É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.
2º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO C !
OS PODERES DO RESSUSCITADO
A Liturgia da Palavra deste 2º Domingo da Páscoa – C, inteiramente dentro do espírito da Liturgia Pascal, em que o Evangelho de S. João é comum aos três Ciclos A, B e C, aponta-nos os Poderes do Ressuscitado.
Jesus ressuscitou no «Primeiro dia da semana»(1 Cor.11,26).
Nesse mesmo dia e oito dias mais tarde, Ele apresentou-Se aos Seus discípulos, reunidos, mostrando-lhes os sinais gloriosos da Paixão e transmitindo-lhes, com o Seu Espírito, os dons pascais, compendiados na paz e na reconciliação.
O encontro semanal com Cristo «no primeiro dia», o domingo, realiza-se de modo especial na Eucaristia, «memorial da morte do Senhor».
Pela renovação mística do Sacrifício da Cruz e pela Comunhão do Corpo de Cristo, a Eucaristia faz-nos participar das águas que brotam das fontes do Salvador.
Não pode, portanto, haver Domingo sem Eucaristia, recebida com a devida preparação espiritual da alma do cristão, pois se trata de um alimento espiritual, incompatível com o estado de pecado grave.
A 1ª Leitura, dos Actos dos Apóstolos, lembra-nos que uma das características mais salientes da comunidade primitiva era o poder de realizar milagres, que os Apóstolos tinham em nome e pelo poder de Cristo Ressuscitado.
Por esse poder especial, a presença de Jesus Ressuscitado impunha-se duma forma sensível.
- "Naqueles dias, realizavam-se, pelas mãos dos Apóstolos, muitos milagres e prodígios entre o povo".(1ª Leitura).
Era d'Ele que lhes vinha, com efeito, esse poder, de harmonia com o que lhes havia prometido :
- "Apanharão serpentes com as mãos e, se imgerirem alguma bebida mortífera, não sofrerão nenhum mal; imporão as mãos sobre os enfermos e eles recuperarão a saúde".(Mc.16,18).
Mas não era apenas graças a estes prodígios que o número de crentes aumentava.
A Igreja crescia ainda mais, graças à acção que os Apóstolos exerciam sobre os corações, com o dom do Espírito Santo, pelo qual eles mostravam a todos o poder e o amor do Senhor, que ainda hoje o Salmo Responsorial proclama :
- "Aclamai o Senhor, porque Ele é bom; o Seu amor é para sempre".
Na 2ª Leitura, do Livro do Apocalipse, o Apóstolo S. João, no desejo de confortar os seus irmãos, da ilha de Patmos, onde está exilado, a eles se dirige, para lhes garantir, por revelação divina, que Cristo Ressuscitado, vencedor da morte, está presente nas comunidades cristãs, que vivem d'Ele, de tal sorte que as potências do mal serão vencidas e a Igreja triunfará com Cristo.
- «Não tenhas receio. Eu sou o Primeiro e o Último, sou Aquele que vive. Estive morto e eis-Me vivo pelos séculos dos séculos.(2ª Leitura).
A palavra profética de João, é, contudo, uma força convincente do poder de Cristo na Sua Igreja para todos os séculos.
O Evangelho de S. João, comum aos três Ciclos A, B e C, conta-nos o aparecimento de Jesus, na tarde do mesmo dia da Ressurreição, aos Seus discípulos reunidos com medo dos Judeus.
À semelhança de Tomé, muitas vezes na nossa vida, nos deixamos dominar pelo desânimo, chegando mesmo a afastarmo-nos dos nossos irmãos.
Se acreditássemos verdadeiramente na Ressurreição, a nossa existência estaria marcada por essa consoladora realidade.
- «Porque Me viste acreditaste. Felizes os que acreditam sem terem visto». (Evangelho).
O texto do Evangelho propõe-nos três pontos fundamentais que são de grande vigor :
- 1. O poder que o Ressuscitado obteve com a ressurreição é transmitido aos discípulos.
- 2. A fé é um risco; não se trata de tocar e ver, mas de acolher um anúncio que é proclamado.
- 3. A assinatura que o Evangelista acrescenta ao seu Evangelho, indicando claramente o objectivo que se propôs : obter a fé em Jesus, reconhecendo-O como Cristo e Filho de Deus, e assim fazer com que, pela fé, se tenda à obtenção da vida eterna :
A Igreja faz ressurgir uma criatura nova e transfere-a do reino de Satanás para o Reino do Amor de Deus, pelo Baptismo.
Além disso :
- Confirma-a na missão, pelo Sacramento da Confirmação.
- Torna-a partícipe no memorial-profecia da sua morte e ressurreição, do mesmo dinamismo pascal, pelo Sacramento da Eucaristia.
- Liberta-a ainda, no abraço do perdão, dos laços com o pecado, pelo Sacramento da Reconciliação.
- Torna-a semelhante a si na situação de pobre e de sofredor que espera a restauração do corpo mortal, pelo Sacramento da Unção dos doentes.
- Exprime, através da continuidde do serviço à comunidade, a sua missão de serviço, pelo Sacramento da Ordem.
- Apresenta no mistério das núpcias o seu amor de esposo pela Igreja pelo Sacramento do Matrimónio.
A alegria pascal seria uma constante em todos os momentos :
- A fé na vida prevaleceria sobre o desânimo, sobre o cansaço.
- A união na Igreja seria mais autêntica, mais forte.
- As relações entre os crentes não seriam frustradas pelo individualismo, mas sim inspiradas pelo desejo da partilha dos bens com todos numa vida que deixaria transparecer o Cristo Ressuscitado.
O homem "novo" é só o homem pascal, que recebeu de Cristo, num esforço de colaboração fecunda, a sua libertação.
E as comunidades dos que crêem, a Igreja, são chamadas hoje a prolongar a obra de Cristo libertador.
Uma libertação que não pode permanecer simplesmente interior; se for autêntica difunde-se e engloba todos os sectores, todo o homem, superando toda a visão "espiritualista" que terminaria por trair a libertação, dom do Ressuscitado.
Somos, portanto, chamados a viver uma vida nova, indispensável para que se cumpra o plano da História da Salvação.
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Diz o Catecismo da Igreja Católica :
644. – Mesmo confrontados com a realidade de Jesus ressuscitado, os discípulos ainda duvidam. «Por causa da alegria, estavam ainda sem querer acreditar e cheios de assombro». (Lc.24,11). Tomé experimentará a mesma provação da dúvida e, quando da última aparição na Galileia, referida por Mateus, «alguns ainda duvidavam»(Mt.28,17). É por isso que a hipótese, segundo a qual a Ressurreição teria sido um «produto» da fé (ou da incredulidade) dos Apóstolos, é inconsistente. Pelo contrário, a sua fé na Ressurreição nasceu – sob a acção da graça divina – da experiência directa da realidade de Jesus Ressuscitado.
Se não vir....não acreditarei. «Meu Senhor e meu Deus !...
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