ZENIT
O mundo visto de Roma
Portugues semanal - 16 de setembro de 2012
AFORISMO DO DIA
- Aforismo de domingo, 16 de setembro
Se enxerguei longe, foi porque me apoiei nos ombros de gigantes - Aforismo do sábado, 15 de setembro
"Queres compreender os outros? Olha o próprio coração" - Aforismo da terça-feira, 11 de setembro
"O ócio mata o corpo, a indiferença mata a alma, no entanto, o exercício das virtudes embeleza a um e a outro"
Papa no Líbano
- "Chegado o momento da partida, é com pena que deixo este querido Líbano"
Bento XVI de volta a Roma - "Oxalá os homens compreendam que são todos irmãos!"
Palavras de Bento XVI ao recitar o Angelus durante Viagem Apostólica ao Líbano - "Vocês têm um lugar privilegiado no meu coração e em toda a Igreja"
Discurso do Papa às jovens gerações do Líbano e do Oriente Médio - "Jovens libaneses, vós sois a esperança e o futuro do vosso país
Durante a reunião em Bkerké, Bento XVI exorta os jovens libaneses a não desanimarem diante dos desafios do presente, combatendo as tentações e mantendo sólidas a fraternidade e a confiança em Deus - A visita do papa ao Líbano vista pelos libaneses em diáspora
Entrevista com mons. Antoine Gebran, capelão dos maronitas em Roma - Cristãos no Líbano: testemunhas de comunhão e de esperança
Papa Bento XVI em direção a Beirute - "Que os líderes políticos cristãos ouçam e valorizem as palavras do Papa"
Impressões de Pe. Paul Karam, Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias no Líbano
Santa Sé
- Papa ora pelos cristãos do Oriente Médio
No final da audiência geral, Bento XVI menciona a próxima visita pastoral ao Líbano - Papa exorta bispos da Colômbia a defender a família e trabalhar pela paz
Bento XVI recebe os bispos em visita ad limina em Castel Gandolfo
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
- Campanha "voto consciente - eleições 2012"
Saudações do Secretário Geral da CNBB
Jornada Mundial da Juventude Rio 2013
- A aventura da Cruz
Dom Orani Tempesta: a arquidiocese do Rio de Janeiro lançará para o mundo o hino oficial da JMJ Rio 2013 - Lideranças juvenis e assessores traçarão rumo da ação evangelizadora em encontro
Após a JMJ 2013, rumo à evangelização da juventude da Igreja no Brasil
Familia e Vida
- Poder Executivo: um atalho para a promoção do aborto no Brasil?
Nota Pastoral de Dom Benito Beni dos Santos
Mundo
- Vem aí o IX Festival Bíblico
Fé e liberdade serão meditadas de 31 de maio a 9 de junho de 2013 - "In hoc signo"
Em Assis, exposição de arte sacra contemporânea comemora os 1700 anos da "visão de Constantino" - "Africanos, a Igreja está convosco!"
Cardeal Rylko encerra em Yaoundé o Congresso organizado pelo Pontifício Conselho para os Leigos - Bispos fiéis ao Evangelho e não às modas do mundo
Discurso do Cardeal Bertone, Secretário de Estado, aos bispos recém-ordenados, reunidos no Regina Apostolorum para o congresso promovido pela Congregação para os Bispos - ESTADOS UNIDOS: Lembrando o 11 de setembro
Justiça e perdão no aniversário do ataque às Torres Gêmeas
Espiritualidade
- Games de Família
Reflexões de Dom Antonio Augusto Dias Duarte, bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro
Audiência de quarta-feira
- A aparente onipotência do Maligno colide com a verdadeira onipotência de Deus
A catequese de Bento XVI na Audiência Geral desta quarta-feira
Documentação
- Maria visita-nos, é a alegria da nossa vida, e a alegria é esperança
Homilia de Bento XVI na Solenidade da Assunção da Beata Virgem Maria.
ANÙNCIOS
- Cardeal indica o Filme "Bella" por ser: "um belo testemunho da dignidade da vida humana..."
- Curso de Mariologia à distância (via internet)
AFORISMO DO DIA
Aforismo de domingo, 16 de setembro
Se enxerguei longe, foi porque me apoiei nos ombros de gigantes
Isaac Newton (1642–1727)
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Aforismo do sábado, 15 de setembro
"Queres compreender os outros? Olha o próprio coração"
Schiller (1759-1805)
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Aforismo da terça-feira, 11 de setembro
"O ócio mata o corpo, a indiferença mata a alma, no entanto, o exercício das virtudes embeleza a um e a outro"
São João Crisóstomo (349-407)
Papa no Líbano
"Chegado o momento da partida, é com pena que deixo este querido Líbano"
Bento XVI de volta a Roma
BEIRUTE, domingo, 16 de setembro de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos o discurso pronunciado por Bento XVI no Aeroporto Internacional de Rafiq Hariri de Beirute, ao fim de sua Viagem Apostólica ao Líbano.
Senhor Presidente da República,
Senhores Presidentes do Parlamento e do Conselho de Ministros,
Suas Beatitudes, amados Irmãos no Episcopado,
Ilustres Autoridades civis e religiosas,
Queridos amigos!
Chegado o momento da partida, é com pena que deixo este querido Líbano. Agradeço-lhe, Senhor Presidente, as suas palavras e o ter favorecido, com o Governo cujos Representantes saúdo, a organização dos diversos acontecimentos que marcaram a minha presença no vosso meio, assistida de forma notável pela eficiência dos diversos serviços da República e do setor privado. Agradeço também ao Patriarca Béchara Boutros Raï e a todos os Patriarcas presentes bem como aos Bispos orientais e latinos, aos presbíteros e aos diáconos, aos religiosos e religiosas, aos seminaristas e aos fiéis que se deslocaram para me receber. Visitando-vos, é como se Pedro viesse ter convosco, e vós recebestes Pedro com a cordialidade que caracteriza as vossas Igrejas e a vossa cultura.
Os meus agradecimentos dirigem-se de modo particular para todo o povo libanês, que forma um belo e rico mosaico e que soube manifestar ao Sucessor de Pedro o seu entusiasmo, graças à contribuição multiforme e específica de cada comunidade. Agradeço cordialmente às veneráveis Igrejas irmãs e às comunidades protestantes. Agradeço de modo particular aos representantes das comunidades muçulmanas. Durante toda a minha estadia, pude constatar quanto a vossa presença contribuiu para o bom êxito da minha viagem. O mundo árabe e o mundo inteiro verão, nestes tempos conturbados, cristãos e muçulmanos reunidos para celebrar a paz. É tradicional no Médio Oriente receber o hóspede de passagem com consideração e respeito, e assim o fizestes. A todos agradeço. Mas, à consideração e ao respeito, juntastes um complemento, que se pode comparar a uma daquelas famosas especiarias orientais que enriquece o sabor dos alimentos: o vosso calor e o vosso coração, que me deixaram o desejo de voltar. Eu vo-lo agradeço de forma particular. Deus vos abençoe por isso.
Durante a minha breve estadia, motivada principalmente pela assinatura e entrega da Exortação apostólica Ecclesia in Medio Oriente, pude encontrar os diversos componentes da vossa sociedade. Houve momentos mais oficiais, outros mais íntimos, momentos de alta densidade religiosa e fervorosa oração, e outros ainda marcados pelo entusiasmo da juventude. Dou graças a Deus por estas oportunidades que Ele permitiu, pelos encontros qualificados que pude ter, e pela oração que foi feita por todos e a favor de todos no Líbano e no Médio Oriente, independentemente da origem ou da confissão religiosa de cada um.
Na sua sabedoria, Salomão fez apelo a Hiram de Tiro para o ajudar na construção duma casa ao nome de Deus, um santuário para a eternidade (cf. Sir 47, 13). E Hiram, que evoquei à minha chegada, enviou madeira dos cedros do Líbano (cf. 1 Rs 5, 22). Todo o interior do Templo era revestido de cedro em tábuas entalhadas com flores e frutos (cf. 1 Rs 6, 18). O Líbano estava presente no santuário de Deus. Oxalá o Líbano de hoje, com os seus habitantes, continue a estar presente no santuário de Deus. Possa o Líbano continuar a ser um espaço onde os homens e as mulheres vivam em harmonia e paz uns com os outros, para darem ao mundo, não apenas o testemunho da existência de Deus – primeiro tema do Sínodo passado – mas igualmente o da comunhão entre os homens – segundo tema do Sínodo –, qualquer que seja a sua sensibilidade política, comunitária e religiosa.
Rezo a Deus pelo Líbano, para que viva em paz e resista com coragem a tudo o que poderia destrui-la ou ameaçá-la. Desejo que o Líbano continue a permitir a pluralidade das tradições religiosas e a não dar ouvidos à voz daqueles que a querem impedir. Espero que o Líbano reforce a comunhão entre todos os seus habitantes, seja qual for a comunidade e religião a que pertençam, rejeitando decididamente tudo o que poderia levar à desunião e optando com determinação pela fraternidade. Estas são as flores agradáveis a Deus, virtudes que são possíveis e conviria consolidá-las com um enraizamento ainda maior.
A Virgem Maria, venerada com devoção e ternura pelos fiéis das confissões religiosas aqui presentes, é um modelo seguro para avançar com esperança pelo caminho duma fraternidade vivida e autêntica. Bem o compreendeu o Líbano, ao proclamar há algum tempo o dia 25 de Março como feriado, permitindo assim a todos os seus habitantes poder viver em medida crescente a sua unidade na serenidade. Que a Virgem Maria, cujos santuários antigos são tão numerosos no vosso país, continue a acompanhar-vos e a inspirar-vos.
Deus abençoe o Líbano e todos os libaneses. Que Ele não cesse de atraí-los a Si para lhes conceder a vida eterna. Que Ele os cumule da sua alegria, da sua paz e da sua luz. Deus abençoe todo o Médio Oriente. Sobre cada um e cada uma de vós, invoco de todo o coração a abundância das bênçãos divinas. « لِيُبَارِك الربُّ جميعَكُم » [Deus vos abençoe a todos].
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"Oxalá os homens compreendam que são todos irmãos!"
Palavras de Bento XVI ao recitar o Angelus durante Viagem Apostólica ao Líbano
BEIRUTE, domingo, 16 de setembro de 2012(ZENIT.org) - Antes de recitar a tradicional oração mariana do Angelus durante Viagem Apostólico ao Líbano, Bento XVI pronunciou as seguinte palavras:
Amados irmãos e irmãs!
Voltemo-nos agora para Maria, Nossa Senhora do Líbano, ao redor da qual se encontram os cristãos e os muçulmanos. Peçamos-Lhe que interceda junto do seu divino Filho por vós e, de modo particular, pelos habitantes da Síria e dos países vizinhos, implorando o dom da paz. Vós conheceis bem a tragédia dos conflitos e da violência, que gera tantos sofrimentos. Infelizmente, o fragor das armas continua a fazer-se ouvir, assim como o grito das viúvas e dos órfãos. A violência e o ódio invadem as estradas, e as mulheres e as crianças são as suas primeiras vítimas. Porquê tantos horrores? Porquê tantos mortos? Faço apelo à comunidade internacional; faço apelo aos países árabes para que, como irmãos, proponham soluções viáveis que respeitem a dignidade de cada pessoa humana, os seus direitos e a sua religião. Quem quer construir a paz, deve deixar de ver no outro um mal a eliminar; não é fácil ver no outro uma pessoa a respeitar e a amar, e todavia é preciso consegui-lo, se se deseja construir a paz, se se quer a fraternidade (cf. 1 Jo 2, 10-11; 1 Ped 3, 8-12). Que Deus conceda ao vosso país, à Síria e a todo o Médio Oriente o dom da paz dos corações, o silêncio das armas e o fim de toda a violência. Oxalá os homens compreendam que são todos irmãos! Maria, que é nossa Mãe, compreende a nossa preocupação e as nossas necessidades. Com os Patriarcas e os Bispos presentes, coloco o Médio Oriente sob a sua materna protecção (cf. propositio 44). Possamos nós, com a ajuda de Deus, converter-nos para trabalhar com ardor na construção da paz, necessária para uma vida harmoniosa entre irmãos, independentemente da origem e da convicção religiosa.
Agora, rezemos: Angelus Domini nuntiavit Mariæ…
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"Vocês têm um lugar privilegiado no meu coração e em toda a Igreja"
Discurso do Papa às jovens gerações do Líbano e do Oriente Médio
CIDADE DO VATICANO, sábado, 15 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - Apresentamos o discurso dirigido nesta tarde por Bento XVI aos jovens do Líbano durante a sua visita ao Patriarcado Maronita Bkerké.
***
Sua Beatitude,
Irmãos Bispos,
Senhor Presidente,
queridos amigos!
«Graça e paz vos sejam concedidas em abundância por meio do conhecimento de Deus e de Jesus, Senhor nosso» (2 Ped 1, 2). A passagem da carta de São Pedro, que ouvimos, exprime bem o grande desejo que há muito tempo trago no meu coração. Obrigado pelo vosso caloroso acolhimento, obrigado de todo o coração pela vossa presença tão numerosa nesta tarde! Agradeço a Sua Beatitude o Patriarca Béchara Boutros Raï as suas palavras de boas-vindas, a D. Georges Bou Jaoudé, Arcebispo de Tripoli e Presidente do Conselho para o Apostolado dos Leigos no Líbano, e a D. Elie Haddad, Arcebispo de Sídon dos Greco-Melquitas e Vice-Presidente do referido Conselho, bem como aos dois jovens que me saudaram em nome de todos vós. سَلامي أُعطيكُم (dou-vos a minha paz) (Jo 14, 27): diz-nos Jesus Cristo.
Queridos amigos, cabe a vós viver hoje nesta parte do mundo que viu o nascimento de Jesus e o desenvolvimento do cristianismo. É uma grande honra! E é um apelo à fidelidade, ao amor pela vossa terra e sobretudo para serdes testemunhas e mensageiros da alegria de Cristo, porque a fé transmitida pelos Apóstolos leva à liberdade plena e à alegria, como manifestaram tantos Santos e Beatos deste país. A sua mensagem ilumina a Igreja universal; e pode continuar a iluminar as vossas vidas. Muitos dos Apóstolos e dos Santos viveram períodos conturbados, e a própria fé foi a fonte da sua coragem e do seu testemunho. Extraí do seu exemplo e intercessão a inspiração e o apoio de que precisais.
Conheço as dificuldades que sentis na vida diária, por causa da falta de estabilidade e segurança, da dificuldade em encontrar emprego ou ainda do sentimento de solidão e marginalização. Num mundo em contínua mudança, enfrentais numerosos e graves desafios. O próprio desemprego e a precariedade não devem impelir-vos a provar o «mel amargo» da emigração, com o desenraizamento e a separação em troca dum futuro incerto. Tendes de ser protagonistas do futuro do vosso país e assumir a vossa função na sociedade e na Igreja.
Ocupais um lugar privilegiado no meu coração e na Igreja inteira, porque a Igreja é sempre jovem. A Igreja confia em vós; conta convosco. Sede jovens na Igreja. Sede jovens com a Igreja. A Igreja precisa do vosso entusiasmo e criatividade. A juventude é o tempo em que se anela por grandes ideais, e o período em que se estuda preparando-se para uma profissão e um futuro. Isto é importante e requer tempo. Procurai o que é belo, e comprazei-vos na prática do bem. Dai testemunho da grandeza e dignidade do vosso corpo, que «é para o Senhor» (1 Cor6, 13). Conservai a delicadeza e a rectidão dos corações puros. Na linha do Beato João Paulo II, repito-vos também eu: «Não tenhais medo! Abri as portas das vossas almas e dos vossos corações a Cristo». O encontro com Ele «dá à vida um novo horizonte e, desta forma, um rumo decisivo» (Deus caritas est, 1). N’Ele, encontrareis a força e a coragem para avançar nos caminhos da vossa vida, superando as dificuldades e o sofrimento. N’Ele, encontrareis a fonte da alegria. Cristo diz-vos: سَلامي أُعطيكُم (dou-vos a minha paz) (Jo 14, 27)! Esta é a verdadeira revolução trazida por Cristo: a do amor.
As frustrações presentes não devem levar-vos a buscar refúgio em mundos paralelos, como por exemplo o mundo das drogas de todo o tipo ou o mundo triste da pornografia. Quanto às redes sociais, são interessantes mas podem, com facilidade, levar-vos à dependência e à confusão entre o real e o virtual. Procurai e vivei relações ricas de amizade verdadeira e nobre. Cultivai iniciativas que dêem sentido e raízes à vossa existência, lutando contra a superficialidade e o consumismo fácil. Estais de igual modo sujeitos a outra tentação: a do dinheiro – este ídolo tirânico que cega até ao ponto de sufocar a pessoa e o seu coração. Infelizmente os exemplos que vedes em redor não são sempre dos melhores. Muitos esquecem-se da afirmação de Cristo: não se pode servir a Deus e ao dinheiro (cf. Lc 16, 13). Procurai bons mestres, guias espirituais que saibam indicar-vos o caminho para a maturidade, pondo de lado o que é ilusório, aparência e mentira.
Sede os portadores do amor de Cristo. Como? Voltando-vos sem reservas para Deus, seu Pai, que é a medida do que é justo, verdadeiro e bom. Meditai a Palavra de Deus. Descobri o interesse e a actualidade do Evangelho. Rezai. A oração, os sacramentos são os meios seguros e eficazes para ser cristão e viver «enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» (cf. Cl 2, 7). O Ano da fé, que está quase a começar, será uma oportunidade para descobrir o tesouro da fé recebida no Baptismo. Podeis aprofundar o seu conteúdo através do estudo do Catecismo, para que a vossa fé seja viva e vivida. Assim tornar-vos-eis, para os outros, testemunhas do amor de Cristo. N’Ele, todos os homens são nossos irmãos. A fraternidade universal, que Ele inaugurou na Cruz, reveste duma luz brilhante e exigente a revolução do amor. «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 13, 34). Este é o testamento de Jesus e o sinal do cristão. Aqui está a verdadeira revolução do amor.
E assim Jesus convida-vos a proceder como Ele, a acolher o outro sem reservas, mesmo que pertença a cultura, religião, nação diferentes. Dar-lhe lugar, respeitá-lo, ser bom com ele torna-vos sempre mais ricos em humanidade e fortes com a paz do Senhor. Sei que muitos de vós participam nas diversas actividades promovidas pelas paróquias, escolas, movimentos, associações. É bom comprometer-se com os outros e pelos outros. Viver, juntos, momentos de amizade e alegria permite resistir aos germes de divisão, que devemos combater sem cessar. A fraternidade é uma antecipação do Céu. E a vocação do discípulo de Cristo é ser «fermento» na massa, como afirmava São Paulo: «Um pouco de fermento faz fermentar toda a massa» (Gl5, 9). Sede os mensageiros do Evangelho da vida e dos valores da vida; resisti corajosamente a tudo o que a nega: o aborto, a violência, a rejeição e o desprezo do outro, a injustiça, a guerra. Deste modo, propagareis a paz ao vosso redor. No fim de contas, não são os «obreiros da paz» aqueles que mais admiramos? E não é a paz o bem precioso que toda a humanidade procura? Porventura não é um mundo de paz aquilo que mais profundamente desejamos para nós e para os outros? سَلامي أُعطيكُم (dou-vos a minha paz): disse Jesus. Ele venceu o mal não com outro mal, mas tomando-o sobre Si e aniquilando-o na cruz com o amor vivido até ao fim. Descobrir verdadeiramente o perdão e a misericórdia de Deus, permite sempre recomeçar uma nova vida. Não é fácil perdoar; mas o perdão de Deus dá a força da conversão, e a alegria de, por nossa vez, perdoar. O perdão e a reconciliação são caminhos de paz, e abrem um futuro.
Queridos amigos, com certeza muitos de vós se interrogam de forma mais ou menos consciente: O que é que Deus espera de mim? Que projecto tem para mim? Não quererá que eu anuncie ao mundo a grandeza do seu amor por meio do sacerdócio, da vida consagrada ou do matrimónio? Não me chamará Cristo para O seguir mais de perto? Debruçai-vos confiadamente sobre estas questões. Encontrai tempo para reflectir nelas e pedir luz. Respondei ao convite, oferecendo-vos diariamente Àquele que vos chama a ser seus amigos. Procurai seguir com coração generoso a Cristo que, por amor, nos resgatou e deu a vida por cada um de nós. Conhecereis uma alegria e uma plenitude insuspeitáveis. Responder à vocação que Cristo prevê para cada um: está aqui o segredo da verdadeira paz.
Ontem, assinei a Exortação apostólica Ecclesia in Medio Oriente. Esta carta destina-se também a vós, queridos jovens, como a todo o povo de Deus. Procurai lê-la com atenção e meditá-la, para a pôr em prática. Para vos ajudar, recordo-vos as palavras de São Paulo aos Coríntios: «A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. É evidente que sois uma carta de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações» (2 Cor 3, 2-3). Também vós, queridos amigos, podeis ser uma carta viva de Cristo. Esta carta não estará escrita em papel nem com a caneta; será o testemunho da vossa vida e da vossa fé. Assim, com coragem e entusiasmo, fareis compreender ao vosso redor que Deus quer a felicidade de todos sem distinção, e que os cristãos são os seus servos e testemunhas fiéis.
Jovens libaneses, sois a esperança e o futuro do vosso país. Vós sois o Líbano, terra de acolhimento, de convivência, com esta capacidade incrível de adaptação. E neste momento, não podemos esquecer os milhões de pessoas que formam a diáspora libanesa e mantêm laços sólidos com o seu país de origem. Jovens do Líbano, sede acolhedores e abertos, como Cristo vos pede e como o vosso país vo-lo ensina.
Queria agora saudar os jovens muçulmanos que estão connosco nesta tarde. Obrigado pela vossa presença, que é tão importante. Sois, juntamente com os jovens cristãos, o futuro deste país maravilhoso e de todo o Médio Oriente. Procurai construi-lo juntos! E, quando fordes adultos, continuai a viver a concórdia na unidade com os cristãos; é que a beleza do Líbano encontra-se nesta bela simbiose. É preciso que o Médio Oriente inteiro, pondo os olhos em vós, compreenda que os muçulmanos e os cristãos, o islão e o cristianismo, podem viver juntos, sem ódio e no respeito das crenças de cada um, para construírem juntos uma sociedade livre e humana.
Soube ainda que há entre nós jovens vindos da Síria. Quero dizer-vos o quanto admiro a vossa coragem. Dizei em vossa casa, aos vossos familiares e aos vossos amigos que o Papa não vos esquece. Dizei ao vosso redor que o Papa está triste por causa dos vossos sofrimentos e lutos. Não esquece a Síria nas suas orações e preocupações. Nem esquece as populações do Médio Oriente que sofrem. É tempo que muçulmanos e cristãos se unam para pôr termo à violência e às guerras.
Ao terminar, voltemo-nos para Maria, a Mãe do Senhor, Nossa Senhora do Líbano. Do alto da colina de Harissa, Ela vos protege e acompanha, vela como uma mãe sobre todos os libaneses e tantos peregrinos que vêm de toda a parte para Lhe confiar as suas alegrias e penas. Nesta tarde, confiamos à Virgem Maria e ao Beato João Paulo II, que esteve aqui antes de mim, as vossas vidas, as de todos os jovens do Líbano e dos países da região, especialmente aqueles que sofrem por causa da violência ou da solidão, aqueles que precisam de conforto. Deus vos abençoe a todos! E agora todos juntos, rezemos-Lhe:
السّلامُ عَلَيكِ يا مَرْيَم... (Ave, Maria,…)..
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"Jovens libaneses, vós sois a esperança e o futuro do vosso país
Durante a reunião em Bkerké, Bento XVI exorta os jovens libaneses a não desanimarem diante dos desafios do presente, combatendo as tentações e mantendo sólidas a fraternidade e a confiança em Deus
Por Salvatore Cernuzio
BKERKÉ, sábado, 15 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - "Salami ō-tīkum! – Dou-vos a minha paz!”. Com as palavras de Cristo do Evangelho de João (Jo 14, 27) Bento XVI saudou os jovens do Líbano e do Oriente Médio reunidos na praça que está na frente do Patriarcado Maronita de Bkerké.
Depois de ter encontrado, nesta manhã, as Autoridades políticas, religiosas e do mundo da cultura no Palácio Presidencial de Baadba, o Papa quis concluir o segundo dia da sua viagem no País dos Cedros encontrando quem desde sempre “ocupa um lugar privilegiado no seu coração”: os jovens.
O evento, que contou com a presença de vários milhares de religiosos e seminaristas, realizou-se em forma de Celebração da Palavra e foi introduzido pela saudação do Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Sua Beatitude Béchara Boutros Raï, O.M.M. Imediatamente depois dois jovens deram o próprio testemunho.
"Queridos amigos, vocês vivem hoje nesta parte do mundo que viu o nascimento de Jesus e o desenvolvimento do cristianismo", começou o Santo Padre, depois de ter agradecido pela acolhida recebida. Esta é “uma grande honra”, continuou, além de que “um apelo à fidelidade, ao amor pela vossa terra e por acima de tudo a serem testemunhas e mensageiros da alegria de Cristo”.
Citando o exemplo dos numerosos Santos e Beatos do País, que mesmo vivendo “períodos difíceis”, mantiveram a fé como “fonte da sua coragem e do seu testemunho”, o Papa convidou as novas gerações a não desanimarem diante dos “muitos e sérios desafios” que eles têm que enfrentar “num mundo em contínuo movimento”.
"Conheço as vossas dificuldades na vida cotidiana – afirmou – por causa da falta de estabilidade e de segurança, da dificuldade de encontrar um trabalho ou ainda do sentimento de solidão e de marginalização”. Estes obstáculos, porém, como também o desemprego e a precariedade, “não vos deve levar a provar o “amargo mel” da emigração com o desenraizamento e a separação em troca de um futuro incerto".
É uma questão crucial para os jovens, de acordo com o Papa, porque “trata-se de ser protagonistas do futuro do vosso País, e de ocupar o vosso papel na sociedade e na Igreja”. Uma Igreja, acrescentou, que “tem confiança em vós” e “tem necessidade do vosso entusiasmo e da vossa criatividade!
"Sejam jovens na Igreja! Sejam jovens com a Igreja!”, acrescentou o Papa, lembrando que "a juventude é o tempo em que se aspira a altos ideais e o período em que se estuda para se preparar para um emprego e um futuro".
Na linha do beato João Paulo II, também Bento XVI exortou: "Não tenham medo. Abram as portas dos seus espíritos e dos seus corações a Cristo!”. Só no encontro com Ele, reiterou, “encontrarão a força e a coragem para avançarem nos camnhos da vida, superando as dificuldades e os sofrimentos".
Neste caminho, é necessário, porém, colocar-se em guarda de algumas tentações. Advertiu o Papa: “As frustrações presentes não devem levar-lhes a se refugiarem em mundos paralelos, tais como o das drogas de todo tipo, ou da tristeza da pornografia."
Um aviso também para as redes sociais, que “são interessantes, mas podem facilmente arrastar-lhes à dependência e à confusão entre o real e o virtual. Busquem e vivam relações ricas de amizades verdadeiras e nobres. Tenham iniciativas que deem sentido e raízes à sua existência, contrastando a superficialidade e o fácil consumismo!”.
Há também uma outra grande tentação a combater, segundo o Santo Padre: o dinheiro, “ídolo tirânico que cega até o ponto de asfixiar a pessoa e o seu coração”. Esquece-se muitas vezes, de fato, “a afirmação de Cristo que diz que não pode servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16, 13). É necessário, portanto, buscar “bons mestres, guias espirituais que saibam mostrar-lhes o caminho da maturidade, deixando o que é ilusão, o que é aparência e mentira”.
O Papa indica três “armas”: a Palavra de Deus, a oração, os Sacramentos, “meios seguros e eficazes para ser cristãos e viver enraizados e edificados sobre Ele [Cristo], firmes na fé” (Col 2, 7).
Mais uma vez, então, um incentivo para imitar a Cristo, acolhendo "o outro incondicionalmente, mesmo que pertença a uma cultura, religião, nação diferente". "A fraternidade é uma antecipação do Céu!", disse o Papa Bento XVI, e essa pode ser realizada nas diferentes atividades promovidas pelas paróquias, pelas escolas, pelos movimentos, pelas associações, que permitem “viver juntos momentos de amizade e de alegria” e “de resistir aos germes de divisão”.
Para tornar-se verdadeiros "mensageiros do Evangelho" é necessário, além do mais, tornar-se “mensageiros da vida e dos valores da vida” destacou o Papa. “Resistam corajosamente a tudo o que a nega – disse – o aborto, a violência, a rejeição e o desprezo do outro, a injustiça, a guerra. Fazendo dessa forma difundem a paz no seu entorno”.
"Jovens libaneses, vocês são a esperança e o futuro do seu País”, concluiu o Pontífice. Cumprimentando os jovens muçulmanos presentes, disse-lhes: “agradeço-lhes pela presença tão importante. Vocês são com os jovens cristãos o futuro deste maravilhoso País e do conjunto do Oriente Médio”.
"Procurem construí-lo juntos – continuou – e quando sejam adultos, continuem a viver a concórdia na unidade com os cristãos”, a fim de fazer compreender que “o Islã e o Cristianismo, podem viver juntos sem ódio, no respeito do credo de cada um, para construir juntos uma sociedade livre e humana”.
Uma última palavra, em conclusão, para os jovens que vieram da Síria. "Quero dizer-lhes o quanto admiro a sua coragem", disse o Pontífice, e acrescentou em seguida: “Digam nas suas casas, aos familiares e amigos, que o Papa não esquece de vocês, que está triste por causa dos seus sofrimentos e dos seus lutos. Ele não esquece a Síria nas suas orações e nas suas preocupações”. Antes de concluir a reunião com a oração da Ave Maria, o Papa confiou "à Virgem Maria e ao beato João Paulo II - que me precedeu nesta terra – as suas vidas, aquelas de todos os jovens do Líbano e dos Países da região, especialmente todos os que sofrem pela violência ou pela solidão, todos os que têm necessidade de conforto”.
Bento XVI foi então acompanhado para dentro do Palácio Patriarcal onde estará um momento com os Patriarcas católicos do Líbano na Capela dedicada à Assunção, e depois voltará para a Nunciatura Apostólica de Harissa, onde jantará em privado.
[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]
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A visita do papa ao Líbano vista pelos libaneses em diáspora
Entrevista com mons. Antoine Gebran, capelão dos maronitas em Roma
Por Robert Cheaib
ROMA, sexta-feira, 14 de setembro de 2012 (ZENIT.org) – A população libanesa em diáspora pelo mundo é muito maior do que a população do próprio Líbano. A maioria dos emigrantes são católicos maronitas, que procuram manter, com muitas dificuldades, o vínculo com as suas raízes na terra dos cedros.
A diocese de Roma abriga uma igreja maronita dedicada ao santo padroeiro da única igreja oriental que não tem cismas, que é católica e orgulhosa da sua fidelidade ao Sucessor de Pedro.
Nesta entrevista, ZENIT conversa com mons. Antoine Gebran, capelão desta igreja que se tornou uma "missão pastoral de cuidado das almas" e que em breve completará dois anos.
Mons. Antoine Gebran Hasroun nasceu no Líbano em 1970. Estudou Teologia em Roma, na Pontifícia Universidade Lateranense. Fez doutorado em Ciências Eclesiásticas Orientais no Pontifício Instituto Oriental de Roma. Em 2006, tornou-se promotor da reunião de católicos libaneses maronitas no território italiano, na igreja de São Maron, em Roma. Em 2010, foi nomeado procurador-geral do Patriarcado Maronita junto à Santa Sé e reitor do Pontifício Colégio Maronita de Roma. Em 1º de novembro de 2010, o cardeal Agostino Vallini nomeou-o capelão dos migrantes maronitas residentes na diocese de Roma.
Esta é a segunda vez na história do Líbano que um papa visita especificamente o país dos Cedros. As lembranças da visita de João Paulo II ainda estão vivas na mente dos libaneses. Qual é a importância da atual visita de Bento XVI para a presença cristã no Líbano, sabendo que nas últimas décadas os cristãos perderam muito poder político e moral no país?
Mons. Antoine Gebran: Esta é a segunda visita apostólica especificamente ao Líbano, mas é a terceira vez que um papa chega ao país. Paulo VI quis fazer uma escala em Beirute, no dia 2 de dezembro de 1964, quando estava a caminho de Bombaim. E o papa Montini, nessa curta passagem, disse o seguinte: "Não poderíamos nos esquecer, em particular, de tudo o que representa para a Igreja a fé das populações cristãs do Líbano, manifestada na diversidade harmoniosa de ritos, na abundância e na variedade das comunidades religiosas e monásticas, nas muitas atividades de ordem apostólica, educacional, cultural e de caridade". A harmonia entre as diferenças, citada pelo papa, é fundamental, é o eixo de toda a sociedade libanesa. Essa harmonia é a esperança que o Santo Padre Bento XVI traz nesta visita apostólica. Esta harmonia deve permanecer, mesmo que os níveis proporcionais entre as diferenças já não sejam os mesmos de antes. O Líbano tem que ser um exemplo para todo o mundo médio-oriental, e até para o mundo inteiro, onde cada vez mais, especialmente nos países do Ocidente, está surgindo uma grande mistura de culturas e de religiões. Um equilíbrio de coexistência que garanta a paz e a estabilidade de um país.
A "primavera árabe" está mostrando sinais de desaceleração, virando quase um "inverno". Que sinais concretos de recuperação podem nascer desta visita de Bento XVI? O senhor compartilha a esperança dos bispos maronitas que afirmam que a visita é "uma verdadeira primavera para os cristãos e para a religião"?
Mons. Antoine Gebran: A primavera, como estação intermediária, tem períodos de frio e de calor. Não tem um clima estável e firme. O Santo Padre, como tradicionalmente acontece em todas as viagens apostólicas, nunca provoca gestos concretos de renascimento tangível. O Sucessor de Pedro fala, encontra, transmite o seu pensamento num código simbólico. Certamente, o Santo Padre deseja não apenas uma primavera, mas uma reforma completa para a sociedade do Oriente Médio, que terá que seguir o caminho do diálogo e do respeito mútuo.
O senhor visitou o Líbano e o patriarca maronita em Bkerké e viu pessoalmente os preparativos para a visita do papa. Quais são as atividades preliminares que a Igreja em geral, e a maronita em particular, está realizando em preparação para a visita de Bento XVI?
Mons. Antoine Gebran: O Líbano inteiro se preparou para receber o Santo Padre. Em particular, a Igreja maronita começou há meses uma campanha forte de mídia para sensibilizar o público. O Líbano tem que ser informado e estar ciente de quem é que está chegando e do porquê de ele vir precisamente ao Líbano. Pavimentando o caminho para o Santo Padre, a Igreja maronita não dá só o apoio logístico, mas principalmente a preparação espiritual dos fiéis. A visita do Santo Padre é realmente uma alegria, mas deve ser vista principalmente numa perspectiva espiritual: os fiéis se preparando com uma novena de oração, para entender que o papa vem até eles como pastor, para estar com eles, para ouvi-los, conversar, defendê-los e protegê-los, seguindo o exemplo de Cristo, o Bom Pastor.
Como maronita que vive no exterior e como paróquia maronita em Roma, como você se vê envolvido na visita? E o que espera a respeito da diáspora dos cristãos libaneses? Eles não se sentem de certa forma excluídos desta visita?
Mons. Antoine Gebran: Não vamos esquecer que os maronitas na diáspora são principalmente libaneses e, apesar de distantes, eles sentem um apego visceral pela terra natal. De um certo ponto de vista, essa visita é vista, sim, com melancolia: o papa vai para a casa deles e eles não estão lá para recebê-lo. Por outro lado, eles se sentem muito orgulhosos porque o papa vai ao Líbano especificamente, e porque o papa ama esse país com um amor altruísta e sincero. Em particular, esta nossa comunidade maronita de Roma, que está estabelecida na diocese do papa, se sente como uma ponte, como uma passagem entre o Líbano e o papa. Eu acho que nenhum imigrante nunca vai se sentir “excluído” do Líbano, porque eles sempre têm no coração o amor pelo seu país. Eles ainda sentem o perfume dos cedros e pensam no horizonte do mar libanês com muita emoção. Ninguém vai se sentir excluído, porque, na alma, eles se sentem em terra estrangeira, mas libaneses em terra estrangeira.
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Cristãos no Líbano: testemunhas de comunhão e de esperança
Papa Bento XVI em direção a Beirute
ROMA, sexta-feira, 14 de setembro, 2012 (ZENIT.org) - Começou nesta manhã a 24° viagem internacional do Papa Bento XVI, que o levou ao Líbano por ocasião da assinatura e publicação da Exortação Apostólica Pós-sinodal ‘Ecclesia in Medio Oriente’ da Assembleia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos.
O avião que transportava o Santo Padre - um A320 da Alitalia - decolou do aeroporto de Roma-Ciampino às 9h30. A chegada ao aeroporto internacional de "Rafiq Hariri" Beirute está prevista para as 13h45 (12h45 em Roma).
Ao deixar o território italiano, Bento XVI enviou ao presidente da República Italiana, Giorgio Napolitano, o seguinte telegrama:
"Ao deixar o solo italiano para ir ao Líbano, peregrino de paz e de unidade para entregar às comunidades católicas do Oriente Médio a exortação apostólica pós-sinodal, que ajudará os cristãos daquela região a serem testemunhas de comunhão e de esperança, estou particularmente satisfeito por estender-lhe, Sr. Presidente, a minha deferente saudação, acompanhada com intensa oração e pensamentos de bençãos, a fim de que o povo italiano possa enfrentar com serenidade e confiança os desafios do nosso tempo”.
(Trad.MEM)
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"Que os líderes políticos cristãos ouçam e valorizem as palavras do Papa"
Impressões de Pe. Paul Karam, Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias no Líbano
BEIRUTE, sexta-feira, 13 de setembro de 2012(ZENIT.org) - "Todos os líderes políticos parecem ter concordado em uma suspensão tácita de seus conflitos permanentes, para abrir espaço para a chegada do Papa e ouvir o que Ele tem a dizer".
Esta impressão foi expressa à Agência Fides por Pe. Paul Karam, Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) no Líbano. Segundo o jovem sacerdote, "trata-se de uma pausa de reflexão saudável, e todos precisamos: precisamos abrir espaços a uma prática política que esteja realmente preocupada com o bem comum do povo, e não apenas na luta entre facções para prevalecer sobre os outros".
Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, reiterou que Bento XVI não viaja ao Líbano "como potente líder político", mas próprio por isso sua visita pode mostrar caminhos novos para a convivência civil: "Com seu magistério simples e essencial - explica Pe. Karam - o Papa Bento XVI mostra a todos que o diálogo é sempre possível".
A posição geopolítica coloca o Líbano no centro de tensões dilacerantes. Reconhece Pe. Karam: "Estamos no meio entre Síria e Israel. Poderíamos ser um país de paz e, em vez pagamos sempre os projetos políticos e militares decididos em outros lugares. Os grandes jogos do mundo são feitos em nosso pequeno território, mas mesmo por isso, como disse João Paulo II, o Líbano é uma mensagem: pode mostrar a todos que aqui o diálogo torna possível a coexistência entre grupos e interesses diferentes".
Padre Karam espera que os líderes políticos cristãos ouçam e valorizem as palavras do Papa. "A sua vocação é simplesmente testemunhar o próprio batismo em suas iniciativas, comportando-se como filhos de Deus e seguindo sempre o que Jesus nos ensinou em relação às instituições políticas e civis: é preciso dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus".
Nos cenários dilacerantes do Oriente Médio, a missão que o Papa confiará aos cristãos é ser um sinal de reconciliação. "Por isso - disse Pe. Karam - a Igreja nunca pode se apresentar como um partido. A Igreja é para todos e quer o bem de todos. A própria pertença eclesial, também para os líderes políticos cristãos, nunca pode ser manipulada e ser apresentada como pertencente a um bloco político na luta com outras facções. Quem faz isso, vende o nome de Cristo e da Igreja para seu miserável tráfico de poder".
A fidelidade a esta vocação, segundo Pe. Karam pode se tornar realista e de longo alcance diante das lutas de poder que abalam o Oriente Médio. "Na Síria - ressalta Pe. Karam - existe um regime ditatorial, mas, até agora, a escolha do conflito armado produziu somente mortos, desabrigados, casas destruídas e sofrimento. A paz está fundada na justiça. Enquanto faltar a justiça, no Oriente Médio não haverá paz. E continuará o equilíbrio entre regimes autoritários e teocracias".
Santa Sé
Papa ora pelos cristãos do Oriente Médio
No final da audiência geral, Bento XVI menciona a próxima visita pastoral ao Líbano
VATICANO, quinta-feira, 13 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - No final da audiência geral de ontem, 12, o papa Bento XVI voltou a destacar a sua próxima visita pastoral ao Líbano.
"Em dois dias, estarei voando para o Líbano. Alegro-me com esta viagem apostólica, que me permitirá encontrar numerosos expoentes da sociedade libanesa: líderes civis e eclesiásticos, fiéis católicos de ritos diversos e outros cristãos, muçulmanos e drusos".
O papa também agradeceu “ao Senhor por esta riqueza, que só poderá continuar existindo na paz e na reconciliação permanente”, e pediu que "todos os cristãos do Oriente Médio, nativos ou de fora, sejam construtores de paz e agentes de reconciliação".
"Peçamos que Deus fortaleça a fé dos cristãos do Líbano e do Oriente Médio e lhes dê a plenitude da esperança. Agradeço a Deus pela presença de todos e incentivo toda a Igreja a ser solidária, para que eles possam continuar a dar testemunho de Cristo nessa terra abençoada, buscando a comunhão na unidade. Agradeço a Deus por todas as pessoas e instituições que, de muitas maneiras, contribuem para este objetivo".
Bento XVI acenou ainda à história do Oriente Médio, “que nos ensina o papel importante, muitas vezes fundamental, das comunidades cristãs no diálogo inter-religioso e intercultural”.
“Peçamos a Deus, para esta região do mundo, a paz tão desejada, no respeito às diferenças legítimas. Que Deus abençoe o Líbano e o Oriente Médio”.
Leia a catequese na íntegra em: http://www.zenit.org/article-31266?l=portuguese
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Papa exorta bispos da Colômbia a defender a família e trabalhar pela paz
Bento XVI recebe os bispos em visita ad limina em Castel Gandolfo
CASTEL GANDOLFO, terça-feira, 11 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - O papa Bento XVI recebeu na manhã de ontem, 10, em sua residência de verão de Castel Gandolfo, trinta e sete bispos da Colômbia em visita ad limina, exortando-os a continuar os esforços para promover a paz, a defesa da família e o forte testemunho da sua fé cristã.
Na semana passada, o santo padre teve três reuniões com grupos de bispos colombianos, que expuseram ao papa as questões mais prementes do país latino-americano.
A visita coincidiu com o anúncio feito pelo presidente colombiano de um projeto de conversações de paz com os grupos rebeldes. Os bispos ainda não tinham o quadro completo do projeto.
Neste domingo, logo após a oração do ângelus, Bento XVI disse: "Foi anunciado na Colômbia, Noruega e Cuba um importante diálogo entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, com a participação da Venezuela e do Chile, com o objetivo de acabar com o conflito armado que aflige há décadas aquele amado país".
O pontífice também destacou três pontos básicos para um possível diálogo: a reconciliação, o perdão e a busca sincera do bem comum.
"Espero que aqueles que fazem parte desta iniciativa sejam guiados pela vontade de perdão e de reconciliação, na busca sincera do bem comum", concluiu.
Durante a visita ad limina, Bento XVI exortou os bispos sobre temas pastorais.
"Prestando atenção cada vez mais às vítimas da violência e à juventude, Bento XVI disse acompanhar na oração a missão dos bispos colombianos em meio a dificuldades como os efeitos devastadores da secularização crescente, que ameaça os valores da pessoa, o casamento, a família e a vida, e diante das esperanças da nova evangelização", comentou a Rádio Vaticano a respeito do discurso do papa.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Campanha "voto consciente - eleições 2012"
Saudações do Secretário Geral da CNBB
BRASILIA, terça-feira, 11 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil lançou esse ano a “Campanha ‘Voto consciente’ 2012”. Tal campanha quer ser mais uma ajuda para o eleitor católico, de se conscientizar da importância que tem o seu voto para o bem da nação.
Publicamos a seguir a saudação do Secretário Geral da CNBB, Dom Frei Leonardo Ulrich Steiner, OFM, sobre a Campanha "Voto consciente - Eleições 2012", publicado hoje no site da Conferência episcopal.
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Os brasileiros e brasileiras são chamados a protagonizar, nas eleições do próximo dia 7 de outubro, um dos momentos mais importantes para a democracia do país com a escolha dos prefeitos e vereadores de seus municípios. Com a novidade da Lei da Ficha Limpa, vitória da mobilização popular, as próximas eleições despertam a grande expectativa de que as urnas, ao receberem o voto consciente e livre do eleitor, excluam candidatos cuja vida e prática não os credenciam aos cargos pleiteados.
O alerta aos eleitores sobre a importância de se votar em candidatos “Ficha Limpa” é um dever de todos, especialmente das entidades e organizações que têm responsabilidade com a construção de uma sociedade justa, solidária e fraterna. Neste sentido, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil cumprimenta o Tribunal Superior Eleitoral pela campanha “Voto Limpo”, já amplamente divulgada pelos meios de comunicação do país.
Somando-se a esta campanha, a convite do próprio TSE, a CNBB também lança, neste ato solene, a campanha “Voto Consciente – Eleições 2012”. Com esta iniciativa, a CNBB faz valer a tradição de sempre dar sua contribuição nas campanhas eleitorais com orientações aos seus fieis e a todos os cidadãos, firmadas na ética e na cidadania à luz do Evangelho.
Esta participação da Igreja na vida política do país tem sua razão mais profunda na consciência evangélica de sua missão (cf. Doc. 40, n. 203). O papa Bento XVI lembra que “a Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça” (Deus caritas est, 28).
Assistimos, infelizmente, a um forte desencanto da população em relação à política. Contribuem para isso, mais que as inúmeras denúncias de corrupção e desvio de conduta, a impunidade e a complacência com os culpados. É oportuno, portanto, recordar que “a recuperação da política passa pela moralização dos políticos como verdadeiros ‘homens de Estado’ e não ‘negociantes do poder’, enredados em jogadas pessoais. Isso exige romper os laços entre politica e negócios privados”, como já afirmara a CNBB em seu documento Ética: Pessoa e Sociedade (p. 31). Estamos convencidos de que um dos caminhos para se alcançar este propósito é uma reforma política ampla e consistente que estanque os caminhos da corrupção e amplie os canais de participação popular nas decisões do Estado.
A campanha que lançamos neste momento quer contribuir exatamente para a recuperação da política como a construção do bem comum, recolocando-a no patamar do qual jamais deveria ter saído. Evidentemente a Lei da Ficha Limpa sozinha não é suficiente para alcançar esta meta. A ela devem se somar outras leis e iniciativas que façam desta meta uma obstinação de todos que prezam pela ética e pela justiça no trato das coisas públicas.
A Lei 9.840, que combate a compra de votos e o uso da máquina administrativa, fruto também de iniciativa popular, merece toda nossa atenção. Há mais de dez anos em vigor, ela é
responsável pelo afastamento de inúmeros políticos cujos comportamentos feriram a ética. A recente Lei de Acesso à Informação se revelou um eficaz instrumento também para a transparência no financiamento das campanhas eleitorais. Inspirado nela, o TSE tomou a inédita decisão de exigir dos candidatos a prestação de contas dos recursos de campanha ainda durante o processo eleitoral, como já haviam feito alguns juízes eleitorais em determinados estados do país.
São iniciativas cidadãs dessa natureza que ajudarão a tornar as eleições limpas e a recuperar a política que, do ponto de vista da ética, significa “o conjunto de ações pelas quais os homens buscam uma forma de convivência entre os indivíduos, grupos, nações que ofereça condições para a realização do bem comum” (cf. Doc. 40, n. 184).
Ao lançar a campanha “Voto Consciente – Eleições 2012” às vésperas do Dia da Pátria e do Grito dos Excluídos, que, neste ano clama por um “Estado a serviço da Nação e que garanta direitos a toda população!”, a CNBB espera contribuir para o fortalecimento da cidadania e da democracia no Brasil.
A campanha da CNBB tem a parceria do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Arquidiocese de Belo Horizonte, responsável pelos vídeos que faremos veicular, especialmente nas TVs de inspiração católica. Com temas variados, os vídeos, intitulados “Voto na cidade”, ajudam o eleitor a tomar consciência da importância de sua participação na vida política de seu município. Agradecemos ao NESP pela pronta adesão à nossa Campanha.
Além dos vídeos, foram produzidos spots para rádios, que deverão ser veiculados nas rádios de inspiração católica, e um texto com indicações de cinco modos de agir para que o voto consciente ajude a construir cidadania.
Solicitaremos às dioceses e paróquias a ampla divulgação de todo este material que já está disponível no site da CNBB e que, evidentemente, não se restringe ao uso das instituições católicas.
Excelentíssima Presidente Carmem Lúcia, agradeço ao TSE o honroso convite feito à CNBB para se somar à sua campanha “Voto Limpo”. Cumprimento e felicito as demais instituições e entidades que, recebendo o mesmo convite, fazem eco a esta iniciativa.
Rogo a Deus abençoar-nos a todos a fim de que, com este nosso trabalho, tornemos presente entre nós o Reino de Deus, que é justiça e fraternidade. Sobre todos e todas imploro a bênção de Deus e a proteção de Nossa Senhora Aparecida, mãe de todos os brasileiros e brasileiras.
Muito obrigado.
Brasília, 6 de setembro de 2012
Dom Frei Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Secretário Geral da CNBB
Jornada Mundial da Juventude Rio 2013
A aventura da Cruz
Dom Orani Tempesta: a arquidiocese do Rio de Janeiro lançará para o mundo o hino oficial da JMJ Rio 2013
RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 14 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - No dia da Exaltação da Santa Cruz, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro lançará para o mundo, através do Comité Organizador Local da JMJ Rio 2013, o Hino Oficial desse evento jovem que está movimentando a Igreja de nossa cidade.
O lançamento será no Bairro de Santa Cruz, que nesse dia completa 445 anos, e onde acontecerá também a Vigília e a Missa de Envio no encerramento da JMJ em julho do próximo ano.
Estamos todos unidos à cruz da JMJ, que ora está na região Amazônica e que já atravessou mais da metade do país. Ela foi enviada pelo Beato Papa João Paulo II, iniciador das Jornadas Mundiais da Juventude, para que o povo jovem anunciasse Jesus Cristo a todas as nações.
A cruz, hoje acompanhada pelo ícone de Nossa Senhora, chegará ao Rio de Janeiro às vésperas da Jornada. Será então o grande momento do protagonismo juvenil capaz de transformar o mundo para melhor. É esse o sentido de nossa oração e é também esse o sentido do hino oficial da Jornada Mundial da Juventude que está sendo lançado nesta festa.
Foram muitas as contribuições (mais de 180) que vieram do mundo inteiro. Uma equipe especializada escolheu os vinte possíveis hinos, que, depois de outra seleção, chegou-se aos três mais cotados. Todos poderiam ajudar o jovem a cantar sua fé e sua esperança. Porém, tínhamos que escolher apenas um deles. Agora é conhecê-lo, divulgá-lo, traduzi-lo nas diversas línguas e manifestar a alegria jovem que brota do coração do Redentor que bate forte pelo povo que Ele salvou.
A festa da exaltação da Santa Cruz remonta ao século IV. Segundo a “Crônica de Alexandria”, Helena, a mãe do Imperador Constantino, encontrou a Cruz original da crucificação de Jesus. Isso teria sido em 14 de setembro do ano 320. Sobre esses fatos surge a comemoração anual, o que é atestado por volta do quinto século. A data é comum tanto no Ocidente quanto no Oriente, quando o Papa Sergio I (687-701) ordenou a sua festa.
Porém, outra explicação mais catequética é que a data de 14 de setembro foi preparada com o simbolismo dos 40 dias. Na verdade, 28-29 de junho – festa dos apóstolos Pedro e Paulo – comemora-se no Judaísmo a transfiguração de Moisés no Monte Sinai (Êxodo 34, 29-35); após 40 dias, a seis de agosto, nós celebramos a Transfiguração do Senhor; e, finalmente, 40 dias depois, em 14 de setembro, a festa da Santa Cruz.
A escolha também foi ditada, certamente, por outras idéias teológicas como, por exemplo, uma referência à festa das Tendas, que varia a cada ano a partir de meados de setembro para outubro, quando se celebra a festa da luz, o santuário e o altar. Precisamente o que a Cruz e a Ressurreição do Senhor tinham cumprido através da economia do memorial permanente da redenção, que se deu precisamente na cruz.
A cruz é para os cristãos a árvore da vida, o tálamo, o trono, o altar da nova e eterna aliança. Uma vez que Cristo, novo Adão, adormecido na Cruz, deu à luz o admirável sacramento da Igreja, a cruz se torna o sinal do senhorio de Cristo sobre aqueles que são configurados no Batismo com Ele na morte e na glória. Na Patrística, é o sinal do Filho do Homem que aparecerá no final dos tempos. O amor todo se manifesta na Cruz.
Santa Teresa d’Ávila disse em seus colóquios de amor com Cristo: “a cruz é vida e conforto, o único caminho para o céu”. Assim, a Cruz, antes de ser sinal de tortura e de sofrimento, é sinal de misericórdia, esperança, abrigo, reflexão, inspiração, perdão, paixão, amor, paz e vitória sobre o sofrimento e a dor.
Jesus Cristo se ofereceu livremente à Paixão da Cruz e abriu o sentido e o destino de nossa vida. Com Ele temos na Cruz os braços abertos e o coração aberto a serviço do Pai. Nele conseguimos ver e sentir a esperança, a eternidade.
A Cruz é uma história de amor, o sentido maior do esvaziamento (Kenosis) do Filho, onde Ele demonstra que Seu amor não tem limites, e que mesmo o medo da morte não poderia manchar o seu compromisso maior: fazer a vontade do Pai.
A Sua morte foi, sim, o início de Sua glorificação, pois o próprio Pai O exaltou. O que se exalta não é a cruz/sofrimento. O que se exalta é o amor incondicional de um Deus que partilhou a nossa condição humana e comprometeu-se com a realização do Reino até o fim. Na Cruz, Cristo, hoje Ressuscitado, deu a vida por nós. Por isso “nossa glória é a Cruz onde nos salvou Jesus”.
Temos que exaltar o Cristo que, tendo amado os seus, amou-os até o fim (Jo 13,1). E exaltar a Deus que deu Seu filho unigênito para que todos tenham vida em Seu nome (Jo 3, 16 e Gn 22, 2).
O próprio Deus quis tornar-se um de nós, até mesmo no sofrimento e na tristeza de alma. Um Deus que nos envolve com Seu amor extremado, infinito, demonstrado não em grandes mistérios, mas em verdade e em vida.
Cada vez que fazemos o sinal da cruz invocando a Santíssima Trindade recordamos desse mistério. Por isso trazemos a cruzem nossas Igrejas, casas, locais de trabalho, conosco – acreditamosem um Deusque deu a vida por nós e tornou a cruz um sinal de salvação. O cristão sabe, pela cruz, que a nossa limitação nunca será capaz, nunca será suficiente para contemplarmos toda essa imensidade de amor. Mas, nela, na Cruz, podemos experimentar esse amor. E a única chave de compreensão de nossa existência é certamente pelo amor. Só o amor explica a nossa vida, e nos solicita para a vida. Assim celebramos a festa da Exaltação da Santa Cruz, ou a festa da Exaltação do Supremo Amor.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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Lideranças juvenis e assessores traçarão rumo da ação evangelizadora em encontro
Após a JMJ 2013, rumo à evangelização da juventude da Igreja no Brasil
BRASILIA, segunda-feira, 10 de Setembro de 2012 (ZENIT.org) - Em setembro de 2013, após a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), jovens e assessores das diferentes expressões que atuam junto à Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB estarão juntos em um encontro para dar o rumo à evangelização da juventude da Igreja no Brasil. A proposta foi decidida entre 15 dos 17 bispos referenciais da juventude nos 17 regionais, reunidos na última terça e quarta-feira (4 e 5) em Brasília. O encontro deverá ser na capital federal.
Segundo o presidente da comissão e bispo auxiliar de Campo Grande, dom Eduardo Pinheiro, esse evento vai amarrar propostas concretas para dinamizar a pastoral juvenil nas dioceses.
Os bispos regionais já estão levantando sugestões para se trabalhar o caminho de evangelização após a jornada. “A ação evangelizadora da juventude é a grande meta da JMJ em um país. Já estamos vivendo essa meta com a peregrinação da Cruz e do Ícone nas dioceses, que desafia a ação para novas posturas”, disse dom Eduardo Pinheiro. A pesquisa dos bispos deve continuar com um questionário para todas as dioceses.
Metas
Além desse encontro, outras metas para 2013 traçadas pela Comissão Episcopal são:
- Implementar o projeto de revitalização da Pastoral Juvenil;
- Aprofundar e vivenciar a Campanha da Fraternidade 2013;
- Aprofundar o Documento 85 e o Documento Civilização do Amor;
- Continuar acompanhando a organização do Setor Juventude na instância diocesana.
O bispo de Caxias (MA), referencial para a juventude do Regional Nordeste 5 da CNBB (que engloba todo o Maranhão) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, dom Vilson Basso, lembrou que a Igreja no Brasil sempre esteve ligada ao trabalho com a juventude na dimensão latino-americana. ”Desde Medelín e Puebla, o Brasil tem participado de todos os encontros latino-americanos de pastoral juvenil, dos congressos e outros eventos. A Igreja no Brasil tem trabalhado junto com o Celam [Conselho Episcopal Latinoamericano] nesse serviço bonito.”
Durante a reunião, foi feita uma retrospectiva da caminhada da atual Coordenação Nacional de Pastoral Juvenil, em particular sobre a sua comunhão com as atividades e projetos do Cone Sul e da Pastoral Juvenil Latino-americana.
Semana Missionária
A preparação para a Semana Missionária, atividade em todas as dioceses que antecederá a Jornada Mundial da Juventude, e os subsídios elaborados em preparação para esse momento e para o Dia Nacional da Juventude foram apresentados pelos bispos.
Segundo o assessor da comissão padre Antônio Ramos do Prado, mais conhecido como padre Toninho, a reunião foi uma das mais produtivas, por aprofundar o projeto da identidade da pastoral juvenil. De acordo com ele, a peregrinação da Cruz e o Bote Fé têm ajudado gerar unidade na juventude e a aproximação do clero.
(Fonte: Jovens Conectados)
Familia e Vida
Poder Executivo: um atalho para a promoção do aborto no Brasil?
Nota Pastoral de Dom Benito Beni dos Santos
SÃO PAULO, quarta-feira, 12 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a seguir nota Pastoral de Dom Benito Beni dos Santos, bispo da diocese de Lorena, São Paulo, enviado a ZENIT pela sua assessoria de imprensa.
***
Nosso povo brasileiro é defensor da vida. De acordo com pesquisas de opinião pública, o índice de desaprovação ao aborto vem subindo ano a ano e há indícios de que, inclusive, sua prática venha diminuindo.
Entretanto, como todos nós podemos constatar, existe uma pressão, para que o aborto seja legalizado no Brasil. Gostaria de destacar quais as vias e estratégias que, até o momento, vêm sendo usadas para se conseguir este objetivo.
Desde 1991, existem projetos de leis que visam legalizar o aborto via Poder Legislativo. O problema para os ativistas pró-aborto, no entanto, é que, em uma democracia, o povo é quem elege seus representantes. Como a desaprovação ao aborto é alta, os deputados e senadores são desfavoráveis a tais projetos. Já se vão mais de 20 anos e, pela via legislativa, a agenda abortista não conseguiu avançar.
Recordamos que, em abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional o aborto de crianças portadoras de meroanencefalia. Esse, infelizmente, foi o marco no Brasil para o aborto eugênico. Uma vez que, no Poder Judiciário, não existe a participação direta do povo, todos pudemos acompanhar, atônitos, os mais inacreditáveis pareceres dos Ministros do STF favoráveis ao aborto.
Entretanto, em junho deste ano, surge uma terceira estratégia bastante refinada. Trata-se da promoção da prática do aborto através do Poder Executivo.
O Secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, concedendo entrevistas a diversos jornais de circulação nacional, afirmou que o Ministério prepara-se para lançar uma Norma Técnica para o Aborto “Seguro”, visando a implantação de uma política de “redução de danos”. Basicamente, segundo o secretário, esta Norma Técnica terá três vertentes:
1- a criação de centros de aconselhamento à gestante, por meio de 0800. A mulher que estiver com uma gravidez “indesejada” irá ligar para esses centros e receberá orientação sobre como proceder para realizar o aborto em si mesmo;
2- a venda de medicamentos abortivos em todas as farmácias da rede de farmácias conveniadas ao SUS. Com isso, uma rede altamente capilarizada fará chegar aos locais mais distantes essas drogas abortivas;
3- A produção e difusão de uma cartilha informativa explicando como se usa o medicamento e como se deve proceder após o aborto ter sido iniciado.
Ao ser questionada se esta medida do Ministério não seria criminosa, a Ministra Eleonora Menicucci respondeu que “não seria crime explicar a uma mulher como fazer o aborto em si mesma; crime seria fazer o aborto nela”.
Diante destes fatos urgentes e gravíssimos, pedimos a todos os homens e mulheres de nossa Diocese que se façam ouvir. Em uma democracia, o poder é exercido pelo povo e em nome do povo. Manifestem-se junto ao Ministério da Saúde dizendo que esta medida fere a consciência e os reais anseios da população brasileira. Dirijam-se também à Presidência da República através de telefones e endereços eletrônicos disponíveis no site do Governo Federal. Digam que a Presidente precisa honrar sua promessa eleitoral de não avançar na promoção do aborto durante seu governo. Por último, gostaria de relembrar as atualíssimas palavras do saudoso Beato João Paulo II, conhecido por seu admirável zelo pela promoção e defesa da dignidade da vida humana:
“Este horizonte de luzes e sombras deve tornar-nos, a todos, plenamente conscientes de que nos encontramos perante um combate gigantesco e dramático entre o mal e o bem, a morte e a vida, a “cultura da morte” e a “cultura da vida”. Encontramo-nos não só “diante”, mas necessariamente “no meio” de tal conflito: todos estamos implicados e tomamos parte nele, com a responsabilidade iniludível de decidir incondicionalmente a favor da vida.”
(Evangelium vitae, 28)
Dom Benedito Beni dos Santos
Bispo de Lorena
Mundo
Vem aí o IX Festival Bíblico
Fé e liberdade serão meditadas de 31 de maio a 9 de junho de 2013
VICENZA, Itália, sexta-feira, 14 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - A partir de 31 maio até 9 de junho de 2013, a cidade italiana de Vicenza e seus arredores se tornam um lugar de encontro e de crescimento cultural durante a nona edição do Festival Bíblico.
Mais uma vez, as Sagradas Escrituras se tornam protagonistas do evento que convida à reflexão sobre questões fundamentais para a jornada humana e para as nossas sociedades.
O tema proposto para a nona edição é a fé e a liberdade, em sintonia com o Ano da Fé proclamado por Bento XVI e com as celebrações dos 1700 anos do decreto de Constantino.
O tema continua a mesma reflexão do ano passado: "Por que tendes medo?" (Mc 4,40), esperando que, a partir das Escrituras, se construa uma análise exigente e crítica sobre os seres humanos na sua atitude diante daquilo que muitas religiões chamam de "fé".
Ainda há muita gente que tende a ignorar a "fé" e a "religião" como algo obsoleto e ideológico, mas, hoje, a negação de Deus e da religião não está mais tão na moda como já esteve. A "questão de Deus" volta a ser uma questão sensível, aberta e promissora.
O Festival Bíblico 2013 pretende explorar o tema à luz da bíblia, com atenção para o seu significado espiritual e humanizador, relacionando-o com o dom da liberdade.
Desta relação, surge outra temática crucial que tem feito a humanidade atual se questionar: a fé contrasta com a liberdade humana e com a justiça humana ou, pelo contrário, é uma condição fundamental para o desenvolvimento e para a maturidade?
Estudiosos, teólogos, filósofos, jornalistas e artistas têm a tarefa de encarar, durante o festival, esta pergunta tão provocante e tão profunda, sobre um tema que será esmiuçado em seus percursos bíblico-teológicos, culturais, sociais, artísticos e educacionais.
A todos os participantes, está estendido o convite a contribuir para a plena realização do evento mediante a adesão a esta reflexão.
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"In hoc signo"
Em Assis, exposição de arte sacra contemporânea comemora os 1700 anos da "visão de Constantino"
ASSIS, quinta-feira, 13 de setembro de 2012 (ZENIT.org) – “In hoc signo - a cruz na arte, na cultura, na fé” é uma exposição da Conferência Episcopal da Umbria que celebra o 1700º aniversário da "visão de Constantino", ocorrida em 27 de outubro de 312.
A significativa mostra de arte sacra contemporânea foi montada no Museu da Porciúncula de Santa Maria degli Angeli e se une a outra, igualmente importante, dedicada a Valentin Oman.
Trata-se da perspectiva da cruz na visão artística de Filippo Rossi, pintor florentino, que nos últimos anos tem procurado trazer a arte sacra até os confins arriscados e fascinantes da abstração.
Bastante peculiar e original, a perspectiva de Rossi questiona o interlocutor sobre a centralidade do sinal mais caro à fé cristã, e é uma oportunidade única de se refletir sobre o seu significado para a nossa salvação.
A abertura da mostra acontece neste dia 14 de setembro, às 17h, no Refettorietto do Museu da Porciúncula. A exposição fica aberta até 27 de outubro.
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"Africanos, a Igreja está convosco!"
Cardeal Rylko encerra em Yaoundé o Congresso organizado pelo Pontifício Conselho para os Leigos
Por Luca Marcolivio
ROMA, quinta-feira, 13 de setembro de 2012 (ZENIT.org) – Uma verdadeira e real "epifania da Igreja na África". Com estas palavras o cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, definiu o êxito do Congresso Pan-Africano dos Leigos, realizado em Yaoundé, Camarões, do passado 4 ao 9 de setembro.
"Nós descobrimos seus muitos recursos espirituais, a sua grande vitalidade religiosa e humana e o vigoroso dinamismo missionário dos seus leigos”, disse o cardeal no discurso de conclusão do congresso continental, promovido pelo Pontifício Conselho que ele preside.
O cardeal Rylko também destacou o fato de que a formação de leigos maduros não é um privilégio, mas um direito e um dever na Igreja e uma questão de extrema urgência e que a Igreja na África pode contar com muitos carismas e dons do Espírito Santo e de sinais de esperança para aqueles que têm sérias necessidades.
A referência foi especialmente para os Movimentos Eclesiais, fonte de grande dinamismo missionário, e às paróquias “verdadeiros ginásios de vida cristã”.
"A África tem grande necessidade deste tipo de leigos. Ser testemunhas de Cristo no coração do mundo não é uma tarefa fácil, porque requer muita coragem ir contra as tendências culturais dominantes e seguindo o exemplo do Senhor, como sinal de contradição", acrescentou.
O cardeal polonês também exortou os leigos católicos a defenderem a dignidade da vida humana e os direitos inalienáveis, como o direito à vida, que nenhuma pessoa, nenhum grupo, nenhuma autoridade ou Estado pode mudar, porque é um direito supremo que vem de Deus.
Confia-se ao laicado católico na África, portanto, a tarefa de "construir o reino de Deus no mundo em que vive, ou seja, na família, no trabalho, na economia, na vida pública, na política e na cultura". Para fazer isso é mais do que necessário uma formação cristã rigorosa, a partir do ensinamento do Catecismo da Igreja Católica e da Doutrina Social da Igreja.
Os riscos são representados, principalmente, pelo fenômeno da “desvalorização da política”, que o cardeal descreveu como consequência “da incompetência, arrogância e corrupção difundida” que fazem a classe política perder credibilidade”. "No entanto - acrescentou - apesar dos seus limites e debilidades, a política continua a permanecer um componente importante da vida cívica no sistema democrático. Por isso a crítica e a denúncia dos males e dos abusos não bastam. Diante dos fieis leigos impõe-se hoje a urgente tarefa de descobrir o direito e o dever da ativa e responsável participação”.
Depois de ter pronunciado palavras de encorajamento a "todos os cristãos da África que sofrem por causa da intolerância religiosa, do ódio e da violência", Ryłko concluiu o Congresso Pan-Africano com as seguintes palavras: "Para todos aqueles que sofrem queremos dizer: não estão sozinhos e abandonados! Cristo está convosco! A Igreja está convosco!”.
Durante a última jornada do Congresso Pan-Africano, foi emitida a intervenção do Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, que sublinhou a necessidade do compromisso dos leigos na ação social, especialmente naqueles lugares onde eles somente podem ser “sal da terra e luz do mundo”. A celebração eucarística de encerramento do Congresso Pan-Africano, presidida pelo cardeal Christian Tumi, arcebispo emérito de Douala, foi realizada na Basílica de Mvolyé, em Yaoundé, acompanhada de músicas e canções típicas da liturgia Africana.
[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]
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Bispos fiéis ao Evangelho e não às modas do mundo
Discurso do Cardeal Bertone, Secretário de Estado, aos bispos recém-ordenados, reunidos no Regina Apostolorum para o congresso promovido pela Congregação para os Bispos
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, quinta-feira, 13 de setembro de 2012 (ZENIT.org) – Foi um convite à verdade, à clareza e à solidez na fé, o discurso do cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone, dirigido aos bispos ordenados nos últimos doze meses, durante a Missa celebrada ontem, quarta-feira, 12 de setembro, no Pontifício Ateneu Regina Apostolorum.
"Um cristão, especialmente um padre e um bispo, não deve conformar-se com o mundo pelo medo de ser criticado ou pelo desejo de que todos falem bem dele” disse o cardeal. Uma frase decisiva que sintetiza a clara indicação que ele quis dar aos bispos – reunidos para participar do Congresso promovido pela Congregação dos bispos – ao desempenhar o próprio ministério.
Comentando a passagem do Evangelho de Lucas sobre as bem-aventuranças propostas pela liturgia de ontem (Lc 6, 26), o cardeal de fato exortou: “Se as pessoas nos criticam porque não vivemos fielmente a nossa vocação e a nossa missão, certamente devemos examinar-nos e mudar”.
"Mas - acrescentou - se somos criticados porque não seguimos os critérios do mundo e as modas do momento, devemos permanecer serenamente firmes na nossa fidelidade ao Evangelho e ao ensinamento autêntico da Igreja. Assim a felicidade prometida pelo Senhor está em nós já desde agora".
O Secretário de Estado então comentou a Epístola aos Coríntios, onde São Paulo intervem "nas questões dos cristãos de Corinto, para indicar-lhes os princípios e critérios inspiradores”. Entre as várias questões postas pelo Apóstolo, de fato, haviam “algumas sobre o matrimônio e a escolha do estado de vida para as diferentes categorias de pessoas".
"A partir do contexto da Carta - o cardeal explicou – conclui-se que em Corinto um grupo de cristãos era orientado por uma linha de absoluta intransigência em âmbito conjugal", segundo o qual “o matrimônio era pouco conveniente para os batizados”. A vontade de São Paulo é portanto a de “ajudar os cristãos a fazer uma escolha do estado de vida inspirada pela verdadeira liberdade evangélica, que tem o seu fundamento na relação com o Senhor".
Ele realizou esse propósito eliminando antes de mais nada “os prejuízos derivantes dos medos e distorções do ambiente, afirmando que nenhum estado de vida, matrimônio ou virgindade, é em si mesmo salvífico. Quem salva é o Senhor. Por isso aquilo que conta é a fidelidade com relação a Deus, que deve ser vivida em cada condição”, disse o cardeal.
Das “indicações” do Santo de Tarso delineiam-se, portanto, três princípios fundamentais, que, como afirmado pelo cardeal, tornam-se depois “critérios para uma escolha consciente e responsável".
O primeiro "é aquele do dom ou carisma que cada um recebe do Senhor". "Uma pessoa - disse Bertone – pode se casar se recebeu o dom espiritual correspondente, e pode fazer uma escolha virginal e celibatária se recebe este dom”.
"O segundo princípio - prosseguiu - é aquele do chamado de Deus. A partir daqui, podemos entender que a questão não é aquela de inventar, mas de responder ao que somos por iniciativa e vontade divina”. Finalmente, o terceiro "é a aquele da fé no Senhor ressuscitado".
Não se trata, porém, para o Secretário de Estado, de "uma diminuição do presente e dos valores terrenos, mas de colocar o presente e toda realidade humana na perspectiva do eterno”. “As nossas tristezas e as nossas alegrias - acrescentou de fato - toda a nossa experiência e situação é como que redimencionada no sentido de que é atraída para uma nova dimensão por um pólo de insuperável força, que tudo ilumina e transfigura”: o mistério pascal de Jesus Cristo.
Este é "um forte convite para viver na esperança e comunicá-la, como bispos, ao povo cristão” disse finalmente o cardeal dirigindo-se aos bispos presentes. “Neste caminho de fidelidade a Cristo e ao seu Evangelho - concluiu - a Santíssima Virgem é o nosso modelo" do qual podemos desfrutar “a força e a doçura”.
Isto significa colocar o ministério sacerdotal e episcopal “dentro da obediência mariana”, ou seja “obediência da fé, por meio da qual transferimos a propriedade de nós mesmos para nós mesmos em Cristo no serviço generoso e fiel da sua Igreja”.
Uma mensagem de esperança, então, mais do que um convite a não desanimar nas dificuldades que os novos pastores encontrarão ao longo do seu ministério. Depois de ter dirigido palavras de gratidão ao cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos e aos seus colaboradores pela iniciativa, o cardeal Bertone assegurou a todos os participantes a proximidade espiritual e a benção do Pontífice.
[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]
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ESTADOS UNIDOS: Lembrando o 11 de setembro
Justiça e perdão no aniversário do ataque às Torres Gêmeas
Por Ann Schneible
ROMA, quarta-feira, 12 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - Enquanto o mundo se lembrou ontem das vítimas dos mortais ataques terroristas do 11 de setembro de 2001, os cristãos colocam-se diante de uma profunda responsabilidade apostólica, não somente no dever de perdoar os que realizaram o atentado, mas também na promoção de um espírito de evangelização junto aos muçulmanos.
Estas são as reflexões do Padre John Wauck, professor da Faculdade de Comunicação Institucional da Igreja na Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma. O padre Wauck falou com ZENIT no décimo primeiro aniversário dos ataques em Nova York, Washington e Pensilvânia, onde quase três mil pessoas morreram em um dia.
Em um nível espiritual, no entanto, os ataques levaram os americanos a analisar pela primeira vez o modo de responder a um ato de terrorismo em uma escala tão grande. "Para a maioria dos norte-americanos antes do 11 de setembro - diz o padre Wauck - esta era uma questão que não se colocava." A maioria dos americanos nunca experimentaram pessoalmente os efeitos do terrorismo. Hoje em dia, até mesmo para aqueles que não moram em Nova York, tudo é levado para o lado pessoal pela maioria dos habitantes dos Estados Unidos".
Diante de tanta violência e tanto ódio, os cristãos em particular, têm de lidar com a “questão moral e o desafio do perdão, junto com o interesse necessário de ver que a justiça seja feita. Houve uma chamada para o perdão e uma chamada à justiça ao mesmo tempo, e um desafio para não sucumbir em um espírito de ódio”, disse o acadêmico.
Os eventos do 11 de setembro, além do mais, dão uma atenção especial para os “desafios apostólicos do mundo de hoje e às consequências de uma certa passividade na evangelização. A verdadeira resposta cristã ao fundamentalismo islâmico ou ao terrorismo, em última análise, é a evangelização. Não há lugar para o ódio, nem para o contra-ataque: somos chamados a amar os fundamentalistas islâmicos e rezar pela sua conversão, vê-los como possíveis cristãos convertidos: este é o maior desafio".
"É bom que o Ano da Fé e o Sínodo da Nova Evangelização comecem agora - diz o padre Wauck -. A idéia de que temos de levar a sério a evangelização é a melhor resposta a esse desafio. Temos que ser os melhores cristãos e apóstolos".
[Trad.ZENIT]
Espiritualidade
Games de Família
Reflexões de Dom Antonio Augusto Dias Duarte, bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro
RIO DE JANEIRO, terça-feira, 11 de setembro de 2012 (ZENIT.org) - As crianças e os jovens da era tecnológica dominam com seus ágeis dedos os botões dos aparelhos eletrônicos e viajam pelos “games” dos visores dos computadores, dos Ipad e dos Iphones.
É tão atraente e envolvente a cultura dos “games” que os adultos – que antigamente exigiam das crianças e dos jovens que deixassem o futebol, as pipas, as bicicletas e os carrinhos de rolemã para estudarem – hoje são seus imitadores.
Em aeroportos, em longas viagens aéreas, na sala de espera dos consultórios ou na privacidade do quarto pessoal, e muitos outros lugares – menos no ambiente de trabalho profissional – o que se vê são adultos que não conseguem deixar de ser dessa “geração games”.
Talvez ser da “geração games” sendo da antiga geração do telefone fixo, da máquina de escrever, das cartas manuscritas, das brincadeiras que mexiam com todo o corpo e não só com a agilidade dos dedos polegares seja muito relaxante, ajude a aliviar o “stress” do atual mundo tecnológico.
O que talvez não seja relaxante nem aliviante é ser da geração “games de família”. O que é a geração “games de família”? Consideremos a atual cultura pós-moderna caracterizada “pela auto referência do indivíduo, que conduz à indiferença pelo outro, de quem não necessita e por quem não se sente responsável” (cf. Documento de Aparecida, V.2007, n. 46), a fim de entender exatamente essa “nova geração”.
Esta cultura individualista tem produzido uma geração de pensadores que se autodenominam intelectuais da desconstrução de padrões antiquados ou uma geração de feministas emancipadas que julgam ser a melhor geração de mulheres de toda a história da humanidade: nunca se ouviu dizer, afirmam essas feministas, que tenha existido mulheres tão livres da família, da maternidade, da religião “machista”, como as atuais mulheres.
Esta geração com enormes e gigantes “dedões polegares” é manipuladora da inteligência e da consciência humana, acabando com a real família, fundada por Deus sobre a união do amor autêntico existente na relação de um homem com uma mulher, aberto à descendência natural, cultivado dentro de um lar acolhedor e com um projeto comum a longo prazo para as vidas dos pais e dos filhos.
Esses “dedões polegares” monstruosos fabricam “games de famílias” e brincam com eles, mexendo nos botões dos conceitos de amor, identificando-o exclusivamente com afetos: então surgem as uniões homoafetivas, as heteroafetivas com lares separados, e a última novidade em “games”, as uniões poliafetivas de um homem com 2 mulheres ou mais. Esses “dedões polegares” brincam com os botões da educação dos filhos, e querem demonstrar que qualquer um pode ser excelente pai ou mãe, ou competentes pais ou mães, inigualáveis “monopais” ou “monomães”, sem ter outro requisito pedagógico que seguir um critério contrário ao modelo de educação já existente nas reais famílias, às quais eles gostam de chamar de famílias tradicionais ou conservadoras.
Quando esses “intelectuais e essas feministas” enveredam pela via da sexualidade humana os “games-famílias” mostram nas suas telas todos os tipos de relacionamentos classificados por letras do alfabeto e considerados chaves mágicas que abriram – felizmente, disse as pessoas acima mencionadas – as portas dos armários escuros, autênticos esconderijos de rapazes e moças que não tinham, até que chegaram os “dedões polegares”, a aceitação das suas opções dentro das esferas do mundo da religião, da política, da cultura e da mídia.
O mundo, que Deus criou foi considerado bom e depois muito bom coma criação do homem e da mulher, resiste à imposição dos “games famílias”. Essa resistência não tem nada a ver com as pessoas que estão vivendo dentro dessas novas formas de considerar o que é família. O amor ao próximo exige o respeito profundo por todas as pessoas, independentemente serem pessoas que acertaram ou erraram em suas escolhas vitais. Esse mesmo amor ao próximo exige, porém, o amor à verdade que deve ser anunciada ao próximo e o amor à beleza da vida familiar tal como está no projeto divino para o futuro do mundo.
Retornando à palavras do papa Bento XVI no Discurso inaugural da Conferência Geral do Episcopado do continente americano em Aparecida no ano 2007: “quem exclui Deus de seu horizonte falsifica o conceito de realidade e, em consequência, só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas”, convém ver as consequências dessas brincadeiras com a família.
Sendo a família segundo um projeto de Deus, ela é o maior “patrimônio da humanidade”, e quem exclui esse projeto através do “play station” com seus vários “games-família” acaba empobrecendo, cultural e eticamente, a humanidade.
Necessita-se, portanto, de uma nova geração de intelectuais e de mulheres que crie um feminismo “de ponta”, de autênticos valores para as mulheres e para os homens, que saiba, sem o uso de “dedões e de dedinhos ágeis”, elaborar uma cultura própria do enorme valor desse patrimônio da humanidade.
Necessita-se também de jovens que sejam rebeldes e reclamem contra esses “dedões polegares” dos pseudo-intelectuais e das pseudo-feministas, e que sejam, principalmente, voluntários de Deus para serem construídas famílias-famílias, onde as mães queiram ser mães e também profissionais, procurem ser excelentes educadoras, psicólogas, comunicadoras na educação dos seus filhos e, sem terem o salário que mereceriam por dedicarem-se à família, sejam empresárias do lar, gerenciando suas famílias com competência, com visão de futuro e com consciência de que nem o Estado nem os “pseudo-pensadores” sejam os gerenciadores das suas casas, quando na verdade terminam sendo perturbadores da tranquilidade e da privacidade do ambiente de amor verdadeiro, única lei gerencial da família.
Necessita-se de rapazes que queiram ser pais, que exerçam sua altíssima responsabilidade de ser, com as mães, os grandes “heathunders” – os “caçadores de inteligência” – que irão trabalhar por políticas familiares autênticas que correspondam, aos direitos da família como sujeito social insubstituível.
Necessita-se finalmente de uma geração nova de filhos, que mesmo tendo dedos ágeis para mexerem nos instrumentos da era tecnológica, tenham dedos mais ágeis ainda para mexerem com os seus pais, apontando-lhes os seus direitos irrevogáveis e intransferíveis no campo da educação, da proteção moral e do cuidado com seus descendentes, especialmente os que nascem doentes ou deficientes, pois estes são os filhos que os irmãos querem e que têm o direito de nascerem numa família-amor e seus irmãos têm o dever de amá-los com mais ardor e fervor do que se fossem sadios.
A família, segundo Deus, faz parte do bem dos povos e da humanidade inteira, e é um tesouro tão importante para a nação brasileira, que a Igreja Católica não pode omitir-se na sua promoção e defesa, sobretudo na sua missão de vigiar quando surgem “modelos ampliados” e apresentados como objeto de consumo nesses enganosos “games famílias”.
Ser família, pensar família, amar família, proteger família, promover família... é a missão de todos, católicos e cristãos, homens e mulheres de boa vontade em todas as crenças... é dever do Estado e do povo brasileiro!
Dom Antonio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
Audiência de quarta-feira
A aparente onipotência do Maligno colide com a verdadeira onipotência de Deus
A catequese de Bento XVI na Audiência Geral desta quarta-feira
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 12 de setembro de 2012(ZENIT.org)-Apresentamos as palavras de Bento XVI na catequese dirigida aos fiéis e peregrinos reunidos nesta manhã, na Sala Paulo VI, para a tradicional Audiência Geral.
Caros irmãos e irmãs,
Quarta-feira passada falei sobre a oração na primeira parte do Apocalipse, hoje passamos para a segunda parte do livro, enquanto na primeira parte, a oração é orientada para o interior da vida eclesial, a atenção da segunda parte é voltada ao mundo inteiro; a Igreja, de fato, caminha na história, é sua parte segundo o projeto de Deus. A assembleia que, escutando a mensagem de João apresentada pelo narrador, redescobriu a própria missão de colaborar com o desenvolvimento do Reino de Deus como “sacerdotes de Deus e de Cristo” (Ap 20,6; cfr 1,5; 5,10), e se abre ao mundo dos homens. E aqui emergem dois modos de viver em uma relação dialética entre eles: o primeiro podemos definir como o “sistema de Cristo”, ao qual a assembleia é feliz de pertencer, e o segundo é o “sistema terrestre anti-Reino e anti-aliança posto em prática pela influência do Maligno”, o qual, enganando o homem, quer implantar um mundo oposto àquele desejado por Cristo e por Deus (cfr Pontifícia Comissão Bíblica, Bíblia e Moral, raízes do agir cristão, 70). A Assembleia deve então saber ler de forma profunda a história que está vivendo, aprendendo a discernir com a fé os acontecimentos para colaborar, com sua ação, para o desenvolvimento do Reino de Deus. E esta obra de leitura e de discernimento, como também de ação, está ligado à oração.
Primeiro, após o apelo insistente de Cristo que, na primeira parte do Apocalipse, sete vezes disse: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz à Igreja” (cfr Ap 2,7.11.17.29; 3,6.13.22), a assembleia é convidada a subir ao céu para assistir à realidade com os olhos de Deus; e aqui encontramos três símbolos, pontos de referência para a leitura da história: o trono de Deus, o Cordeiro e o livro (cfr Ap 4,1 – 5,14).
O primeiro símbolo é o trono, sobre o qual está sentado um personagem que João não descreve, porque supera qualquer representação humana; pode somente sugerir o sentido de beleza e alegria que se prova encontrando-se diante dele. Este personagem misterioso é Deus, Deus onipotente que não permaneceu fechado no seu Céu, mas se fez próximo ao homem, entrando em aliança com ele; Deus que faz sentir na história, de modo misterioso mas real, a sua voz simbolizada por relâmpagos e trovões. Há vários elementos que aparecem ao redor do trono de Deus, como os vinte e quatro anciãos e quatro seres viventes, que constantemente louvam o único Senhor da história.
Primeiro símbolo, o trono. Segundo símbolo é o livro, que contém o plano de Deus sobre os acontecimentos e sobre os homens; é fechado hermeticamente por sete selos e ninguém é capaz de lê-lo. Diante dessa incapacidade do homem de analisar o projeto de Deus, João sente uma tristeza profunda que o leva às lágrimas. Mas há um remédio para a perda do homem diante do mistério da história: alguém é capaz de abrir o livro e de iluminá-lo.
E aqui aparece o terceiro símbolo: Cristo, o Cordeiro imolado no Sacrifício da Cruz, mas que está em pé, sinal da Ressurreição. É o próprio Cordeiro, o Cristo morto e ressuscitado, que progressivamente abre os selos e revela o plano de Deus, o sentido profundo da história.
O que dizem estes símbolos? Eles nos recordam qual é a estrada para saber ler os fatos da história e da nossa própria vida. Olhando para o Céu de Deus, no relacionamento constante com Cristo, abrindo a Ele o nosso coração a nossa mente na oração pessoal e comunitária, nós aprendemos a ver as coisas de um modo novo e a colher o sentido mais verdadeiro. A oração é como uma janela aberta que nos permite ter o olhar voltado para Deus, não somente para nos recordar a meta para a qual nos dirigimos, mas também para deixar que a vontade de Deus ilumine o nosso caminho terrestre e nos ajude a vivê-lo com intensidade e compromisso.
De que modo o Senhor guia a comunidade cristã a uma leitura mais profunda da história? Primeiro convidando-a a considerar com realismo o presente que estamos vivendo. O Cordeiro abre agora os primeiros quatro selos do livro e a Igreja vê o mundo em que está inserida, um mundo em que existem vários elementos negativos. Existem os males que o homem causa, como a violência, que nasce do desejo de possuir, de prevalecer uns sobre os outros, a ponto de se matar (segundo selo); ou a injustiça, porque os homens não respeitam as leis que lhes são dadas (terceiro selo). A estes se unem os males que o homem deve sofrer, como a morte, a fome, a enfermidade (quarto selo).Diante dessa realidade, muitas vezes dramática, a comunidade eclesial é convidada a não perder nunca a esperança, a crer firmemente que a aparente onipotência do Maligno colide com a verdadeira onipotência de Deus. E o primeiro selo que o Cordeiro dissolve contém exatamente esta mensagem. Narra João: “Eu vi: eis um cavalo branco. Com aquele que nele cavalgava tinha um arco; lhe foi dada uma coroa e ele saiu vitorioso para vencer ainda” (Ap 6,2). Na história do homem entrou a força de Deus, que não somente é capaz de equilibrar o mal, mas vencê-lo; a cor branca recorda a Ressurreição: Deus se fez tão próximo descendo na escuridão da morte para iluminá-la com o esplendor de sua vida divina; tomou sobre si o mal do mundo para purificá-lo com o fogo do seu amor.
Como crescer nesta leitura cristã da realidade? O Apocalipse nos diz que a oração alimenta em cada um de nós e nas nossas comunidades esta visão de luz e de profunda esperança: convida-nos a não nos deixarmos vencer pelo mal, mas a vencer o mal com o bem, a olhar para Cristo Crucificado e Ressuscitado que nos associa à sua vitória. A Igreja vive na história, não se fecha em si mesma, mas enfrenta com coragem o seu caminho em meio à dificuldade e ao sofrimento, afirmando com força que o mal em definitivo não vence o bem, a escuridão não ofusca o esplendor de Deus. Este é um ponto importante para nós; como cristãos, jamais podemos ser pessimistas; sabemos bem que no caminho da nossa vida encontramos muita violência, mentira, ódio, perseguição, mas isto não nos desencoraja. Sobretudo, a oração nos educa a ver os sinais de Deus, a sua presença e ação faz sermos nós mesmos luzes do bem, que espalham a esperança e indicam que a vitória é de Deus.
Esta perspectiva leva a elevar a Deus e ao Cordeiro graças e louvores: os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes cantam juntos o “canto novo” que celebra a obra de Cristo Cordeiro, o qual faz “novas todas as coisas” (Ap 21, 5). Mas esta renovação é acima de tudo um dom a ser pedido. E aqui encontramos outro elemento que deve caracterizar a oração: invocar ao Senhor com insistência para que o seu Reino venha, que o homem tenha o coração dócil à soberania de Deus, que seja a sua vontade a orientar a nossa vida e a do mundo. Na visão do Apocalipse esta oração de petição é representada por um particular importante: “os vinte e quatro anciãos” e “os quatro seres viventes” têm em mãos, junto à harpa que acompanha o seu canto, “taças de ouro cheias de incenso” (5,8a) que, como é explicado, “são as orações dos santos” (5,8b), daqueles, isso é, que já alcançaram Deus, mas também de todos nós que nos encontramos no caminho. E vemos que diante do trono de Deus, um anjo tem em mãos um incensário de ouro em que coloca continuamente os grãos de incenso, que são nossas orações, cuja fragrância doce é oferecida junto às orações que apresentam-se diante de Deus. (cfr Ap 8,1-4). É um simbolismo que nos diz como todas as nossas orações – com todas as limitações, a fadiga, a pobreza, a aridez, as imperfeições que podem ter – vêm quase purificadas e alcançam o coração de Deus. Devemos ter certeza, ou seja, que não existem orações supérfluas, inúteis; nenhuma é perdida. E elas são respondidas, mesmo que às vezes de forma misteriosa, porque Deus é amor e misericórdia infinita.O anjo – escreve João – “tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e jogou-o na terra: sendo seguido de trovões, sons, relâmpagos e um terremoto” (Ap 8,5). Esta imagem significa que Deus não é insensível à nossas súplicas, intervém e faz sentir a sua potencia e a sua voz sobre a terra, faz tremer e perturba o sistema do Maligno. Muitas vezes, diante do mal se tem a sensação de não poder fazer nada, mas é exatamente a nossa oração a primeira resposta e a mais eficaz que podemos dar e que torna mais forte o nosso cotidiano empenho em difundir o bem. A potencia de Deus torna fecunda a nossa fraqueza (cfr Rm 8,26-27).
Gostaria de concluir com algumas palavras sobre diálogo final (cfr Ap 22,6-21). Jesus repete várias vezes: “Eis que venho sem demora” (Ap 22,7.12). Esta afirmação não indica somente a perspectiva futura ao final dos tempos, mas também aquela presente: Jesus vem, coloca sua morada sobre quem acredita Nele e O acolhe. A assembleia, então, guiada pelo Espírito Santo, repete a Jesus o convite a tornar-se cada vez mais perto: “Vem” (Ap 22,17a). É como a ‘noiva’ (22,17) que aspira ardentemente a plenitude do casamento. Pela terceira vez recorre à invocação: “Amém. Vem, Senhor Jesus” (22,20b); e o narrador conclui com uma expressão que manifesta o sentido dessa presença: “A graça do Senhor Jesus esteja com todos” (22,21).
O Apocalipse, mesmo na complexidade de símbolos, nos envolve numa oração muito rica, pela qual também nós escutamos, elogiamos, agradecemos, contemplamos o Senhor, lhe pedimos perdão. A sua estrutura de grande oração litúrgica comunitária é também um forte chamado a redescobrir o encargo extraordinário e o poder transformador que tem a Eucaristia; em particular quero convidar com força a serem fiéis à Santa Missa dominical no Dia do Senhor, o Domingo, verdadeiro centro da semana!A riqueza da oração no Apocalipse nos faz pensar em um diamante, que tem uma fascinante variedade de facetas, mas cuja preciosidade reside na pureza de um único núcleo central. As sugestivas formas de oração que encontramos no Apocalipse fazem brilhar então a preciosidade única e indizível de Jesus Cristo. Obrigado.
Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os portugueses de Avintes e Alpendurada, bem como os fiéis de Curitiba, acompanhados de seu Bispo, Dom Moacyr Vitti e todos os demais grupos de brasileiros. Lembrai-vos de que a vida de oração do cristão deve ter por centro a Missa dominical. É na Eucaristia que experimentareis como o Senhor Jesus vem e faz morada em quem n’Ele crê e acolhe. E que Deus vos abençoe em todas as vossas necessidades! Ide em paz!
(MEM)
Documentação
Maria visita-nos, é a alegria da nossa vida, e a alegria é esperança
Homilia de Bento XVI na Solenidade da Assunção da Beata Virgem Maria.
CASTEL GANDOLFO, segunda-feira, 10 de setembro de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos a homilia de Bento XVI na Solenidade da Assunção da Beata Virgem Maria. Realizada na Paróquia de Santo Tomás de Vilanova, Castel Gandolfo, na quarta-feira 15 de Agosto de 2012.
Prezados irmãos e irmãs!
No dia 1 de Novembro de 1950, o Venerável Papa Pio XII proclamava como dogma que a Virgem Maria, «concluindo o curso da vida terrena, foi elevada à glória celeste em alma e corpo». Esta verdade de fé era conhecida pela Tradição, afirmada pelos Padres da Igreja, e representava sobretudo um aspecto relevante do culto prestado à Mãe de Cristo. Precisamente o elemento cultual constituiu, por assim dizer, a força motriz que determinou a formulação deste dogma: o dogma manifesta-se como um acto de louvor e de exaltação à Virgem Santa. Isto sobressai também do próprio texto da Constituição apostólica, onde se afirma que o dogma é proclamado «em honra do Filho, para a glorificação da Mãe e o júbilo de toda a Igreja». Assim, exprime-se de forma dogmática aquilo que já tinha sido celebrado no culto e na devoção do Povo de Deus, como a mais elevada e estável glorificação de Maria: o acto de proclamação da Assunção apresenta-se quase como uma liturgia da fé. E no Evangelho que há pouco ouvimos, a própria Maria pronuncia profeticamente algumas palavras que orientam nesta perspectiva. Ela diz: «Doravante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada» (Lc 1, 48). Trata-se de uma profecia para toda a história da Igreja. Esta expressão do Magnificat, mencionada por são Lucas, indica que o louvor à Virgem Santa, Mãe de Deus, intimamente unida a Cristo seu Filho, diz respeito à Igreja de todos os tempos e de todos os lugares. E a anotação destas palavras por parte do Evangelista pressupõe que a glorificação de Maria já estava presente no período de são Lucas e que ele a considerava um dever e um compromisso da comunidade cristã para todas as gerações. As palavras de Maria dizem que é um dever da Igreja recordar a grandeza de Nossa Senhora para a fé. Por conseguinte, esta solenidade é um convite a louvar a Deus e a contemplar a grandeza de Nossa Senhora, porque é no rosto dos seus que nós conhecemos quem é Deus.
Mas por que motivo Maria é glorificada com a Assunção ao Céu? Como ouvimos, são Lucas vê a raiz da exaltação e do louvor a Maria na expressão de Isabel: «Bem-aventurada aquela que acreditou» (Lc 1, 45). E o Magnificat, este cântico ao Deus vivo e em acção na história, é um hino de fé e de amor, que brota do coração da Virgem. Ela viveu com fidelidade exemplar e conservou no mais íntimo do seu coração as palavras de Deus ao seu povo, as promessas feitas a Abraão, Isaac e Jacob, fazendo delas o conteúdo da sua oração: no Magnificat a Palavra de Deus tornou-se a palavra de Maria, lâmpada do seu caminho, de maneira a torná-la disponível a acolher também no seu seio o Verbo de Deus que se fez carne. A página evangélica de hoje evoca esta presença de Deus na história e no próprio desenrolar dos acontecimentos; aqui há uma referência particular aoSegundo livro de Samuel no capítulo 6 (1-15), onde David transporta a Santa Arca da Aliança. O paralelo que o Evangelista faz é claro: Maria à espera do nascimento do Filho Jesus é a Arca Santa que traz em si a presença de Deus, uma presença que é fonte de consolação, de alegria plena. Com efeito, João dança no seio de Isabel, precisamente como David dançava diante da Arca. Maria é a «visita» de Deus que cria júbilo. No seu cântico de louvor, Zacarias di-lo-á explicitamente: «Bendito o Senhor, Deus de Israel, que visitou e redimiu o seu povo» (Lc 1, 68). A casa de Zacarias experimentou a visita de Deus com o nascimento inesperado de João Baptista, mas sobretudo com a presença de Maria, que traz no seu seio o Filho de Deus.
Mas agora interroguemo-nos: o que é que a Assunção de Maria confere ao nosso caminho, à nossa vida? A primeira resposta é: na Assunção vemos que em Deus existe espaço para o homem, o próprio Deus é a casa de muitos aposentos da qual Jesus fala (cf. Jo 14, 2); Deus é a casa do homem, em Deus há espaço de Deus. Quanto a Maria, unindo-se, unida a Deus, não se afasta de nós, não vai a uma galáxia desconhecida, mas quem procura Deus aproxima-se, porque Deus está próximo de todos nós; e Maria, unida a Deus, participa da presença de Deus, encontra-se extremamente próxima de nós, de cada um de nós. Há uma bonita palavra de são Gregório Magno sobre são Bento, que podemos aplicar de novo a Maria: são Gregório Magno afirma que o coração de são Bento se tornou tão grande, que toda a criação podia entrar nesse coração. Isto é válido ainda mais para Maria: totalmente unida a Deus, Maria tem um coração tão grande que toda a criação pode entrar nele, e os ex-votos demonstram-no em todas as partes da terra. Maria está próxima, pode ouvir, pode ajudar, encontra-se próxima de todos nós. Em Deus há espaço para o homem e Deus está próximo; quanto a Maria, unida a Deus, está extremamente próxima, tem um coração tão grande quanto o coração de Deus.
Mas existe também outro aspecto: em Deus não existe espaço unicamente para o homem; no homem há espaço para Deus. Também isto vemos em Maria, a Arca Santa que traz em si a presença de Deus. Em nós há espaço para Deus, e esta presença de Deus em nós, tão importante para iluminar o mundo na sua tristeza, nos seus problemas, esta presença realiza-se na fé: na fé abrimos as portas do nosso ser, de tal forma que Deus entre em nós, a fim de que Deus possa ser a força que dá vida e caminho ao nosso ser. Em nós existe espaço, abramo-nos como Maria se abriu, dizendo: «Que se cumpra em mim a tua vontade, eu sou a serva do Senhor». Abrindo-nos a Deus, nada perdemos. Pelo contrário: a nossa vida torna-se rica e grande.
E deste modo fé, esperança e amor combinam-se entre si. Hoje existem muitas palavras sobre um mundo melhor a esperar: seria a nossa esperança. Se e quando este mundo melhor virá, nós não o sabemos, eu não sei. Obviamente, um mundo que se afasta de Deus não se torna melhor, mas pior. Somente a presença de Deus pode garantir também um mundo bom. Mas deixemos isto.
Uma realidade, uma esperança é certa: Deus espera por nós, aguarda-nos, não caminhamos no vazio, somos aguardados. Deus espera-nos e, indo para o outro mundo, encontramos a bondade da Mãe, encontramos os nossos, encontramos o Amor eterno. Deus aguarda-nos: esta é a nossa grande alegria e a grandiosa esperança que nasce precisamente desta festa. Maria visita-nos, é a alegria da nossa vida, e a alegria é esperança.
Portanto, o que podemos dizer? Coração grande, presença de Deus no mundo, espaço de Deus em nós e espaço de Deus para nós, esperança, ser esperado: tal é a sinfonia desta festa, a indicação que a meditação desta Solenidade nos concede. Maria é aurora e esplendor da Igreja triunfante; ela constitui a consolação e a esperança para o povo ainda a caminho, comenta o Prefácio hodierno. Confiemo-nos à sua intercessão materna para que, através do Senhor, fortaleçamos a nossa fé na vida eterna; ajude-nos a viver bem o tempo que Deus nos oferece com esperança. Uma esperança cristã, que não é apenas saudade do Céu, mas desejo vivo e concreto de Deus aqui no mundo, desejo de Deus que nos torna peregrinos incansáveis, alimentando em nós a coragem e a força da fé, que é ao mesmo tempo coragem e fortaleza do amor. Amém!
© Copyright 2012 - Libreria Editrice Vaticana
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