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    segunda-feira, 23 de abril de 2012

    Tendência: o que é, afinal?

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    • Tendência: o que é, afinal?

    Leo Daniele
    O movimento punk teve a importância que teve por explorar uma tendência profunda no sentido do punkismo. Os teóricos e  os músicos vieram depois.
    Aquela pessoa cujas palavras transcrevemos neste site, que afirmou não gostar de bom gosto, de bom senso, de bons modos, sem dúvida estava descrevendo uma tendência. E em sentido contrário, para o Bem, a Primeira Cruzada, pregada por Urbano II na Idade Média, resultou na partida de um milhão de homens para Jerusalém. Sem dúvida entrou uma graça sobrenatural, mas eles não teriam bradado “Deus o quer!” se previamente não tivessem certa tendência para o idealismo.
    Diz Dr. Plinio que chamamos tendência tudo aquilo que não é o puro ato de inteligência, ou o ato de vontade inteiramente claro, consciente e definido. Tender a alguma coisa é um movimento, uma inclinação, uma direção que se toma em dado momento, para algo. “Quando não é claramente um ato de inteligência, ou quando não é um ato de vontade muito definido, perde-se na alma no lusco-fusco do subconsciente”.
    Do ponto de vista do igualitarismo, o campo das tendências é muito importante e, como diz Dr. Plinio, constitui um lusco-fusco, um campo próprio, distinto da inteligência e da vontade. “A inteligência enquanto tal pode ser modelada por exposições, por explanações, podendo ser, portanto, guiada e movida por toda uma técnica própria, por todo um conjunto de processos próprios. Também a vontade pode ser determinada por um ato próprio e robustecida por um esforço próprio, que também é inteiramente definida e muito conhecida”.[1] Mas isso não acontece com as tendências.
    Uma criança vive num casa onde se toca boa música o tempo todo. Compreende-  se facilmente que nasça nela uma tendência para escutar, ou mesmo para executar boa música.
    Já viu um corretor de boa categoria, ou um vendedor experimentado de uma loja de roupas finas, no ato de conquistar um comprador? O corretor procurará consultar as tendências do interlocutor: o que ele busca numa casa, se é conforto, ou solidez, ou beleza, ou partes sociais apreciáveis ou, pelo contrário, bons dormitórios. Ou ‒ acontece ‒ se ele tem tendência a ser sensível ao canto de um sabiá, numa árvore próxima. O corretor dirige sua lábia nessa direção.
    Quanto ao vendedor de roupas, sondará se o cliente em potencial tende a gostar principalmente do estilo, ou do tecido, ou da cor, ou do acabamento. Tudo isso influi na venda, eu ia dizer na conquista. Ou seja, na hora da decisão..
    Essa tendência pode existir sem passar pela inteligência.
    Assim, também as forças igualitárias, conscientemente ou não, vão procurando explorar as tendências da opinião pública para o igualitarismo. E uma vez conquistadas as tendências, vão para as ideias e para os fatos. Estas fases são distintas mas, adverte Dr. Plinio, “cronologicamente até certo ponto se interpenetram”.
    Fluidas, indefinidas, impalpáveis, as tendências preparam o espírito para as decisões, quer em ordem ao Bem, quer em ordem ao Mal, movidas pelo jogo das simpatias ou das antipatias.
    Não se pode considerar o igualitarismo apenas um fato sociológico. Antes de ser um fato, ou uma ideologia, ele foi uma tendência.
    ________________
    [1] Conferência em 10-2-70.

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    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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