns seja obstáculo ao desenvolvimento dos outros.[6]
Ora, da mesma forma que se considera a paz como opus solidarietatis, é impossível não pensar que o seu fundamento principal seja a fraternidade. A paz, afirma João Paulo II, é um bem indivisível: ou é bem de todos, ou não o é de ninguém. Na realidade, a paz só pode ser conquistada e usufruída como melhor qualidade de vida e como desenvolvimento mais humano e sustentável, se estiver viva, em todos, «a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum».[7] Isto implica não deixar-se guiar pela «avidez do lucro» e pela «sede do poder». É preciso estar pronto a «"perder-se" em benefício do próximo em vez de o explorar, e a "servi-lo" em vez de o oprimir para proveito próprio (...). O "outro" – pessoa, povo ou nação – [não deve ser visto] como um instrumento qualquer, de que se explora, a baixo preço, a capacidade de trabalhar e a resistência física, para o abandonar quando já não serve; mas sim como um nosso "semelhante", um "auxílio"».[8]
A solidariedade cristã pressupõe que o próximo seja amado não só como «um ser humano com os seus direitos e a sua igualdade fundamental em relação a todos os demais, mas [como] a imagem viva de Deus Pai, resgatada pelo sangue de Jesus Cristo e tornada objecto da acção permanente do Espírito Santo»,[9] como um irmão. «Então a consciência da paternidade comum de Deus, da fraternidade de todos os homens em Cristo, "filhos no Filho", e da presença e da acção vivificante do Espírito Santo conferirá – lembra João Paulo II – ao nosso olhar sobre o mundo como que um novo critério para o interpretar»,[10] para o transformar.
A fraternidade, premissa para vencer a pobreza
5. Na Caritas in veritate, o meu Predecessor lembrava ao mundo que uma causa importante da pobreza é a falta de fraternidade entre os povos e entre os homens.[11] Em muitas sociedades, sentimos uma profunda pobreza relacional, devido à carência de sólidas relações familiares e comunitárias; assistimos, preocupados, ao crescimento de diferentes tipos de carências, marginalização, solidão e de várias formas de dependência patológica. Uma tal pobreza só pode ser superada através da redescoberta e valorização de relações fraternas no seio das famílias e das comunidades, através da partilha das alegrias e tristezas, das dificuldades e sucessos presentes na vida das pessoas.
Além disso, se por um lado se verifica uma redução da pobreza absoluta, por outro não podemos deixar de reconhecer um grave aumento da pobreza relativa, isto é, de desigualdades entre pessoas e grupos que convivem numa região específica ou num determinado contexto histórico-cultural. Neste sentido, servem políticas eficazes que promovam o princípio da fraternidade, garantindo às pessoas – iguais na sua dignidade e nos seus direitos fundamentais – acesso aos «capitais», aos serviços, aos recursos educativos, sanitários e tecnológicos, para que cada uma delas tenha oportunidade de exprimir e realizar o seu projecto de vida e possa desenvolver-se plenamente como pessoa.
Reconhece-se haver necessidade também de políticas que sirvam para atenuar a excessiva desigualdade de rendimento. Não devemos esquecer o ensinamento da Igreja sobre a chamada hipoteca social, segundo a qual, se é lícito – como diz São Tomás de Aquino – e mesmo necessário que «o homem tenha a propriedade dos bens»,[12] quanto ao uso, porém, «não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si mas também aos outros».[13]
Por último, há uma forma de promover a fraternidade – e, assim, vencer a pobreza – que deve estar na base de todas as outras. É o desapego vivido por quem escolhe estilos de vida sóbrios e essenciais, por quem, partilhando as suas riquezas, consegue assim experimentar a comunhão fraterna com os outros. Isto é fundamental, para seguir Jesus Cristo e ser verdadeiramente cristão. É o caso não só das pessoas consagradas que professam voto de pobreza, mas também de muitas famílias e tantos cidadãos responsáveis que acreditam firmemente que a relação fraterna com o próximo constitua o bem mais precioso.
A redescoberta da fraternidade na economia
6. As graves crises financeiras e económicas dos nossos dias – que têm a sua origem no progressivo afastamento do homem de Deus e do próximo, com a ambição desmedida de bens materiais, por um lado, e o empobrecimento das relações interpessoais e comunitárias, por outro – impeliram muitas pessoas a buscar o bem-estar, a felicidade e a segurança no consumo e no lucro fora de toda a lógica duma economia saudável. Já, em 1979, o Papa João Paulo II alertava para a existência de «um real e perceptível perigo de que, enquanto progride enormemente o domínio do homem sobre o mundo das coisas, ele perca os fios essenciais deste seu domínio e, de diversas maneiras, submeta a elas a sua humanidade, e ele próprio se torne objecto de multiforme manipulação, se bem que muitas vezes não directamente perceptível; manipulação através de toda a organização da vida comunitária, mediante o sistema de produção e por meio de pressões dos meios de comunicação social».[14]
As sucessivas crises económicas devem levar a repensar adequadamente os modelos de desenvolvimento económico e a mudar os estilos de vida. A crise actual, com pesadas consequências na vida das pessoas, pode ser também uma ocasião propícia para recuperar as virtudes da prudência, temperança, justiça e fortaleza. Elas podem ajudar-nos a superar os momentos difíceis e a redescobrir os laços fraternos que nos unem uns aos outros, com a confiança profunda de que o homem tem necessidade e é capaz de algo mais do que a maximização do próprio lucro individual. As referidas virtudes são necessárias sobretudo para construir e manter uma sociedade à medida da dignidade humana.
A fraternidade extingue a guerra
7. Ao longo do ano que termina, muitos irmãos e irmãs nossos continuaram a viver a experiência dilacerante da guerra, que constitui uma grave e profunda ferida infligida à fraternidade.
Há muitos conflitos que se consumam na indiferença geral. A todos aqueles que vivem em terras onde as armas impõem terror e destruição, asseguro a minha solidariedade pessoal e a de toda a Igreja. Esta última tem por missão levar o amor de Cristo também às vítimas indefesas das guerras esquecidas, através da oração pela paz, do serviço aos feridos, aos famintos, aos refugiados, aos deslocados e a quantos vivem no terror. De igual modo a Igreja levanta a sua voz para fazer chegar aos responsáveis o grito de dor desta humanidade atribulada e fazer cessar, juntamente com as hostilidades, todo o abuso e violação dos direitos fundamentais do homem.[15]
Por este motivo, desejo dirigir um forte apelo a quantos semeiam violência e morte, com as armas: naquele que hoje considerais apenas um inimigo a abater, redescobri o vosso irmão e detende a vossa mão! Renunciai à via das armas e ide ao encontro do outro com o diálogo, o perdão e a reconciliação para reconstruir a justiça, a confiança e esperança ao vosso redor! «Nesta óptica, torna-se claro que, na vida dos povos, os conflitos armados constituem sempre a deliberada negação de qualquer concórdia internacional possível, originando divisões profundas e dilacerantes feridas que necessitam de muitos anos para se curarem. As guerras constituem a rejeição prática de se comprometer para alcançar aquelas grandes metas económicas e sociais que a comunidade internacional estabeleceu».[16]
Mas, enquanto houver em circulação uma quantidade tão grande como a actual de armamentos, poder-se-á sempre encontrar novos pretextos para iniciar as hostilidades. Por isso, faço meu o apelo lançado pelos meus Predecessores a favor da não-proliferação das armas e do desarmamento por parte de todos, a começar pelo desarmamento nuclear e químico.
Não podemos, porém, deixar de constatar que os acordos internacionais e as leis nacionais, embora sendo necessários e altamente desejáveis, por si sós não bastam para preservar a humanidade do risco de conflitos armados. É precisa uma conversão do coração que permita a cada um reconhecer no outro um irmão do qual cuidar e com o qual trabalhar para, juntos, construírem uma vida em plenitude para todos. Este é o espírito que anima muitas das iniciativas da sociedade civil, incluindo as organizações religiosas, a favor da paz. Espero que o compromisso diário de todos continue a dar fruto e que se possa chegar também à efectiva aplicação, no direito internacional, do direito à paz como direito humano fundamental, pressuposto necessário para o exercício de todos os outros direitos.
A corrupção e o crime organizado contrastam a fraternidade
8. O horizonte da fraternidade apela ao crescimento em plenitude de todo o homem e mulher. As justas ambições duma pessoa, sobretudo se jovem, não devem ser frustradas nem lesadas; não se lhe deve roubar a esperança de podê-las realizar. A ambição, porém, não deve ser confundida com prevaricação; pelo contrário, é necessário competir na mútua estima (cf. Rm 12, 10). Mesmo nas disputas, que constituem um aspecto inevitável da vida, é preciso recordar-se sempre de que somos irmãos; por isso, é necessário educar e educar-se para não considerar o próximo como um inimigo nem um adversário a eliminar.
A fraternidade gera paz social, porque cria um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem comum. Uma comunidade política deve, portanto, agir de forma transparente e responsável para favorecer tudo isto. Os cidadãos devem sentir-se representados pelos poderes públicos, no respeito da sua liberdade. Em vez disso, muitas vezes, entre cidadão e instituições, interpõem-se interesses partidários que deformam essa relação, favorecendo a criação dum clima perene de conflito.
Um autêntico espírito de fraternidade vence o egoísmo individual, que contrasta a possibilidade das pessoas viverem em liberdade e harmonia entre si. Tal egoísmo desenvolve-se, socialmente, quer nas muitas formas de corrupção que hoje se difunde de maneira capilar, quer na formação de organizações criminosas – desde os pequenos grupos até àqueles organizados à escala global – que, minando profundamente a legalidade e a justiça, ferem no coração a dignidade da pessoa. Estas organizações ofendem gravemente a Deus, prejudicam os irmãos e lesam a criação, revestindo-se duma gravidade ainda maior se têm conotações religiosas.
Penso no drama dilacerante da droga com a qual se lucra desafiando leis morais e civis, na devastação dos recursos naturais e na poluição em curso, na tragédia da exploração do trabalho; penso nos tráficos ilícitos de dinheiro como também na especulação financeira que, muitas vezes, assume caracteres predadores e nocivos para inteiros sistemas económicos e sociais, lançando na pobreza milhões de homens e mulheres; penso na prostituição que diariamente ceifa vítimas inocentes, sobretudo entre os mais jovens, roubando-lhes o futuro; penso no abomínio do tráfico de seres humanos, nos crimes e abusos contra menores, na escravidão que ainda espalha o seu horror em muitas partes do mundo, na tragédia frequentemente ignorada dos emigrantes sobre quem se especula indignamente na ilegalidade. A este respeito escreveu João XXIII: «Uma convivência baseada unicamente em relações de força nada tem de humano: nela vêem as pessoas coarctada a própria liberdade, quando, pelo contrário, deveriam ser postas em condição tal que se sentissem estimuladas a procurar o próprio desenvolvimento e aperfeiçoamento».[17] Mas o homem pode converter-se, e não se deve jamais desesperar da possibilidade de mudar de vida. Gostaria que isto fosse uma mensagem de confiança para todos, mesmo para aqueles que cometeram crimes hediondos, porque Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez 18, 23).
No contexto alargado da sociabilidade humana, considerando o delito e a pena, penso também nas condições desumanas de muitos estabelecimentos prisionais, onde frequentemente o preso acaba reduzido a um estado sub-humano, violado na sua dignidade de homem e sufocado também em toda a vontade e expressão de resgate. A Igreja faz muito em todas estas áreas, a maior parte das vezes sem rumor. Exorto e encorajo a fazer ainda mais, na esperança de que tais acções desencadeadas por tantos homens e mulheres corajosos possam cada vez mais ser sustentadas, leal e honestamente, também pelos poderes civis.
A fraternidade ajuda a guardar e cultivar a natureza
9. A família humana recebeu, do Criador, um dom em comum: a natureza. A visão cristã da criação apresenta um juízo positivo sobre a licitude das intervenções na natureza para dela tirar benefício, contanto que se actue responsavelmente, isto é, reconhecendo aquela «gramática» que está inscrita nela e utilizando, com sabedoria, os recursos para proveito de todos, respeitando a beleza, a finalidade e a utilidade dos diferentes seres vivos e a sua função no ecossistema. Em suma, a natureza está à nossa disposição, mas somos chamados a administrá-la responsavelmente. Em vez disso, muitas vezes deixamo-nos guiar pela ganância, pela soberba de dominar, possuir, manipular, desfrutar; não guardamos a natureza, não a respeitamos, nem a consideramos como um dom gratuito de que devemos cuidar e colocar ao serviço dos irmãos, incluindo as gerações futuras.
De modo particular o sector produtivo primário, o sector agrícola, tem a vocação vital de cultivar e guardar os recursos naturais para alimentar a humanidade. A propósito, a persistente vergonha da fome no mundo leva-me a partilhar convosco esta pergunta: De que modo usamos os recursos da terra? As sociedades actuais devem reflectir sobre a hierarquia das prioridades no destino da produção. De facto, é um dever impelente que se utilizem de tal modo os recursos da terra, que todos se vejam livres da fome. As iniciativas e as soluções possíveis são muitas, e não se limitam ao aumento da produção. É mais que sabido que a produção actual é suficiente, e todavia há milhões de pessoas que sofrem e morrem de fome, o que constitui um verdadeiro escândalo. Por isso, é necessário encontrar o modo para que todos possam beneficiar dos frutos da terra, não só para evitar que se alargue o fosso entre aqueles que têm mais e os que devem contentar-se com as migalhas, mas também e sobretudo por uma exigência de justiça e equidade e de respeito por cada ser humano. Neste sentido, gostaria de lembrar a todos o necessário destino universal dos bens, que é um dos princípios fulcrais da doutrina social da Igreja. O respeito deste princípio é a condição essencial para permitir um acesso real e equitativo aos bens essenciais e primários de que todo o homem precisa e tem direito.
Conclusão
10. Há necessidade que a fraternidade seja descoberta, amada, experimentada, anunciada e testemunhada; mas só o amor dado por Deus é que nos permite acolher e viver plenamente a fraternidade.
O necessário realismo da política e da economia não pode reduzir-se a um tecnicismo sem ideal, que ignora a dimensão transcendente do homem. Quando falta esta abertura a Deus, toda a actividade humana se torna mais pobre, e as pessoas são reduzidas a objecto passível de exploração. Somente se a política e a economia aceitarem mover-se no amplo espaço assegurado por esta abertura Àquele que ama todo o homem e mulher, é que conseguirão estruturar-se com base num verdadeiro espírito de caridade fraterna e poderão ser instrumento eficaz de desenvolvimento humano integral e de paz.
Nós, cristãos, acreditamos que, na Igreja, somos membros uns dos outros e todos mutuamente necessários, porque a cada um de nós foi dada uma graça, segundo a medida do dom de Cristo, para utilidade comum (cf. Ef 4, 7.25; 1 Cor 12, 7). Cristo veio ao mundo para nos trazer a graça divina, isto é, a possibilidade de participar na sua vida. Isto implica tecer um relacionamento fraterno, caracterizado pela reciprocidade, o perdão, o dom total de si mesmo, segundo a grandeza e a profundidade do amor de Deus, oferecido à humanidade por Aquele que, crucificado e ressuscitado, atrai todos a Si: «Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 34-35). Esta é a boa nova que requer, de cada um, um passo mais, um exercício perene de empatia, de escuta do sofrimento e da esperança do outro, mesmo do que está mais distante de mim, encaminhando-se pela estrada exigente daquele amor que sabe doar-se e gastar-se gratuitamente pelo bem de cada irmão e irmã.
Cristo abraça todo o ser humano e deseja que ninguém se perca. «Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3, 17). Fá-lo sem oprimir, sem forçar ninguém a abrir-Lhe as portas do coração e da mente. «O que for maior entre vós seja como o menor, e aquele que mandar, como aquele que serve – diz Jesus Cristo –. Eu estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22, 26-27). Deste modo, cada actividade deve ser caracterizada por uma atitude de serviço às pessoas, incluindo as mais distantes e desconhecidas. O serviço é a alma da fraternidade que edifica a paz.
Que Maria, a Mãe de Jesus, nos ajude a compreender e a viver todos os dias a fraternidade que jorra do coração do seu Filho, para levar a paz a todo o homem que vive nesta nossa amada terra.
Vaticano, 8 de Dezembro de 2013.
FRANCISCUS
[1]Cf. Carta enc. Caritas in veritate (29 de Junho de 2009), 19: AAS 101 (2009), 654-655.
[2]Cf. Francisco, Carta enc. Lumen fidei (29 de Junho de 2013), 54: AAS 105 (2013), 591-592.
[3]Cf. Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio (26 de Março de 1967), 87: AAS 59 (1967), 299.
[4]Cf. João Paulo II, Carta enc. Sollicitudo rei socialis (30 de Dezembro de 1987), 39: AAS 80 (1988), 566-568.
[5]Carta enc. Populorum progressio (26 de Março de 1967), 43: AAS 59 (1967), 278-279.
[6]Cf. ibid., 44: o. c., 279.
[7]Carta enc. Sollicitudo rei socialis (30 de Dezembro de 1987), 38: AAS 80 (1988), 566.
[8] Ibid., 38-39: o. c., 566-567.
[9] Ibid., 40: o. c., 569.
[10] Ibid., 40: o. c., 569.
[11]Cf. Carta enc. Caritas in veritate (29 de Junho de 2009), 19: AAS 101 (2009), 654-655.
[12] Summa theologiae, II-II, q. 66, a. 2.
[13] Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 69; cf. Leão XIII, Carta enc. Rerum novarum (15 de Maio de 1891), 19: ASS 23 (1890-1891), 651; João Paulo II, Carta enc. Sollicitudo rei socialis (30 de Dezembro de 1987), 42: AAS 80 (1988), 573-574; Pont. Conselho «Justiça e Paz», Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 178.
[14] Carta enc. Redemptor hominis (4 de Março de 1979), 16: AAS 61 (1979), 290.
[15]Cf. Pont. Conselho «Justiça e Paz», Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 159.
[16] Francisco, Carta ao Presidente Vladimir Putin (4 de Setembro de 2013): L'Osservatore Romano (ed. portuguesa de 8/IX/2013), 5.
[17] Carta enc. Pacem in terris (11 de Abril de 1963), 17: AAS 55 (1963), 265.
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Cada momento da nossa vida é definitivo
As palavras do Papa Francisco pronunciadas no último dia de 2013
CIDADE DO VATICANO, 01 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - No dia 31 de Dezembro de 2013, o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Pedro, à celebração das primeiras Vésperas da celebração litúrgica do dia 1 de Janeiro concluindo com o cântico de Te Deum em ação de graças pelo ano de 2013. Apresentamos, a seguir, a homilia pronunciada pelo Papa, publicada na íntegra pela Rádio Vaticano.
O apóstolo João define o tempo presente de modo preciso: "Esta é a última hora" (1 Jo 2,18). Isso significa que, com a vinda de Deus na história, já nos encontramos nos "últimos" tempos, depois do qual o passo final será a segunda e última vinda de Cristo. É claro, aqui se trata da qualidade do tempo e não da sua quantidade. Com, Jesus chegou a "plenitude" dos tempos, plenitude de sentido e plenitude da salvação. E não haverá mais uma nova revelação, mas a plena manifestação do que Jesus já revelou. Neste sentido, estamos na "última hora"; cada momento da nossa vida é definitivo e cada uma das nossas ações é repleta de eternidade; de fato, a resposta que damos, hoje, a Deus, que nos ama em Jesus Cristo, incide sobre o nosso futuro.
A visão bíblica e cristã do tempo e da história não é cíclica, mas linear: é um caminho que leva a um cumprimento. Um ano que passa, portanto, não nos leva a uma realidade que acaba, mas a uma realidade que se realiza, é um passo a mais em direção à meta que está diante de nós: uma meta de esperança e de felicidade, porque nos encontraremos com Deus, razão da nossa esperança e fonte da nossa alegria.
Enquanto o ano 2013 chega ao fim, colhemos, como em uma cesta, os dias, as semanas, os meses que vivemos para oferecer tudo ao Senhor. E nos perguntamos: como vivemos o tempo que Ele nos deu? Nós o utilizamos, sobretudo, para nós mesmos, para os nossos interesses ou soubemos empregá-lo para os outros? E Deus? Quanto tempo empregamos para "estar com ele", na oração, no silêncio? ...
Pensemos também nesta cidade de Roma. O que aconteceu este ano? O que está acontecendo e o que vai acontecer? Como está a qualidade de vida nesta cidade? Tudo depende de nós! Como está a qualidade da nossa "cidadania"? Este ano, contribuímos, com o nosso "pouco", para torná-la vivível, organizada, acolhedora? Na verdade, o rosto de uma cidade é como um mosaico, cujas peças são todas as pessoas que aqui vivem. Claro, quem tem autoridade, tem maior responsabilidade, mas cada um é co-responsável, no bem e no mal.
Roma é uma cidade de beleza única! Seu patrimônio espiritual e cultural é extraordinário. No entanto, também em Roma há tantas pessoas assinaladas pela miséria, material e moral, pessoas pobres, infelizes, que interpelam a consciência, não apenas dos responsáveis públicos, mas também de cada cidadão. Em Roma, talvez, sentimos de modo mais forte este contraste entre o ambiente majestoso e repleto de beleza artística, e as dificuldades sociais de quem tem mais problemas.
Roma é uma cidade sempre cheia de turistas, mas também cheia de refugiados. Roma está cheia de pessoas que trabalham, mas também de pessoas que não encontram trabalho ou fazem trabalhos mal pagos e, por vezes, indignos; mas todos têm o direito de ser tratados com a mesma atitude de acolhida e de equidade, porque cada um é portador de dignidade humana.
Chegou o último dia do ano. O que faremos? Como agiremos no próximo ano, para tornar a nossa Cidade um pouco melhor? A Roma do ano novo terá um rosto bem mais bonito se for mais rica de humanidade, hospitaleira, acolhedora; se todos nós formos atenciosos e generosos com os mais necessitados; se soubermos colaborar, com espírito construtivo e solidário, pelo bem de todos. A Roma do ano novo será melhor se não houver pessoas que a olham "de longe", que olham a sua vida só "da varanda", sem se deixar envolver pelos tantos problemas humanos, problemas de homens e mulheres que, no final... e desde o início, quer queiramos ou não, são nossos irmãos. Nesta perspectiva, a Igreja de Roma se sente comprometida em dar a sua contribuição própria para a vida e o futuro da Cidade: para animá-la com o fermento do Evangelho, para ser sinal e instrumento da misericórdia de Deus.
Nesta noite, encerremos o Ano do Senhor 2013, agradecendo e pedindo perdão. Agradeçamos por todos os benefícios que Deus nos concedeu, especialmente, pela sua paciência e fidelidade, que se manifestam no decorrer dos tempos, mas de forma única, na plenitude dos tempos, quando "Deus enviou seu Filho, nascido de mulher" (Gl 4,4).
Que a Mãe de Deus, em nome da qual iniciaremos, amanhã, um novo trajeto da nossa peregrinação terrena, nos ensine a acolher o Deus feito homem, a fim de que cada ano, cada mês, cada dia seja repleto do seu amor eterno.
O nosso caminho de fé está indissoluvelmente ligado a Maria
Homilia do Papa Francisco na Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus
CIDADE DO VATICANO, 01 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - O Santo Padre presidiu nesta quarta-feira, 01 de janeiro, Santa Missa na Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz. Eis o texto integral da homilia:
Amados Irmãos e Irmãs,
A primeira leitura propôs-nos a antiga súplica de bênção que Deus sugerira a Moisés, para que a ensinasse a Aarão e seus filhos: «O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor dirija para ti o seu olhar e te conceda a paz» (Nm 6, 24-26). É muito significativo ouvir estas palavras de bênção no início dum novo ano: acompanharão o nosso caminho neste tempo que se abre diante de nós. São palavras que dão força, coragem e esperança; não uma esperança ilusória, assente em frágeis promessas humanas, nem uma esperança ingénua que imagina melhor o futuro, simplesmente porque é futuro. Esta esperança tem a sua razão de ser precisamente na bênção de Deus; uma bênção que contém os votos maiores, os votos da Igreja para cada um de nós, repletos da protecção amorosa do Senhor, da sua ajuda providente.
Os votos contidos nesta bênção realizaram-se plenamente numa mulher, Maria, enquanto destinada a tornar-Se a Mãe de Deus, e realizaram-se n'Ela antes de qualquer outra criatura.
Mãe de Deus! Este é o título principal e essencial de Nossa Senhora. Trata-se duma qualidade, duma função que a fé do povo cristão, na sua terna e genuína devoção à Mãe celeste, desde sempre Lhe reconheceu.
Lembremos aquele momento importante da história da Igreja Antiga que foi o Concílio de Éfeso, no qual se definiu com autoridade a maternidade divina da Virgem. Esta verdade da maternidade divina de Maria ecoou em Roma, onde, pouco depois, se construiu a Basílica de Santa Maria Maior, o primeiro santuário mariano de Roma e de todo o Ocidente, no qual se venera a imagem da Mãe de Deus – a Theotokos – sob o título de Salus populi romani. Diz-se que os habitantes de Éfeso, durante o Concílio, se teriam congregado aos lados da porta da basílica onde estavam reunidos os Bispos e gritavam: «Mãe de Deus!» Os fiéis, pedindo que se definisse oficialmente este título de Nossa Senhora, demonstravam reconhecer a sua maternidade divina. É a atitude espontânea e sincera dos filhos, que conhecem bem a sua Mãe, porque A amam com imensa ternura. Mais ainda: é o sensus fidei do santo fiel Povo de Deus, que nunca - na sua unidade - nunca se engana.
Desde sempre Maria está presente no coração, na devoção e sobretudo no caminho de fé do povo cristão. «A Igreja caminha no tempo (...). Mas, nesta caminhada, a Igreja procede seguindo as pegadas do itinerário percorrido pela Virgem Maria» (JOÃO PAULO II, Enc. Redemptoris Mater, 2). O nosso itinerário de fé é igual ao de Maria; por isso, A sentimos particularmente próxima de nós! No que diz respeito à fé, que é o fulcro da vida cristã, a Mãe de Deus partilhou a nossa condição, teve de caminhar pelas mesmas estradas, às vezes difíceis e obscuras, trilhadas por nós, teve de avançar pelo «caminho da fé» (CONC. ECUM. VAT. II, Const. Lumen gentium, 58).
O nosso caminho de fé está indissoluvelmente ligado a Maria, desde o momento em que Jesus, quando estava para morrer na cruz, no-La deu como Mãe, dizendo: «Eis a tua mãe!» (Jo 19, 27). Estas palavras têm o valor dum testamento, e dão ao mundo uma Mãe. Desde então, a Mãe de Deus tornou-Se também nossa Mãe! Na hora em que a fé dos discípulos se ia quebrantando com tantas dificuldades e incertezas, Jesus confiava-lhes Aquela que fora a primeira a acreditar e cuja fé não desfaleceria jamais. E a «mulher» torna-Se nossa Mãe, no momento em que perde o Filho divino. O seu coração ferido dilata-se para dar espaço a todos os homens, bons e maus; e ama-os como os amava Jesus. A mulher que, nas bodas de Caná da Galileia, dera a sua colaboração de fé para a manifestação das maravilhas de Deus na mundo, no Calvário mantém acesa a chama da fé na ressurreição do Filho, e comunica-a aos outros com carinho maternal. Assim Maria torna-Se fonte de esperança e de alegria verdadeira.
A Mãe do Redentor caminha diante de nós e sempre nos confirma na fé, na vocação e na missão. Com o seu exemplo de humildade e disponibilidade à vontade de Deus, ajuda-nos a traduzir a nossa fé num anúncio, jubiloso e sem fronteiras, do Evangelho. Deste modo, a nossa missão será fecunda, porque está modelada pela maternidade de Maria. A Ela confiamos o nosso itinerário de fé, os desejos do nosso coração, as nossas necessidades, as carências do mundo inteiro, especialmente a sua fome e sede de justiça e de paz; e invocamo-La todos juntos: Santa Mãe de Deus!
(Fonte: Rádio Vaticano)
Pregação Sagrada
Homilética: Solenidade da Epifania do Senhor
Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C. sobre a liturgia
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 05 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - HOMILÉTICA
COMENTÁRIO À LITURGIA DOMINICAL
Solenidade da Epifania do Senhor
Ciclo A
Textos: Isaías 60, 1-6; Efésios 3, 2-3.5-6; Mateus 2, 1-12
P. Antonio Rivero, L.C. Doutor em Teologia Espiritual, professor e diretor espiritual no seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de São Paulo (Brasil).
Ideia principal: o processo interno que seguiram os Magos para se encontrar com Cristo.
Síntese da mensagem: Deus também se revela ao mundo pagão (Epifania significa precisamente manifestação). Duas coisas são necessárias para descobrir Deus e encontrá-Lo: o dom divino da fé, cujo símbolo é essa estrela, e o esforço do homem para sair de si mesmo, como fizeram estes Magos, superando as dificuldades da estrada e com fé se ajoelhar diante deste Menino que é Deus e Rei.
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, vejamos quem são os Reis Magos. Os magos eram reis, provavelmente, ricos e poderosos, chefes de aldeia, da cidade. E eles eram magos, não conforme o significado que damos hoje a palavra mago, mas no sentido de homens sábios, com conhecimento sobre as leis da natureza, o cultivo da medicina e astrologia. Religiosamente inquietos? Talvez abertos à transcendência, e buscavam com a razão e com a natural tendência religiosa – que todo homem carrega dentro de si – o significado e a razão no mundo.
Em segundo lugar, meditemos no processo interno – de fé inicialmente? – que tiveram que fazer para alcançar à luz de Belém, seguindo o brilho da estrela. Deixam o seu conforto, movidos pela inspiração divina e o desejo de ver o Messias, do qual já se falava em várias culturas. Olham, com seus olhos honestos e curiosos, a luz de uma estrela misteriosa que lhes brilha, como disse São Tomás de Aquino, foi uma estrela exclusivamente criada por Deus para guiar estes homens. Vem as dificuldades do caminho, e esta estrela se esconde, justamente em Jerusalém, onde vivia Herodes, indigno de testemunhar aquele prodígio do céu. Consultam os sábios e entendidos. Confiam neles e se põem novamente em caminho, e a estrela brilha novamente. Eles se alegram. Chegam. Entram e encontram o menino com Maria, sua mãe. Acreditando, caem de joelhos e oferecem lealdade ao verdadeiro Rei do céu e da terra. Regressam ao seu país por outro caminho – o da fé cristã – e de acordo com São João Crisóstomo, trabalharam pela conversão dos povos pagãos e, finalmente, morreram mártires.
Finalmente, quais são os presentes que ofereceram a Jesus? Ouro, incenso e mirra. São Gregório Magno diz que o ouro simbolizava a sabedoria, o incenso, o doce zelo pela Palavra Sagrada, e mirra, a mortificação da carne.
Para refletir: Neste natal, saí do meu conforto para encontrar Jesus? Se o encontrei, o que eu tenho que lhe dar? Não posso ir a Belém com as mãos vazias. Esse Menino é o meu Senhor, meu Deus e merece um presente, ou melhor, merece a minha vida e vassalagem. Assim fizeram os Magos.
Para qualquer sugestão ou dúvida, podem se comunicar com o padre Antônio neste e-mail: arivero@legionaries.org
Homilética: Segundo domingo depois do Natal
Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C. sobre a liturgia
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 02 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - HOMILÉTICA
COMENTÁRIO À LITURGIA DOMINICAL
Segundo domingo depois do Natal, 5 de janeiro de 2014
Ciclo A
Textos: Eclesiástico 24, 1-4.12-16; Efésios 1, 3-6.15-18; João 1, 1-18
P. Antonio Rivero, L.C. Doutor em Teologia Espiritual, professor e diretor espiritual no seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de São Paulo (Brasil).
Antes de tudo, quero em meu próprio nome, congratular os meus leitores pelo ano novo que o bom Deus nos concedeu. Que seja um ano cheio de paz e amor.
Ideia principal: Deus, em Cristo, armou a sua tenda no meio de nós.
Resumo da mensagem: Deus se encarnou e acampou no meio de nós, colocou a sua tenda no meio de nós, expressão esta que é usada por São João no evangelho de hoje, e que foi usada anteriormente no livro do Êxodo para assinalar o lugar de reunião entre Deus e o seu povo, a morada de Javé.
Aspectos da ideia principal:
Em primeiro lugar, Deus armou a sua tenda no meio de nós (Evangelho). Em Jesus, se fez um de nós, com carne e sangue como nós. Esta é a sua tenda. A sua tenda, Ele mesmo, com o Seu corpo, permanece no meio de nós, como um de nós. A tenda, para os judeus e os habitantes do deserto, é algo habitual. Quando eles vão caminhando, dia a dia, chegam em algum lugar e se estabelecem aí, para viver aí. Armar a tenda quer dizer que acomodam tudo, e vão dispondo tudo, de maneira que possam se estabelecer. Não é simplesmente armar uma tenda de campanha; é chegar, armar a tenda no meio da terra, acomodá-la e colocar dentro todos os utensílios para a vida, assim como os animais e todas as demais coisas. Armar a tenda significa se estabelecer, se introduzir na vida.
Em segundo lugar, nos perguntemos por que Deus arma a sua tenda no meio de nós. Ele fez isso para ficar conosco, para viver no meio de nós, nós somos a sua tenda, Ele está aqui para nos transformar, para nos conhecer. Ele se faz carne para conhecer a nossa fragilidade, a nossa pequeneza, a nossa dor, e se estabelece aqui, arma a sua tenda para estar sempre perto de nós. Deus quer estar conosco, e quer entrar nas nossas vidas, mas não para que o encerremos nas nossas categorias, nos nossos esquemas, nas nossas formas de pensar. Deus vem, em Jesus, para que descubramos n´Ele a verdadeira sabedoria (primeira leitura), a novidade da nossa filiação divina (segunda leitura) e sejamos capazes de entender essa palavra que é luz e vida (Evangelho). Certamente, isto é um absurdo para muitos, porque vemos em Deus algo distante, algo sem sentido, uma mera ideia, um absurdo, uma quimera mais, alguém que nos incomoda com a sua tenda. E por isso, não lhe deixamos acampar no nosso coração.
Finalmente, celebrar, pois o Natal significa ser capazes de ir á tenda, entrar nela, nos encontrar com Ele e descobrir quem Ele é realmente. Ele armou a sua tenda - a sua humanidade, diria Santa Teresa-. Só precisamos entrar nesta tenda para chegar à sua divindade. Não sou eu quem o instalo na minha tenda. Foi Ele quem se instalou nela, para alargá-la, limpá-la, divinizá-la. Sem essa verdade, o Natal não tem nenhum sentido; fica no nascimento, na árvore, nos presentes. Deixemo-Lo acampar na nossa vida, na nossa família, no nosso lugar de trabalho e nos nossos projetos. A Eucaristia não é o prolongamento desta tenda que começou no dia da Encarnação?
Para refletir: Por quê não quero entrar nessa tenda? Por quê não quero confrontar a minha vida com a Vida, a minha verdade com a Verdade, a minha luz com essa Luz?
Para qualquer sugestão ou dúvida, podem se comunicar com o padre Antônio neste e-mail: arivero@legionaries.org
Homilética: Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus
Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C. sobre a liturgia
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 31 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) - HOMILÉTICA: COMENTÁRIO LITURGIA
Solenidade de Santa Maria Mãe de Deuss, 1 de janeiro
Ciclo A
Textos: Números 6, 22-27; Gálatas 4, 4-7; Lucas 2, 16-21.
P. Antonio Rivero, L.C. Doutor em Teologia Espiritual, professor e diretor espiritual no seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de são Paulo (Brasil).
Ideia principal: Maria é Mãe de Deus e Mãe nossa.
Resumo da mensagem: Como nossos irmãos orientais de rito sírio, demos hoje os augúrios e felicitações a Maria Santíssima, por ser a Mãe de Deus. Aproximemo-nos dEla com esses sentimentos, pois também é nossa Mãe no plano da graça.
Aspectos de esta ideia:
Em primeiro lugar, esta verdade de que Maria é verdadeira Mãe de Deus, a Theotokos, a Igreja a definiu no concílio de Éfeso por volta do ano 431. São Cirilo de Alexandria, que presidiu o Concílio, escrevia a continuação a seus fiéis: "Sabeis que se reuniu o santo sínodo na grande igreja de Maria, Mãe de Deus. Passamos ali o dia todo... Havia ali uns duzentos bispos reunidos. Todo o povo esperava com ansiedade, aguardando desde o amanhecer até o crepúsculo a decisão do santo Sínodo... Quando saímos da igreja, acompanharam-nos com tochas até nossos domicílios, porque era de noite. Respirava-se alegria no ambiente; a cidade estava salpicada de luzes; inclusive as mulheres nos precediam com incensários e abriam a marcha" (Epístola 24). Santo Inácio de Antioquia chama Jesus "o filho de Deus e de Maria". Isto coloca a Maria a uma altura que da vertigem, ao lado do Padre. Mas também, por ser de nossa raça "nascido duma mulher", está perto de nós e se faz também nossa mãe, mãe da Igreja. De escravos que éramos passamos a ser filhos no Filho (segunda leitura). Maravilhoso intercambio este como para felicitar a Maria y felicitarmos entre nós.
Em segundo lugar, vejamos a missão que esta Mãe tem, como toda mãe. Uma mãe da a luz seu filho com amor e acompanha seu filho até o final. Assim fez Maria com seu Filho Jesus. Uma mãe amamenta seu filho. Uma mãe cuida seu filho. Uma mãe respeita a liberdade de seu filho. Uma mãe acompanha seu filho nos momentos alegres e também nos momentos difíceis. Maria é mãe de todos os homens na ordem da graça. Ao dar a luz a seu primogénito, deu a luz também espiritualmente a aqueles que pertenceriam a Ele, aos que seriam incorporados a Ele e se converteriam assim em membros seus. Ella desde o céu intercede por nós, consola-nos, anima-nos e nos aponta o seu Filho dizendo-nos: "Fazei o que Ele vos disser".
Finalmente, preguntemos o que podemos imitar de Maria, nossa Mãe. O evangelho nos dá dois segredos: "Ela conservava estas coisas e as meditava no seu coração". Sejamos homens que saibamos ruminar as coisas de Deus na nossa vida, e como dizia santo Agostinho, dado que não podemos imitá-la na primeira Encarnação física, imitemos Maria na segunda encarnação espiritual "concebendo o Verbo com a mente". E segundo, saiamos do Natal como os pastores que "dando glória e louvor a Deus por todo quanto ouviram e viram", ou seja, sejamos testemunhas desta Encarnação do Filho de Deus e desta Maternidade divina de Maria.
Para refletir: Tenho a Maria como mãe da minha fé, esperança e amor? Rezo continuamente a Maria? Posso, como Maria, receber a palavra, custodiá-la no meu coração, fazer dela a luz para meus passos, alimento da minha vida espiritual.
Quaisquer sugestões ou dúvidas podem se comunicar com o padre Antonio a este email: arivero@legionaries.org
Pequeninos do Senhor
Ano novo, vida nova, catequese renovada!
Coluna de orientação catequética aos cuidados de Rachel Lemos Abdalla
Por Rachel Lemos Abdalla
CAMPINAS, 05 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Todo final de ano, neste tempo de festas, acontece um rito de passagem muito importante para todas as pessoas. Ele proporciona um momento de revisão do ano que passou e renovação dos sonhos e dos desejos para um novo tempo que se inicia.
E, para iniciarmos o novo ciclo, temos o Papa Francisco como exemplo de nova evangelização no mundo pela sua prática de vida, ensinando, assim, muitas lições para nós. Dentre elas, a mais marcante é o seu exemplo de humildade expresso de várias formas no seu dia a dia. Ele se aproxima de todos sem medo, sem relutância, sem preconceitos. Beija e abraça aqueles que dele se aproximam para pedir a bênção. Fala uma linguagem simples e passa uma mensagem clara que toca o coração e a vida, sem fazer distinção de crenças ou de fé. E demonstra amor pelos pequeninos, os preferidos de Cristo, os pobres e os excluídos, os marginalizados e os doentes. Essa é a sua bandeira!
Que ele seja o nosso exemplo de renovação de mentalidade e aplicação da catequese na vida. Que os catequistas, a cada dia mais, atualizem a fórmula de como tocar o coração dos catequizandos sendo presença viva do Cristo no mundo, atualizando seus ânimos e seus métodos, estudando mais e planejando os encontros de catequese, para que sejam fiéis ao chamado de discípulos missionários responsáveis, sal da terra e luz do mundo na prática da evangelização.
Não podemos nos deixar envolver por nossos preconceitos, lembrando que Jesus acolheu a todos, sem distinção. Para isso, basta imaginar como ele acolheria hoje todas as pessoas com suas escolhas e opções de vida.
O Catecismo da Igreja nos ensina que devemos acolher o próximo sem que haja preconceito pela sua real condição, 'com respeito, compaixão e delicadeza...evitando todo sinal de discriminação injusta1', lembrando que Cristo se faz presente em todos aqueles que têm fome e sede de amor e de justiça.
Será que estamos preparados para os novos desafios da evangelização? Temos quebrado nossos paradigmas e preconceitos para receber de braços e coração abertos os excluídos e marginalizados da sociedade? Como estamos sendo Igreja no nosso meio, na sociedade e no mundo? Qual é o rosto que estamos dando para a catequese que deve se renovar constantemente?
Novo ano se inicia e assim também precisamos estar iniciando um processo de abertura de consciência e respeito para como nosso próximo, assim como pede o Papa Francisco: "...nós todos somos filhos do único Pai, fazemos parte da família humana e partilhamos o mesmo destino. Disso deriva a responsabilidade de cada um de atuar, para que o mundo se torne uma verdadeira comunidade de irmãos, que se respeitam e aceitam as diversidades e cuidam uns dos outros... Todos nós devemos construir uma sociedade mais justa e solidária"2.
Feliz 2014 renovando nossa vida e nosso modo de evangelizar!
Para ler o artigo anterior clique aqui.
1 CIC 2358
2Oração do Angelus: "Construir uma sociedade mais justa e solidária"! 01/01/2014
Angelus
Papa Francisco visitará a Terra Santa no mês de maio
O anúncio foi feito hoje pelo próprio Pontífice
Por Redacao
CIDADE DO VATICANO, 05 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - É oficial: o papa Francisco estará na Terra Santa nos dias 24, 25 e 26 de maio. Que maio teria sido o mês escolhido, já era alvo de rumores há algum tempo. Agora, oficialmente, sabemos os dias da peregrinação do Papa à terra de Jesus e as três etapas da viagem: Amman, Belém e Jerusalém. No Santo Sepulcro, Bergoglio haverá um encontro ecumênico com representantes das Igrejas cristãs de Jerusalém, juntamente com o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla.
A notícia foi divulgada hoje diante dos numerosos fiéis reunidos na Praça de São Pedro para o Angelus, apesar do mau tempo, pelo próprio Papa Francisco. Da janela do Palácio Apostólico, o Papa anunciou o evento com a mesma naturalidade com que, em 4 de dezembro há 50 anos atrás, o Papa Paulo VI informou aos Bispos reunidos para a conclusão do Concílio Vaticano II, a sua partida para "a terra abençoada, de onde Pedro saiu e nunca mais voltou um seu sucessor."
"Num clima de alegria, típica desta época do Natal" disse Bergolgio, "gostaria de anunciar que de 24 a 26 de maio, se Deus quiser, farei uma peregrinação à Terra Santa". O principal objetivo - acrescentou - é comemorar o histórico encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, que aconteceu exatamente em 05 de janeiro, como hoje, há 50 anos". O Papa, então, pediu-nos oração por esta viagem que será principalmente "uma peregrinação de oração".
Na catequese antes do Angelus, Francisco falou sobre o significado mais profundo do nascimento de Jesus, próprio da liturgia deste domingo, através do prólogo do Evangelho de João: "O Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1,14).
A proximidade de Deus ao homem é um dom que não se acaba nunca
As palavras do Papa Francisco pronunciadas antes de rezar o Angelus
CIDADE DO VATICANO, 05 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Às 12h horas de hoje o Santo Padre Francisco, da janela do seu escritório, no Palácio Apostólico Vaticano, rezou a tradicional oração mariana do Angelus junto aos fiéis e os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Publicamos, a seguir, as palavras do Papa pronunciadas antes da oração mariana.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A liturgia deste domingo nos propõe, no Prólogo do Evangelho de São João, o significado mais profundo do Natal de Jesus. Ele é a Palavra de Deus que se fez homem e colocou a sua "tenda", a sua morada entre os homens. Escreve o evangelista: "O Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1, 14). Nestas palavras que não cessam nunca de nos maravilhar, há todo o Cristianismo! Deus se fez mortal, frágil como nós, partilhou a nossa condição humana, exceto o pecado, mas tomou sobre si os nossos, como se fossem Dele. Entrou na nossa história, tornou-se plenamente Deus conosco! O nascimento de Jesus, então, nos mostra que Deus quis unir-se a cada homem e a cada mulher, a cada um de nós, para nos comunicar a sua vida e a sua alegria.
Assim, Deus é Deus conosco, Deus nos chama, Deus que caminha conosco. Esta é a mensagem de Natal: o Verbo se fez carne. Assim, o Natal nos revela o amor imenso de Deus pela humanidade. Daqui deriva também o entusiasmo, a esperança de nós cristãos, que na nossa pobreza sabemos ser amados, ser visitados, ser acompanhados por Deus; e olhamos ao mundo e à nossa história como o lugar em que caminhar junto com Ele e uns com os outros, rumo a céus novos e à terra nova. Com o nascimento de Jesus nasceu uma promessa nova, nasceu um mundo novo, mas também um mundo que pode ser sempre renovado. Deus está sempre presente para suscitar homens novos, para purificar o mundo do pecado que o envelhece, do pecado que o corrompe. Por mais que a história humana e aquela pessoal de cada um de nós possa ser marcada por dificuldades e fraquezas, a fé na Encarnação nos diz que Deus é solidário com o homem e com a sua história. Essa proximidade de Deus ao homem, a cada homem, a cada um de nós, é um dom que não se acaba nunca! Ele está conosco! Ele é Deus conosco! E esta proximidade não acaba nunca. Eis o alegre anúncio do Natal: a luz divina, que inundou os corações da Virgem Maria e de São José, e guiou os passos dos pastores e dos magos, brilha também hoje para nós.
No mistério da Encarnação do Filho de Deus há também um aspecto ligado à liberdade humana, à liberdade de cada um de nós. De fato, o Verbo de Deus coloca a sua tenda entre nós, pecadores e necessitados de misericórdia. E todos nós devemos nos apressar para receber a graça que Ele nos oferece. Em vez disso, continua o Evangelho de São João, "os seus não o acolheram" (v. 11). Também nós, tantas vezes, O rejeitamos, preferimos permanecer no fechamento dos nossos erros e na angústia dos nossos pecados. Mas Jesus não desiste e não deixa de oferecer a si mesmo e a sua graça que nos salva! Jesus é paciente, Jesus sabe esperar, espera-nos sempre. Esta é a sua mensagem de esperança, uma mensagem de salvação, antiga e sempre nova. E nós somos chamados a testemunhar com alegria esta mensagem do Evangelho da vida, do Evangelho da luz, da esperança e do amor. Porque a mensagem de Jesus é esta: vida, luz, esperança, amor.
Maria, Mãe de Deus e nossa amorosa Mãe, apoie-nos sempre, para que permaneçamos fiéis à vocação cristã e possamos realizar os desejos de justiça e de paz que trazemos em nós no início deste novo ano.
(Trad.:CN notícias)
É necessário o empenho de todos para construir uma sociedade verdadeiramente mais justa e solidária
As palavras do Papa no primeiro Angelus do ano
CIDADE DO VATICANO, 01 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Após a celebração da Eucaristia da Solenidade da Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz, na Basílica Vaticana, o Papa Francisco rezoua oração mariana do Angelus com os fiéis presentes na Praça São Pedro. Antes da oraçao, ele pronunciou as seguintes palavras:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia e feliz ano novo!
No início do ano novo dirijo a vocês minhas felicitações mais cordiais de paz e de bem. Meus augúrios são os da Igreja, são cristãos! Não com sentido um pouco mágico ou fatalista de um novo ciclo que começa. Nós sabemos que a história tem um centro: Jesus Cristo, encarnado, morto e ressuscitado, que está vivo no meio de nós; e tem um fim: o Reino de Deus, Reino de paz, justiça, liberdade, amor; e tem uma força que move em direção àquele fim: a força é o Espírito Santo. Todos nós temos o Espírito Santo, que recebemos no Batismo, e Ele nos encoraja a seguir em frente no caminho da vida cristã, no caminho da história, para o Reino de Deus.
Este Espírito é a potência do amor que fecundou o ventre da Virgem Maria, e é o mesmo que anima os projetos e obras de todos os construtores da paz. Onde há um homem ou uma mulher construtor da paz, é o próprio Espírito Santo que está a ajudar, levando-os a realizar a paz. Duas estradas se entrecruzam hoje: a festa de Maria Santíssima Mãe de Deus e o Dia Mundial da Paz. Oito dias atrás ecoou o anuncio angélico: "Glória a Deus e paz aos homens"; hoje nós o acolhemos novamente da Mãe de Jesus, que "guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração" (Lc 2,19), para nos comprometer durante o ano que se inicia.
O tema do Dia Mundial da Paz é "Fraternidade, fundamento e caminho para a paz". Fraternidade: na estrada dos meus antecessores, começando por Paulo VI, eu desenvolvi o tema em uma mensagem, já difundida, e que hoje entrego a todos. Na base está a convicção de que somos todos filhos do único Pai Celeste, fazemos parte da mesma família humana e partilhamos um destino comum. Disso deriva a responsabilidade de cada um de atuar, para que o mundo se torne uma verdadeira comunidade de irmãos, que se respeitam e aceitam as diversidades e cuidam uns dos outros. Nós somos chamados a dar-nos conta das violências e das injustiças em muitas partes do mundo, e que não nos podem deixar indiferentes e paralisados: é necessário o empenho de todos para construir uma sociedade verdadeiramente mais justa e solidária. Ontem, recebi a carta de um senhor, talvez um de vocês, que me colocando a par de uma tragédia familiar, enumerou as tragédias e guerras de hoje, no mundo, e me perguntou: o que acontece no coração humano, que é levado a fazer tudo isso? E ele disse, no final: "É hora de parar". Eu também acho que vai fazer bem parar este caminho de violência, e buscar a paz. Irmãos e irmãs, faço minhas as palavras deste homem: o que acontece no coração do homem? O que acontece no coração da humanidade? É hora de parar!
De todos os cantos da terra, os crentes elevam suas orações para pedir ao Senhor o dom da paz e a força para levá-la a todos os ambientes. Neste primeiro dia do ano, que o Senhor nos ajude encaminharmo-nos mais decididamente no caminho da justiça e da paz. E comecemos em casa! Justiça e paz em casa, entre nós. Começa em casa e, em seguida, continua, para toda a humanidade. Mas temos que começar em casa. Que o Espírito Santo atue nos corações, desfaça a rigidez e as durezas e nos conceda a graça de enternecermos diante da fragilidade do Menino Jesus. A paz, de fato, exige a força da mansidão, a força não violenta da verdade e do amor.
Nas mãos de Maria, Mãe do Redentor, coloquemos, com confiança filial, as nossas esperanças. Para ela, que estende a sua maternidade a todos os homens, confiemos o grito de paz dos povos oprimidos pelas guerras e violências, para que a coragem do diálogo e da reconciliação prevaleça sobre a tentação da vingança, da prepotência, da corrupção. Peçamos que o Evangelho da fraternidade, anunciado e testemunhado pela Igreja, possa falar às consciências e abater os muros, que impedem aos inimigos de se reconhecer irmãos.
(Depois do Angelus)
Irmãos e irmãs,
eu gostaria de agradecer ao Presidente da República Italiana pelos bons votos que me dirigiu ontem à noite, durante a sua mensagem à nação. Retribuo de coração, invocando a bênção do Senhor sobre o povo italiano, de modo que, com a contribuição responsável e solidária de todos, possa olhar para o futuro com confiança e esperança.
Saúdo com gratidão as muitas iniciativas de oração e compromisso com a paz que ocorre em todas as partes do mundo, por ocasião do Dia Mundial da Paz. Recordo, em particular, a Marcha Nacional que teve lugar ontem à noite em Campobasso, organizado pela CEI, Caritas e Pax Christi. Saúdo os participantes do evento "Paz em todas as terras", promovido em Roma e em muitos países pela Comunidade de Santo Egídio. Assim como as famílias do Movimento do Amor Familiar, que fizeram vigília nesta noite na Praça de São Pedro. Obrigado! Obrigado por esta oração.
Dirijo uma cordial saudação a todos os peregrinos presentes, as famílias e os grupos de jovens. Um pensamento especial para os "Cantores da Estrela", crianças e jovens que na Alemanha e na Áustria, levam a bênção de Jesus às casas e recolhem ofertas para as crianças que têm necessidades básicas. Obrigado pelo empenho! Saúdo também os amigos e voluntários da Fraterna Domus.
Desejo a todos um ano de paz, na graça do Senhor e sob a proteção materna de Maria, que hoje invocamos com o título de "Mãe de Deus". O que vocês acham de todos juntos, cumprimentá-la agora, dizendo três vezes: "Santa Mãe de Deus"? Todos juntos: Santa Mãe de Deus! Santa Mãe de Deus! Santa Mãe de Deus! Bom começo do ano, bom almoço e adeus!
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(Trad.:MEM)
Palavras-chave para viver em paz e alegria em família: com licença, obrigado, desculpa
Angelus: Papa Francisco reflete sobre a família e o drama dos migrantes e refugiados que são vítimas de rejeição
ROMA, 29 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos as palavras do Papa Francisco pronunciadas antes de rezar o Angelus com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro neste domingo, 29 de dezembro.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste primeito domingo depois do Natal, a Liturgia nos convida a celebrar a festa da Sagrada Família de Nazaré. De fato, todo presépio mostra Jesus junto com Nossa Senhora e São José, na gruta de Belém. Deus quis nascer em uma família humana, quis ter uma mãe e um pai, como nós.
E hoje o Evangelho nos apresenta a Sagrada Família no caminho doloroso do exílio, em busca de refúgio no Egito. José, Maria e Jesus experimentam a condição dramática dos refugiados, marcada por medo, incertezas, necessidades (Mt 2, 13-15. 19-23). Infelizmente, nos nossos dias, milhões de famílias podem reconhecer-se nesta triste realidade. Quase todos os dias a televisão e os jornais dão notícias de refugiados que fogem da fome, da guerra, de outros perigos graves, em busca de segurança e de uma vida digna para si e para as próprias famílias.
Em terras distantes, mesmo quando encontram trabalho, nem sempre os refugiados e os imigrantes encontram acolhimento verdadeiro, respeito, apreço pelos valores de que são portadores. As suas legítimas expectativas se confrontam com situações complexas e dificuldades que parecem às vezes insuperáveis. Por isso, enquanto fixamos o olhar na Sagrada Família de Nazaré no momento em que foi forçada a fazer-se refugiada, pensemos no drama de quantos migrantes e refugiados que são vítimas de rejeição e da escravidão, que são vítimas do tráfico de pessoas e do trabalho escravo. Mas pensemos também nos outros "exilados": eu os chamarei de "exilados escondidos", aqueles exilados que podem existir dentro das próprias famílias: os idosos, por exemplo, que às vezes são tratados como presenças incômodas. Muitas vezes penso que um sinal para saber como vai uma família é ver como são tratados nessa as crianças e os idosos.
Jesus quis pertencer a uma família que experimentou estas dificuldades para que ninguém se sinta excluído da proximidade amorosa de Deus. A fuga ao Egito por causa das ameaças de Herodes nos mostra que Deus está lá onde o homem está em perigo, lá onde o homem sofre, lá onde é fugitivo, onde experimenta a rejeição e o abandono; mas Deus está também lá onde o homem sonha, espera voltar à pátria na liberdade, projeta e escolhe pela vida e dignidade sua e dos seus familiares.
Este nosso olhar hoje para a Sagrada Família se deixa atrair também pela simplicidade da vida que essa conduz em Nazaré. É um exemplo que faz tanto bem às nossas famílias, ajuda-as a se tornarem sempre mais comunidades de amor e de reconciliação, na qual se experimenta a ternura, a ajuda mútua, o perdão recíproco. Recordemos as três palavras-chave para viver em paz e alegria em família: com licença, obrigado, desculpa. Quando em uma família não se é invasor e se pede "com licença", quando em uma família não se é egoísta e se aprende a dizer "obrigado" e quando em uma família um percebe que fez algo ruim e sabe pedir "desculpa", naquela família há paz e alegria. Recordemos estas três palavras. Mas podemos repeti-las todos juntos: com licença, obrigado, desculpa. (Todos: com licença, obrigado, desculpa!). Gostaria também de encorajar as famílias a tomar consciência da importância que têm na Igreja e na sociedade. O anúncio do Evangelho, de fato, passa antes de tudo pelas famílias, para depois alcançar os diversos âmbitos da vida cotidiana.
Invoquemos com fervor Maria Santíssima, a Mãe de Jesus e nossa Mãe, e São José, seu esposo. Peçamos a eles para iluminar, confortar, guiar cada família do mundo, para que possa cumprir com dignidade e serenidade a missão que Deus lhes confiou.
(Após o Angelus)
ORAÇÃO À SAGRADA FAMÍLIA
Jesus, Maria e José,
em Vós, contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
a Vós, com confiança, nos dirigimos.
Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
escolas autênticas do Evangelho
e pequenas Igrejas domésticas.
Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais se faça, nas famílias, experiência
de violência, egoísmo e divisão:
quem ficou ferido ou escandalizado
depressa conheça consolação e cura.
Sagrada Família de Nazaré,
que o próximo Sínodo dos Bispos
possa despertar, em todos, a consciência
do carácter sagrado e inviolável da família,
a sua beleza no projecto de Deus.
Jesus, Maria e José,
escutai, atendei a nossa súplica.
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(Trad.: CN notícias)
Angelus com Papa Francisco nas Oitavas de Natal
Pontífice pede oraçao pelos cristãos que sofrem discriminações por causa do seu testemunho dado de Cristo
ROMA, 26 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos as palavras do Papa Francisco pronunciadas nesta quinta-feira, 26 de dezembro, antes de rezar a oração do Angelus com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
Queridos irmãos e irmãs,
Vocês não têm medo da chuva, são bravos!
A liturgia prolonga a Solenidade do Natal por oito dias: um tempo de alegria para todo o povo de Deus! E neste segundo dia da oitava, na alegria do Natal se insere a festa de Santo Estêvão, o primeiro mártir da Igreja. O livro dos Atos dos Apóstolos o apresenta como "homem cheio de fé e do Espírito Santo" (6, 5), escolhido com outros seis para o serviço às viúvas e aos pobres na primeira comunidade de Jerusalém. E nos conta o seu martírio: quando, depois de um discurso inflamado que suscitou a ira dos membros do Sinédrio, foi arrastado para fora da cidade e apedrejado. Estêvão morre como Jesus, pedindo o perdão pelos seus assassinos (7, 55-60).
No clima alegre do Natal, esta comemoração poderia parecer fora de contexto. O Natal, na verdade, é a festa da vida e nos infunde sentimentos de serenidade e de paz; por que perturbar seu encanto com a recordação de uma violência tão atroz? Na realidade, na ótica da fé, a festa de Santo Estêvão está em plena sintonia com o significado profundo do Natal. No martírio, de fato, a violência é vencida pelo amor, a morte pela vida. A Igreja vê no sacrifício dos mártires seu "nascimento ao céu". Celebramos, então, hoje o "natal" de Estêvão, que em profundidade nasce do Natal de Cristo. Jesus transforma a morte de quantos o amam em aurora de vida nova!
No martírio de Estêvão se reproduz o mesmo confronto entre o bem e o mal, entre o ódio e o perdão, entre a brandura e a violência, que teve o seu ponto alto na Cruz de Cristo. A memória do primeiro mártir vem assim, imediatamente, dissolver uma falsa imagem do Natal: a imagem "mágica" e "adocicada", que no Evangelho não existe! A liturgia nos leva ao sentido autêntico da Encarnação, ligando Belém ao Calvário e recordando-nos que a salvação divina implica a luta ao pecado, passa pela porta estreita da Cruz. Este é o caminho que Jesus indicou claramente aos seus discípulos, como atesta o Evangelho de hoje: "Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo" (Mt 10, 22).
Por isso hoje rezemos de modo particular pelos cristãos que sofrem discriminações por causa do seu testemunho dado de Cristo e do Evangelho. Sejamos próximos a estes irmãos e irmãs que, como santo Estêvão, são acusados injustamente e feitos objeto de violências de vários tipos. Estou certo de que, infelizmente, são mais numerosos hoje que nos primeiros tempos da Igreja. Há tantos! Isto acontece especialmente lá onde a liberdade religiosa ainda não é garantida ou não é plenamente realizada. Acontece, porém, também em países e ambientes que, no papel, protegem a liberdade e os direitos humanos, mas onde de fato os crentes e, especialmente os cristãos, encontram limitações e discriminações. Eu gostaria de pedir para vocês rezarem pos estes irmãos e irmãs um instante em silêncio [...] E os confiemos à Nossa Senhora (Ave Maria…).
Para o cristão, isso não causa surpresa, porque Jesus já o havia preanunciado como ocasião propícia para dar testemunho. Todavia, na esfera civil, a injustiça deve ser denunciada e eliminada.
Maria Rainha dos Mártires nos ajude a viver o Natal com aquele ardor de fé e de amor que brilha em Santo Estêvão e em todos os mártires da Igreja.
(Trad.: CN notícias)
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