L'OSSERVATORE ROMANO
Entrevistas
Cidade do Vaticano, 17 de Março de 2012.
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Em diálogo com o substituto da Secretaria de Estado arcebispo Angelo Becciu
É preciso olhar em frente
A imagem da Cúria romana demasiadas vezes transmitida na opinião pública não corresponde à realidade, que sem dúvida é claramente melhor, mas contudo ofuscada pela grave infidelidade de alguns. É precisamente a infidelidade que está na base das fugas de documentos que tiveram ressonância mediática sobretudo na Itália.O Arcebispo Becciu durante a procissão nos jardins do Vaticano (31 de Maio de 2011)Sobre este deplorável e triste fenómeno está a decorrer uma averiguação a vários níveis e os votos são por que se recomponha uma atmosfera de confiança. O Papa, mantido continuamente ao corrente e desolado, está contudo sereno e olha em frente. São estes os pontos principais de um diálogo do substituto da Secretaria de Estado, o arcebispo Angelo Becciu, com «L'Osservatore Romano».
«Não tendo trabalhado aqui antes, e desde que cheguei, no passado dia 31 de Maio, descobri a pouco e pouco pessoas dedicadas ao serviço da Santa Sé, devotas ao Papa, competentes, sadiamente orgulhosas do seu trabalho».
Diplomata em sete países de quatro continentes (o único onde não esteve é a Ásia) e núncio apostólico em Angola e Cuba, D. Angelo Becciu faz questão de frisar – em contraste com a imagem, difundida nestes dias, de uma Cúria como lugar para fazer carreira e de conspirações – como ela é «uma realidade distante de semelhantes estereótipos».
A memória vai ao discurso pronunciado por Paulo VI a 21 de Setembro de 1963: a Cúria papal tem a função «de ser guardiã ou eco das verdades divinas e de se fazer linguagem e diálogo com os espíritos humanos», depois «de ouvir e de interpretar a voz do Papa e ao mesmo tempo de não deixar que lhe falte qualquer informação útil e objectiva». Precisamente de Roma «nestes últimos cem anos veio aquele governo regular, incansável, coerente, estimulador que levou a Igreja inteira à capacidade não só de expansão exterior, que todos devem reconhecer, mas de sensibilidade e de vitalidade interior». A Cúria, disse o Pontífice que nela tinha transcorrido um trinténio, «não é um corpo anónimo, insensível aos grandes problemas espirituais», nem sequer «uma burocracia, como injustamente alguém a julga, pretensiosa e apática, só canonista e ritualista, uma palestra de ambições escondidas e de antagonismos surdos, como acusam outros», mas «uma verdadeira comunidade de fé e de caridade, de oração e de acção». Deste modo – concluía Paulo VI recorrendo a uma imagem evangélica que lhe era querida - «como vela no candeeiro esta antiga e sempre nova Cúria Romana» iluminará quantos estão na Igreja.
Encontram-se menções análogas na visita que Bento XVI fez à sua Secretaria de Estado a 21 de Maio de 2005, pouco mais de um mês depois da sua eleição em conclave, e nas palavras então improvisadas: «À competência e ao profissionalismo do trabalho aqui desempenhado, acrescenta-se também um aspecto particular, um profissionalismo particular: faz parte do nosso profissionalismo o amor a Cristo, à Igreja, às almas. Nós não trabalhamos – como dizem muitos acerca do trabalho – para defender um poder. Não temos um poder mundano, secular. Não trabalhamos pelo prestígio, não trabalhamos para fazer crescer uma empresa ou algo semelhante. Nós trabalhamos realmente para que as estradas do mundo sejam abertas a Cristo. E todo o nosso trabalho, com todas as suas ramificações, no final serve precisamente para que o seu Evangelho, e assim a lógica da Redenção, possa chegar ao mundo».
Ainda hoje o substituto confirma este juízo positivo: o trabalho que se realiza hoje na Secretaria de Estado é «abnegado e de bom nível, quer entre os eclesiásticos, quer entre os leigos». Nos últimos tempos «alguém me confidenciou que se envergonhava de dizer que trabalhava no Vaticano – prossegue D. Becciu – e eu respondi-lhe: ergue a cabeça e por isso sente-te orgulhoso». Os poucos que se comportaram infielmente «não devem ofuscar esta realidade positiva». Em relação a eles o arcebispo usa palavras duras: olhem antes para a sua consciência, porque é «infidelidade» e «cobardia» aproveitar de uma «situação de privilégio» para publicar documentos em relação aos quais «tinham a obrigação de respeitar a confidencialidade».
Por isso a Secretaria de Estado dispôs um cuidadoso inquérito que diz respeito a todos os organismos da Santa Sé: a nível penal conduzido pelo Promotor de justiça do Tribunal do Vaticano e a nível administrativo feito pela própria Secretaria de Estado, enquanto uma comissão superior foi encarregada pelo Papa de esclarecer toda a situação. «Os votos são por que se recomponha a base do nosso trabalho: a confiança recíproca», que sem dúvida pressupõe «seriedade, lealdade, rectidão». Bento XVI, não obstante o sofrimento que tudo isto lhe causa, «encoraja-nos contudo – conclui D. Becciu – a olhar em frente, e o seu testemunho quotidiano de serenidade e de determinação é um estímulo para todos nós».
g.m.v
17 de Março de 2012
[palavras-chave: Organismos do Vaticano]
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