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    sábado, 17 de março de 2012

    A Imaculada Conceição da Mãe de Deus

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    sábado, março 17th, 2012 at 7:27pm
    A Imaculada Conceição da Mãe de Deus
    Publicado em Artigos da Montfort

    Marcos Roberto Bonelli

    Introdução

    Quando consideramos a graça inicial da Mãe de Deus, uma das questões que se apresenta é: em que momento ela foi infundida na alma de Nossa Senhora?

    A resposta a esta questão nos leva a contemplar a Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

    Inúmeros autores já escreveram sobre este tema.

    No artigo anterior tratei dele sob o aspecto da inimizade total que existe entre Nossa Senhora e o demônio. Desta vez gostaria de considerar o privilégio da Imaculada Conceição em si mesmo. São considerações simples, com o simples intuito de, com a ajuda de Deus, levar os nossos leitores a um maior amor pela Virgem.

    Nunca devemos nos esquecer de voltar nossas reflexões em direção à estima, ao amor, ao culto prático da Virgem Maria, em suma, ao excelente resultado espiritual de um aumento de devoção para com a Mãe de Deus.

    Esperamos que, com este modesto artigo, Deus conceda a muitos, e mesmo a todos que o lerem, uma maior inteligência da fé, a graça de compreender um pouco mais a sabedoria das obras que Ele nos fez conhecer e crer.

    Para isso, veremos mais de perto os elementos que compõem a definição do dogma da Imaculada Conceição.



    A preservação do pecado original

    Lembremo-nos de que uma lei misteriosa de herança comunica a todos nós a triste queda de Adão. Por este pecado, nosso primeiro pai perdeu a justiça original, essa veste sobrenatural concedida com tanta liberalidade, na sua pessoa, à natureza humana.

    Quando nossa alma espiritual, criada por Deus, une-se à matéria para começar uma existência humana, pelo fato de que nós pecamos em Adão, pelo fato de que o pecado de Adão nos é misteriosamente imputado, esta graça é recusada à nossa alma. E Deus, assim, desvia dela o seu olhar de Pai!

    Nossa Senhora nasceu de Adão como todos os outros filhos dos homens. E, entretanto, Ela não contraiu esta mancha.

    Livre do contágio, Ela recebeu, ao contrário, na sua alma, desde o primeiro instante, a luz claríssima de uma extraordinária graça santificante. Ao invés de ser objeto de aversão, Ela é tratada desde o primeiro instante de sua existência com um amor especialíssimo.

    Esta primeira consideração nos mostra um favor capaz de causar em nós uma alegria admirativa e de colocar em nossos lábios as felicitações mais doces para com a Mãe de Deus.

    Esta consideração nos permite também compreender o ódio que os inimigos de Nossa Senhora têm pela Imaculada Conceição. A beleza original de Maria manifesta nossa sujeira.

    Proclamá-la imaculada é confessar que somos pecadores.

    Esta confissão é repugnante aos que proclamam a bondade nativa do homem, aos que dizem que todos os homens nascem livres de qualquer inclinação ao mal, aos que negam o pecado original, aos que crêem, enganando-se, que não têm pecado, entregando-se totalmente a seus vícios, sem desejar mudar de vida.

    Usando como pretexto a dificuldade de compreender como nós herdamos o pecado de Adão, eles se levantam contra a fé.

    Quanto a nós, confessemos humildemente nossa mancha original, confessemos nossos próprios pecados no sacramento da confissão, confiando no socorro daquela que nunca foi tocada por qualquer mancha de pecado: Tu és toda bela, Maria, e não há em ti mancha original!

    Submetamos nossa pobre inteligência à infinita sabedoria de Deus, e à maior de suas obras: a Sempre Virgem Maria.

    A Igreja aplica a Nossa Senhora este texto do livro dos Provérbios:



    “Agora, pois, filhos, ouvi-me: Felizes os que guardam os meus caminhos. Ouvi as minhas instruções, e sede sábios, não queirais rejeitá-las. Feliz o homem que me ouve, e que vela todos os dias à porta da minha casa, e que vela às suas vigas. Aquele que me encontrar, encontrará a vida e obterá do Senhor a salvação” (Provérbios 8, 32-35).



    A Igreja quer nos mostrar que Nossa Senhora nos ensina, nos instrui. Ora, quão poucas são as palavras dela que os Evangelhos nos transmitiram! Porém, com tão poucas palavras de Nossa Senhora, muitas coisas de enorme saberia foram ditas.



    Ela nos ensina também com seus atos. Aquele que ensina a verdade mostra ter alguma proximidade com a sabedoria, mas quem fala pouco e vive bem mostra que a possui mais perfeitamente. E assim foi com Nossa Senhora.



    Para aprendermos de Nossa Senhora devemos dedicar nossa inteligência à consideração de quem Ela é, do que Ela fez e de que modo, deixando de ocupar nossa alma com o que é fútil, com o que é palha e pó diante de Deus para ficar com o ouro puro do exemplo que Sua Santa Mãe nos deu.



    Cada festa da Santíssima Virgem é uma ocasião, para nós, de meditar o que Nossa Senhora nos ensina em particular, por ocasião de cada uma delas.



    Em pouca coisa que a Sagrada Escritura fala dela, muito nos é ensinado.



    E como é certo que algo, para ser mais amado, primeiro deve ser mais conhecido, segue-se que para crescermos no amor a Nossa Senhora, é necessário considerar mais devagar suas perfeições, seus bens, e as obrigações enormes que temos para com Ela por todos os benefícios que sem cessar recebemos de suas mãos.





    Preservação por uma graça e um privilégio únicos

    Em meio à multidão incontável dos filhos de Adão, não há nada que nos autorize a excluir quem quer que seja da mancha do pecado original, a não ser a Mãe de Deus.

    Como uma árvore toda verdejante, cheia de flores e frutos, preservada no meio de uma floresta toda consumida pelas chamas, como uma página que permaneceu intacta no meio de um livro roído pelas traças, assim é Nossa Senhora entre os filhos de Adão.

    Maria é amada por Deus com um amor imenso, para ser abençoada deste modo entre todas as mulheres.



    Em vista dos méritos do Salvador do gênero humano, Jesus Cristo

    Não nos esqueçamos deste terceiro elemento. Ele não somente é característico, como também ele responde aos ataques que os hereges fazem contra a Igreja, de que ela colocaria Nossa Senhora no lugar de Cristo, com não sei que espécie de mariolatria.

    No ensinamento da Igreja, a Imaculada Conceição é uma obra não somente de Deus Criador, mas também de Deus Redentor.

    Muitos grandes doutores da Igreja pararam diante da dificuldade de conciliar a pureza original de Maria com a necessidade universal da Redenção.

    O dogma da Redenção era tão evidente que para conciliá-lo com a Imaculada Conceição foi necessária a demonstração do teólogo franciscano Duns Escoto, segundo a qual este privilégio, bem longe de excluir Nossa Senhora da ação redentora de seu Filho, era o fruto mais excelente da redenção que Ele obteve.

    Nosso Senhor redimiu Nossa Senhora pelos méritos que Ele conquistou na cruz, mas com antecedência, e a fez imaculada desde o primeiro instante de sua existência. Os méritos de Cristo não a restauraram, mas a preservaram.

    Maria é a glória mais puríssima de Jesus Redentor.

    Essa é a grande tradição da Igreja. Tudo está submetido a Cristo, tudo é sua glória, para que tudo seja levado a Deus Pai por Cristo.

    Cuidemos de fazer crescer sempre nossa devoção para com Nossa Senhora e de nos dirigir a Ela para sermos, por Ela, conduzidos e mantidos na única verdadeira via, que é Jesus Cristo.

    Se Maria conservava e meditava em seu coração todas as coisas que via e ouvia de Cristo, façamos o mesmo com os exemplos que Ela nos deixou, e corrijamos nossos erros tomando Nossa Mãe como o mais puro modelo de virtudes. Difundamos sua grandeza diante dos homens, porque ela faz brilhar a grandeza de Nosso Senhor, que a concedeu à Santíssima Virgem. Torná-la conhecida, para nós mesmos e para os outros, é conquistar a salvação.

    “Aquele que me ouve não será confundido; e os que se guiam por mim não pecarão. Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna” (Eclesiástico 24, 30-31).

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    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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